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ma raposa, que vinha a fugir dos caçadores, enfiou para dentro de um poço, à falta de melhor esconderijo. Lá no fundo, lamentou-se: – Safei-me de morrer de uma chumbada, mas daqui de dentro é que eu não me salvo. Era um poço seco, um poço abandonado. Recordando o antigo uso, tinha na borda um balde, preso a uma corda de rodízio. A outra ponta da corda estava caída no fundo, aos pés da raposa. – Se eu conseguisse trepar pela corda acima, estava garantida – pensou a raposa. Tentou, mas só conseguiu soltar o balde que balançou, na outra extremidade, como um sino sem badalo. 1 © APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros CUIDADO COM O POÇO António Torrado escreveu e Cristina Malaquias ilustrou U Uma ovelha, despegada de um rebanho que pastava num monte perto, estranhou o barulho e o balde a baloiçar, na boca do poço, e foi espreitar. A raposa viu-lhe a cabeça felpuda e gritou-lhe: – Senhora ovelha, ainda bem que a encontro. Quero partilhar consigo esta novidade. Encontrei aqui em baixo uma mina de água, que é a uma maravilha. Um milagre! Mal a bebemos, ficamos com asas. Tão leves, tão leves que nem passarinhos… A parva da ovelha entusiasmou-se: – Com asas? Quem me dera! Como posso provar dessa água milagrosa? – Meta-se no balde, que está aí em cima, e venha ter comigo, antes que a água acabe. A ovelha não pensou duas vezes. Atirou-se para dentro do balde, que desceu com o peso, puxando para cima a outra ponta da corda, onde vinha agarrada a raposa. – Eu bem dizia que este poço dava asas – dizia a espertalhona, ao pôr os pés em chão seguro. E fugiu daquela armadilha do destino, a rir-se da malvadez. A ovelha baliu desesperada e humilhada com a sua tontice. Dar ouvidos a uma raposa, acreditar em água ou o que fosse que oferece asas a quem quer beber, que disparate, que estupidez! Por tanta imbecilidade junta, mais merecia ela lá ficar no fundo do poço do que a raposa. A ovelha chorou, mas já não lhe valia de nada. Vá que vá que ainda lhe valeu… O pastor, quando foi a contar as ovelhas e deu pela falta de uma, foi procurá-la. 2 © APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros Chamado pelas lamúrias da ovelha, chegou-se à beira do poço e salvou-a a tempo. Vá que vá que a história acabou em bem… Mas nem sempre acabam assim… FIM 3 © APENA - APDD – Cofinanciado pelo POSI e pela Presidência do Conselho de Ministros
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