Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ser educacional gente criando o futuro Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz Diretor-presidente Jânyo Diniz Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira Autoria Maynara Priscila Pereira da Silva Projeto Gráfico e Capa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design lnstrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE - CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publ icação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa:© Shutterstock o \ ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. 1 EXEM PLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. Unidade 1 - Introdução à Psicologia do Esporte Objetivos da unidade Fundamentos teóricos da Psicologia do Esporte História da Psicologia do Esporte Áreas de atuação da Psicologia do Esporte A relação mente/corpo e fatores de bem-estar e saúde mental Principais teorias em Psicologia do Esporte de alto rendimento Desenvolvimento positivo de jovens no esporte Mulheres olímpicas Sintetizando Referências bibliográficas 12 13 14 17 18 22 23 26 30 32 Unidade 2 - Aspectos comportamentais e cognitivos na prática de atividades específicas Objetivos da unidade ........................................................................................................... 35 Feedback, reforçamento e motivação .............................................................................. 36 Feedback intrínseco e extrínseco ................................................................................ 37 Motivação intrínseca e extrínseca .............................................................................. 39 Percepção e atenção nas práticas esportivas ............................................................... 42 Autoconceito e crenças ................................................................................................. 44 Autoeficácia no esporte e a performance esportiva ................................................ 46 O papel do mindfulness no esporte .............................................................................. 48 Compulsão e perdas ............................................................................................................. 50 Síndrome de burnout no esporte .................................................................................. 52 O coping ........................................................................... ................................................. 54 Sintetizando ........................................................................................................................... 56 Referências bibliográficas ................................................................................................. 57 Unidade 3 - Processo grupal Objetivos da unidade ........................................................................................................... 59 O processo grupal e a competição ................................................................................... 60 Coesão grupal e cooperação ........................................................................................ 63 A competição no contexto esportivo .......................................................................... 69 Questões psicossociais, socioculturais e a prática de atividade física em grupos populacionais ......................................................................................................................... 71 A importância do esporte para a formação de crianças e adolescentes ............. 72 A prática esportiva e o envelhecimento saudável ................................................... 75 O desenvolvimento psicossocial do atleta com deficiência .................................... 77 Sintetizando ........................................................................................................................... 79 Referências bibliográficas ................................................................................................. 80 Unidade 4 - Intervenção psicológica Obietivos da unidade ........................................................................................................... 82 Técnicas para intervenção no âmbito do esporte ......................................................... 83 Intervenções cognitivas e psicológicas em esportes e e-sports competitivos ....... 84 Intervenção psicológica nas lesões esportivas ..... ................................................... . 89 A Psicologia do Esporte e a intersetorialidade ............................................................. 95 Políticas públi cas no esporte educacional ................................................................. 97 Transição de carreira no esporte ................................................................................. 98 Sintetizando ......................................................................................................................... 101 Referências bibliográficas ............................................................................................... 102 A Psicologia do Esporte aborda questões relacionadas aos fenômenos psico- lógicos que afetam a prática esportiva, focando não somente a pessoa que pra- tica a atividade física, mas todos os agentes envolvidos no processo, como pais, árbitros e treinadores. Apesar de não ter sido tão reconhecida no início, essa subárea interdisciplinar tem ganhado espaço no universo científico e prático, vis- to que contribui para entender como o esporte pode influenciar a saúde física e menta l, além de possibilitar a verificação das potencialidades ou limitações dos atletas. Por isso, pesquisadores investigam cada vez mais sobre o tema. Diante disso, nesta disciplina, pretende-se discutir e refletir sobre a constru- ção da Psicologia do Esporte, bem como seus benefícios para o bem-estar e suas consequências para a saúde. Para tal, busca-se focar nos aspectos comporta- mentais e cognitivos frente à atividade física, tais como motivação, autoconceito, crenças, percepção, atenção e compulsões. Adicionalmente, visa-se analisar o alto rendimento, a importância da coesão grupal (processo, grupo e questões psicossociais) e as intervenções psicológicas aplicadas ao meio esportivo. Bons estudos! PSICOLOGIA 00 ESPORTE • A professora Maynara Priscila Pereira da Silva é Mestre em Psicologia pela Universidade São Francisco (2021) e graduada em Psicologia pela Universi- dade Paulista (2018). Trabalha na linha de pesquisa de construção, validação e padronização de instrumentos de me- dida. É membro do Núcleo de Estudose Pesquisa em Psicologia do Esporte e do Exercício (NuEPPEE). Possui experiên- cia nas áreas de Avaliação Psicológica, Psicometria e Psicologia do Esporte. Currículo Lattes: http://lattes.cn pq .br/2101004737875827 Dedico este trabalho a todos que valorizam o conhecimento e a aprendizagem; e aos meus professores e alunos, que me incentivam e são o motivo para eu permanecer no mundo acadêmico. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • UNIDADE ~ ~ ser educacional Objetivos da unidade Apresentar o conceito de Psicologia do Esporte, sua trajetória e sua relação com o bem-estar e a saúde mental; Mostrar os possíveis efeitos da atividade física sobre os praticantes de atividades físicas; Abordar os conceitos da Psicologia do Esporte de alto rendimento, com efeitos, consequências e estratégias. Tópicos de estudo Fundamentos teóricos da Psico- logia do Esporte História da Psicologia do Es- porte Áreas de atuação da Psicologia do Esporte A relação mente/corpo e fato- res de bem-estar e saúde mental Principais teorias em Psicologia do Esporte de alto rendimento Desenvolvimento positivo de jovens no esporte Mulheres olímpicas PSICOLOGIA 00 ESPORTE • •• Fundamentos teóricos da Psicologia do Esporte O esporte pode ser considerado um dos maiores fenômenos sociais, visto que proporciona o desenvolvi- mento de habilidades socioemocio- nais, como respeito, responsabilidade, empatia e relação interpessoal. Além disso, é uma maneira de entreteni- i mento, devido ao fato de que várias ri- pessoas gostam de acompanhá-lo ~ ~:-::· :;;.,-~ ---; por lazer. Por isso, a temática espor- tiva vem crescendo cada vez mais nas áreas de pesquisas, podendo ser de- nominada como Ciência do Esporte e incluindo diversas disciplinas, tais como Medicina, Fisiologia e Psicologia. Nessa direção, o esporte demonstra uma tendência para a interdisciplina- rida de, sendo representada por subáreas. A Psicologia do Esporte (PE) é uma delas, sendo definida por processos e fundamentos psicológicos, como tam- bém pelas consequências causadas pela regu lação psicológica e associadas à prática esportiva individual ou em grupo. Tem por objetivo verificar os compor- tamentos em diferentes dimensões (afetivas, motivacionais e cognitivas). Entende-se que a PE busca analisar as consequências psíquicas causadas pelas ações esportivas a partir de duas perspectivas. A primeira se baseia em processos psicológicos básicos (cogn ição, motivação e emoção), enquanto a se- gunda está associada à realização de tarefas, focando em diagnóstico e plane- jamento/uso de intervenções. Portanto, é uma ciência do comportamento que busca auxiliar atletas e treinadores, entre outros agentes esportivos, por meio de métodos que visam à preparação psicológica associados ao desenvolvimento e à potencialidade das habilidades físicas ou sociais. Foca-se em aplicação duran- te a prática, na pré-competição e em outros momentos em que são provocados o sentimento de estresse, fazendo com que os esportistas e os agentes consi- gam enfrentar desafios com o objetivo de melhorar a performance. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Apesar de ser mais reconhecida atualmente, a PE não é uma área recente. Além de englobar outros campos de estudo, como a cinesiologia, reflete as influências de mudanças sociocu lturais, como o crescimento das Olimpíadas, a liberação das mulheres para a prática esportista e a popularidade do esporte profissiona l, passando por diferentes etapas históri cas até conseguir va loriza- ção no campo da pesquisa (GOU LD; VOELKER, 2014). Ainda ganha destaque devido à sua perspectiva competit iva e por estar presente em projetos sociais e de reabi litação, na medicina preventiva e em programas de qualidade de vida . •• História da Psicologia do Esporte A PE, um campo valorizado e de futuro promissor, é uma ciência do treina- mento esportivo, cujo obj etivo é a potencialização da performance de equipes e agentes envolvidos no processo. Os primeiros estudos da área datam cerca de um sécu lo atrás, entre os séculos XIX e XX. O foco, então, era compreen- der conceitos como personal idade, agressão, motivação, liderança, dinâmica de grupo e bem-est ar na prática esportiva e na at ividade física. Tais conceitos eram considerados como necessidade ou preocupação por profissiona is e pes- quisadores (WEINBERG; GOULD, 2017). O Quadro 1 apresent a o desenvolvi- mento da PE de acordo com períodos fundamentais para o estudo. QUADRO 1. ETAPAS DA HISTÓRIA DA PE :=::::::::=:::: Etapa Primeiros anos Desenvolvimento de laboratórios e de testes psicológicos Preparação para o futuro Estabelecimento da PE como disciplina acadêmica Ciência e prática multidisciplinares na Psicologia do Esporte e do exercício Psicologia contemporânea do esporte e do exercício Fonte: WEINBERG; GOULD, 2017, p. 7-11. (Adaptado). Período 1893-1920 1921-1938 1939-1965 1966-19n 1978-2000 2001-Até o presente PSICOLOGIA 00 ESPORTE • A PE surgiu na América do Norte, com o psicólogo Norman Triplett (1861-1931), que queria compreender a velocidade dos ciclistas, fazendo uma comparação entre aqueles que pedalavam sozinhos e aqueles que pedalavam em grupos. Ele realizou também experimentos com crianças, a fim de entender o desempenho da prática ind ividual e em grupo, chegando à conclusão de que a atividade física apresentava mais desempenho na companhia de outras pessoas (WEINBERG; GOULD, 2017). O segundo período aconteceu em laboratórios localizados na Alemanha, no Japão, na Rússia e nos Estados Unidos. Havia como objetivo construir e de- senvolver testes psicológicos em atletas para levant ar informações referentes ao tempo de reação, concentração, persona lidade e agressão. Dessa forma, prepararam bases para o f uturo ao elaborar técn icas e disciplinas de psico logia do esporte e do exercício. Em meados da década de 1960, a PE passou a se tornar uma produção aca- dêmica, voltada à aprendizagem motora e a fatores psico lógicos (ansiedade, motivação, personalidade e autoestima), sendo separada da Educação Física e da Fisiologia, como uma área independente. Assim, consultores aplicavam ao esporte os esforços desenvolvidos nas disciplinas, t rabalhando com equipe e atl etas. Contudo, foi a partir da década de 1970 que a PE rea lmente começou a ser reconhecida e expandida para diferentes países, devido a novos estudos. Com mais integrantes, a área passou a ser aceita e respeitada, mas não sem passar por alguns conflitos, como questões da prática profissional, definição de qualificação, aspectos de padrões éticos, entre outros. No Brasil , a PE surgiu no f inal da década de 1970, re lacionada à Psico logia clínica e educacional e ampliada com a participação de diferentes psicólogos, tendo como foco o futebol. Após esse período, ela ultrapassou limites, englo- bando outras modalidades com a ajuda do psicólogo Mauro Lopes de Almeida. Assim, os profissionais passaram a ocupar espaços em centros ol ímpicos, além de treinamentos e pesquisa, sendo desenvolvido um trabalho de acompanha- mento psico lógico (MORETTI , 2004). No mesmo período, a Sociedade Brasi leira de Psico logia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação (Sobrape) foi f un- dada, tendo como presidente o Professor Doutor Benno Becker Júnior. Já em 2006, foi construída, por psicó logos e profissionais de Educação Física, a Asso- ciação Brasileira de Psicologia do Esporte (Abrapesp), com o obj etivo de refletir e est imular estudos e prát icas da PE no país. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • O Brasil lidera o número de pesquisas e traba lhos publ icados, de congres- sos e de laboratórios da temática (localizados, sobretudo, na região Sul), quan- do comparado aos países da América Latina. No entanto, em relação ao enfo- que mundial, considera-se que o desenvolvimento foi mais rápido nos Estados Unidos e no continente europeu (Quadro 2). Nessaperspectiva, a PE pode ser encarada como um ramo emergente no cenário nacional. 1945-1957 1950 1956 1960 1962-1964 QUADRO 2. ACONTECIMENTOS RELACIONADOS À PE NO MUNDO ::=::::::::=::: Acontecimento A PE é integrada na grade curricular dos cursos de Educação Física na União Soviética. O Instituto de Cultura Física, localizado em Leipzig, é reorganizado com ajuda da União Soviética. O pesquisador J. Lawther escreve o livro Psychology of Coaching, nos Estados Unidos, expl icando a relação entre investigação e aplicação do trabalho desenvolvido por treinadores. É realizado o primeiro congresso com psicólogos do esporte na União Soviética. E. Geron. publica um manual de psicologia para estudantes de Educação Física. É publicado um livro de PE que resumia o conhecimento alemão em relação à área. Fonte: ARAÚJO, 2002, p. 18. (Adaptado). Estudos nacionais demonstram que a PE cresce em núcleos, isto é, só é possível identificar mudanças e impactos em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e em alguns estados do Norte e Nordeste, havendo pouca comunicação entre esses polos, o que dificu lta a compreensão da área e seu desenvolvimento no País. Nessa direção, considerando que a PE nacional pos- PSICOLOGIA 00 ESPORTE • sa estar dando ainda seus primeiros passos, profissionais da área acreditam e defendem seu potencial, uma vez que afirmam es- tar empenhados, publicando artigos internacionais, construin- do testes específicos e participando de congressos. Áreas de atuação da Psicologia do Esporte •• Por volta da década de 1980, havia três possibilidades de atuação com a PE: de forma clínica; com atletas e equipes esportivas em centros de treinamento; e no âmbito acadêmico. Contudo, com o desenvolvimento da teoria, deu-se im- pulso ao campo prático, com aumento de profissionais e trabalhos científicos, aumentando também o número de programas de pós-graduação lato sensu. CONTEXTUALIZANDO A ampliação das atuações do psicólogo no esporte tem como premissa permitir explorar diferentes pessoas que buscam a atividade física. Des- sa forma, não trabalha apenas com atletas profissionais, que buscam o esporte para competição, tornando a PE mais aberta e capaz de auxiliar outras pessoas e promovendo emoções positivas. Considerando os campos ensino, pesquisa e intervenção, o psicólogo esportivo tem como possibilidades t rabalhar como professor, consultor e pesquisador. • Professor: atua ensinando e compartilhando conhecimento com base em sua especialidade; • Pesquisa: investiga, explora e avalia as diferentes atuações, buscando de- senvolver o conhecimento de instrumentos, avaliações, intervenções e outras estratégias; • Consultor: planeja e aplica intervenções com o objetivo de realizar psico- diagnósticos e indicar pontos a serem desenvolvidos. No entanto, a formação do prof issional ainda é tida como limitada, visto que a PE não está presente na maioria dos cursos de Psicologia ou está presente apenas como disciplina eletiva. Assim, apesar do crescimento e da ampliação das atuações, ainda é mantido o foco nos profissionais da Educação Física. As possibilidades de atuação estão descritas no Quadro 3. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Área de atuação Esporte de rendimento Esporte escolar Esporte recreativo Esporte de reabilitação QUADRO 3. ÁREAS DE ATUAÇÃO ~ Definição Trata-se de um campo com o objetivo de melhorar e otimizar a performance, de maneira formal e institucionalizada. Nessa direção, o psicólogo analisa e realiza intervenções com base nos determinantes psíquicos que podem interferir no rendimento do atleta ou da equipe esportiva. Diz respeito à formação e aos princípios socioeducativos. Assim, tem o objetivo de desenvolver habilidades sociais em quem pratica esporte, auxiliando em sua vida e, por consequência, na sociedade em que está inserido. Diante disso, o psicólogo busca compreender e verificar os processos voltados à educação e socialização inerentes à prática da atividade esportiva, bem como seu reflexo no processo de desenvolvimento. O psicólogo tem como finalidade observar e verificar a análise de comportamento das diferentes faixas etárias, e também o ambiente e as classes socioeconômicas, pois a prática esportiva nessa área visa ao bem-estar de todos os participantes. Está direcionado ao trabalho de prevenção e à intervenção de pessoas que foram lesionadas durante a prática esporte, como também de pessoas com deficiência. Fonte: SAMULSKI, 1995, n.p. (Adaptado). É importante, dessa forma, ressaltar que as pesquisas de PE têm por ob- jetivo abranger processos de avaliação, estratégias e aplicações de interven - ções, bem como análises dos comportamentos e atitudes, compreendendo os efeitos do esporte em seu praticante e possibilitando melhores resultados de desempenho, bem-estar e saúde (física e mental). •• A relação mente/corpo e fatores de bem-estar e saúde mental É notável que as pessoas têm cada vez mais procurado profissionais e méto- dos para manterem a qualidade de vida, seja com relação à alimentação, situa- ção financeira ou prática regular de atividades físicas. Nesse âmbito, a PE busca trabalhar não apenas com os atletas, mas também com árbitros, familiares, dirigentes ou demais integrantes, avaliando comportamentos e atitudes decor- rentes da atividade física e elaborando estratégias e intervenções. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Entende-se que o treinador tem um papel muito importante, pois deter- mina o caminho para o sucesso ou fracasso, e lidar com tais responsab ilidades pode ser desgastante e estressante, podendo afetar o emocional e, por conse- quência, os atletas. Em relação aos familiares, existem dois pontos: depositam muitas expectativas, até mesmo forçando um treinamento excessivo, com ob- jetivo de fazer com que o indivíduo em questão melhore e ganhe campeonatos; ou encaram o esporte como perda de tempo, depositando raiva e frustação em cima da criança ou adolescente, por exemplo. Por fim, os árbitros vivenciam o estresse ao decorrer das partidas, tendo que lidar com valores e punições que muitas vezes não são aceitas. Compreende-se, portanto, que é preciso se preocupar com contexto espor- tivo, relacionamentos, conhecimentos adquir idos do ambiente e característi- cas psicológicas. Fatores psicológicos são, então, verificados para se conhecer a maneira como eles afetam o desempenho e o rendimento esportivo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos mais reco rrentes na população são a ansiedade e a depressão, principalmente após a pandemia de COVID-19 (GAMEIRO, 2020). E, apesar dos tratamentos mais comuns para esses casos serem aconselhamento psicológico e uso de medicamentos psi- cotrópicos, alguns indivíduos têm buscado promover bem-estar psicológico por meio do exercício físico. É importante destacar que os termos que abarcam bem- -estar (psicológico, emocional e subjetivo) são comumente usados de maneiras distintas na literatura. Contudo, podem ser compreendidos com o mesmo signifi- cado, uma vez que englobam seis dimensões descritas no Quadro 4. Dimensão Autoaceitação Relação positiva Autonomia Domínio ambiental QUADRO 4. DIMENSÕES DO BEM-ESTAR ~ Definição Designa que uma pessoa tem perspectivas positivas em relação a si mesma. Refere-se à relação entre pessoas que acontece baseada em confiança, respeito, empatia e atenção. Diz-se da pessoa que tem determinação e motivação intrínsecas, conseguindo realizar suas atividades de maneira independente e com padrões autorreferenciados. Refere-se ao controle sobre o ambiente para entendimento de valores pessoais. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Crescimento pessoal Propósito de vida Indica a pessoa que se sente autorrealizada, percebendo suas conquistas e seu desenvolvimento ao passar do tempo. Diz-se da pessoa que determina metas para serem atingidas com base emum propósito maior a ser realizado. Estudos sugerem que a relação posit iva ent re a prática da atividade física com o bem-est ar produz benefícios como satisfação, autoeficácia, competên- cia e motivação, além de outras caracte rísticas descritas na Figura 1. É possíve l ainda observar que o exercício f ísico auxilia na diminuição de alguns compor- tamentos desadaptativos, podendo ser explicadas com hipóteses de caráter fisiológico ou psicológico. O exercício aumenta Bem-estar Confiança Autocontrole Estabilidade emocional Memória Desempenho acadêmico O exercício diminui Fobias Hostilidade Raiva Abuso de álcool Ansiedade Depressão Explicação fisiológica • Aumento no fluxo sanguíneo cerebral; • Redução da tensão muscular; • Alterações estruturais no cérebro; • Aumento no consumo máximo e na liberação de oxigênio para os tecidos cerebrais. Explicação psicológica • Aumento da sensação de controle; • Sentimento de competência e autoeficácia; • Interações soàais positivas; • Melhoria no autoconceito e na autoestima; • Satisfação e prazer pela prática. Figura 1. Benefícios da atividade física. Fonte: WEINBERG; GOULD, 2017, p. 381. (Adaptado). À vista disso, alguns pesquisadores buscam compreender a relação dessas var iáveis, afi rmando que a atividade física é uma facil itadora de resultados po- sitivos e da diminuição de ansiedade e depressão. Ad icionalmente, descrevem que os efeitos do exercício físico atingem não apenas a saúde mental, mas tam- bém a f ísica, prevenindo doenças, como osteoporose, hipertensão e câncer, além de doenças ca rdíacas. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • A ansiedade pode ser determinada pela emoção que o indivíduo vivencia, causando agitação, estado desagradável, medo, apreensão, além de sint omas físicos, tais como coração acelerado, suor e vontade de urinar f requente. Está relacionada com diferentes transtornos, sendo eles: transtornos de ansiedade generalizada, síndrome do pânico, estresse pós-traumático e fobias. A prática do exercício tende a ser mais eficaz em pessoas com níveis ele- vados de ansiedade, fazendo com que sejam diminuídos. É ainda importante ressa ltar que a prática de exercícios está associada à redução na tensão mus- cular e que a diminuição de sintomas não tem necessariamente relação com os ganhos fisiológicos do exercício, pois a prevenção acontece independente- mente da intensidade, duração ou do t ipo do exercício. Dessa forma, conseguir manter uma rotina de at ividades físicas faz com que consequências positivas sejam promovidas, havendo como resultados redução do estresse, aumento da autoestima e melhora no humor, devido à liberação de hormônios (endor- fina, dopamina e serotonina) decorrentes da atividade f ísica. Em relação à depressão, há um t ranstorno psicológico que envolve tristeza frequente, ba ixa autoestima, pessimismo, pensamentos distorcidos e/ou negati- vos, fa lta de energia e desesperança. Os sintomas podem ser diferentes depen- dendo da pessoa, mas em geral estão associados à irritabilidade, ideação suicida e fadiga, resu ltando também em alta incapacidade e perda social. Na maior parte dos casos, os tratamentos acontecem por meio da terapia e medicamentos, mas estudos têm defendido que a prática da at ividade física pode acarretar benefícios. Os efeitos positivos do exercício físico sobre a ansiedade e depressão são classificados em dois níveis: agudos e crônicos. Os agudos acontecem ao longo da prát ica e imediatos, mas tendem a ser temporários. Já os crônicos são de- terminados a longo prazo, sendo mais necessários na prevenção e redução dos transtornos. Dessa forma, entende-se que os treinamentos mais longos são mais eficientes do que os curtos para facilitar alterações positivas. Com relação aos t ipos de exercícios, os considerados moderados tendem a estar relacionados com os índices de ansiedade, auxi liando na redução de sintomas; enquanto para a depressão, os exercícios mais eficazes são os que mantêm a pessoa mais at iva. Ressa lta- -se que os efeitos do exercício são notáveis em qualquer idade, etnia, sexo, condição de saúde ou situação econômica. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Principais teorias em Psicologia do Esporte de alto rendimento •• Como uma ferrament a cultural, o esporte acompanha as mudanças da so- ciedade e o apr imoramento do desempenho esportivo acontece desde o prin- cípio dos Jogos Olímpicos. A prát ica esport iva com objet ivo de alcançar me- lhores resu ltados dentro de uma competição estabelece um espaço em que o atleta pode aplicar e confirmar suas competências, sejam elas pessoais ou sociais. Assim, o desenvolvimento atlético vem sendo constituído e desenvolvi- do por diferentes perspectivas, como a Biomecânica. O esporte considerado de alto rendimento est á relacionado a um espetácu- lo, ou seja, ele é protagonizado por uma atleta profissiona l em busca de cam- peonatos, estando comprometimento e dedicação acima de uma prática por lazer ou por qualidade de vida. Dessa forma, o atleta está sempre em busca da perfeição, trabalhando de modo contínuo o corpo para que seja otimizado e potencializado. Contudo, são questionados os valores da pessoa em relação à sociedade e seu corpo pertence de alguma forma à comissão técnica. Tal avanço compe- titivo provoca uma mudança na pressão dos treinamentos, que ficam mais evidentes e com cobranças excessivas, fazendo com que o at leta tenha pouco tempo para descansar, visto que não pode perder o cond icionamento físico. Nessa perspectiva, o atleta tem que superar qualquer limite que seja imposto ao corpo ou à mente, superando sua eficiência no esporte. É coerente dizer que a motivação intrínseca é que permite ao atleta viver nesse tipo de situação, abdicando momentos da vida pessoal. Muitas vezes, ela começa a ser traba lhada na infância ou na adolescência, podendo ser considerada parte do atleta e possibilitando que objetivos sejam alcançados, independente- mente dos obstáculos e pontos fracos. A determinação também pode ser consi- derada parte do atleta de nível olímpico, visto que, mesmo sofrendo lesões ao de- correr dos treinamentos, por exemplo, ele persiste em realizar seu objetivo final. Em suma, entende-se que o traba lho e os resu ltados obtidos no esporte dependem de um tre inamento r igoroso e t rabalho árduo, sendo consideradas como prioridade na vida do atleta características como coragem, determina- ção, persistência e superação. No entanto, a sobrecarga dos treinamentos e PSICOLOGIA 00 ESPORTE • das competições pode t razer algumas consequências, como frustração, uma vez que o atleta acredita ser invulnerável. Para um bom desempenho, sem traumas, frustrações ou outras emoções negativas, é preciso, então, pensar tanto na condição física quanto na psico- lógica. Considera-se que um atleta de alto rendimento, capaz de controlar o corpo e ter inteligência emocional, pode alcançar melhores resultados e, nesse âmbito, está a PE. É importante ainda destacar que a PE não está associada apenas com as questões da prática esportiva, buscando também compreen- der os fenômenos por meio da Psico logia Social. Dessa forma, se por um lado o esporte de alto rend imento cria uma perspectiva competitiva, com foco em obter resultados positivos, o esporte, a partir da visão socia l, norteia a prát ica pensando no bem-estar e na motivação. o psicólogo que atua nessa direção tem que ter clareza de alguns pontos. Uma estratégia é fazer com que os participantes comparti lhem conhecimentos e experiências, permitindo o desenvolvimento da confiança e das técnicas, pro- movendo a cooperação e diminuindo a pressão criada por causa da competiti- vidade. Ad icionalmente, uma teoria em prát ica vê o atleta como alguém em po- tencial e capaz de desenvolver habi lidades, denominada de desenvolvimento positivo de jovens, que busca também manter a integridade do indivíduo emtransição para a vida adulta. •• Desenvolvimento positivo de jovens no esporte O desenvolvimento positivo de jovens (DPJ) é uma abordagem teórica que surgiu na década de 1990 com o intuito de compreender a ado lescência como um processo positivo. A abordagem dispõe que o jovem tem potencia l para de- senvolver habil idades e capacidades, consequentemente, prevenindo e ame- nizando comportamentos desadaptativos. As características desenvolvidas ainda podem ser alinhadas aos domínios sociais (família, comunidade e esco- la), uma vez que o jovem passa a contribui r com esses meios. Nessa di reção, o DPJ pode ser compreend ido a part ir de uma plasticidade, pois acontece a partir de uma relação com trocas bidirecionais (jovem e contexto), que, quando são reciprocamente benéficas, podem auxil iar no desempenho individual e social de forma saudável e posit iva (HOLT; DEAL; PANKOW, 2020). PSICOLOGIA 00 ESPORTE • EXPLICANDO Por comportamento desadaptativo, entende-se o uso de substâncias como drogas e álcool, depressão, ansiedade, transtornos alimentares, autoesti- ma baixa e evasão escolar. Posto que a prática esportiva permite promover características como em- patia, liderança, trabalho em equipe, carát er e responsabi lidade, o ambiente deve ser bem-estruturado e coordenado por treinadores, seguindo a premissa de proporcionar aprendizagem, cooperação e suporte. Isso contribui também para a re lação do atleta com outros atletas, fundamental para que tais habil i- dades sejam estimuladas. Entende-se que níveis mais avançados de DPJ possibilitam comportamentos de r isco menores, o que significa que as possibilidades para se engajarem com o contexto, colaborando consigo, co legas, esporte, família e comunidade são maio- res. A abordagem teórica, portanto, recomenda que o desenvolvimento aconte- ça por intermédio de intervenções, diminuindo os comportamentos de risco e promovendo comportamentos saudáveis, que englobam relacionamento socia l ou altruísmo, competências intelectuais ou físicas e melhora no rendimento. Dentro das relações que o esporte proporciona, o re lacionamento atleta -at leta é necessár io, visto que o traba lho em equipe permite construir um am- biente de formação e suporte, estando associado a maior prazer pe la prática, atitudes e emoções positivas em relação às pessoas e maior compromisso. À vista disso, o atleta adquire benefícios maiores se comparados ao traba lho sozinho, uma vez que a equ ipe estimula sacrifícios pessoais, esforços e satis- fação. Portanto, possibi lita a promoção de um ambiente social, que permite aprimorar as habil idades. Ademais, o relacionamento atleta-treinador pode ser interpretado por meio de quatro elementos, dispostos no Quadro 5. QUADRO 5. ESTRUTURA DA RELAÇÃO ATLETA-TREINADOR Elemento Complementaridade ::=:::::::=:::: Descrição Está associada ao nível de controle que um tem sobre o outro, como também a cooperação e colaboração de ambos para alcançar metas e objetivos, obtendo, consequentemente, sucesso no desempenho esportivo. Quando o atleta tem complementaridade com seu treinador e vice-versa, o ambiente saudável é estimulado, fazendo com que o atleta se sinta mais encorajado e seja engajado em sua prática. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Comprometimento Refere-se ao quanto o atleta está motivado com o esporte e o treinador. Engloba também o quanto o treinador valoriza esforços e relações, considerando a contribuição desses pontos para o desfecho do relacionamento. ' Proximidade Coorientação Diz respeito à confiança e respeito, ou seja, ao tom emocional ou ao estado da relação. Dependendo do nível da proximidade, os resultados pessoais e relacionais podem ser positivos. Refere-se a relacionamentos, elementos afetivos, cognitivos e comportamentais, agrupando todos os outros conceitos. Diante disso, há modelos teóricos capazes de avaliar o DPJ com foco em compreender limitações e potencialidades para conseguir compreender o atle- ta, planejar estratégias e aplicar intervenções, sem que prejudique qualquer outra área da vida e até mesmo a saúde física e mental do jovem. Entre esses modelos, está o 5 Cs, desenvolvido por Lerner (2005), com finalidade de avaliar o desenvolvimento do atleta por meio de cinco ativos internos: caráter, con- fiança, competência, conexão e cuidado (Quadro 6). Ativo interno Caráter Competência Conexão Confiança Cuidado QUADRO 6. MODELO TEÓRICO 5 CS ~ Definição Respeito pelas regras sociais e desenvolvimento moral no esporte. Perspectiva sobre as próprias ações; habilidade que o atleta demonstra e desempenha em relação à sua prática esportiva. Qualidade das relações no contexto esportivo, podendo ser com o treinador ou equipe esportiva. Sentimento interiorizado, determinando o valor e a autoeficácia que o atleta possui sobre sua capacidade de ter sucesso no esporte. Sentimento de compreensão e empatia. São diversas as medidas capazes de avaliar os cinco fatores como forma de buscar informações necessárias para verificar a eficácia dos programas espor- tivos. Diante disso, uma ferramenta proposta a isso facilita o planejamento de estratégias e aplicações de intervenções, com objetivo de alcançar resultados melhores com os atletas, englobando desempenho na prática, metas atingidas e outras emoções que promovam o desenvolvimento positivo sem qualquer prejuízo na vida do jovem, visando também seu futuro alto rendimento. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • •• Mulheres olímpicas Outro personagem importante para o desenvolvimento do esporte de alto rendimento é a mulher. Durante muitos anos, as mulheres foram consideradas profanadoras de um espaço que era exclusivo aos homens. Assim, mesmo em uma prática não profissiona l e não competitiva, elas deveriam ser apenas ob- servadoras, ficando em arqu ibancadas, uma vez que o mundo olímpico exigia força, determinação e resistência. Diante disso, o início da participação de mulheres no esporte profissiona l aconteceu de forma precária, no decorrer do século XX, a partir dos movimen- tos feministas . A princípio, a maioria das atletas nos Jogos Olímpicos era da Europa e dos Estados Unidos, países que consegu iam aprovação do Comitê Olímpico Internacional. Na Tabela 1, é apresentado o ano de ingresso de ho- mens e mulheres para cada esporte. Observa-se que no boxe, por exemplo, as mulheres conseguiram se inserir somente no século XXI, em 2012. Esporte Atletismo Badminton Basquete Beisebol Boxe Canoagem Ciclismo Esgrima Futebol Ginástica Golfe Handebol Hipismo TABELA 1. RELAÇÃO DE INGRESSO NO ESPORTE ~ Ano de ingresso dos homens 1826 1992 1936 1992 1936 1896 1896 1908 1986 1900 1936 1900 Ano de ingresso das mulheres 1928 1992 1976 Não há 2012 1984 1924 1996 1928 1900 1976 1952 PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Hóquei sobre grama Iatismo ' Judô Levantamento de peso Luta Natação Nado sincronizado Pentatlo moderno Polo aquático ' Remo Rúgbi Saltos ornamentais Softbol Taekwondo Tênis Tênis de mesa Tiro 1 Triatlo Vôlei 1 Vôlei de praia 1908 1900 1964 1920 1904 1896 Não há 1912 1900 1900 1900 1904 Não há 2000 1900 1988 1900 2000 1964 1996 Fonte: CARDOSO, 2000 apud NASCIMENTO, 2012, p. 26. 1980 1988 1992 2000 1912 2000 2000 1976 2016 1912 1996 2000 1988 1988 2000 1996 No Brasil, a participação demorou um pouco mais, devido a alguns impedi- mentos legais relacionados à prática esportiva de mulheres. A primeira brasi- leira a representa r o país nos Jogos Olímpicos foi a nadadora Mar ia Emma Lenk (1915-2007), em Los Angeles, no ano de 1932, sendo a única mulher em uma equipe masculina de 57 atletas. Ela voltou às Olimpíadas de Berlim, em 1936, acompanhada de 72 atletas masculinos. ASSISTA A trajetória das atletas brasileirasnão foi fácil, mas mostra muito a força dessas mulheres. Para saber mais, assista ao documentário Mulheres Olímpicas (2013), dirigido por Laís Bodanzky, que retrata histórias sob a perspectiva das atletas. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • A edição da competição em Londres, em 1948, ocorreu após o cancela- mento dos Jogos devido à Segunda Guerra Mundial, e mesmo assim o número de atletas eram desiguais entre os sexos. A delegação brasilei ra mandou 72 homens e 11 mulheres, uma desigualdade que não era específica do Brasil e acontecia com outras delegações também, o que durou até a década de 1980. Os Jogos Olímpicos de 1984 foram marcados pela participação de 1.620 atletas mulheres, em modalidades de ti ro e ciclismo - o que ocorreu pela pri- meira vez. Além disso, foram criadas duas modal idades exclusivamente para elas: a ginástica rítmica e o nado sincronizado. A partir daí, as mulheres fo- ram ganhando cada vez mais espaço: em 1992 conseguiram disputar lutas de j udô; em 1996, passaram a competir no f utebol e no vô lei de praia (modalidade acrescentada para ambos os sexos); e em 2000, quando completava 100 anos da primeira participação das mulheres em Olimpíadas, as atletas conseguiram ocupar espaço na modalidade de salto com vara. Algumas atletas que fizeram história nos Jogos Olímpicos, em âmbito inter- naciona l ou naciona l, foram: • Larissa Latynina (1934): a ucraniana começou a carreira como ba ilarina e, aos 19 anos, competiu no Campeonato Mundial de Ginástica Artística. Em 1956, estreou nos Jogos Ol ímpicos, em Melbourne, conquistando quatro meda- lhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. Ao todo, conquistou 18 medalhas olímpicas de três Olimpíadas: Melbourne (1956), Roma (1960) e Tóquio (1964); • Birgit Fischer (1962): a alemã é considerada até hoje o maior nome da canoagem de velocidade. Aos 18 anos, estreou nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, ganhando um ouro. Até o fina l da carreira, conqu istou 12 medalhas e participou de sete olimpíadas: Moscou (1980), Los Ange les (1984), Seul (1988), Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000) e Atenas (2004); • Jenny Thompson (1973): a norte-americana é a sétima maior medalhis- ta da história dos Jogos, participando da modalidade natação. Conquistou 12 medalhas, participando de campeonatos internacionais e Jogos Olímpicos. Es- treou em Barcelona (1992), participando também das Olimpíadas de Atlanta (1996) e Sydney (2000); • Jacqueline Silva (1962) e Sandra Pires (1973): foram as primeiras brasile i- ras a ganharem medalhas nos Jogos Olímpicos, com o ouro na modal idade vô lei de pra ia nas Olimpíadas de Atlanta (1996); PSICOLOGIA 00 ESPORTE • • Maurren Maggi (1976): foi uma das primeiras brasi leiras a conqu ist arem medalhas olímpicas em esportes individuais. Superou a atleta da Rússia no sa l- to em distância, com um salto de 7,04 m, conquistando o ouro e tornando-se a primeira brasileira a sub ir no pód io dessa modalidade em Pequim (2008); • Ketleyn Quadros (1987):junto com Maurren, marcou seu nome na história dos Jogos Olímpicos ganhando a primeira medalha individua l do judô feminino na- ciona l em Pequim (2008). Conquistou sua medalha de ouro com apenas 20 anos; • Hélia Souza (1970): mais conhecida como Fofão, a j ogadora de vôlei é a atleta brasileira com mais medalhas ol ímpicas, uma de ouro e duas de bronze. Participou de cinco Olimpíadas: Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000), Atenas (2004) e Pequim (2008). Apesar desse processo acontecer aos poucos, com pouca va lorização das atletas, não houve muito desempenho e determinação, fazendo com que le- vassem medalhas cada uma a seu país (RÚBIO, 2011). Contudo, ainda não se pode dizer que há igualdade no esporte. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Sintetizando • O cresc imento da Psicologia do Esporte (PE), nos âmbitos teórico e prá- t ico, passou por diferentes obstáculos até seu reconhecimento no campo científico. Considerada uma subárea, aborda conce itos que compõem ou- tras d iscip linas, sendo compreend ida como uma área multiprofissional que traba lha com aprendizagem motora, t reinamento esportivo, saúde física e fenômenos psicológicos. Com seu desenvolvimento, foi possível também dar abertura ao trabalho com ou t ras pessoas que praticam atividade física, não se lim itando apenas a atletas de alto nível. Além d isso, passou-se a compreender como todo o sistema esportivo pode afetar outras pessoas que não necessariamente praticam a atividade, incluindo o tre inador, o árbitro e os fami liares. Diante d isso, conclu i-se que a PE não é desenvolvida para um, mas para t odos que dependem do esporte. Ao entender o valor da subárea, passa a compreender o sign ificado da prá- tica da atividade f ísica, a qual visa saúde e também resultados posit ivos. Ade- mais, o estudo teórico permite identificar que o exercício físico auxil ia na redu - ção da ansiedade e da depressão, consequentemente, melhorando os níveis de humor, autoest ima e sensação de bem-estar. No entanto, nem sempre a prática pode ser considerada positiva quando comparada a atletas de alto rendimento que podem vivencia r momentos ex- tremos. Os t reinamentos que visam melhor desempenho e conquist as podem fazer com que ele se torne mais rígido e controlador, além de deixar de vi- venciar momentos que também são importantes, como o processo da ado- lescência. Além de afetar sua saúde mental, os tre inamentos árduos podem acarretar lesões. Dessa forma, é necessário pensar em formas de lidar com a promoção de habi lidades sem afetar negativamente outros aspectos da vida, aplicando, por exemplo, a abordagem do desenvolvimento positivo de jovens (DPJ). Esta teoria busca melhorar o desempenho dos atletas com equil íbrio, isto é, ao mesmo tempo em que está aplicando intervenções para melhorar suas competências, também busca t rabalhar suas emoções, comportamentos e atitudes posit ivas. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Ainda sobre o esporte de alto rendimento, este foi por muito tempo focado apenas nos homens, dado que mulheres eram vistas apenas como espectado- ras. Assim, durante o século XX, atletas fem ininas precisaram conquistar seu direito e espaço, pois não era possíve l imaginar mulheres realizando atividades que envolviam força e resistência. Ao longo do tempo, elas foram constru in- do sua história em competições ao mostrarem determinação e desempenho, conquistando medalhas e incentivando outras mulheres, tornando-se também uma temática importante para os estudos da PE. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Referências bibliográficas • ARAÚJO, D. Definição e história da Psicologia do desporto. ln: SERPA, S.; ARAÚJO, D. Psicologia do desporto e do exercício: compreensão e aplicações. Lisboa: FMH Edições, 2002. p. 9-51. GAMEIRO, N. Depressão, ansiedade e estresse aumentam durante a pandemia. Fiocruz Brasília, Brasília, DF, 13 ago. 2020. Disponível em: <https://www.fiocruz- brasilia.fiocruz.br/depressao-ansiedade-e-estresse-aumentam-durante-a-pan- demia/>. Acesso em: 01 ju l. 2021. GOULD, D.; VOELKER, D. K. The history of sport psychology. ln: EKLUND, R.; TEN- NENBAUM, G. Encyclopedia of sport psychology. Thousand Oaks, CA: Sage, 2014, p. 346-351. HOLT, N. L.; DEAL, C. J.; PANKOW, K. Positive youth development through sport. ln: TENENBAUM, G.; EKLUND, R. C. Handbook ofsport psychology. New Jersey: Wiley, 2020. p. 429-446. LERNER, R. M. Promoting positive youth development: theoretical and empirical bases. ln: Workshop on the science of adolescent health and development, 2005. Anais ... Washington, DC: National Academies ofScience; National Research Cou- ncil; lnstitute of Medicine, 2005. Disponível em: <https://lifehouseduluth.org/ wp-content/uploads/2015/02/Positive-Youth-Development1 .pdf>. Acesso em: 01 jul. 2021 . MORETTI, A. R. Psicologia do esporte: perspectivas históricas. Argumento, Jun- diaí, v. 6, n.11, p. 89-100,jul. 2004.Disponível em: <https://revistas.anchieta.br/ index.php/revistaargumento/article/view/591>. Acesso em: 01 jul. 2021. MULHERES olímpicas. Direção de Laís Bodanzky. São Paulo: Buriti Filmes; ESPN, 2013. (52 min.), son., color. NASCIMENTO, P. H. Mulheres no pódio: as histórias de vida das pr imeiras me- dalhistas olímpicas brasileiras. 2012. 87 f . Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Dispo- nível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-12062012- 144401 /publico/PAU LO _H EN RIQ U E_DO _NASCI ME NTO.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2021. RÚBIO, K. As mulheres e o esporte olímpico brasileiro. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: teoria e aplicação prática. Belo Horizonte: Imprensa UFMG, 1995. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exer- cício. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • UNIDADE ~ ~ ser educacional Objetivos da unidade Apresentar fatores que são importantes para o desenvolvimento e permanência para a prática esportiva, tais como feedback e motivação; Abordar questões que se referem à percepção do atleta, seu conhecimento sobre suas capacidades, habilidades, como também da sua atenção frente ao esporte, como a autoeficácia na prática e os benefícios da atenção plena (mindfulness); Expor as possíveis consequências da prática esportiva à saúde quando há fatores causando pressão, bem como a estratégia para lidar com essas situações. Tópicos de estudo Feedback, reforçamento e motivação Feedback intrínseco e extrínseco Motivação intrínseca e extrínseca Percepção e atenção nas práticas esportivas Autoconceito e crenças Autoeficácia no esporte e a performance esportiva O papel do mindfulness no esporte Compulsão e perdas Síndrome de burnout no esporte O coping PSICOLOGIA 00 ESPORTE • •• Feedback, reforçamento e motivação Entre as questões que são mais relevantes na área esportiva, está a inves- tigação dos fatores relacionados ao processo de ensino-aprendizagem. Esse processo tem como objetivo desenvolver e aprimorar habilidades motoras, pois, para que as atividades físicas sejam bem executadas, é preciso trabalhar tais habilidades. Além disso, também trabalha com o conhecimento, aplicação e os resultados obtidos dos jogos. Dessa forma, essa aprendizagem motora pode ser compreendida como um conjunto de experiência acerca da prática, que é capaz de estimular mudanças na performance. Nessa direção, a atuação do treinador/técnico se torna essencial, visto que este tem o papel de entender a proximidade com o grupo de trabalho, assim como intervir, planejar, estruturar e aplicar conteúdos a fim de alcançar objetivos em relação ao exercício ou de uma competição, a partir de diversas possibilidades que são capazes de auxiliar o seu trabalho. Dentre as possibilidades, o feedback pode ser compreendido como um dos fato res importantes ao processo. O feedback é uma variável que envolve níveis diferentes de informações, sendo reconhecida e necessária no contexto da aprend izagem das habilidades, podendo ainda ser definido como uma ferramenta que proporciona a obtenção de resultados e respostas para as diversas circunstâncias que aparecem no am- biente de ensino. Em geral, o feedback pode ser compreendido como um meca- nismo que compartilha informações com intuito de corrigir os erros, portanto, quando o feedback é fo rnecido com interação pedagógica, pode ter três tipos de influências fundamentais, que são apresentadas no Quadro 1. Motivação Reforço Informação QUADRO 1. INFLU~NCIAS DO FEEDBACK NA APRENDIZAGEM ::=::::::::::=: Diz respeito ao estímulo de novas tentativas, auxiliando para que o atleta tenha equilíbrio mental e físico, consequentemente fazendo com que aumente seu esforço, produza efeitos positivos na prática e tenha satisfação com ela. Está associado a reforços que os atletas recebem por suas ações, sendo elas corretas ou incorretas, portanto, podendo ser reforços positivos ou negativos. É sobre dar informações sobre os comportamentos e atitudes que podem ser melhorados, proporcionando que o atleta corrija e faça ajustes dos seus movimentos, por exemplo. A informação transmitida deve considerar a capacidade do atleta de processar e assimilar a informação. Fonte: PÉREZ e BANUELOS (1997); SCHMIDT (1993). (Adaptado). PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Na prática esportiva, o feedback pode ser fornecido por diferentes motivos, sendo eles, segundo o Quadro 2. QUADRO 2. MOTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE UM FEEDBACK NA PRÁTICA ESPORTIVA ::=:::::::::=:: Erros constantes na realização da atividade e pela falta de interpretação dessas informações. Falta de atenção aos estímulos que podem facilitar o seu desempenho e autocontrole na execução da tarefa. Escassez de conhecimento sobre a realização da atividade. •• Feedback intrínseco e extrínseco Em suma, o feedback diz respeito à informação que é compartilhada com objetivo de auxiliar atlet as a corrigirem erros na sua prática, por consequência, desenvolver sua performance, que é dividido em duas maneiras, sendo elas o feedback intrínseco e o feedback extrínseco. O primeiro está relacionado a uma informação sensorial decorrente de uma produção de movimentos, po- dendo ter relação com fontes externas do corpo (exterocepção) ou de dentro do corpo (propriocepção), no qual os atletas percebem os movimentos pelos órgãos sensoriais enquanto e após rea lizar a atividade. Enquanto o feedback extrínseco, que também é denominado de feedback aprimorado ou aumento, é sobre as informações que o at leta recebe por meio de fontes externas, tais como, técn ico, vídeo, cronômetro, entre out ros. Nesse tipo de processo, o atleta recebe instruções que complementam aquela rece- bida pelo feedback intrínseco, assim possibilitando sua melhora na execução e nos resu ltados dos seus movimentos. Os pesquisadores Schmidt e Wrisberg (2010) descreveram que o feedback extrínseco pode ser separado em dois t ipos: aquele relacionado com a própria realização (Conhecimento de Performance - CP) e o relacionado com o result a- do obtido (Conhecimento de Resultado - CR). PSICOLOGIA 00 ESPORTE • QUADRO 3. COMPREENDENDO OS TIPOS DE FEEDBACK EXTRÍNSECO ~ Tipo Definição Diz respeito ao padrão de motivos realizados pelo atleta, ou seja. Conhecimento de Performance suas características e vícios que podem ser responsáveis por um bom desempenho ou não. Nesse processo, os técnicos informam para os atletas sobre a qualidade dessas ações, com intuito de auxiliar no desenvolvimento dos padrões de movimentos e atingirem melhores resultados. Um exemplo para esse processo é quando o atleta está treinando faltas e o seu técnico orienta que ele deve colocar o pé de apoio mais próximo à bola na hora que for chutar. Conhecimento de Resultado Tem como finalidade fornecer informações acerca do desempenho de uma habilidade específica e dos resultados de movimentos. Os dados são transmitidos, geralmente, de forma verbal. Um exemplo desse processo é quando o atleta acerta 10 finalizações de gol no primeiro tempo e o treinador passa essa informação para que o atleta esteja consciente do seu desempenho. Fonte: SCHMIDT; WRISBERG, 201 o. Enquanto o feedback intr ínseco é perceb ido por cana is sensoriais do atle- ta, o feedback extrínseco acontece a partir de treinadores, professores ou instrutores. As duas formas de receber informações são complementares e essenciais, uma vez que auxiliam para que o atleta consiga atingir resu ltados melhores na sua prática esportiva. Independentemente do t ipo de feedback recebido, este pode ser transmitido em diferentes estratégias, como símbolos, vozes e gestos. No Quadro 4 é possível observar alguns métodos que são ut il i- zados para faci litar a troca deinformações. Feedback verbal Feedback Visual QUADRO 4. TRANSMISSÃO DO FEEDBACK As instruções verbais são bem presentes em qualquer situação, mesmo fora do contexto esportivo, sendo apresentadas por meio de mensagens e falas que auxiliam os atletas a perceber seus pontos fracos, consequentemente orientando para que as habilidades motoras sejam aprimoradas. Contudo, é importante ressaltar que a sobrecarga de informações pode comprometer a evolução e resultados positivos, portanto, é recomendado que o feedback seja pensado para transmitir o máximo de informações, mas com poucas palavras ou frases chaves. A parte visual dos indivíduos é bastante complexa. diante disso alguns pesquisadores buscaram compreender a relação da visão com a prática esportiva. A partir disso, foi possível compreender que a percepção visual de qualidade possibilita que os atletas sejam mais rápidos e consigam ter mais acertos nas suas jogadas. Dessa forma, entende-se que o feedback visual é uma ferramenta essencial. que tem como finalidade facilitar a compreensão do atleta com o seu esporte. Este pode acontecer por meio de modelos, ou seja, vendo alguém realizar um movimento, podendo ser seu professor, treinador ou instrutor. como também por imagens, sejam elas fotos ou vídeos, possibilitando a aprendizagem por meio da observação. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • O feedback só pode ser considerado final izado quando o aluno entende este como um reforço, sendo defin ido como aquilo que possib ilita o atlet a repetir ou não uma ação. Quando o reforço é positivo, o atleta entenderá como uma questão motivacional, fazendo com continue real izando seus mo- v imentos. Por outro lado, quando é negat ivo, pode bloquear qualquer apren- dizagem e processo de tentativa. Nesse sentido, o treinador, ao proporcionar o feedback, precisa considerar diferentes fatores, como, a faixa et ária, a ex- periência motora, como também a natureza do erro. •• Motivação intrínseca e extrínseca A motivação surge em conjunto com o feedback, a partir do papel que o treinador decide desempenhar com o atleta e com a equipe esportiva. A mo- tivação é considerada um dos elementos centrais para concentrar as informa- ções percebidas na direção do comportamento. A forma como os treinadores lidam com os desafios acerca do processo de ensino e as estratégias utilizadas para fortalecer os atletas é um dos fatores que determina a satisfação, engaja- mento e permanência na prát ica. O ato de praticar esportes requer especificidades do atleta por causa do alto desenvolvimento das funções, mas também da qualidade da prática e dos estados psíquicos, dessa forma entende-se que o esporte está direcionado para alcançar metas que vão além do esforço e determinação. Essa ação pode ser denominada como uma causa, um motivo ou j ustificativa para permanência na prática. Quando o motivo pe la permanência é inerente ao objeto de aprendizagem, não dependendo de fatores externos, este é chamado de motivação intrínse- ca. No ent anto, quando a determinação e engajamento pe lo esporte são cau- sados por fatores externos, ta is como saúde física, ganho de medalhas e out ras recompensas, este é determinado como motivação ext rínseca. A real ização de pesquisas sobre fatores motivais podem auxil iar na prática de esportes de crianças e adolescentes, uma vez que permite identificar e elaborar treinamentos estratégicos que faci litam o ensino. Dessa forma, o conhecimento sobre esses elementos proporciona resultados positivos futuros, a partir de pla - nejamentos mais direcionados, aumentando o interesse dos envolvidos, além de se sentirem motivados a permanecer e buscar o sucesso através do esporte. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Quando se trata da Psicologia do Esporte, a área busca compreender os as- pectos socioemocionais que afetam o desempenho dos atletas, principalmente os de alto rend imento, bem como entender os efeitos da prática esportiva sobre o desenvolvimento psicológico. A partir disso, a literatura vem defendendo que a motivação é um dos principais fatores que afetam o rend imento dos atletas, como também a autoestima, autoconfiança, agressividade, concentração, entre outros. A motivação pode ser considerada como determinante para a intensida- de e a direção dos esforços, uma vez que a direção está associada ao quanto o atleta se aproxima ou se afasta de algumas circunstâncias, e a intensidade diz respeito ao quanto de determinação é colocado em uma determinada situação. É possível compreender as ca racterísticas de cada tipo de motivação na Figura 1. Motivação intrínseca • Divertimento • Humor • Sensações e sentimentos da prática • Mindfulness Motivação extrínseca • Sensações físicas • Tensão muscular • Postura corporal • Controle cardiorrespiratório • Controle de peso Figura 1. Razões intrínsecas e extrínsecas para permanência na atividade física. As razões internas para permanecer no esporte são aquelas que não são afetadas por fatores externos, acont ecendo de forma voluntária, dependendo do est ado emocional e psicológico dos atletas, enquanto as razões externas têm relação com os resultados que são passíveis de observação, como ganho de massa, relação com o treinador e diminuição da gordura corporal. A par- tir da literatura foi possíve l identificar que as motivações intrínsecas são mais presentes para iniciação e manutenção das at ividades, como os relacionamen- tos que eram criados nesse ambiente e o suporte fami liar. Ad iciona lmente, o PSICOLOGIA 00 ESPORTE • encorajamento dos t reinadores, a estrutu ra do clube ou centro de treinamento e o bom desempenho em competições também aparecem como razões para a prát ica esportiva. A partir dessas informações, a Teoria de Autodeterminação (TAD) sur- giu, fazendo com que a motivação deixasse de ser compreend ida isoladamen- te, sendo o resultado de uma característica. A TAO defende que as pessoas quando estão ativas e cu r iosas tendem a demonstrar interesse para aprender e explorar novas atividades. Nessa di reção, a teoria descreve que os atletas possuem diversas formas de classificar as motivações, as quais afetam o f un- cionamento e as personalidades. A fim de organizar e invest igar os efe itos do comportamento em relação à motivação, a TAO inclui mais uma forma de motivação além da intrínseca e extr ínseca, sendo esta denominada desmotivação. Motivação Intrínseca Extrínseca QUADRO 5. A MOTIVAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DA TAD Subtipos Para saber Para realizar Para experienciar Regulação Externa Regulação Interiorizada Regulação Identificada ~ Definição Acontece quando o atleta realiza a atividade com intuito de aprender sobre essa prática. É determinada pelo prazer que o atleta tem em realizar a atividade. Diz respeito ao atleta que participa das atividades para experienciar as situações estimulantes inerentes à tarefa. O comportamento é regulado a partir de recompensas ou de medo das consequências negativas (e.g. críticas). Esse tipo de motivação está associado a quando o treinador impõe castigos aos atletas que não cumpriram com as tarefas propostas. Acontece quando a motivação externa é internalizada, por exemplo, comportamentos reforçados por pressões internas (culpa). Tal comportamento pode ser observado quando alguém pratica a ação por "desencargo de consciência". Quando o atleta realiza um movimento ou comportamento que não optou por fazer, mas que é considerado importante. O atleta reconhece o valor disso e mesmo que não se interesse por ela, consegue fazer o que é proposto com objetivo de se esquivar de eventos aversivos, como uma bronca do treinador. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Desmotivação A desmotivação é o estado motivacional que indica que os atletas não identificaram razões para realizar alguma atividade. Nessa perspectiva, os atletas acreditam que a atividade não trará benefícios ou que nãoconseguirão realizar de forma satisfatória. É importante destacar que, ao se basear na TAD para entender as moti- vações dos atletas, a motivação não pode ser interpretada como dicotomia simplista de divisão entre o intrínseco e o extrínseco. O conjunto de razões é composto por fatores externos até os mais autodeterminados, além disso as motivações extrínsecas não devem ser associadas a comportamentos negati- vos, uma vez que possuem um nível de autonomia, enquanto as razões intrín- secas são de caráter autodeterminável. ASSISTA A relação com o treinador e familiares é uma das fontes de motivação extrínseca, consideradas fundamentais para a permanência da prática esportiva e do bom desempenho. No vídeo Crianças, esporte e competi- ção: comportamento de pais e treinadores é possível observar como essas duas fontes podem influenciar na motivação dos atletas. •• Percepção e atenção nas práticas esportivas A partir das atividades esportivas, as pessoas não desenvolvem apenas o físico, mas também conseguem aprimorar habilidades cogni- tivas, dessa forma a prática regu lar pode estimular a per- cepção e atenção dos participantes. A literatura defende a importância dessas habilidades dentro do processo de ensino-aprendizagem para que os atletas consigam alcançar resultados e exigências frente aos jogos esportivos competitivos. São consideradas habilidades cogni- tivas: percepção, atenção, memória, inteligên- cia e tomada de decisão, que na maioria das vezes são características fundamentais para a liderança esportiva. No Quadro 6 é possível ob- servar as definições desses processos. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Processo Percepção Atenção Memória Inteligência Tomada de decisão QUADRO 6. DEFINIÇÕES DOS PROCESSOS COGNITIVOS ~ Definição A percepção pode ser definida como o processo de extrair as informações presentes no meio ambiente, a partir dela é possível dar significado a objetos e coisas. Em suma, a percepção está diretamente relacionada ao conhecimento. A atenção pode ser compreendida como um estado intenso e seletivo da percepção. Durante o processo da percepção, a atenção se torna essencial, uma vez que é ela que possibilita a seleção de estímulos necessários a partir de uma interpretação e assimilação. A memória é a capacidade do atleta em adquirir, guardar e restituir as informações que são recebidas. Nesse sentido, a memória trabalha para amenizar e recuperar experiências vividas durante a prática. Contudo, não deve ser considerada como uma fonte de armazenamento de informações, mas sim como uma fonte rica de operações e acontecimentos. A inteligência é a capacidade mental. possibilitando que o atleta raciocine, planeje, resolva problemas, compreenda ideias complexas, além de adquirir aprendizagem sobre a sua prática. A tomada de decisão diz respeito ao processo de selecionar uma resposta em um ambiente que proporciona múltiplas opções de respostas. Contudo, não é só sobre chegar a uma decisão, mas conseguir perceber quais são as possibilidades de sucesso. Em modalidades esportivas que exigem altos níveis de estratégias, comovo- leibol, basquetebol, futebol e handebol, o processo de cognição é muito neces- sário, pois permite que o at leta real ize a "leitura do jogo", uma vez que pos- sibilita lidar com a imprevisibi lidade, va r iabilidade e jogadas aleatórias. No vô lei, por exemplo, os jogadores de- vem analisar as qualidades do passe, a necessidade do bloqueio, se é preciso fazer o levantamento, se a bola do ata- que tem possibi lidade de sair da qua- dra, além de planejar durante a jogada qual a melhor maneira para defender e atacar o t ime adversário. • X ~ o ----.-,r- - &::_---· X. X ~o k-0 X X 1' ~o o o , Figura 2. Exemplo de uma estratégia tática a ser cumpri- da pelos jogadores de vôlei. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 03/08/2021. (Adaptado). PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Dessa forma, a percepção, a atenção e a tomada de decisão formam uma matriz impor tante para os jogos, pois durante as partidas os atletas precisam entender todos os estímulos proporcionados pelo ambiente e decidir qual o melhor movimento para conseguir os pontos necessários. •• Autoconceito e crenças O autoconceito é denominado pela percepção que o indivíduo tem sobre si, sendo tanto uma construção cognitiva e social que é desenvolvida ao decor- rer da vida, como também moldado por um conjunto de questões assumidas pela pessoa. A percepção, no entanto, não se limita apenas à pessoa, mas ao seu comportamento em relacionamentos com os outros também. Em suma, o autoconceito pressupõe que as capacidades, valores, atributos e limites são integrações na identidade conforme as crenças do sujeito sobre elas. O autoconceito pode ser desenvolvido a partir das interações que o sujeito tem com outras pessoas e com o ambiente, como familia res, colegas, equipe, técnico, adversários etc. Elas são fundamentais para a promoção do conheci- mento sobre si. Um exemplo dessa característica é a liderança esportiva. O esporte competitivo cria ambientes que proporcionam a formação e per- sonalidade dos atletas, aqueles que exercem um papel de líder tem respon- sabilidades de auxiliar, motivar e inspirar os atletas dentro e fora dos espa- ços esportivos, demonstrando uma postura de carisma. A liderança tem sido, frequentemente, identificada como uma das causas principais para o sucesso ou fracasso de um atleta ou equipe. Nessa direção, o líder tem como objetivo buscar o melhor dos atletas, estimulando que eles compreendam suas limita- ções e potencialidades, facilitando o processo de conhecimento do seu corpo e mente. Além disso, o líder deve ter a capacidade de compreender as razões que fazem os atletas permanecerem na prática, reforçando essa ação positi- vamente, pois, ao promover a satisfação e o comprometimento destes, o líder terá maiores chances de conduzir a equipe ao sucesso esportivo. A liderança é definida como um processo no qual um indivíduo influencia um grupo buscando alcançar uma meta ou objetivo em comum. O papel do líder no esporte tem um grande peso em criar um ambiente motivacional, com objetivo de auxiliar no processo de desenvolvimento da performance. Para PSICOLOGIA 00 ESPORTE • ser líder o atleta precisa desenvolver algumas habilidades, sendo elas sociais, emocionais, técn icas, táticas e cognitivas. Isso ocorre po is é preciso que quem exerce esse papel auxi lie outros atletas a reconhecer seu potencial, seja com estratégias aplicadas, como modelos de inspirações, ou respeitando normas e regras. Todavia, os líderes que apresentam traços agressivos e autori tários podem provocar descontrole emociona l e agressividade dos atletas. O modelo do Diagrama 1 demonstra de maneira sintética como o desem- penho e satisfação dos atlet as dependem de três comportamentos do líder: exigido, rea l e preferido. As ca racterísticas da situação, característica do líder e características do membro são considerados antecedentes que influenciam o comportamento do líder. Dessa forma, se este apresenta comportamento adequado em situações, se ajustando às preferências dos membros do grupo, consequentemente os at letas irão atingir um desempenho melhor e mais sa- tisfação. Pode-se relatar que o líder exerce um papel fundamental, de suporte, inspiração e aprendizagem, auxiliando os atletas a compreenderem suas habi- lidades, característ icas e outras potencialidades, promovendo ainda autono- mia e independência. DIAGRAMA 1. O COMPORTAMENTO DO LÍDER Antecedentes ~ Comportamentos do líder . ' ' Fonte: WEINBERG; GOULO, 2016, p. 196. (Adaptado). (-------- (-------- Consequências PSICOLOGIA 00 ESPORTE • •• Autoeficácia no esporte e a performance esportiva A teoria da autoeficácia é considerada uma das mais recentes quando com- parada a outras teorias de competência ou eficácia pessoal. A teoria tem como premissade que o início e a persistência de um comportamento dependem, primeiramente, dos ju lgamentos e expectativas sobre as habilidades compor- tamentais, capacidades e da forma como enf renta as demandas e os desafios criados pelo ambiente. Além disso, a teoria da autoeficácia t ambém entende que esses fatores são importantes e operam um papel para o controle psicológico, sendo um auxílio para lidar com problemas emocionais e comportamentais. A autoeficácia é definida como j ulgamentos que as pessoas rea lizam sobre a sua capacidade e habilidade, para delimitar estratégias e executar os planos com intuito de desenvolver a performance, e, por consequência, melhorar o rendimento visando atingir metas. O atleta com níveis significativos de autoefi- cácia apresenta convicção de que irá execut ar suas j ogadas com sucesso, real i- zando movimentos que produzem efeitos positivos para os resultados, portan- to os pensamentos e crenças pessoais associadas às capacidades para real izar uma tarefa pode determinar o rendimento do indivíduo. Nessa direção, a autoeficácia pode ser compreendida como ava liação ou percepção pessoal sobre a própr ia inteligência, habi lidade e outros conheci- mentos, contudo não diz respeito a possu ir ou não tais competências, mas em acreditar que as possua. Se considerarmos a autoeficácia como sinônimo da confiança do atleta em realizar uma atividade envolvida no processo cogn it ivo, em que é exigido um raciocínio subj etivo, pode-se pensar a autoeficácia como uma percepção subj e- tiva, pois diz sobre o que a pessoa acredita, além de representar o estado rea l de interesse. A autoeficácia é demonstrada a partir de duas maneiras, que são apresentadas no Quadro 7. Autoeficácia específica QUADRO 7. TIPOS DE AUTOEFICÁCIA :=:::::::::=::: É identificada em domínios específicos, sendo demonstrada a partir do vínculo entre a percepção e a performance. Essa autoeficácia vem sendo encontrada em diferentes situações, tais como bulimia, performance competitiva, perda de peso, entre outros. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Auto eficácia geral Além de ser considerada em situações específicas, a autoeficácia pode ser considerada uma variável global ou como um traço de personalidade; há estudos da autoeficácia como parte de um conceito dentro de uma estrutura desenvolvi mental de crianças. Nesse tipo de processo são consideras todas as experiências de sucessos e fracassos da vida que são atribuídos para a construção da identidade. Os atletas em busca de sucesso durante as competições precisam compreen- der que as estratégias devem superar as habi lidades físicas. Atualmente, as ha- bilidades cognit ivas são interpretadas e defendidas por pesquisadores como es- sencia is, pois têm um papel de influência no funcionamento e desenvolvimento atlético. Portanto, a aprendizagem e a performance envo lvem várias questões além dos comportamentos mecânicos. Nesse senti do, as crenças de eficácia operam um papel necessário, seja para promover habilidades ou para planejar que essas habi lidades sejam bem executadas em situações diferentes. Em circunstância desse processo não se pode cometer o erro de julgar as habilidades físicas isoladamente, é preciso considerar também a percepção do atleta para improvisar durante as jogadas, que podem proporcionar estímulos imprevisíve is e estressantes. Para que a performance tenha o desenvolvimen- to necessário, o atleta precisa estar atento para perceber quais são as habilida- des f ísicas e cognitivas que estão sendo apl icadas naquela partida. As percepções da autoeficácia contribuem para a motivação no esporte; a partir das crenças pessoais o atleta consegue tomar decisões, escolhendo des- de quais desafios irá enfrentar e a intensidade do esforço que irá ap licar, como também o seu grau de persistência. Por fim, dando fechamento à importância da autoeficácia em relação à per- formance, atletas que possuem habi lidades comparáveis, mas diferentes níveis de confiança, não apresentam o mesmo desempenho. Aqueles que apresen- tam insegurança, dúvidas sobre suas habilidades, mesmo que sejam conside- rados atletas talentosos, tendem a apresentar desempenho ba ixos, enquanto os atletas menos talentosos com altos níveis de segurança tendem a fazer uma apresentação de qual idade superior. Diante disso, a partir dos esportes competitivos é possível ident ificar a fra- gil idade da percepção de autoeficácia dos atletas, uma vez que dá para acom- panhar as quedas de performance causadas pelas falhas devido às crenças da eficácia. Mesmo com treinos intensos e planej amento para aperfeiçoar os mo- PSICOLOGIA 00 ESPORTE • vimentos físicos, as dúvidas frente ao esporte praticado bloqueiam a execução das habilidades de forma satisfatória. Nesse sentido, a percepção da au toeficácia tem efeitos sobre os pensa- mentos, influenciando diretamente o rendimento, podendo aumentar ou di- minui r a performance. Quanto mais forte for a autoeficácia, mais metas e objetivos serão estabelecidos, se ajustando à pessoa e ao compromisso que ela tem frente ao seu esporte. •• O papel do mindfulness no esporte Apesar dos benefícios causados pela prática da atividade física, como redu- ção da depressão, ansiedade e estresse, promoção do bem-estar subjetivo e condicionamento físico, muitas pessoas ainda não se sentem motivadas para rea liza r algum exercício físico. Diante disso, surge o papel do mindfulness, que pode ser descrito como uma atenção plena perante uma experiência, com ati - tudes abertas e não julgadoras, ou seja, é uma habilidade que permite ao atleta centrar-se em sua atividade sem influências de reações internas. O mindfulness permite que o atleta foque, intencionalmente, sua atenção para o momento presente, bem como para seus aspectos psicológicos para melhorar seu rendimento. As principais características são: estar centrado no presente (estar consciente da at ividade e percepção dos acontecimentos) e sem julgamento (observar com uma atit ude de aceitação plena). O termo "mindfulness" foi defin ido como a consciência que aparece por meio da atenção plena, permitindo ao atleta foco durante a prática e na experiên- cia que acontece durante a atividade. Destaca-se que a prát ica do mindfulness não é sobre ter a mente vazia de sentimentos ou pensamentos, mas sim prestar atenção ao momento presente, sem preocupações. A partir disso, as emoções, sensações e pensamentos devem ser considerados eventos da mente, podendo ser prat icados de duas formas: informal ou formal. Na primeira, a atenção plena é desenvolvida sendo empregadas competências, como ouvir os sons da natureza, perceber os movimentos que o corpo faz enquanto respi- ra, como também perceber emoções (tristeza, raiva, irritação). Para a prática formal são necessários treinos mais intensos para a atenção, acontecendo por meio da me- ditação, que permite a observação dos conteúdos relacionados ao corpo e mente. PSICOLOGIA 00 ESPORTE • Na prática do exercício físico, o mindfulness tem papel im portante para auxiliar no alcance de metas e objetivos, além disso, estimula a satisfação com essa prática, v isto que está apoiado em comportamentos de aceitação e atenção. Dessa forma, aqueles que buscam o mindfulness tendem a subs- tituir ou in ibi r tendências habituais indesejadas, consequentemente promo- vendo o autocontrole. Os treinamentos e inte rvenções que são baseados nessa abordagem pro- porcionam consequências benéficas aos praticantes, pois estimulam a regu la- ção do exercício e o controle de reações psicológicas negativas (ansiedade), por outro lado as pessoas que não vivenciam essa experiência têm probabilidades de desistir das atividades por apresentar exaustão e estresse relacionados com outros aspectos de suas vidas (por exemplo, trabalho ou família). O papel do mindfulness tem receb ido atenção devido ao seu potencial para promover
Compartilhar