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GESTÃO DA QUALIDADE Professor Me. Paulo Pardo GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; PARDO, Paulo. Gestão da Qualidade. Paulo Pardo. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2019. 208 p. “Graduação - EaD”. 1. Gestão. 2. Qualidade . 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0417-5 CDD - 22 ed. 658.5 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Aliciane Kolm Design Educacional Deborha Caroline Arrias Marcus Vinicius Machado Iconograia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Matheus Felipe Davi Revisão Textual Talita Dias Tomé Gabriel Bruno Martins Ilustração Bruno Cesar Pardinho Marta Sayuri Kakitani Matheus Felipe Davi Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e proissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando proissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou proissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação proissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e proissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U T O R Professor Me. Paulo Pardo Doutorando em Engenharia da Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba. Mestrado em Administração pela Universidade Estadual de Londrina. Graduado em Administração pela Unicesumar - Centro Universitário Cesumar. Graduado em Processamento de Dados pela Unicesumar – Centro Universitário Cesumar. Atualmente é coordenador dos cursos de Gestão Pública, Negócios Imobiliários e Gestão Hospitalar do Núcleo de Educação a Distância, da Unicesumar. Na docência, atua com ênfase em Administração, principalmente nos seguintes temas: Sistema Financeiro Nacional, bolsa de valores, mercado de ações, logística, sustentabilidade. É professor de Pós- graduação na área de Administração da Unicesumar, na cidade de Maringá, PR. É autor de livros didáticos para Educação a Distância nas áreas de Logística, Mercado Financeiro e de Capitais, Marketing e Gestão Ambiental, Teoria Geral da Administração. SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) aluno(a) é um grande prazer trabalhar com você esta disciplina tão relevante para as organizações, que é a Gestão da Qualidade. Este é um tema que a maioria dos empresários e gestores considera muito bom. Grosso modo, em uma analogia que é comum no Brasil, é mais ou menos como o futebol, temos milhões de supostos técnicos, mas faz tempo que não ganhamos um título mundial pela seleção, não é mesmo? Tratar a qualidade como um tema corriqueiro, que todos dominam, pode guardar um grande perigo: por não utilizar adequadamente as ferramentas da qualidade, deixamos de considerar alguns aspectos importantes de controle, que envolvem processos e pro- dutos que impactam negativamente sobre quem realmente interessa, que são os clien- tes da organização. Assim, neste livro consideraremos aspectos fundamentais da Qualidade. Vejamos al- guns pontos que serão abordados ao longo de nossas cinco unidades: Na Unidade I, apresentaremos um panorama geral da Gestão da Qualidade, com o históri- co da qualidade em nível organizacional, como isso afeta os gestores em seu desempenho, alguns conceitos iniciais sobre ferramentas da qualidade e de certiicação da qualidade. Na unidade II, consideraremos conceitos de padronização e melhoria, fundamentais para a gestão da qualidade e detalharemos as chamadas 7 ferramentas básicas da qualidade. A unidade III abordará outras ferramentas da qualidade bastante utilizadas, que facili- tam o engajamento das pessoas e a confecção de planos de ação e melhorias de pro- cesso. Apresentaremos, também, o Prêmio Nacional de Qualidade – PNQ, que é o maior prêmio brasileiro de qualidade. A unidade IV abordará os processos e os agentes da qualidade, as características de um modelo de gestão da qualidade e a certiicação da qualidade em relação aos benefícios às partesinteressadas. Finalizando, a unidade V vai tratar da atualização que a norma de qualidade mais utiliza- da no mundo, a ISO 9001, adotou em 2015. Também consideraremos aspectos relativos às auditorias de qualidade, a coordenação da qualidade em cadeias de produção e os custos da qualidade. São temas relevantes, porém é importante frisar que não têm a pretensão de esgotar o assunto. A literatura sobre o tema qualidade é ampla, com diversos especialistas es- crevendo o tempo todo sobre o assunto. Além disso, normas são atualizadas periodica- mente e é prudente e oportuno manter-nos sempre atentos ao que há de novo nesse importante universo da qualidade. Em nome da Unicesumar e da nossa equipe de trabalho, desejamos a você um ótimo estudo! Prof. Me. Paulo Pardo. APRESENTAÇÃO GESTÃO DA QUALIDADE SUMÁRIO 09 UNIDADE I ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 15 Introdução 16 Breve Histórico da Qualidade 21 Abordagem da Qualidade Para os Gestores 24 A Gestão pela Qualidade Total e as Ferramentas da Qualidade 34 Certiicação da Qualidade 37 Estudo de Caso 40 Considerações Finais 46 Referências 47 Gabarito UNIDADE II FERRAMENTAS DA QUALIDADE 51 Introdução 52 Padronização e Melhoria 58 As Ferramentas de Gerenciamento da Qualidade 76 Considerações Finais 87 Referências 88 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III FERRAMENTAS DE GESTÃO 91 Introdução 92 Outras Ferramentas da Qualidade 102 Os Métodos Especíicos de Gestão 115 O Prêmio Nacional da Qualidade – Pnq 124 Considerações Finais 128 Referências 129 Gabarito UNIDADE IV OS PROCESSOS E OS AGENTES DA GESTÃO DA QUALIDADE 133 Introdução 134 Os Processos e os Agentes da Gestão da Qualidade Total 138 O Processo de Gestão da Qualidade Total 144 Características do Modelo de Gestão da Qualidade Total 150 Os Agentes de Decisão, Transformação e Consolidação da Gestão da Qualidade 155 Certiicação da Qualidade 159 Considerações Finais 165 Referências 166 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS NA GESTÃO DA QUALIDADE 169 Introdução 170 A Norma ISO 9001 181 Auditorias de Qualidade 185 Coordenação da Qualidade em Cadeias de Produção 192 Custos da Qualidade 197 Considerações Finais 201 Referências 203 Gabarito 205 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professor Me. Paulo Pardo ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar o histórico da Qualidade. ■ Considerar a importância da Qualidade para os gestores. ■ Conhecer as ferramentas da Qualidade e as certiicações da qualidade. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Breve histórico da qualidade ■ Abordagem da qualidade para os gestores ■ A gestão pela qualidade total e as ferramentas da qualidade ■ Certiicação da qualidade ■ Estudo de caso INTRODUÇÃO As empresas, competindo em ambientes cada vez mais instáveis, precisam con- seguir sua sustentabilidade inanceira para se perenizar no mercado. Os clientes, por outro lado, têm cada vez mais opções para aquisição de produtos e serviços. O que leva um cliente a comprar de uma empresa e não de outra? A resposta, necessariamente, passa pela oferta de produtos e serviços de qualidade superior. Mas ainal, o que é qualidade? Apesar de ser uma pergunta de resposta apa- rentemente óbvia, não é tão simples assim deinir esse conceito. Na verdade, há aspectos objetivos e subjetivos ao se tentar deinir qualidade. O fato é que o consumidor entende plenamente o conceito, de acordo com seu próprio ponto de vista. Ele sabe avaliar rapidamente quando um produto ou serviço não tem qualidade. Portanto, é preciso enxergar não só aspectos téc- nicos internos, mas aspectos subjetivos, do ponto de vista do cliente. Porém, como o gestor pode proceder para entender o que é qualidade do ponto de vista do cliente? Ouvir o cliente é uma recomendação mais que necessária, de fato, é vital. Muitas empresas até disponibilizam canais de comunicação com o cliente, como um Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), mas poucas, de fato, param para tentar interpretar aquilo que o cliente expressa por meio desses canais. É preciso mudar essa cultura. Esse desaio da qualidade já ocupa a literatura da administração há um bom tempo. Alguns expoentes dessa área são bem conhecidos. Empresas são citadas como modelo de qualidade, por exemplo, o caso da Toyota. No entanto, todas as empresas, não importa o porte ou segmento econômico, devem ter a quali- dade como seu foco de atuação. Nesta unidade, teremos a oportunidade de rever conceitos fundamentais sobre a qualidade, seu histórico, suas ferramentas, certiicações que estão dis- poníveis para as empresas e outros fatores muito importantes em sua formação. Bons estudos! Introdução R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 15 ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E16 BREVE HISTÓRICO DA QUALIDADE Caro(a) aluno(a), você certamente concordará que todos nós sabemos o que é qualidade, não é mesmo? Pois bem, o que é qualidade para você? Ao fazer essa pergunta para meus alunos, ouço várias declarações interes- santes, diferentes, embora não conlitantes. Geralmente, as respostas giram em torno de conceitos já mapeados e expostos por Paladini (2004), tais como: ■ Qualidade é algo abstrato, sem vida própria, indeinido. ■ Qualidade é algo inatingível, um estado ideal sem contato com a realidade. ■ Qualidade é sinônimo de perfeição. ■ A Qualidade nunca muda. ■ Qualidade é um aspecto subjetivo das pessoas. ■ Qualidade é a capacidade que um produto ou serviço tem de sair con- forme seu projeto. ■ Qualidade é um requisito mínimo de funcionamento. Isso mostra que a qualidade depende da percepção de quem recebe o produto ou serviço o que pode ser um atributo valorizado por um determinado consumidor como qualidade, pode não ter esse valor todo ou valor algum para outro cliente. Uma coisa é certa todos sabem o que é não ter qualidade, não é mesmo? Um produto com defeito ou um serviço deiciente são avaliados no ato como não tendo qualidade e, por consequência, formamos um juízo de valor da empresa fornecedora do produto ou serviço. Com o advento da Revolução Industrial, os artesãos individuais e grupos de artesãos foram aglutinados em fábricas que agora com o poder das máqui- nas, produziriam em escala industrial os bens que as pessoas tanto necessitavam. De fato, o termo “Revolução” expressa bem o que aconteceu. Foi uma que- bra social e econômica com as estruturas vigentes e o início de uma nova fase nas relações humanas que não tinha mais volta. O grande problema é que nin- guém sabia ao certo o que fazer para gerenciar dezenas, centenas e, em alguns casos, milhares de pessoas trabalhando em um mesmo ambiente. Breve Histórico da Qualidade R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 17 É fácil imaginar as condições a que os trabalhadores eram submetidos. Crianças abaixo de 10 anos de idade chegavam a trabalhar mais de 10 horas por dia. Imagine os adultos! O sofrimento do trabalhador por jornadas extenuan- tes de trabalho, condições perigosas e insalubres trouxeram não a satisfação, e um descontentamento generalizado. Mas o fato é que não havia como o arte- são competir com as corporações. Seu modo de produção artesanal e individual estava extinto. Mas a vida para os administradores das organizações também não estava fácil. Não era possível saber, por exemplo, a capacidade laboral dos trabalhadores. Não havia comparativos sistemáticos nemacompanhamento de produtividade. O modo de produzir, embora dentro de uma fábrica, guardava muitas semelhan- ças com a maneira artesanal praticada anteriormente. Assim, apesar de saber que era possível produzir mais e melhor, ninguém sabia exatamente como fazer isso. Até que, no início do século XX, Frederick W. Taylor (lembrou-se de suas aulas de TGA, não é?) implementou métodos considerados cientíicos de inspeção da produção, apartando essa atividade do processo fabril em si e atribuindo essa responsabilidade para proissionais espe- cializados (MARSHALL JUNIOR et.al., 2008). Surge daí o que se convencionou chamar de Administração Cientíica, da qual Taylor é considerado “pai”, e a Era da inspeção da qualidade. Na verdade, podemos classiicar a evolução da qualidade em etapas bem deinidas e geralmente aceitas como regra geral nos meios acadêmicos e empre- sariais. De acordo com Marshall Junior et.al. (2008), são elas: ■ Era da Inspeção. ■ Era do Controle Estatístico da Qualidade. ■ Era da Garantia da Qualidade. ■ Era da Gestão Estratégica da Qualidade. A inspeção do produto, na realidade, sempre ocorreu, mesmo nas eras pré-Re- volução Industrial. Era bastante comum os artesãos inspecionarem o produto inal de seu trabalho, muitas vezes seguida da inspeção que os clientes também realizavam. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E18 Porém, podemos dizer que Taylor inaugurou a Era da Inspeção da Qualidade, na qual a inspeção de 100% dos lotes era uma meta a ser atingida. E o controle da qualidade, basicamente, era aplicado aos produtos acabados, embora Taylor já previsse a necessidade de controles durante o processo produtivo, até mesmo na fase de projeto do produto. É verdade que havia, também, inspeções parciais ou por amostragem, porém não havia um método estruturado ou procedimentos formais estabelecidos para esse tipo de inspeção. Apesar desse sistema de inspeção ter vigorado por anos, houve uma evolução gigantesca promovida por um grupo de cientistas (entre eles Walter Shewhart, Harold Dodge, Harry Romig, W. Edwards Deming e Joseph M. Juran) e que pas- sou a ser conhecida como a Era do Controle Estatístico da Qualidade. Em 1931, Shewhart publicou o livro “Economic control of quality of manufac- tured product” em que expunha os princípios do controle da qualidade no processo produtivo via procedimentos estatísticos (MARSHALL JUNIOR et.al., 2008). Esse controle foi implementado durante o processo produtivo e não apenas no inal, estruturando, por meio de luxos de trabalho e as diversas fases da pro- dução, como o consumo de matéria-prima, insumos, mão de obra, fornecendo informações sobre anomalias e documentando essas ocorrências para possibi- litar a tomada de ação pelos gestores. Também icou claro que não era prático nem economicamente viável ter um controle sobre cada produto saído das linhas de produção. Efetuou-se, então, o método de controle por amostragem, tornando-se mais coniável à medida que os controles sobre os processos de produção se tornavam mais eicazes. Marshall Junior et al,(2008) trazem à nossa atenção que, devido ao avanço desses métodos, várias sociedades de engenheiros dedicados especiicamente à Qualidade foram formadas nos EUA, na Europa e no Japão. Principalmente, após a II Guerra Mundial, essas sociedades (principalmente a Japanese Union of Scientists and Engineers - JUSE, no Japão) foram importantes para reconstruir a indústria japonesa, arrasada pela Guerra. Bem, o resultado todos nós sabemos. O Japão tornou-se uma potência indus- trial, tecnológica e, apesar de suas dimensões territoriais serem ininitamente menores que as do Brasil, estamos a anos-luz do desenvolvimento japonês. Breve Histórico da Qualidade R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 19 Mas é importante frisar que essas sociedades de engenheiros e cientis- tas foram responsáveis pelo surgimento da chamada Era da Garantia da Qualidade. Foram Deming e Juran os principais responsáveis por levar aos engenhei- ros e cientistas japoneses as técnicas já aplicadas no Ocidente de Controle da Qualidade. Nasce, na década de 1950, o Total Quality Control (TQC) que, con- forme Marshall Junior et al.(2008), estabelece alguns pontos básicos: ■ Necessidade de abordar a qualidade desde a fase do projeto de desen- volvimento do produto, incluindo os aspectos funcionais e atributos de desempenho. ■ Necessidade de envolvimento de todos os funcionários, de todos os níveis hierárquicos, assim como fornecedores e clientes, nos processos de melho- ria da qualidade, com o objetivo de obter o comprometimento e a coniança recíproca. ■ Necessidade de manter e aperfeiçoar as técnicas clássicas da qualidade existentes. Os princípios do TQC estavam estabelecidos, porém, para os japoneses, tornou -se imperativo estabelecer uma visão gerencial sobre a Qualidade, nascendo daí a ideia de Total Quality Management (TQM). A evolução dos produtos japoneses já faz parte da história e provocou quase o sucateamento da indústria norte-americana, em um primeiro momento, e, em seguida, uma evolução mundial dos conceitos de oferta da qualidade aos clien- tes, contribuindo para um avanço de tecnologias, serviços e produtos. O escopo da Garantia da Qualidade é bastante abrangente. Gosto de desta- car um enfoque muito interessante, na fase inal dessa Era, que é do Zero Defeito. Esse enfoque nasceu na indústria bélica americana, capitaneada por Philip Crosby, que tinha como ilosoia que zero defeito é “fazer certo na primeira vez”. Embora, principalmente no Brasil, a maioria das empresas não tenha atingido ainda a maturidade – algumas nem saíram da fase embrionária – da Garantia da Qualidade, as empresas focadas no cliente já estão em uma nova fase da Qualidade, especialmente desde o inal do século XX, e agora no século XXI. Trata-se da Era da Gestão Estratégica da Qualidade. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E20 Essa era marca a abordagem sistêmica da Qualidade, focada nas exigên- cias cada vez maiores dos clientes, além de demandas da legislação de proteção ao meio ambiente e ao próprio consumidor. As relações entre empresas, entre empresas e clientes, entre clientes e o meio ambiente e entre empresas e meio ambiente ganharam a pauta de discussões nas organizações. Não se pode mais considerar a qualidade apenas sob os aspectos técnicos. Na verdade, qualidade é uma questão estratégica para as empresas. Marshall Junior et al. (2008) trazem as abordagens estratégicas da qualidade, conforme resumidas em um Relatório da Sociedade Americana de Controle da Qualidade: ■ Não são os fornecedores do produto, mas aqueles para quem eles servem – os clientes, usuários e aqueles que os inluenciam ou re- presentam – que têm a última palavra quanto a até que ponto um produto atende às suas necessidades e satisfaz suas expectativas. ■ A satisfação relaciona-se com o que a concorrência oferece. ■ A satisfação, relacionada com o que a concorrência oferece, é con- seguida durante a vida útil do produto e não apenas na ocasião da compra. ■ É preciso um conjunto de atributos para proporcionar o máximo de satisfação àqueles a quem o produto atende (MARSHALL JUNIOR et al., 2008, p. 32). Com a possibilidade das empresas em adquirir máquinas e equipamentos cada vez mais modernos, as diferenças de qualidade relacionadas à fabricação de bens estão cada vez mais insigniicantes. Uma marca, embora importante, não é mais garantia de qualidade. Produtos de marcas novas, muitas vezes desconhecidas,conseguem oferecer produtos similares com qualidade similar. Veja o caso da inundação dos produtos chineses, antes vistos como quinquilharias, hoje, na maior parte, não diferem em nada dos produtos de empresas tradicionais. Abordagem da Qualidade Para os Gestores R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 21 O que faz e fará a diferença entre as empresas? A qualidade nos serviços. E nisso podemos oferecer um diferencial. Porém, temos que focar o elemento humano, pois é nele que se fundamenta a prestação de um serviço reconhecido como de qualidade superior. ABORDAGEM DA QUALIDADE PARA OS GESTORES Veja que oferecer um nível de serviços adequado aos nossos clientes não é tarefa simples. Bem, você já deve estar acostumado com a complexidade, caso seja um gestor em uma organização. Então, essa airmação não deve surpreendê-lo(a), não é mesmo? O fato é que precisamos compreender, diante das diferentes compreensões da qualidade que vimos no início desta unidade, como atender às diferentes expectativas dos nossos clientes. Podemos começar revisitando algumas deinições de qualidade que menciona- mos no início. Embora bastante diversas, podemos chegar a uma conclusão clara o que se busca é a satisfação do cliente. Para isso, o produto ou serviço deve ser adequado ao uso – qualquer que seja – que o cliente pretende dar ao produto ou serviço. É interessante que a própria ISO adota uma conceituação de qualidade que vem ao encontro dessa ideia a de que qualidade é o “grau no qual um conjunto de características satisfaz a requisitos” (ISO, 2005 apud CARPINETTI, 2012, p. 23). Assim, independente do que você ofereça ao seu cliente, alguns conjuntos de atributos de seu produto e/ou serviço serão avaliados por ele. No Quadro 1 a seguir, podemos observar como classiicar esses atributos à luz dos requisitos de qualidade dos clientes ou usuários. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E22 Quadro 1 - Atributos avaliados como percepção de Qualidade pelo Cliente ATRIBUTO DESCRIÇÃO Desempenho técnico ou funcional Grau com que o produto cumpre a sua missão ou função básica. Facilidade ou conveniên- cia de uso Inclui o grau com que o produto cumpre funções secundárias que suplementam a função básica. Disponibilidade Grau com que o produto encontra-se disponível para uso quando requisitado (por exemplo: não está “quebrado”, não se encontra em manutenção etc.). Coniabilidade Probabilidade que se tem de que o produto, estando disponível, consegue realizar sua função básica sem falhar, durante um tempo predeterminado e sob determinadas condições de uso. Mantenabilidade (ou manutenibilidade) Facilidade de conduzir as atividades de manuten- ção no produto, sendo um atributo do projeto do produto. Durabilidade Vida útil média do produto, considerando os pontos de vista técnico e econômico. Conformidade Grau com que o produto encontra-se em conformi- dade com as especiicações de projeto. Instalação e orientação de uso Orientação e facilidades disponíveis para conduzir as atividades de instalação e uso do produto. Assistência técnica Fatores relativos à qualidade (competência, cortesia etc.) dos serviços de assistência técnica e atendimen- to ao cliente (pré, durante e pós-venda). Interface com o usuário Qualidade do ponto de vista ergonômico, de risco de vida e de comunicação do usuário com o produto. Interface com o meio ambiente Impacto no meio ambiente, durante a produção, o uso e o descarte do produto. Estética Percepção do usuário sobre o produto a partir de seus órgãos sensoriais. Qualidade percebida e imagem da marca Percepção do usuário sobre a qualidade do produto a partir da imagem e reputação da marca, bem como sua origem de fabricação (por exemplo, “made in Japan”). Fonte: Carpinetti (2012, p. 12 e 13). Abordagem da Qualidade Para os Gestores R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 23 Perceba, pelo quadro, que a forma como seu cliente avaliará seu produto ou serviço, ou mesmo as próprias instalações de sua empresa, são dimensões de percepção diferentes, dependendo do que for considerado. Acredito que você deva ter se sur- preendido com tantos fatores a serem levados em conta em relação à sua atividade. Para cada atributo mencionado no Quadro 1, o cliente cria uma expectativa antecipada, ou seja, antes mesmo de receber o produto ou serviço, o cliente já o espera com certo nível de exigência. Ao, efetivamente, receber o produto ou serviço, automaticamente, o cliente fará uma comparação (muitas vezes até imper- ceptível) em relação ao que esperava. Caso sua expectativa tenha sido atendida, ele icará satisfeito. No caso da expectativa ter sido superada, o nível de satisfa- ção poderá chegar ao ponto chamado de “encantamento”, um grau elevadíssimo de satisfação. Por outro lado, caso a sensação do que foi recebido em comparação com o que era esperado for negativa, é evidente que o cliente icará insatisfeito e esse grau de insatisfação pode chegar ao ponto da perda do cliente e, ainda pior, da replicação dessa insatisfação para outros clientes efetivos ou potenciais. Essa ideia de comparação entre a expectativa e o atendimento em relação à qualidade do produto ou serviço recebe o nome de Qualidade Percebida. A possibilidade de alguns desses itens mencionados não atenderem à expec- tativa do cliente cria um risco que deve ser gerenciado. Temos que entender como a Qualidade pode nos auxiliar a enfrentar os desaios e esses riscos exis- tentes nas organizações, independentemente de seu porte. Sim, porque o risco de erros, de não conformidades, de retrabalho, de desperdí- cio e – consequência disso – da insatisfação dos clientes, está presente o tempo todo. Diante disso, a pergunta inevitável é: o que fazer? Bem, podemos utilizar os princípios da qualidade para gerenciar esses ris- cos e atribuir uma coniabilidade maior aos negócios. Para você entender como um gestor deve lidar com momentos de crise, veja o roteiro de análise e providências sugerido por Christopher (2007), cujo foco é uma possível disrupção em um processo logístico, processo básico em qualquer empreendimento. Esse roteiro encontra-se em nossa Leitura Complementar, ao inal desta unidade. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E24 A GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL E AS FERRAMENTAS DA QUALIDADE No exemplo sobre crise na qualidade, abordado na Leitura Complementar, enfo- camos apenas um aspecto em que a qualidade de nossos serviços ou produtos pode ser afetada. Evidentemente que existem muitos outros campos nos quais manter e garantir a qualidade faz-se necessário. Portanto, o gestor deve conhecer métodos e ferramentas proporcionados pela Gestão da Qualidade, que permitam que ele aja tempestivamente diante de contingências, garantindo a manutenção da qualidade em suas operações. Antes de utilizar-se de qualquer ferramenta, é importante lembrar que a Qualidade nas empresas, seja de que forma for, deve ser tratada com uma visão gerencial, estratégica. Os grandes promotores da Qualidade Total entenderam isso muito rapidamente. Para isso, os conceitos de Gestão da Qualidade devem ser compreendidos em todas as dimensões pelos gestores. Por exemplo, Carpinetti (2012, p. 32) lembra que Juran (um dos nomes mais importantes na história da Qualidade), [...] conceituou a GQT (ou TQM- Total Quality Management) como ‘o sistema de atividades dirigidas para se atingir clientes satisfeitos (deli-ghted), empregados com responsabilidade e autoridade (empowered), maior faturamento e menor custo”. Já o Departamento de Defesa dos EUA conceituou a GQT como “atividades de melhoria contínua envol- vendo todos em uma organização em um esforço totalmente integrado na direção da melhoria do desempenho em cada nível da organização. Esta melhoria de desempenho é direcionada para satisfazer objetivos como qualidade, custo, prazo, missão e objetivos. [...] Essas atividades são focadas no aumento da satisfação do cliente/usuário”. Ainda uma outra conceituação para a GQT diz: “TQM é uma estratégia de fazer negócios que objetiva maximizar a competitividade de uma empresa através da melhoria contínua da qualidade dos seus produtos, serviços, pessoas, processos e ambiente.’ Perceba, então, que os conceitos de melhoria contínua, envolvimento total das pessoas, satisfação de clientes, objetivos e metas são temas comuns e recorren- tes na Gestão pela Qualidade. A Gestão pela Qualidade Total e as Ferramentas da Qualidade R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 25 Entendido isso, podemos, então, conhecer as ferramentas que auxiliam um gestor na difícil missão de atender aos requisitos do cliente. Antes de falarmos especiicamente das ferramentas da qualidade, precisamos entender que a empresa pode e deve melhorar seus processos, pois os requisitos, ou seja, as exigências e expectativas dos clientes estão em constante mutação. O mercado também é extremamente dinâmico e, mesmo que, hoje, você acredite que está satisfazendo seus clientes com Qualidade, seus concorrentes podem ser mais ágeis em proporcionar soluções mais completas e inovadoras. Para melhorar, basicamente podemos fazer isso por dois caminhos. O pri- meiro caminho seriam as melhorias ou mudanças radicais. Essas mudanças envolvem, geralmente, grandes investimentos, ruptura de processos tradicionais para implantação de novos métodos, aquisição de novas máquinas e equipamen- tos, alteração de layout, enim, muitas medidas e atitudes que são consideradas abruptas e, por isso mesmo, radicais. Por essa razão, devem ser promovidas com parcimônia, ou seja, de forma ponderada e criteriosa pelas empresas. Já o outro caminho seria a melhoria contínua. Esse termo e método são muito utilizados pelos japoneses – aliás, nossos principais mestres na arte da Qualidade – que se referem a este tipo de melhoria como kaizen. Aliás, para a Qualidade no estilo japonês, tudo pode ser melhorado. O objetivo a ser perse- guido é basicamente o mesmo da melhoria radical, que é o pleno atendimento às necessidades dos clientes, maximizando o uso dos recursos, reduzindo cus- tos, eliminando desperdícios, otimizando os processos. Porém, o caminho a ser percorrido é cíclico, ou seja, como se fosse uma espiral ascendente, a cada volta dessa espiral um progresso seria obtido e, a partir desse, novas melhorias incre- mentais seriam promovidas, até atingir-se o ápice desejado. Por isso, vamos estudar o que é considerado o principal método de promo- ver melhorias contínuas nas organizações e que serve também como guia de planejamento e gerenciamento, além de ser uma ferramenta de análise e solu- ção de problemas. Trata-se do PDCA. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E26 PDCA O método ou processo PDCA também é conhecido como ciclo Deming-Shewhart. A ideia de ciclo (ou círculo) é apropriada, pois a ferramenta, visualmente falando, tem a apresentação de um círculo. Veja o ciclo PDCA na Figura 1, a seguir: Figura 1 - Ciclo PDCA A P C D Agir corretamente Veri�car os resultados da tarefa executada Executar a tarefa Educar e treinar Métodos para atingir as metas De�nir as metas Fonte: Carpinetti (2012, p. 39). Cada letra do ciclo PDCA é uma inicial de uma etapa do processo. Assim: ■ P (do inglês, Plan) – Planejar. ■ D (do inglês, Do) – Executar. ■ C (do inglês, Check) – Veriicar, medir. ■ A (do inglês, Act) – Agir. O PDCA é uma grande e funcional ferramenta de gestão, pois cumpre as prin- cipais etapas de um processo completo que vai do planejamento às propostas de correção ou de padronização. A Gestão pela Qualidade Total e as Ferramentas da Qualidade R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 27 Imagine uma situação em que você, como gestor(a), deseja lançar um ser- viço a ser ofertado aos seus clientes. Em Gestão da Qualidade, nada se faz sem Planejamento. Aliás, Planejamento sempre é a etapa mais importante. Os gurus da Qualidade recomendam que é justamente nessa fase que deve ser investido o maior percentual do tempo dis- ponível para o projeto. Assim, aplicando essa recomendação, você planejaria esse serviço em todas as suas variáveis, tais como a forma como pretende oferecê-lo, qual público atenderá, quanto custará, onde estará disponível, quem será o res- ponsável pelo serviço e por que esse serviço seria vantajoso para sua empresa. Evidentemente que nesse planejamento, somente respondendo os quesitos ante- riores, você já estaria formatando um Plano de Ação. Também deveriam ser estabelecidas nessa fase de Planejamento as metas a atingir e os métodos que serão empregados para esse atingimento. Após essa fase, você colocaria seu plano para “rodar”, ou seja, o colocaria em prática, lançando o serviço projetado. Antes, porém, você se certiicaria de que todos os seus colaboradores saberiam exatamente o que fazer e talvez, para isso, fossem necessários treinamentos especíicos. O treinamento e a execução fazem parte da etapa do PDCA denominada D (fazer, executar). Após colocar seu serviço no mercado e ter estabelecido os objetivos (metas) a serem atendidos, com certeza você gostaria de saber “a quantas” anda seu plane- jamento. Está tudo correndo conforme planejado? Para saber isso, você precisaria mensurar, medir o executado e compará-lo com a meta estabelecida. Essa é a etapa C (checar, medir) do PDCA. Caso a meta esteja sendo atendida, ou caso isso ainda não tenha ocorrido, de acordo com a apuração da fase C, você pode tomar duas atitudes: agir corretivamente caso haja alguma discrepância entre o planejado e o executado ou padronizar o que está sendo executado, caso os objetivos estejam sendo atendidos. Essas atitudes são tomadas na fase A (agir) do nosso PDCA. Interessante isso, não é verdade? Além disso, como disse, o PDCA pode ser utilizado como uma ferramenta do que é conhecido como MASP (Método de Análise e Solução de Problemas). ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E28 O fato é que problemas todas as organizações têm. Isso porque, para a Gestão da Qualidade, problema é um resultado indesejado. Assim, por exemplo, um resultado abaixo de uma meta estabelecida é um problema. Um alto índice de reclamações dos clientes é um problema. Problemas não devem ser negligencia- dos, devem sim ser tratados, gerenciados e eliminados quando possível. Vamos veriicar na Figura 2, a seguir, como o PDCA poderia ser utilizado como ferramenta do MASP. Figura 02 - Etapas do Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) PDCA A C P Fluxograma Fase Objetivo 1 Identi�cação do problema De�nir claramente o prolema e a necessidade de melhoria 2 Observação Investigar as características especí�cas do problema 3 Análise Descobrir as causas funda- mentais do problema 4 Plano de ação Conceber um plano para blo- quear as causas fundamentais 5 Ação Bloquear as causas fundamen- tais D 6 Veri�cação Veri�car se o bloqueiofoi efetivo ? (Bloqueio efetivo) 7 Padronização Prevenir contra o reapareci- mento do problema 8 Conclusão Documentar todo o processo para recuperação futura Fonte: Carpinetti (2012, p. 40). A Gestão pela Qualidade Total e as Ferramentas da Qualidade R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 29 Muitos gestores aprenderam a utilizar o PDCA de forma intensa e efetiva, con- seguindo resultados muito interessantes em termos de atingimento de metas, solução de problemas, planejamento de ações e tomada de decisão. Recomendo que você, caro(a) aluno(a), aprofunda-se mais nesse método e, dessa forma, consiga os resultados tão almejados em seu empreendimento. OS SEIS SIGMA Uma das ferramentas consideradas mais efetivas é o Seis Sigma (em inglês: Six Sigma) – uma ferramenta estatística poderosa, que visa identiicar variações nos [...]processos. A meta – muitas vezes inalcançável, porém não abandonada – é atingir zero de variações. Conforme Carpinetti (2012), o Seis Sigma nasceu na Motorola, na década de 1980, e o programa funcionou tão bem que possibilitou à Motorola ganhar o Prêmio Malcom Baldrige de Qualidade Americana (o mais cobiçado prêmio de Qualidade do mundo), em 1988. Um engenheiro da Motorola chamado Bill Smith é tido como o grande responsável pelo desenvolvimento desse programa, que ganhou o mundo por meio de ex-funcionários da empresa Motorola que fun- daram a Six Sigma Academy, nos anos 1990. Porém, o termo Seis Sigma é uma marca registrada da Motorola, que também replica o conhecimento da ferramenta na Motorola University mediante cursos de capacitação (CARPINETTI, 2012). Mello (2011) destaca que outras empresas de classe mundial como a Caterpillar, Citibank, Ford, GE, Nokia, Belgo, 3M e Du Pont também incorporaram a uti- lização dessa ferramenta, obtendo resultados expressivos. Para se ter uma ideia de quanto é possível ganhar (muitas vezes por deixar de perder com desperdí- cios) com o programa Seis Sigma, a Motorola obteve ganhos de 2,2 bilhões de dólares no período que vai do inal da década de 1980 e o início da década 1990 (MARSHALL JUNIOR et al., 2008). Christopher (2007) explica que o Seis Sigma é uma metodologia de aprimo- ramento contínuo, direcionada para os dados, que procura controlar processos e melhorar sua capacidade. A metodologia em si segue o ciclo de cinco etapas DMAAC (original, em inglês: DMAIC): ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E30 Deinir: o que estamos procurando aprimorar? Medir: qual é a atual capacidade do processo? Quais as médias, qual a varia- bilidade no resultado do processo que se torna evidente? Analisar: faça um mapeamento do processo, use a análise de causa e efeito (Ishikawa) e priorize a ação. Aprimore: faça uma reengenharia do processo, simpliique. Controle: melhore a visibilidade do processo. Use o controle estatístico do processo e monitore o desempenho. Veja que o uso do Seis Sigma é, na sua concepção, extremamente simples. No entanto, a captura dos dados para o controle estatístico é imprescindível, e esses dados devem ser coniáveis. Isso porque, conforme Mello (2011), o Seis Sigma busca melhoria dos pro- cessos com o objetivo de reduzir os defeitos a 3,4 peças por milhão em números absolutos ou oferecer 99,9997% de aproveitamento, em números relativos. Ou, dito de outra forma, busca-se praticar o defeito quase zero. Para conseguir isso, segue-se a ideia de aprimoramento contínuo, conforme visto anteriormente. Em termos numéricos, o Seis Sigma estabelece os níveis de aproveitamento demonstrados no Quadro 2, a seguir: Quadro 2 - Defeitos por milhão e índice de aproveitamento do processo por nível de Sigma NÍVEL DO SIGMA Nº DE DEFEITOS POR MILHÃO PERCENTUAL DE APROVEITAMENTO DO PROCESSO 2σ 308.537 69,15 3σ 66.807 93,32 4σ 6.210 99,379 5σ 233 99,97670 6σ 3,4 99,999660 Fonte: Mello (2011, p. 152). De acordo com Mello (2011), a maioria das empresas trabalha com nível 3σ, ou seja, muito abaixo do proposto pelo Seis Sigma. Um programa como o Seis Sigma exige que a organização pense a qualidade como uma estratégia da empresa, envolvendo desde seus níveis hierárquicos mais altos até seus funcionários da operação. Para o Seis Sigma, cada nível hierárquico A Gestão pela Qualidade Total e as Ferramentas da Qualidade R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 31 tem sua própria responsabilidade e a designação de atribuições dentro do pro- grama segue a escala hierárquica da empresa. Essas responsabilidades e atribuições seguem uma nomenclatura padrão no programa Seis Sigma, que podem variar ligeiramente dependendo do porte da organização. Via de regra, os responsáveis são designados conforme deini- ção a seguir: ■ Sponsors: membros da diretoria, deinem as diretrizes para imple- mentação dos Seis Sigma. ■ Champions: em geral, gestores ligados à alta administração, que direcionam o programa e identiicam os grandes projetos de me- lhoria. ■ Master Black Belts: orientam os Black Belts e assessoram os cham- pions. ■ Black Belts: responsáveis pela condução de projetos estratégicos das empresas, envolvendo diferentes áreas e com signiicativo im- pacto inanceiro. ■ Green Belts: proissionais que se dedicam parcialmente a projetos diretamente ligados a seu cotidiano proissional. ■ White Belts: funcionários operacionais, que apoiam os Green Belts na implementação de projetos (MELLO, 2011, p. 153). Como mencionado anteriormente, pode haver variações entre organizações, especialmente quanto ao número de cada Belt. Por exemplo, Marshall Junior et al. (2008) mencionam que até recentemente recomendava-se a existência de 1 Black Belt para cada 100 empregados e 1 Master Black Belt para cada 100 Black Belts. No entanto, segundo os mesmos autores, agora sugere-se a proporção de 1 Master Black Belt para cada 10 Black Belts. Os projetos que receberão um tratamento do Seis Sigma são, conforme dito, projetos de grande relevância e com potencial para grande impacto inanceiro. Por isso, não é comum existirem tantos projetos em andamento ao mesmo tempo. Interessante destacar que o método DMAIC do Seis Sigma é idêntico ao método PDCA visto anteriormente, apenas com a nomenclatura de suas eta- pas diferentes. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E32 PRIORIZAÇÃO DE RISCOS Outro método importante é o de priorização de risco, estabelecendo-se um escore para avaliação dos riscos, de acordo com o modelo apresentado no Quadro 3, a seguir: Quadro 3 - Escore para avaliação de Riscos G = Gravidade 1. Nenhum efeito direto no nível de serviço das operações. 2. Pequena deterioração no nível de serviço das operações. 3. Redução efetiva no nível de serviço das opera- ções. 4. Séria deterioração no nível de serviço das ope- rações. 5. O nível de serviço nas operações é quase zero. PD = Probabilidade de detecção 1. Detectabilidade é muito alta. 2. Considerável aviso de falha antes da ocorrência. 3. Algum aviso de falhas antes da ocorrência. 4. Pouco aviso de falhas antes da ocorrência. 5. Detectabilidade é efetivamente zero. PO = Probabilidade de Ocorrência 1. Probabilidade de uma vez em muitos anos. 2. Probabilidade de uma vez em muitos meses de operação. 3. Probabilidade de uma vez em algumas semanas de operação. 4. Probabilidade de ocorrência semanal. 5. Probabilidade de ocorrência diária. Fonte: Christopher (2007). Na utilização dessas ferramentas, certamente o gestor descobrirá algumasfragi- lidades em seus processos que poderiam comprometer a garantia da qualidade. Nada mais natural. A perfeição é uma meta a ser perseguida, mas muito difícil de ser conseguida. Portanto, lembre-se do bom e velho adágio japonês: “tudo pode ser melhorado”. A Gestão pela Qualidade Total e as Ferramentas da Qualidade R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 33 Tendo isso em mente, a Qualidade será uma poderosa ferramenta para a gestão eicaz de seus negócios. AS 7 FERRAMENTAS DA QUALIDADE Em praticamente toda a literatura de Qualidade você encontrará as chamadas 7 Ferramentas da Qualidade. Para que você as conheça desde logo, observe o Quadro 4, a seguir: Quadro 4 - As 7 ferramentas da Qualidade Ferramenta da Qualidade Principal Função 1 Diagrama de causa-e-efeito Levantar possíveis causas para problemas. 2 Folha de Veriicação Coletar dados relativos à não conformidade de um produto ou serviço. 3 Histograma Identiicar com que frequência certo dado aparece em um grande conjunto de dados. 4 Gráico de Pareto Distinguir, entre os fatores que contribuem para a não qualidade, os essenciais e os secun- dários. 5 Diagrama de Correlação Estabelecer correlações entre duas variáveis. 6 Fluxograma Descrever processos. 7 Gráico de Controle Analisar a variabilidade dos processos. Fonte: Mello (2011). Alguns autores do tema Qualidade ainda colocam como ferramentas importantes para a Gestão da Qualidade mais duas ferramentas o Brainstorming e o 5W2H. O Brainstorming tem a função de criar um conjunto de ideias que brotará do grupo envolvido com um problema, visando encontrar soluções viáveis para essa situação indesejada. Assim, consegue-se ampliar as opções de soluções a serem consideradas para um determinado problema. Já a ferramenta 5W2H visa forma- lizar um Plano de Ação, com designação de responsáveis, cronograma, recursos, dados sobre a ação proposta, guiando, de forma integrada, as ações propostas. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E34 Conforme Mello (2011) nos lembra, algumas dessas ferramentas exigem ao menos algum conhecimento de estatística básica, como é o caso do Histograma, Diagrama de Correlações, o Gráico de Controle e o Gráico de Pareto. As demais ferramentas são mais intuitivas e são utilizadas em outras facetas do gerencia- mento da empresa, como é o caso do Fluxograma. Cada ferramenta requer procedimentos para coleta de dados, que devem ser acurados, ou seja, exatos e idedignos. Além disso, quanto mais rapidamente os dados forem coletados, melhor. CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE Sem dúvida, você conhece várias empresas que exibem um certiicado ISO, como ISO 9001, 14001 ou outra certiicação. O que exatamente é essa certiicação e o que as empresas ganham com isso? Antes de qualquer coisa, vamos conhecer um pouco mais sobre a Certiicação pela ISO. ISO é a designação da International Organization for Standardization, enti- dade fundada em 1946 e que tem sede em Genebra, Suíça. Uma observação: ISO não é sigla para essa organização, mas vem de um radical grego (“isos”) que signiica igual. Muito apropriado, aliás, pois a ISO objetiva estabelecer padrões para gestão, produtos e serviços em âmbito internacional. O principal motivo de existirem normas internacionais é facilitar o comér- cio entre países, pois esses padrões estabelecem requisitos mínimos esperados por parte dos consumidores desses países para adquirirem produtos e serviços oriundos de outros países. É uma forma de auxiliar a transpor barreiras comer- ciais e tornar o comércio internacional mais justo e seguro. Certiicação da Qualidade R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 35 Com o passar do tempo, normas de várias séries foram editadas, como as focadas no meio ambiente (série 14000), segurança e saúde ocupacional (série 18000), produtos alimentícios (série 22000), responsabilidade social (série 26000), segu- rança da informação (série 27000), gestão de risco (série 31000) e gestão de energia (série 50000). Uma das mais populares, sem dúvida, é a série ISO 9000 em Sistemas de Gestão da Qualidade. De acordo com Carpinetti (2016, p. 59), a norma ISO 9001:2015 - estabelece que o sistema da qualidade seja planejado e implementado como um conjunto de processos, determi- nando os processos necessários para o sistema de gestão da qualidade. Por que obter uma certiicação pela ISO? Basicamente, uma certiicação fun- ciona como uma espécie de atestado, uma comprovação de boas práticas de gestão. Uma empresa que trabalha focada na Qualidade buscaria de forma natu- ral uma certiicação de seu Sistema de Gestão da Qualidade, que mostraria para seu público interessado que, de fato, a empresa tem na Qualidade um de seus principais pilares, ou, conforme Carpinetti (2012, p. 50), o sistema da qualidade ISO 9001 se tornou uma referência importante para as empresas que desejam melhorar sua capacidade de gerenciar a qualidade, com eiciência e eicácia no atendimento dos requisitos de seus clientes. Isso porque o modelo de gestão da qualidade estabelecido pela ISO 9001 requer que a organização estabeleça uma visão sistêmica de seus processos e atividades de realização de produto para gerenciar o atendimento dos requisitos dos clientes por todo o ciclo do produto. A ISO 9001 requer ainda que a organização gerencie seus recursos físi- cos e humanos para garantir a eicácia do sistema de gestão da qualida- de e que a direção assuma a responsabilidade pela deinição de política e objetivos da qualidade e análise crítica para melhoria contínua do sistema da qualidade. Você talvez já tenha participado ou conhece empresas que passaram por processos de certiicação da ISO. Avalie: houve, de fato, ganhos para a em- presa e para seus clientes com a implantação dessa certiicação? ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E36 Marshal Júnior et al. (2008) destacam que a Certiicação é realizada por um órgão acreditado (autorizado formalmente para efetuar essa certiicação que, no caso do Brasil, é concedido pelo INMETRO) de terceira parte, ou seja, que não tenha nenhum vínculo com a empresa que, comprovando a conformidade do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) com as práticas da organização, emi- tirá esse Certiicado. Muitos empresários até gostariam de implantar uma ISO e receber a certi- icação que lhes dará maior visibilidade e credibilidade, mas ressentem-se quanto aos custos envolvidos. Para uma pequena empresa, dependendo do método, se convencional, compartilhado ou on-line, os valores podem girar em torno de R$45.000,00, R$25.000,00 e R$2.500,00 respectivamente. Fonte: adaptado de Como funciona... (on-line)1. Estudo de Caso R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 37 ESTUDO DE CASO EXCELÊNCIA EM EMPRESA NO BRASIL A Caterpillar instalou-se no Brasil em 1954, no Bairro da Lapa, com um armazém para comercialização, produção e estocagem de peças. Em 1955, adquiriu uma área de 164.000 m² no bairro de Santo Amaro, zona sul da cidade de São Paulo, onde construiu sua primeira fábrica no Brasil e ali, em 1960, começou a fabricar seus equipamentos. A primeira máquina produzida foi a Motoniveladora 12E. Em 1973, adquiriu uma área de quatro milhões de metros quadrados em Piracicaba, onde instalou sua segunda fábrica, inaugurada em 1976. Como parte do plano estratégico da Corporação de simpliicarprocessos e reduzir custos, para aumentar a competitividade de seus produtos no mundo, a Caterpillar Brasil se modernizou e consolidou, em 1993, suas operações administrativas e industriais na unidade de Piracicaba. A empresa conta hoje com uma estrutura fabril moderna, organizada e lexível, que proporciona tecnologia e qualidade e alta velocidade para atender às necessidades dos clientes. Sua área construída é de 214 mil de metros quadrados, e possui área total de 3,8 milhões de metros quadrados. Assim como abriga uma área de demonstração e treinamento para revendedores e também o Clube dos Empregados da Caterpillar (CEC). Líder absoluta de mercado em seus segmentos de atuação, a Caterpillar vem investindo, ao longo dos seus 57 anos de Brasil, em alta tecnologia, adotando os mais modernos conceitos de excelência para lexibilizar suas operações, produ- zir cada vez melhor e oferecer produtos e serviços da mais alta qualidade. Esses investimentos permitiram-lhe desenvolver forte peril exportador. A empresa está entre as 30 maiores exportadoras brasileiras. Sua linha de produtos é composta de 35 modelos de classe mundial entre escavadeiras hidráulicas, compactadores, carregadeiras de rodas, motonivela- doras, retroescavadeiras e tratores de esteiras, além de ferramentas e acessórios especiais para seus equipamentos. Em outubro de 2001, ingressou no mercado de energia, com a produção de grupos geradores de 36a 750 kVA. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E38 A seus mais de 5.700 empregados, oferece um plano de remuneração total abrangente. A empresa acredita que investir no constante aperfeiçoamento de seus recursos humanos e em alta tecnologia é a melhor maneira para manter um ambiente organizacional saudável e motivador e, com isso, exceder as expecta- tivas de seus clientes e satisfazer seus acionistas. O respeito ao meio ambiente pode ser comprovado em sua fábrica de Piracicaba, onde está instalada uma eiciente estação de tratamento de eluen- tes industriais e sanitários. Boa parte da água consumida é reciclada e a parte descartada é devolvida ao Rio Piracicaba completamente limpa. A empresa eli- minou de seu processo produtivo, das peças e dos componentes, as substâncias nocivas à saúde e à atmosfera, como o cromato de chumbo da tinta, o cádmio e o amianto das peças e substâncias cloroluorcarbonadas, que prejudicam a camada de ozônio. Investiu na suspensão das tubulações e tanques de óleos para evitar possíveis contaminações do solo e do lençol freático. Tem obtido bons resultados na reciclagem de óleos, papéis, metais e plásticos. Há muitos anos, co-processa seus resíduos industriais sólidos (lama industrial e borra de tinta) em fornos de cimento. No ano passado, inaugurou um prédio novo, denomi- nado Prédio C, que incorpora tecnologias sustentáveis de iluminação, sistema de reuso de água de chuva, aquecimento solar e ventilação natural. A Caterpillar reutiliza cerca de 60% da água que consome para ins sanitários e recicla 97% dos resíduos sólidos gerados. Entre os diversos projetos que participa, destacam-se a criação da Agenda 21 de Piracicaba e o Projeto Pequeno Cidadão, que, em parceria com o Sesi- Piracicaba, cuida de 100 adolescentes da região mais pobre do município. Em sua parceria com a Apae, mantém na fábrica aprendizes que desenvolvem terapia ocupacional na empresa. É, também, uma grande apoiadora da cultura local. Um exemplo dessa ação é a instalação da Biblioteca Máquina do Saber no Terminal Central de Ônibus de Piracicaba, em parceria com o Instituto Brasil Leitor e a Prefeitura do Município. Estudo de Caso R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 39 A Caterpillar é também incentivadora da Fundação Floresta Tropical (FFT) na busca de alternativas para a preservação da Floresta Amazônica e da he Nature Conservancy (TNC) para proteger e recuperar as grandes nascentes de água doce existentes. A empresa desenvolve modelos sustentáveis para a preser- vação de água, lorestas e energia e qualidade de vida. Para difundir os conceitos de sustentabilidade, conta atualmente com dois projetos educacionais: o Lixo Útil, que destaca a importância da reciclagem e de soluções sustentáveis para a redução do lixo urbano, e o Planeta H 2 O, criado para alertar sobre a escassez da água. O resultado desse empenho é traduzido nas certiicações de excelência obtidas pela Caterpillar Brasil ao longo de sua jornada: ISO 9002 (1994), MRP II Classe A (1999), Excelência Operacional (2000), ISO 14001(2001) e ISO 9001:2000 (2003). Sua jornada de excelência foi reconhecida com a conquista do Prêmio Nacional da Qualidade/1999. A empresa dispõe do mais moderno parque industrial de seu setor, fazendo parte de uma elite que conquistou e mantém a certiicação de Excelência Operacional, fato que lhe assegura grande competitividade e divi- sas para seus produtos ao redor do mundo. Há sete anos consecutivos é eleita como uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil e América Latina, segundo pesquisas do Great Place to Work Institute e Guia Você S/A Exame. Este ano, foi eleita a Melhor Empresa para Trabalhar no Brasil pelas duas pesquisas. Atualmente orientada pelo Sistema de Produção Caterpillar e metodologia 6 Sigma, a Caterpillar está sempre pronta a desbravar as fronteiras das décadas que estão por vir. Sua história de sucesso foi valorosamente escrita por pessoas e máquinas, no chão da fábrica e no chão da Pátria. Fonte: Vieira (2013, on-line)2. ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IU N I D A D E40 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer os fun- damentos da Gestão da Qualidade, tema tão relevante para as empresas e para a manutenção de sua competitividade. Gostaria que você pensasse esse assunto sob duas óticas: a primeira é a do consumidor, do cliente. Todos nós somos clientes, consumidores de produtos e serviços. Gostamos de ser bem tratados. Valorizamos produtos que atendam às nossas expectativas. Repetimos essa experiência, por termos certeza de que nossas necessidades serão atendidas. Portanto, sob a visão do cliente, a gestão da qualidade é absolutamente fundamental. Do cachorro-quente da esquina ao automóvel de luxo, queremos qualidade em tudo. Se você pensar pelo lado do cliente, é preciso garantir que a qualidade será uma estratégia de sua empresa. Porém, é preciso interpretar o que é qualidade para seus clientes, ou seja, quais atributos de qualidade que eles consideram de valor. Essa interpretação exige conhecimento do comportamento do consumidor. É preciso ouvi-lo, disponi- bilizando canais de contato, bem como, se possível, até mesmo perguntar a ele o que considera sendo um atributo de valor. A segunda ótica é a do gestor. Esse personagem não pode correr um risco desnecessário de fazer seu negócio fracassar por não conseguir atender às necessi- dades de seus clientes por absoluta falta de qualidade em seus produtos e serviços. Assim, a importância da Gestão da Qualidade para os gestores icou claramente deinida e estabelecida. Evidentemente que em uma unidade não seria possível nos aprofundarmos em todos os detalhes das ferramentas da Qualidade que consideramos. Por isso, teremos em outros estudos uma retomada desses conteúdos, com mais infor- mações. Porém, mesmo assim, gostaria de pedir-lhe que busque uma ampliação dessa abordagem. Existem excelentes livros sobre esse tema que devem compor seus estudos. Mãos à obra e sucesso! 41 1. O movimento organizacionalem busca de modelos de excelência, de qualidade superior, é evolutivo e tem algumas fases bem marcantes, chamadas de Eras da Qualidade. Relacione quais são as Eras da Qualidade. 2. Em última instância, podemos airmar que é o cliente o grande avaliador se os produtos e serviços de uma organização apresentam atributos de qualidade que sejam julgados de valor. Nesse sentido, os atributos que são avaliados como percepção de qualidade pelos clientes devem ser atendidos. Considerando essa necessidade, relate o que se espera do atributo de qualidade denominado de coniabilidade. 3. Na gestão das organizações, muitos administradores evitam ou temem os pro- blemas. Na realidade, o problema nem sempre é evidência de algo ruim. Consi- derando essa airmação, apresente o conceito de problema pela visão da Ges- tão da Qualidade. 42 Preparando-se para crises Embora as empresas possam não ser capazes de evitar disrupções, poderão reduzir seu impacto preparando-se para as possibilidades. A meta é desenvolver resiliência nas ope- rações, promover a capacidade de recuperação rápida e traçar rotas alternativas para controlar a disrupção. Siga as seis etapas descritas para identiicar esse peril e as estratégias adequadas de gerenciamento. 1. Priorize os direcionadores da receita Identiique e faça um mapeamento dos direcionadores da receita da empresa, que pro- porcionam suporte operacional para a estratégia geral do negócio. Esses seriam os fa- tores de maior impacto na receita, caso haja disrupção. Qualquer abalo nesses fatores põe em risco o negócio. Por exemplo, em setores de processamento, a manufatura é a principal força por trás da receita atacadistas e varejistas devem priorizar operações de estoque e logística. 2. Identiique a infraestrutura crítica Identiique a infraestrutura incluindo processos, relacionamentos, pessoas, regulamen- tos, planejamento e equipamento que sustenta a capacidade da empresa de gerar re- ceita. A reputação da marca, por exemplo, pode depender dos processos de controle de qualidade do produto, práticas trabalhistas do fornecedor e de porta-vozes importantes da empresa. A pesquisa e o desenvolvimento podem depender da localização especíica do laboratório, de proissionais competentes e proteção de patentes. Como já foi dito, cada empresa é única, e mesmo empresas do mesmo setor priorizarão seus direciona- dores de forma diferente. A meta é identiicar os componentes essenciais necessários para o direcionador de receita. Uma das maneiras de fazê-la é perguntar: “Quais são os processos que, se falharem, afetariam seriamente minha receita?”. Ou seja, esses são os fatores que poderiam terminar em uma nota de rodapé de um relatório anual, explican- do os motivos da queda de receita. 3. Localize as vulnerabilidades Quais são os vínculos mais fracos, os elementos de que todos os outros dependem? Pode ser um único fornecedor para um componente vital, uma fronteira que 80% de seus produtos tenham de cruzar para colocá-los em mercados fundamentais, um único empregado que saiba como restaurar dados se o sistema de TI falhar, ou um regulamen- to que possibilite a sua permanência no negócio. As vulnerabilidades são caracterizadas por: ■ Um elemento de que muitos outros dependem – um gargalo. ■ Alto grau de concentração – fornecedores, locais de manufatura, matéria-prima ou luxos de informação. 43 ■ Alternativas limitadas. ■ Associação com áreas geográicas, setores e produtos de alto risco (como guer- ra ou zonas de enchente, ou setores economicamente abalados como o das empresas aéreas). ■ Pontos de acesso inseguros para infraestrutura importante. Observe que o enfoque ainda está nos processos internos e não em eventos potenciais externos. Sob muitos aspectos, o impacto de uma disrupção não depende da maneira exata que esses elementos falharam. Caso o seu principal fornecedor falhe por causa de um incêndio em uma planta, um terremoto, um ataque terrorista ou crise econômica, talvez você tenha o mesmo plano de resposta. 4. Cenários como modelos Organizações que apresentam os melhores desempenhos, continuamente, avaliam seus pontos fortes e fracos criando cenários baseados no espectro total de crises anteriores. 5. Desenvolver respostas Depois que os executivos avaliam o impacto de cenários alternativos de crises na ca- deia de suprimentos, eles têm o conhecimento detalhado das vulnerabilidades de suas operações, e como esses pontos fracos relacionam-se com as metas de desempenho e receita. O entendimento desses pontos fracos no negócio esclarecerá decisões vitais. A elaboração de um peril de riscos também revelará oportunidades para reduzir os ris- cos e aumentar os ganhos. Planos de atenuação de risco podem ser divididos em duas amplas categorias: redundância e lexibilidade. Métodos tradicionais de gerenciamento de riscos dão grande ênfase a soluções redundantes, como aumentar estoque, preparar backup de TI e de sistemas de telecomunicações, e promover contratos de longo prazo com o fornecedor. Embora sejam eicazes como proteção contra riscos potenciais, esses métodos são acompanhados de custos mais elevados que podem, potencialmente, co- locar as organizações em desvantagem competitiva. Respostas lexíveis, no entanto, utilizam as capacidades da cadeia de suprimentos que não só gerenciam o risco, mas, simultaneamente, aumentam a capacidade competitiva da organização. Exemplos: ■ Design do produto visa à agilidade – componentes compatíveis e diferenciação postergada. ■ Práticas de manufatura compatíveis, lexíveis e prontamente transferíveis. ■ Redução do lead time – duração e variabilidade. ■ Planejamento dinâmico do estoque. ■ Treinamento polivalente para os empregados. 44 Assim como as ferramentas e técnicas de modelagem da cadeia de suprimentos podem ajudar a avaliar o impacto de cenários críticos, elas também podem ser utilizadas para aferir os custos e os benefícios de respostas alternativas. 6. Monitorar o risco do ambiente de negócios Cada vulnerabilidade sugerirá várias respostas potenciais. O desaio é assegurar que a resposta escolhida seja proporcional ao risco, em termos tanto de magnitude quanto de probabilidade. O peril de riscos de uma empresa muda constantemente. Condições econômicas e de mercado mudam, as preferências do consumidor mudam, a regulação no ambiente muda, bem como produtos e processos. É essencial, portanto, redesenhar ao mesmo tempo o mapa de riscos da empresa. Parte do processo de mapeamento in- clui a identiicação dos principais indicadores, com base nas principais vulnerabilidades da cadeia de suprimentos. Um pronto sistema de alerta ajuda a garantir a ativação dos planos de contingenciamento o mais rápido possível. Embora a avaliação detalhada da excelência de uma empresa no gerenciamento de riscos seja bem complicada, uma sim- ples autoavaliação poderá rapidamente identiicar os gaps principais. Fonte: Christopher (2007, p. 225). REFERÊNCIASREFERÊNCIAS CARPINETTI, L. C. R. Gestão da Qualidade: Conceitos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 2012. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: criando redes que agregam valor. São Paulo: Thomson Learning, 2007. MARSHALL JUNIOR, I. et al. Gestão da Qualidade. 9. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2008. MELLO, C. H. P. (Org.). Gestão da Qualidade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. Referências On-Line 1 Em: <http://certiicacaoiso.com.br/iso-9001/como-funciona-certiicacao>. Acesso em: 21 jun. 2016. 2 Em: <http://www.camarapiracicaba.sp.gov.br/camara-destaca-os-60-anos-da-ca- terpillar-brasil-18169>. Acesso em: 21 jun. 2016. 46 REFERÊNCIAS 47 GABARITO 1. ■ Era da Inspeção. ■ Era do Controle Estatístico da Qualidade. ■ Era da Garantia da Qualidade. ■ Era da Gestão Estratégica da Qualidade. 2. Probabilidade que se tem de que o produto, estando disponível, consegue re-alizar sua função básica sem falhar, durante um tempo predeterminado e sob determinadas condições de uso. 3. Para a Gestão da Qualidade, problema é um resultado indesejado. Assim, por exemplo, um resultado abaixo de uma meta estabelecida é um problema. Um alto índice de reclamações dos clientes é um problema. Problemas não devem ser negligenciados, devem sim ser tratados, gerenciados e eliminados quando possível. U N ID A D E II Professor Me. Paulo Pardo FERRAMENTAS DA QUALIDADE Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar os conceitos de padronização e melhoria. ■ Conhecer as ferramentas básicas da qualidade e apresentar situações de aplicação das ferramentas da qualidade. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Padronização e melhoria ■ As ferramentas de gerenciamento da qualidade INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), implantar e manter uma cultura voltada à qualidade, em qual- quer organização, não é uma tarefa simples. São vários os desaios que os gestores terão que enfrentar para que esse processo seja internalizado de maneira efetiva na estrutura da empresa. Um dos principais fundamentos para que a qualidade não ique somente no plano teórico, ilosóico, mas desça ao nível das operações, do fazer, é conhecer e utilizar as chamadas ferramentas da qualidade. Esse é um dos objetivos desta uni- dade. Todo o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) possui princípios, técnicas e ferramentas que deinirão a forma como a qualidade será garantida e ofertada aos clientes da organização, sejam esses clientes internos ou externos. Aliás, é nos clientes internos, ou seja, nos colaboradores da organização, que reside um dos principais fatores para o sucesso – ou para o fracasso – de qualquer programa de Qualidade. Por isso, conseguir o engajamento dessas pessoas é fundamental. Entre as ferramentas que abordaremos estão as chamadas ferramentas básicas da qualidade, quais sejam, o diagrama de causa e efeito, a folha de veriicação, o histograma, o gráico de Pareto, o diagrama de dispersão ou correlação, o luxo- grama e o gráico de controle. Algumas dessas ferramentas foram apresentadas na unidade I, porém, aqui, vamos aprofundar os conceitos apresentados. Importante destacar que são ferramentas básicas da Qualidade, que podem ser aplicáveis a diversas situações, tanto no nível estratégico, como nos níveis táticos e operacionais. Isso signiica que é possível a aplicação em todos os pro- cessos organizacionais, tornando a organização voltada para a Qualidade, como que introjetando a Qualidade no DNA da empresa. Quando uma cultura de Qualidade é cultivada, uma vantagem competi- tiva enorme é obtida, tornando a empresa realmente diferenciada no mercado. Bons estudos! Introdução R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 51 FERRAMENTAS DA QUALIDADE R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IIU N I D A D E52 PADRONIZAÇÃO E MELHORIA A qualidade de processos, produtos e serviços é considerada um elemento essen- cial para que as empresas se mantenham competitivas, devendo concentrar esforços para o suprimento das necessidades e expectativas dos clientes, garan- tindo, dessa forma, a conformidade com as especiicações. Sem dúvida, ao pensarmos em produtos, é fundamental que eles estejam dentro um padrão que seja esperado pelos clientes, ou seja, não pode haver, em um mesmo produto, uma variação tão grande que possa afetar a coniabilidade do seu desempenho. Para que não ocorram essas variações e se reduza a variabilidade dos processos de produção, a padronização torna-se vital no controle e melhoria da qualidade nas empresas. Um sistema de qualidade eiciente gera a chamada repetibilidade, que é obtida por meio de padronização (uma combinação de técnicas na qual se determinam padrões para os procedimentos operacionais). Nesse sentido, Marshall Júnior et al. (2008) destacam a fundamental impor- tância da padronização para as organizações: A padronização é de fundamental importância para as organizações. Um dos maiores sucessos da produção em massa, caracterizada pelo desenvolvimento da linha de montagem da Ford e pela administração cientíica da produção, foi a padronização de peças e componentes. A passagem da produção artesanal para a produção em massa só foi pos- sível devido ao desenvolvimento de sistemas e padrões que tornaram as peças e componentes intercambiáveis, podendo ser utilizadas em pro- cessos seriados (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008, p. 87). No entanto, somente a padronização de processos, métodos, peças e compo- nentes não é suiciente. Somente garante que se irão obter sempre os mesmos resultados, que podem, aliás, icar rapidamente defasados sob o ponto de vista da avaliação do cliente. Então, torna-se necessário promover o que em quali- dade chamamos de melhoria contínua. E é justamente para promover essa melhoria contínua que a gestão da qua- lidade compreende um sistema de gestão, no qual estão contidos princípios, técnicas, métodos e ferramentas. De acordo com Shiba, Graham e Walden (1997), a adequação ao padrão avalia se a fabricação de um produto, conforme a descrição do manual, está em Padronização e Melhoria R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 53 conformidade com o padrão estabelecido. Desse modo, a adequação ao padrão deine a qualidade previamente projetada. Determinar se um produto satisfaz a adequação ao padrão é uma tarefa da operação de inspeção, que determinará se o produto está aprovado ou não. Para atingir a adequação ao padrão, administradores e engenheiros deinem cada operação de produção, procedendo o registro das tarefas, transformando-as em prática padrão, em manuais, e deinindo os procedimentos de inspeção para a garantia da prática padrão (SHIBA GRAHAM ; WALDEN, 1997). A participação, o envolvimento e comprometimento de todos os colabora- dores da empresa são de fundamental importância para se atingir o êxito, no tocante à padronização e melhoria de processos, bens e serviços. Esses cola- boradores devem estar treinados e conscientes da ilosoia de melhoramento contínuo, normalmente representada pelo ciclo PDCA e seus desdobramentos, para se alcançar a satisfação e a superação das expectativas de todos os stake- holders, entre os quais, os mais destacados são os clientes internos e externos, acionistas, fornecedores, colaboradores e sociedade. A constante busca por padronização por parte das empresas motivou a International Standards Organization (ISO – Organização Internacional de Padrões) a desenvolver uma série de padrões de qualidade, incluindo a série ISO 9000, que é também um padrão do American National Standards Institute e da American Society for Quality (ASQ). Nesse aspecto, Montgomery (2004) destaca que o foco desses padrões é a qualidade do sistema, incluindo componentes, tais como: 1. Responsabilidade da gerência pela qualidade; 2. Controle do planejamento; 3. Controle de documentos e dados; 4. Gerência de compras e contratos; 5. Identiicação e rastreamento do produto; 6. Inspeção e teste, incluindo o controle de medidas e inspeção de equi- pamento; 7. Controle do processo; 8. Trato de produtos não-conformes, ações corretivas e preventivas; FERRAMENTAS DA QUALIDADE R ep ro d u ção p ro ib id a. A rt. 184 d o C ó d ig o Pen al e Lei 9.610 d e 19 d e fevereiro d e 1998. IIU N I D A D E54 9. Manuseio, estocagem, embalagem e entrega do produto, incluindo atividades de revisão; 10. Controle dos registros de qualidade; 11. Auditorias internas; 12. Treinamento; 13. Metodologia estatística (MONTGOMERY, 2004, p. 15). É importante destacar que a ISO
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