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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DE PORTO ALEGRE(RS).
JOAQUINA DE TAL, brasileira, solteira, maior, dentista, residente e domiciliada na Rua da X, nº. 0000, CEP 44555-666, em Porto Alegre (RS), possuidora do CPF(MF) nº. 111.222.333-44, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que abaixo assina – instrumento procuratório acostado --, para ajuizar, com supedâneo no art. 5º, inc. X da Carta Política, bem como art. 186 c/c art. 953, ambos do Código Civil e, ainda, arts. 6º, inc. VI, 12, 14, 18, 20 e 25, § 1º do CDC, a presente
AÇÃO DE ANULATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO,
(DANO MATERIAL E MORAL)
COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA,
contra 
( 01 ) BANCO ZETA S/A, instituição financeira de direito privado, com sua sede na Av. Y, nº. 0000, em São Paulo(SP) – CEP nº. 33444-555, inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. 55.444.333/0001-22, 
em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas
(1) – SÍNTESE DOS FATOS
 
A Promovente mantém conta corrente junto ao banco réu desde os idos de 2002, tendo como enlace a conta corrente nº. 11222333, da Ag. nº. 000. 
 
Na data de 26 de janeiro do corrente ano, a Autora compareceu à Loja das Vendas Ltda e, através do cheque nº. 00000 do banco citado, com vencimento à vista, comprou uma cafeteira da marca X, conforme comprovante de nota fiscal anexo. (doc. 01). 
 
Aludido cheque fora depositado nas datas de xx/yy/zzzz e yy/zz/xxxx, quando nesta última data voltou pela alínea 12(sem provisão de fundos), o que comprova-se pela microfilmagem do aludido cheque(doc.02). 
 
Tal fato foi visto com surpresa pela Promovente, pois, em verdade, haveria saldo suficiente para cobertura do cheque. Foi então que extraiu um extrato da sua conta corrente e percebeu que um saque de R$ 450,00(quatrocento e cinqüenta reais) no dia xx/zz/yyyy e um outro no dia yy/xx/zzz, este último no valor de R$ 300,00(trezentos reais). (doc. 03)
 
A Autora compareceu então a agência ora evidenciada e procurou esclarecimentos quantos aos saques e foi informada que decorriam de saques feitos em caixas automáticos, sendo que o primeiro ocorreu na São Paulo e o segundo em Curitiba. 
Procurou a Promovente a restituição dos valores aludidos, bem como sua exclusão do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos(CCF do BACEN), o que foi negado pela instituição visto que, sendo a mesma, houve negligência da mesma em fornecer a senha a terceiros que permiticem os saques. 
 
Em face disto, promove a presente ação de sorte a anular o referido e pretenso débito, além de requerer perdas e danos e repetição de indébito(em dobro), face aos sérios constrangimentos sofridos pela mesma por conta dos aludidos acontecimentos, reclamando a condenação judicial pertinente e nos limites de sua agressão. (CC, art. 944) 
 
HOC IPSUM EST.
(2) – DO DIREITO
(2.1.) – RELAÇÃO DE CONSUMO CONFIGURADA
Cumpre-nos ressaltar, inicialmente, que entre a Autora e a Ré emerge uma inegável hipossuficiente técnico-econômica, o que sobremaneira deve ser levado em conta no importe deste processo. 
 
Destaque, mais, por oportuno, que o desenvolvimento desta ação deve seguir o prisma da Legislação Consumerista, visto que a relação em estudo é de consumo, aplicando-se, maiormente, a inversão do ônus da prova(CDC, art. 6º, inc. VIII). 
 
Em se tratando de prestação de serviço cujo destinatário final é o tomador, no caso da Autora, há relação de consumo nos precisos termos do que reza o Código de Defesa do Consumidor:
 Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviço como destinatário final.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° (...)
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
 
Na hipótese em estudo, resulta pertinente a responsabilização da Requerida, independentemente da existência da culpa, nos termos do que estipula o Código de Defesa do Consumidor. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 
A corroborar o texto da Lei acima descrita, insta transcrever as lições de Fábio Henrique Podestá:
“Aos sujeitos que pertencerem à categoria de prestadores de serviço, que não sejam pessoas físicas, imputa-se uma responsabilidade objetiva por defeitos de segurança do serviço prestado, sendo intuitivo que tal responsabilidade é fundada no risco criado e no lucro que é extraído da atividade. “(PODESTÁ, Fábio; MORAIS, Ezequiel; CARAZAI, Marcos Marins. Código de Defesa do Consumidor Comentado. São Paulo: RT, 2010. Pág. 147)
 
Existiu, em verdade, defeito na prestação de serviços, o que importa na responsabilização objetiva do fornecedor, ora Promovida.
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. PROCESSO CIVIL. EFEITO SUSPENSIVO. NÃO CABIMENTO. CONSUMIDOR. INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME EM CADASTROS DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO. ASTREINTES. PREVISÃO LEGAL. VALOR RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. RECURSO NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 
1. Não demonstrados os riscos de dano irreparável, incabível a atribuição de efeito suspensivo ao recurso (artigo 43, Lei n. 9.099/95) 
2. O fato alegado pelo recorrido - inscrição indevida junto aos órgãos de proteção ao crédito - restou incontroverso. 
3. O artigo 14 e seu §1º da Lei n. 8078/90 atribui ao fornecedor responsabilidade objetiva pelos danos que causar, oriundos da prestação defeituosa dos seus serviços. A indevida inscrição do nome em órgãos de proteção ao crédito caracteriza prestação defeituosa do serviço disponibilizado no mercado de consumo, viola direito da personalidade, dispensa a prova do prejuízo, que se presume, e deve ser indenizado. Sendo incontroversa a inexistência do débito que gerou a inscrição do nome do consumidor em órgãos de proteção ao crédito, cumpre à empresa fornecedora indenizar os danos morais decorrentes. 
4. A multa processual prevista no artigo 461, § 4º do CPC tem por objeto garantir a efetividade da tutela jurisdicional, sendo cabível sua fixação nas condenações em obrigação de fazer. 
5. O valor das astreintes foi fixado pelo magistrado em consonância com a obrigação principal e em montante suficiente para assegurar o cumprimento da obrigação de fazer, concernente na retirada no nome do recorrido do cadastro de inadimplentes e, portanto, razoável e proporcional. 
6. Recurso conhecido e não provido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, com Súmula de julgamento servindo de acórdão, na forma do artigo 46, Lei nº 9099/95. Custas e honorários pelo recorrente vencido, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, artigo 55, da Lei n. 9.099/95. (TJDF - Rec 2012.06.1.006550-0; Ac. 647.988; Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Relª Juíza Wilde Maria Silva Justiniano Ribeiro; DJDFTE 25/01/2013; Pág. 410)
(2.2.) – DO DEVER DE INDENIZAR 
RESPONSABILIDADE CIVIL: REQUISITOS CONFIGURADOS
 
Esclarecido antes que a relação jurídica entabulada entre as partes é consumo, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável à espécie, abrindo, no caso, a responsabilidade objetiva do Réu.
 
No plano do direito civil, para a configuração do dever de indenizar, segundo as lições de Caio Mário da Silva Pereira, faz-se necessário a concorrência dos seguintes fatores:
“a) em primeiro lugar, a verificação de uma conduta antijurídica, que abrange comportamentocontrário a direito, por comissão ou por omissão, sem necessidade de indagar se houve ou não o propósito de malfazer; b) em segundo lugar, a existência de um dano, tomada a expressão no sentido de lesão a um bem jurídico, seja este de ordem material ou imaterial, de natureza patrimonial ou não patrimonial; c) e em terceiro lugar, o estabelecimento de um nexo de causalidade entre um e outro, de forma a precisar-se que o dano decorre da conduta antijurídica, ou, em termos negativos, que sem a verificação do comportamento contrário a direito não teria havido o atentado ao bem jurídico.”(In, Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, Vol. I. Pág. 661). 
 
A propósito reza a Legislação Substantiva Civil que:
CÓDIGO CIVIL
Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, viola direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. “
 
Ademais, aplicável ao caso sub examine a doutrina do “risco criado” (responsabilidade objetiva), que está posta no Código Civil, que assim prevê:
CÓDIGO CIVIL
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
 
Nesse compasso, lúcidas as lições de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, novamente evidenciadas:
“Muitos desconhecer, mas KARL LARENZ, partindo do pensamento de HEGEL, já havia desenvolvido a teoria da imputação objetiva para o Direito Civil, visando estabelcer limites entre os fatos próprios e os acontecimentos acidentais. 
No dizer do Professor LUIZ FLÁVIO GOMES: ‘A teoria da imputação objetiva consiste basicamente no seguinte: só pode ser responsabilizado penalmente por um fato (leia-se a um sujeito só poder er imputado o fato), se ele criou ou incrementou um risco proibido relavante e, ademais, se o resultado jurídico decorreu desse risco. ‘
Nessa linha de raciocínio, se alguém cria ou incrimenta uma situação de risco não permitido, responderá pelo resultado jurídico causado, a exemplo do que corre quando alguém da causa a um acidente de veículo, por estar embrigado ( criado do risco proibido), ou quando se nega a prestar auxílio a alguém que se afoga, podendo fazê-lo, caracterizando a omissão de socorro (incremento do risco). 
Em todoas essas hipóteses, o agente poderá ser responsabilizado penalmente, e, porque não dizer, para aqueles que admitem a incidência da teoria no âmbito do Direito Civil. “ (GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. 10ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 146)
 
Neste contexto, cumpre-nos evidenciar alguns julgados:
RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. 
Indenização por danos morais decorrentes de indevido apontamento negativo em nome do autor. Cobrança de débito resultante de contrato de financiamento não contratado pelo autor. A ré lançou o nome do autor no cadastro de inadimplentes. O dano moral tem natureza in re ipsa e, por isso, prescinde de demonstração. Aplicação na espécie da teoria do risco, acolhida pelo art. 927, parágrafo único, do Código Civil, que responsabiliza aquele que cria o risco com o desenvolvimento da sua atividade independentemente de culpa. Indenização por dano moral que deve ser fixada com moderação levando em conta as circunstâncias do caso. Majoração da indenização de R$ 6.220,00 para R$ 15.000,00. Negado provimento ao recurso da ré. Parcial provimento ao recurso do autor para majorar o valor da indenização, bem como, os honorários advocatícios de sucumbência. (TJSP - APL 0226847-66.2011.8.26.0100; Ac. 6423315; São Paulo; Décima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Carlos Alberto Garbi; Julg. 18/12/2012; DJESP 22/01/2013)
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. PRECLUSÃO. ROMPIMENTO DE BARRAGEM. ATO ILÍCITO DEMONSTRATO. TEORIA DO RISCO. INTELIGÊNCIA DO ART. 927 DO CC. DANOS E NEXO CAUSAL COMPROVADOS. CHUVAS OCORRIDAS NO PERÍODO DO ROMPIMENTO. POTENCIALIZAÇÃO DO DANO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. EMBARGOS DECLARATÓRIOS OPOSTOS. FIXAÇÃO DE MULTA POR INTUITO MERAMENTE PROTELATÓRIO. NÃO VERIFICAÇÃO. RETIRADA DA PENALIDADE. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE. 
Com a adoção da teoria do risco, é a empresa responsável a reparar os danos oriundos de sua atividade, independentemente da demonstração de culpa, devendo ser comprovado apenas, para configurar o dever de indenizar, o dano e o nexo causal. -A enchente decorrente das fortes chuvas ocorridas não afasta a responsabilidade da apelante, já que o rompimento da barragem contribuiu de forma relevante para a ampliação dos danos e, consequentemente na majoração das proporções da enchente. -A fixação da indenização por danos morais pauta-se pela aplicação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, tendo por finalidade compensar o ofendido pelo constrangimento indevido que lhe foi imposto e, por outro lado, desestimular o ofensor a, no futuro, praticar atos semelhantes. -Os Embargos Declaratórios opostos com a finalidade de prequestionar e de sanar omissões, obscuridades e contradições, não enseja a condenação em multa. (TJMG - APCV 1.0439.07.074254-9/001; Rel. Des. Wanderley Paiva; Julg. 28/11/2012; DJEMG 30/11/2012)
APELAÇÕES CÍVEIS. CERCEAMENTO DE DEFESA INEXISTENTE. CONGRUENTE APLICAÇÃO DO ART. 330 DO CPC. DANO MORAL. ACIDENTE DE TRABALHO. ENFERMIDADE DECORRENTE DE RISCO PRÓPRIO DA ATIVIDADE LABORAL. TEORIA DO RISCO. APLICAÇÃO DO ART. 927, § ÚNICO DO CÓDIGO CIVIL. NEXO DE CAUSALIDADE CONFIRMADO. TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA. MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. RECURSOS CONHECIDOS. IMPROVIMENTO DO APELO INTERPOSTO PELO RÉU. PROVIMENTO PARCIAL DO APELO MANEJADO PELO AUTOR. 
1 ​ Trata​se de Apelações Cíveis interpostas por município e servidor (motorista do carro de coleta de lixo), em face de sentença proferida nos autos da Ação de Indenização por Acidente de Trabalho, manejada pelo segundo apelante contra o ente federativo, em que se julgou parcialmente procedente a causa, com a condenação do polo réu ao pagamento de 40 (quarenta) salários mínimos ao autor, uma vez que este teria adquirido úlcera de córnea, causada por bactéria proveniente de lixo, resultando na cegueira de um de seus olhos. 
2 ​ Preliminar de cerceamento de defesa decorrente do julgamento antecipado da lide improcedente; em observância ao Princípio da Razoável Duração do Processo, extrai​se que, vislumbrado, no caso concreto, substrato jurídico suficiente à pronta solução da lide, nos termos do art. 330 do CPC, por ordem de Celeridade e Eficiência da Prestação Jurisdicional, exige​se do magistrado a aceleração do trâmite do feito. 
3 ​ Motorista de caminhão de lixo está, em decorrência de sua atividade laboral, exposto a risco de saúde, razão pela qual, em se tratando de acidente de trabalho, deve​se aplicar o regime jurídico da Responsabilidade Civil Objetiva, conforme positivado no art. 927, § único do Código Civil, afastando​se, por conseguinte, a perquirição de culpa do Município réu e exigindo​se a verificação, tão somente, dos quesitos de dano e nexo de causalidade. 
4 ​ Sendo o risco decorrente do labor a razão mais razoável a desencadear a consequência danosa sofrida pelo autor, por aplicação da Teoria da Causalidade Adequada, tem​se por configurado o nexo de causalidade entre o dano sofrido e a atividade laboral, constituindo todos os elementos a ensejar a relação responsabilizadora do Município réu, em face do polo autoral. 
5 ​ Em relação à indenização, por assumir papel compensatório, em virtude de ser originária de um dano moral, o seu valor deve atentar para os seguintes critérios: Ser suficiente para a compensação do dano, razoável para que não cause enriquecimentoilícito ao beneficiário e proporcional ao potencial econômico da parte condenada. Precedentes do STJ. 
6 ​ Apelos conhecidos para NEGAR PROVIMENTO ao apelo interposto pelo polo réu e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao manejado pelo autor, reformando a sentença singular para estabelecer o quantum indenizatório em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sem prejuízo da contabilização de juros moratórios a partir do evento danoso (Súmula nº 54 do STJ) e correção monetária a partir da presente fixação (Súmula nº 362 do STJ). Condena​se ainda o Município réu ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, ficando estes arbitrados, por ser vencida a Fazenda Pública, nos ditames do art. 20, § 4º do CPC, em R$ 500,00 (quinhentos reais). (TJCE - APL 1163​75.2003.8.06.0128/1; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Clécio Aguiar de Magalhães; DJCE 30/04/2012; Pág. 40)
 
Dessarte, a responsabilidade civil, à luz do Código de Defesa do Consumidor e do Códgio Civil, é objetiva.
 
Ademais, com esta exordial de já ficou demonstrado cabalmente que houve saques indevidos no cartão da Autora, sobretudo quando os estes foram efetuados em Estados da Federação distintos do domicílio e agência da Autora. De outro lado, foram trazidos à baila documentos que comprovam a inserção do nome da Promovente junto ao CCF (do BACEN). São provas verossímeis as alegações da Autora. 
 
De outro compasso, imperioso ressaltar que a responsabilidade civil almejada diz respeito a dano de ordem moral. Neste caso, consideremos, pois, o direito à incolomidade moral pertence à classe dos direitos absolutos, encontrando-se positivados pela conjugação de preceitos constitucionais elencados no rol dos direitos e garantias individuais da Carta Magna(CF/88, art. 5º, inv. V e X), erigidos, portanto, ao status cláusula pétrea(CF/88, art. 60, § 4º), merecendo ser devidamente tutelado nos casos concretos apreciados pelo Poder Judiciário. 
A moral individual está relacionada à honra, ao nome, à boa-fama, à auto-estima e ao apreço, sendo que o dano moral resulta de ato ilícito que atinge o patrimônio do indivíduo, ferindo sua honra, decoro, crenças políticas e religiosas, paz interior, bom nome e liberdade, originando sofrimento psíquico, físico ou moral.
 
É consabido, maiis, que a moral é um dos atribudos da personalidade, tanto assim que Cristiano Chaves de Farias e Nélson Rosenvald professam que:
“Os direitos da personalidade são tendentes a assegurar a integral proteção da pessoa humana, considerada em seus múltiplos aspectos (corpo, alma e intelecto). Logo, a classificação dos direitos da personalidade tem de corresponder à projeção da tutela jurídica em todas as searas em que atua o homem, considerados os seus múltiplos aspectos biopsicológicos. 
Já se observou que os direitos da personalidde tendem à afirmação da pelna integridade do seu titular. Enfim, da sua dignidade. 
Em sendo assim, a clssificação deve ter em conta os aspectos fundamentais da personalidade que são: a integridade física ( direito à vida, direito ao corpo, direito à saúde ou inteireza corporal, direito ao cadáver . . . ), a integridade intelectual (direito à autoria científica ou literária, à liberdade religiosa e de expressão, dentre outras manifestações do intelecto) e a integridade moral ou psíquica (direito à privacidade, ao nome, à imagem etc). (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nélson. Curso de Direito Civil. 10ª Ed. Salvador: JusPodvim, 2012, pp. 200-201)
 
Segundo Yussef Said Cahali caracteriza o dano moral:
“Parece mais razoável, assim, caracterizar o dano moral pelos seus próprios elementos; portanto, ‘como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e demais sagrados afetos’; classificando-se, desse modo, em dano que afeta a ‘parte social do patrimônio moral’ (honra, reputação etc) e dano que molesta a ‘parte afetiva do patrimônio moral’ (dor, tristeza, saudade etc); dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante etc) e dano moral puro (dor, tristeza etc.). “ (CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 4ª Ed. São Paulo: RT, 2011, pp. 20-21)
 
Dessarte, pelas normas de consumo, resulta expressa a adoção da responsabilidade civil objetiva, assim conceituada pela professora Maria Helena Diniz: 
"Na responsabilidade objetiva, a atividade que gerou o dano é lícita, mas causou perigo a outrem, de modo que aquele que a exerce, por ter a obrigação de velar para que dele não resulte prejuízo, terá o dever ressarcitório, pelo simples implemento do nexo causal. A vítima deverá pura e simplesmente demonstrar o nexo da causalidade entre o dano e a ação que o produziu" (in, Curso de Direito Civil Brasileiro. 24ª ed. Saraiva: 2010, 7º vol, p. 53). 
( destacamos )
 Em caso similar já decidiu-se que “o dano moral poderá advir, não pelo constrangimento acarretado pelo travamento da porta em si, fato que eventualmente poderá não causar prejuízo a ser reparado a esse título, mas, dos dedobramentos que lhe possam suceder, assim consideradas as iniciativas que a instituição financeira ou seu prepostos venham a tomar no momento, as quais poderão minorar os efeitos da ocorrência, fazendo com que ela assuma contornos de uma mera contrariedade, ou, de outro modo, agravá-los, degenerando o que poderia ser um simples contratempo em fonte de vergonha e humilhação, passíveis, estes sim, de reparação.”(TJSP – Ap. Cível. 990.10.475451-8, Rel. Des. Baretta da Silveira). 
A exposição constrangedora e vexatória à qual foi submetida a Autora é inadmissível, uma vez que fora destratada na esfera mais íntima do ser, teve sua honra e dignidade feridas, seus direitos fundamentais violados, visto que fora desrespeitada e humilhada perante terceiros, maiormente quando a atitude exagerada na cobrança de dívidas da Ré submetera a Autora a uma situação ameaçadora, causando, como dito, inegável constrangimento e humilhação pública, maiormente aos seus companheiros de trabalho e familiares. 
Houve, destarte, irrefutável falha na prestação do serviço com a inserção descabida do nome da Autora nos órgãos de restrições, maiormente em virtude saques indevidos de sua conta corrente. 
Nestes termos, restou configurada a existência dos pressupostos essenciais à responsabilidade civil: conduta lesiva, nexo causal e dano, a justificar o pedido de indenização moral. 
A propósito, vejamos os seguintes julgados específicos sobre o tema ora tratado:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. SAQUES INDEVIDOS EM CONTA CORRENTE. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DANO MATERIAL. CONFIGURAÇÃO. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. 
1.A realização de saques indevidos em conta poupança, mediante a utilização de cartão "clonado", configura falha na prestação de serviço, justificando a condenação da instituição financeira ao pagamento de indenização pelos danos materiais experimentados. 2. Constatado que, em virtude da realização de descontos indevidos em conta corrente, houve a cobrança de encargos de crédito rotativo, mostra-se cabível o ressarcimento dos valores cobrados a este título. 3.A realização de saques indevidos em conta corrente, mediante fraude praticada por terceiros, sem que tenha provocado abalo à reputação do correntista, embora constitua fato reprovável, não se mostra motivo idôneo para causar danos de ordem moral, devendo a reparação circunscrever-se à esfera dos danos patrimoniais. 4.Recurso de Apelação interposto pelo réu conhecido e não provido. Recurso de apelação interposto pela autora conhecido e parcialmente provido. (TJDF - Rec 2009.01.1.009174-0; Ac. 644.047; Terceira Turma Cível; Relª Desª Nídia Corrêa Lima; DJDFTE 10/01/2013; Pág. 208)
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CLONAGEM DE CARTÃO DE CRÉDITO. COBRANÇA INDEVIDA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA LEGITIMIDADE DAS COMPRAS CONTESTADASE NÃO ESTORNADAS DO CARTÃO DE CRÉDITO DA PROMOVENTE. ÔNUS DA PROVA DO FORNECEDOR. INTELIGÊNCIA DO ART. 6, INCISO VIII DO CDC. DANOS MORAIS. PROCEDÊNCIA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DEVER DE INDENIZAR QUE DECORRE IN RE IPSA. INTELIGÊNCIA DO ART. 14 DO CDC. QUANTUM INDENIZATÓRIO. VALOR EXCESSIVO. REDUÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS DE ACORDO COM O DISPOSTO NO ART. 20, § 3º DO CPC. PERCENTUAL MANTIDO. APELAÇÃO CONHECIDA E PARCIALMENTE PROVIDA APENAS PARA REDUZIR O QUANTUM INDENIZATÓRIO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 
1​ Trata​se de Ação de Indenização por Danos Morais, decorrentes de utilização de cartão de crédito, onde a promovente assevera ter sido cobrada por despesas realizadas por terceiros, em razão da clonagem do seu cartão de crédito, cujas compras não foram reconhecidas pela mesma. 2​ Existente, outrossim, no caso em tela, relação de consumo entre as partes pelo que se aplicam as normas e regras estabelecidas no Código de Defesa do Consumidor, a saber, inversão do ônus da prova, responsabilidade civil objetiva pelos danos causado ao consumidor etc. , tendo em vista ser o consumidor vulnerável no mercado de consumo (art. 4, inciso I do CDC). 3​ Compulsando os autos, verifica​se que restou incontestável que, de fato, houve fraude e o cartão de crédito da promovente fora clonado, fato este não refutado pela promovida e, inclusive, reconhecido pela mesma, haja vista que fora o próprio banco quem entrou em contato com a promovente para informar o ocorrido. 4​ No entanto, das várias compras efetuadas no cartão de crédito da promovente e devidamente contestadas, algumas ainda permaneceram na sua fatura, fato este que inegavelmente gerou transtornos à consumidora, que passou a ser cobrada por dívida que não lhe pertencia. 5​ A ré, por sua vez, apenas alegou nos autos que também fora vítima do aludido golpe praticado pro terceiros o que, a nosso sentir, não exclui a responsabilidade da ré pela segurança do serviço prestado. 6​ Ademais, cabia a ré demonstrar a regularidade das compras que não foram estornadas do cartão de crédito da promovente, não tendo a mesma se desincumbido de tal ônus a despeito do que preceitua o art. 333, II e art 6º VIII do CDC. 7​ Na concepção moderna da reparação do dano moral, tem prevalecido a orientação de que a responsabilização do agente resta configurada pelo simples fato da existência de violação ao direito alheio, portanto, tornar​se desnecessária a prova do prejuízo em concreto, que decorre in re ipsa. 8​ Acerca do quantum indenizatório, cabe ao prudente arbítrio do julgador estipular equitativamente o montante devido, mediante análise das circunstâncias do caso concreto, e segundo os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 9​ Levando​se em consideração as circunstâncias do caso concreto e o entendimento jurisprudencial dominante desta Corte de Justiça, entendo que o valor arbitrado na sentença mostra​se excessivo, pelo que reduzo a condenação de 20(vinte) salários mínimos para R$ 6.000,00 (seis mil reais) à título de Danos Morais, devendo incidir juros moratórios à taxa de 1% ao mês à partir da citação, nos termos do art. 406 do Código Civil e corrigido monetariamente pelo INPC à partir do arbitramento nos termos da Súmula nº 362 do STJ. 10​ Quanto aos honorários advocatícios, o percentual de 10% aplicado na sentença mostra condizente com o disposto no art. 20, § 3º do CPC, portanto, não merece qualquer reparo a decisão recorrida nesse aspecto. 11​ Apelação conhecida e parcialmente provida. Sentença Parcialmente reformada. (TJCE - AC 0015569​50.2010.8.06.0001; Sétima Câmara Cível; Rel. Des. Francisco José Martins; DJCE 09/01/2013; Pág. 112)
APELAÇÃO CÍVEL. 
Ação de indenização por danos morais e materiais. Cartão de crédito clonado. Saques indevidos efetuados na conta corrente do autor. Estorno dos valores não realizado pela instituição financeira. Sentença de procedência. Recurso da instituição financeira. Relação de consumo. Aplicabilidade das disposições da Lei n. 8.078/1990. Inversão do ônus da prova. Insurgência quanto ao reconhecimento da fraude. Conjunto probatório que demonstra terem sido os saques realizados em agências bancárias situadas no Estado da Bahia, enquanto o autor reside e trabalha em Santa Catarina. Falta de comprovação inequívoca da realização dos saques pelo autor. Banco demandado que não demonstra a eficácia e imunidade a fraudes do seu sistema. Ônus que lhe incumbia (art. 6º, VIII, CDC). Falha na prestação de serviço evidenciada. Inteligência do artigo 14 do código consumerista e da Súmula nº 479 do Superior Tribunal de Justiça. Ilícito configurado. Dano moral presumido (in re ipsa). Situação que extrapola o mero dissabor. Dever de indenizar mantido. Quantum indenizatório fixado na sentença em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Pleito visando a minoração. Insubsistência. Bem evidenciado o caráter inibitório e pedagógico imprimido a indenização fixada. Ademais, valor razoável e proporcional à extensão do dano à dignidade e cidadania do consumidor. Honorários advocatícios fixados em 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação. Pedido de minoração. Impossibilidade. Percentual fixado dentro dos critérios legais. Artigo 20, §3º do código de processo civil. Recurso conhecido e desprovido. Aplicação de ofício da litigância de má-fé ao banco demandado no importe de 1% (um por cento) de multa e 20% (vinte por cento) de indenização, ambos sobre o valor atualizado da causa. Exegese do artigo 17, VII, e artigo 18, caput e § 2º, do código de processo civil. (TJSC - AC 2011.073251-0; São José; Primeira Câmara de Direito Civil; Relª Desª Denise Volpato; Julg. 20/11/2012; DJSC 27/11/2012; Pág. 97)
APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. SAQUE INDEVIDO EM CONTA BANCÁRIA. 
O Superior Tribunal de Justiça fixou entendimento no sentido que, em se tratando de demanda indenizatória cuja causa de pedir está fundada na ocorrência de saques indevidos em conta bancária, é viável a inversão do ônus probatório com fundamento no artigo 6º, inciso VIII, do CDC, fundamentada, inclusive, na insuficiência técnica do consumidor, competindo à instituição de crédito comprovar a regularidade da retirada bancária e sua efetivação pelo correntista, bem assim o emprego do cartão do qual aquele é titular e a senha correlata, afastando, dessa forma, a possibilidade de erro contábil ou mesmo a ocorrência de clonagem do cartão e fraude em caixas eletrônicos, situações corriqueiras. Devolução dos valores indevidamente debitados e dos encargos cobrados. Dano moral caracterizado. Apelação provida. (TJRS - AC 529791-64.2011.8.21.7000; Porto Alegre; Décima Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Bayard Ney de Freitas Barcellos; Julg. 12/09/2012; DJERS 17/09/2012)
(2.3.) – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
 
A inversão do ônus da prova se faz necessária na hipótese em estudo, vez que a inversão é “ope legis” e resulta do quanto contido no Código de Defesa do Consumidor. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
[ . . . ] 
 § 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 
Nesse sentido, de todo oportuno evidenciar as lições de Rizzatto Nunes:
“Já tivemos oportunidade de deixar consignado que o Código de Defesa do Consumidor constituir-se num sistema autônomo e próprio, sendo fonte primária (dentro do sistema da Constituição) para o intérprete. 
Dessa forma, no que respeita à questão da produção de provas, no processo civil, o CDC é o ponto de partida, aplicando-se a seguir, de forma complementar, as regras do Código de Processo Civil (arts. 332 a 443). “( NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, pp. 215-216)
 
Também é poresse prisma é o entendimento de Ada Pellegrini Grinover:
“Já com a inversão do ônus da prova, aliada à chamada ‘culpa objetiva’, não há necessidade de provar-se dolo ou culpa, valendo dizer que o simples fato de ser colocar no mercado um veículo naquela condições que acarrete, ou possa acarretar danos, já enseja uma indenização, ou procedimento cautelar para evitar os referidos danos, tudo independemente de se indagar de quem foi a negligência ou imperícia, por exemplo. “ (GRINOVER, Ada Pellegrini [et tal]. Código de Defesa do Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 158) 
À Ré, portanto, caberá, face a inversão do ônus da prova, evidenciar se a culpa pela indevida utilização do cartão foi devido a forma como foi utilizada pelo consumidor, ora Autora, ou, de outro bordo, em face de terceiro(s), que é justamente a regra do inc. II, do art. 14, do CDC, acima citado. 
 
A propósito, colacionamos os seguintes julgados:
INDENIZAÇÃO. CARTÃO DE CRÉDITO. DESPESAS NÃO EFETUADAS. POSSIBILIDADE DE CLONAGEM. 
Responsabilidade objetiva do fornecedor do serviço. Inversão do ônus da prova. Dano moral configurado. Montante adequado. Dano material. Fato incontroverso. Restituição simples e não em dobro de valores. Apelação parcialmente provida. (TJSP - APL 0200781-49.2011.8.26.0100; Ac. 6435945; São Paulo; Vigésima Segunda Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Matheus Fontes; Julg. 29/11/2012; DJESP 18/01/2013)
CONSUMIDOR. CARTÃO DE CRÉDITO. LANÇAMENTOS DE COMPRAS NÃO REALIZADAS E CONTESTADAS PERANTE A ADMINISTRADORA. CLONAGEM DO CARTÃO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. DANO MORAL CONFIGURADO. ADEQUAÇÃO DO VALOR ARBITRADO. MULTA. 
1. É fato demonstrado nos autos a inclusão/manutenção de apontamento em órgãos de proteção ao crédito (fls. 31/34), em razão de compras lançadas no cartão de crédito do autor/recorrido e realizadas fora do seu domicílio, regularmente contestadas por suspeita de clonagem do cartão (fls. 43/50), tendo a ré/recorrente, não obstante, prosseguido nas cobranças (fls. 51/55). Diante desse quadro, e não comprovada a legitimidade da cobrança, ficou caracterizada a falha na prestação do serviço que não assegurou o consumidor de fraude. 
2. Cabível a inversão do ônus da prova do fato constitutivo do direito (CDC, art. 6º, VIII), o que, no caso, decorre da Lei, na responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (artigos 12 e 14 do CDC), conforme assentado na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP 802.832/MG, Rel. Ministro Paulo de tarso sanseverino, segunda seção, dje 21.9.2011). 
3. Há verossimilhança na alegação da parte autora/recorrida em vista de compras realizadas em datas próximas em cidades distantes de seu domicílio, ao passo que aquela não teria a possibilidade de demonstrar que terceiro usara cartão clonado para as compras questionadas. Consoante já decidiu a instância recursal dos juizados especiais, "a hipossuficiência da parte autora decorre do fato de não ser razoável imputar-lhe o ônus de demonstrar que houve falha no sistema de segurança da ré, tendo a utilização sido efetuada por terceira pessoa e não por ela. A parte ré sim teria condições de demonstrar que seu sistema de segurança das transações via cartão magnético é seguro, tendo sido tomados os cuidados necessários para evitar fraudes" (acj 2007.01.1.042229-7, Rel. Juíza carmen bittencourt, primeira turma recursal, DJ 08.09.2008). 
4. Assim, sem que o recorrente tenha demonstrado a segurança de seu sistema, correta a conclusão na sentença de responsabilidade objetiva do recorrente em face do ato fraudulento praticado por terceiro, restando, no mais, a aplicação da teoria da atividade negocial, como previsto no artigo 927, § único, do CC/2002. 
5. Para o arbitramento na compensação do dano moral, a Lei não fornece critérios. Destarte, a doutrina e jurisprudência apontam critérios para servir de parâmetros na fixação do valor, o que, por óbvio, deve amoldar-se a cada caso. No presente caso, em observância às finalidades compensatória, punitiva, pedagógica e preventiva da condenação, bem assim às circunstâncias da causa, inclusive a capacidade financeira do ofensor, afigura- se razoável e proporcional o arbitramento feito na sentença impugnada. 
6. O artigo 461, parágrafo 5º, do código de processo civil permite ao juiz impor multa para efetivação da tutela específica e o parágrafo 6º, do mesmo dispositivo, autoriza ao juiz modificar o valor ou a periodicidade da multa, até mesmo de ofício e diante de sentença transitada em julgado, sendo descabido, portanto, a discussão em sede de recurso inominado sobre a exorbitância no arbitramento, antes de embargos à execução, inclusive porque a multa poderá ser aplicada em quantia inferior àquele valor máximo estabelecido inicialmente pelo juiz. 
7. Recurso conhecido e não provido. 
8. O recorrente vencido é condenado no pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes arbitrados no caso em 10% do valor da condenação, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95. (TJDF - Rec 2011.01.1.071555-7; Ac. 564.551; Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz Fábio Eduardo Marques; DJDFTE 15/02/2012; Pág. 186)
(2.4.) – “PRETIUM DOLORIS” 
 
Cabe primeiramente salientar que provado o fato que gerou o dano moral, no caso em vertente a inscrição indevida do nome da Autora no CDF do Banco Central do Brasil, impõe-se a condenação. 
Pelas normas de consumo, resulta expressa a adoção da responsabilidade civil objetiva, assim conceituada pela professora Maria Helena Diniz: 
" 
Na responsabilidade objetiva, a atividade que gerou o dano é lícita, mas causou perigo a outrem, de modo que aquele que a exerce, por ter a obrigação de velar para que dele não resulte prejuízo, terá o dever ressarcitório, pelo simples implemento do nexo causal. A vítima deverá pura e simplesmente demonstrar o nexo da causalidade entre o dano e a ação que o produziu" (in, Curso de Direito Civil Brasileiro. 24ª ed. Saraiva: 2010, 7º vol, p. 53). 
( destacamos )
 
De outro plano, o Código Civil estabeleceu-se a regra clara de que aquele que for condenado a reparar um dano, deverá fazê-lo de sorte que a situação patrimonial e pessoal do lesado seja recomposta ao estado anterior. Assim, o montante da indenização não pode ser inferior ao prejuízo. Há de ser integral, portanto. HhÁ 
CÓDIGO CIVIL
Art. 944 – A indenização mede-se pela extensão do dano.
Nesta esteira de raciocínio, emérito Julgador, cumpri-nos demonstrar a extensão do dano( e não o dano ). 
Quanto ao valor da reparação, tocantemente ao dano moral, assevera Caio Mário da Silva Pereira, que: 
“Quando se cuida de reparar o dano moral, o fulcro do conceito ressarcitório acha-se deslocado para a convergência de duas forças: `caráter punitivo` para que o causador do dano, pelo fato da condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o `caráter compensatório` para a vítima, que receberá uma soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido. “ (PEREIRA, Caio Mário da Silva (atualizador Gustavo Tepedino). Responsabilidade Civil. 10ª Ed. Rio de Janeiro: GZ Ed, 2012, p. 78)
(destacamos)
Nesse mesmo compasso de entendimento, leciona Arnaldo Rizzardo que:
“Não existe uma previsão na lei sobre a quantia a ser ficada ou arbitrada. No entanto, consolidaram-se alguns critérios.
Domina a teoria do duplo caráter da repação, que se estabelece na finalidade da digna compensação pelo mal sofrido e de uma correta punição do causador do ato. Devem preponderar, ainda, as situaões especiais que envolvem o caso, e assim a gravidade do dano, a intensidade da culpa, a posição social das partes, a condição econômica dos envolvidos, a vida pregressa da pessoa que tem o título protestado ou o nome negativado. “ (RIZZARDO, Arnaldo. Responsabilidade Civil. 4ª Ed. Rio de Janeiro, Forense, 2009, p. 261)
No caso em debate, ficou cabalmente demonstradaa ilicitude do defeito na prestação do serviço, o que não se pode negar que este fato trouxe à mesma forte constrangimento, angústia e humilhação, capazes, por si só, de acarretar dano moral de ordem subjetiva e objetiva. 
 
Desta maneira, o nexo causal ficou claríssimo. Logo, evidente está o dano moral suportado pela Autora, devendo-se tão-somente ser examinada a questão do quantum indenizatório. 
 
É certo que o problema da quantificação do valor econômico a ser reposto ao ofendido tem motivado intermináveis polêmicas, debates, até agora não havendo pacificação a respeito. De qualquer forma, doutrina e jurisprudência são pacíficas no sentido de que a fixação deve se dá com prudente arbítrio, para que não haja enriquecimento à custa do empobrecimento alheio, mas também para que o valor não seja irrisório. 
 
Ademais, a indenização deve ser aplicada de forma casuística, supesando-se a proporcionalidade entre a conduta lesiva e o prejuízo enfrentado pela ofendida, de forma que, em consonância com o princípio neminem laedere, inocorra o lucuplemento da vítima quanto a cominação de pena tão desarrazoada que não coíba o infrator de novos atos. 
 
O valor da indenização pelo dano moral, mais, não se configura um montante tarifado legalmente. A melhor doutrina reconhece que o sistema adotado pela legislação pátria é o sistema aberto, no qual o Órgão Julgador pode levar em consideração elementos essenciais, tais como as condições econômicas e sociais das partes, a gravidade da lesão e sua repercussão e as circunstâncias fáticas. Assim, a importância pecuniária deve ser capaz de produzir-lhe um estado tal de neutralização do sofrimento impingido, de forma a "compensar a sens ação de dor" experimentada e representar uma satisfação, igualmente moral.
 
Anote-se, por oportuno que não se pode olvidar que a presente ação, nos dias atuais, não se restringe a ser apenas compensatória; vai mais além, é verdadeiramente sancionatória, na medida em que o valor fixado a título de indenização reveste-se de pena civil.
 
Não precisamos ir longe para compreendermos o potencial financeiro da Promovida. 
(2.7.) – PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA 
O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a antecipação de tutela “existindo prova inequívoca” e “dano irreparável ou de difícil reparação”:
Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - ...
§ 1° - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento.
§ 2° - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.
§ 3° A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4° e 5°, e 461-A.
 
Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela Ré, fartamente comprovada por documentos imersos nesta pendenga, maiormente com o comprovante de inserção do nome da Autora junto ao CCF(Bacen) e os saques feitos em Estados da Federação diversos e distintos daquele onde reside a Autora. 
Há, outrossim, fundado receio de dano irreparável, porquanto a Autora, encontra-se como seu nome inserto no CCF, o que lhes vem trazendo seqüelas de irreparáveis, sobretudo no campo profissional(quando está impedida de obter novos trabalhos, visto que, em regra, as empresas consultam antes os órgãos de restrições antes de admitir o empregado); no campo financeiro(porquanto encontra-se impedida de obter novos empréstimos e sequer conseguir um talonário de cheque, por uma questão de procedimento inclusive do BACEN) e na seara emocional(jamais terá de volta a paz e a tranqüilidade que antes a tinha, quando não tinha seu nome “negativado” nos órgãos de restrições). 
A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que a Ré, se vencedora na lide, poderá incluir o nome da Autora junto aos órgãos de restrições e cobrar a pretensa fatura em aberto.
Diante disto, a Autora vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária, tutela antecipada no sentido de:
a) determinar que a Ré exclua, no prazo de cinco(5) dias, o nome da Promovente o nome da Autora do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos(CCF do BACEN), emitindo, para tanto, comunicado ao Banco Central do Brasil, bem como dos órgãos de restrições, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00(mil reais);
b) que a mesma restitua, de pronto, a quantia de R$ 750,00(setecentos e cinqüenta reais), devidamente corrigido à Autora, também sob pena de aplicação da multa acima citada.
(3) – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S 
POSTO ISSO,
como últimos requerimentos desta Ação Anulatória c/c Indenizatória, a Autora requer que Vossa Excelência se digne de tomar as seguintes providências:
a) Determinar a citação da Requerida, por carta, com AR, instando-a, para, querendo, apresentare defesa no prazo legal, sob pena de revelia e confissão;
b) pede, mais, sejam JULGADOS PROCEDENTES OS PEDIDOS formulados nesta ação, anulando os lançamentos de saques na conta corrente da Autora(c/c nº. 0000 – Ag. nº 1111), condenando a Ré, a título de dano material, a devolver o que fora sacado indevidamente e das tarifas bancárias incidentes sobre os saques/devolução do cheque(CDC, art. 42, § único). Requer, mais, a condenação face aos danos morais sofridos pela Autora, a ser estipulado por Vossa Excelência por equidade, não menos que 50(cinqüenta salários mínimos); 
c) pleia, mais, que a Ré seja condenada, por definitivo, a não inserir o nome da Autora junto aos órgãos de restrições, bem como a não promover informações à CCF do BACEN, sob pena de pagamento de multa diária de R$ 1.000,00(mil reais), consoante regra do art. 461, § 4º, do CPC;
d) que todos os valores acima pleiteados sejam corrigidos monetariamente, conforme abaixo evidenciado:
Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.
Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. 
e) seja a Requerida condenada ao pagamento de honorários de 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação, mormente levando-se em conta o trabalho profissional desenvolvido pelo patrono da Autora, além do pagamento de custas e despesas, tudo também devidamente corrigido.
 
Protesta prova o alegado por todos os meios admissíveis em direito, assegurados pela Lei Fundamental(art. 5º, inciso LV, da C.Fed.), notadamente pelos depoimentos dos réus, pena de tornarem-se confitentes fictos, oitiva de testemunhas a serem arroladas oportuno tempore, junta posterior de documentos como contraprova, perícia, tudo de logo requerido.
 
Atribui-se a presente Ação o valor estimativo de R$ 0.000,00 ( .x.x.x. ).
 
Respeitosamente, pede deferimento.
 Porto Alegre (RS), 00 de fevereiro de 0000.
 
 
 
 Beltrano de tal
 
 Advogado – OAB(PR) 112233