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Quais os limites que se podem exigir de uma pessoa para salvaguardar interesses alheios? O DP tem carácter subsidiário e pauta-se por um mínimo de intervenção, para além disso, as exigências de certeza e de segurança colocam-se, ou seja, quando é que sou obrigado a intervir ou não? quando é que a abstenção de comportamento pode dar lugar a um ilícito jurídico-penal? Isto pode levar a intromissões abusivas na esfera privada de outrem, pelo medo de vir a ser responsabilizado. Deste modo, exige-se uma definição precisa da omissão jurídico-penalmente relevante em nome da tutela da intimidade da vida privada, devendo os seus limites serem fixados da forma mais precisa possível. No âmbito da omissão podemos distinguir: ▪ Omissões Puras ou Próprias: aquela que está descrita expressamente na lei, o legislador quando está a descrever o tipo legal de crime, descreve uma omissão. A própria descrição do tipo é a descrição de uma omissão- ex.: artigo 200º CP “são delitos ouros de omissão aqueles cujo tipo objetivo de ilícito se esgota na não realização da ação imposta pela lei” ▪ Omissões Impuras ou Impróprias: são os casos em que a descrição típica apenas alude a uma conduta por ação, o elemento gramatical da norma apenas alude a um crime por ação. A doutrina entende que, nalguns casos, a omissão tem um desvalor análogo ao desvalor da ação, devendo estas normas ser interpretadas no sentido de abrangerem tanto o comportamento ativo como o comportamento omissivo- ex.: artigo 131º. Não está prevista a omissão, o desenho do tipo não corresponde a um comportamento omissivo, mas há equiparação do desvalor da omissão ao da ação. O legislador neste caso não descreve expressamente a omissão, mas ela está prevista na lei, se não seria uma violação do princípio da legalidade (no artigo 10º definem- se os critérios e requisitos desta equiparação) Coloca-se o problema dos casos ambivalentes ou de dupla relevância. Às vezes, é duvidoso se a conduta relevante á uma ação ou uma omissão (ex.: Senhor A vai a conduzir o seu automóvel, trava tarde demais e ao fazê-lo bate noutro veículo- temos uma ação ou uma omissão? / Ex2.: Está um doente ligado a uma máquina, o médico desliga a máquina e o doente morre- imputa-se a morte pela ação ou pela omissão?). Houve vários critérios para responder a esta questão: ➔ Matriz Positivista: deveria atender ao critério de saber se havia ou não introdução de energia positiva: se houve a introdução de uma energia positiva estávamos perante uma ação, se não houvesse era uma omissão. Esta conceção está ligada ao conceito de ação causal do sistema clássico e, por isso, não serve e não reflete o verdadeiro desvalor, pois este não tem a ver com a sua configuração externa, mas com o seu conteúdo jurídico penal, por referência ao dever que está a violar, pois apesar de haver introdução de energia positiva, o sentido da conduta pode ser de não cumprimento e, por isso, de omissão.
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