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· Em 1948 surgiu a síntese da lidocaína, o primeiro anestésico comercializado derivado de amida. E esse anestésico não gerava o PABA (ácido paraminobenzoico), ou seja, as chances de dar alergias eram poucas. Anestésico local · Hoje temos uma quantidade razoável de anestésicos locais, como por exemplo, bupivacaína, lidocaína e a ropivacaína · Mecanismo de ação: · Os anestésicos locais são substâncias que bloqueiam a condução nervosa de forma reversível. Então, temos a perda da sensibilidade motora e sensitiva, e o retorno após algum tempo. · Os anestésicos locais bloqueiam canais de sódio nos axônios das fibras aferentes. · Ocorre o influxo de sódio que depois de certo ponto, vai promover a despolarização celular. · Esses anestésicos são bases fracas, assim temos a forma molecular (neutra) e que penetra facilmente a membrana fosfolipidica. E tem a forma protonada (BH+) que tem dificuldade em penetrar na membrana. · Essa forma neutra e protonada também se mantém dentro da célula, e isso é um fator importante, pois quem tem característica de bloquear o canal iônico é a forma protonada, impedindo a repolarização celular. · A velocidade de bloqueio é totalmente dependente com a anatomia da fibra aferente. · As fibras C e a delta, são responsáveis pela propagação do estímulo doloroso. Já as fibras alfa e beta, são responsáveis pelos estímulos de pressão, tato e propriocepção. · O bloqueio ocorre da seguinte forma: primeiro tem o bloqueio das fibras mais finas e mielinizadas, e depois o bloqueio das fibras mais grossas e mielinizadas. · O bloqueio ele segue uma lógica, primeiro a perda da dor, depois do tato, pressão e propriocepção. E a volta do bloqueio segue da maneira contraria. · O que influencia o efeito: · Volume administrado é fundamental para que tenha um bloqueio rápido e efetivo. E isso está relacionado com a difusão do anestésico naquela área a ser bloqueada. · Lipossolubilidade é um fator importante, porque os anestésicos locais são altamente lipossolúveis. Logo quando administramos um anestésico local em uma região lipídica, o anestésico tende a ficar preso naquele espaço dificultando a absorção sistêmica. Com isso, a anestesia tende a durar mais tempo. Por outro lado, essa própria lipossolubilidade pode atrapalhar a difusão do anestésico na região. · Concentração da solução é muito importante na efetividade do bloqueio. Quanto maior a concentração, menor o período de latência e maior o período de ação. Porém, não pode fazer concentrações muito elevadas, porque pode-se ter toxicidade local. · Vasoconstritor (epinefrina), vai diminuir a irrigação local, retardando a absorção sistêmica. Com isso, aumenta o período de ação. OBS: nunca usar anestésico local em extremidades, pois pode promover necrose tecidual. · Principais anestésicos locais: · Lidocaína: ainda é o anestésico local mais utilizado, principalmente por causa da sua versatilidade. Pode ser usado em filtrações simples ou complexas, bloqueios periféricos ou locorregionais. · A lidocaína a 1% permite um bloqueio anestésico por mais ou menos uma hora, e esse tempo pode ser aumentado se a concentração for a 2% (90 a 120 minutos) ou se adicionar um vasoconstritor (aumenta em aproximadamente 50% o período de ação). · A lidocaína também é usada com outras finalidades. O primeiro deles é o efeito antiarrítmico, a lidocaína é potente antiarrítmico de classe1b, promove um retardo na condução nervosa do miocárdio, basicamente na fibra de purkinje. Então ela é um interessante antiarrítmico em situações de taquiarritimias ventriculares. · Também pode ser usada como infusão intravenosa contínua, promovendo efeitos como analgesia, diminuição dos anestésicos gerais, efeito pró cinético e efeito anti-inflamatório. · Bupivacaína: promove bloqueio anestésico por no mínimo seis horas. Mas tem duas desvantagens comparado com a lidocaína: 1. Período de latência: demora por volta de 20 minutos. 2. Promove toxicidade central e cardiovascular com doses muito menores do que a lidocaína. · Levobupicaína que é um isômero da bupivacaína e que tem uma toxidade um pouco menor. · A bup é basicamente usada em anestesias intra-articulares e anestesias raquidianas ou epidural, infiltrações com cirurgias prolongadas. · Concentrações: 0,25% (3 a 4 horas), 0,5% (4 a 6 horas) e 0,75% (até 10 horas). Com vasoconstritor aumenta em aproximadamente 50% do período de ação. · Promove bloqueio total das fibras C e delta, mas não das fibras alfa e beta. O animal não sente dor alguma, mas ainda sente alguma propriocepção. · Ropivacaína: tem características muito próximas da bupivacaína. · Possui o mesmo período de latência, ação e características de bloqueio. · É mais segura em relação a toxicidade. · Riscos e toxicidade: · Lesão por punção: podemos puncionar o nervo, ao invés de fazer uma administração perineural. Então, pode ocorrer de seccionar o nervo com a agulha ou até mesmo administrar anestésico intraneural. · Toxicidade local: acontece quando ocorre a administração de lidocaína a 4% ou bupivacaína a 2%. · Toxicidade do SNC: acontece quando utiliza doses elevadas de anestésico, seja por bloqueio locorregional ou por técnicas de infusão intravenosa contínua. Nesse caso, os animais vão apresentar: 1. Depressão. 2. Sedação. 3. Ataxia. 4. Ansiedade. 5. Convulsões. 6. Inconsciência. 7. Coma. 8. Choque bulbar. · Toxicidade cardiovascular: mesmo a lidocaína sendo um antiarrítmico, em doses elevadas pode promover efeitos cardiotóxicos. Não só a lido, como qualquer outro anestésico local. · Conclusões: · Os anestésicos locais promovem bloqueio locorregional reversível e de excelente qualidade. · Diversos fatores podem influenciar na efetividade do bloqueio, como volume administrado, concentração, lipossolubilidade e o uso de vasoconstritor. · Ainda que sejam seguros, os anestésicos locais podem promover efeitos indesejáveis, especialmente em doses elevadas.