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1 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA INTRODUÇÃO A fibrilação atrial é uma arritmia supraventricular em que ocorre uma completa desorganização na atividade elétrica atrial, fazendo com que os átrios percam sua capacidade de contração, não gerando sístole atrial. Essa desorganização elétrica é tamanha que inibe o nó sinusal enquanto a FA persistir. No ECG, não é possível visualizar a onda P (que representa a sístole atrial). Taquiarritmia crônica mais comum, com prevalência de 1-2% na população. À medida que a população envelhece mais, há um aumento da frequência da FA. FATORES DE RISCO ALCOOL** IC HIPERTIREOIDISMO** VALVOPATIAS GENÉTICA (50-60%) DAC DIABETES MELITTUS HAS IDADE APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO OBESIDADE OBS: Solicitar TSH e T4 livre para todo paciente com FA. FISIOPATOLOGIA Estimulo elétrico anormal no AE, próximo à implantação das veias pulmonares → inibição do nó sinusal → ausência de contração efetiva → ausência de onda P. FIBRILAÇÃO ATRIAL QRS estreito RR irregular Ausência de onda P Ondas f (tremor na linha de base) Taquicardia FA AGUDA: tremor mais perceptível em linha de base FA CRÔNICA: tremor menos perceptível em linha de base. CC TO ABC C → Confirmar (ECG, Holter) C → Caracterizar a FA (agudaxcrônica // valvar x não valvar) TO → Tratar A → Anticoagular (CHA2DS2VASc) B → Bom controle dos sintomas (controle do ritmo x controle da FC) C → Controle das comorbidades (MEV) CONFIRMAR ▪ ECG de 12 derivações em repouso ▪ Tira de ritmo (“ECG de fita”) mostrando padrão de FA > 30 seg. CARACTERIZAR FA CLINICA X FA SUBCLINICA ▪ FA CLINICA: diagnosticada com ECG de 12 derivações ou fita> 30seg com padrão FA ▪ FA SUBCLINICA: outro dispositivo que evidenciou ritmo cardíaco elevado (flutter atrial...) FA VALVAR X FA NÃO VALVAR ▪ FA VALVAR: estenose mitral (moderada a importante); válvula mecânica (metálica) **Só pode anticoagular com Varfarina ▪ FA NÃO VALVAR: paciente que não se encaixa nos critérios acima. PAROXÍSTIVA X PERSISTENTE X PERMANENTE ▪ PAROXÍSTICA: <7 dias (geralmente 12-24h) / ou reversão espontânea ▪ PERSISTENTE: >7 dias (< 12 meses) / necessita de intervenção p/ reversão ▪ PERMANENTE: tentativas de reversão não serão mais instituídas Fibrilação Atrial ANA LUÍZA ALVES PAIVA / 8° PERÍODO / 2023-2 2 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA AGUDA X NÃO AGUDA ▪ FA < 48h (AGUDA): início pode ser estabelecido por ECG; história clínica que não deixa dúvidas. ▪ FA > 48h (NÃO AGUDA): não se enquadra nos critérios acima. TRATAR 1. Anticoagulação 2. Controle da FC 3. Controle do ritmo ANTICOAGULAÇÃO O átrio não contrai → Tríade de Virchow → estase sanguínea (hipercoagulabilidade) + fluxo sanguíneo anormal + lesão endotelial → formação de trombo. POR QUE ANTICOAGULAR? ▪ Fenômenos tromboembólicos (AVEi, embolia arterial periférica, isquemia mesentérica) ▪ Alterações cognitivas ▪ Aumento da mortalidade geral AVALIAR RISCO DE AVE → realizar CHA2DS2VASc em todo paciente com FA! CHA2DS2VASc → RISCO DE AVE C Insuficiência Cardíaca 1 H Hipertensão 1 A Age ≥ 75 anos 2 D Diabetes Mellitus 1 S Stroke (AVE ou AIT) 2 V Doença vascular (IAM prévio, placa aórtica...) 1 A Age 65-74 anos 1 Sc Sexo feminino 1 CHA2DS2VASc CONDUTA HOMEM ≥ 2 Anticoagular = 1 Considerar anticoagular = 0 Não anticoagular MULHER ≥ 3 Anticoagular = 2 Considerar anticoagular = 1 Não anticoagular EXCEÇÕES: NÃO necessitam de realizar CHA2DS2VASC → SEMPRE ANTICOAGULAR! Estenose mitral moderada a importante Prótese mecânica CHM? Hipertireoidismo não controlado Miocárdio não compactado **Independente do tipo de FA (paroxística, persistente, permanente) → SEMPRE ANTICOAGULAR! POR QUE NÃO ANTICOAGULAR TODOS? Risco de sangramento → HAS-BLED HAS-BLED H HAS não controlada 1 A Alteração hepática ou renal 1 S AVE 1 ponto cada B Sangramento prévio ou predisposição a sangramento 1 L Labilidade no RNI 1 E Idade ≥ 65 anos 1 D Drogas que interferem na varfarina (AINEs) ou uso de álcool 1 ponto cada ESCORE > 3 = RISCO AUMENTADO DE SANGRAMENTO OBS: HAS-BLED NÃO CONTRAINDICA ANTICOAGULAÇÃO → serve p/ avaliar o risco de sangramento e controla-los. QUESTÃO 1) Sexo feminino, 66 anos, hipertensa e diabética de longa data, não insulinodependente com história de crises de palpitações de início recente. Não apresenta cardiopatia estrutural. História prévia de endarterectomia carotídea direita há 2 anos. Clearance de creatinina estimado foi de 39mL/min. Foi solicitado Holter de 24h, que documentou inúmeros episódios sustentados e não sustentados de fibrilação atrial, com reversão espontânea. Qual a conduta recomendada para profilaxia de fenômeno tromboembólico nesse paciente? R: CHA2DS2VASC = 5 pontos → Anticoagular 3 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA QUESTÃO 2) MOS, 36 anos, masculino, passa em consulta ambulatorial queixando-se de palpitações taquicardíacas intermitentes há cerca de 10 meses, associada a leve desconforto torácico. Antecedente pessoal de reumatismo e sopro na infância. Nega uso regular de medicações. Ao exame físico, ritmo cardíaco irregular, FC = 108 bpm, PA =118/72 mmHg, ausculta cardíaca com sopro diastólico em ruflar e estalido de abertura em foco mitral. Ausculta pulmonar sem alterações significativas. Realizado ECG, como mostrado na figura. Justifique sua conduta na anticoagulação. R: Sopro diastólico em ruflar e estalido de abertura em foco mitral → Indica estenose mitral importante Não calcula CHA2DS2VASc em Estenose mitral moderada a importante e protese metálica → TODOS DEVEM SER ANTICOAGULADOS (APENAS VARFARINA) QUESTÃO 03) Paciente, feminina, 74 anos, hipertensa e diabética não insulinodependente, de longa data, com história de crises de palpitações de inicio recente. Coração estruturalmente normal. Cintilografia miocárdica normal.Não apresenta nenhuma evidência de arteriopatia periférica. O clearence de creatinina estimado foi de 26mL/min. Foi solicitado Holter de 24 horas, que documentou um episódio sintomático e sustentado de fibrilação atrial com reversão espontânea. Justifique sua conduta quanto a profilaxia de fênomeno embólico. R: CHA2DS2VASC = 4 pontos → Anticoagular COMO ANTICOAGULAR? ▪ Heparina (liquemine, enoxaparina) ▪ Varfarina (Marevan) → Antagonista da vitamina K (AVK) → fatores II,VII,IX e X ▪ Anticoagulantes orais diretos (DOAC) Ex: Dabigatrana → inibe fator II Edoxabana Rivaroxabana Apixabana OBS: FA NÃO VALVAR → AVK ou DOAC FA VALVAR → Apenas AVK FA VALVAR Varfarina: iniciar 5mg MID com controle de RNI (semanal → quinzenal → mensal) **Manter RNI entre 2-3 SE CONTRAIDICAÇÃO A ANTICOAGULAÇÃO ORAL? ▪ Dupla antiagragação (AAS + Clopidogrel) ▪ Fechamento percutâneo do apêndice atrial? ANTES DA ANTICOAGULAÇÃO SOLICITAR Hemograma Função renal Função hepática Coagulograma CONTROLE DOS SINTOMAS CONTROLE DA FC X RITMO, QUAL É MELHOR? ▪ Paciente >65 anos assintomático ou com poucos sintomas → controle da FC ▪ FA persistente em <65 anos ou >65 anos com sintomas, apesar do controle da FC → tentar controlar ritmo ao menos 1 vez ▪ FA persistente por >1 ano ou AE >50mm (alto risco de recorrência precoce de FA) → controle da FC **Nos casos em que a FA é revertida, o objetivo do tratamento antiarrítmico é de atrasar por meses a próxima recorrência. CONTROLE DO RITMO Indicado p/ pacientes jovens e muito sintomáticos ▪ Cardioversão elétrica (choque) ▪ Medicamentosa -Propafenona (oral) -Amiodarona (IV) PRECISO ANTICOAGULAR ANTES? FA >48h ou tempo indeterminado Anticoagular por 3 semanas Cardioverter Anticoagular por4 semanas (+ antiarrítmico) Realizar CHA2DS2VASC para avaliar necessidade de anticoagulação por mais tempo inibem o fator Xa 4 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ALTERNATIVA: Fazer ETE, se ausência de trombo → cardioverter → anticoagular por 4 semanas → avaliar CHA2DS2VASC CASO 01) Paciente 70 anos, HAS e DM chegaram ao ambulatório com FA e FC de 110 bpm. Relatado palpitações há meses. Optado por controle da FC agora e anticoagular com varfanina por 3 semanas para cardioverter. Paciente retorna após 3 semanas. Ficou controlado com RNI no ambulatório. Dosagens nesse período: 1ªsemana: 1,3 2ª semana:1,6 3ª semana: 1,4 Posso anticoagular? R: Não, são apenas 3 semanas de coagulação efetiva. **Vantagem do DOAC → são apenas 3 semanas E depois da cardioversão? R: Anticoagular por pelo menos 4 semanas e depois avaliar CHA2DS2VASC para definir anticoagulação. PROPAFENONA ▪ No pronto atendimento ▪ Ataque de 600mg (ou 450mg se <70kg) ▪ Recomenda-se BB ou BBC 30 min antes da Propafenona -Ritmo pode passar para flutter atrial 1:1 ▪ Considera-se revertido → ritmo sinusal em até 6 horas ▪ Após sucesso da utilização no OS, pode-se utilizar a estratégia pill-in-lhe-pocket ▪ CONTRAINDICAÇÕES: disfunção do VE, doença coronariana, choque cardiogênico, bradicardia (FC <50bpm), síndrome taqui-bradi, DPOC, hipotensão acentuada. AMIODARONA ▪ Ampola 150mg/3mL ▪ Ataque 150mg em 10min ▪ Manutenção: 350mg em 6 horas e 0,5mg/min nas próximas 18 horas MANUTENÇÃO DO RITMO** Manter o ritmo sinusal (evitar recorrência precoce) Antiarritmicos ▪ Sotalol ▪ Propafenona ▪ Amiodarona Outras medidas p/ reduzir recorrência da FA: perda de peso, sono adequada, abstinência alcoólica e atividade física. Recomendações em situações específicas: IEDA/BRA estatina e ômega-3. OBS: Evento pontual da FA (libação alcoólica, crise tireotóxica, pós-operatório de cirurgia cardíaca) → não necessita do uso crônico de antiarrítmico. CONTROLE DA FC FC de repouso < 110 (RACE II) Reduz sintomas Previne taquicardiomiopatias ▪ Amiodarona ▪ Digoxina ▪ BB ▪ BCC FEVE > 40% FEVE ≤ 40% BB BB BBC Verapamil ou Diltiazem AMIODARONA DIGOXINA RESUMINDO ▪ Paciente com cardiopatia estrutural → não usar BCC. ▪ Paciente com coração bom → não usar Amiodanora ou Digoxina CUIDADO! FA + SÍNDROME DE WOLF-PARKINSON- WHITE (WPW) → Digoxina, verapamil, diltiazem ou BB na presença de pré-excitação ventricular e FA → risco de FV (classe III) Instável: CVE Estável: CVE (amiodarona) Ablação CONTROLE DAS COMORBIDADES E FATORES DE RISCO ▪ Mudanças do estilo de vida ▪ Redução da obesidade ▪ Atividade física regular ▪ Reduzir uso de bebida alcoólica TRATAMENTO INTERVENCIONISA ▪ Isolamento elétrico das veias pulmonares ▪ Ablação de VVPP (Radiofrequência ou Crioablação) **Após ablação tem que anticoagular por 2-3 meses. ▪ Controle de ritmo ▪ OUTROS TRATAMENTOS: tratamento cirugico de FA (Cox maze III) e oclusão percutânea de AAE ▪ PACIENTE REFRATÁRIO AO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: controle da FC com ablação do NAV + implante de MPC
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