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Gestão da Qualidade em Serviços Giovanni Cardoso Pacheco Luciano Costa Santos Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância Reitor Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Corrêa Máximo Pró-Reitor de Ensino e Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitora de Administração Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Desenvolvimento e Inovação Institucional Valter Alves Schmitz Neto Diretora do Campus Universitário de Tubarão Milene Pacheco Kindermann Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Secretária-Geral de Ensino Solange Antunes de Souza Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretor Adjunto Moacir Heerdt Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Walter Félix Cardoso Junior Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Cláudia Berh V. da Silva Conceição Aparecida Kindermann Luiz Fernando Meneghel Renata Souza de A. Subtil Assessoria de Inovação e Qualidade de EAD Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Andrea Ouriques Balbinot Carmen Maria Cipriani Pandini Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Fernandes Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Tamara Bruna Ferreira da Silva Coordenação Cursos Coordenadores de UNA Diva Marília Flemming Marciel Evangelista Catâneo Roberto Iunskovski Auxiliares de Coordenação Ana Denise Goularte de Souza Camile Martinelli Silveira Fabiana Lange Patricio Tânia Regina Goularte Waltemann Coordenadores Graduação Aloísio José Rodrigues Ana Luísa Mülbert Ana Paula R.Pacheco Artur Beck Neto Bernardino José da Silva Charles Odair Cesconetto da Silva Dilsa Mondardo Diva Marília Flemming Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jorge Alexandre Nogared Cardoso José Carlos da Silva Junior José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Joseane Borges de Miranda Luiz G. Buchmann Figueiredo Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina Schweitzer Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Fontanella Roberto Iunskovski Rose Clér Estivalete Beche Vice-Coordenadores Graduação Adriana Santos Rammê Bernardino José da Silva Catia Melissa Silveira Rodrigues Horácio Dutra Mello Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn José Carlos Noronha de Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Luciana Manfroi Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Sergio Sell Tatiana Lee Marques Valnei Carlos Denardin Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Coordenadores Pós-Graduação Aloísio José Rodrigues Anelise Leal Vieira Cubas Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Dayse Nunes Letícia Cristina Bizarro Barbosa Luiz Otávio Botelho Lento Roberto Iunskovski Rodrigo Nunes Lunardelli Rogério Santos da Costa Thiago Coelho Soares Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores (Gerente) Fernanda Farias Secretaria de Ensino a Distância Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Adenir Soares Júnior Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Schauffert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Evilym Melo Livramento Fabiano Silva Michels Fabricio Botelho Espíndola Felipe Wronski Henrique Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Indyanara Ramos Janaina Conceição Jorge Luiz Vilhar Malaquias Juliana Broering Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Luíza Koing Zumblick Maria José Rossetti Marilene de Fátima Capeleto Patricia A. Pereira de Carvalho Paulo Lisboa Cordeiro Paulo Mauricio Silveira Bubalo Rosângela Mara Siegel Simone Torres de Oliveira Vanessa Pereira Santos Metzker Vanilda Liordina Heerdt Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Daniel Lucas de Medeiros Jaliza Thizon de Bona Guilherme Henrique Koerich Josiane Leal Marília Locks Fernandes Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Ana Luise Wehrle Anderson Zandré Prudêncio Daniel Contessa Lisboa Naiara Jeremias da Rocha Rafael Bourdot Back Thais Helena Bonetti Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Janaína Baeta Neves (Gerente) Aracelli Araldi Elaboração de Projeto Carolina Hoeller da Silva Boing Vanderlei Brasil Francielle Arruda Rampelotte Reconhecimento de Curso Maria de Fátima Martins Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem) Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Biblioteca Salete Cecília e Souza (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Marília Ignacio de Espíndola Renan Felipe Cascaes Gestão Docente e Discente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Capacitação e Assessoria ao Docente Alessandra de Oliveira (Assessoria) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Elizete De Marco Fabiana Pereira Iris de Souza Barros Juliana Cardoso Esmeraldino Maria Lina Moratelli Prado Simone Zigunovas Tutoria e Suporte Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Nordeste) Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Andreza Talles Cascais Daniela Cassol Peres Débora Cristina Silveira Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Francine Cardoso da Silva Janaina Conceição (Núcleo Sul) Joice de Castro Peres Karla F. Wisniewski Desengrini Kelin Buss Liana Ferreira Luiz Antônio Pires Maria Aparecida Teixeira Mayara de Oliveira Bastos Michael Mattar Patrícia de Souza Amorim Poliana Simao Schenon Souza Preto Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Aline Cassol Daga Aline Pimentel Carmelita Schulze Daniela Siqueira de Menezes Delma Cristiane Morari Eliete de Oliveira Costa Eloísa Machado Seemann Flavia Lumi Matuzawa Geovania Japiassu Martins Isabel Zoldan da Veiga Rambo João Marcos de Souza Alves Leandro Romanó Bamberg Lygia Pereira Lis Airê Fogolari Luiz Henrique Milani Queriquelli Marcelo Tavares de Souza Campos Mariana Aparecida dos Santos Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael da Cunha Lara Roberta de Fátima Martins Roseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina Bleicher Verônica Ribas Cúrcio Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letícia Regiane Da Silva Tobal Mariella Gloria Rodrigues Vanesa Montagna Avaliação da aprendizagem Claudia Gabriela Dreher Jaqueline Cardozo Polla Nágila Cristina Hinckel Sabrina Paula Soares Scaranto Thayanny Aparecida B. da Conceição Gerência de Logística Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Logísitca de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraao do Nascimento Germano Bruna Maciel Fernando Sardão da Silva Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Marlon Eliseu Pereira Pablo Varela da Silveira Rubens Amorim Yslann David Melo Cordeiro Avaliações Presenciais Graciele M. Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Angelica Cristina Gollo Cristilaine Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Delano Pinheiro Gomes Edson Martins Rosa Junior Fernando Steimbach Fernando Oliveira Santos Lisdeise Nunes Felipe Marcelo Ramos Marcio Ventura Osni Jose Seidler Junior Thais Bortolotti Gerência de Marketing Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente) Relacionamento com o Mercado Alvaro José Souto Relacionamento com Polos PresenciaisAlex Fabiano Wehrle (Coord.) Jeferson Pandolfo Karine Augusta Zanoni Marcia Luz de Oliveira Mayara Pereira Rosa Luciana Tomadão Borguetti Assuntos Jurídicos Bruno Lucion Roso Sheila Cristina Martins Marketing Estratégico Rafael Bavaresco Bongiolo Portal e Comunicação Catia Melissa Silveira Rodrigues Andreia Drewes Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Rafael Pessi Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Alberto Regis Elias Alex Sandro Xavier Anne Cristyne Pereira Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Daiana Ferreira Cassanego Davi Pieper Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Fernanda Fernandes Frederico Trilha Jordana Paula Schulka Marcelo Neri da Silva Nelson Rosa Noemia Souza Mesquita Oberdan Porto Leal Piantino Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Dandara Lemos Reynaldo Cleber Magri Fernando Gustav Soares Lima Josué Lange Conferência (e-OLA) Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.) Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa Produção Industrial Marcelo Bittencourt (Coord.) Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Maria Isabel Aragon (Gerente) Ana Paula Batista Detóni André Luiz Portes Carolina Dias Damasceno Cleide Inácio Goulart Seeman Denise Fernandes Francielle Fernandes Holdrin Milet Brandão Jenniffer Camargo Jessica da Silva Bruchado Jonatas Collaço de Souza Juliana Cardoso da Silva Juliana Elen Tizian Kamilla Rosa Mariana Souza Marilene Fátima Capeleto Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Monique Napoli Ribeiro Priscilla Geovana Pagani Sabrina Mari Kawano Gonçalves Scheila Cristina Martins Taize Muller Tatiane Crestani Trentin Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual Universidade do Sul de Santa Catarina Gestão da Qualidade em Serviços Livro Digital Palhoça UnisulVirtual 2012 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul 658.562 P11 Pacheco, Giovanni Cardoso Gestão da qualidade em serviços: livro digital / Giovanni Cardoso Pacheco, Luciano Costa Santos ; revisão e atualização de conteúdo Giovanni Cardoso Pacheco ; design instrucional Roseli Rocha Moterle, Carmelita Schulze. – 2. ed. ver. – Palhoça : UnisulVirtual, 2012. 146 p. : il.; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-494-1 1. Controle de qualidade. 2. Serviço ao cliente - Controle de qualidade. I. Santos, Luciano Costa. II. Moterle, Roseli Rocha. III. Schulze, Carmelita. VI. Título. Copyright © UnisulVirtual 2012 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Edição – Livro Digital Professor Conteudista Giovanni Cardoso Pacheco Luciano Costa Santos Revisão e atualização de conteúdo Giovanni Cardoso Pacheco Coordenação de Curso Giovani de Paula Design Instrucional Roseli Rocha Moterle (2ª edição) Carmelita Schulze (2 ª edição revista) Projeto Gráfico e Capa Equipe Design Visual Diagramação Noemia Mesquita Revisão Diane Dal Mago ISBN 978-85-7817-494-1 Gestão da Qualidade em Serviços Livro Digital Giovanni Cardoso Pacheco Luciano Costa Santos Designer instrucional Roseli Rocha Moterle (2ª edição) Carmelita Schulze (2 ª edição revista) 7 Apresentação 9 Palavras do Professor 11 Plano de estudo 15 Unidade 1 O modelo de gestão pela qualidade 43 Unidade 2 A gestão da qualidade na prestação de serviços 75 Unidade 3 As ferramentas básicas da gestão da qualidade em serviços 107 Unidade 4 Os métodos de implantação da qualidade em serviços 135 Para concluir os estudos 137 Minicurrículo 139 Respostas e comentários das atividades de autoaprendizagem e colaborativas 145 Referências Sumário Caro/a estudante, O livro digital desta disciplina foi organizado didaticamente, de modo a oferecer a você, em um único arquivo pdf, elementos essenciais para o desenvolvimento dos seus estudos. Constituem o livro digital: • Palavras do professor (texto de abertura); • Plano de estudo (com ementa, objetivos e conteúdo programático da disciplina); • Objetivos, Introdução, Síntese e Saiba mais de cada unidade; • Leituras de autoria do professor conteudista; • Atividades de autoaprendizagem e gabaritos; • Enunciados das atividades colaborativas; • Para concluir estudos (texto de encerramento); • Minicurrículo do professor conteudista; e • Referências. Lembramos, no entanto, que o livro digital não constitui a totalidade do material didático da disciplina. Dessa forma, integram o conjunto de materiais de estudo: webaulas, objetos multimídia, leituras complementares (selecionadas pelo professor conteudista) e atividades de avaliação (obrigatórias e complementares), que você acessa pelo Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem. Tais materiais didáticos foram construídos especialmente para este curso, levando em consideração as necessidades da sua formação e aperfeiçoamento profissional. Atenciosamente, Equipe UnisulVirtual Apresentação A qualidade tem sido uma das maiores preocupações dos gerentes de serviços ao longo da história recente das organizações. A qualidade parece um objetivo um tanto distante da realidade de muitas empresas que prestam serviços para os seus clientes. Em algumas dessas empresas, parece que ainda existe uma noção equivocada de que o que importa é atender às exigências do patrão, sem se importar com as necessidades dos clientes. Ao contrário do que possa parecer, uma empresa prestadora de serviços existe em razão das necessidades dos clientes. Com a aprovação de legislações de defesa do consumidor e a disseminação de normas internacionais na relação cliente-fornecedor, como a família ISO, a qualidade passou a fazer parte do cotidiano das organizações, independentemente do porte, ramo de atividade e abrangência de atuação pública ou privada. Quando você exerce o papel de cliente, parece fácil apontar erros na prestação de serviços e até dar sugestões de como se deve prestar um serviço de qualidade. E se você estivesse do outro lado da mesa? Você saberia gerenciar uma empresa para que ela sempre fornecesse um serviço de qualidade? O que se percebe, na prática, é que muitos gerentes de empresas prestadoras de serviços estão despreparados para exercer a importante função de melhorar a qualidade dos serviços. Isso pode ocorrer devido a vários fatores, desde uma formação acadêmica que não prepara os profissionais adequadamente até uma cultura organizacional ultrapassada, que não favorece a melhoria dos processos gerenciais. Esses problemas, que afetam a efetividade da gestão empresarial, são ainda mais danosos quando se referem à gestão na área da segurança. As falhas de gestão, que em outras áreas podem vir a causar prejuízos financeiros, na área de segurança, muitas vezes, resultam em perda de vidas humanas. Assim, essa disciplina lhe proporcionará um conjunto de conhecimentos fundamentais para a sua formação como gerente de serviços. Você irá conhecer o que é a gestão pela qualidade, como ela permite gerenciar melhor os serviços prestados e como essa melhoria na qualidade dos serviços pode resultar especificamente em melhoria da qualidade de vida das pessoas. Palavras do Professor Pós-graduação Esses conhecimentos poderão lhe incentivar a dar os primeiros passos na busca da excelência em serviços. Você tem um papel fundamental na melhoria da qualidade dos serviços. Portanto, comece a lutar pela qualidade agora! Professores Giovani Cardoso Pacheco e Luciano Costa Santos O plano de estudos visa a orientá-lo/a no desenvolvimento da disciplina. Possui elementos que o/a ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto a construção de competências se dá sobre a articulaçãode metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: • o livro digital; • o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); • as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); • o Sistema Tutorial. Objetivo geral Possibilitar aos alunos conhecer, discutir e analisar os conceitos de qualidade, controle da qualidade, garantia da qualidade e gestão da qualidade, assim como avaliar as características, técnicas, ferramentas e principais metodologias adotadas para a gestão da qualidade. Ementa Conceitos fundamentais da qualidade. A qualidade no âmbito das organizações. Cidadania e igualdade de todos perante a lei. Conscientização e comprometimento. Instrumentos e técnicas para planejamento, controle e melhoria da qualidade. Programa 5S. Facilitadores da qualidade: requisitos e habilidades. Os paradigmas da qualidade como mecanismos de aprimoramento e controle da gestão. Qualidade no atendimento ao público. Plano de estudo Pós-graduação Conteúdo programático/objetivos A seguir, as unidades que compõem o livro digital desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias a este nível de estudo. Unidades de estudo: 4 Unidade 1 – O modelo de gestão pela qualidade Nesta unidade, você pode conhecer um pouco do modelo de gestão da Qualidade Total, o qual é um dos diversos modelos utilizados pelo ser humano para poder gerenciar as suas atividades produtivas. O estudo se inicia pela apresentação da evolução histórica da gestão da qualidade, passa pelos conceitos básicos, as dimensões, os termos básicos e os princípios que regem o modelo da gestão pela qualidade e finaliza apresentando os aspectos relativos à caraterização da qualidade como total, incluindo seus principais objetivos, a diferenciação entre modelo de gestão tradicional e o modelo da qualidade total. Unidade 2 – A gestão da qualidade na prestação de serviços O estudo desta unidade proporcionará a compreensão dos conceitos básicos de serviços e de suas características específicas; nesse viés, realizar-se-á a introdução de conceitos como “pacote de serviços”, “processos de linha de frente e de retaguarda” e “encontro de serviços”, os quais formam a base para as unidades posteriores. Discutiremos ainda o significado da qualidade em serviços e o importante papel do gerente de serviços na gestão das necessidades, expectativas e percepções do cliente. Além disso, será apresentado o modelo das cinco lacunas para a qualidade em serviços e os conceitos de “momentos da verdade”, “ciclo de serviços” e “determinantes e indicadores da qualidade”. Gestão da Qualidade em Serviços Unidade 3 – As ferramentas básicas da gestão da qualidade em serviços A unidade traz um conjunto de ferramentas que ajudam na identificação e na análise de problemas que podem afetar a qualidade em serviços. Essas ferramentas complementam aquelas apresentadas nas unidades anteriores e formam a base para o desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas, uma competência essencial para o gerente de serviços. Unidade 4 – Os métodos de implantação da qualidade em serviços Esta unidade reúne os conceitos apresentados nas unidades anteriores em torno de um claro objetivo: colocar a qualidade em prática. Para isso, são apresentados os conceitos de qualidade total e melhoria contínua, como filosofias que fazem girar o ciclo da qualidade. Esta unidade também aborda a identificação, a avaliação e a priorização de oportunidades de melhoria, além de destacar o sistema 5S, como primeiro passo em busca da qualidade total. Ao final, é apresentado um método para realizar a gestão da qualidade por meio da análise e solução de problemas (MASP). Carga horária: 30 horas O modelo de gestão pela qualidade Unidade 1 Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a evolução histórica da gestão pela qualidade. • Compreender os conceitos básicos vinculados ao modelo de gestão pela qualidade. • Diferenciar o modelo de gestão pela qualidade do modelo tradicional de gestão. • Conhecer as linhas de ação necessárias para implantação do modelo de gestão pela qualidade. Introdução Os desafios que as empresas enfrentam atualmente são mais difíceis e complexos do que quaisquer outros jamais enfrentados por elas. Qualidade e competitividade, essas duas palavras estão se tornando cada vez mais presentes em todos os segmentos de mercado das empresas de bens e serviços, principalmente com o acirramento entre elas da competitividade decorrente da globalização da economia. Vivemos uma época cuja característica é a intensa concorrência entre os mais diferentes níveis da economia. Concorrência que se dá entre empresas de segmentos tão diversos como o de hotelaria, manufatureiro, de alimentação, entre países, instituições de ensino etc. Considerando esse cenário de competição, os indivíduos precisam estar cada vez mais preparados para assumir novos desafios e estarem aptos para a concorrência. É inquestionável, portanto, que, nessa era de globalização da economia, o conhecimento de novos métodos de gestão e o domínio das suas ferramentas torna- se uma vantagem competitiva para quem os possui. 16 Pós-graduação Cada vez mais as empresas têm investido na aproximação com o cliente, procurando conhecer quais as necessidades dele para produzir bens ou serviços que venham a superar as suas expectativas. O modelo de gestão pela qualidade apresenta ferramentas e métodos que permitem ao gestor gerenciar os processos produtivos, sejam eles nas manufaturas ou na prestação de serviços, de modo a adequar o resultado do seu trabalho às necessidades dos clientes. Ao longo desta unidade, vamos conhecer a evolução histórica do modelo de gestão pela qualidade. Também vamos estudar os principais conceitos e os princípios que regem este modelo e, finalmente, entender a diferença entre o modelo da GQT e o modelo de gestão tradicional. O modelo de gestão pela qualidade 17 Evolução histórica da gestão da qualidade Giovanni Cardoso Pacheco Luciano Costa Santos Antes de começarmos a descrever os princípios e os conceitos básicos que regem o Modelo de Gestão da Qualidade Total, é interessante que verifiquemos de onde surgiram esses conceitos e princípios, bem como qual o caminho que a qualidade percorreu desde o início da humanidade até os dias atuais. Conceitualmente, conhecemos a qualidade há milênios. O homem pré-histórico sabia diferenciar uma fruta boa de uma ruim, ou quando uma ponta de lança produzida por ele estava perfeita ou defeituosa. Isso tudo sem entender os conceitos que, só recentemente, durante este século, surgiram formalmente como função da Administração. Em sua forma original, era relativa e voltada para a inspeção; hoje, as atividades relacionadas com a qualidade se ampliaram e são consideradas essenciais para o sucesso estratégico da empresa. O que antes era um reino exclusivo dos departamentos de produção e operações, hoje abarca funções diversificadas como compras, engenharia e marketing, além da área administrativa das empresas, recebendo a atenção de diretores executivos. Ao longo de sua evolução, a qualidade vem se voltando cada vez mais para a área da Administração. Acompanhe a seguir as diferentes eras do desenvolvimento da qualidade. Primeira era da qualidade – O surgimento da inspeção Nos séculos XVIII e XIX, não existia ainda o controle da qualidade como o conhecemos hoje. Quase tudo era fabricado por artesãos e artífices habilidosos ou trabalhadores experientes e aprendizes, sob a supervisão dos mestres de ofício. Produziam cada produto em pequenas quantidades, sendo as peças ajustadas umas às outras manualmente, e a inspeção era realizada de maneira informal, após os produtosprontos, a fim de assegurar uma alta qualidade. A inspeção formal só passou a ser necessária com o surgimento da produção em massa e da necessidade de peças intercambiáveis. Com o aumento dos volumes de produção, as peças não mais podiam ser encaixadas umas às outras, manualmente. 18 Pós-graduação Surgiram, então, serviços de inspeção durante o trabalho de produção, buscando verificar se as peças produzidas estavam de acordo com as especificações estabelecidas pelos projetistas. Essas inspeções, na sua maioria, eram realizadas por meio de amostragem, pelos inspetores. Os cargos dos inspetores tinham um status acima do pessoal da linha de produção e, na realidade, verificavam a qualidade do trabalho realizado. Segunda era da qualidade – O controle estatístico da qualidade Com o aumento da produção em massa, principalmente de material bélico, nos anos em que ocorreu a II Guerra Mundial, quando a produção de armas passou a ocorrer em grande escala, a inspeção já não era mais satisfatória para garantir a qualidade dos produtos fabricados. Esse controle passou a ser realizado por meio de métodos estatísticos e de amostragem. Dentro dessa fase da evolução da qualidade, um fator essencial a ser entendido é a questão da amostragem científica. As técnicas de amostragem partem do princípio de que executar uma inspeção em cem por cento da produção é uma maneira ineficiente de separar os bons produtos dos maus. Essas técnicas consistiam em verificar a qualidade de um lote de produtos, testando apenas uma amostra desse lote produzido, fazendo inferências sobre a qualidade do lote, com base nos produtos testados. Grande parte do moderno controle da qualidade pode ser atribuído a Schwartz, que criou técnicas de acompanhamento e avaliação da produção diária e propôs diversas maneiras de se melhorar a qualidade. Segundo Schwartz, apud Veiga (1998, p.4): Dir-se-á que um fenômeno está sob controle quando, recorrendo- se à experiência passada, se puder, pelo menos dentro de certos limites, prever como o fenômeno deve variar no futuro. Entende- se, aqui, que previsão significa que se possa determinar, pelo menos aproximadamente, os resultados que serão alcançados. Além de controlar se um lote de produtos está dentro dos parâmetros especificados para sua produção, o controle estatístico da qualidade tem por finalidade permitir a previsibilidade dos resultados, assim, o administrador age antecipadamente, para impedir que novos problemas de produção venham a ocorrer. O modelo de gestão pela qualidade 19 Essa antecipação, aliás, é uma das principais características do modelo de Gestão da Qualidade Total. Ou seja, a palavra de ordem na Gestão da Qualidade Total -GQT - é prevenir em relação ao erro sempre que possível, para depois não precisar remediá-lo, o que sempre acarreta um gasto maior do que o necessário. Terceira era da qualidade – Garantia da qualidade Nesse período, a qualidade passa de uma disciplina restrita e baseada na produção fabril, para uma disciplina com uma abordagem mais ampla, voltada ao gerenciamento. A prevenção de problemas continua sendo sua preocupação fundamental, mas os instrumentos utilizados para verificar a qualidade por parte do gerenciamento se expandiram para muito além da estatística, que era o único meio utilizado na era do controle estatístico para gerenciar a qualidade. Uma das principais características desse período é o fato de que, nele, a qualidade deixa de ser apenas preocupação dos engenheiros das áreas de produção das empresas e passa a englobar todas as outras áreas, surgindo, então, o conceito de cliente interno. Ou seja, todos os setores são responsáveis pela qualidade do produto, mesmo que indiretamente. E todos eles, para manter os padrões de qualidade estabelecidos, deveriam cobrar qualidade dos outros setores, gerando, assim, uma situação em que um setor da empresa é cliente e fornecedor, ao mesmo tempo, dos demais setores, tendo por isso responsabilidade de garantir a esses setores a qualidade dos produtos que fornece e dos serviços que presta. A qualidade começa a se tornar uma preocupação dos administradores em geral. Quarta era da qualidade – Gestão estratégica da qualidade A gestão estratégica surgiu a partir do momento em que começou a despontar uma nova visão sobre as práticas de gestão, que gerou um desvio notável na perspectiva da administração das empresas. Pela primeira vez, os principais executivos das empresas passaram a se interessar pela qualidade, entenderam- na como um fator de vantagem competitiva ou, então, em mercados onde a sua utilização como ferramenta administrativa é comum, encararam-na como uma questão de sobrevivência. 20 Pós-graduação Durante esse período, pela primeira vez, o cliente é tratado como o foco das atenções. Suas opiniões são levadas em consideração, dentro do processo de planejamento dos produtos, e, também, na avaliação final da qualidade desses produtos. Devemos notar que, apesar do interesse pela melhoria da produção e da preocupação em atender às especificações dos projetos durante a fabricação dos produtos, é somente nesse período que os clientes são convidados a participar do processo produtivo, inicialmente relatando quais as características que o produto deve ter para satisfazer às suas necessidades e, posteriormente, após a utilização do produto, opinando se o produto atendeu ou não às suas necessidades. Essa informação vinda do cliente serve como um feedback para o processo produtivo. O modelo da GQT utiliza-se de vários enfoques dos modelos tradicionais de administração; por isso, encontramos nessa gestão: • O controle estatístico de processos, o qual tem muito a ver com a abordagem Clássica da Administração, de Taylor e Fayol; • A necessidade de motivar os funcionários para que esses estejam aptos psicologicamente para atender os anseios dos clientes com cortesia. É disso que nos falam Maslow e Herzberg, na Abordagem Comportamental da Administração. • A necessidade de dar respostas mais rápidas aos clientes, realizando o downsizing em algumas empresas verticalizadas, o que foi previsto tanto por McGregor em suas teorias X e Y, quanto pela teoria Neoclássica. Qual seria então a grande contribuição da GQT para a Administração? A GQT teve a capacidade de aglutinar o que havia de melhor em cada uma das Teorias Tradicionais da Administração, incluindo, como sua contribuição, o enfoque de orientação para o cliente (os processos produtivos devem ter a participação do cliente no seu planejamento e na sua avaliação), trabalho em equipe (gestão participativa), e melhoria contínua. Muitos autores defendem que o modelo de GQT está ultrapassado, existindo já alguns modelos organizacionais mais adequados à forma dinâmica com que o mundo atual muda. Em sua maioria, as empresas brasileiras ainda utilizam modelos gerenciais do tipo Tradicional, em especial o modelo Burocrático, preconizado por Max Weber. A adoção de modelos mais ousados e atuais por parte dessas empresas acabaria resultando numa solução de continuidade administrativa muito grande, podendo causar danos irreversíveis, como a perda da identidade e dos valores da empresa. Downsizing, que em português significa “achatamento”, é uma técnica conhecida em todo o mundo e que visa à eliminação de processos desnecessários que engessam a empresa e atrapalham a tomada de decisão, com o objetivo de criar uma organização mais eficiente e enxuta possível. O modelo de gestão pela qualidade 21 Passar diretamente de um modelo tradicional de gestão, que é o caso da maioria das empresas brasileiras, para um modelo mais moderno, pode causar ruptura na cultura da empresa, gerando mais prejuízos do que benefícios. O uso da GQT, ainda que considerada ultrapassado por alguns, pode servir de ponte entre o modelo tradicional e modelos mais modernos de gestão. Assim, o processo de migração dos modelos tradicionais para um mais atual, deve ser precedido pela adoçãode um modelo de gestão intermediário, a fim de que a transição seja mais natural e menos traumática. O modelo da GQT é extremamente adequado para realizar essa transição, podendo ser plenamente adotado por aquelas empresas que desejam satisfazer os seus clientes e ser reconhecidas como fundamentais perante a sociedade. Referências PACHECO, Giovanni Cardoso; SANTOS, Luciano Costa Santos. Gestão da Qualidade no Serviço Público. Design instrucional Daniela Erani Monteiro Will, Lucesia Pereira. – Palhoça: UnisulVirtual, 2009. TSENG, Mitchell M.; QINHAI, M.; SU, Chuan-Jun. Mapping customers’ service experience for operations improvement. Business Process Management Journal, v. 5, n. 1, p. 50-64, 1999. 22 Pós-graduação Conceituando e definindo qualidade Giovanni Cardoso Pacheco Luciano Costa Santos Qualidade e qualidade total Se perguntarmos a vinte pessoas o que qualidade significa para elas, certamente encontraremos vinte respostas diferentes e originais. Não existe, ao certo, uma definição única e inequívoca do que seja qualidade. Cada autor propôs uma definição, baseada na sua forma de interpretar o tema. Porém, as definições de inúmeros autores sobre esse tema são complementares. Sendo assim, ao invés de dar uma única definição, recorreremos aos autores da GQT, citando as suas definições. Para William Deming, um produto para ter qualidade deve satisfazer aos seus clientes. Ou seja, “Qualidade é o nível de satisfação dos clientes em relação a um determinado produto”. Para Joseph Juran, um produto para ter qualidade deve ser adequado ao uso que se fizer dele. Ou seja, “Qualidade é adequação ao uso”. Para Philip Crosby, um produto para ter qualidade deve ser produzido de acordo com as suas especificações. Ou seja, “Qualidade é conformidade com as especificações”. Juntaremos às concepções desses três precursores da qualidade mais quatro definições, para melhor entendermos, sob todos os pontos de vista, o que vem a ser qualidade. Para Kaoru Ishikawa, “Qualidade é atender as expectativas dos clientes a um certo custo”. No Dicionário Aurélio iremos encontrar a seguinte definição: “Qualidade é a propriedade, atributo ou condição que, numa escala de valores, nos permite avaliar e, consequentemente, aprovar ou recusar qualquer coisa”. A norma ISO 9.000 define Qualidade como sendo “a totalidade de propriedades e características de um produto ou serviço que confere sua habilidade de satisfazer necessidades explícitas ou implícitas”. O modelo de gestão pela qualidade 23 Conceito ISO: designa um grupo de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da qualidade para organizações em geral, qualquer que seja o seu tipo ou dimensão. A sigla “ISO” refere-se à International Organization for Standardization, organização não governamental fundada em 1947, em Genebra, e hoje presente em cerca de 157 países. A sua função é a de promover a normatização de produtos e serviços, para que a qualidade dos mesmos seja permanentemente melhorada. Porém, é na norma ISO 8.402 que encontramos aquela que, na nossa opinião, é a mais abrangente, e porque não dizer, completa, definição do que venha a ser qualidade, fundindo em si os principais pontos de vista dos diferentes autores apresentados aqui. Segundo a norma ISO 8.402, “Qualidade é a satisfação das necessidades e dos desejos dos clientes de determinado produto ou serviço, por meio de sua adequação ao uso, de acordo com requisitos preestabelecidos”. Essa definição traz, em si, ao mesmo tempo, as ideias de satisfazer os clientes, de que todo produto deve ser adequado ao uso para o qual ele foi produzido e de que esses requisitos que traduzem as necessidades do cliente devem ser cumpridos na sua produção. No que se refere à Qualidade Total, convém salientarmos o termo TOTAL tem sido motivo de muitas críticas e discussões. Invariavelmente, as pessoas tendem a confundir TOTAL com perfeito, ou seja, que a partir da aplicação da Qualidade Total, tudo dentro da empresa passará a funcionar perfeitamente bem, sem mais nenhum problema. Qualquer pessoa que tenha um pouco de bom senso entende que, qualquer que seja a técnica administrativa utilizada, jamais se conseguirá erradicar de vez os erros e os defeitos. Portanto, não é esse o significado mais apropriado para o termo TOTAL. Na verdade, ele representa a necessidade de todos os órgãos e todas as pessoas dentro da empresa estarem voltados para o cumprimento dos conceitos, princípios e técnicas da qualidade e, consequentemente, preocupados com a satisfação do cliente. 24 Pós-graduação Importante Devemos entender a Qualidade Total como sendo a mobilização contínua de todos os profissionais da organização, com o objetivo de melhorar a qualidade de suas atividades, de seus produtos e serviços, para satisfazer às necessidades dos seus clientes. O total envolvimento das pessoas implica em revisão de valores e crenças, gerando mudança de comportamento. A Qualidade Total é uma filosofia que permeia a empresa em todos os seus níveis, fazendo com que todos nela tenham como objetivo primordial a busca da satisfação das pessoas. Esse é o significado verdadeiro do termo TOTAL. Todos unidos num só ideal, qual seja: a produção de produtos e serviços dentro das conformidades do projeto, que sejam adequados ao uso para o qual foram projetados e que satisfaçam as necessidades dos clientes. Dimensões da Qualidade Total Para melhor entendermos o que vem a ser a Qualidade Total, é necessário que conheçamos as suas dimensões, ou seja, os aspectos que as pessoas observarão para avaliar se um produto ou serviço possui ou não qualidade. Basicamente, todos os autores da área dizem que a Qualidade Total possui cinco dimensões, quais sejam: • Qualidade Intrínseca: características dos produtos ou serviços em relação às necessidades e expectativas do cliente, principalmente relativas à adequação ao uso e à aparência; • Custo: característica que mede o valor que o cliente tem de pagar pelo produto ou serviço, seja ele monetário ou não (tempo de espera, por exemplo). Para avaliar essa característica, o cliente faz uma relação entre o custo pago e o benefício recebido; • Moral: característica que mede o nível de satisfação daqueles que fabricam o produto ou prestam o serviço. Essa característica afeta bastante a qualidade, sendo um sinal de que a qualidade não pode ser alcançada sem uma constante preocupação com a motivação do público interno (os colaboradores da organização que presta o serviço ou fabricam o produto); • Segurança: característica que mede o grau de segurança do processo, avaliando os riscos para o cliente e para os funcionários; O modelo de gestão pela qualidade 25 • Atendimento: característica que mede o contato (físico ou não) do cliente com a empresa: cortesia, cumprimento dos prazos, entrega em local e quantidade certos, clareza de informações. Amplitudes da qualidade A Qualidade pode ser analisada segundo vários enfoques, uns mais abrangentes que outros, indo desde a preocupação apenas com o produto/serviço até uma visão mais holística, que envolve todos aqueles que se relacionam com a empresa. Os enfoques, em ordem de abrangência, são os seguintes: • Controle da Qualidade: é a utilização de técnicas operacionais para atender aos requisitos da qualidade. O foco do controle é o produto ou serviço examinado. • Sistema de Qualidade: é a definição da estrutura organizacional, da responsabilidade, dos procedimentos, processos e recursos, para a implementação da GQT. O foco do sistema é o processo de produção. • Garantia da Qualidade: são todas as ações planejadas e sistematizadas, necessárias para garantir que um produto ou serviço atenda aos requisitos da qualidade. O foco da garantia também é o processo, diferentemente do controle da qualidade, cujo foco é o produto/serviço. • Gestão da Qualidade: é o aspecto da função geral da GQT que determina e implementa a política da qualidade na organização.O foco da gestão da qualidade é, portanto, a organização como um todo. • Visão Estratégica da Qualidade: é a qualidade entendida como caminho para assegurar à organização uma vantagem competitiva no mercado. O foco aqui é o mercado. Para tanto, poderão ser necessários trabalhos de revisão da Missão, Visão e Estrutura da organização, a fim de garantir a sobrevivência da empresa por meio da adequação do seu direcionamento estratégico aos requisitos do mercado. O objetivo é ser o melhor dentro do seu segmento de mercado. • Produtividade: quando se fala em produtividade, vem logo à lembrança a ideia de mais produção no mesmo espaço de tempo e com os mesmos recursos utilizados antes para produzir menos. Ou seja, o aumento da produção com os mesmos recursos empregados anteriormente. As consequências dessa abordagem simplesmente técnica, normalmente associada à visão de eficiência, de redução de custos e aumento da produção, são, geralmente, o desemprego, a redução da qualidade do produto/serviço e o prejuízo à sociedade. 26 Pós-graduação A melhoria da produtividade, como uma atividade mental e comportamental, fundamenta-se em que tudo pode ser feito melhor hoje do que ontem, e melhor amanhã do que hoje. Se o objetivo da organização é obter maior produtividade, temos então que somar, acrescentar, agregar algo ao processo e, consequentemente, ao produto/serviço. Esse algo mais é a qualidade, ou seja, valor agregado ao produto/serviço. Importante salientar que quem atribui valor ao produto/serviço é “quem compra” - o cliente - e não “quem vende/produz” - a organização. Essa faz a qualidade. Segundo Mendes e Douglas (1997, p. 52): “A visão moderna ou atual de produtividade é de que ela surge da relação entre os resultados somados à satisfação, pelos insumos utilizados somados ao comprometimento”. Quando o colaborador acrescenta a esses insumos o comprometimento, ou seja, responsabilização, ela não só gera resultados, mas resultados acrescidos de satisfação, de prazer. Assim, ela se sente importante, não cria estresse, reduz o nível de acidentes, sente-se mais segura de si e do que está fazendo na organização. Ainda segundo Mendes e Douglas (1997, p.53), “A busca da produtividade pressupõe o atingimento de dois objetivos: Objetivo Social: tornar o futuro de todos melhor do que o presente; e Objetivo Econômico: gerar e distribuir de forma justa o adicional de valor agregado”. Termos clássicos utilizados na GQT Agora estudaremos termos que são clássicos no que diz respeito à GQT. O entendimento desses termos é de importância fundamental para o entendimento da Filosofia da GQT, na medida em que o erro de interpretação destes conceitos compromete a implantação da GQT, podendo levar a resultados completamente opostos daqueles que deveriam ser alcançados. Vamos a esses termos. Cliente É a razão de ser de toda e qualquer atividade executada. Para ele são desenvolvidas as atividades que resultam em produtos ou serviços que venham a atender às suas necessidades. Não existe processo que gere produto/serviço sem cliente. No sentido mais amplo, os clientes podem ser definidos como todas as pessoas que são afetadas pelos processos ou produtos da empresa, tanto de forma direta como indireta. Entre essas pessoas, incluímos, portanto, também os próprios funcionários da instituição, existindo, pois, clientes internos e externos. O modelo de gestão pela qualidade 27 Os clientes externos são aqueles que não pertencem à organização e são a verdadeira razão da existência dela. No entanto, para que o cliente externo possa ser atendido, alguns processos internos devem ser realizados, fazendo com que surjam também os clientes internos. Todas as empresas possuem inúmeros clientes internos. Um departamento é cliente do outro e as pessoas também são clientes umas das outras. Isso cria uma grande cadeia de fornecedores e clientes internos. Para que haja, efetivamente, o gerenciamento pela qualidade, que passa obrigatoriamente pelo gerenciamento dos processos produtivos, há necessidade de identificar os clientes em primeiro lugar, pois o objetivo dos processos será gerar produtos e serviços que atendam às expectativas e necessidades dos clientes. A ideia de clientes externos e internos foi muito significativa para a evolução da qualidade. A partir dela, ficou muito claro que todas as pessoas dentro da organização possuem clientes que devem ser satisfeitos. Esse fato provocou uma mudança de postura, fazendo com que as pessoas, ao assumirem papel de clientes, tornassem-se mais exigentes em relação aos resultados do processo anterior ao seu na organização, e ao mesmo tempo se preocupassem com os resultados dos seus processos na mesma. Passaram a ser utilizados itens de controle que refletissem os resultados para os clientes e não mais apenas os resultados operacionais internos. Fornecedores São todas as pessoas ou organizações que fornecem insumos para a realização do trabalho em uma organização. Na Gestão da Qualidade, são vistos por essa como parceiros. Fornecedores podem ser internos ou externos e são responsáveis pelo suprimento de insumos, físicos ou não, necessários ao processo e à geração de produtos ou serviços. Na Filosofia da Qualidade, o fornecedor é visto como um parceiro e, nesse sentido, também é responsável pelo sucesso alcançado pela empresa, colaborando para inovações que possam ocorrer e trabalhando segundo padrões de qualidade definidos em conjunto com o cliente. A relação entre organização e seus fornecedores deve ser de confiança e colaboração. Insumos Insumo é tudo aquilo que entra numa organização para ser processado e resulta em um produto ou serviço: pessoas, materiais, equipamentos, viaturas, informações, matérias primas, recursos financeiros, métodos de atuação, etc. 28 Pós-graduação Todos os processos têm insumos. Uma vez que os insumos estão disponíveis, ocorre uma transformação desses, tendo como resultado um produto ou serviço. Processo Processo é o conjunto de ações planejadas, para a geração de um produto ou serviço, com determinadas características. Pode ser definido também como um conjunto de causas que geram um ou mais efeitos. Produto/Serviço Produto ou serviço é um bem, físico ou não. Um serviço pode necessitar de bens físicos para que seja prestado, sendo difícil, nesses casos, a dissociação do serviço do objeto (bem físico) por ele utilizado. São denominados “bens facilitadores” que possuem determinadas características para atender às necessidades dos clientes. No contexto da Qualidade, para que haja a satisfação total dos clientes, os produtos e serviços devem atender aos requisitos das cinco dimensões da qualidade, que já vimos anteriormente: Qualidade Intrínseca, Custo, Moral, Segurança e Atendimento. Os serviços se caracterizam por serem produzidos e consumidos no mesmo momento, ou seja, não há possibilidade de estocar ou retrabalhar, sem que o cliente tenha conhecimento dos problemas que eventualmente tenham ocorrido. Cada vez que o cliente entra em contato com a empresa ocorrem inúmeros dos chamados momentos da verdade, em que esse estará criando uma imagem positiva ou negativa a respeito da empresa. A empresa deve ter agilidade para corrigir eventuais inadequações entre o esperado e o realizado, revertendo o problema por meio de ações que minimizem o impacto negativo sobre o cliente. Para reduzir o empirismo e a variabilidade nos resultados dos serviços prestados, várias condições são necessárias, tais como: treinamento, equipamentos adequados, processos corretamente definidos e padrões de serviço. O modelo de gestão pela qualidade 29 Garvin (1984), renomado especialista em gestão da qualidade, agrupou várias definições dadas a esse termo, em cinco abordagens principais: • Abordagem transcendental: considera que a qualidade é uma característica de excelência inata ao produto/serviço e está mais relacionada com a marca ou com a especificação do produtodo que com seu funcionamento. Exemplo: uma Ferrari é considerada como um carro de alta qualidade, principalmente pelo status que ele dá aos seus proprietários e pelo alto padrão da tecnologia utilizada; • Abordagem baseada no produto: a qualidade é definida como um conjunto mensurável de atributos de um produto que são mais facilmente identificados em bens tangíveis do que em serviços. Por exemplo, uma determinada marca de televisão é conhecida por ter uma imagem melhor e uma maior durabilidade em relação às demais; • Abordagem baseada na produção: aqui a qualidade é definida como uma conformidade com as especificações de projeto, mesmo que essas especificações não correspondam às reais necessidades dos clientes. Algumas construtoras conseguem construir casas exatamente iguais ao projeto original, mas quem disse que o comprador queria que a casa fosse daquele jeito? • Abordagem baseada em valor: relaciona a qualidade com a percepção de valor que o cliente tem, ou seja, a relação custo/benefício. Aí não são somente os benefícios que o cliente vai receber que estão em jogo, mas também o preço que ele vai pagar; • Abordagem baseada no usuário: aqui o conceito de qualidade está relacionado à satisfação do cliente, procura unir o que o produto (bem ou serviço) oferece com o que o cliente quer. A última definição apresentada, ou seja, a abordagem baseada no usuário, engloba as demais abordagens, pois quando uma organização se preocupa com questões como marca, conformidade com as especificações de projeto, atributos desejáveis de um produto e valor oferecido maior que o preço, ela está automaticamente se preocupando com as necessidades do cliente. 30 Pós-graduação Referências GIANESI, I. G. N.; CORRÊA, H. L., Administração estratégica de serviços. São Paulo: Atlas, 1994. PACHECO, Giovanni Cardoso; SANTOS, Luciano Costa Santos. Gestão da Qualidade no Serviço Público. Design instrucional Daniela Erani Monteiro Will, Lucesia Pereira. – Palhoça: UnisulVirtual, 2009. PARASURAMAN, A.; ZEITHAML, V. A.; BERRY, L. L. A conceptual model of service quality and its implications for future research. Journal of Marketing, n. 49 (fall), 1985, p. 41-50. SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997. O modelo de gestão pela qualidade 31 A gestão da qualidade “total” Giovanni Cardoso Pacheco Luciano Costa Santos Atualmente, tanto nas empresas de manufatura quanto nas organizações de serviços, é muito comum ouvir falar sobre qualidade total. Algumas pessoas ficam intrigadas com esse nome e acabam perguntando: “Tudo bem, mas se existe qualidade total, então, quer dizer que também existe qualidade parcial?” Não é bem por aí. Na verdade, o nome “total” significa que toda a organização está comprometida com um serviço excelente para o cliente. O termo “total” demonstra que a qualidade é responsabilidade de todos na organização, e não somente daquelas pessoas que atuam na sua linha de frente. Uma definição adequada poderia ser: Conceito Qualidade total é um modelo de gestão que busca a melhoria contínua de processos para a completa satisfação do cliente. Para entender melhor o que é qualidade total, você deve conhecer os princípios que suportam essa filosofia de gestão. Portanto, os princípios fundamentais da gestão da qualidade total são os listados a seguir. • Foco nas necessidades dos clientes: qualidade total é antes de tudo “fazer aquilo que o cliente deseja”. O melhor processo do mundo pode ser totalmente ineficaz se ele não produz um resultado que o cliente valoriza. • Envolvimento de todos na organização: para que o sistema da qualidade seja bem-sucedido, todas as pessoas da organização devem estar comprometidas com a qualidade, desde os gerentes até os funcionários. O trabalho em equipe é um elemento essencial para o sucesso de um programa de melhoria da qualidade. • Fazer certo na primeira vez: não adianta esperar que o bem ou o serviço esteja finalizado para poder melhorá-lo. Em serviços, principalmente, é necessário atuar no processo e até mesmo durante o momento em que ocorre a prestação do serviço. A primeira falha de um serviço pode ser a última que o cliente esteja disposto a tolerar. • Resolução de problemas: a qualidade total gera uma verdadeira “caça” aos problemas ou às barreiras que impedem a melhoria. Ninguém se conforma com o “bom”, pois o objetivo é ser “excelente”. E para ser excelente é necessário ter um espírito crítico, que busca sempre eliminar as barreiras que atrapalham esse caminho. 32 Pós-graduação • Tudo pode ser melhorado: o processo de melhoria não para nunca. Mesmo que o serviço possa ser considerado excelente, sempre existirão aspectos que podem ser melhorados, resultando em um ciclo sem fim de melhoria contínua. Pense bem: Quantas organizações conseguem colocar em prática esses princípios? A aplicação desses princípios não faria diferença na organização em que você trabalha? Segundo a Norma ISO 8402, Gestão da Qualidade Total é “o modo de gestão de uma organização centrado na qualidade e baseado na participação de todos os seus membros, visando ao sucesso a longo prazo, por meio da satisfação do cliente e dos benefícios para todos os membros da organização e para a sociedade”. Portanto, a Gestão da Qualidade Total pode ser definida como uma filosofia de Administração que possui os seguintes pontos básicos: foco no cliente, trabalho em equipe, decisões baseadas em fatos e dados e melhoria contínua. Na realidade, a GQT é um conjunto de princípios, métodos e ferramentas que fornecem diretrizes para a administração das empresas públicas ou privadas. Com isso, a organização se torna dinâmica, por meio da utilização do planejamento estratégico e da definição de uma visão de futuro. Além disso, a empresa torna-se flexível a fim de reagir de forma mais adequada às mudanças do ambiente no qual ela está inserida. Cooper e Lybrand (apud CARR e LITTMAN, 1992, p.3) dão a seguinte definição de GQT: “Envolver todos os funcionários para controlar e melhorar permanentemente a maneira como o trabalho é realizado, a fim de ir ao encontro das expectativas de Qualidade do cliente”. Os principais objetivos da GQT Em tempos de crise econômica é comum as empresas reduzirem seus investimentos, demitirem funcionários, protelarem os objetivos dos seus planos de expansão. Esse é um problema que não afeta só o Brasil, mas também o mundo, e atinge não só as indústrias (ou produtoras de bens) mas principalmente as empresas do ramos dos serviços. Um famoso exemplo foram os impactos financeiros que os atentados de 11 de setembro causaram nas empresas de turismo no mundo todo. O modelo de gestão pela qualidade 33 Independente de como e onde uma organização atue, a GQT tem muito a oferecer. Entre os objetivos que podem ser alcançados com a implantação da GQT podemos citar: • redução dos custos e do desperdício, sem afetar a qualidade dos produtos ou serviços; • conquista da admiração do público, impressionando pela qualidade do produto ou serviço; • acréscimos de melhorias aos produtos e serviços, a fim de atender às expectativas dos clientes; • aumento do moral dos funcionários, melhorando a sua motivação e consequente satisfação geral com o trabalho, isso gera maior produtividade e menor estresse. Diferença entre a gerência tradicional e a GQT As organizações que utilizam a GQT concordam que ela é fundamentalmente diferente da gerência tradicional. Segundo CARR e LITTMAN, as principais diferenças são: Quadro 1- Diferença entre a gestão tradicional e a gestão pela qualidade total. Gerência Tradicional Gestão da Qualidade Total As necessidades dos produtos e dos serviços são definidas por especialistas Foco no cliente: os usuários dos produtos e serviços definem o que querem Erros e desperdícios são tolerados se não excederem os limites-padrão Não há tolerância para erros, desperdícios e trabalhos que não agreguem valor aos produtos e serviçosProdutos e serviços são inspecionados para se descobrirem problemas que serão em seguida consertados Prevenção de problemas Grande parte das decisões baseadas em pressupostos e intuições Decisões baseadas em fatos, a partir de dados concretos e procedimentos científicos Planejamento em curto prazo, baseado no ciclo orçamentário Planejamento em longo prazo, baseado em melhorar o desempenho da missão Produtos ou serviços definidos de forma sequencial por departamentos isolados Planejamento simultâneo do ciclo vital completo do produto ou serviço, feito por equipes multifuncionais Controle e melhoria realizados individualmente por gerentes e especialistas Trabalho em equipe, incluindo gerentes, especialistas, funcionários, fornecedores, clientes e instituições coligadas 34 Pós-graduação Melhoria baseada em progressos únicos, como computadores e automação Melhoria contínua da forma como cada aspecto do trabalho é feito Estrutura vertical e centralizada, baseada no controle Estrutura horizontal e descentralizada, baseada na maximização do valor agregado aos produtos e serviços Contratos de curto prazo, realizados com base no preço Parceria com fornecedores com obrigações em longo prazo entre comprador e vendedor, baseadas na qualidade e na melhoria contínua Fonte: CARR e LITTMAN (1992, p. 5) Além dos pontos observados acima, a adoção da GQT provoca uma mudança no paradigma gerencial, alterando o modelo industrial para um modelo de valor para o cliente. Segundo Rocha (1998), essas são as diferenças entre os dois modelos: Quadro 2 - Diferença entre os modelos administrativos quanto ao paradigma vigente. Paradigma Industrial Dimensão Paradigma do valor para o cliente Empurrar mercadorias Missão da empresa Entregar valor superior ao cliente Uso eficiente da mão de obra do capital move o lucro Princípio do lucro Resposta do cliente ao valor move o lucro Vistos como descartáveis Clientes Vistos como ativos em valorização Executores obedientes Funcionários Estrategistas da qualidade. Amplos poderes Executar tarefa designada Trabalho Garantir resultado de qualidade Evidência da conclusão das tarefas, resultado Medições Evidência da aprovação dos clientes Objetivas, materiais, baseadas em regras: dispensam “doces”. Recompensas Psicológicas, pessoais e materiais Capatazes Supervisores Líderes Estrutura e sistemas definem a vida no trabalho Organização Estrutura e sistemas servem às pessoas Presidentes Executivos Líderes Fonte: ROCHA (1998, p. 6) O modelo de gestão pela qualidade 35 Como podemos observar, as diferenças entre os dois modelos são bastante acentuadas. A gestão tradicional é extremamente voltada para a execução das tarefas. As pessoas que dirigem uma organização, segundo esse modelo, fixam a atenção naquilo que fazem e não no cliente e suas necessidades. Já a GQT procura orientar a administração da empresa para o atendimento das necessidades dos clientes. Importante A adoção da GQT é uma questão de mudança de mentalidade, de cultura organizacional, e não simplesmente a adoção de técnicas e métodos administrativos. Esses de nada adiantam se não forem aplicados a fim de atender aos clientes da organização (internos e externos). Por isso, não se pode esperar milagres quando da adoção da GQT, ou seja, resultados imediatos. Toda mudança cultural pressupõe tempo para ser assimilada, e assim tem sido em todas as empresas que obtiveram êxito na implantação deste modelo gerencial. Os 14 pontos de Deming Deming é considerado o mais importante autor na área de GQT, tendo deixado várias contribuições ao progresso deste conhecimento, eentre elas: o prêmio Deming instituído pela Union of Japanese Scientists Engineers (JUSE), em 1951; a reação em cadeia; o Ciclo da Qualidade. Além disso, Deming formulou 14 pontos que constituem uma verdadeira Teoria da Qualidade, e que devem ser seguidos por todos aqueles que pretendem implantar a GQT. Segundo Puri (apud MENDES e DOUGLAS, 1997, p.74), “os 14 pontos de Deming fornecem uma estrutura que obriga a administração a deparar-se com as realidades da revolução competitiva da Qualidade e instituir mudanças e transformações para melhorar e manter essa Qualidade”. 36 Pós-graduação Esses são os 14 pontos defendidos por Deming, segundo Scholles (apud MENDES e DOUGLAS (1997, p.71): 1. Criar constância de propósito, por meio da melhoria de produtos e serviços, com o objetivo de tornar-se competitivo, de permanecer no negócio e de oferecer empregos. 2. Adotar a nova filosofia. Estamos numa nova era econômica. O ocidente precisa acordar para o desafio, aprender suas responsabilidades e assumir a liderança da mudança. 3. Acabar com a dependência da inspeção para conseguir qualidade. Eliminar a necessidade da inspeção em massa, colocando a qualidade no produto em primeiro lugar. 4. Acabar com a prática de fechar negócios com base no preço. Ao invés disso, minimizar o custo total. 5. Melhorar constantemente, e para sempre, o sistema de produção e serviços, para melhorar a qualidade e a produtividade, diminuindo os custos. 6. Instituir o treinamento na função. 7. Instituir a liderança. O objetivo da liderança deve ser o de ajudar as pessoas, máquinas e sistemas a trabalharem melhor. A liderança da gerência precisa ser descentralizada, bem como a todos trabalhadores da produção. 8. Eliminar o medo, de maneira que todos trabalhem mais efetivamente para a empresa. 9. Eliminar barreiras entre departamentos. As pessoas do departamento de pesquisas, projetos, vendas e produção devem trabalhar como uma equipe, para que possam prever os problemas da produção e a utilidade do produto ou serviço. 10. Eliminar slogans, exortações e metas para a força de trabalho, exigindo zero defeito e novos níveis de produtividade. Tais exortações só geram relações antagônicas, à medida que o volume das causas de baixa qualidade e baixa produtividade são inerentes ao sistema e, assim, ficam além do poder da força de trabalho. 11. Eliminar padrões de trabalho (cotas) no chão de fábrica, substituir a liderança, eliminar também o gerenciamento por objetivos, por números e metas numéricas. 12. Eliminar as barreiras que tiram o direito do trabalhador de se orgulhar do seu trabalho. 13. Instituir um programa vigoroso de educação e automelhoria. O modelo de gestão pela qualidade 37 14. Fazer com que todos na empresa trabalhem no sentido de se alcançar a transformação. A transformação é tarefa de todos. Além dos 14 pontos acima descritos, Deming criou a famosa Reação em Cadeia da Qualidade, constituída das seguintes etapas: Melhoria da qualidade leva à melhoria da produtividade Melhoria dapProdutividade leva à diminuição dos custos Diminuição dos Custos proporciona preços mais baixos Preços mais baixos promovem a conquista de mercados Conquista de mercados faz a permanência no negócio Permanência no negócio gera empregos Empregos dão retorno do investimento Já o conceito de Ciclo de Qualidade, também criado por ele, mais tarde trabalhado e ampliado por Ishikawa (ciclo PDCA), foi e continua sendo de grande importância para o controle da Qualidade. Deming propôs um ciclo de projeto, produção, vendas e pesquisa de mercado, que deve ser seguido por outro ciclo que começa com a reexecução do projeto baseada na experiência obtida no ciclo anterior. Dessa forma, a qualidade é continuamente reprojetada e melhorará também de forma contínua.. A Figura 1 a seguir representa essa sequência. Figura 1 - O ciclo da qualidade, segundo Deming Pesquisa de Mercado Vendas Projeto Produção Fonte: Mendes e Douglas (1997, p.82) 38 Pós-graduação Referências GIANESI, I. G. N.; CORRÊA, H. L. Administração estratégica de serviços. São Paulo: Atlas, 1994. PACHECO, Giovanni Cardoso; SANTOS, Luciano Costa Santos. Gestão da Qualidade no Serviço Público. Design instrucional Daniela Erani Monteiro Will, Lucesia Pereira. – Palhoça: UnisulVirtual, 2009. PARASURAMAN, A.; ZEITHAML,V. A.; BERRY, L. L. A conceptual model of service quality and its implications for future research. Journal of marketing, n. 49 (fall), 1985, p. 41-50. SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997. O modelo de gestão pela qualidade 39 Atividades de autoaprendizagem 1. Com relação às Eras da Qualidade, numere a segunda coluna de acordo com a primeira: ( 1 ) 1ª Era da Qualidade ( ) Controle Estatístico ( 2 ) 2ª Era da Qualidade ( ) Gestão Estratégica ( 3 ) 3ª Era da Qualidade ( ) Inspeção ( 4 ) 4ª Era da Qualidade ( ) Garantia da Qualidade 2. Entre as afirmações a seguir, assinale a que expressa a abordagem da gestão da qualidade de maneira correta. a. Avaliar a qualidade de um produto pela marca, caracteriza-se como abordagem baseada no usuário. b. Avaliar a qualidade de um produto (por exemplo, televisão) pela qualidade da imagem, caracteriza-se como abordagem baseada na produção. c. Avaliar a qualidade de um produto (por exemplo, apartamento) pela qualidade do projeto, caracteriza-se como abordagem baseada no produto. d. Avaliar a qualidade de um produto com base na relação entre o benefício que traz e o preço a ser pago, caracteriza-se como abordagem baseada em valor. e. Avaliar a qualidade de um produto com base na satisfação que traz ao cliente, caracteriza-se como abordagem transcendental. 3. Assinale as frases que caracterizam o modelo de gestão tradicional, as demais caracterizam o modelo de gestão pela qualidade: a. ( ) Foco no cliente: os usuários dos produtos e serviços definem o que querem b. ( ) Prevenção de problemas c. ( ) Grande parte das decisões baseadas em pressupostos e intuições d. ( ) Melhoria contínua da forma como cada aspecto do trabalho é feito e. ( ) As necessidades dos produtos e dos serviços são definidos por especialistas f. ( ) Estrutura vertical e centralizada, baseada no controle 40 Pós-graduação 4 Assinale a alternativa abaixo que mais se assemelha ao conceito de qualidade total apresentado no texto. a. Fazer todas as atividades com perfeição. b. Produzir bens e serviços de acordo com as especificações dos especialistas. c. Buscar a melhoria contínua de processos para a completa satisfação do cliente. d. Trabalhar com produtos extremamente padronizados, produzidos sob rígido controle do processo. Atividade colaborativa Considerando o Quadro a seguir, o qual também foi disponibilizado nesta unidade. escolha cinco das dez dimensões que descrevem os paradigmas e, de acordo com essas, elabore um texto dizendo que ações você implantaria na sua empresa, em cada uma das dimensões escolhidas, para passar do paradigma industrial para o paradigma de valor para o cliente. Publique sua resposta, para seus colegas, na ferramenta Exposição. Paradigma Industrial Dimensão Paradigma do valor para o cliente Empurrar mercadorias Missão da empresa Entregar valor superior ao cliente Uso eficiente da mão de obra do capital move o lucro Princípio do lucro Resposta do cliente ao valor move o lucro Vistos como descartáveis Clientes Vistos como ativos em valorização Executores obedientes Funcionários Estrategistas da qualidade. Amplos poderes. Executar tarefa designada Trabalho Garantir resultado de qualidade Evidência da conclusão das tarefas, resultado Medições Evidência da aprovação dos clientes Objetivas, materiais, baseadas em regras: dispensam “doces”. Recompensas Psicológicas, pessoais e materiais Capatazes Supervisores Líderes Estrutura e sistemas definem a vida no trabalho Organização Estrutura e sistemas servem às pessoas Presidentes Executivos Líderes Fonte: ROCHA (1998, p. 6) O modelo de gestão pela qualidade 41 Síntese Nesta unidade, você pode conhecer um pouco do modelo de Gestão da Qualidade Total (GQT), como um dos diversos modelos utilizados pelo ser humano para poder gerenciar as suas atividades produtivas. Iniciamos a abordagem do modelo da GQT pela evolução histórica, por meio das quatro eras da qualidade: inspeção, controle estatístico, garantia da qualidade e gestão estratégica da qualidade. Em seguida, foram apresentados os conceitos e princípios vinculados ao modelo da GQT. Você teve oportunidade de conhecer os conceitos dos principais autores da GQT, como Deming, Juran, Ishikawa, bem como os conceitos insculpidos nas normas ISO. Pode conhecer também sobre as dimensões segundo as quais as pessoas observam se um bem ou serviço tem qualidade: custo, moral, segurança, atendimento e qualidade intrínseca. Além destas dimensões, foram demonstrados alguns termos clássicos utilizados na GQT: cliente, fornecedor, insumo, processo, produto/serviço. Finalmente, foram abordados com mais detalhe os aspectos relativos à caraterização da qualidade como total, incluindo seus principais objetivos, a diferenciação entre modelo de gestão tradicional e o modelo da qualidade total e os 14 pontos de Deming para a gestão da qualidade total. Saiba mais A excelência da qualidade na gestão em todos os setores de uma pequena empresa é fator fundamental para que ela se mantenha e possa crescer no mercado. Para auxiliar empresários a inserir a qualidade na prática da gestão empresarial, o Sebrae desenvolveu o Programa Sebrae de Gestão da Qualidade (PSGQ). O programa trabalha conceitos e práticas da qualidade, os fundamentos e o modelo de excelência do Prêmio Nacional da Qualidade. Ao participar, os empresários têm acesso a conteúdos sobre o fortalecimento das relações de parceria interna e externa. O PSGQ também propõe a estruturação de um sistema baseado em processos para avaliação de resultados; formula e desenvolve ações estratégicas, por meio da análise do ambiente interno e externo; apresenta metodologia de implantação, gerenciamento de processos e monitoramento de seus resultados. 42 Pós-graduação Confira os detalhes desse programa no site: http://www.sebrae.com.br/momento/ quero-melhorar-minha-empresa/entenda-os-caminhos/qualidade/ Para saber mais sobre qualidade em serviços, leia a seguinte obra: DEMING, W.E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Saraiva, 1990. A gestão da qualidade na prestação de serviços Unidade 2 Objetivos de Aprendizagem • Compreender os conceitos básicos e identificar as principais características dos serviços. • Reconhecer a abrangência e os diferentes elementos do sistema de operações de serviços. • Entender o conceito de qualidade em serviços, considerando a percepção do cliente. • Reconhecer e analisar os determinantes da qualidade em serviços em cada momento da verdade. Introdução Em linhas gerais, a aplicação da gestão pela qualidade em empresas prestadoras de serviços segue os mesmos princípios utilizados na implantação da gestão pela qualidade em empresas manufatureiras. Existem, no entanto, algumas pequenas diferenças que convém serem salientadas, especialmente no que diz respeito à caracterização da diferença entre serviço e bem material. A questão fundamental é que a gestão da qualidade em serviços tende a gerar melhores resultados quando os conceitos básicos que descrevem o que é um serviço são entendidos por aqueles que irão implantar programas de qualidade. Assim, nesta unidade serão abordados os diferentes aspectos do sistema de operações de serviços, essenciais para a gestão da qualidade, tais como: processos de linha de frente e de retaguarda, pacote de serviços e encontro de serviço. E além dos conceitos básicos de serviços, veremos que o conceito de qualidade deve ser adaptado às características específicas dos serviços. Vamos compreender o que vem a ser qualidade percebida e como se dá a percepção da qualidade pelo cliente, bem como conhecer quais são os determinantes da qualidade em serviços e como eles podem ser avaliados por meio de indicadores de desempenho. 44 Pós-graduação Por incrível que possa parecer, a qualidade em serviços ainda é um conceito pouco conhecido e também pouco praticado. Infelizmente, parece que muitos gerentesde serviços ainda não compreenderam o real significado da qualidade em serviços. Então, vamos começar a entender esses conceitos. A gestão da qualidade na prestação de serviços 45 As operações de serviços Giovanni Cardoso Pacheco Luciano Costa Santos A palavra “serviço” pode ter vários significados. Alguns a utilizam como um sinônimo de trabalho, enquanto outros acreditam que é algo que acontece somente em órgãos públicos. Talvez você esteja se lembrando daquelas empresas que fazem algo que o cliente não tem tempo ou disposição para fazer. Nenhum desses pensamentos está errado, mas eles representam apenas uma pequena parte da complexidade que envolve esse conceito. Um gerente de serviços deve entender claramente o que significa um serviço. Pesquisando a literatura especializada, pode-se encontrar um amplo conjunto de definições para serviços. O Quadro 1 mostra algumas delas. Quadro 1: Definições para serviços. Autor(es) Definição Vargo e Lusch (2004, p. 334) Serviço é “a aplicação de competências especializadas (habilidades e conhecimento), por meio de ações, processos, e atuações para o benefício de uma outra entidade ou de si próprio (auto-serviço)”. Zeithaml e Bitner (2003, p. 28) “Serviços são ações, processos e atuações”. Bowen e Ford (2002, p. 449) “Um serviço intangível inclui todos elementos que juntos são responsáveis por criar uma experiência memorável para o cliente em um determinado momento do tempo”. Lovelock e Wright (2001, p. 5) Serviço “é um ato ou desempenho que cria benefícios para clientes por meio de uma mudança desejada no – ou em nome do – destinatário do serviço”. Kotler (1998, p. 412) “Serviço é qualquer ato ou desempenho que uma parte possa oferecer a outra e que seja essencialmente intangível e não resulte na propriedade de nada”. Ramaswamy (1996, p. 3) Serviço pode ser entendido como “as transações de negócios que acontecem entre um provedor (prestador do serviço) e um receptor (cliente) a fim de produzir um resultado que satisfaça o cliente”. Grönroos (1995, p. 36) “O serviço é uma atividade ou uma série de atividades de natureza mais ou menos intangível – que normalmente, mas não necessariamente, acontece durante as interações entre clientes e empregados de serviço e/ou recursos físicos ou bens e/ou sistemas do fornecedor de serviços – que é fornecida como solução ao(s) problema(s) do(s) cliente(s)”. Fonte: PACHECO E SANTOS, (2009). 46 Pós-graduação De uma forma geral, das definições para serviços encontradas em diversos livros e artigos, podem-se extrair algumas palavras-chave: experiências, interações, atividades, ações, processos, intangibilidade, desempenho, cliente etc. Essas palavras-chave indicam características que fazem parte da natureza dos serviços. Ao definir o termo “serviço”, é importante que você leve em consideração o aspecto das interações que ocorrem entre a organização e o cliente. As interações normalmente identificam o serviço prestado por uma organização e são fundamentais para a qualidade percebida pelo cliente. Exemplo Mesmo que a cozinha de um restaurante envolva um grande número de atividades, o serviço só é percebido pelo cliente nas interações que ocorrem no salão do restaurante. Outra forma de entender o que vem a ser um serviço é por meio da comparação dos serviços com os bens físicos (por exemplo: sapato, cadeira, automóvel etc.). De fato, os serviços possuem algumas características específicas que os diferenciam dos bens manufaturados. Essas características devem ser levadas em consideração, pois trazem implicações relevantes para a gestão da qualidade em serviços. Assim, pode-se considerar que os serviços possuem as seguintes particularidades: intangibilidade, produção e consumo simultâneos, participação do cliente. Na sequência, são apresentados os significados dessas particularidades. Intangibilidade Os serviços são intangíveis por natureza, ou seja, eles não podem ser tocados e nem pertencem ao cliente como os bens manufaturados. Por isso, a avaliação da qualidade dos serviços é um pouco mais complicada, pois depende da percepção de algo que as pessoas não podem ver ou tocar, apenas sentir. A gestão da qualidade na prestação de serviços 47 Produção e consumo simultâneos Os serviços são produzidos ao mesmo tempo em que são consumidos. Por isso, os serviços não podem ser estocados e a garantia de qualidade deve ocorrer durante o processo, uma vez que não é possível fazer inspeções como na indústria de manufatura. Na prestação do serviço, o cliente percebe um erro no momento em que esse acontece. Participação do cliente Outra característica é que o cliente participa do processo de prestação do serviço, atuando passivamente ou como co-produtor do serviço. Você deve estar pensando: “Eu não participei do serviço mecânico que foi feito no meu carro”. Tudo bem, mas você teve de interagir com o pessoal da oficina para que o serviço fosse feito. É claro que existem graus de participação. Por exemplo, em uma instituição de ensino, o usuário do serviço (estudante) tem um grau de participação maior do que em uma oficina mecânica, uma vez que ele é responsável por grande parte do processo de prestação do serviço (ensino-aprendizagem). Resumindo o que foi exposto até aqui, para identificar o que é um serviço e o que não é, você deve fazer três perguntas: • É intangível? • É produzido e consumido ao mesmo tempo? • O cliente participa do processo? Respondendo positivamente a essas três questões, é necessário saber como tais características podem influenciar na qualidade do serviço que você presta. De um modo geral, existem implicações típicas que as três características dos serviços (intangibilidade, simultaneidade e participação) trazem para a gestão de serviços. Algumas dessas implicações podem ser visualizadas no Quadro 2. 48 Pós-graduação Quadro 2: Características dos serviços e suas implicações. Característica Implicações para gestão de serviços INTANGIBILIDADE Os serviços estão relacionados com percepções e experiências. A avaliação da qualidade do serviço pelo cliente tende a ser subjetiva. As evidências físicas do serviço têm um papel fundamental (instalações, aparência dos funcionários, etc.). SIMULTANEIDADE Os serviços não podem ser estocados. O tempo de prestação do serviço é um elemento crucial. A sincronização entre a capacidade e a demanda é um problema crítico em serviços. Nos serviços existe uma grande sobreposição entre produto e processo. A garantia e o controle de qualidade devem atuar no processo, inclusive no momento da prestação do serviço. A recuperação de falhas é indispensável, pois os erros no processo são imediatamente percebidos pelo cliente. Nos serviços existe uma grande interface entre as funções de operações e marketing. PARTICIPAÇÃO O cliente pode assumir diferentes papéis no processo de prestação do serviço, inclusive como co-produtor do mesmo. O processo e o resultado do serviço são influenciados pela participação do cliente, por isto, a gestão do cliente é essencial. A participação do cliente requer que os funcionários de contato tenham habilidades interpessoais. O grau de participação determina a escolha da tecnologia de processo que interage com o cliente. A produtividade em serviços depende da participação do cliente. Fonte: PACHECO E SANTOS, (2009). Você seria capaz de identificar as três características dos serviços? Além de conhecer as características dos serviços e suas implicações, é importante que você saiba que essas características podem ocorrer em vários tipos de organizações, seja nas instituições públicas, seja nas empresas privadas. Por isso, pense sobre a seguinte questão: Os serviços só existem em organizações do “setor de prestação de serviços”? A seguir, discutiremos essa questão detalhadamente. A gestão da qualidade na prestação de serviços 49 Quais são as organizações que oferecem serviços? Muitos se referem a serviços como um setor econômico
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