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BIOMECÂNICA AULA 4 TECIDO ÓSSEO Prof.Andrea Ferian BIOMECÂNICA DO TECIDO ÓSSEO TECIDO ÓSSEO: ESTRUTURA E FUNÇÃO Tecido ósseo ▪ Um dos tecidos mais duros e resistentes do corpo humano Tecido ósseo ▪ Estrutura dinâmica que sofre remodelagem constante e responde às alterações : -nas cargas mecânicas - nos hormônios sistêmicos (tireóide e paratireóide) Tecido ósseo - Funções Fornece estrutura esquelética rígida que sustenta e protege outros tecidos corporais Depósito de minerais (mantém os níveis adequados de cálcio no sangue-calcemia) Abriga as células da medula óssea (produção de células sanguíneas: hematopoiese) Forma um sistema de alavancas que pode ser movido pelas forças musculares aplicadas Tipos de ossos Esqueleto Axial Esqueleto Apendicular Tipos de ossos Curto Plano Longo Irregular Sesamóide Tecido ósseo (macroscopicamente) ▪ Cortical ou compacto ▪ Trabecular ou esponjoso Apesar de possuírem as mesmas células, seu comportamento mecânico e suas respostas adaptativas são diferentes Tecido ósseo (macroscopicamente) ▪ Cortical: predomina na diáfise dos ossos longos. Aspecto de “marfim”. Possui maior concentração de massa óssea (80% da massa total do esqueleto). ▪ Trabecular : predomina no esqueleto axial e nas epífises dos ossos longos. Aspecto de “queijo suíço” ou esponja. Possui menor concentração de massa óssea. Os espaços entre as trabéculas é preenchido de medula óssea vermelha (20% da massa total do esqueleto). Irrigação e Inervação ▪ Canais de Havers: são uma série de tubos estreitos dentro dos ossos por onde passam vasos sanguíneos e nervos. Correm no sentido longitudinal da diáfise. ▪ Canais de Volkmann: também podem transportar pequenas artérias. São perpendiculares aos Canais de Havers. Canais de Havers Canais de Volkmann Tecido Ósseo Composição Histológica ▪ Células Ósseas: osteoblastos, osteoclastos, osteócitos ▪ Matriz óssea (60-70%): Matriz Orgânica (principalmente colágeno) Matriz Inorgânica (minerais) ▪ Água (25 a 30%) Células Ósseas Osteoblastos: formam osso (secretam colágeno) Osteócitos: derivados de osteoblastos Osteoclastos: reabsorvem osso Matriz Orgânica Formada por proteínas: ▪ Colágeno (90%) Dá ao osso flexibilidade para amortecer as forças que incidem sobre sua estrutura ▪ Glicoproteínas e proteoglicanos O colágeno, bem como as demais proteínas, é fabricado pelo próprio organismo. No osso, as células responsáveis pela fabricação dessa proteína são os osteoblastos Matriz Inorgânica Formada por minerais: ▪ Carbonato de cálcio e fosfato de cálcio (60 a 70%) Obs. Há ainda a presença de outros minerais, como magnésio, sódio e fluor. ▪ A matriz inorgânica fornece rigidez e resistência compressiva : capacidade de resistir a uma força de compressão ou esmagamento. O corpo não é capaz de produzir os componentes da matriz inorgânica, eles são absorvidos pelo sistema digestório após ingestão de alimentos e são encaminhados para o osso por meio dos vasos sanguíneos É pela união do cálcio (resistência) com o colágeno (flexibilidade) que ao receber uma força, o osso é capaz de se deformar, a fim de resistir a ela. Relação entre Matriz Inorgânica e Orgânica Relação entre matéria inorgânica (cálcio e fósforo) e orgânica (colágeno, proteínas não colágenas) - Recém-nascido: 1:1 Grande elasticidade - 60 a 70 anos: 7:1 Fragilidade PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO OSSO Propriedades Biomecânicas do Osso ▪ Biomecanicamente, o tecido ósseo é um material composto (bifásico): mineral e colágeno ▪ Biomecânica Ortopédica: área da biomecânica que usa o procedimento experimental denominado de ensaio mecânico in vitro para caracterização da resistência mecânica do tecido ósseo. Curva de estresse-deformação Quando uma carga numa direção conhecida é imposta na estrutura, a deformação da estrutura pode ser mensurada Unidade I- Sistema Online Unip Curva de estresse-deformação ▪ Estresse é a carga ou força por unidade de área (N/cm2, N/m2 e MN/m2) ▪ Deformação (mudança em dimensão) desenvolve-se dentro de uma estrutura em resposta às cargas aplicadas externamente Estresse mecânico Mesma força, estresse diferente Curva de estresse-deformação E st re ss e Região Plástica Ponto de cedência Ponto de falha final A B C Região elástica: - Carga elevada - pouca deformação - Remoção da carga: retorno ao estado original. Região plástica: - Pouca carga - muita deformação - Remoção da carga: tecido não retorna ao estado original. Comprometimento do tecido por deformação óssea. Ponto de Fratura: Falência total do tecido. Propriedades mecânicas ▪ Osso cortical é mais rígido e mais forte que o esponjoso, sustentando maior estresse (maior teor mineral) ▪ Osso esponjoso tem maior capacidade de absorção de choques (deforma mais) ▪ Diferença física entre os dois tecidos é a densidade Curva estresse-deformação para o osso cortical e trabecular NORDIN, Margareta, FRANKEL, Victor H. Biomecânica Básica do Sistema Musculoesquelético, 4ª edição. Guanabara Koogan, 02/2014. Cargas mecânicas sobre os ossos ▪ Forças podem ser aplicados a uma estrutura em várias direções produzindo: Compressão Tensão (tração) Flexão (envergamento) Deslizamento (cisalhamento) Torção Cargas combinadas Forças Verticais Forças Horizontais NORDIN, Margareta, FRANKEL, Victor H. Biomecânica Básica do Sistema Musculoesquelético, 4ª edição. Guanabara Koogan, 02/2014. Compressão ▪ Estrutura encurta-se e alarga-se ▪ Forças direcionadas para dentro da estrutura Ex. Fraturas compressivas nas vértebras Tensão/Tração ▪ Estrutura alonga-se e estreita-se ▪ Forças direcionadas para fora da estrutura Ex. Fraturas no calcâneo por intensa contração do tríceps que produz carga de tensão Deslizamento ou Cisalhamento ▪ Desloca, em sentidos opostos e na horizontal, as porções superior e inferior do tecido Flexão (envergamento) ▪ Gera uma curvatura no tecido Torção ▪ A carga é aplicada na estrutura num modo que causa à estrutura um giro em torno de um eixo, e um torque é produzido dentro da estrutura Cargas combinadas ▪ Osso humano é raramente carregado em somente um modo ▪ Carregamento em ossos vivos é complexo Osso submetido a cargas múltiplas indeterminadas Geometria irregular TECIDO ÓSSEO SOLICITAÇÕES MECÂNICAS LESÕES ÓSSEAS Cargas repetitivas X traumáticas ▪ Traumática: uma única força, grande o suficiente para causar lesão ▪ Repetitivas: repetição sustentada de forças relativamente pequenas Fraturas de fadiga ou de estresse Fraturas por overuse: Cargas repetidas de baixa magnitude. Mais frequente em atividades físicas. Fraturas agudas: Uma única carga de alta magnitude. Acidentes. Cargas repetitivas X traumáticas Sobrecarga no tecido ósseo Microtraumas Remodelagem óssea: Osteoclastos reabsorvem tecido lesionado. Osteoblastos depositam nova estrutura. Fratura por estresse: Processo de remodelação é ultrapassado pelo processo de desgaste. Lesões Ósseas SOBRECARGA MOVIMENTOS REPETITIVOS TEMPO DE RECUPERAÇÃO INADEQUADO DEFORMAÇÃO ELÁSTICA DEFORMAÇÃO PÁSTICA MICROFRATURAS FRATURA COMPLETA FADIGA, FRAQUEZA OU DESPREPARO MUSCULAR: PERDA AÇÃO PROTETORA - AUMENTA O RISCO DE LESÕES DO TECIDO ÓSSEO Exames de Imagem • Cintilografia Óssea • Ressonância Magnética Lesões Ósseas ▪ Fraturas Avulsão: fratura induzida por uma carga de tração na qual uma parte do osso é puxada para fora por um tendão ou ligamento inserido nele Cominutiva: caracterizada por numerosos múltiplos fragmentos Impactada: pressionado um contra o outro por uma carga compressiva Lesões Ósseas ▪ Fraturas Fratura de estresse: uma fratura resultante de uma carga repetida de magnitude relativamente pequena Fratura em galho verde: uma fratura resultante de uma inclinação ou torção na qual um lado do osso é quebrado e o outro ladopermanece intacto Fratura por avulsão Fratura compressiva Fratura por envergamento Fratura por cisalhamento CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Crescimento e Desenvolvimento ▪ Crescimento longitudinal: ocorre somente quando a epífise óssea está presente (produz continuamente novas células em sua diáfise). Fecha por volta dos 18 anos. ▪ Crescimento circunferencial: os ossos crescem em diâmetro durante quase toda a vida Osteoblasto: forma tecido ósseo novo Osteoclasto: reabsorve tecido ósseo RESPOSTA ÓSSEA AO ESTRESSE LEI DE WOLFF Osso se remodela para suportar demandas mecânicas impostas a ele Osso ganha ou perde tecido ósseo (compacto ou esponjoso) em resposta ao estresse mecânico (atividade e gravidade) Resposta óssea ao estresse Estímulo de tração gerada pelo músculo é insuficiente para aumentar densidade. Preferência pelo estímulo compressivo!!! Maior atividade e maior massa corporal Maior estresse mecânico Maior tecido ósseo Menor atividade e menor massa corporal Menor estresse mecânico Menor tecido ósseo Resposta óssea ao estresse ▪ Estresse mecânico aumentado: hipertrofia óssea Os ossos sofrem uma hipertrofia em resposta a certas atividades físicas regulares. Quanto maior a força ou a carga habitualmente encontrada, maior é a mineralização do osso. ▪ Estresse mecânico reduzido: atrofia óssea Cálcio diminui, peso e resistência decrescem Resposta óssea ao estresse Remodelagem óssea Ação de osteoblastos e osteoclastos continuamente remodelam o osso Depende da magnitude e direção do estresse mecânico aplicado Evidências: Astronautas e imobilização Atletas de diferentes modalidades Sedentarismo Resposta óssea ao estresse Desuso e Inatividade: Declínio de massa óssea. Reabsorção óssea. Astronauta - Comportamento semelhante. Resposta óssea ao estresse NORDIN, Margareta, FRANKEL, Victor H. Biomecânica Básica do Sistema Musculoesquelético, 4ª edição. Guanabara Koogan, 02/2014. Curvas de carga-deformação para os segmentos vertebrais L5- L7 de macacos rhesus normais e imobilizados. Volume de atividade: quanto maior a frequência, maior o estímulo à mineralização Resultados de densidade óssea, de diferentes regiões do corpo (braço, perna, vértebras lombares, colo fêmur, trocanter do fêmur), dos jogadores de futebol das diferentes categorias em relação ao controle. Adaptado de Karlsson et al25. Obs: a primeira divisão treinava cerca de 12 h/semana; a terceira, 8 h/semana; e a sexta, 6 h/semana. Densidade mineral óssea das atletas do sexo feminino de diferentes modalidades, para diferentes regiões do corpo, expressa em valores percentuais em relação ao grupo controle. Densidade óssea em crianças (12 - 13 anos) em função da atividade física (Grimston et al., 1993) - Grupo Impacto: 3 vezes o Peso Corporal (corredores, ginastas, dançarinos) - Grupo Carga ativa: Contração muscular (natação) CRIANÇAS E ADOLESCENTES Criança e Adolescente Características de composição importantes: • Presença dos discos epifisários • Menor quantidade de cristais de cálcio • Maior quantidade de colágeno: Aumento da flexibilidade do tecido. Diminuição de rigidez do tecido. Menor tolerância às cargas de compressão. Maior possibilidade de atingir a região plástica. Sobrecarga Adulto Criança FRATURA Deformação Discos epifisários Características: Disco cartilaginoso. Região de proliferação do tecido ósseo. Região de maior vulnerabilidade!!! Forças aplicadas nos ossos longos de crianças geram mais lesões nas epífises do que nas articulações. (WILKINS, 1980 e SPEER & BRAUN, 1985) Discos epifisários ▪ São de duas a cinco vezes mais frágeis do que o tecido ósseo que as circunda, e ao receberem uma força de grande magnitude, podem se romper (AMADIO; SERRÃO, 2004). ▪ A cicatrização da cartilagem do crescimento rompida pode gerar a calcificação do tecido. Se isso ocorrer, a área do osso que teve a cartilagem afetada calcificará, comprometendo o crescimento ósseo na região afetada Cargas excessivas na linha de crescimento. (discos epifisários) Comprometimento irreversível das estruturas responsáveis pelo crescimento do tecido. (células e suporte sanguíneo) Conseqüência: Distúrbio do Crescimento. Intensidade X modalidade Ex: ginasta Lesivo é a intensidade, não a modalidade!! Comprometimento do tecido ósseo IDOSOS Tecido ósseo em idosos ▪ Possuem menor quantidade de massa óssea por área de secção transversal quando comparado aos adultos, mesmo se forem idosos ativos. ▪ Fatores fisiológicos, como menor capacidade de absorção de cálcio pelo sistema digestório e alterações na concentração de hormônios (que também atuam na absorção de cálcio pelo organismo) facilitam a degradação do osso. Tecido ósseo em idosos ▪ Os osteoclastos ficam mais ativos do que os osteoblastos nesse período. Como consequência, o osso perde massa, fica mais frágil, o que facilita seu rompimento: Diminuição na quantidade de trabéculas. Diminuição da espessura do osso cortical. Redução da resistência e da rigidez. Tecido ósseo - idoso Tecido ósseo em idosos Efeitos: Mulheres > Homens. Baixo estrogênio (pós-menopausa): ▪ Diminuição na absorção do cálcio. ▪ Facilita reabsorção do osso. FIM
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