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Psicologia do Esporte E-booK unidade 1,2,3 e 4

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ser 
educacional 
gente criando o futuro 
Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz 
Diretor-presidente Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira 
Autoria Maynara Priscila Pereira da Silva 
Projeto Gráfico e Capa DP Content 
DADOS DO FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design lnstrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2021 
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE - CEP 50100-160 
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publ icação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal. 
Imagens de ícones/capa:© Shutterstock 
o 
\ 
ASSISTA 
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. 
CITANDO 
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado. 
CONTEXTUALIZANDO 
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; 
demonstra-se a situação histórica do assunto. 
CURIOSIDADE 
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado. 
DICA 
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. 
1 
EXEM PLIFICANDO 
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. 
EXPLICANDO 
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada. 
Unidade 1 - Introdução à Psicologia do Esporte 
Objetivos da unidade 
Fundamentos teóricos da Psicologia do Esporte 
História da Psicologia do Esporte 
Áreas de atuação da Psicologia do Esporte 
A relação mente/corpo e fatores de bem-estar e saúde mental 
Principais teorias em Psicologia do Esporte de alto rendimento 
Desenvolvimento positivo de jovens no esporte 
Mulheres olímpicas 
Sintetizando 
Referências bibliográficas 
12 
13 
14 
17 
18 
22 
23 
26 
30 
32 
Unidade 2 - Aspectos comportamentais e cognitivos na prática de atividades 
específicas 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 35 
Feedback, reforçamento e motivação .............................................................................. 36 
Feedback intrínseco e extrínseco ................................................................................ 37 
Motivação intrínseca e extrínseca .............................................................................. 39 
Percepção e atenção nas práticas esportivas ............................................................... 42 
Autoconceito e crenças ................................................................................................. 44 
Autoeficácia no esporte e a performance esportiva ................................................ 46 
O papel do mindfulness no esporte .............................................................................. 48 
Compulsão e perdas ............................................................................................................. 50 
Síndrome de burnout no esporte .................................................................................. 52 
O coping ........................................................................... ................................................. 54 
Sintetizando ........................................................................................................................... 56 
Referências bibliográficas ................................................................................................. 57 
Unidade 3 - Processo grupal 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 59 
O processo grupal e a competição ................................................................................... 60 
Coesão grupal e cooperação ........................................................................................ 63 
A competição no contexto esportivo .......................................................................... 69 
Questões psicossociais, socioculturais e a prática de atividade física em grupos 
populacionais ......................................................................................................................... 71 
A importância do esporte para a formação de crianças e adolescentes ............. 72 
A prática esportiva e o envelhecimento saudável ................................................... 75 
O desenvolvimento psicossocial do atleta com deficiência .................................... 77 
Sintetizando ........................................................................................................................... 79 
Referências bibliográficas ................................................................................................. 80 
Unidade 4 - Intervenção psicológica 
Obietivos da unidade ........................................................................................................... 82 
Técnicas para intervenção no âmbito do esporte ......................................................... 83 
Intervenções cognitivas e psicológicas em esportes e e-sports competitivos ....... 84 
Intervenção psicológica nas lesões esportivas ..... ................................................... . 89 
A Psicologia do Esporte e a intersetorialidade ............................................................. 95 
Políticas públi cas no esporte educacional ................................................................. 97 
Transição de carreira no esporte ................................................................................. 98 
Sintetizando ......................................................................................................................... 101 
Referências bibliográficas ............................................................................................... 102 
A Psicologia do Esporte aborda questões relacionadas aos fenômenos psico-
lógicos que afetam a prática esportiva, focando não somente a pessoa que pra-
tica a atividade física, mas todos os agentes envolvidos no processo, como pais, 
árbitros e treinadores. Apesar de não ter sido tão reconhecida no início, essa 
subárea interdisciplinar tem ganhado espaço no universo científico e prático, vis-
to que contribui para entender como o esporte pode influenciar a saúde física e 
menta l, além de possibilitar a verificação das potencialidades ou limitações dos 
atletas. Por isso, pesquisadores investigam cada vez mais sobre o tema. 
Diante disso, nesta disciplina, pretende-se discutir e refletir sobre a constru-
ção da Psicologia do Esporte, bem como seus benefícios para o bem-estar e suas 
consequências para a saúde. Para tal, busca-se focar nos aspectos comporta-
mentais e cognitivos frente à atividade física, tais como motivação, autoconceito, 
crenças, percepção, atenção e compulsões. Adicionalmente, visa-se analisar o 
alto rendimento, a importância da coesão grupal (processo, grupo e questões 
psicossociais) e as intervenções psicológicas aplicadas ao meio esportivo. 
Bons estudos! 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
A professora Maynara Priscila Pereira 
da Silva é Mestre em Psicologia pela 
Universidade São Francisco (2021) e 
graduada em Psicologia pela Universi-
dade Paulista (2018). Trabalha na linha 
de pesquisa de construção, validação e 
padronização de instrumentos de me-
dida. É membro do Núcleo de Estudose 
Pesquisa em Psicologia do Esporte e do 
Exercício (NuEPPEE). Possui experiên-
cia nas áreas de Avaliação Psicológica, 
Psicometria e Psicologia do Esporte. 
Currículo Lattes: 
http://lattes.cn pq .br/2101004737875827 
Dedico este trabalho a todos que valorizam o conhecimento e a 
aprendizagem; e aos meus professores e alunos, que me incentivam e são o 
motivo para eu permanecer no mundo acadêmico. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
UNIDADE 
~ 
~ 
ser 
educacional 
Objetivos da unidade 
Apresentar o conceito de Psicologia do Esporte, sua trajetória e sua relação 
com o bem-estar e a saúde mental; 
Mostrar os possíveis efeitos da atividade física sobre os praticantes de 
atividades físicas; 
Abordar os conceitos da Psicologia do Esporte de alto rendimento, com 
efeitos, consequências e estratégias. 
Tópicos de estudo 
Fundamentos teóricos da Psico-
logia do Esporte 
História da Psicologia do Es-
porte 
Áreas de atuação da Psicologia 
do Esporte 
A relação mente/corpo e fato-
res de bem-estar e saúde mental 
Principais teorias em Psicologia 
do Esporte de alto rendimento 
Desenvolvimento positivo de 
jovens no esporte 
Mulheres olímpicas 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
•• 
Fundamentos teóricos da Psicologia do Esporte 
O esporte pode ser considerado 
um dos maiores fenômenos sociais, 
visto que proporciona o desenvolvi-
mento de habilidades socioemocio-
nais, como respeito, responsabilidade, 
empatia e relação interpessoal. Além 
disso, é uma maneira de entreteni- i 
mento, devido ao fato de que várias ri-
pessoas gostam de acompanhá-lo ~ ~:-::· :;;.,-~ ---; 
por lazer. Por isso, a temática espor-
tiva vem crescendo cada vez mais nas 
áreas de pesquisas, podendo ser de-
nominada como Ciência do Esporte 
e incluindo diversas disciplinas, tais 
como Medicina, Fisiologia e Psicologia. 
Nessa direção, o esporte demonstra uma tendência para a interdisciplina-
rida de, sendo representada por subáreas. A Psicologia do Esporte (PE) é uma 
delas, sendo definida por processos e fundamentos psicológicos, como tam-
bém pelas consequências causadas pela regu lação psicológica e associadas à 
prática esportiva individual ou em grupo. Tem por objetivo verificar os compor-
tamentos em diferentes dimensões (afetivas, motivacionais e cognitivas). 
Entende-se que a PE busca analisar as consequências psíquicas causadas 
pelas ações esportivas a partir de duas perspectivas. A primeira se baseia em 
processos psicológicos básicos (cogn ição, motivação e emoção), enquanto a se-
gunda está associada à realização de tarefas, focando em diagnóstico e plane-
jamento/uso de intervenções. Portanto, é uma ciência do comportamento que 
busca auxiliar atletas e treinadores, entre outros agentes esportivos, por meio 
de métodos que visam à preparação psicológica associados ao desenvolvimento 
e à potencialidade das habilidades físicas ou sociais. Foca-se em aplicação duran-
te a prática, na pré-competição e em outros momentos em que são provocados 
o sentimento de estresse, fazendo com que os esportistas e os agentes consi-
gam enfrentar desafios com o objetivo de melhorar a performance. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Apesar de ser mais reconhecida atualmente, a PE não é uma área recente. 
Além de englobar outros campos de estudo, como a cinesiologia, reflete as 
influências de mudanças sociocu lturais, como o crescimento das Olimpíadas, a 
liberação das mulheres para a prática esportista e a popularidade do esporte 
profissiona l, passando por diferentes etapas históri cas até conseguir va loriza-
ção no campo da pesquisa (GOU LD; VOELKER, 2014). Ainda ganha destaque 
devido à sua perspectiva competit iva e por estar presente em projetos sociais e 
de reabi litação, na medicina preventiva e em programas de qualidade de vida . 
•• 
História da Psicologia do Esporte 
A PE, um campo valorizado e de futuro promissor, é uma ciência do treina-
mento esportivo, cujo obj etivo é a potencialização da performance de equipes 
e agentes envolvidos no processo. Os primeiros estudos da área datam cerca 
de um sécu lo atrás, entre os séculos XIX e XX. O foco, então, era compreen-
der conceitos como personal idade, agressão, motivação, liderança, dinâmica 
de grupo e bem-est ar na prática esportiva e na at ividade física. Tais conceitos 
eram considerados como necessidade ou preocupação por profissiona is e pes-
quisadores (WEINBERG; GOULD, 2017). O Quadro 1 apresent a o desenvolvi-
mento da PE de acordo com períodos fundamentais para o estudo. 
QUADRO 1. ETAPAS DA HISTÓRIA DA PE 
:=::::::::=:::: 
Etapa 
Primeiros anos 
Desenvolvimento de laboratórios e de testes psicológicos 
Preparação para o futuro 
Estabelecimento da PE como disciplina acadêmica 
Ciência e prática multidisciplinares na Psicologia do Esporte e do 
exercício 
Psicologia contemporânea do esporte e do exercício 
Fonte: WEINBERG; GOULD, 2017, p. 7-11. (Adaptado). 
Período 
1893-1920 
1921-1938 
1939-1965 
1966-19n 
1978-2000 
2001-Até o presente 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
A PE surgiu na América do Norte, com o psicólogo Norman Triplett (1861-1931), 
que queria compreender a velocidade dos ciclistas, fazendo uma comparação entre 
aqueles que pedalavam sozinhos e aqueles que pedalavam em grupos. Ele realizou 
também experimentos com crianças, a fim de entender o desempenho da prática 
ind ividual e em grupo, chegando à conclusão de que a atividade física apresentava 
mais desempenho na companhia de outras pessoas (WEINBERG; GOULD, 2017). 
O segundo período aconteceu em laboratórios localizados na Alemanha, 
no Japão, na Rússia e nos Estados Unidos. Havia como objetivo construir e de-
senvolver testes psicológicos em atletas para levant ar informações referentes 
ao tempo de reação, concentração, persona lidade e agressão. Dessa forma, 
prepararam bases para o f uturo ao elaborar técn icas e disciplinas de psico logia 
do esporte e do exercício. 
Em meados da década de 1960, a PE passou a se tornar uma produção aca-
dêmica, voltada à aprendizagem motora e a fatores psico lógicos (ansiedade, 
motivação, personalidade e autoestima), sendo separada da Educação Física e 
da Fisiologia, como uma área independente. Assim, consultores aplicavam ao 
esporte os esforços desenvolvidos nas disciplinas, t rabalhando com equipe e 
atl etas. Contudo, foi a partir da década de 1970 que a PE rea lmente começou a 
ser reconhecida e expandida para diferentes países, devido a novos estudos. 
Com mais integrantes, a área passou a ser aceita e respeitada, mas não sem 
passar por alguns conflitos, como questões da prática profissional, definição de 
qualificação, aspectos de padrões éticos, entre outros. 
No Brasil , a PE surgiu no f inal da década de 1970, re lacionada à Psico logia 
clínica e educacional e ampliada com a participação de diferentes psicólogos, 
tendo como foco o futebol. Após esse período, ela ultrapassou limites, englo-
bando outras modalidades com a ajuda do psicólogo Mauro Lopes de Almeida. 
Assim, os profissionais passaram a ocupar espaços em centros ol ímpicos, além 
de treinamentos e pesquisa, sendo desenvolvido um trabalho de acompanha-
mento psico lógico (MORETTI , 2004). No mesmo período, a Sociedade Brasi leira 
de Psico logia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação (Sobrape) foi f un-
dada, tendo como presidente o Professor Doutor Benno Becker Júnior. Já em 
2006, foi construída, por psicó logos e profissionais de Educação Física, a Asso-
ciação Brasileira de Psicologia do Esporte (Abrapesp), com o obj etivo de refletir 
e est imular estudos e prát icas da PE no país. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
O Brasil lidera o número de pesquisas e traba lhos publ icados, de congres-
sos e de laboratórios da temática (localizados, sobretudo, na região Sul), quan-
do comparado aos países da América Latina. No entanto, em relação ao enfo-
que mundial, considera-se que o desenvolvimento foi mais rápido nos Estados 
Unidos e no continente europeu (Quadro 2). Nessaperspectiva, a PE pode ser 
encarada como um ramo emergente no cenário nacional. 
1945-1957 
1950 
1956 
1960 
1962-1964 
QUADRO 2. ACONTECIMENTOS RELACIONADOS À PE NO MUNDO 
::=::::::::=::: 
Acontecimento 
A PE é integrada na grade curricular dos cursos de Educação Física na União 
Soviética. 
O Instituto de Cultura Física, localizado em Leipzig, é reorganizado com ajuda da 
União Soviética. 
O pesquisador J. Lawther escreve o livro Psychology of Coaching, nos Estados 
Unidos, expl icando a relação entre investigação e aplicação do trabalho 
desenvolvido por treinadores. 
É realizado o primeiro congresso com psicólogos do esporte na União Soviética. 
E. Geron. publica um manual de psicologia para estudantes de Educação Física. 
É publicado um livro de PE que resumia o conhecimento alemão em relação à 
área. 
Fonte: ARAÚJO, 2002, p. 18. (Adaptado). 
Estudos nacionais demonstram que a PE cresce em núcleos, isto é, só é 
possível identificar mudanças e impactos em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, 
Rio Grande do Sul e em alguns estados do Norte e Nordeste, havendo pouca 
comunicação entre esses polos, o que dificu lta a compreensão da área e seu 
desenvolvimento no País. Nessa direção, considerando que a PE nacional pos-
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
sa estar dando ainda seus primeiros passos, profissionais da área 
acreditam e defendem seu potencial, uma vez que afirmam es-
tar empenhados, publicando artigos internacionais, construin-
do testes específicos e participando de congressos. 
Áreas de atuação da Psicologia do Esporte 
•• 
Por volta da década de 1980, havia três possibilidades de atuação com a PE: 
de forma clínica; com atletas e equipes esportivas em centros de treinamento; 
e no âmbito acadêmico. Contudo, com o desenvolvimento da teoria, deu-se im-
pulso ao campo prático, com aumento de profissionais e trabalhos científicos, 
aumentando também o número de programas de pós-graduação lato sensu. 
CONTEXTUALIZANDO 
A ampliação das atuações do psicólogo no esporte tem como premissa 
permitir explorar diferentes pessoas que buscam a atividade física. Des-
sa forma, não trabalha apenas com atletas profissionais, que buscam o 
esporte para competição, tornando a PE mais aberta e capaz de auxiliar 
outras pessoas e promovendo emoções positivas. 
Considerando os campos ensino, pesquisa e intervenção, o psicólogo 
esportivo tem como possibilidades t rabalhar como professor, consultor e 
pesquisador. 
• Professor: atua ensinando e compartilhando conhecimento com base em 
sua especialidade; 
• Pesquisa: investiga, explora e avalia as diferentes atuações, buscando de-
senvolver o conhecimento de instrumentos, avaliações, intervenções e outras 
estratégias; 
• Consultor: planeja e aplica intervenções com o objetivo de realizar psico-
diagnósticos e indicar pontos a serem desenvolvidos. 
No entanto, a formação do prof issional ainda é tida como limitada, visto que 
a PE não está presente na maioria dos cursos de Psicologia ou está presente 
apenas como disciplina eletiva. Assim, apesar do crescimento e da ampliação 
das atuações, ainda é mantido o foco nos profissionais da Educação Física. As 
possibilidades de atuação estão descritas no Quadro 3. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Área de atuação 
Esporte de 
rendimento 
Esporte escolar 
Esporte recreativo 
Esporte de 
reabilitação 
QUADRO 3. ÁREAS DE ATUAÇÃO 
~ 
Definição 
Trata-se de um campo com o objetivo de melhorar e otimizar 
a performance, de maneira formal e institucionalizada. Nessa 
direção, o psicólogo analisa e realiza intervenções com base nos 
determinantes psíquicos que podem interferir no rendimento do 
atleta ou da equipe esportiva. 
Diz respeito à formação e aos princípios socioeducativos. Assim, 
tem o objetivo de desenvolver habilidades sociais em quem pratica 
esporte, auxiliando em sua vida e, por consequência, na sociedade 
em que está inserido. Diante disso, o psicólogo busca compreender 
e verificar os processos voltados à educação e socialização 
inerentes à prática da atividade esportiva, bem como seu reflexo no 
processo de desenvolvimento. 
O psicólogo tem como finalidade observar e verificar a análise de 
comportamento das diferentes faixas etárias, e também o ambiente 
e as classes socioeconômicas, pois a prática esportiva nessa área 
visa ao bem-estar de todos os participantes. 
Está direcionado ao trabalho de prevenção e à intervenção de 
pessoas que foram lesionadas durante a prática esporte, como 
também de pessoas com deficiência. 
Fonte: SAMULSKI, 1995, n.p. (Adaptado). 
É importante, dessa forma, ressaltar que as pesquisas de PE têm por ob-
jetivo abranger processos de avaliação, estratégias e aplicações de interven -
ções, bem como análises dos comportamentos e atitudes, compreendendo os 
efeitos do esporte em seu praticante e possibilitando melhores resultados de 
desempenho, bem-estar e saúde (física e mental). 
•• 
A relação mente/corpo e fatores de bem-estar e saúde 
mental 
É notável que as pessoas têm cada vez mais procurado profissionais e méto-
dos para manterem a qualidade de vida, seja com relação à alimentação, situa-
ção financeira ou prática regular de atividades físicas. Nesse âmbito, a PE busca 
trabalhar não apenas com os atletas, mas também com árbitros, familiares, 
dirigentes ou demais integrantes, avaliando comportamentos e atitudes decor-
rentes da atividade física e elaborando estratégias e intervenções. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Entende-se que o treinador tem um papel muito importante, pois deter-
mina o caminho para o sucesso ou fracasso, e lidar com tais responsab ilidades 
pode ser desgastante e estressante, podendo afetar o emocional e, por conse-
quência, os atletas. Em relação aos familiares, existem dois pontos: depositam 
muitas expectativas, até mesmo forçando um treinamento excessivo, com ob-
jetivo de fazer com que o indivíduo em questão melhore e ganhe campeonatos; 
ou encaram o esporte como perda de tempo, depositando raiva e frustação em 
cima da criança ou adolescente, por exemplo. Por fim, os árbitros vivenciam o 
estresse ao decorrer das partidas, tendo que lidar com valores e punições que 
muitas vezes não são aceitas. 
Compreende-se, portanto, que é preciso se preocupar com contexto espor-
tivo, relacionamentos, conhecimentos adquir idos do ambiente e característi-
cas psicológicas. Fatores psicológicos são, então, verificados para se conhecer 
a maneira como eles afetam o desempenho e o rendimento esportivo. 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos mais 
reco rrentes na população são a ansiedade e a depressão, principalmente após a 
pandemia de COVID-19 (GAMEIRO, 2020). E, apesar dos tratamentos mais comuns 
para esses casos serem aconselhamento psicológico e uso de medicamentos psi-
cotrópicos, alguns indivíduos têm buscado promover bem-estar psicológico por 
meio do exercício físico. É importante destacar que os termos que abarcam bem-
-estar (psicológico, emocional e subjetivo) são comumente usados de maneiras 
distintas na literatura. Contudo, podem ser compreendidos com o mesmo signifi-
cado, uma vez que englobam seis dimensões descritas no Quadro 4. 
Dimensão 
Autoaceitação 
Relação positiva 
Autonomia 
Domínio ambiental 
QUADRO 4. DIMENSÕES DO BEM-ESTAR 
~ 
Definição 
Designa que uma pessoa tem perspectivas positivas em relação a si 
mesma. 
Refere-se à relação entre pessoas que acontece baseada em 
confiança, respeito, empatia e atenção. 
Diz-se da pessoa que tem determinação e motivação intrínsecas, 
conseguindo realizar suas atividades de maneira independente e 
com padrões autorreferenciados. 
Refere-se ao controle sobre o ambiente para entendimento de 
valores pessoais. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Crescimento pessoal 
Propósito de vida 
Indica a pessoa que se sente autorrealizada, percebendo suas 
conquistas e seu desenvolvimento ao passar do tempo. 
Diz-se da pessoa que determina metas para serem atingidas com 
base emum propósito maior a ser realizado. 
Estudos sugerem que a relação posit iva ent re a prática da atividade física 
com o bem-est ar produz benefícios como satisfação, autoeficácia, competên-
cia e motivação, além de outras caracte rísticas descritas na Figura 1. É possíve l 
ainda observar que o exercício f ísico auxilia na diminuição de alguns compor-
tamentos desadaptativos, podendo ser explicadas com hipóteses de caráter 
fisiológico ou psicológico. 
O exercício aumenta 
Bem-estar 
Confiança 
Autocontrole 
Estabilidade emocional 
Memória 
Desempenho acadêmico 
O exercício diminui 
Fobias 
Hostilidade 
Raiva 
Abuso de álcool 
Ansiedade 
Depressão 
Explicação fisiológica 
• Aumento no fluxo sanguíneo cerebral; 
• Redução da tensão muscular; 
• Alterações estruturais no cérebro; 
• Aumento no consumo máximo e na liberação 
de oxigênio para os tecidos cerebrais. 
Explicação psicológica 
• Aumento da sensação de controle; 
• Sentimento de competência e autoeficácia; 
• Interações soàais positivas; 
• Melhoria no autoconceito e na autoestima; 
• Satisfação e prazer pela prática. 
Figura 1. Benefícios da atividade física. Fonte: WEINBERG; GOULD, 2017, p. 381. (Adaptado). 
À vista disso, alguns pesquisadores buscam compreender a relação dessas 
var iáveis, afi rmando que a atividade física é uma facil itadora de resultados po-
sitivos e da diminuição de ansiedade e depressão. Ad icionalmente, descrevem 
que os efeitos do exercício físico atingem não apenas a saúde mental, mas tam-
bém a f ísica, prevenindo doenças, como osteoporose, hipertensão e câncer, 
além de doenças ca rdíacas. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
A ansiedade pode ser determinada pela emoção que o indivíduo vivencia, 
causando agitação, estado desagradável, medo, apreensão, além de sint omas 
físicos, tais como coração acelerado, suor e vontade de urinar f requente. Está 
relacionada com diferentes transtornos, sendo eles: transtornos de ansiedade 
generalizada, síndrome do pânico, estresse pós-traumático e fobias. 
A prática do exercício tende a ser mais eficaz em pessoas com níveis ele-
vados de ansiedade, fazendo com que sejam diminuídos. É ainda importante 
ressa ltar que a prática de exercícios está associada à redução na tensão mus-
cular e que a diminuição de sintomas não tem necessariamente relação com 
os ganhos fisiológicos do exercício, pois a prevenção acontece independente-
mente da intensidade, duração ou do t ipo do exercício. Dessa forma, conseguir 
manter uma rotina de at ividades físicas faz com que consequências positivas 
sejam promovidas, havendo como resultados redução do estresse, aumento 
da autoestima e melhora no humor, devido à liberação de hormônios (endor-
fina, dopamina e serotonina) decorrentes da atividade f ísica. 
Em relação à depressão, há um t ranstorno psicológico que envolve tristeza 
frequente, ba ixa autoestima, pessimismo, pensamentos distorcidos e/ou negati-
vos, fa lta de energia e desesperança. Os sintomas podem ser diferentes depen-
dendo da pessoa, mas em geral estão associados à irritabilidade, ideação suicida 
e fadiga, resu ltando também em alta incapacidade e perda social. Na maior parte 
dos casos, os tratamentos acontecem por meio da terapia e medicamentos, mas 
estudos têm defendido que a prática da at ividade física pode acarretar benefícios. 
Os efeitos positivos do exercício físico sobre a ansiedade e depressão são 
classificados em dois níveis: agudos e crônicos. Os agudos acontecem ao longo 
da prát ica e imediatos, mas tendem a ser temporários. Já os crônicos são de-
terminados a longo prazo, sendo mais necessários na prevenção e redução dos 
transtornos. Dessa forma, entende-se que os treinamentos mais longos são 
mais eficientes do que os curtos para facilitar alterações positivas. 
Com relação aos t ipos de exercícios, os considerados moderados tendem 
a estar relacionados com os índices de ansiedade, auxi liando na 
redução de sintomas; enquanto para a depressão, os exercícios 
mais eficazes são os que mantêm a pessoa mais at iva. Ressa lta-
-se que os efeitos do exercício são notáveis em qualquer idade, 
etnia, sexo, condição de saúde ou situação econômica. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Principais teorias em Psicologia do Esporte de alto 
rendimento 
•• 
Como uma ferrament a cultural, o esporte acompanha as mudanças da so-
ciedade e o apr imoramento do desempenho esportivo acontece desde o prin-
cípio dos Jogos Olímpicos. A prát ica esport iva com objet ivo de alcançar me-
lhores resu ltados dentro de uma competição estabelece um espaço em que 
o atleta pode aplicar e confirmar suas competências, sejam elas pessoais ou 
sociais. Assim, o desenvolvimento atlético vem sendo constituído e desenvolvi-
do por diferentes perspectivas, como a Biomecânica. 
O esporte considerado de alto rendimento est á relacionado a um espetácu-
lo, ou seja, ele é protagonizado por uma atleta profissiona l em busca de cam-
peonatos, estando comprometimento e dedicação acima de uma prática por 
lazer ou por qualidade de vida. Dessa forma, o atleta está sempre em busca 
da perfeição, trabalhando de modo contínuo o corpo para que seja otimizado 
e potencializado. 
Contudo, são questionados os valores da pessoa em relação à sociedade 
e seu corpo pertence de alguma forma à comissão técnica. Tal avanço compe-
titivo provoca uma mudança na pressão dos treinamentos, que ficam mais 
evidentes e com cobranças excessivas, fazendo com que o at leta tenha pouco 
tempo para descansar, visto que não pode perder o cond icionamento físico. 
Nessa perspectiva, o atleta tem que superar qualquer limite que seja imposto 
ao corpo ou à mente, superando sua eficiência no esporte. 
É coerente dizer que a motivação intrínseca é que permite ao atleta viver 
nesse tipo de situação, abdicando momentos da vida pessoal. Muitas vezes, ela 
começa a ser traba lhada na infância ou na adolescência, podendo ser considerada 
parte do atleta e possibilitando que objetivos sejam alcançados, independente-
mente dos obstáculos e pontos fracos. A determinação também pode ser consi-
derada parte do atleta de nível olímpico, visto que, mesmo sofrendo lesões ao de-
correr dos treinamentos, por exemplo, ele persiste em realizar seu objetivo final. 
Em suma, entende-se que o traba lho e os resu ltados obtidos no esporte 
dependem de um tre inamento r igoroso e t rabalho árduo, sendo consideradas 
como prioridade na vida do atleta características como coragem, determina-
ção, persistência e superação. No entanto, a sobrecarga dos treinamentos e 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
das competições pode t razer algumas consequências, como frustração, uma 
vez que o atleta acredita ser invulnerável. 
Para um bom desempenho, sem traumas, frustrações ou outras emoções 
negativas, é preciso, então, pensar tanto na condição física quanto na psico-
lógica. Considera-se que um atleta de alto rendimento, capaz de controlar o 
corpo e ter inteligência emocional, pode alcançar melhores resultados e, nesse 
âmbito, está a PE. É importante ainda destacar que a PE não está associada 
apenas com as questões da prática esportiva, buscando também compreen-
der os fenômenos por meio da Psico logia Social. Dessa forma, se por um lado 
o esporte de alto rend imento cria uma perspectiva competitiva, com foco em 
obter resultados positivos, o esporte, a partir da visão socia l, norteia a prát ica 
pensando no bem-estar e na motivação. 
o psicólogo que atua nessa direção tem que ter clareza de alguns pontos. 
Uma estratégia é fazer com que os participantes comparti lhem conhecimentos 
e experiências, permitindo o desenvolvimento da confiança e das técnicas, pro-
movendo a cooperação e diminuindo a pressão criada por causa da competiti-
vidade. Ad icionalmente, uma teoria em prát ica vê o atleta como alguém em po-
tencial e capaz de desenvolver habi lidades, denominada de desenvolvimento 
positivo de jovens, que busca também manter a integridade do indivíduo emtransição para a vida adulta. 
•• 
Desenvolvimento positivo de jovens no esporte 
O desenvolvimento positivo de jovens (DPJ) é uma abordagem teórica que 
surgiu na década de 1990 com o intuito de compreender a ado lescência como 
um processo positivo. A abordagem dispõe que o jovem tem potencia l para de-
senvolver habil idades e capacidades, consequentemente, prevenindo e ame-
nizando comportamentos desadaptativos. As características desenvolvidas 
ainda podem ser alinhadas aos domínios sociais (família, comunidade e esco-
la), uma vez que o jovem passa a contribui r com esses meios. Nessa di reção, o 
DPJ pode ser compreend ido a part ir de uma plasticidade, pois acontece a partir 
de uma relação com trocas bidirecionais (jovem e contexto), que, quando são 
reciprocamente benéficas, podem auxil iar no desempenho individual e social 
de forma saudável e posit iva (HOLT; DEAL; PANKOW, 2020). 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
EXPLICANDO 
Por comportamento desadaptativo, entende-se o uso de substâncias como 
drogas e álcool, depressão, ansiedade, transtornos alimentares, autoesti-
ma baixa e evasão escolar. 
Posto que a prática esportiva permite promover características como em-
patia, liderança, trabalho em equipe, carát er e responsabi lidade, o ambiente 
deve ser bem-estruturado e coordenado por treinadores, seguindo a premissa 
de proporcionar aprendizagem, cooperação e suporte. Isso contribui também 
para a re lação do atleta com outros atletas, fundamental para que tais habil i-
dades sejam estimuladas. 
Entende-se que níveis mais avançados de DPJ possibilitam comportamentos 
de r isco menores, o que significa que as possibilidades para se engajarem com o 
contexto, colaborando consigo, co legas, esporte, família e comunidade são maio-
res. A abordagem teórica, portanto, recomenda que o desenvolvimento aconte-
ça por intermédio de intervenções, diminuindo os comportamentos de risco e 
promovendo comportamentos saudáveis, que englobam relacionamento socia l 
ou altruísmo, competências intelectuais ou físicas e melhora no rendimento. 
Dentro das relações que o esporte proporciona, o re lacionamento atleta 
-at leta é necessár io, visto que o traba lho em equipe permite construir um am-
biente de formação e suporte, estando associado a maior prazer pe la prática, 
atitudes e emoções positivas em relação às pessoas e maior compromisso. À 
vista disso, o atleta adquire benefícios maiores se comparados ao traba lho 
sozinho, uma vez que a equ ipe estimula sacrifícios pessoais, esforços e satis-
fação. Portanto, possibi lita a promoção de um ambiente social, que permite 
aprimorar as habil idades. Ademais, o relacionamento atleta-treinador pode 
ser interpretado por meio de quatro elementos, dispostos no Quadro 5. 
QUADRO 5. ESTRUTURA DA RELAÇÃO ATLETA-TREINADOR 
Elemento 
Complementaridade 
::=:::::::=:::: 
Descrição 
Está associada ao nível de controle que um tem sobre o outro, como 
também a cooperação e colaboração de ambos para alcançar metas 
e objetivos, obtendo, consequentemente, sucesso no desempenho 
esportivo. Quando o atleta tem complementaridade com seu treinador 
e vice-versa, o ambiente saudável é estimulado, fazendo com que o 
atleta se sinta mais encorajado e seja engajado em sua prática. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Comprometimento 
Refere-se ao quanto o atleta está motivado com o esporte e o 
treinador. Engloba também o quanto o treinador valoriza esforços e 
relações, considerando a contribuição desses pontos para o desfecho 
do relacionamento. 
' 
Proximidade 
Coorientação 
Diz respeito à confiança e respeito, ou seja, ao tom emocional ou 
ao estado da relação. Dependendo do nível da proximidade, os 
resultados pessoais e relacionais podem ser positivos. 
Refere-se a relacionamentos, elementos afetivos, cognitivos e 
comportamentais, agrupando todos os outros conceitos. 
Diante disso, há modelos teóricos capazes de avaliar o DPJ com foco em 
compreender limitações e potencialidades para conseguir compreender o atle-
ta, planejar estratégias e aplicar intervenções, sem que prejudique qualquer 
outra área da vida e até mesmo a saúde física e mental do jovem. Entre esses 
modelos, está o 5 Cs, desenvolvido por Lerner (2005), com finalidade de avaliar 
o desenvolvimento do atleta por meio de cinco ativos internos: caráter, con-
fiança, competência, conexão e cuidado (Quadro 6). 
Ativo interno 
Caráter 
Competência 
Conexão 
Confiança 
Cuidado 
QUADRO 6. MODELO TEÓRICO 5 CS 
~ 
Definição 
Respeito pelas regras sociais e desenvolvimento moral no esporte. 
Perspectiva sobre as próprias ações; habilidade que o atleta demonstra e 
desempenha em relação à sua prática esportiva. 
Qualidade das relações no contexto esportivo, podendo ser com o treinador 
ou equipe esportiva. 
Sentimento interiorizado, determinando o valor e a autoeficácia que o atleta 
possui sobre sua capacidade de ter sucesso no esporte. 
Sentimento de compreensão e empatia. 
São diversas as medidas capazes de avaliar os cinco fatores como forma de 
buscar informações necessárias para verificar a eficácia dos programas espor-
tivos. Diante disso, uma ferramenta proposta a isso facilita o planejamento de 
estratégias e aplicações de intervenções, com objetivo de alcançar resultados 
melhores com os atletas, englobando desempenho na prática, metas atingidas 
e outras emoções que promovam o desenvolvimento positivo sem qualquer 
prejuízo na vida do jovem, visando também seu futuro alto rendimento. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
•• 
Mulheres olímpicas 
Outro personagem importante para o desenvolvimento do esporte de alto 
rendimento é a mulher. Durante muitos anos, as mulheres foram consideradas 
profanadoras de um espaço que era exclusivo aos homens. Assim, mesmo em 
uma prática não profissiona l e não competitiva, elas deveriam ser apenas ob-
servadoras, ficando em arqu ibancadas, uma vez que o mundo olímpico exigia 
força, determinação e resistência. 
Diante disso, o início da participação de mulheres no esporte profissiona l 
aconteceu de forma precária, no decorrer do século XX, a partir dos movimen-
tos feministas . A princípio, a maioria das atletas nos Jogos Olímpicos era da 
Europa e dos Estados Unidos, países que consegu iam aprovação do Comitê 
Olímpico Internacional. Na Tabela 1, é apresentado o ano de ingresso de ho-
mens e mulheres para cada esporte. Observa-se que no boxe, por exemplo, as 
mulheres conseguiram se inserir somente no século XXI, em 2012. 
Esporte 
Atletismo 
Badminton 
Basquete 
Beisebol 
Boxe 
Canoagem 
Ciclismo 
Esgrima 
Futebol 
Ginástica 
Golfe 
Handebol 
Hipismo 
TABELA 1. RELAÇÃO DE INGRESSO NO ESPORTE 
~ 
Ano de ingresso dos 
homens 
1826 
1992 
1936 
1992 
1936 
1896 
1896 
1908 
1986 
1900 
1936 
1900 
Ano de ingresso das mulheres 
1928 
1992 
1976 
Não há 
2012 
1984 
1924 
1996 
1928 
1900 
1976 
1952 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Hóquei sobre grama 
Iatismo 
' 
Judô 
Levantamento de peso 
Luta 
Natação 
Nado sincronizado 
Pentatlo moderno 
Polo aquático 
' 
Remo 
Rúgbi 
Saltos ornamentais 
Softbol 
Taekwondo 
Tênis 
Tênis de mesa 
Tiro 
1 
Triatlo 
Vôlei 
1 
Vôlei de praia 
1908 
1900 
1964 
1920 
1904 
1896 
Não há 
1912 
1900 
1900 
1900 
1904 
Não há 
2000 
1900 
1988 
1900 
2000 
1964 
1996 
Fonte: CARDOSO, 2000 apud NASCIMENTO, 2012, p. 26. 
1980 
1988 
1992 
2000 
1912 
2000 
2000 
1976 
2016 
1912 
1996 
2000 
1988 
1988 
2000 
1996 
No Brasil, a participação demorou um pouco mais, devido a alguns impedi-
mentos legais relacionados à prática esportiva de mulheres. A primeira brasi-
leira a representa r o país nos Jogos Olímpicos foi a nadadora Mar ia Emma Lenk 
(1915-2007), em Los Angeles, no ano de 1932, sendo a única mulher em uma 
equipe masculina de 57 atletas. Ela voltou às Olimpíadas de Berlim, em 1936, 
acompanhada de 72 atletas masculinos. 
ASSISTA 
A trajetória das atletas brasileirasnão foi fácil, mas mostra 
muito a força dessas mulheres. Para saber mais, assista ao 
documentário Mulheres Olímpicas (2013), dirigido por Laís 
Bodanzky, que retrata histórias sob a perspectiva das atletas. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
A edição da competição em Londres, em 1948, ocorreu após o cancela-
mento dos Jogos devido à Segunda Guerra Mundial, e mesmo assim o número 
de atletas eram desiguais entre os sexos. A delegação brasilei ra mandou 72 
homens e 11 mulheres, uma desigualdade que não era específica do Brasil e 
acontecia com outras delegações também, o que durou até a década de 1980. 
Os Jogos Olímpicos de 1984 foram marcados pela participação de 1.620 
atletas mulheres, em modalidades de ti ro e ciclismo - o que ocorreu pela pri-
meira vez. Além disso, foram criadas duas modal idades exclusivamente para 
elas: a ginástica rítmica e o nado sincronizado. A partir daí, as mulheres fo-
ram ganhando cada vez mais espaço: em 1992 conseguiram disputar lutas de 
j udô; em 1996, passaram a competir no f utebol e no vô lei de praia (modalidade 
acrescentada para ambos os sexos); e em 2000, quando completava 100 anos 
da primeira participação das mulheres em Olimpíadas, as atletas conseguiram 
ocupar espaço na modalidade de salto com vara. 
Algumas atletas que fizeram história nos Jogos Olímpicos, em âmbito inter-
naciona l ou naciona l, foram: 
• Larissa Latynina (1934): a ucraniana começou a carreira como ba ilarina 
e, aos 19 anos, competiu no Campeonato Mundial de Ginástica Artística. Em 
1956, estreou nos Jogos Ol ímpicos, em Melbourne, conquistando quatro meda-
lhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. Ao todo, conquistou 18 medalhas 
olímpicas de três Olimpíadas: Melbourne (1956), Roma (1960) e Tóquio (1964); 
• Birgit Fischer (1962): a alemã é considerada até hoje o maior nome da 
canoagem de velocidade. Aos 18 anos, estreou nos Jogos Olímpicos de Moscou, 
em 1980, ganhando um ouro. Até o fina l da carreira, conqu istou 12 medalhas e 
participou de sete olimpíadas: Moscou (1980), Los Ange les (1984), Seul (1988), 
Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000) e Atenas (2004); 
• Jenny Thompson (1973): a norte-americana é a sétima maior medalhis-
ta da história dos Jogos, participando da modalidade natação. Conquistou 12 
medalhas, participando de campeonatos internacionais e Jogos Olímpicos. Es-
treou em Barcelona (1992), participando também das Olimpíadas de Atlanta 
(1996) e Sydney (2000); 
• Jacqueline Silva (1962) e Sandra Pires (1973): foram as primeiras brasile i-
ras a ganharem medalhas nos Jogos Olímpicos, com o ouro na modal idade vô lei 
de pra ia nas Olimpíadas de Atlanta (1996); 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
• Maurren Maggi (1976): foi uma das primeiras brasi leiras a conqu ist arem 
medalhas olímpicas em esportes individuais. Superou a atleta da Rússia no sa l-
to em distância, com um salto de 7,04 m, conquistando o ouro e tornando-se a 
primeira brasileira a sub ir no pód io dessa modalidade em Pequim (2008); 
• Ketleyn Quadros (1987):junto com Maurren, marcou seu nome na história 
dos Jogos Olímpicos ganhando a primeira medalha individua l do judô feminino na-
ciona l em Pequim (2008). Conquistou sua medalha de ouro com apenas 20 anos; 
• Hélia Souza (1970): mais conhecida como Fofão, a j ogadora de vôlei é a 
atleta brasileira com mais medalhas ol ímpicas, uma de ouro e duas de bronze. 
Participou de cinco Olimpíadas: Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000), 
Atenas (2004) e Pequim (2008). 
Apesar desse processo acontecer aos poucos, com pouca va lorização das 
atletas, não houve muito desempenho e determinação, fazendo com que le-
vassem medalhas cada uma a seu país (RÚBIO, 2011). Contudo, ainda não se 
pode dizer que há igualdade no esporte. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Sintetizando • 
O cresc imento da Psicologia do Esporte (PE), nos âmbitos teórico e prá-
t ico, passou por diferentes obstáculos até seu reconhecimento no campo 
científico. Considerada uma subárea, aborda conce itos que compõem ou-
tras d iscip linas, sendo compreend ida como uma área multiprofissional que 
traba lha com aprendizagem motora, t reinamento esportivo, saúde física e 
fenômenos psicológicos. 
Com seu desenvolvimento, foi possível também dar abertura ao trabalho 
com ou t ras pessoas que praticam atividade física, não se lim itando apenas 
a atletas de alto nível. Além d isso, passou-se a compreender como todo 
o sistema esportivo pode afetar outras pessoas que não necessariamente 
praticam a atividade, incluindo o tre inador, o árbitro e os fami liares. Diante 
d isso, conclu i-se que a PE não é desenvolvida para um, mas para t odos que 
dependem do esporte. 
Ao entender o valor da subárea, passa a compreender o sign ificado da prá-
tica da atividade f ísica, a qual visa saúde e também resultados posit ivos. Ade-
mais, o estudo teórico permite identificar que o exercício físico auxil ia na redu -
ção da ansiedade e da depressão, consequentemente, melhorando os níveis de 
humor, autoest ima e sensação de bem-estar. 
No entanto, nem sempre a prática pode ser considerada positiva quando 
comparada a atletas de alto rendimento que podem vivencia r momentos ex-
tremos. Os t reinamentos que visam melhor desempenho e conquist as podem 
fazer com que ele se torne mais rígido e controlador, além de deixar de vi-
venciar momentos que também são importantes, como o processo da ado-
lescência. Além de afetar sua saúde mental, os tre inamentos árduos podem 
acarretar lesões. Dessa forma, é necessário pensar em formas de lidar com a 
promoção de habi lidades sem afetar negativamente outros aspectos da vida, 
aplicando, por exemplo, a abordagem do desenvolvimento positivo de jovens 
(DPJ). Esta teoria busca melhorar o desempenho dos atletas com equil íbrio, 
isto é, ao mesmo tempo em que está aplicando intervenções para melhorar 
suas competências, também busca t rabalhar suas emoções, comportamentos 
e atitudes posit ivas. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Ainda sobre o esporte de alto rendimento, este foi por muito tempo focado 
apenas nos homens, dado que mulheres eram vistas apenas como espectado-
ras. Assim, durante o século XX, atletas fem ininas precisaram conquistar seu 
direito e espaço, pois não era possíve l imaginar mulheres realizando atividades 
que envolviam força e resistência. Ao longo do tempo, elas foram constru in-
do sua história em competições ao mostrarem determinação e desempenho, 
conquistando medalhas e incentivando outras mulheres, tornando-se também 
uma temática importante para os estudos da PE. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Referências bibliográficas • 
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MORETTI, A. R. Psicologia do esporte: perspectivas históricas. Argumento, Jun-
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144401 /publico/PAU LO _H EN RIQ U E_DO _NASCI ME NTO.pdf>. Acesso em: 01 jul. 
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RÚBIO, K. As mulheres e o esporte olímpico brasileiro. São Paulo: Casa do 
Psicólogo, 2011. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
SAMULSKI, D. Psicologia do esporte: teoria e aplicação prática. Belo Horizonte: 
Imprensa UFMG, 1995. 
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exer-
cício. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
UNIDADE 
~ 
~ 
ser 
educacional 
Objetivos da unidade 
Apresentar fatores que são importantes para o desenvolvimento e 
permanência para a prática esportiva, tais como feedback e motivação; 
Abordar questões que se referem à percepção do atleta, seu conhecimento 
sobre suas capacidades, habilidades, como também da sua atenção frente 
ao esporte, como a autoeficácia na prática e os benefícios da atenção plena 
(mindfulness); 
Expor as possíveis consequências da prática esportiva à saúde quando há 
fatores causando pressão, bem como a estratégia para lidar com essas situações. 
Tópicos de estudo 
Feedback, reforçamento e 
motivação 
Feedback intrínseco e 
extrínseco 
Motivação intrínseca e 
extrínseca 
Percepção e atenção nas 
práticas esportivas 
Autoconceito e crenças 
Autoeficácia no esporte e a 
performance esportiva 
O papel do mindfulness no 
esporte 
Compulsão e perdas 
Síndrome de burnout no 
esporte 
O coping 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
•• 
Feedback, reforçamento e motivação 
Entre as questões que são mais relevantes na área esportiva, está a inves-
tigação dos fatores relacionados ao processo de ensino-aprendizagem. Esse 
processo tem como objetivo desenvolver e aprimorar habilidades motoras, 
pois, para que as atividades físicas sejam bem executadas, é preciso trabalhar 
tais habilidades. Além disso, também trabalha com o conhecimento, aplicação 
e os resultados obtidos dos jogos. Dessa forma, essa aprendizagem motora 
pode ser compreendida como um conjunto de experiência acerca da prática, 
que é capaz de estimular mudanças na performance. 
Nessa direção, a atuação do treinador/técnico se torna essencial, visto que 
este tem o papel de entender a proximidade com o grupo de trabalho, assim 
como intervir, planejar, estruturar e aplicar conteúdos a fim de alcançar objetivos 
em relação ao exercício ou de uma competição, a partir de diversas possibilidades 
que são capazes de auxiliar o seu trabalho. Dentre as possibilidades, o feedback 
pode ser compreendido como um dos fato res importantes ao processo. 
O feedback é uma variável que envolve níveis diferentes de informações, 
sendo reconhecida e necessária no contexto da aprend izagem das habilidades, 
podendo ainda ser definido como uma ferramenta que proporciona a obtenção 
de resultados e respostas para as diversas circunstâncias que aparecem no am-
biente de ensino. Em geral, o feedback pode ser compreendido como um meca-
nismo que compartilha informações com intuito de corrigir os erros, portanto, 
quando o feedback é fo rnecido com interação pedagógica, pode ter três tipos de 
influências fundamentais, que são apresentadas no Quadro 1. 
Motivação 
Reforço 
Informação 
QUADRO 1. INFLU~NCIAS DO FEEDBACK NA APRENDIZAGEM 
::=::::::::::=: 
Diz respeito ao estímulo de novas tentativas, auxiliando para que o atleta tenha 
equilíbrio mental e físico, consequentemente fazendo com que aumente seu 
esforço, produza efeitos positivos na prática e tenha satisfação com ela. 
Está associado a reforços que os atletas recebem por suas ações, sendo elas 
corretas ou incorretas, portanto, podendo ser reforços positivos ou negativos. 
É sobre dar informações sobre os comportamentos e atitudes que podem 
ser melhorados, proporcionando que o atleta corrija e faça ajustes dos seus 
movimentos, por exemplo. A informação transmitida deve considerar a 
capacidade do atleta de processar e assimilar a informação. 
Fonte: PÉREZ e BANUELOS (1997); SCHMIDT (1993). (Adaptado). 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Na prática esportiva, o feedback pode ser fornecido por diferentes motivos, 
sendo eles, segundo o Quadro 2. 
QUADRO 2. MOTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE UM FEEDBACK NA PRÁTICA ESPORTIVA 
::=:::::::::=:: 
Erros constantes na realização da atividade e pela falta 
de interpretação dessas informações. 
Falta de atenção aos estímulos que podem facilitar o 
seu desempenho e autocontrole na execução da tarefa. 
Escassez de conhecimento sobre a realização da atividade. 
•• 
Feedback intrínseco e extrínseco 
Em suma, o feedback diz respeito à informação que é compartilhada com 
objetivo de auxiliar atlet as a corrigirem erros na sua prática, por consequência, 
desenvolver sua performance, que é dividido em duas maneiras, sendo elas o 
feedback intrínseco e o feedback extrínseco. O primeiro está relacionado a 
uma informação sensorial decorrente de uma produção de movimentos, po-
dendo ter relação com fontes externas do corpo (exterocepção) ou de dentro 
do corpo (propriocepção), no qual os atletas percebem os movimentos pelos 
órgãos sensoriais enquanto e após rea lizar a atividade. 
Enquanto o feedback extrínseco, que também é denominado de feedback 
aprimorado ou aumento, é sobre as informações que o at leta recebe por meio 
de fontes externas, tais como, técn ico, vídeo, cronômetro, entre out ros. Nesse 
tipo de processo, o atleta recebe instruções que complementam aquela rece-
bida pelo feedback intrínseco, assim possibilitando sua melhora na execução e 
nos resu ltados dos seus movimentos. 
Os pesquisadores Schmidt e Wrisberg (2010) descreveram que o feedback 
extrínseco pode ser separado em dois t ipos: aquele relacionado com a própria 
realização (Conhecimento de Performance - CP) e o relacionado com o result a-
do obtido (Conhecimento de Resultado - CR). 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
QUADRO 3. COMPREENDENDO OS TIPOS DE FEEDBACK EXTRÍNSECO 
~ 
Tipo Definição 
Diz respeito ao padrão de motivos realizados pelo atleta, ou seja. 
Conhecimento 
de Performance 
suas características e vícios que podem ser responsáveis por um bom 
desempenho ou não. Nesse processo, os técnicos informam para os atletas 
sobre a qualidade dessas ações, com intuito de auxiliar no desenvolvimento 
dos padrões de movimentos e atingirem melhores resultados. 
Um exemplo para esse processo é quando o atleta está treinando faltas e o 
seu técnico orienta que ele deve colocar o pé de apoio mais próximo à bola 
na hora que for chutar. 
Conhecimento 
de Resultado 
Tem como finalidade fornecer informações acerca do desempenho de 
uma habilidade específica e dos resultados de movimentos. Os dados são 
transmitidos, geralmente, de forma verbal. 
Um exemplo desse processo é quando o atleta acerta 10 finalizações de 
gol no primeiro tempo e o treinador passa essa informação para que o 
atleta esteja consciente do seu desempenho. 
Fonte: SCHMIDT; WRISBERG, 201 o. 
Enquanto o feedback intr ínseco é perceb ido por cana is sensoriais do atle-
ta, o feedback extrínseco acontece a partir de treinadores, professores ou 
instrutores. As duas formas de receber informações são complementares e 
essenciais, uma vez que auxiliam para que o atleta consiga atingir resu ltados 
melhores na sua prática esportiva. Independentemente do t ipo de feedback 
recebido, este pode ser transmitido em diferentes estratégias, como símbolos, 
vozes e gestos. No Quadro 4 é possível observar alguns métodos que são ut il i-
zados para faci litar a troca deinformações. 
Feedback 
verbal 
Feedback 
Visual 
QUADRO 4. TRANSMISSÃO DO FEEDBACK 
As instruções verbais são bem presentes em qualquer situação, mesmo fora 
do contexto esportivo, sendo apresentadas por meio de mensagens e falas que 
auxiliam os atletas a perceber seus pontos fracos, consequentemente orientando 
para que as habilidades motoras sejam aprimoradas. Contudo, é importante 
ressaltar que a sobrecarga de informações pode comprometer a evolução e 
resultados positivos, portanto, é recomendado que o feedback seja pensado para 
transmitir o máximo de informações, mas com poucas palavras ou frases chaves. 
A parte visual dos indivíduos é bastante complexa. diante disso alguns pesquisadores 
buscaram compreender a relação da visão com a prática esportiva. A partir disso, 
foi possível compreender que a percepção visual de qualidade possibilita que os 
atletas sejam mais rápidos e consigam ter mais acertos nas suas jogadas. Dessa 
forma, entende-se que o feedback visual é uma ferramenta essencial. que tem como 
finalidade facilitar a compreensão do atleta com o seu esporte. Este pode acontecer 
por meio de modelos, ou seja, vendo alguém realizar um movimento, podendo ser 
seu professor, treinador ou instrutor. como também por imagens, sejam elas fotos ou 
vídeos, possibilitando a aprendizagem por meio da observação. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
O feedback só pode ser considerado final izado quando o aluno entende 
este como um reforço, sendo defin ido como aquilo que possib ilita o atlet a 
repetir ou não uma ação. Quando o reforço é positivo, o atleta entenderá 
como uma questão motivacional, fazendo com continue real izando seus mo-
v imentos. Por outro lado, quando é negat ivo, pode bloquear qualquer apren-
dizagem e processo de tentativa. Nesse sentido, o treinador, ao proporcionar 
o feedback, precisa considerar diferentes fatores, como, a faixa et ária, a ex-
periência motora, como também a natureza do erro. 
•• 
Motivação intrínseca e extrínseca 
A motivação surge em conjunto com o feedback, a partir do papel que o 
treinador decide desempenhar com o atleta e com a equipe esportiva. A mo-
tivação é considerada um dos elementos centrais para concentrar as informa-
ções percebidas na direção do comportamento. A forma como os treinadores 
lidam com os desafios acerca do processo de ensino e as estratégias utilizadas 
para fortalecer os atletas é um dos fatores que determina a satisfação, engaja-
mento e permanência na prát ica. 
O ato de praticar esportes requer especificidades do atleta por causa do alto 
desenvolvimento das funções, mas também da qualidade da prática e dos estados 
psíquicos, dessa forma entende-se que o esporte está direcionado para alcançar 
metas que vão além do esforço e determinação. Essa ação pode ser denominada 
como uma causa, um motivo ou j ustificativa para permanência na prática. 
Quando o motivo pe la permanência é inerente ao objeto de aprendizagem, 
não dependendo de fatores externos, este é chamado de motivação intrínse-
ca. No ent anto, quando a determinação e engajamento pe lo esporte são cau-
sados por fatores externos, ta is como saúde física, ganho de medalhas e out ras 
recompensas, este é determinado como motivação ext rínseca. 
A real ização de pesquisas sobre fatores motivais podem auxil iar na prática de 
esportes de crianças e adolescentes, uma vez que permite identificar e elaborar 
treinamentos estratégicos que faci litam o ensino. Dessa forma, o conhecimento 
sobre esses elementos proporciona resultados positivos futuros, a partir de pla -
nejamentos mais direcionados, aumentando o interesse dos envolvidos, além 
de se sentirem motivados a permanecer e buscar o sucesso através do esporte. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Quando se trata da Psicologia do Esporte, a área busca compreender os as-
pectos socioemocionais que afetam o desempenho dos atletas, principalmente 
os de alto rend imento, bem como entender os efeitos da prática esportiva sobre 
o desenvolvimento psicológico. A partir disso, a literatura vem defendendo que 
a motivação é um dos principais fatores que afetam o rend imento dos atletas, 
como também a autoestima, autoconfiança, agressividade, concentração, entre 
outros. A motivação pode ser considerada como determinante para a intensida-
de e a direção dos esforços, uma vez que a direção está associada ao quanto o 
atleta se aproxima ou se afasta de algumas circunstâncias, e a intensidade diz 
respeito ao quanto de determinação é colocado em uma determinada situação. 
É possível compreender as ca racterísticas de cada tipo de motivação na Figura 1. 
Motivação intrínseca 
• Divertimento 
• Humor 
• Sensações e sentimentos da prática 
• Mindfulness 
Motivação extrínseca 
• Sensações físicas 
• Tensão muscular 
• Postura corporal 
• Controle cardiorrespiratório 
• Controle de peso 
Figura 1. Razões intrínsecas e extrínsecas para permanência na atividade física. 
As razões internas para permanecer no esporte são aquelas que não são 
afetadas por fatores externos, acont ecendo de forma voluntária, dependendo 
do est ado emocional e psicológico dos atletas, enquanto as razões externas 
têm relação com os resultados que são passíveis de observação, como ganho 
de massa, relação com o treinador e diminuição da gordura corporal. A par-
tir da literatura foi possíve l identificar que as motivações intrínsecas são mais 
presentes para iniciação e manutenção das at ividades, como os relacionamen-
tos que eram criados nesse ambiente e o suporte fami liar. Ad iciona lmente, o 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
encorajamento dos t reinadores, a estrutu ra do clube ou centro de treinamento 
e o bom desempenho em competições também aparecem como razões para a 
prát ica esportiva. 
A partir dessas informações, a Teoria de Autodeterminação (TAD) sur-
giu, fazendo com que a motivação deixasse de ser compreend ida isoladamen-
te, sendo o resultado de uma característica. A TAO defende que as pessoas 
quando estão ativas e cu r iosas tendem a demonstrar interesse para aprender 
e explorar novas atividades. Nessa di reção, a teoria descreve que os atletas 
possuem diversas formas de classificar as motivações, as quais afetam o f un-
cionamento e as personalidades. 
A fim de organizar e invest igar os efe itos do comportamento em relação 
à motivação, a TAO inclui mais uma forma de motivação além da intrínseca e 
extr ínseca, sendo esta denominada desmotivação. 
Motivação 
Intrínseca 
Extrínseca 
QUADRO 5. A MOTIVAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DA TAD 
Subtipos 
Para saber 
Para realizar 
Para 
experienciar 
Regulação 
Externa 
Regulação 
Interiorizada 
Regulação 
Identificada 
~ 
Definição 
Acontece quando o atleta realiza a atividade com intuito 
de aprender sobre essa prática. 
É determinada pelo prazer que o atleta tem em realizar 
a atividade. 
Diz respeito ao atleta que participa das atividades para 
experienciar as situações estimulantes inerentes à tarefa. 
O comportamento é regulado a partir de recompensas 
ou de medo das consequências negativas (e.g. críticas). 
Esse tipo de motivação está associado a quando o 
treinador impõe castigos aos atletas que não cumpriram 
com as tarefas propostas. 
Acontece quando a motivação externa é internalizada, 
por exemplo, comportamentos reforçados por pressões 
internas (culpa). Tal comportamento pode ser observado 
quando alguém pratica a ação por "desencargo de 
consciência". 
Quando o atleta realiza um movimento ou 
comportamento que não optou por fazer, mas que 
é considerado importante. O atleta reconhece o 
valor disso e mesmo que não se interesse por ela, 
consegue fazer o que é proposto com objetivo de se 
esquivar de eventos aversivos, como uma bronca do 
treinador. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Desmotivação 
A desmotivação é o estado motivacional que indica que 
os atletas não identificaram razões para realizar alguma 
atividade. Nessa perspectiva, os atletas acreditam que a 
atividade não trará benefícios ou que nãoconseguirão 
realizar de forma satisfatória. 
É importante destacar que, ao se basear na TAD para entender as moti-
vações dos atletas, a motivação não pode ser interpretada como dicotomia 
simplista de divisão entre o intrínseco e o extrínseco. O conjunto de razões é 
composto por fatores externos até os mais autodeterminados, além disso as 
motivações extrínsecas não devem ser associadas a comportamentos negati-
vos, uma vez que possuem um nível de autonomia, enquanto as razões intrín-
secas são de caráter autodeterminável. 
ASSISTA 
A relação com o treinador e familiares é uma das fontes 
de motivação extrínseca, consideradas fundamentais 
para a permanência da prática esportiva e do bom 
desempenho. No vídeo Crianças, esporte e competi-
ção: comportamento de pais e treinadores é possível 
observar como essas duas fontes podem influenciar na 
motivação dos atletas. 
•• 
Percepção e atenção nas práticas esportivas 
A partir das atividades esportivas, as pessoas não desenvolvem apenas o 
físico, mas também conseguem aprimorar habilidades cogni-
tivas, dessa forma a prática regu lar pode estimular a per-
cepção e atenção dos participantes. A literatura defende 
a importância dessas habilidades dentro do processo de 
ensino-aprendizagem para que os atletas consigam alcançar 
resultados e exigências frente aos jogos esportivos 
competitivos. São consideradas habilidades cogni-
tivas: percepção, atenção, memória, inteligên-
cia e tomada de decisão, que na maioria das 
vezes são características fundamentais para a 
liderança esportiva. No Quadro 6 é possível ob-
servar as definições desses processos. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Processo 
Percepção 
Atenção 
Memória 
Inteligência 
Tomada de 
decisão 
QUADRO 6. DEFINIÇÕES DOS PROCESSOS COGNITIVOS 
~ 
Definição 
A percepção pode ser definida como o processo de extrair as informações 
presentes no meio ambiente, a partir dela é possível dar significado a 
objetos e coisas. Em suma, a percepção está diretamente relacionada ao 
conhecimento. 
A atenção pode ser compreendida como um estado intenso e seletivo da 
percepção. Durante o processo da percepção, a atenção se torna essencial, 
uma vez que é ela que possibilita a seleção de estímulos necessários a 
partir de uma interpretação e assimilação. 
A memória é a capacidade do atleta em adquirir, guardar e restituir as 
informações que são recebidas. Nesse sentido, a memória trabalha para 
amenizar e recuperar experiências vividas durante a prática. Contudo, não 
deve ser considerada como uma fonte de armazenamento de informações, 
mas sim como uma fonte rica de operações e acontecimentos. 
A inteligência é a capacidade mental. possibilitando que o atleta raciocine, 
planeje, resolva problemas, compreenda ideias complexas, além de 
adquirir aprendizagem sobre a sua prática. 
A tomada de decisão diz respeito ao processo de selecionar uma resposta 
em um ambiente que proporciona múltiplas opções de respostas. 
Contudo, não é só sobre chegar a uma decisão, mas conseguir perceber 
quais são as possibilidades de sucesso. 
Em modalidades esportivas que exigem altos níveis de estratégias, comovo-
leibol, basquetebol, futebol e handebol, o processo de cognição é muito neces-
sário, pois permite que o at leta real ize 
a "leitura do jogo", uma vez que pos-
sibilita lidar com a imprevisibi lidade, 
va r iabilidade e jogadas aleatórias. No 
vô lei, por exemplo, os jogadores de-
vem analisar as qualidades do passe, a 
necessidade do bloqueio, se é preciso 
fazer o levantamento, se a bola do ata-
que tem possibi lidade de sair da qua-
dra, além de planejar durante a jogada 
qual a melhor maneira para defender 
e atacar o t ime adversário. 
• 
X ~ o ----.-,r- -
&::_---· 
X. X ~o k-0 
X X 
1' ~o o 
o 
, 
Figura 2. Exemplo de uma estratégia tática a ser cumpri-
da pelos jogadores de vôlei. Fonte: Shutterstock. Acesso 
em: 03/08/2021. (Adaptado). 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Dessa forma, a percepção, a atenção e a tomada de decisão formam uma 
matriz impor tante para os jogos, pois durante as partidas os atletas precisam 
entender todos os estímulos proporcionados pelo ambiente e decidir qual o 
melhor movimento para conseguir os pontos necessários. 
•• 
Autoconceito e crenças 
O autoconceito é denominado pela percepção que o indivíduo tem sobre 
si, sendo tanto uma construção cognitiva e social que é desenvolvida ao decor-
rer da vida, como também moldado por um conjunto de questões assumidas 
pela pessoa. A percepção, no entanto, não se limita apenas à pessoa, mas ao 
seu comportamento em relacionamentos com os outros também. Em suma, 
o autoconceito pressupõe que as capacidades, valores, atributos e limites são 
integrações na identidade conforme as crenças do sujeito sobre elas. 
O autoconceito pode ser desenvolvido a partir das interações que o sujeito 
tem com outras pessoas e com o ambiente, como familia res, colegas, equipe, 
técnico, adversários etc. Elas são fundamentais para a promoção do conheci-
mento sobre si. Um exemplo dessa característica é a liderança esportiva. 
O esporte competitivo cria ambientes que proporcionam a formação e per-
sonalidade dos atletas, aqueles que exercem um papel de líder tem respon-
sabilidades de auxiliar, motivar e inspirar os atletas dentro e fora dos espa-
ços esportivos, demonstrando uma postura de carisma. A liderança tem sido, 
frequentemente, identificada como uma das causas principais para o sucesso 
ou fracasso de um atleta ou equipe. Nessa direção, o líder tem como objetivo 
buscar o melhor dos atletas, estimulando que eles compreendam suas limita-
ções e potencialidades, facilitando o processo de conhecimento do seu corpo 
e mente. Além disso, o líder deve ter a capacidade de compreender as razões 
que fazem os atletas permanecerem na prática, reforçando essa ação positi-
vamente, pois, ao promover a satisfação e o comprometimento destes, o líder 
terá maiores chances de conduzir a equipe ao sucesso esportivo. 
A liderança é definida como um processo no qual um indivíduo influencia 
um grupo buscando alcançar uma meta ou objetivo em comum. O papel do 
líder no esporte tem um grande peso em criar um ambiente motivacional, com 
objetivo de auxiliar no processo de desenvolvimento da performance. Para 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
ser líder o atleta precisa desenvolver algumas habilidades, sendo elas sociais, 
emocionais, técn icas, táticas e cognitivas. Isso ocorre po is é preciso que quem 
exerce esse papel auxi lie outros atletas a reconhecer seu potencial, seja com 
estratégias aplicadas, como modelos de inspirações, ou respeitando normas 
e regras. Todavia, os líderes que apresentam traços agressivos e autori tários 
podem provocar descontrole emociona l e agressividade dos atletas. 
O modelo do Diagrama 1 demonstra de maneira sintética como o desem-
penho e satisfação dos atlet as dependem de três comportamentos do líder: 
exigido, rea l e preferido. As ca racterísticas da situação, característica do líder 
e características do membro são considerados antecedentes que influenciam 
o comportamento do líder. Dessa forma, se este apresenta comportamento 
adequado em situações, se ajustando às preferências dos membros do grupo, 
consequentemente os at letas irão atingir um desempenho melhor e mais sa-
tisfação. Pode-se relatar que o líder exerce um papel fundamental, de suporte, 
inspiração e aprendizagem, auxiliando os atletas a compreenderem suas habi-
lidades, característ icas e outras potencialidades, promovendo ainda autono-
mia e independência. 
DIAGRAMA 1. O COMPORTAMENTO DO LÍDER 
Antecedentes 
~ 
Comportamentos 
do líder 
. ' ' 
Fonte: WEINBERG; GOULO, 2016, p. 196. (Adaptado). 
(--------
(--------
Consequências 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
•• 
Autoeficácia no esporte e a performance esportiva 
A teoria da autoeficácia é considerada uma das mais recentes quando com-
parada a outras teorias de competência ou eficácia pessoal. A teoria tem como 
premissade que o início e a persistência de um comportamento dependem, 
primeiramente, dos ju lgamentos e expectativas sobre as habilidades compor-
tamentais, capacidades e da forma como enf renta as demandas e os desafios 
criados pelo ambiente. Além disso, a teoria da autoeficácia t ambém entende que 
esses fatores são importantes e operam um papel para o controle psicológico, 
sendo um auxílio para lidar com problemas emocionais e comportamentais. 
A autoeficácia é definida como j ulgamentos que as pessoas rea lizam sobre 
a sua capacidade e habilidade, para delimitar estratégias e executar os planos 
com intuito de desenvolver a performance, e, por consequência, melhorar o 
rendimento visando atingir metas. O atleta com níveis significativos de autoefi-
cácia apresenta convicção de que irá execut ar suas j ogadas com sucesso, real i-
zando movimentos que produzem efeitos positivos para os resultados, portan-
to os pensamentos e crenças pessoais associadas às capacidades para real izar 
uma tarefa pode determinar o rendimento do indivíduo. 
Nessa direção, a autoeficácia pode ser compreendida como ava liação ou 
percepção pessoal sobre a própr ia inteligência, habi lidade e outros conheci-
mentos, contudo não diz respeito a possu ir ou não tais competências, mas em 
acreditar que as possua. 
Se considerarmos a autoeficácia como sinônimo da confiança do atleta em 
realizar uma atividade envolvida no processo cogn it ivo, em que é exigido um 
raciocínio subj etivo, pode-se pensar a autoeficácia como uma percepção subj e-
tiva, pois diz sobre o que a pessoa acredita, além de representar o estado rea l 
de interesse. A autoeficácia é demonstrada a partir de duas maneiras, que são 
apresentadas no Quadro 7. 
Autoeficácia 
específica 
QUADRO 7. TIPOS DE AUTOEFICÁCIA 
:=:::::::::=::: 
É identificada em domínios específicos, sendo demonstrada a partir do 
vínculo entre a percepção e a performance. Essa autoeficácia vem sendo 
encontrada em diferentes situações, tais como bulimia, performance 
competitiva, perda de peso, entre outros. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Auto eficácia 
geral 
Além de ser considerada em situações específicas, a autoeficácia pode ser 
considerada uma variável global ou como um traço de personalidade; há 
estudos da autoeficácia como parte de um conceito dentro de uma estrutura 
desenvolvi mental de crianças. Nesse tipo de processo são consideras todas 
as experiências de sucessos e fracassos da vida que são atribuídos para a 
construção da identidade. 
Os atletas em busca de sucesso durante as competições precisam compreen-
der que as estratégias devem superar as habi lidades físicas. Atualmente, as ha-
bilidades cognit ivas são interpretadas e defendidas por pesquisadores como es-
sencia is, pois têm um papel de influência no funcionamento e desenvolvimento 
atlético. Portanto, a aprendizagem e a performance envo lvem várias questões 
além dos comportamentos mecânicos. Nesse senti do, as crenças de eficácia 
operam um papel necessário, seja para promover habilidades ou para planejar 
que essas habi lidades sejam bem executadas em situações diferentes. 
Em circunstância desse processo não se pode cometer o erro de julgar as 
habilidades físicas isoladamente, é preciso considerar também a percepção do 
atleta para improvisar durante as jogadas, que podem proporcionar estímulos 
imprevisíve is e estressantes. Para que a performance tenha o desenvolvimen-
to necessário, o atleta precisa estar atento para perceber quais são as habilida-
des f ísicas e cognitivas que estão sendo apl icadas naquela partida. 
As percepções da autoeficácia contribuem para a motivação no esporte; a 
partir das crenças pessoais o atleta consegue tomar decisões, escolhendo des-
de quais desafios irá enfrentar e a intensidade do esforço que irá ap licar, como 
também o seu grau de persistência. 
Por fim, dando fechamento à importância da autoeficácia em relação à per-
formance, atletas que possuem habi lidades comparáveis, mas diferentes níveis 
de confiança, não apresentam o mesmo desempenho. Aqueles que apresen-
tam insegurança, dúvidas sobre suas habilidades, mesmo que sejam conside-
rados atletas talentosos, tendem a apresentar desempenho ba ixos, enquanto 
os atletas menos talentosos com altos níveis de segurança tendem a fazer uma 
apresentação de qual idade superior. 
Diante disso, a partir dos esportes competitivos é possível ident ificar a fra-
gil idade da percepção de autoeficácia dos atletas, uma vez que dá para acom-
panhar as quedas de performance causadas pelas falhas devido às crenças da 
eficácia. Mesmo com treinos intensos e planej amento para aperfeiçoar os mo-
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
vimentos físicos, as dúvidas frente ao esporte praticado bloqueiam a execução 
das habilidades de forma satisfatória. 
Nesse sentido, a percepção da au toeficácia tem efeitos sobre os pensa-
mentos, influenciando diretamente o rendimento, podendo aumentar ou di-
minui r a performance. Quanto mais forte for a autoeficácia, mais metas e 
objetivos serão estabelecidos, se ajustando à pessoa e ao compromisso que 
ela tem frente ao seu esporte. 
•• 
O papel do mindfulness no esporte 
Apesar dos benefícios causados pela prática da atividade física, como redu-
ção da depressão, ansiedade e estresse, promoção do bem-estar subjetivo e 
condicionamento físico, muitas pessoas ainda não se sentem motivadas para 
rea liza r algum exercício físico. Diante disso, surge o papel do mindfulness, que 
pode ser descrito como uma atenção plena perante uma experiência, com ati -
tudes abertas e não julgadoras, ou seja, é uma habilidade que permite ao atleta 
centrar-se em sua atividade sem influências de reações internas. 
O mindfulness permite que o atleta foque, intencionalmente, sua atenção 
para o momento presente, bem como para seus aspectos psicológicos para 
melhorar seu rendimento. As principais características são: estar centrado no 
presente (estar consciente da at ividade e percepção dos acontecimentos) e sem 
julgamento (observar com uma atit ude de aceitação plena). 
O termo "mindfulness" foi defin ido como a consciência que aparece por meio 
da atenção plena, permitindo ao atleta foco durante a prática e na experiên-
cia que acontece durante a atividade. Destaca-se que a prát ica do mindfulness 
não é sobre ter a mente vazia de sentimentos ou pensamentos, mas sim prestar 
atenção ao momento presente, sem preocupações. 
A partir disso, as emoções, sensações e pensamentos devem ser considerados 
eventos da mente, podendo ser prat icados de duas formas: informal ou formal. Na 
primeira, a atenção plena é desenvolvida sendo empregadas competências, como 
ouvir os sons da natureza, perceber os movimentos que o corpo faz enquanto respi-
ra, como também perceber emoções (tristeza, raiva, irritação). Para a prática formal 
são necessários treinos mais intensos para a atenção, acontecendo por meio da me-
ditação, que permite a observação dos conteúdos relacionados ao corpo e mente. 
PSICOLOGIA 00 ESPORTE • 
Na prática do exercício físico, o mindfulness tem papel im portante para 
auxiliar no alcance de metas e objetivos, além disso, estimula a satisfação 
com essa prática, v isto que está apoiado em comportamentos de aceitação 
e atenção. Dessa forma, aqueles que buscam o mindfulness tendem a subs-
tituir ou in ibi r tendências habituais indesejadas, consequentemente promo-
vendo o autocontrole. 
Os treinamentos e inte rvenções que são baseados nessa abordagem pro-
porcionam consequências benéficas aos praticantes, pois estimulam a regu la-
ção do exercício e o controle de reações psicológicas negativas (ansiedade), por 
outro lado as pessoas que não vivenciam essa experiência têm probabilidades 
de desistir das atividades por apresentar exaustão e estresse relacionados 
com outros aspectos de suas vidas (por exemplo, trabalho ou família). 
O papel do mindfulness tem receb ido atenção devido ao seu potencial para 
promover

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