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Síndrome de Sjögren Sintomas e tratamento

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Síndrome de Sjögren – Sintomas e tratamento
O que é a síndrome de Sjögren?
A síndrome de Sjögren é uma doença de origem autoimune, ou seja, uma doença na qual o sistema
imunológico equivocadamente passa a atacar células e tecidos do nosso próprio corpo, como se estes
fossem agentes invasores perigosos para a nossa saúde.
Nesse tipo de doença, o sistema imune produz auto anticorpos e estimula células de defesas, como os
linfócitos, a atacar e destruir partes do nosso próprio organismo (leia: O QUE É DOENÇA
AUTOIMUNE?).
No caso específico da síndrome de Sjögren, os alvos principais são as glândulas lacrimais e salivares, o
que provoca sintomas como olhos e boca seca. Todavia, a doença pode não se restringir a essas
glândulas, sendo possível também o acometimento de outros órgãos, tais como articulações, rins,
pulmão, nervos, pele, fígado, pâncreas, etc.
Causas e fatores de risco
Assim como em quase todas as doenças de origem autoimune, não sabemos exatamente por que o
sistema imunológico destes pacientes subitamente passa a agir de forma equivocada, atacando tecidos
e órgãos do próprio organismo.
Sabemos, entretanto, que há um forte componente genético na sua gênese, pois os pacientes com
síndrome de Sjögren apresentam alguns genes em comum. Porém, para que a síndrome de Sjögren
apareça, não basta a herança genética, alguns outros fatores ambientais ainda não esclarecidos, como
infecções por certos vírus ou bactérias, parecem ser necessários para que o sistema imunológico dos
pacientes geneticamente susceptíveis passe a agir de forma perigosa.
Cerca de metade dos pacientes com síndrome de Sjögren apresenta também outra doença autoimune
associada, como lúpus, artrite reumatoide, esclerodermia ou tireoidite de Hashimoto.
Portanto, ter uma doença autoimune é um fator de risco para ter síndrome de Sjögren, assim como ter
síndrome de Sjögren é um fator de risco para ter outras doenças autoimunes.
Classificamos como síndrome de Sjögren primária os casos nos quais não há outra doença autoimune
associada. Já os pacientes que possuem síndrome de Sjögren além de outra doença autoimune, como
lúpus ou artrite reumatoide, são considerados como portadores de síndrome de Sjögren secundária.
Outros fatores de risco importantes são o sexo feminino, já que mais de 90% dos casos ocorrem em
mulheres, e a idade, pois, apesar da doença poder surgir em qualquer faixa etária, ela é mais comum
em pessoas acima dos 40 anos.
https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/doenca-autoimune/
https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/sintomas-lupus/
https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/artrite-reumatoide/
https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/esclerodermia/
https://www.mdsaude.com/endocrinologia/hipotireoidismo/
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Sintomas
A xeroftalmia (olhos secos) e a xerostomia (boca seca) são os sintomas mais típicos da síndrome de
Sjögren. Porém, a doença costuma ser insidiosa, com progressão lenta e com sintomas inespecíficos,
comuns a várias outras doenças reumatológicas, principalmente nos primeiros anos, fazendo com que o
diagnóstico correto, muitas vezes, só seja feito após anos de investigação.
A inflamação das glândulas lacrimais reduz a produção de lágrima e interfere na lubrificação dos olhos,
levando a sintomas, como olhos vermelhos, olhos ressecados, ardência ou sensação de corpo estranho,
coceira ou visão borrada. A falta de lubrificação dos olhos aumenta o risco de infecção ocular e lesões
da córnea (leia: OLHO SECO E FALTA DE LÁGRIMAS).
A inflamação das glândulas salivares provoca redução da produção de saliva, levando à boca seca,
garganta seca, dificuldades para engolir, alterações no paladar, rouquidão, aumento da incidência de
cáries, e lesões nos dentes, gengivas, língua e lábios. Nas crianças, a inflamação e inchaço da glândula
parótida é muito comum, podendo o quadro ser confundido com caxumba.
Além das glândulas lacrimais e salivares, outras áreas do corpo podem também ser atacadas. Exemplos
são as vias áreas, onde é possível haver tosse seca, sinusite e rinite, além do aumento da incidência de
infecções pulmonares.
A inflamação das glândulas vaginais, responsáveis pela lubrificação da vagina também é comum,
levando à secura vaginal, dor durante o ato sexual e aumento da frequência de infecções ginecológicas,
principalmente candidíase vaginal. Cansaço e alterações menstruais também são relativamente comuns.
Sintomas menos comuns da síndrome de Sjögren incluem atrite, fenômeno de Raynaud, aumento de
linfonodos, lesões dos rins, lesões dos nervos e músculos. Uma complicação rara é a inflamação dos
vasos sanguíneos, chamada vasculite, que pode danificar os tecidos do corpo que são nutridos por
estes vasos inflamados.
Cerca de 5% dos pacientes com síndrome de Sjögren desenvolvem linfoma não-Hodgkin. Esta
complicação surge, geralmente, 7 a 10 anos após o diagnóstico da síndrome de Sjögren.
Diagnóstico
A síndrome de Sjögren é muitas vezes uma doença difícil de diagnosticar, pois os sinais e sintomas
variam de pessoa para pessoa e podem, inicialmente, ser semelhantes aos causados por outras
doenças, como artrite reumatoide, lúpus, sarcoidose, amiloidose, fibromialgia, etc.
Além disso, os clássicos sintomas de olhos e boca seca ocorrem em várias outras doenças, podendo
também ser um efeitos colateral de uma série de medicamentos. Não é incomum, portanto, o paciente
só receber o diagnóstico correto da síndrome de Sjögren vários anos após o aparecimento dos primeiros
sintomas.
O especialista mais indicado para conduzir a investigação de quadros sugestivos de Sjögren é o
reumatologista. Não existe um exame único que consiga definir com certeza o diagnóstico. Este
normalmente é feito através da avaliação conjunta dos sinais e sintomas com exames laboratoriais.
https://www.mdsaude.com/oftalmologia/olho-vermelho/
https://www.mdsaude.com/oftalmologia/sindrome-do-olho-seco/
https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/caxumba/
https://www.mdsaude.com/pneumologia/tosse/
https://www.mdsaude.com/otorrinolaringologia/sinusite/
https://www.mdsaude.com/otorrinolaringologia/rinite-alergica/
https://www.mdsaude.com/ginecologia/vaginismo-dispareunia/
https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/candidiase/
https://www.mdsaude.com/ginecologia/menstruacao/perguntas-menstruacao/
https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/vasculites/
https://www.mdsaude.com/hematologia/linfoma/
https://www.mdsaude.com/reumatologia/fibromialgia/
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A pesquisa de autoanticorpos, como o FAN (ANA) (leia: EXAME FAN (FATOR ANTINUCLEAR)), o fator
reumatoide, anti-SSA/Ro e anti-SSB/La podem auxiliar no diagnóstico. Porém, estes autoanticorpos
possuem elevada taxa de falso positivo e falso negativo, não sendo suficientes para o diagnóstico sem
outros dados clínicos e laboratoriais.
A biópsia de glândula salivar pode ser recomendada para auxiliar no diagnóstico. O procedimento é feito
através da remoção de um pequeno pedaço de tecido a partir da porção interna do lábio inferior. Uma
glândula cheia de linfócitos sugere que a mesma está sendo atacada pelo sistema imune, o que fala
fortemente a favor da síndrome de Sjögren.
Exames oftalmológicos para determinar se a produção de lágrimas está normal também são úteis:
Teste de Schirmer: neste teste, um pequeno e fino pedaço de papel filtro é inserido suavemente entre a
pálpebra e o canto interno do olho. O papel é removido depois de vários minutos, e a umidade no
mesmo é medida. A diminuição da quantidade de umidade é característica da síndrome de Sjögren,
embora a produção de lágrima reduzida possa também ocorrer com outras condições.
Teste de Rosa Bengala: este teste detecta lesões nos olhos, principalmente na conjuntiva e na córnea,
causadas pela secura crônica do mesmo. É um exame dos olhos feito após pingar um colírio com um
corante específico, chamado rosa bengala. Com uma luz especial, o oftalmologista consegue detectar
lesões nos olhos.
Tratamento
Atualmente, não há cura para a síndrome de Sjögren. No entanto, os tratamentos podem melhorar os
sintomas e prevenir as váriascomplicações da doença.
O tratamento visa reduzir os sintomas mais incômodos. Os olhos secos são tratados com lágrimas
artificiais aplicadas regularmente durante o dia ou com gel aplicado à noite. Colírios que reduzem a
inflamação nas glândulas lacrimais, tais como a ciclosporina (Restasis®), podem ser utilizados para
aumentar a produção de lágrima.
Para aumentar a salivação, o uso de balas ou goma de mascar sem açúcar são úteis. Beber ou apenas
molhar a boca com goles de água durante o dia também é importante para mantê-la bem hidratada.
Alguns pacientes se beneficiam do uso de medicamentos que estimulam o fluxo de saliva, como a
pilocarpina (Salagen®) ou cevimuline (Evoxac®).
Como as cáries são muito comuns, deve-se escovar os dentes após qualquer refeição. Já existem no
mercado pastas de dente voltadas para pacientes com boca seca. Uma visita ao dentista deve ser feita 2
vezes por ano.
A hidroxicloroquina é um medicamento muito usado no lúpus e na artrite reumatoide, podendo ser útil
em alguns pacientes com síndrome de Sjögren e dor articular, muscular e/ou lesões dermatológicas.
Nos pacientes com doença sistêmica, acometendo vários órgãos, o uso de drogas imunossupressoras,
como corticoides, azatioprina, metotrexato, rituximab e ciclofosfamida pode ser necessário.
https://www.mdsaude.com/doencas-autoimunes/fan-fator-antinuclear/
https://www.mdsaude.com/endocrinologia/glicocorticoides/
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