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OBS.: UTILIZEI ALGUMAS PALAVRAS E EXPRESSÕES REPETIDAS CONSIDERANDO O INTUITO DO TRABALHO, JÁ QUE SE TRATA DE SEMINÁRIO, FICA IMPOSSÍVEL FALAR DE MODO MUITO FORMAL E TOTALMENTE SEM REPETIÇÕES, ALGO QUE ATÉ MESMO DIFICULTARIA A COMPREENSÃO. OBS 2.: FIZ UMA ANÁLISE APENAS DOS PRINCIPAIS CRIMES PATRIMONIAIS E TRIBUTÁRIOS OBS 3.: FIZ UMA TABELA EXPLICATIVA COM AS DIFERENÇAS E APÓS UMA EXPLICAÇÃO MAIS DETALHADA :) Inicialmente, necessário conceituar o arrependimento posterior, que está previsto no art. 16, do Código Penal. Tal instituto ocorre depois da consumação do delito e tem a natureza de causa obrigatória de diminuição de pena, no patamar de 1/3 a 2/3, tendo como requisitos, obrigatórios e cumulativos, os seguintes: 1) crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, valendo para violência culposa ou contra coisa; 2) reparação do dano ou restituição da coisa, observando o fato de que deve ser no máximo até o recebimento da denúncia ou da queixa; 3) reparação ou restituição da coisa deve ser por ato voluntário do agente, mesmo que ele não esteja realmente arrependido de seus atos, como nos casos em que o autor só faz a reparação por receio de condenação ou só pra ter a diminuição de pena. O arrependimento posterior vale também para os demais crimes em que tenha prejuízo material à vítima, como o peculato doloso. A dosagem de diminuição de pena, é baseada na celeridade da reparação. Uma diferença importante diz respeito ao fato de que o arrependimento posterior ocorre após a execução do crime e se difere dos demais institutos, como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária, já que no caso desses dois, o agente não prossegue na execução do delito ou então, impede a consumação, porque não quer mais o resultado. NÃO se aplica o arrependimento posterior: 1) nos casos em que há violência presumida e violência imprópria, que é a redução da capacidade de resistência da vítima por meios indiretos; 2) A reparação ou restituição são incompletas, sendo que cabe à vítima definir o que seria a integralidade da coisa, por exemplo, carro devolvido sem danos, mas sem rádio, caso a vítima aceite desse modo, caracteriza-se o benefício, sendo importante destacar alguns pontos: a) em caso de restituição ou reparação parcial poderá aplicar o arrependimento posterior, mas a diminuição da pena será menor; b) se o ofendido se recusa a receber a coisa restituída, ainda assim se aplica o arrependimento posterior, sendo que nesse caso, o acusado deve entregar a coisa à autoridade policial, que lavrará auto de apreensão ou então utilizar ação em consignação em pagamento. 3) Após o recebimento da denúncia ou queixa, não aplica arrependimento posterior, apenas aplica a atenuante genérica prevista no art. 65, III, b, do CP1 (coloquei em nota de rodapé apenas para conhecimento) 4) Por fim, a reparação feita por um dos acusados não aproveita aos demais. Feitas essas considerações iniciais, vamos passar para a análise comparativa entre a aplicação do arrependimento posterior quanto aos crimes patrimoniais comuns e os crimes contra a ordem econômica e tributária. TABELA COM PRINCIPAIS DIFERENÇAS CRIMES PATRIMONAIS COMUNS CRIMES CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA Aplica-se a determinados delitos do Código Penal, previstos no Título II: “Dos crimes contra o patrimônio” (p. ex. furto, receptação, peculato, etc.) Aplica-se aos crimes contra a ordem tributária, previstos: - Nos artigos 1º, 2° da lei 8.137/90, Lei Especial que trata dos crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo. (COMO SÃO ARTIGOS EXTENSOS, RELACIONEI AO FINAL DA TABELA) - Descaminho (artigo 334 do Código penal) - Apropriação indébita previdenciária, (artigo 168-A do Código Penal) 1 o agente procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano - Sonegação de contribuição previdenciária (art. 337-A do CP). Causa obrigatória de diminuição de pena Causa extintiva de punibilidade Reparação do dano ou restituição da coisa Deve haver o pagamento dos débitos tributários No máximo até o recebimento da denúncia ou da queixa Há determinadas fases do processo, de acordo com o delito Se for após recebimento da denúncia ou da queixa e ANTES do trânsito em julgado, é atenuante genérica de pena, prevista no artigo 65, III, “b” do CP Se tiver adesão a algum programa de parcelamento, como o REFIS, há suspensão do processo até o integral e efetivo pagamento e aí terá a punibilidade extinta Aspecto subjetivo/questionamento criminológico: no caso dos crimes patrimoniais comuns, o autor do delito CUMPRE PENA, mesmo sendo, na maioria, crimes cometidos por pessoas de baixa renda e de frágil instrução e que violam bens e direitos individuais, menos valiosos sendo apenas uma causa de diminuição de pena Aspecto subjetivo/questionamento criminológico: nos crimes tributários, bem mais graves e que violam bens jurídicos muito mais valiosos, pois pertencentes a sociedade como um todo, há possibilidade de NÃO CUMPRIR PENA, já que se aplica a extinção da punibilidade ou suspensão da pretensão punitiva, ou seja, há mecanismos para dificultar a prisão de pessoas com melhores condições socioeconômicas A intenção é punir penalmente o agente, apenas reduzindo sua pena. Importante destacar que, de acordo com a doutrina de Guilherme Nucci, a extinção da punibilidade nos delitos contra a ordem tributária tem a intenção de receber o valor dos tributos que lhe são devidos, não aplicar ao agente uma sanção penal. CRIMES DA LEI 8137/90 Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. Art. 2° Constitui crime da mesma natureza I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.EXPLICAÇÃO MAIS DETALHADA: EM PRIMEIRO LUGAR - CRIMES PATRIMONIAIS COMUNS: Aplicam-se os requisitos já citados, sendo que existem algumas especificidades, previstas pela jurisprudência, especialmente do STF, quanto a determinados delitos: ESTELIONATO NA MODALIDADE DE EMISSÃO DE CHEQUES SEM FUNDOS (art. 171, VI, CP): Ocorre a exclusão do crime em sua forma básica (súmula 554 do STF), se o agente pagar o cheque antes do recebimento da denúncia. PECULATO CULPOSO (art. 312, § 2º, CP): O peculato é crime próprio, praticado por funcionário público, podendo ser definido como a apropriação ou desvio de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, em proveito próprio ou alheio e o peculato culposo ocorre quando o agente concorre, de modo culposo, para a prática das condutas. Os marcos temporais são os seguintes: 1) Se a reparação do dano for ANTES da sentença penal transitada em julgado: gera a extinção da punibilidade, 2) Se for DEPOIS do trânsito em julgado: reduz a pena pela metade. A previsão do peculato culposo é até uma contradição quanto ao arrependimento posterior comum, já que pode ter extinção da pena e uma redução muito maior do que o previsto no arrependimento comum. IMPORTANTE: se a reparação do dano ocorrer após o trânsito em julgado, caberá ao juiz da cabe ao juiz da execução da pena aplicar a redução. SEGUNDO LUGAR: DELITOS TRIBUTÁRIOS APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (art. 168-A); SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (art. 337-A) E CRIMES DOS ARTS. 1º E 2º DA LEI Nº 8137/90: Ambos têm previsão do arrependimento posterior, com algumas diferenças: 1) o marco temporal é ANTES do início da ação fiscal e gera extinção da punibilidade, nesse caso, a reparação ocorre quando o agente declara, confessa e faz o pagamento das contribuições previdenciárias que não foram repassadas à seguridade social. 2) o marco temporal é DEPOIS do início da ação fiscal e pode ocorrer perdão judicial ou aplicação de pena de multa, sendo que, para tanto, o agente deve ser primário e de bons antecedentes. Nesse caso, deverá realizar o pagamento da contribuição previdenciária após o início da ação fiscal e antes do oferecimento da denúncia. 3) o marco temporal é publicação de sentença penal condenatória transitada em julgado e gera a suspensão da punibilidade: ocorre quando o agente participa de programa de parcelamento dos débitos, sendo a punibilidade extinta após o pagamento integral dos débitos dentro do prazo de parcelamento pactuado. Essas disposições se aplicam também aos crimes dos artigos 1º e 2º da lei 8.137/90, conforme disposto na Lei 10.684/2003. DESCAMINHO (artigo 334 do CP): O delito de descaminho é, basicamente, a fraude para não pagar tributo para importação ou exportação ou consumo de mercadorias provenientes de país estrangeiro. Não há previsão expressa quanto à aplicação do instituto da reparação do dano em relação ao descaminho, mas se aplica em razão da isonomia, nesse caso, poderá ocorrer extinção ou suspensão da punibilidade, caso tenha pagamento integral ou parcelamento do débito tributário, conforme jurisprudência do STJ.
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