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ser educacional gente criando o futuro Presidente do Conselho de Admin istração Janguiê Diniz Diretor-presidente Jânyo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Autoria Andréia de Farias Tatiana Cristina Ferreira Ara min i Projeto Gráfico e Capa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Ed ição de Texto, Design lnstrucional, Ed ição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE - CEP 50100-1 60 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são cred itados à autoria, salvo quando ind icada a referência. Info rmamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direi tos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e pun ido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa:© Shutterstock o \ ' / U ' ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 - Histórico da Psicofarmacologia Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 Histórico da Psicofarmacol og ia ........................................................................................ 14 A Psicofarmacologia na Antiguidade .......................................................................... 14 A psicofarmacologia e seus avanços na contemporaneidade ............................... 18 Introdução ao estudo da Psicofarmacologia .................................................................. 20 A origem das substâncias psicoativas e suas terminologias científicas .............. 21 As principais substâncias psicoativas naturais ......................................................... 23 As principais substâncias psicoativas sintéticas ...................................................... 24 Classificação dos psicotrópicos ....................................................................................... 25 Barbitúricos, benzodiazepínicos, opiáceos e opioides ............................................. 27 Anfetaminas, perturbadores, alucinógenos e anticolinérgicos .............................. 29 Sintetizando ........................................................................................................................... 32 Referências bibliográficas ................................................................................................. 34 Unidade 2 - Síntese, liberação e funções dos neurotransmissores e suas implicações Objetivos da unidade ........................................................................................................... 36 O cérebro e os neurotransmissores: divisão do SN ...................................................... 37 Sinapse química ........................................................................... .............. ..................... 38 Como ocorre a liberação de um neurotransmissor? ................................................. 40 Entendendo a síntese e as funções dos diversos neurotransmissores ................. 44 Patologias associadas às disfunções dos neurotransmissores ............................. 48 Ação e efeito dos fármacos sobre o SNC ........................................................................ 49 Fármacos depressores do SNC .................................................................................... 50 Fármacos estimulantes do SNC .................................................................................... 51 Influência dos fármacos sobre as emoções e no comportamento humano .............. 52 Fármacos que podem alterar o comportamento humano ........................................ 53 Fármacos e o risco de suicídio ................................ .................. ................................... 55 A dependência e a abstinência ......................................................................................... 56 A dependência física e psicológica ............................................................................. 56 Mecanismos de tolerância ............................................................................................ 57 Síndrome de abstinência ............................................................................................... 59 Prescrição de medicamentos psicotrópicos no Brasil. ............................................ 61 Sintetizando ........................................................................................................................... 62 Referências bibliográficas ................................................................................................. 63 Unidade 3 - Drogas utilizadas nos transtornos mentais Objetivos da unidade ........................................................................................................... 66 Benzodiazepínicos ............................................................................................................... 67 O neurotransmissor GABA ........................................................... .................................. 69 Mecanismo de ação ... .................................................................................................... 71 Reações adversas ........................................................................................................... 75 Dependência .................. .................................................................................................. 76 Neurolépticos ........................................................................................................................ 76 O neurotransmissor dopa mina ...................................................................................... 78 Neurolépticos de 1ª geração ......................................................................................... 81 Neurolépticos de 2ª geração ......................................................................................... 84 Neurolépticos de 3ª geração ......................... .............. .................................................. 86 Antidepressivos tricíclicos e inibidores da MAO .......................................................... 87 Antidepressivos da classe dos inibidores da MAO ................................................... 88 Antidepressivos da classe dos tricíclicos .................. ............................... .. ................ 89 Lítio e outras drogas antimania ......................................................................................... 92 Carbonato de lítio ............................................................................................................ 93 Outras drogas usadas para tratar o transtorno bipolar. ........................................... 94 Sintetizando ........................................................................................................................... 96Referências bibliográficas ................................................................................................. 97 Unidade 4 - Caracterização neuroquímica dos transtornos mentais e os tratamen- tos farmacológicos Objetivos da unidade ........................................................................................................... 99 Depressão: caracterização, bases neuroquímicas e tratamento ............................. 100 Depressão maior: bases neuroquímicas ................................................................... 101 Antidepressivos de 1ª geração ................................................................................... 105 Antidepressivos de 2ª geração ................................................................................... 108 Antidepressivos de 3 ª geração .................................................................................. 110 Outros antidepressivos atípicos ................................................................................. 111 Ansiedade e tratamento .................................................................................................... 112 Transtornos de ansiedade: bases neuroquímicas ................................................... 113 Estratégia gabaérgica: benzodiazepínicos ............................................................... 114 Estratégia serotonérgica: buspirona .......................................................................... 117 Estratégia adrenérgica: beta bloqueadores .............................................................. 118 Outros fármacos com potencial ansiolítico .............................................................. 119 Mania: caracterização e tratamento .............................................................................. 119 Estabilizadores do humor ............................................................................................. 120 Psicose: caracterização e tratamento da esquizofrenia ............................................ 121 Esquizofrenia: caracterização neuroquímica ........................................................... 122 Neurolépticos típicos: 1ª geração .............................................................................. 124 Neurolépticos atípicos: 2ª e 3ª geração .................................................................... 126 Sintetizando ......................................................................................................................... 128 Referências bibliográficas ............................................................................................... 129 O estudo da Psicofarmacologia é imprescindível àqueles que se interessam pelo comportamento humano e pelas patologias que acometem a saúde men- tal, pois é por meio desse estudo que se compreende a ação de determinadas substâncias no organismo humano. Levando em consideração que as substân- cias psicotrópicas possuem um caráter ambíguo quanto aos malefícios e aos benefícios para o organismo, o estudo apresentado se embasa na constatação de seu malefício com o uso excessivo e abusivo de algumas substâncias. Nesse contexto, o uso de substâncias psicoativas é datado desde a Anti- guidade, com muitas delas consideradas inofensivas por povos antecessores. Contudo, com o avanço das civilizações, da medicina e das tecnologias, o uso dessas substâncias passa a se adequar ao intuito de identificar e diferenciar benefícios e malefícios, de modo a favorecer e coadjuvar os tratamentos psi- quiátricos no Brasil e no mundo. Diante da relevância da atuação dos profissionais que se dedicam ao estudo da saúde mental, o estudo concomitante das substâncias que agem no sistema nervoso central (SNC), nos neurotransmissores, nas células, nos sistemas de captação e recaptação de sinais, bem como na condução das informações neu- roquímicas é algo primordial para o estabelecimento de uma linha de trabalho favorável entre a equipe multidisciplinar no tratamento de patologias psíquicas e mentais. PSICOFARMACOLOGIA • A professora Andréia de Farias é venções em Psicanálise, do Instituto psicóloga graduada pelo Centro Uni- de Psicologia da Universidade de São versitário Fundação Santo André - Paulo - USP (2021). Psicóloga clínica CUFSA (2017). Atualmente, trabalha de abordagem psicanalítica, com pas- com crianças, adolescentes e adultos sagens pela monitoria da disciplina de em consultório e estuda a psicanálise Gerontologia Social pela CUFSA (2016), de modo permanente. Participante pela Psicologia Social em instituições ativa em cursos, palestras, seminá- públicas, como o Centro de Atendi- rios, fóru ns e capacitações na área de mento Psicossocial - CAPS (2016) e a atuação desde 2013, sendo a última Defensoria Púb lica do Estado de São atualização profissional por meio do Paulo - DPESP (2016 e 2017), além da curso de extensão "Por uma psicaná- Psicologia Domici liar (2019). lise pertinente à situação brasileira: um percurso (crítico) introdutório" Currículo Lattes: pelo Laboratório de Pesquisas e Inter- http://lattes.cnpq.br/5768098714053476 Dedico este trabalho àqueles que sofrem com transtornos mentais e àqueles que se dedicam a estudar as funções cerebrais com o objetivo de colaborar e auxiliar os que sofrem das patologias mentais. PSICOFARMACOLOGIA • A professora Tatiana Cristina Ferrei- ra Aramini é mestre em farmacologia com ênfase em psicofarmacologia pela UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (2012), especialista em docência no ensino superior pela UNINOVE- Cen- tro Universitário Nove de Julho (2018) e graduada em farmácia e bioquímica pela mesma instituição (2008). Tem ex- periência com atenção farmacêutica e orientação de pacientes quanto ao uso de medicamentos, é professora univer- sitária em cursos de graduação desde 2014 ministrando disciplinas de farma- cologia, psicofarmacologia, assistência farmacêutica, farmácia clínica, farmácia hospitalar, fisiologia e patologia. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7131860992583794 Dedico este trabalho, primeiramente, a Deus e ao meu esposo Leandro, por todo apoio e parceria e a minha querida família, e em especial à minha mãe e ao meu falecido pai, que sempre me apoiam e se orgulham da minha trajetória acadêmica. Dedico também aos meus alunos, meus grandes motivadores. PSICOFARMACOLOGIA • UNIDADE r educacional Obietivos da unidade Contribuir para a assimilação dos princípios de estudos referentes ao funcionamento do psiquismo e do comportamento humano, quando submetidos à interferência de substâncias psicotrópicas e medicamentosas que alteram o funcionamento cerebral; Elencar as concepções originárias, históricas e contemporâneas da Psicofarmacologia, abrangendo as contribuições para o avanço teórico e técnico no tratamento das patologias psiquiátricas, bem como na remissão dos principais sintomas das patologias. Tópicos de estudo Histórico da Psicofarmacologia A Psicofarmacologia na Antiguidade A Psicofarmacologia e seus avanços na contemporaneidade Introdução ao estudo da Psicof a rmacologia A origem das substâncias psicoativas e suas terminologias científicas As principais substâncias psicoativas naturais As principais substâncias psicoativas sintéticas Classificação dos psicotrópicos Barbitúricos, benzodiazepínicos, opiáceos e opioides Anfetaminas, perturbadores, alucinógenos e anticolinérgicos PSICOFARMACOLOGIA • • Histórico da Psicofarmacologia Na pré-história, o uso de substâncias psicoativas não era sinônimo de amea- ça à sociedade, porém, devido aos efeitos sociais e subjetivos relacionados aos contextos sociais, o controle passou a ser adotado conforme as circunstâncias envolvidas em cada contexto. No entanto, assim como as leis e os costumes ao longo do tempo, as drogas assumiram significados distintos em diferentes contextose ocasiões. A ciência acredita que os humanos, assim como outras espécies, desde a Antiguidade, recorrem ao poder de algumas substâncias para alterar o meta- bolismo e a consciência. Também na Antiguidade, as culturas elabora- vam suas próprias regras para o consumo de determinadas substâncias e o cumprimento dessas regras era atribuído aos controles sociais formais, sob a forma de leis e, dos controles sociais informais, atribuído à família, aos sacer- dotes, ou, ainda, aos empregadores e demais autoridades. •• A Psicofarmacologia na Antiguidade Com a cristianização do Império Romano, no século IV, o uso de determina- das substâncias, prática até então comum às antigas nações pagãs, passou a ser vinculado a cultos mágicos e religiosos, com seus efeitos terapêuticos ques- tionados pela Igreja pois, para o Cristianismo daquela época, a dor e a morti- ficação da carne eram idealizadas como formas de aproximação com Deus e, desse modo, o alívio da dor por meio de substâncias "mágicas" não era bem visto. Desde então, o uso de substâncias psicoativas, medicamentosas ou não, passou à conotação política e econômica, o que contribuiu para estigmatizá- -las, assim como o sujeito que faz uso delas. CONTEXTUALIZANDO Na Idade Média, por volta do século X, a Igreja Católica passou a consi- derar o uso de substâncias que até então não contavam com o reconheci- mento médico, como um ato impuro, classificando-o inclusive como bru- xaria. Logo, o uso dessas substâncias passou a ser passível de punições como tortura e até morte. PSICOFARMACOLOGIA • No Brasil, algumas instituições públicas e privadas dedicam-se às pesqui- sas sobre as substâncias psicotrópicas. Uma delas é o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), instituição sem fins lucrati- vos, mantida pelo Departamento de Medicina Preventiva da UNIFESP (Univer- sidade Federal de São Paulo), cujo compromisso primordial é o de contribuir com a comunidade, no que diz respeito ao tema das drogas, por meio de pesquisas científicas sobre o comportamento dos brasileiros. A expressão droga se origina da palavra droog (holandês antigo), refe- rente à folha seca, posto que a maior parte dos medicamentos era produzi- da à base de vegetais. No entanto, na contemporaneidade, os profissionais do exercício médico usam a palavra droga como um sinônimo para medica- mento, ao mesmo tempo em que consideram o termo para identificar toda substância capaz de alterar o funcionamento do organismo, ou seja, subs- tâncias capazes de originar mudanças fisiológicas e psicológicas, alterando o funcionamento das células cerebrais (neurônios) e promovendo oscilações no comportamento humano. Figura 1. Folhas secas, antiga matéria-prima para a produção de fármacos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021. Complementando o significado do termo droga, a medicina atual conside- ra droga qualquer substância capaz de alterar a função dos organismos vi- vos, bem como a capacidade que tais substâncias apresentam para promover transmutações fisiológicas, como a contração/dilatação de vasos sanguíneos PSICOFARMACOLOGIA • ou o aumento/diminuição da pressão arterial, provocando, inclusive, modifi- cações psicológicas, algo que ocorre quando as substâncias são capazes de influenciar as células cerebrais (neurônios) e promover oscilações no compor- tamento humano. O ópio é um grande exemplo de substância usada como medicamento e como droga de abuso, já que a história evidencia seu uso pelos povos sumérios (Mesopotâmia) no ano 3500 a.e. Considerado maligno até o século XIX, mais tar- de, o ópio passou a ser empregado no alívio da dor em seres humanos, como a morfina, substrato do ópio, descoberto em 1805 pelo químico alemão Friedrich Sertürner, e a heroína, outro substrato, desenvolvido na Inglaterra em 1874 e produzido para o tratamento da tosse pelo laboratório Bayer em 1898. A cocaína é uma substância cujo princípio ativo foi isolado no século XIX pelo químico alemão Albert Niemann. Sigmund Freud, criador da psicanálise, lançou mão da cocaína pela primeira vez em 1884, tendo a utilizado para tratar um ami- go viciado em morfina. Ainda no século XIX, as qualidades medicinais da cocaína eram enaltecidas e a sua comercialização era praticada também pelo laboratório Bayer. Nessa época, seu uso era voltado à área da saúde, cujo Manual MERCK trazia em sua primeira edição, no final do mesmo século, a indicação da dose recomendada de cocaína para tratar os casos de cansaço e desânimo. Figura 2. Sigmund Freud, teórico criador da Psicanálise. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021. PSICOFARMACOLOGIA • O clorofórmio, substância psicotrópica descoberta em 1831, era utilizado em substituição ao álcool. A partir do século XIX, a ciência isolou os princípios ativos de algumas substâncias psicoativas, como a morfina, a cocaína, a he- roína, a mescalina, as anfetaminas dentre outras, dando início à produção de fármacos puros, de utilização faci litada, possibilitando uma maior exatidão nas dosagens. Já no início do século XX, a ciência fez o mesmo com os barbitúricos, o éter, o clorofórmio e o óxido nitroso. No mesmo período, os pesquisadores descobriram os efeitos medicinais da ergotamina (substância ativa do ácido lisérgico). Dessa forma, a partir do sé- culo XXI, o consumo de medicamentos se tornou acentuado, algo que os espe- cialistas denominaram de "mania ocidental por pílulas", incluindo anfetaminas (anorexígenos), LSD e Ecstasy. Por sua vez, o LSD-25, sintetizado pelo químico suíço Albert Hoffmann em 1938, dois anos mais tarde, era ofertado pelo gover- no japonês a seus soldados e pilotos, com a intenção de mantê-los atentos e dispostos durante a guerra. Contudo, naquele mesmo ano, os estudos sobre o LSD indicaram que a droga poderia provocar surtos psicóticos em pessoas saudáveis. Já em 1947, com o intuito de transformá-la numa possível arma de inteligência americana, a CIA rea lizou estudos com a substância. Outras drogas sintéticas evidenciadas pela Europa no século XX foram os barbitúricos e o MDMA (ecstasy). Este último, descoberto em 1912 e patenteado em 1914 na Alemanha pelo laboratório MERCK, tinha o intuito de desenvolver um medicamento anorexígeno, po- rém, os estudos naquela época foram abortados e retomados apenas no fi- nal da década de 70, quando a util ida- de clínica dessas substâncias como um possível coadjuvante nos processos terapêuticos voltou a ser discutida. Al- guns psiquiatras e psicólogos daquela época, cuja intenção era a de auxiliar no vínculo terapêutico, acreditavam no poder do MDMA para a promoção de bem estar no paciente. Figura 3. Tipos de substâncias sintéticas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/0712021. PSICOFARMACOLOGIA • •• A psicofarmacologia e seus avanços na contemporaneidade A psicofarmacologia é um método que se baseia no desenvolvimento da substância terapêutica até o seu uso final como um medicamento coadju- vante nos tratamentos farmacoterápicos e psicofarmacoterápicos. O uso de tais substâncias, cuja finalidade é a de propiciar sua segurança e eficiência, deve ser realizado com cautela e com supervisão médica. A segurança e a eficiência dos psicofármacos se dão pela sua capacidade de ação terapêuti- ca, ou seja, nas interações possíveis com os neurotransmissores no sistema nervoso central (SNC). A estrutura do sistema nervoso cerebral é discutida há séculos, porém, apenas com Santiago Ramon y Cajal, advém a descoberta de que os neurô- nios são separados por pequenos espaços, denominados na contemporanei- dade como sinapses. As sinapses são compostas por substâncias químicas li - beradas pelos neurônios durante as comunicações entre si, levando a ciência a descobrir a existência dos neurotransmissores e das sinapses elétricas, comprovando que as neurotransmissões químicas são mais comuns que as elétricas. A produção de neurotransmissorespelo sistema nervoso central (SNC} é de fundamental relevância para que a liberação e a atuação se reali- zem em alguns grupos de receptores específicos. Figura 4. Ilustração das sinapses cerebrais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021. PSICOFARMACOLOGIA • A partir da década de 1940, foi iniciado o uso de fármacos no tratamento dos transtornos psiquiátricos. Em 1949, o primeiro fármaco empregado como recurso terapêutico para o tratamento da mania foi o lítio, seguido em 1952 da clorpromazina, cujos efeitos antipsicóticos se revelaram nesse mesmo pe- ríodo. Outra substância relevante fo i o meprobamato, que teve seus efeitos ansiolíticos descobertos em 1954 e, em 1957, o clordiazepóxido. A partir de então, foram sequenciadas uma série de outras drogas terapêuticas, inclusive os benzodiazepínicos. É possível afirmar que a psicofarmacologia, no decorrer da sua história, se deu por meio da experiência, ou seja, por meio da observação do modus ope- randi de algumas substâncias e a sua eficácia em relação a determinadas pato- logias, como a iproniazida, que era utilizada para tratar a tuberculose e teve descoberta a sua capacidade para produzir euforia e elevar o humor, passando a ser aplicada com eficácia no tratamento da depressão, dando origem aos antidepressivos inibidores da monoaminoxidase (IMAO), tendo seu uso minis- trado em pacientes diagnosticados com depressão e hospitalizados a partir de 1956.Já em 1958, foi descoberta a imipramina, anti-histamínico e primeiro antidepressivo tricíclico com eficácia reconhecida . No final da década de 1950, se contava com cinco classes de drogas capa- zes de estimular impactos clínicos significativos no tratamento de transtornos mentais: os antipsicóticos, os antidepressivos tricíclicos, os antidepressi- vos IMAO, os ansiol íticos e os antimania. Desde então, a admissão dos psi- cofármacos se deu de modo tão re levante quanto a sua propagação, o que fez diminuir a quantidade e a frequência das internações hospitalares motivadas por patologias psiquiátricas, gerando uma expressiva queda no número de pa- cientes psicóticos internados nos EUA, dado que o número era de 554.000 em 1954 e reduziu para 77.000 em 1993. De lá para cá, foram observados o aperfeiçoamento das substâncias psico- terapêuticas já descritas, incluindo as suas capacidades para o t ratamento das patologias mentais, e o surgimento de novas substâncias psicotrópicas. No en- tanto, as novas drogas pouco contribuíram com as já existentes, porém, há características específicas que merecem atenção por- menorizada, como a capacidade de seleção, a razoabilidade e o reconhecimento dos seus efeitos na contemporaneidade. PSICOFARMACOLOGIA • • Introdução ao estudo da Psicofarmacologia Levando em consideração que o uso de substâncias psicoativas não era considerado um fator consternador na antiguidade, é necessária uma cons- tante efetivação de técnicas e estudos científicos na atualidade no que se refere a tais substâncias, tendo como intuito o ensejo de aprimorá-las. Não obstante, o ser humano conviveu por séculos com o hábito de usar subs- tâncias psicoativas, incluindo as alucinógenas, sem a evidência de problemas advindos desse hábito. Dessa forma, para melhor compreensão das diretri- zes sobre a psicofarmacologia, é necessário investigar aspectos históricos, origens, avanços, classificações, trajeto até a contemporaneidade, benefícios e ambiguidades de atuação. Na atualidade, que pode ser chamada também de pós-modernidade, são observados avanços tecnológicos em diversos segmentos da humanidade, in- cluindo o da indústria farmacêutica. Desde meados do século XX, os avanços crescentes da indústria farmacêutica possibilitam a médicos e pacientes uma escolha medicamentosa cada vez mais precisa e eficiente para o tratamento e/ ou supressão dos sintomas psiquiátricos. A partir da introdução do uso da fluoxetina com o objetivo de tratar os sin- tomas da depressão, a humanidade foi guiada para uma era das "pílulas da felicidade", que se atualiza a cada geração. Ao levar em conta que a propaganda é uma ferramenta dos fabricantes de fármacos, a cada geração se alcança um número crescente de adeptos da farmacologia, já que a angústia e o sofrimen- to vêm perdendo cada vez mais o significado na vida das pessoas que preferem medicá-lo em vez de interpretá-lo, elaborá-lo e entendê-lo. A psicofarmacologia e as leis que a regulamentam A partir do século XX, no Brasil e no mundo, a questão do uso das substân- cias psicoativas passou a ser motivo de inquietude, causada por razões políti- cas que motivaram legislações específicas. O uso de substâncias psicoativas na contemporaneidade está ligado a doenças e à criminalidade. Dependendo da forma e do contexto em que esse uso se apresenta, as leis de controle formal (governo, médicos, hospitais, etc.) e de controle informal (líderes po- lít icos ou religiosos, familiares, empregadores, vizinhos, médicos, membros de órgãos de repressão, etc.) atuam como controles sociais desse uso. PSICOFARMACOLOGIA • Quando o uso de substâncias psicoativas se dá por meio de indicação médica, por exemplo, elas devem ser prescritas com controle da recei- ta. Desse modo, o uso de substâncias psicoativas e/ou psicotrópicas se ajusta às peculiaridades de cada contexto, com seu próprio sistema de valores e regras que, por sua vez, reproduzem os diferentes modos e finalidades de uso. •• A origem das substâncias psicoativas e suas terminologias científicas As substâncias psicoativas são, na maioria, originadas da natureza e, posteriormente, sintetizadas em laboratório. Dessa forma, podemos classificá-las em substâncias psicotrópicas naturais e substâncias psico- trópicas sintéticas. As substâncias psicoativas originadas da natureza são aquelas provenientes de plantas, animais ou vegetais, como, por exem- plo, a cafeína, o ópio, a nicotina, o THC (maconha) etc. As substâncias psicoativas naturais, principalmente as plantas de efeitos alucinógenos, são utilizadas há séculos por culturas indígenas, em rituais religiosos em , . , vartos pa,ses. Já as substâncias psicoativas sintéticas, são aquelas cujo princípio ati- vo é isolado e sua produção se dá por meio de processos laboratoriais. Um exemplo dessas substâncias é a cocaína e seus derivados que, quan- do sintetizados em laboratório, dão origem a diversos fármacos de uso médico e hospitalar. A nomenclatura das substâncias psicoativas pode ser exemplificada em três termos: tóxico, narcótico e psicotrópico, de acordo com o Quadro 1. Tóxico Narcótico Psicotrópico QUADRO 1. TERMINOLOGIAS Refere-se à toxicidade da substância psicoativa nas formas de medicamento e droga de abuso, cujo parâmetro de diferenciação, nesse caso, é a quantidade utilizada da substância. De origem inglesa, refere-se às substâncias psicoativas utilizadas tanto como medicamento quanto como drogas de abuso. Mais utilizado para referenciar as substâncias que agem no sistema nervoso central (SNC), ou seja, no cérebro. PSICOFARMACOLOGIA • Complementando o significado do termo psicotrópico pela divisão da própria palavra - psico é termo grego que significa psiquismo (sentimentos, pensamentos etc.) e trópico, significa tropismo ("atração por") -, se conclui que psicotrópico é o mesmo que "atra- ção pelo psiquismo", logo, o conceito do termo define-se por substâncias que agem no sistema nervoso central (SNC), metamorfoseando, de certa forma, o psiquismo do indivíduo. EXPLICANDO Outros termos para definir as substâncias psicoativas são psicoticomimé- tico e psicodélico (em grego, psíco = mente e de/os= expansão), usados por alguns pesquisadores para denominar as referidas substâncias de acordo com a capacidade delas de reproduzir sintomas psicóticos consi- derados como perturbações do inconsciente nos humanos, como alucina- ções (percepção sem objeto) e/ou delírios.O uso dessas denominações leva em conta a similaridade dos sintomas cau- sados pela administração dessas substâncias com a sintomatologia de algu- mas doenças mentais, como a esquizofrenia. QUADRO 2. PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ~ Naturais Sintéticas Cafeína Cocaína Ópio LSD-25 Nicotina Ecstasy Maconha Anticolinérgicas e plantas alucinógenas Cogumelos Anabolizantes e esteroides Jurema Mescal (peyote) Caapi e Chacrona PSICOFARMACOLOGIA • •• As principais substâncias psicoativas naturais Figura 5. Folhas de maconha e produtos com canabidiol. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021. • Maconha: pesquisas contemporâneas mostram que algumas substâncias extraídas dessa planta, como o canabidiol, um dos princípios ativos da planta, são aprovadas para uso medicamentoso com prescrição médica para tratamento dos sintomas de alguns tipos de cânceres e da epilepsia. O canabidiol é eficaz também como anticonvulsionante para o tratamento de doenças refratárias (doenças que não respondem aos medicamentos). No entanto, mesmo com as características de uso seguro, o Conselho Federal de Medicina (CFM) discorda em discutir sua nor- matização para tratar a esquizofrenia que, segundo a Universidade de São Paulo (USP), é uma das ações terapêuticas do canabidiol. Em paralelo, um manifesto da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) é contra a maconha, afirmando que a planta gera prejuízo em todos os membros e órgãos do corpo. A ABP menciona ainda um estudo de 2012, administrado pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que in- dica que a maconha multiplica por três vezes e meia a chance de um indivíduo vir a desenvolver a esquizofrenia e multiplica por cinco vezes a possibilidade de desen- cadear transtornos de ansiedade em seus usuários, conforme os dados da ABP relatados por Oliveira, na página 134 da dissertação "O medicamento proibido: como um derivado da maconha foi regulamentado no Brasil", defendida em 2016; • Cogumelos: essas substâncias concebem os efeitos alucinógenos, tam- bém conhecidos como psicoticomiméticos (sintomas das psicoses) ou psico- délicos (alucinações e delírios), assim como outras plantas alucinógenas como a Jurema, a Mescal (peyote), a Caapi e a Chacrona (Ayahuasca); PSICOFARMACOLOGIA • • Jurema: de denominação científica Mimosa hostilis, é uma árvore de onde se extrai o DMT, substância alucinógena conhecida comercialmente como dime- tiltriptamina, e cujas raízes são utilizadas na preparação de uma bebida aluci- nógena batizada de "o Vinho da Jurema". É uma bebida comum no Nordeste do país, onde é ingerida em cerimônias religiosas indígenas; • Mescal (peyote): com nome científico Lophophora Wil/iamsii, trata-se de um cac- to, também conhecido como peyote, do qual se extrai a mescalina, potente subs- tância alucinógena que se apresenta sob a forma de um pó branco, consumido por via oral ou injetável. A mescalina possui ainda propriedades antibióticas e anal- gésicas, além de provocar alterações da consciência e da percepção, em especial da visão. Um exemplo dessa substância é o nitrato de amyl, cuja ação psicodélica provoca relaxamento dos músculos lisos e vasodi latação; • Caapi e chacrona: de nome científico Banisteriopsis caapi, a planta é util izada como matéria-prima da ayahuasca, proveniente do cozimento do mariri e da cha- crona (plantas alucinógenas nativas da Amazônia), sendo considerada uma bebida sagrada e aplicada por religiões sincretistas em seus rituais religiosos. Os adeptos dessas religiões não classificam a ayahuasca como substância alucinógena e, nesse contexto, seu uso é considerado um meio de entrar em contato com o mundo espiri- tual. Por essa razão, seus preferem denominá-la como uma substância enteógena . • As principais substâncias psicoativas sintéticas Drogas sintéticas são substâncias modificadas e produzidas em labora- tório cujos efeitos podem provocam alucinações visuais ou auditivas (per- cepções sem objeto). • LSD-25: possui ação alucinógena e psicodélica; • Ecstasy: é uma substância alu- cinógena da família das fenilaminas. Possui ação perturbadora, alucinó- gena (psicodél ica) e estimulante, e seu uso costuma ser recreativo; Figura 6. Drogas sintéticas produzidas em laboratório. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021. PSICOFARMACOLOGIA • • Anticolinérgicos e plantas alucinógenas: dizem respeito a determinadas plantas que, quando consumidas na forma de chá, contêm substâncias per- turbadoras; • Anabolizantes e esteroides: os esteroides anabolizantes não são consi- derados drogas psicotrópicas pela Organização das Nações Unidas (ONU) por não provocarem dependência, porém, são usados de forma abusiva. Tratam- -se de substâncias sintéticas, representadas pela testosterona (hormônio masculino), que promovem o crescimento da musculatura corporal (efeito anabólico) e o desenvolvimento das características sexuais masculinas (efeito andrógeno). Devido a esses efeitos, os esteroides recebem também a deno- minação de androgênicos. Seu uso é bastante comum entre atle- tas que desejam ampliar o desempenho físico e também entre aqueles que desejam melhorar a aparência física, porém, o uso para fins estéticos e para complementar a capacidade fí- sica é considerado ilegal, devido aos possíveis prejuízos para o organismo. Os anabolizantes são comercializa- dos na forma de comprimidos ou de injeções e a maioria dessas substân- cias é adquirida de forma ilícita em academias e/ou farmácias. Alguns produtos veterinários à base de es- teroides, como sais de testosterona e boldenona, são utilizados, contudo, não apresentam eficácia cientifica comprovada, sendo passíveis de cau- sar riscos acentuados à saúde. Figura 7. Embalagem de substância anabolizante sintética. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021. •• Classificação dos psicotrópicos Os cientistas franceses relacionam as drogas sintéticas em três classifica- ções: depressoras, estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso cen- tral (SNC). No Quadro 3, aparecem a classificação dos psicotrópicos, com algu- mas das suas terminologias científicas e efeitos do seu uso. PSICOFARMACOLOGIA • QUADRO 3. CLASSIFICAÇÃO DOS PSICOTRÓPICOS Depressores Estimulantes Perturbadores Psicolépticos Psicoanalépticos, Psicodislépticos Noanalépticos Psicoticomiméticos Timolépticos, etc. Psicodélicos 1 Alucinógenos Psicometamórficos, etc. • Psicotrópicos depressores: os psicotrópicos classificados como depres- sores são aqueles que diminuem a atividade do sistema nervoso central (SNC), ou seja, deprimem o seu funcionamento, dentre os quais encontram-se tanto substâncias lícitas quanto ilícitas. O álcool, os solventes e os inalantes, os ben- zodiazepínicos, os barbitúricos e os derivados do ópio (opiáceos e os opioides) são exemplos de drogas depressoras; • Psicotrópicos estimulantes: as substâncias estimulantes aceleram e in- tensificam a atividade cerebral, causando excitação, insônia e agitação. São exemplos de droga estimulantes o tabaco, a cocaína e suas derivações, bem como as anfetaminas (anorexígenos); • Psicotrópicos perturbador-alucinógenos: as substâncias perturbadoras são aquelas que alteram a atividade do sistema nervoso central (SNC), distor- cendo suas funções, desfigurando suas percepções e causando perturbações ao indivíduo. As drogas perturbadoras, como maconha, cogumelos, ecstasy e LSD, se subdividem entre naturais e sintéticas, sendo essas últimas classifica- das também como drogas alucinógenas ou anticolinérgicas. QUADRO 4. TIPOS DE PSICOTRÓPICOS Tipo Classificação Barbitúricos Depressores do SNC Benzodiazepínicos Depressores do SNC Opiáceos Depressores do SNC Opioides Depressores do SNC Anfetaminas Estimulantes do SNC Alucinógenos Perturbadores do SNC Anticolinérgicos Perturbadores do SNC PSICOFARMACOLOGIA • •• Barbitúricos, benzodiazepínicos, opiáceos e opioides• Barbitúricos: são denominados também de calmantes ou sedativos, de- vido à capacidade de reduzir a atividade cerebral, minimizar os estados de ex- citação e promover sensação de calma e relaxamento. Sua ação principal induz ao sono e, por essa razão, recebem também os cognomes de hipnóticos, so- níferos ou sedativo-hipnóticos. Algumas dessas medicações atuam também como analgésicas e antiepiléticas, sendo vendidas com a retenção da receita médica para posterior controle do Ministério da Saúde. A ação dos barbitúricos atinge diferentes áreas do cérebro ao mesmo tempo e, ainda que em doses terapêuticas, tem a capacidade de acometer a atenção e as atividades psico- motoras, além de alterar a capacidade de raciocínio e a concentração. Seu uso também pode ser indicado para o tratamento de cefaleias, úlceras pépticas e hipertensão, porém, essas substâncias têm como possíveis efeitos colaterais depressão na medula e no centro do hipotálamo, vertigem, redução da urina, espasmo da laringe e crises de soluço. Algumas medicações, como Aspirina e Cibalena, continham os barbitúricos butabarbital ou secobarbital que, utili- zados de maneira imprudente, fizeram os laboratórios farmacêuticos retirarem esse princípio ativo destes fármacos. Na atualidade, os barbitúricos deixaram de ser a principal opção para o tratamento da ansiedade e da insônia, sendo substitu ídos pelos benzodiazepín icos. No entanto, o Gardenal (fenobarbital) continua sendo utilizado no Brasil e no mundo em razão dos bons resultados para tratar a epilepsia; • Benzodiazepínicos: medicamentos denominados também como tranqui- lizantes ou ansiolíticos, devido às suas capacidades de acalmar e atenuar a ansiedade e o nervosismo, assim como induzir ao sono, promover o relaxa- mento muscular e reduzir o estado de alerta. Diferente dos barbitúricos, estes medicamentos não apresentam propriedades capazes de afetar as funções psi- comotoras de modo relevante, todavia, costumam inibi-las de forma parcial, po- dendo afetar a memória, obstar o processo de aprendizagem e acometer a ação de dirigir e de operar máquinas. São substâncias controladas pelo Ministério da Saúde e, devido as suas funções hipnóticas, são usadas também no tratamento de crises convulsivas. Os benzodiazepínicos se sobrepõem ao meprobamato como componente ansiolítico, sendo os medicamentos mais utilizados no mun- PSICOFARMACOLOGIA • do todo, inclusive no Brasil. Há mais de cem medicamentos intitulados como benzodiazepínicos, cuja identificação pode ser feita por meio da escrita do sufi- xo - AM no nome, como por exemplo: diazep-am, clorazep-am, lorazep-am, etc., remédios cujas denominações comerciais são Valium, Lexotan, Lorax, Somalium, entre outros; • Ópio, opiáceos e opioides: o ópio é uma substância natural extraída da sei- va da papoula, planta originária da Ásia Menor e da Europa, cujo nome científico é Papaver Somniferum (Papoula do Oriente). A palavra ópio, traduzida do grego, significa "suco" e nomina a substância extraída por meio de cortes verticais na cápsula da papoula, se apresentando na forma de um suco leitoso que, ao secar, resulta no pó de ópio, uma substância rica em quantidades farmacológicas. Os opiáceos e opioides são substâncias naturais derivadas do ópio, como a codeína e a morfina (opiáceos) que, quando modificadas, se transformam na heroína (substância semissintética ou seminatural) ou nos opioides (subs- tâncias isoladas e produzidas em laboratório). Tais substâncias têm o efeito de entorpecer as faculdades intelectuais, alterar as funções motoras e sensiti- vas, além de elevar a sensação de prazer, tanto que a palavra morfina significa Morfeu, deus dos sonhos na mitologia grega. A morfina (morfa) apresenta-se sob a forma de pó, líquido, barra ou comprimidos e sua forma de consumo se dá por via oral ou injetável. A codeína é um opiáceo bastante utilizado como princípio ativo para xaropes contra a tosse como o Setux, o Eritós, o Pambenyl, entre outros, além de substân- cias aquosas como o Belacodid e as Gotas Bineli. No Brasil, a codeína é usada na formulação do xarope Codein, cuja função é de analgesia. A codeína também é capaz de reduzir os batimentos cardíacos, a pressão arterial e a respiração, bem como provocar dilatação das pupilas, prisão de ventre e dificuldade na digestão. Os opiáceos são empregados como princípio ativo de medicamentos antidiar- reicos e recebem também a denominação de narcóticos ou drogas hipnoanal- gésicas, cujo efeito analgésico se dá pelo manejo de pequenas doses de morfina ou de heroína. Porém, quando o uso da codeína ou de meperidina se destina à mesma finalidade, são necessárias doses cinco ou dez vezes maiores, pois a me- repidina é modificada em laboratório e comercializada na forma de comprimidos, ampolas ou adesivos, assim como outras substâncias sintéticas derivadas do ópio (opioides), como a oxicodona, o propoxifeno, o fentanil e a metadona. PSICOFARMACOLOGIA • Figura 8. Papoula, matéria-prima do ópio. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/0712021. o \ CURIOSIDADE De acordo com o artigo de Maria Carolina D'Arcadia Novo, publicado na re- vista Vox Forensis em 2010, o ópio era considerado maligno até o século XIX, contudo, é utilizado para proporcionar alívio de dor há mais de cinco mil anos. , Com o início da colonização na América e na Asia, o ópio passou a servir como tintura (láudano) na Europa, onde era usada tanto por reis, quanto por plebeus, incluindo soldados e altos titulares da Igreja. Essa prática se deu por mais de dois séculos, sem objeções ou querelas. A substância também era usada sob a forma de fumo pelos portugueses durante a expedição marítima para o Oriente . Anfetaminas, perturbadores, alucinógenos e anticolinérgicos • • Anfetaminas: utilizadas para a obtenção de quadros eufóricos, sub- tração do sono e diminuição do apetite, também podem ser usadas como medicamento em casos de déficit de atenção ou de patologias neurológi- cas. Quando apresentadas em seu estado puro, têm a aparência de cristais amarelados de sabor amargo, embora também se apresentem sob a forma de cápsulas, comprimidos, pó (branco, amarelo ou rosa), tabletes ou líqui- do. Suas denominações comerciais mais conhecidas são: Benzedrine, Bife- tamina, Dexedrine, Dexamil, Methedrine, Dexoxyn, Desbutal, Oberin, Am- phaplex, Dualid, lnibex, Hipofagin, Desobesi, Fagolipo, Moderine, Absten, PSICOFARMACOLOGIA • Pervitin, Ritalina, dentre outras. A ação estimulante das anfetaminas no sistema nervoso central (SNC) acelera seu ritmo, por isso, algumas pessoas costumam usá-los sem prescrição médica sob a denominação de rebite ou bola, de modo a obter estímulo extra para incentivar o trabalho, estudo ou mesmo, para dirigir ou emagrecer. A capacidade que a substância apresenta para a redução da massa corpórea (anorexígeno) costuma ser utilizada sem acompanhamento médico adequado; • Perturbadores: em sua maioria, são substâncias sintéticas que provo- cam alucinações visuais ou auditivas (percepções sem objeto). Um exem- plo dessas substâncias é o LSD-25, cuja ação é alucinógena e psicodéli- ca, sendo considerado o perturbador alucinógeno mais pujante, já que uma pequena dosagem (microgramas) é capaz de produzir alucinações. Outro exemplo desse tipo de substância é o ecstasy, substância denominada também como MDMA (3,4-metile- nodioximetanfetamina). Da família das fenilaminas e derivada da anfe- tamina (estimulante), sua composi- ção costuma conter uma variação de MDMA, MOA, MDEA, metanfetamina, anfetamina, cafeína, efedrina e LSD, assemelhando-se à composição da mescalina. Sua ação, além de pertur- badora, é alucinógena (psicodélica) • I • . .} ' .__ . . Á • e estimulante, elevando a produção e a diminuição da reabsorção de sero- tonina, dopamina e noradrenalina. O MDMA subdivide-se pelo organismo logo após sua ingestão, sendo metabolizadopelo fígado e seguindo seu curso até chegar ao cérebro. Sua eliminação se dá de forma total, por meio da urina, em um período aproximado de dois dias. PSICOFARMACOLOGIA • • Anticolinérgicos e plantas alucinógenas: plantas que, quando consu- midas na forma de chá, contêm substâncias perturbadoras, como a Datura, o Lírio, a Trombeta, a Trombeteira, o Cartucho, a Saia-Branca, a Zabumba, assim como alguns medicamentos sintetizados com estes princípios ativos, como o caso do Artane, do Akineton e do Bentyl, cujo uso provoca efeitos anticolinérgicos reconhecidos pela capacidade de pro- duzir efeitos periféricos e influenciar nas fu nções psí- qu icas. Nos casos da planta Datura e da Artane, os efeitos alucinógenos são secundários, e seu uso médico é comum no tratamento de doenças como Parkinson e diarreia. Figura 9. Flor de Datura. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 13/07/2021. PSICOFARMACOLOGIA • UNIDADE r educacional Obietivos da unidade Mostrar a constituição do Sistema Nervoso Central e o funcionamento dos neurônios; Compreender a sinapse química e as funções dos diferentes neurotransmissores; Entender como os fármacos afetam o comportamento e como ocorre a psicodependência. Tópicos de estudo O cérebro e os neurotransmissores: divisão do SN Sinapse química Como ocorre a liberação de um neurotransmissor? Entendendo a síntese e as funções dos diversos neurotransmissores Patologias associadas às disfunções dos neurotransmissores Ação e efeito dos fármacos sobre o SNC Fármacos depressores do SNC Fármacos estimulantes do SNC Influência dos fármacos sobre as emoções e no comportamento humano Fármacos que podem alterar o comportamento humano Fármacos e o risco de suicídio A dependência e a abstinência A dependência física e psicológica Mecanismos de tolerância Síndrome de abstinência Prescrição de medicamentos psicotrópicos no Brasil PSICOFARMACOLOGIA • • O cérebro e os neurotransmissores: divisão do SN O sistema nervoso é dividido em duas partes: SNC (sistema nervoso cen- tral), constituído por encéfalo e medula espinal, e SNP (sistema nervoso pe- riférico), que compreende os nervos que fazem a comunicação entre o SNC e os músculos, assim como glândulas e órgãos sensoriais. O encéfalo é com- posto por cérebro, tronco encefálico (localizado abaixo do cérebro) e cerebelo (localizado atrás do tronco encefálico). O cérebro, por sua vez, é formado por telencéfalo (hemisférios cerebrais direito e esquerdo) e diencéfalo (tálamo e hipotálamo). Na Figura 1, é possível observar o encéfalo e a medula espinal, estrutura responsável pela comunicação do cérebro com o restante do corpo. Tálamo Hipotálamo Cerebelo Posterior ◄ -1---Medula espinal ► Anterior Cérebro Glândula hipófise Figura 1. Esquema do encéfalo humano. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 05/10/2021. o \ CURIOSIDADE Tudo o que se pensa, sente, como amor, ódio, preocupação, medo, memó- rias, enfim, toda a história humana é fruto do funcionamento do cérebro humano, posto que ele é responsável pelo processamento das informa- ções e de todas as funções do organismo. Essas informações são proces- sadas graças a trilhões de sinapses que ocorrem através dos neurônios. Um estudo brasileiro publicado em 2012 estima que o cérebro humano contém cerca de 86 bilhões de neurônios, em vez dos 100 bilhões supostos antes (LENT et ai., 2012). PSICOFARMACOLOGIA • Há diversos neurotransmissores com funções específicas no organismo e o desequilíbrio em um ou mais neurotransmissores resulta em patologias como depressão, ansiedade, esquizofrenia, entre outras. Portanto, é essencial que os neurotransmissores tenham a sua produção normalizada, bem como a comu- nicação entre os neurônios nos diversos circuitos cerebrais, de forma a garantir a homeostasia do organismo. Entender as funções dos neurotransmissores é essencial para que o psicólogo compreenda as doenças ocasionadas pela dis- função dessas substâncias químicas, além de ampliar o conhecimento sobre as terapias medicamentosas que podem ajudar o paciente, desde que avaliadas e prescritas pelo médico. • Sinapse química Os neurônios são células nervosas capazes de receber e conduzir impulsos nervosos. A comunicação se dá por sinapses químicas, ou seja, ocorre através de mediadores químicos, denominados neurotransmissores. Para compreen- der as diferentes funções dos neurotransmissores do SNC, é preciso analisar a anatomia do neurônio, célula produtora dos neurotransmissores. O neurônio é constituído pelos dendritos (local em que há a recepção de um novo sinal), cor- po celular ou soma (local de produção dos neurotransmissores e que contém as organelas da célula), axôn io (local em que o sinal elétrico é propagado até alcançar o terminal axonal) e o terminal axonal (local das vesículas sinápticas que contêm neurotransmissores sintetizados). Entre um neurônio e outro existe um espaço microscópico, designado como fenda sináptica, local no qual um neurotransmissor é liberado pelo neurônio pré-sináptico e, então, esse neurotransmissor é percebido pela membrana dos dendritos de um neurônio pós-sináptico. Essa recepção de sinais acontece porque existem inú- meros receptores na membrana dos dendritos. Os receptores recebem o sinal por meio da li- gação do neurotransmissor num receptor e, dessa forma, um impulso nervoso se sucede, a depender da substância química liberada na fenda sináptica. PSICOFARMACOLOGIA • Alguns neurotransmissores têm características excitatórias, enquanto ou- tros têm aspectos inibitórios ou funcionam como moduladores. Tudo varia conforme as funções dos neurotransmissores e dos receptores ativados. Tais substâncias químicas podem ser comparadas com uma "chave" e os recepto- res com uma "fechadura". Logo, cada neurotransmissor só se encaixa num re- ceptor específico, desencadeando os efeitos fisiológicos. Assim, cada chave só abre sua respectiva fechadura. Em outras palavras, isto significa que o neuro- transmissor acetilcolina só estimula receptores colinérgicos (a fechadura corre- ta da chave/neurotransmissor), enquanto a noradrenalina não pode estimular os mesmos receptores. Sinapse úcleo Axônio Dendr· Núcleo Axônio Dendritos Sinapse Dendritos -- - ..... ~ Soma \ 1 •S elétric ' Soma llii ,;. , elétrico " ' ' --------------,,--------------' '--------------,,--------------' . ' Neurônio Neurônio Figura 2. Anatomia do neurônio. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/10/2021. Na Figura 2, é observada a anatomia do neurônio e a sinapse, local em que os neu- rotransmissores são liberados. Nos den- dritos, se localizam os receptores e, quan- do um neurotransmissor é liberado pelo neurônio pré-sináptico na fenda sináptica, há o estímulo do neurônio pós-sináptico. Se esse estímulo é excitatório, como acontece com um neurotransmissor chamado de glutamato, o neurônio pós-sináptico sofre um potencial de ação (o que também pode ser denominado de impulso nervoso). PSICOFARMACOLOGIA • Mitocôndria e Vesículas Recaptação de impulso Neurotransmissor ' • • • ••• •••••• ...... • • Axônio o Receptor Figura 3. Sinapse química. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/10/2021. Na Figura 3, é possível ver a fenda sináptica (1) (que libera o neurotrans- missor), as vesículas sinápticas (2), nas quais os neurotransmissores são armazenados, além dos receptores presentes na membrana do neurôn io pós-sináptico (3). Entre os neurotransmissores mais conhecidos, estão acetil- colina, norepinefrina (também chamada de noradrenalina), histamina, ácido gama-aminobutírico (GABA), serotonina e glutamato. •• Como ocorre a liberação de um neurotransmissor? A liberação dos neurotransmissores depende da ocorrência de um poten- cial de ação. Para entender como acontece o potencial de ação, é preciso com- preender como é a membrana do neurônio em repouso, isto é, polarizada.A membrana externa e interna do neurônio é comparável a uma "pilha" com po- los diferentes entre o meio externo e o meio interno. Quando a membrana do neurônio está polarizada (em repouso) o meio extracelular tem predominância positiva, enquanto o meio intracelular tem predominância negativa, algo que se dá por conta do funcionamento da bomba sódio/potássio/ATPase, um trans- portador que funciona com gasto de energia. PSICOFARMACOLOGIA • Esse transportador "bombeia" 3 íons Na+ (sódio) para fora da célula (meio extracelular) e 2 íons K+ (potássio) para dentro da célula (meio intracelular). Dada a diferença de concentração (mais cargas positivas fora da célula do que dentro da célula, na proporção 3:2), o meio extracelular é mais positivo que o meio intracelular. Além disso, outros íons de carga negativa estão aprisionados dentro da célula, deixando a membrana interna negativa. Na Figura 4, se obser- va o exemplo de uma membrana do neurônio polarizada (em repouso). • ATP Espaço •• / extracelular ~ Citosol Bomba sódio-potássio ADP; p • •• ADP p \T Figura 4. Bomba sódio-potássio Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/10/2021. Alto {Na') Baixo {K') p Alto {Na·) Baixo {K') Na Figura 4, é notada a alta concentração de sódio (Na+) e a baixa con- centração de potássio (K+) no meio extracelular. Já no meio intracelular, há uma alta concentração de potássio (K+) e uma baixa concentração de sódio (Na+). Quando o neurônio recebe um estímulo (através de um neurotransmis- sor que ativa os receptores), ocorre uma alteração da disposição de cargas elétricas, de modo que se abrem canais de Na+ e mais Na+ entra na célula, despolarizando-a. Este processo é denominado de potencial de ação ou impulso nervoso e ocorre ao longo do neurônio, começando no corpo celular e se propagando ao longo de todo o axônio. À medida que o Na+ entra na célula, canais de K+ se abrem e o K+ sai da célula (ou seja, as cargas se invertem). Na Figura 5, é descrita a sequência de eventos que caracterizam essa alteração de polaridade. PSICOFARMACOLOGIA Potencial de ação + + + - - - + + + + + + u w w ww_, ~ ---~- w 1 ~ w w ~ ~ ~ ~ - - - + + + - - - - - - Potencial de repouso Despolarização Repolarização De volta ao potencial de repouso Figura 5. O potencial de ação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/10/2021. No primeiro quadrante da figura, é visualizado o potencial de repouso, ou seja, mais Na+ no meio ext racelular e mais K+ no meio intracelular. No segundo quadrante, se observa o processo de despolarização, com a abertura de canais de Na+ e a consequente entrada (influxo) de Na+ para o meio intracelular. No terceiro quadrante, há a repolarização, em razão da abertura de canais de K+ e a saída (efluxo) do K+ do meio intracelular para o meio extracelular. No quarto quadrante, se vê a restauração do potencial de repouso, graças às ações da bomba sódio potássio ATPase (um transportador que funciona com gasto de energia), ou seja, tudo retorna à polaridade de repouso (mais Na+ no meio ex- tracelular e mais K+ no meio intracelular). A fim de liberar neurotransmissores para a comunicação entre um neurônio e outro, esse processo é cíclico, ou seja, o potencial de ação acontece o tempo todo. ASSISTA O potencial de ação é uma corrente elétrica que acontece ao longo do neurônio graças ao movimento de íons decor- rentes de canais localizados na membrana plasmática do neurônio. No vídeo Potencial de Ação: Animação, é possí- vel assistir à animação sobre o potencial de ação. PSICOFARMACOLOGIA • O esquema de eventos que ocorrem a nível sináptico é descrito a seguir: • O potencial de ação é propagado ao longo do axônio do neurônio pré-sináptico, de forma a alcançar o botão axonal; • A despolarização resulta na abertura de canais de cálcio (Ca2+) com voltagem dependente, ou seja, canais de Ca2+ se abrem e fazem com o que o íon Ca2+ entre na célula, estimulando o processo de exocitose das vesículas pré-sinápticas e liberando o neurotransmissor dentro da vesícula na fenda sináptica; • O neurotransmissor se difunde pela fenda sináptica e atinge a membrana pós- -sináptica, que tem afinidade química com os receptores do neurônio pós-sináptico; • A interação do neurotransmissor com os receptores pós-sinápticos provoca uma alteração da permeabilidade na membrana do neurônio pós-sináptico; • Quando a alteração de permeabilidade acontece no neurônio pós-sináptico, um estímulo é estabelecido e pode resultar num novo potencial de ação; • O estímulo só gera um potencial de ação se o neurotransmissor envolvido é excitatório, ou seja, se ele estimula a despolarização da membrana pós-sináptica (a entrada de cargas positivas dentro da célula). Alguns neurotransmissores possuem características inibitórias. Nessa segunda situação, um neurônio inibitório produz a hiperpolarização da célula (a entrada de cargas negativas dentro da célula) e o neurônio é impedido de sofrer potencial de ação. Portanto, se um neurotransmissor é excitatório, ele produz despolarização (carga positiva), também chamada de PEPS (Potencial Excitatório Pós-Sináptico). Quando um neurotransmissor é inibitório, ele produz hiperpolariza- ção (carga negativa), também denominada de PIPS (Potencial Inibitório Pós-Sináp- tico). Como visto no processo, a exocitose das vesículas pré-sinápticas ocorre pela entrada do íon cálcio (Ca2+), o que resulta na liberação do neurotransmissor na fenda sináptica. EXPLICANDO A exocitose é um processo mediado pelo íon (cálcio) Ca2+. O íon Ca2+ está bastante relacionado com processos fisiológicos de contratilidade (promove contração). Neste caso, após a entrada de Ca2+, as vesículas pré-sinápticas que contêm os neurotransmissores irão se locomover até se difundirem com membrana do neurônio. É neste momento que vesícula libera o neurotrans- missor na fenda sináptica. Uma vez liberado na fenda sináptica, o neurotrans- missor poderá interagir por afinidade química com os receptores pós-sinápti- cos (localizados no neurônio pós-sináptico), e desencadear uma resposta. PSICOFARMACOLOGIA • Entendendo a síntese e as funções dos diversos neurotransmissores •• O neurotransmissor é um mensageiro químico que leva uma mensagem do neurônio pré-sináptico para o neurônio pós-sináptico. Para que a liberação do mensageiro aconteça, o neurônio é estimulado e inicia o processo de despolariza- ção, desencadeando a propagação do impulso nervoso. Quando o estímulo alcan- ça o terminal axonal do neurônio, há a entrada de Ca2+, o que garante a exocitose, e, por fim, a liberação do neurotransmissor na fenda sináptica. Logo, é importante compreender como os neurotransmissores são produzidos e quais suas funções fisiológicas. Os neurotransmissores são produzidos pelos neurônios. Os primeiros neuro- transmissores descritos, a noradrenalina e acetilcolina, estão presentes também no SNP (sistema nervoso periférico), respectivamente, no sistema simpático e pa- rassimpático. Um neurotransmissor é uma molécula simples, que pode ser um aminoácido, uma monoamina ou um polipeptídio. A diferença entre esses dois últimos é que uma monoamina é sintetizada a partir de um aminoácido e um po- lipeptídio, por sua vez, é constituído de uma cadeia de três ou mais aminoácidos. Cada neurônio especializado produz um neurotransmissor específico, isto é, um neurônio serotonérgico produz serotonina e um neurônio noradrenérgico pro- duz noradrenalina. Cada neurônio tem um conjunto de enzimas necessárias para a síntese do seu respectivo neurotransmissor, e cada neurotransmissor é produzi- do a partir de um precursor específico, conforme o Quadro 1. Depois que um neu- rotransmissor é sintetizado no corpo celular do neurônio, ele é transportado até as vesículas do terminal axonal, local em que ficam armazenados até o momento da liberação do neurotransmissor na fenda sináptica. QUADRO 1. PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES,SEUS PRECURSORES E ÁREAS DE PREVALÊNCIA Neurotransmissor Precursor Acetilcolina Colina Serotonina (5-HTI Triptofano Área de maior frequência SNC e SNP SNC, células cromafins do trato digestivo, células entéricas. PSICOFARMACOLOGIA • 1 ' Ácido gama- aminobutírico (GABA) Glutamato Dopamina Noradrenalina Aspartato Glicina Histamina Fonte: MARTINS; DILSON, 2005, p. 22. Glutamato Glutamina Tirosina Tirosina SNC e SNP Aspartato Glicina Medula espinal Histidina Hipotálamo ' Cada neurônio é especializado na síntese de um determinado neurotransmis- sor. Na Figura 6, se observa a síntese da acetilcolina. Terminal pré-sináptico Acetil Co-A + ---....,------➔ Colina e ACh e l e Colina ACh R R Figura 6. Síntese da acetilcolina Fonte: MARTINS; DILSON, 2005, p. 23. ACh ACh / PSICOFARMACOLOGIA • A acetilcolina (ACh) é sintetizada, a partir de acetil-coenzima A e colina, pela enzima colina acetiltransferase. Após a síntese, a ACh é armazenada nas vesículas sinápticas e, apenas após a ocorrência de um potencial de ação, a acetilcolina é liberada na fenda sináptica. A acetilcolina pode ativar os receptores pós-sinápticos, representados na figura por "R", e ainda pode ser degradada pela enzima acetil- colinesterase, representada na figura por "AChE". A enzima acetilcolinesterase é responsável pela degradação da acetilcolina em colina + acetato, sendo a colina reaproveitada pela célula pré-sináptica para uma nova síntese de acetilcolina. Na Figura 7, se observa a síntese da dopamina e da noradrenalina. Plasma l Tenninal pré-sináptico DOPA Metabólitos desaminados Plasma !------+t DOPAdl5Cll'boxilme 0 0 ieee DA AC .... h ___ __,/ í l l ~ ? r R 1 r::;=1--Membrana __ :::::::::.__ ___ ..._1_:__ .,.__l _ _._ ..,.. _ __,~-..,..11_ • 1 pós-sin~ Tenninal pré-sináptico TIROSINA !-+-----+1 lirosina hidroxilme DOPA Metabólitos ____ ,., !--.-----+t DOPAdlSCl~lllliase DA desaminados Metabólito.s o-meti lados .j, ~--NA----'/ Figura 7. Síntese da dopamina (a) e da noradrenalina (b). Fonte: MARTINS; DILSON, 2005, p. 24. PSICOFARMACOLOGIA • Os neurotransmissores dopamina e noradrenalina têm o mesmo precursor em comum, pois são sintetizados a partir do aminoácido tirosina. Cada neurô- nio especializado produz as enzimas necessárias para a síntese de seu mediador químico. No quadrante a da Figura 7, referente à síntese de dopamina, a tirosina sofre ação da enzima tirosina hidroxilase, sendo transformada em um interme- diário chamado DOPA. Depois, a enzima dopa descarboxilase transforma DOPA em dopamina, que é armazenada nas vesículas sinápticas. Num processo similar ao descrito para a acetilcolina, a dopamina estimula os receptores "R" e pode ser degradada pela enzima MAO (monoaminooxidase). No quadrante b da Figura 7, a síntese de noradrenalina é muito semelhante à da dopamina que, por seu turno, é formada e sofre ação de mais uma enzima da via chamada de dopamina beta-hidroxilase, transformando a dopamina em nora- drenalina. No entanto, a noradrenalina é degradada pela enzima MAO (monoami- nooxidase) ou pela enzima COMT (catecol-o-metil-transferase). Após a produção, os neurotransmissores podem ser liberados na fenda sináptica para estimular o receptor pós-sináptico, no entanto, ele não é o único destino do neurotransmis- sor. Por questões fisiológicas regulatórias, há enzimas responsáveis por finalizar as ações dos neurotransmissores. Desta forma, a AchE (acetilcolinesterase) degrada a acetilcolina e a MAO, a dopamina e a noradrenalina. Quando as concentrações de um neurotransmissor estão elevadas na fenda sináptica, essas enzimas se encarregam de fazer a degradação do neurotransmissor que não pode mais gerar estímulos nos receptores pós-sináp- tico. Além disso, os neurotransmissores são re- captados por transportadores especializados, chamados também de bomba de recaptação. EXPLICANDO Bombas de recaptação, ou apenas transportadores de recaptação, são proteínas que captam o neurotransmissor da fenda sináptica e trazem de volta para o neurônio pré-sináptico, impedindo que o neurotransmissor ative os receptores. Assim sendo, quando o neurotransmissor tem alta concentração na fenda sináptica, as enzimas e as bombas de recaptação contribuem para a redução das ações dos neurotransmissores. PSICOFARMACOLOGIA • , E importante conhecer as enzimas que degradam os neurotransmissores e o funcionamento das bombas de recaptação, pois é a base para compreender o me- canismo de ação de alguns psicofármacos. Os neurotransmissores têm funções diversas no organismo, a depender do circuito neuronal envolvido, logo, é quase impossível atribuir uma única função a um determinado neurotransmissor. No Quadro 2, são citadas funções importantes de cada neurotransmissor. ' ' QUADRO 2. NEUROTRANSMISSORES E FUNÇÕES RELACIONADAS Neurotransmissor Acetilcolina Dopamina Noradrenalina Serotonina Ácido gama- aminobutírico (GABA) Glutamato Histamina ~ Funções relacionadas Função motora, cognição. Função motora, afeto, motivação, prazer, vício, humor, funções endócrinas (hormônio Prolactina). Humor, alerta, concentração, fome/saciedade, dor. Humor, medo, preocupação, ansiedade, fome/saciedade, dor. Inibição geral (principal neurotransmissor inibitório do SNC). Excitação geral (principal neurotransmissor excitatório do SNC). Vigília, alerta, concentração, fome/saciedade. • Patologias associadas às disfunções dos neurotransmissores Diversas patologias ocorrem em razão de uma disfunção dos neurotransmis- sores. Um paciente com depressão, por exemplo, tem menor concentração e ação dos neurotransmissores serotonina, dopamina e noradrenalina. Em algum grau, todas essas substâncias estão envolvidas com o humor e a ausência ou diminuição dos neurotransmissores pode desencadear sintomas da depressão. Os antidepressivos, portanto, são medicamentos que aumentam estes neu- rotransmissores no sistema nervoso central, a fim de melhorar sintomas depres- sivos. Em outro exemplo, o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) se dá por excesso das ações do neurotransmissor serotonina em circuitos cerebrais associados com o medo e a preocupação, em áreas do cérebro denominadas de amígdalas. As amígdalas cerebrais são parte de circuitos fundamentais para o processamento de medo, preocupação e afetos. PSIC0FARMAC0L0GIA • Conhecer as funções de cada neurotransmissor, assim como os respectivos cir- cuitos neuronais, é fundamental para compreender as patologias associadas ao comportamento humano. Dessa forma, o profissional formado em psicologia pode orientar o paciente e compreender a necessidade de intervenção farmacológica para tratar disfunções.Junto à estratégia farmacológica instituída pelo médico, o paciente conta com o apoio do profissional de psicologia nas estratégias não farmacológicas . • Ação e efeito dos fármacos sobre o SNC Os psicotrópicos, também denominados psicofármacos, têm efeito no SNC (sistema nervoso central) através das interações com os neurônios e/ou neuro- transmissores. Cada psicofármaco atua num receptor específico (modelo "cha- ve-fechadura") e produz um determinado efeito farmacológico. Por exemplo, quando a doença do paciente está relacionada a uma menor concentração da serotonina, como na depressão, o objetivo do medicamento psicofármaco é aumentar as ações desse neurotransmissor. Quando a doença do paciente se associa a um aumento de um determinado neurotransmissor, como na esqui- zofrenia (que se relaciona com o aumento do neurotransmissor dopamina), o fármaco deve bloquear os receptores e impedir que a dopamina os ative. Ou seja, a farmacologia tem como base a fisiopatologia. Em suma, é possível afirmar que os psicofármacos imitam ou aumentam uma substância endógena em falta, da mesma forma que eles podem bloquear as ações de uma substânciaendógena em excesso. Tudo isso é pensado pela indústria farmacêutica no desenvolvimento do medicamento, visto que, para obter as ações farmacológicas desejadas, as interações com o organismo de- vem acontecer de forma correta. o \ CURIOSIDADE Em média, leva de 12 a 15 anos para que um novo medicamento chegue ao mercado. Quando a indústria tem uma proposta de pesquisa, demora muitos anos para testar possíveis candidatos a princípios ativos/drogas. A pesquisa e desenvolvimento de um medicamento envolve a pesquisa bá- sica realizada em animais, com testes de toxicidade e, logo depois, para a avaliação de eficácia, em humanos. Por essa razão, medicamentos novos chegam às farmácias a um preço mais alto, pois o laboratório se vale da patente para recuperar os investimentos financeiros da pesquisa. PSICOFARMACOLOGIA • Fazendo uma analogia para ilustrar o processo interação do ligante endó- geno ao receptor, em especial quando o objetivo de um medicamento é imitar ou mimetizar uma substância endógena, tais medicamentos funcionam como "chaves", ativando um receptor específico, isto é, "uma fechadura". A chave re- presenta um medicamento que precisa ativar um receptor específico e cada medicamento só ativa sua fechadura específica (o receptor específico). A indústria farmacêutica avalia essas interações nos estudos pré-clínicos e o mesmo acontece com as substâncias endógenas: a Ach (acetilcolina) só ativa os receptores específicos denominados de colinérgicos e não consegue ativar, por exemplo, os receptores dopaminérgicos da dopamina. Dessa maneira, o organismo é perfeito e as interações se dão com total maestria. •• Fármacos depressores do SNC Substâncias classificadas como depressoras do SNC (sistema nervoso cen- tral), produzem hiperpolarização dos neurônios e impedem a ocorrência de um potencial de ação. Para compreender esse processo, uma substância endó- gena, o GABA {ácido gama-aminobutírico), principal neurotransmissor inibi- tório do SNC, serve de exemplo. O GABA é um neurotransmissor que ativa os receptores gabaérgicos, embora haja outros receptores, o receptor do GABA mais importante para esse efeito é denominado de receptor GABA-A. Quando o neurotransmissor GABA ativa o seu receptor localizado na região dendrítica do neurônio, ocorre uma mudança de potencial de membrana. Voltando ao potencial de ação, é observada a relação do potencial de ação com a entrada do íon Na+. Pois bem, quando o GABA neurotransmissor ativa ore- ceptor GABA-A, há a abertura de um canal iô- nico presente no receptor, com a entrada do íon cloreto (CI-) de carga negativa. Com a entrada de CI- no meio intracelular do neurônio, ele fica hiper- polarizado. Todo neurônio hiperpolarizado fica impedido, ao menos por um tempo, de produzir um potencial de ação. PSICOFARMACOLOGIA • Isso acontece com diversas substâncias inibitórias e, portanto, depressoras do SNC, caso dos fármacos da classe dos barbitúricos e dos benzodiazepínicos, utilizados para tratar, respectivamente, epilepsia e ansiedade. O mesmo acon- tece com o álcool, que também é uma substância ansiolítica (reduz os sintomas de ansiedade) e, em geral, produz relaxamento e despreocupação. O uso exces- sivo desses medicamentos depressores do SNC gera intoxicação no paciente, pois pode ocorrer a depressão do centro respiratório, o que induz ao óbito. Por essa razão, o uso de medicamentos com ação no sistema nervoso central é controlado por meio de receita médica, que deve ficar retida na farmácia . •• Fármacos estimulantes do SNC Substâncias classificadas como estimulantes do SNC (sistema nervoso cen- tral) produzem a despolarização dos neurônios e geram um potencial de ação. Para compreender este processo, é possível exemplificar com uma substância endógena, o glutamato, o principal neurotransmissor excitatório do SNC. De forma semelhante, o glutamato ativa os seus receptores específicos da classe de receptores glutamatérgicos (a chave só entra na fechadura certa). Dessa forma, o glutamato pode ativar os receptores NMDA (N-Metil-D as- partato), nome de um dos receptores do glutamato que também contém um canal iônico. Quando ativado pelo glutamato, se dá a abertura dos ca- nais iônicos e a entrada de Na+ (sódio) e de Ca2+ (cálcio) para o meio intracelu- lar. Como são íons de cargas positivas, a despolarização acontece. Nem todos os psicofármacos têm ações inibitórias ou estimulatórias, em- bora esses mecanismos sejam importantes para uma grande variedade de me- dicamentos. Certos produtos têm ações distintas, assim como as substâncias endógenas. Nem todo o neurotransmissor é inibitório ou estimulatório, como acontece com o GABA e o glutamato. Alguns neurotransmissores modulam processos diversos em muitos circuitos neuronais distintos e suas ações de- pendem do circuito neuronal e do receptor a ser ativado. PSICOFARMACOLOGIA • Uma substância endógena pode ativar alguns receptores específicos. Fa- zendo uma analogia, é como se a "chave" abrisse mais de uma "fechadura". A dopamina, por exemplo, é um neurotransmissor que ativa receptores inibitó- rios e estimulatórios da dopamina, logo, as respostas da dopamina dependem de qual receptor é estimulado. Compreender tais processos de forma minucio- sa envolve um estudo detalhado de neurofisiologia e os circuitos neurona is . Influência dos fármacos sobre as emoções e no comportamento humano • Muitos psicofármacos presentes na terapêutica são aproveitados para tratar transtornos de humor, como a depressão e o t ranstorno bipolar, sendo medicamentos que normalizam a concentração dos neurotransmissores e as suas respectivas ações no cérebro, uma vez que tais disfunções se relacionam com uma alteração neuroquímica na quantidade de neurotransmissores es- pecíficos. No entanto, embora os psicofármacos objetivem melhorar o humor e o comportamento, eles também prejudicam o comportamento do paciente em determinado grau. De uma forma geral, todo o medicamento é produzido para uma deter- minada eficácia terapêutica, ou seja, uma indicação clínica. Apesar disso, os medicamentos têm ações inespecíficas e interagem com outros receptores, enzimas ou transportadores que não são de interesse para aquela indicação, ou seja, o paciente apresenta uma reação adversa, um efeito nocivo (ruim) causado pelo uso de um medicamento, mesmo quando o paciente utiliza para a indicação terapêutica correta e na dose correta conforme recomen- dação do médico e da bula do produto, durante o período correto. Em outras palavras, o paciente pode ter uma reação adversa ao medicamento (RAM) mesmo fazendo tudo certo. Isto não significa que o paciente apresenta todas as RAMs que estão na bula do medicamento. Na bula dos medicamentos, existe uma lista de rea- ções adversas mais observadas nos estudos clínicos do medicamento, com suas respectivas incidências, isto é, se a reação adversa é comum ou rara. O paciente pode apresentar ainda uma reação adversa diferente das deter- minadas em bula e, neste caso, é sempre interessante notificar a indústria PSICOFARMACOLOGIA • farmacêutica através de uma ligação ao SAC (Serviço de Atendimento ao Consumi- dor). Tal processo abrange uma área muito importante da farmácia, que envolve a farmacovigilância. De acordo com o Guia de farmacovigilância para detentores de registros de medicamentos, editado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2010, p. 13): Entende-se como farmacovigilância as atividades relativas à detec- ção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou outros problemas relacionados a medicamentos , E de extrema importância que as reações adversas sejam relatadas e trata- das pelo detentor do registro do produto (indústria farmacêutica fabricante do medicamento). Com base nas reações adversas, a indústria toma conhecimento das novas reações que os produtos têm na população, uma vez que, nos estudos
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