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1 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA Estenose Mitral INTRODUÇÃO É um estreitamento do folheto mitral → aceleração do fluxo sanguíneo que passa pela válvula → turbilhonamento de sangue Aumento do gradiente pressão no AE → Hipertrofia do AE → estase sanguínea → fibrilação atrial, risco aumentado de trombos e fenômenos embólicos, hipertensão pulmonar e sinais de congestão. Acomete principalmente mulheres 2/3 ETIOLOGIA Principal causa: Febre reumática Outras causas: LES, AR, colagenases, degeneração por cálcio, síndrome carcinoide... CLASSIFICAÇÃO ESTENOSE MITRAL LEVE A MODERADA: pressão da A. pulmonar geralmente está normal no repouso, aumentando apenas no exercício ou durante taquicardias. PRESSÃO DA ARTÉRIA PULMONAR (PAP) NORMAL = < 35 mmHg ESTENOSE MITRAL IMPORTANTE: RVP e PAP apresentam-se aumentadas mesmo no repouso. **Se PAP > 60mmHg, pode gerar insuficiência do VD. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS SINTOMAS MAIS COMUNS ▪ Dispneia, palpitações ▪ Eventos embólicos (estase sanguínea) ▪ Disfagia e rouquidão (hipertrofia do AE → comprime faringe/laringe) ▪ Hemoptise (congestão e rupturas dos vasos brônquicos). EXAME FÍSICO Facies mitralis Estalido de abertura precoce B1 hiperfonética B2 hiperfonética (em casos de HAP) Sopro diastólico em ruflar, com reforço pré-sistólico se paciente em ritmo sinusal Sinais de congestão pulmonar e insuficiência cardíaca direita Presença de Insuficiência Tricúspide (IT) DIAGNÓSTICO Histórico de febre reumática + sintomas e sinais clínicos. EXAMES COMPLEMENTARES ECG Sobrecarga de AE (onda P bifásica) Valvulopatias ANA LUÍZA ALVES PAIVA / 8° PERÍODO / 2023-2 2 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA Desvio de eixo p/ direita (se HAP) Arritmias atriais (FA) RX DE TORÁX Duplo contorno à direita (dilatação do AE) Retificação ou abaulamento do tronco pulmonar Elevação do brônquio fonte esquerdo (“sinal da bailarina”), devido ao aumento das câmaras esquerdas. Sinais de congestão pulmonar. ECOCARDIOGRAMA Avalia etiologia, gravidade da estenose e repercussões. CARACTERISTICAS MAIS COMUNS NA FR Espessamento da ponta do folheto Abertura em domo (curvatura na ponta do folheto) ESCORE DE WILKINS Avalia mobilidade dos folhetos, acometimento subvalvar, espessura dos folhetos e calcificação valvar Escore ≤ 8 = indicação de valvuloplastia mitral por cateter balão (VMCB) Escore > 8 = cirurgia p/ troca valvar GRADUAÇÃO DA ESTENOSE MITRAL ESTENOSE IMPORTANTE AVM < 1,5 cm2 Gradiente diastólico médio AE/VE ≥ 10 mmHg PSAP ≥ 50 mmHg em repouso → HAP PSAP ≥ 60 mmHg com esforço → HAP **PSAP = pressão sistólica da artéria pulmonar ESTÁGIOS DA ESTENOSE MITRAL ESTÁGIO A: paciente em risco (valva mitral espessada, com fluxo normal e sem sintomas) ESTÁGIO B: estenose mitral em progressão (espessamento e fusão da comissura, dilatação leve à moderada do AE, sem HAP e sem sintomas) ESTÁGIO C: estenose mitral importante, assintomática. ESTÁGIO D: estenose mitral importante, sintomática. TESTE ERGOMÉTRICO Avaliação da classe funcional e avaliar HAP (verdadeiro assintomático?) CATETERISMO Utilizado em casos discordantes. Pode ser utilizado p/ avaliar medidas de pressão intracardíaca (CAT esquerdo avalia medida de pressão do AE-VE = pressão da valva mitral). TRATAMENTO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO RESTRIÇÃO HÍDRICA E SALINA, BETABLOQUEADORES, BBC (diltiazem, verapamil) PROFILAXIA PARA FR OBS: Gestação provoca taquicardia e hipervolemia = agrava quadro de congestão pulmonar ANTICOAGULAÇÃO: em casos de FA, ritmo sinusal + evento embólico prévio; ritmo sinusal + trombo intracavitário. TRATAMENTO INTERVENCIONISTA VALVULOPLASTIA MITRAL PERCUTÂNEA POR CATETER BALÃO (VMCB): 3 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ▪ Estenose Mitral (EM) reumática moderada a importante (CF II-IV), na ausência de contraindicações. ▪ EM reumática, assintomática com fatores complicadores, na ausência de complicações. CONTRAINDICAÇÕES: Escore de Wilkins > 8; trombo em AE; IM moderada ou importante; fenômeno embólico recente CIRURGIA POR COMISSUTOMIA MITRAL/ TROCA VALVAR ▪ EM reumática CF III-IV com contraindicações à VMCB ▪ EM reumática assintomático em programação de outra cirurgia cardíaca. Insuficiência Mitral INTRODUÇÃO Refluxo de sangue do VE para AE devido à má coaptação dos folhetos da valva → sobrecarga de volume no AE e VE **Lei de Frank-Starling: quanto maior o volume diastólico final, maior o DC Mecanismos adaptativos: hipertrofia excêntrica, dilatação do VE e AE = mantém o DC CLASSIFICAÇÃO PRIMÁRIA: espessamento/calcificação do folheto Ex: Febre reumática, degeneração mixomatosa (prolapso da valva mitral) SECUNDÁRIA: condições em que provocam aumento do VE EX: Miocardiopatia dilatada chagásica, cardiomiopatias isquêmicas e hipertróficas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS SINTOMAS Sintomas congestivos: dispneia, fraqueza, tosse, palpitações Fenômenos embólicos IC direita (fases avançadas) INSUFICIÊNCIA MITRAL AGUDA: prolapso da valva mitral (endocardite) → não tem mecanismo adaptativo (hipertrofia) → edema agudo de pulmão. EXAME FISICO Pulso cheio e amplo Ictus hiperdinâmico (amplitude bem evidente) B1 abafada B3 presente (sobrecarga de volume → ritmo de galope) Sopro holossistólico DIAGNÓSTICO EXAMES COMPLEMENTARES ECG Aumento de VE e AE Sobrecarga de VE e AE Presença de FA RAIO X DE TORÁX Cardiomegalia Sinais de congestão pulmonar ECOCARDIOGRAMA Detalha etiologia, aspecto da valva, mobilidade do folheto, grau de regurgitação, volumes ventriculares; PRIMÁRIA: alteração dos folhetos valvares SECUNDÁRIA: folhetos valvares preservados, presença de dilatação dos ventrículos. **Na maioria dos casos há dupla lesão mitral (EM + IM) OBS: acometimento da válvula mitral e aórtica simultâneos = etiologia provável de FR ESTÁGIOS DA REGURGITAÇÃO MITRAL PRIMÁRIA A) Paciente em risco 4 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA B) Pacientes com doença valvar em progressão C) Pacientes com IM grave, porém assintomáticos C1: FEVE > 60% C2: FEVE < 60% D) Pacientes com IM grave e com sintomas de IC. PARÂMETROS PARA QUANTIFICAR A IM ▪ Orifício regurgitante efetivo (ERRO) ▪ VR (volume regurgitante) ▪ Vena contracta (zona de convergência do fluxo) Quanto maior esses fatores, maior a gravidade! ACOMPANHAMENTO CLÍNICO Ecocardiograma + avaliação clínica (classe funcional) RX DE TORÁX E ECG: 6-12 semanas ou mudança de sintomas ECOCARGIOGRAMA: 6/6 meses ECOCARDIOGRAMA TRANSESOFÁGICO: avaliação pré-operatória, intra -operatório (guia a plastia) e detalha mecanismo de regurgitação. TRATAMENTO Indicado em pacientes com IM grave e com sintomas IM GRAVE PRIMÁRIA: estratificar risco (FEVE, VES, FA, PSAP) IM GRAVE SECUNDÁRIA: não trata, apenas se paciente for submetido à cirurgia de revascularização miocárdica e FEVE> 30% TRATAMENTO MEDICAMENTOSO IM AGUDO: tratar edema agudo de pulmão (nitrato diurético, nipride, inotrópicos e balão intra- aórtico) IM CRÔNICO: IECA se FEVE reduzido em pacientes sintomáticos não elegíveis para cirurgia. TRATAMENTO CIRÚRGICO TROCA VALVAR: 1° opção p/ reumáticos sintomáticos OU assintomáticos com complicadores REUMÁTICO ▪ Sintomáticos (CF ≥ II) ▪ Assintomáticos, com complicadores -FEVE entre 30 e 60% e/ou DSVE ≥ 40mm NÃO REUMÁTICOS ▪ CF ≥ II, com anatomia desfavorável à plastia valvar. ▪ Assintomático, com anatomia desfavorável, com complicadores FEVE entre 30 e 60% e DSVE ≥ 40mm PLASTIA MITRAL: 1ª opção para não reumáticos sintomáticos OU assintomático com complicadores NÃO REUMÁTICOS ▪ CF ≥ II, com anatomia favorável ▪ Assintomático, com anatomiafavorável e com complicadores: -FEVE entre 30 e 60% e/ou DSVE ≥ 40 PROGNÓSTICO ▪ Paciente com ruptura de cordas tendíneas → flail (o folheto aparenta estar solto ao ecocardiograma) → pior prognóstico ▪ FEVE reduzido = pior prognóstico ▪ ERO: preditor independente de sobrevida e eventos cardíacos. Estenose Aórtica INTRODUÇÃO Restrição de abertura da valva aórtica → obstrução à passagem do fluxo sanguíneo do VE para a aorta → aumento do gradiente de pressão transvalvar → hipertrofia ventricular p/ manter o DC Hipertrofia ventricular → compressão da microvasculatura coronariana, apoptose de miócitos e fibrose → sintomas de isquemia, arritmias e IC diastólica e sistólica. 5 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ETIOLOGIA DEGENERATIVA: associa-se à senilidade → calcificação valvar aórtica. REUMÁTICA: jovens/adultos → há espessamento/fusão comissural → comum o acometimento da valva mitral associada BICÚSPIDE: jovens/adultos → estenose aórtica congênita, associação com aortopatia (coarctação da aorta). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS SINTOMAS TRÍADE CLÁSSICA DA ESTENOSE AÓRTICA: Dispneia + dor torácica + síncope → relaciona-se à má perfusão coronariana **Início dos sintomas = pior prognóstico, sendo o surgimento da dispneia o mais significativo (sobrevida de 2 anos). EXAME FÍSICO SOPRO EJETIVO: mesossistólico, em diamante (“sobe e desce”). FENÔMENO DE GALAVARDIN: sopro ouvido no foco mitral (continuidade anatômica entre o anel mitral e o anel aórtico) → não haverá hiperfonese em B1 e nem irradiação típica. PULSO PARVUS E TARDUS: ascensão lenta e amplitude fraca Pode haver hipofonese de B2 ou B1 DIAGNÓSTICO EXAMES COMPLEMENTARES ECG Sobrecarga de VE Alteração na repolarização ventricular (padrão Strain = alteração na rep. ventr. + hipertrofia miocárdica) RAIO-X DE TORÁX Pode estar sem alterações Sinais de congestão pulmonar ECOCARDIOGRAMA TRANSTORÁCICO QUANTIFICAÇÃO DA ESTENOSE VALVAR ESTENOSE AÓRTICA IMPORTANTE AVA ≤ 1,0 cm2 AVA indexada ≤ 0,6 cm2/m2 Gradiente VE/Aorta ≥ 40 mmHg Velocidade máxima do jato aórtico ≥ 4,0 m/s Razão das velocidades de fluxo entre a via de saída do VE e valva aórtica < 0,25 O gradiente VE/Aorta na estenose leve é < 20mmHg (o normal é gradiente, pois se tem gradiente, a velocidade está elevada). ECOCARDIOGRAMA DE ESTRESSE Indicado em caso de ECOCARDIOGRAMA DISCORDANTE: área valvar < 1 cm2 + aparente estenose importante + FEVE reduzida, porém o gradiente da valva não se apresenta importante. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Exame anatômico não invasivo que permite a avaliação das coronárias. CATETERISMO Importante para excluir doença coronariana em casos inconclusivos por outros exames e permite avaliar as medidas de pressão intracardíacas (avaliar valvulopatias). TRATAMENTO 6 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA ESTÁGIOS DA ESTENOSE AÓRTICA A. risco de desenvolver EAO (idoso, paciente com histórico de FR ou tem bicúspide) ( B. Assintomáticos, com EAO leve a moderada C. EAO importante, porém, assintomático -C1. EAO importante com FEVE normal -C2. EAO importante com FEVE reduzida D. EAO importante e sintomático TRATAMENTO CIRÚRGICO INDICAÇÃO: ▪ Sintomas (CF ≥ 2, síncope e angina) ▪ Assintomático, com complicadores: FEVE < 50% e teste ergométrico + **ESTENOSE AÓRTICA GRAVE EM PACIENTES ASSINTOMÁTICOS: se iniciou com queda de FEVE (FEVE < 50%) ou se apresentou sintomas ao teste ergométrico e queda da PA → indicação de intervenção cirúrgica TROCA VALVAR BIOLÓGICA OU METÁLICA Pacientes sintomáticos de baixo risco cirúrgico e < 70 anos. IMPLANTE TRANSCUTÂNEO DA VALVA AÓRTICA (TAVI) Pacientes sintomáticos de alto risco cirúrgico ou inoperáveis ou > 70 anos Insuficiência Aórtica INTRODUÇÃO Má coarctação dos folhetos da valva aórtica (FR, bicúspide) ou aorta dilatada (HAS crônica não controlada) → refluxo de sangue da aorta para o VE → sobrecarga de volume e pressão no VE (sangue da aorta + sangue do AE) → dilatação do VE (hipertrofia excêntrica). ETIOLOGIA PRIMÁRIA: FR, degenerativa, congênita, endocardite infecciosa SECUNDÁRIA (alterações da parede da aorta): HAS crônica não controlada, CAUSAS RARAS: proliferação mixomatosa (Marfan e Ehlerss-Dandlos), LES, AR, doença de Wihipple e Chron. AORTOPATIAS: sífilis, osteogênese, dissecção de aorta (URGÊNCIA- não há mecanismo de adaptação) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS SINTOMAS ▪ Dispneia ▪ Precordialgia ▪ Síncope ▪ Baixo débito (déficit de contratilidade, arritmia) EXAME FÍSICO PA divergente (valva aórtica não fecha totalmente na diástole → PA cai até equilibrar com a pressão de enchimento do VE) Ictus com amplitude significativa B2 hipofonética Presença de B2 Sopro protodiastólico (max. no início da diástole), com alta frequência, aspirativo e decrescente Sopro de Austin Flint: estenose mitral dinâmica devido à insuficiência aórtica→ o alto fluxo sanguíneo (regurgitação aórtica) bate na valva mitral, impedindo sua abertura Pulso em martelo d’agua ou de Corrigan: elevação ampla e queda abrupta Sinal de Musset: tudo pulsa no paciente (cabeça movimentando) Sinal de Quincke: pulsação capilar Sinal de Minervini: pulsação da base da língua Pistol Shot: sensação de choque ao realizar auscuta pediosa Sinal de Duroziez: sopro à compressão femoral 7 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA DIAGNÓSTICO EXAMES COMPLEMENTARES ELETROCARDIOGRAMA IAO AGUDA: descartar IAM em paciente com dissecção de aorta IAO CRÔNICA: Sobrecarga de VE Desvio de eixo QRS para esquerda e padrão strain ECOCARDIOGRAMA Avaliação da etiologia da doença valvar, diâmetro da aorta ascendente, diâmetros ventriculares, função ventricular. COMPLICADORES FEVE < 50% DDVE > 70 mm (não reumático) e > 75 mm (reumático) DSVE > 50 mm (não reumático) e > 55 mm (reumático) DSVE indexado > 25 mm/m² RESSONÂNCIA MAGNÉTICA Avalia diâmetros, aortopatias, volumes (refluxos diastólicos e sistólicos finais). CATETERISMO É pouco utilizado. Indicado para excluir doença coronariana. TRATAMENTO INSUFICIÊNCIA AÓRTICA AGUDA: urgência! Pode utilizar diuréticos p/ redução da pré-carga ou vasodilatadores (nepride) INSUFICIÊNCIA AÓRTICA CRÔNICA: digitálicos em pacientes sintomáticos com cardiomegalia ou vasodilatadores. SÍNDROME DE MARFAN: Losartana ou BB (reduzem a progressão da dilatação) Se aorta > 45mm em mulheres → NÃO ENGRAVIDAR antes do reparo da aorta → risco de dissecção Pacientes com valva aórtica bicúspide → gestação CONTRAINDICADA SE AORTA > 50MM TRATAMENTO CIRÚRGICO ESTÁGIOS A. Risco de desenvolver IAO B. IAO leve à moderada, assintomática. C. IAO importante, assintomática. C1. FEVE preservada C2. FEVE deprimida D. IAO importante, sintomática. TROCA VALVAR Pacientes sintomáticos e/ou FEVE < 50%
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