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Atuação da equipe de enfermagem frente ao paciente terminal com estomia de eliminação em um serviço público de Estomaterapia

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doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v102i6e-216740
1
Rev Med (São Paulo). 2023 nov.-dez.;102(6):e-216740.
Artigo
Atuação da equipe de enfermagem frente ao paciente terminal com estomia 
de eliminação em um serviço público de Estomaterapia
Nursing team’s operation in dealing with elimination stoma terminal ill 
patients with in a Public Stomatherapy Service
Rosaura Soares Paczek1, Jessica Martins da Luz2, Ana Karina Silva da Rocha Tanaka3, 
Carmen Lúcia Mottin Duro4, Karine Pazzini Carvalho5, Jordana Jahn Limberger6, 
Vania Celina Dezoti Micheletti7, Karla Durante8
1. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. https://orcid.org/0000-0002-4397-1814. E-mail: rspaczek@gmail.com
2. Faculdade Factum. https://orcid.org/0009-0009-0121-758X. E-mail: jessica.mluz@gmail.com
3. Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.https://orcid.org/0000-0003-2488-3656. E-mail: anakarinatanaka@gmail.
com
4. Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. https://orcid.org/0000-0002-7400-0375. E-mail: carduro@gmail.com
5. Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul.https://orcid.org/0009-0005-9306-1535. E-mail: kpazzinicarvalho@gmail.com
6. Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul.https://orcid.org/0000-0002-0843-2890. E-mail: jordanajahnlimberger83@gmail.com
7. Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul.https://orcid.org/0000-0003-1254-7479. E-mail: vaniadezoti@gmail.com
8. Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. https://orcid.org/0009-0000-7008-1545. E-mail: enfkarladurante@gmail.
com
Endereço para correspondência: Rosaura Soares Paczek. Rua Dona Paulina, 35,301. Bairro Tristeza. Porto Alegre/RS CEP 91920-030
Paczek RS, Luz JM, Tanaka AKSR, Duro CLM, Carvalho KP, Limberger JJ, Micheletti VCD, Durante K. Atuação da equipe de enfermagem frente 
ao paciente terminal com estomia de eliminação em um serviço público de Estomaterapia / Nursing team’s operation in dealing with elimination 
stoma terminal ill patients with in a Public Stomatherapy Service. Rev Med (São Paulo). 2023 nov.-dez.;102(6):e-216740.
RESUMO: Introdução: o câncer colorretal é a causa mais frequente para 
confecção de estoma de eliminação, o que traz consequências ao espectro 
biopsicossocial do indivíduo causando impactos em sua autoestima, 
autoimagem e qualidade de vida relacionados à saúde. Objetivo: relatar a 
experiência na assistência às pessoas com estomia de eliminação em fase 
terminal. Método: estudo tipo relato de experiência sobre o atendimento 
a pessoas com estomia em fase terminal, atendidas em um serviço público 
de estomaterapia no sul do Brasil em 2023. Resultados:a maioria dos 
pacientes atendidos necessita de atendimento para troca do equipamento 
coletor ou tratamento de lesões na pele periestomal. Observou-se um 
aumento no número de pacientes em fase terminal, onde alguns mesmo 
enfrentando dificuldades de locomoção , utilizando oxigenoterapia, 
dor, dispneia, ainda assim demonstravam grande determinação ao 
comparecerem às consultas para acompanhamento. Conclusão: os 
pacientes estomizados em fase terminal enfrentam desafios significativos 
no seu tratamento, experienciando sintomas debilitantes, dor, mudanças 
corporais e de qualidade de vida, bem como impacto psicossocial 
profundo e, muitas vezes, dificuldade de aceitação não apenas da situação 
de estomizado, como também da própria terminalidade, onde a equipe de 
enfermagem desempenha um papel crucial no processo de orientação e 
apoio a esses pacientes.
DESCRITORES: Estado terminal; Enfermagem; Estomia; 
Estomaterapia.
ABSTRACT: Introduction: the most frequent cause for the creation of 
an elimination stoma is colorectal cancer, which has consequences from 
individual’s biopsychosocial spectrum and causing impacts on their self 
esteem, self image and life quality related to health. Objective: to report 
the experience in assisting terminal phase ill people with elimination 
stoma. Method: experience report type study on the care of terminal 
phase ill people with stoma, treated in a public stomatherapy service 
located in south of Brazil in 2023. Results: the majority of patients 
treated require care to replace the collection equipment or treatment of 
lesions on the peristomal skin. An increase in the number of patients 
in the terminal phase was observed, where some of them even facing 
difficulties in locomotion, using oxygen therapy, pain, dyspnea, still 
demonstrated great determination when attending the regular consults. 
Conclusion: terminal phase ill ostomized patients face significant 
challenges in their treatment, experiencing debilitating symptoms, pain, 
bodily changes and quality of life, as well as profound psychosocial 
impact and, often, difficulty in accepting not only the ostomized 
situation, but also the terminality situation itself, where the nursing 
team plays a crucial role in the process of guiding and supporting those 
patients.
KEY WORDS: Critical Illness; Nursing; Ostomy; Enterostomal 
Therapy.
https://orcid.org/0000-0002-4397-1814
https://orcid.org/0009-0009-0121-758X
https://orcid.org/0000-0003-2488-3656
https://orcid.org/0000-0002-7400-0375
https://orcid.org/0009-0005-9306-1535
https://orcid.org/0000-0002-0843-2890
https://orcid.org/0000-0003-1254-7479
https://orcid.org/0009-0000-7008-1545
Paczek RS, et al. Atuação da equipe de enfermagem frente ao paciente terminal com estomia. 
2
INTRODUÇÃO
Diversas são as causas que levam a confecção de um estoma, entre elas temos doenças neoplásicas, 
doenças inflamatórias intestinais, traumas e doenças congênitas, 
onde o câncer colorretal é a neoplasia maligna mais frequente do 
trato gastrointestinal, tendo a cirurgia como principal tratamento, 
dependendo da extensão do procedimento da localização e do 
tamanho do tumor1,2. 
Frequentemente a terapêutica não se limita apenas à 
cirurgia, mas também inclui tratamentos adicionais, como 
a quimioterapia e/ou radioterapia. Embora a quimioterapia 
seja uma ferramenta essencial no combate ao câncer, ela pode 
apresentar efeitos colaterais significativos, estando entre os 
mais comuns: queda de cabelo, náuseas, fadiga, perda de apetite 
e baixa imunidade. Além disso, os pacientes submetidos à 
quimioterapia podem experienciar efeitos a longo prazo em sua 
saúde, como problemas cardíacos, danos a órgãos e dificuldades 
cognitivas3.
Para aqueles que já passaram pela cirurgia de estomia, a 
quimioterapia pode representar mais um desafio, afetando não 
apenas o corpo, mas também a saúde emocional e a adaptação 
a essa nova realidade. É crucial que esses pacientes recebam 
cuidados holísticos, abrangendo tanto o tratamento do câncer 
quanto o suporte necessário para enfrentar as mudanças físicas 
e psicológicas decorrentes da presença do estoma e dos efeitos 
da quimioterapia3.
A presença de um estoma traz consequências significativas 
ao espectro biopsicossocial do indivíduo que, muitas das vezes, 
após o diagnóstico de uma doença terminal, vê suas chances de 
permanecer vivo atreladas a uma bolsa acoplada em sua parede 
abdominal, causando impactos em sua autoestima, autoimagem 
e qualidade de vida relacionados à saúde4. Esses pacientes 
acabam por se deparar com transformações no funcionamento de 
seu organismo, o que frequentemente repercute negativamente 
na qualidade de vida e bem-estar, potencialmente afetando-o 
biológica e psicologicamente, sendo de extrema importância 
proporcionar suporte emocional para minimizar as dificuldades 
de adaptação a sua nova realidade5. 
O enfermeiro, é um dos profissionais da saúde, que 
possui grande contato com os sentimentos de insegurança, 
frustração, impotência e desgaste emocional desenvolvidos 
em pacientes terminais. Frente ao exposto, estes profissionais, 
estão sujeitos a desencadear desgaste emocional e angústias por 
conta desse contato. A morte, apesar de ser um fato natural, pode 
ser percebida como processo e não como fim, e o cuidado nos 
últimos dias de vida também pode demonstrar, ouvir, entendere 
respeitar o paciente6.
Entende-se por terminalidade o desencadear de uma 
situação onde teremos como desfecho a morte, apesar das 
medidas terapêuticas utilizadas, onde as condutas adotadas são 
para atenuar o sofrimento, pois não se busca mais pela cura da 
doença7.
Considerando o impacto da estomia para o indivíduo, 
objetiva-se apresentar a experiência dos profissionais atuantes em 
serviço público de estomaterapia no sul do Brasil na assistência 
às pessoas com estomia em fase terminal. Desta forma, procura-
se dar visibilidade à questão, pois se observou um aumento do 
número de pacientes com doença terminal em acompanhamento 
no serviço nos últimos anos, o que nos fez as autoras refletirem 
sobre a terminalidade e em como podem auxiliar os pacientes e 
também a equipe multiprofissional diante da realidade.
O estudo aborda casos de cinco pacientes em fase terminal 
com estomia de eliminação que agendaram consulta com 
enfermeira no Serviço de Estomaterapia em 2023. Os pacientes 
encontravam-se emagrecidos, com dificuldade para deambular 
e todos utilizavam opióides para controle da dor. Ainda um dos 
pacientes utilizava cadeira de rodas e oxigenoterapia, A maioria 
apresentava a pele íntegra, em uso de equipamento coletor de 
duas peças. Durante os atendimentos, percebemos que a busca 
por nossos serviços ia além do aspecto clínico, os pacientes 
buscavam um espaço para conversar, serem ouvidos e receberem 
uma atenção da equipe de enfermagem. Implementamos, 
então, planos de tratamento específicos, promovemos uma 
comunicação aberta e transparente, e buscamos melhorar a 
experiência do paciente durante as consultas, com a intenção de 
fortalecer a confiança deles em nossa equipe. 
MÉTODO 
O presente estudo se configura em um relato de 
experiência de enfermeiras e acadêmicas de enfermagem sobre o 
atendimento às pessoas com estomia em fase terminal, atendidas 
em um serviço público de estomaterapia no sul do Brasil, no 
primeiro semestre de 2023. 
O serviço público especializado onde o estudo foi 
realizado atende pacientes com estomias, de segunda a sexta-
feira, das 8 às 15:30 horas. A equipe do serviço de estomaterapia 
conta com uma enfermeira estomaterapeuta, duas técnicas de 
enfermagem, médico coloproctologista, psicólogo, nutricionista, 
auxiliar administrativo e recepcionista, atende cerca de 650 
usuários com estomas de eliminação, de ambos os sexos e em 
diversas faixas etárias, residentes em área adstrita da cidade 
onde está situado. 
RESULTADOS
As consultas com a enfermeira, para início do 
acompanhamento no serviço, são agendadas via sistema 
informatizado do município pelas unidades de atenção primária 
à saúde nas quais os usuários estão vinculados no território de 
sua moradia, ou quando da realização do cadastro no serviço 
de estomaterapia. O setor de estomia dispõe de seis consultas 
diárias, sendo duas consultas para pacientes novos e quatro 
consultas para retorno e acompanhamento. Ainda assim, quase 
que diariamente, são abertas consultas extras para atender 
a demanda de pacientes que comparecem ao serviço sem 
agendamento por questões de urgência, como por exemplo o 
descolamento da bolsa, bolsa com vazamento, troca de bolsa 
antes do previsto, dúvidas e esclarecimentos. 
No momento da primeira consulta é realizada a anamnese 
do paciente, bem como a avaliação do estoma, indicação do 
equipamento coletor mais adequado ao tipo de estomia e 
orientação do uso dos materiais e trocas no domicílio, quando 
Paczek RS, et al. Atuação da equipe de enfermagem frente ao paciente terminal com estomia. 
3
necessárias. O serviço de estomaterapia atua como campo 
formativo para acadêmicos e residentes da área da enfermagem, 
logo, as consultas iniciais e os atendimentos diários contam 
quase sempre com a participação e atuação de algum graduando 
ou especializando. A maioria dos pacientes estomizados em 
atendimento possuem estoma de eliminação decorrentes de 
doença neoplásica, sendo que alguns destes pacientes necessitam 
de atendimento semanal para auxílio na troca do equipamento 
coletor ou tratamento de lesões na pele periestomal. 
A motivação para realizar este estudo foi devido ao aumento 
expressivo no número de pacientes com doenças neoplásicas 
em estágio avançado ou fase terminal que compareceram 
para atendimento. Alguns dos pacientes mesmo enfrentando 
dificuldades de locomoção e/ ou utilizando oxigenoterapia, com 
queixa de dor e usando opióides, com dispneia, dificuldade para 
se alimentar, emagrecimento importante e, ainda assim, esses 
pacientes demonstram grande determinação ao comparecerem 
às consultas de acompanhamento. Eles demonstram confiar no 
serviço e relatam que se sentem seguros em trocar suas bolsas 
no serviço de referência, muitas vezes mais do que com cuidado 
familiar, de cuidador ou outros profissionais. Foi estabelecido 
vínculo com esses pacientes, pois a troca de suas bolsas ocorria 
uma vez por semana ou mais. Com isso, a equipe de enfermagem 
acompanhou de perto o sofrimento que enfrentam ao lidar com a 
doença, o que gera angústia nos profissionais ao se deparar com 
o progresso contínuo da doença em cada consulta/atendimento.
Ao longo desse processo, foi desenvolvido um profundo 
respeito e empatia pelos pacientes que enfrentam essa 
condição desafiadora. Acompanhar o sofrimento deles reafirma 
diariamente o propósito do trabalho do profissional enfermeiro, 
incentivando-o a buscar formas de proporcionar um cuidado 
ainda mais humano e acolhedor. Apesar da angústia diante das 
adversidades, encontram inspiração na coragem e determinação 
que demonstram a cada atendimento. A dedicação em criar 
um ambiente de confiança e apoio mútuo entre a equipe de 
enfermagem e os pacientes se fortalece a cada dia, na busca 
constante para oferecer o melhor suporte possível, na esperança 
de tornar suas vidas mais confortáveis e significativas durante 
esse período desafiador.
Dentre a equipe, são realizadas conversas e discussões 
sobre os casos, ao término de cada atendimento, nos quais cada 
profissional e o estudante, expõe seus conhecimentos, percepções 
e sentimentos relacionados a história do paciente, buscando 
maior entendimento sobre a situação clínica e psicossocial de 
cada usuário do serviço.
DISCUSSÃO
As principais causas de câncer colorretal descritas na 
literatura estão associadas a fatores: étnicos ou hereditários; 
comportamentais como dieta, inatividade física, uso de álcool 
e de tabaco; e também relacionados à saúde, como depressão, 
colonização por microrganismos multirresistentes, retocolite 
ulcerativa, doença de Crohn e polipose adenomatosa familiar8,9.
Mundialmente, os cânceres de cólon/reto ocupam a 
terceira posição de mais frequentes em homens e a segunda 
em mulheres, ficando atrás apenas dos carcinomas de pulmão 
e próstata nos homens e de mama nas mulheres9. Apesar dos 
avanços diagnósticos e de tratamento, essa forma de câncer 
segue sendo uma das principais causas de mortalidade mundial 
por ser frequentemente diagnosticada de forma tardia, o que 
pode ser justificado pelo estado assintomático do indivíduo ou 
pela manifestação de sintomas inespecíficos10.
Observa-se ainda que o índice de desenvolvimento 
humano (IDH) das regiões, que mensura o grau de 
desenvolvimento econômico e qualidade de vida nos países, 
têm influência nos tipos de câncer e nas taxas de incidência de 
casos, existindo uma relação entre regiões com IDH mais alto e 
maior incidência de câncer colorretal, por exemplo9. Nas regiões 
mais desenvolvidas é comum que ocorra mudança nos hábitos 
alimentares da população, observando aumento na ingestão 
de carnes vermelhas, gorduras, alimentos ultraprocessados e 
calorias totais11.
Tal dado vai ao encontro da realidade do Brasil, onde é 
notável a disparidade tanto na incidência, quanto nos números 
de mortalidade por câncer de cólon/reto entre os estados, estando 
os maiores números concentrados nas regiões Sudeste, Centro-
oeste e Sul, as quais possuem os maiores IDH dopaís9,11. O 
Instituto Nacional de Câncer (INCA) tem incidência estimada de 
45.630 novos casos de câncer de cólon e reto no ano vigente12.
O prognóstico desse tipo de câncer se relaciona com 
a existência de agravos no decorrer do percurso da doença, 
dentre os quais se destacam obstrução intestinal, perfuração de 
cólon, sangramento gastrointestinal, anemia, emagrecimento, 
fístulas, intussuscepção e isquemia10. Tendo em vista que essa 
sintomatologia está presente em casos mais avançados da 
doença e, frequentemente, são as queixas que levam os pacientes 
na busca de atendimento médico, é natural serem também os 
principais agravos que desencadeiam o procedimento cirúrgico 
para confecção da estomia, que consiste na exteriorização de 
parte do sistema digestório, desviando o trânsito normal das 
necessidades fisiológicas8.10,12. 
A realização de um estoma pode ser temporária ou 
definitiva, a depender das características e extensão da doença 
no organismo. Porém, trata-se de um procedimento bastante 
invasivo e que traz mudanças significativas para a vida do 
usuário8. A aceitação da nova condição para o estomizado, 
muitas vezes não é um processo fácil e alguns papéis sociais 
entram em questão quando aquele indivíduo, que era uma pessoa 
totalmente independente, de repente se vê preso a uma bolsa 
coletora para eliminação de seus dejetos4. 
Diversos fatores podem ser dificultadores na adaptação 
dos estomizados ao uso da bolsa, estando entre eles: o volume 
da bolsa que não pode ser facilmente disfarçado nas roupas, a 
falta de controle do funcionamento intestinal, gases e odores 
indesejados. Muitos estomizados passam por estados de 
negação, raiva, isolamento e depressão até dar início ao processo 
de aceitação da nova condição de saúde, essas fases são variáveis 
para cada pessoa e podem cursar por diferentes períodos4. 
O cuidado inadequado com o estoma intestinal pode 
ocasionar diferentes complicações, especialmente na mucosa do 
estoma e na pele periestomal, tais como: lesões de pele, abscesso, 
hérnias, infecções, estenose, prolapso, retração, foliculite, varizes 
periestomais, hemorragia, necrose entre outros. A ocorrência 
Paczek RS, et al. Atuação da equipe de enfermagem frente ao paciente terminal com estomia. 
4
destas complicações tem caráter multifatorial, que pode envolver 
forma como o estoma foi confeccionado, sua localização, idade 
do indivíduo, bem como os cuidados inadequados para com o 
procedimento13.
O enfermeiro estomaterapeuta ou capacitado, é o principal 
profissional responsável para orientar a pessoa com estomia 
para o autocuidado, avaliando as condições do estoma, da pele 
periostomal, aspecto do efluente, orientando também sobre os 
equipamentos existentes e escolher juntamente com o paciente 
qual será o melhor equipamento a ser utilizado14. A assistência 
pela equipe de saúde a pessoa com estomia irá contribuir para a 
adaptação da sua nova condição de vida, fortalecerá o vínculo 
com familiares e profissionais, repercutindo no processo de 
reabilitação e fortalecimento de sua autoestima, estimulando o 
autocuidado. Para isto é necessário que os profissionais de saúde 
estejam devidamente preparados para orientar a pessoa com 
estomia15.
Diversas ferramentas e tecnologias auxiliam o trabalho 
do enfermeiro estomaterapeuta ou que atua com estomas, estas 
tecnologias vão desde produtos para higiene e cuidados com 
a pele e estomia à teleconsultorias e uso de aplicativos. O uso 
de aplicativos por profissionais de saúde cresce no Brasil e no 
mundo, pois são formulados com embasamento científico, a fim 
de aprimorar a avaliação clínica do estoma e pele periestomal e 
acurar as orientações de prevenção e tratamento de complicações, 
proporcionando ainda, maior qualidade de vida ao paciente 
terminal. Essa e outras tecnologias devem ser cada vez mais 
utilizadas, pois proporcionam maior embasamento e segurança 
para o profissional enfermeiro que atua com estomas16.
A terminalidade representa um estágio crítico na jornada 
de cuidados de saúde de um paciente, que demanda uma 
abordagem compassiva e especializada por parte da equipe de 
enfermagem em um serviço público de Estomaterapia. Quando 
um paciente com estomia enfrenta uma condição terminal, 
ele se depara com uma série de desafios emocionais, físicos 
e psicológicos. A equipe de enfermagem, nesse contexto, 
desempenha um papel fundamental na promoção da qualidade 
de vida do paciente, oferecendo suporte integral para enfrentar 
as complexas questões que envolvem a terminalidade. Isso 
inclui não apenas o gerenciamento adequado da estomia, mas 
também a prestação de cuidados paliativos que visam aliviar 
sintomas, reduzir o sofrimento e proporcionar dignidade ao 
paciente terminal17.
A equipe de enfermagem desempenha um papel crucial 
no processo de orientação e apoio a esses pacientes, uma vez que 
no ambulatório especializado são os profissionais mais próximos 
e, portanto, que acabam por estreitar vínculos, dispondo 
de estratégias para retomada de autoestima, autocuidado e 
auxiliando ao longo das etapas da aceitação. Cabe reconhecer 
que esses profissionais também sofrem com a complexidade da 
terminalidade, muitas vezes enfrentando desafios emocionais 
relacionados à jornada dos usuários aos quais acompanham. 
Os profissionais de enfermagem estão constantemente 
lidando com a terminalidade em seu ambiente de trabalho, desta 
forma o processo de morte se torna um gatilho de ansiedade 
para os enfermeiros, diante dessa situação se esforçam na 
tentativa de curar o paciente, porém, muitas vezes o desfecho é o 
prolongamento do sofrimento do doente e de todos os envolvidos: 
paciente – família – profissional, e isto inevitavelmente os 
obrigam a enfrentar situações relacionadas à finitude do ser 
humano18. 
Funes, et al. (2020)19 identificou em seu estudo que 
a equipe de enfermagem que lida diariamente com questões 
relacionadas à terminalidade, em sua maioria, entende a morte 
como sendo um fenômeno complexo, doloroso e de difícil 
aceitação, principalmente quando se trata da área oncológica. 
No cotidiano de trabalho das equipes essa abordagem ainda 
é precária, sendo necessário tratar o tema junto às equipes 
multiprofissionais, oportunizando espaço para diálogo e com 
vistas a amenizar o sofrimento dos profissionais ao se depararem 
com tais situações. 
CONCLUSÃO
O presente estudo evidencia a importância fundamental 
do cuidado e apoio prestados aos pacientes com doenças 
neoplásicas, com foco nas neoplasias de cólon e reto, 
predominantemente atendidas no ambulatório onde ocorreu 
o estudo e com notável aumento de casos nos últimos anos e, 
principalmente, àqueles pacientes que se encontram em estado 
avançado ou terminal da doença. 
Tanto na assistência direta quanto na literatura, é possível 
observar que os pacientes estomizados vivendo a fase terminal 
de suas doenças enfrentam desafios significativos em sua jornada 
de tratamento e cuidado, experienciando sintomas debilitantes, 
dor, mudanças corporais e de qualidade de vida, bem como 
impacto psicossocial profundo e, muitas vezes, dificuldade de 
aceitação não apenas da situação de estomizado, como também 
da própria terminalidade. 
Por fim, este estudo destaca a complexidade das questões 
envolvendo a terminalidade e a qualidade de vida dos pacientes 
com carcinoma em estágio avançado ou terminal. Para esses 
casos, o ideal é a abordagem multidisciplinar, compreensiva e 
empática, procurando proporcionar cuidado integral e sempre 
buscando melhores práticas clínicas. Além disso, faz-se 
importante buscar por políticas públicas de saúde mais inclusivas 
que auxiliem na busca desse cuidado mais humanizado e na 
garantia de maior qualidade de vida a esses pacientes. 
Participação dos autores: Rosaura Soares Paczek: revisão bibliográfica, análise dos dados, escrita e revisão final do manuscrito. Jessica Martins 
da Luz: revisão bibliográfica, análise e escrita do manuscrito. Ana Karina Silva da Rocha Tanaka: análise, escritae revisão final do manuscrito. 
Carmen Lúcia Mottin Duro: análise e revisão final do manuscrito. Karine Pazzini Carvalho: revisão bibliográfica, escrita e revisão final do 
manuscrito. Jordana Jahn Limberger: análise, escrita e revisão final do manuscrito. Vania Celina Dezoti Micheletti: revisão bibliográfica e revisão 
final do manuscrito. Karla Durante: revisão bibliográfica e revisão final do manuscrito.
Paczek RS, et al. Atuação da equipe de enfermagem frente ao paciente terminal com estomia. 
5
Recebido: 03.10.2023
Aceito: 22.12.2023
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