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CLÍNICA CIRÚRGICA II - CICLO I Diverticulite Aguda Revisão Embriologia ● Cólon - origem do intestino médio e posterior ● Artéria mesentérica superior - primeira metade do intestino grosso -> função absortiva ○ Conteúdo mais líquido ● Artéria mesentérica inferior - segunda metade do intestino grosso -> função de armazenamento ○ Conteúdo mais sólido ● Baseado na embriologia é possível conduzir a evolução dos divertículos e a apresentação de neoplasias Anatomia vascular ● Fisiopatologia Divertículos ● Definição: ○ “Evaginação, semelhante a bolsa, que faz uma protusão na parede de órgão oco.” ○ Evaginações na parede do cólon Divertículos colônicos (falsos) ● Localização ○ Qualquer local do Tubo Digestivo ■ Formação de divertículo pode ocorrer em qualquer lugar do TGI ○ Mais frequente nos Cólons ● São herniações da mucosa nos locais de penetração das arteríolas. ● Aumento da pressão intraluminal - força parede intestinal a ampliar espaço para armazenamento e aliviar pressão ● Local mais incidente é o cólon de armazenamento (tem sólido) ● Ponto de fraqueza que tem uma evaginação (herniação) -> área da penetração da artéria reta ● Camadas = mucosa, submucosa, muscular, serosa (adventícia - esôfago) ● Complicações da doença diverticular = diverticulite e hemorragia digestiva baixa ○ Hemorragia maciça na complicação da diverticulose. ● São empurrados para fora pela pressão intraluminal. Divertículo verdadeiro x falso ● Verdadeiro: tem todas as estruturas histológicas ○ Normalmente estão presentes no esôfago ● Falso: não tem todas as estruturas ○ Ex.: não tem a camada muscular dentro dele ○ Divertículos colônicos CLÍNICA CIRÚRGICA II - CICLO I Corte de divertículo colônico visto na patologia (falso) Não tem a camada muscular -> falso ● Causas do aumento da pressão intraluminal: ○ Dieta rica em carboidratos; ○ Dieta rica em proteínas; ○ Dieta pobre em fibras. ● Favorecem o aumento da pressão intraluminal e formação de divertículos ● “Doença do ocidente” pelo alto consumo de de fast food ● Localização (pode ocorrer em todo cólon), mais comum em: ○ 50% Cólon Sigmóide: ■ Colón de armazenamento por ter conteúdo sólido ○ 40% Cólon Descendente; ○ 5 a 10% restante do cólon. Doença diverticular dos cólons ou diverticulose ● Expressão utilizada para indicar a presença de múltiplos falsos divertículos colônicos. ● Assintomática em aproximadamente 80% dos casos. ● Diagnóstico acidental ○ A partir de 50 anos todos devem realizar colonoscopia de rastreio (pode ser achado acidental) Exames diagnósticos - investigação ● Enema Opaco: introdução de contraste na região do canal anal -> cora o intestino, evidenciando todo o transito intestinal e os divertículos = descobre-os ○ Na crise da diverticulite o enema opaco não pode ser usado. ● Tomografia Área vermelha com pontos pretos - divertículos Sempre estão na periferia por ser área de evaginação ○ Tomografia mostra os divertículos como achado clínico ● Colonoscópio 1- Corte do cólon visto após cirurgia 2- Osteos diverticulares ● Evidencia todo o trânsito intestinal e mostra os óstios do divertículos ● Doença diverticular do cólon = conjunto de divertículos (vários óstios) Diverticulite ● Definição: perfuração de um divertículo colônico. ○ Antes falava que é a inflamação do divertículo ○ Atualmente sabe-se que é a micro perfuração do divertículo colônico -> vazamento de fezes para região abdominal ■ Não sente dor, mas se tem vazamento tem sintomatologia ○ Doença diverticular dos cólons (vários divertículos) ○ Diverticulite ocorre em 1 divertículo por vez ■ Se tiver mais divertículos - todos podem evoluir para diverticulite ■ 1 divertículo perfura -> alivia pressão dos outros ○ Possui camada muscular (esôfago) - podem contrair e regredir ■ Divertículo de tração ■ OBS.: geralmente, divertículos de terço inferior e superior são falsos ● O que de fato ocorre: ○ Infecção pericólica extraluminal, causada pelo extravasamento de fezes através do divertículo perfurado. ○ Apenas um divertículo é acometido a cada vez. ● Como ocorre: ○ O divertículo se forma num ponto de fraqueza da parede do cólon. ○ Com o aumento da pressão intraluminal, ocorre erosão e por fim a perfuração do divertículo. ● Evolução do quadro: ○ Microperfuração -> extravasa conteúdo fecal - irritação peritoneal -> conteúdo fecal forma abscesso ○ Formação de abscesso (pequeno ou bloqueado) CLÍNICA CIRÚRGICA II - CICLO I ○ Perfuração bloqueada ■ Inflamação localizada; ■ Bloqueado: maneira do corpo de fazer com que o conteúdo fecal fique restrito e não vaza para toda cavidade abdominal -> conteúdo restrito por alça de delgado por exemplo, como tentativa do corpo de se auto defender = presença de massa abdominal palpável ○ Abscessos Pequenos ■ Se corpo não bloqueia -> formação de abscesso (pode ser pequeno - importante do diagnóstico precoce - abscesso pericólico) ■ Com o passar do tempo (diagnóstico demorado) -> volume extravasado aumenta -> aumento abscesso e torna-o pélvico ou retroperitoneal. ■ Se demorar mais enche cavidade abdominal -> abdome difuso com abscesso (abscesso intra abdominal) ■ Com aumento da demora -> fezes na cavidade abdominal = pior prognóstico ● Material fecal livre na cavidade abdominal mais difícil de tratar que o abscesso pericólico -> importância do diagnóstico precoce! ■ Podem ser reabsorvidos com tratamento antibiótico; ■ Podem drenar espontaneamente para a luz do cólon ou víscera adjacente; ■ Podem necessitar de cirurgia. Manifestação Clínica ● Doença mais comum do cólon no mundo ocidental; ● Rara em países menos desenvolvidos ● Menos alimentos processados ● Dieta rica em fibras Quadro clínico ● Dor abdominal (dor em fossa ilíaca esquerda) ○ Geralmente, no quadrante inferior esquerdo do abdome; ○ Discreta a grave; ○ Cólica ou constante; ● Alteração no hábito intestinal; ○ Parada de eliminação de gases e fezes (Íleo paralítico) causada pela reação inflamatória local irrita a alça intestinal -> parada da peristalse -> distensão abdominal pela presença de gases -> parada da peristalse e distensão aumentando progressivamente ● Disúria: processo inflamatório pode acometer o trato urinário por contiguidade ● Náuseas e vômitos: tentativa de sair conteúdo do intestino ● Dependem da localização da inflamação. Exame físico ● Febre baixa; ○ Dependendo do tempo de evolução os mediadores inflamatório pode se tornar sistêmicos -> evolui com febre ● Discreta distensão abdominal; ● Dor localizada ou peritonite generalizada; ● Massa palpável; ● Obstrução de cólon; ● Não são comuns sangue oculto ou macroscópico nas fezes e a presença sugere doença maligna Exame de imagem Raio X ● Pneumoperitônio evidente a microperfuração já evoluiu (vazando muito conteúdo fecal no abdome) ○ No diagnóstico precoce de diverticulite não é visualizado pneumoperitônio -> ver distensão gasosa Enema baritado (enema opaco) ● Contraindicado nas fases iniciais para o bário não extravasar na cavidade peritoneal. ● Seguro 1 semana após a crise ● Enema opaco e colonoscopia não devem ser realizados na diverticulite (Irrita mais o peritônio e pode extravasar) Ultrassonografia ● Abdome e pelve ● Indicação precoce ○ Atrasa a condução de alguns casos por causa da qualidade de imagem difícil ● Possibilidade de drenagem percutânea ● Diverticulose ○ Parede intestinal espessada (>4mm) ○ Divertículos ■ Focos redondos ou ovais hipo/hiperecóicos projetando-se a partir da parede do cólon, ruptura focal de camada normal e sombras acústicas. ● Diverticulite ○ Inflamação pericolônica ■ Maior ecogenicidade, áreas hipoecoica mal definidas ○ Abscesso pericolônico ○ Espessamento mural USG com luz intestinal, divertículo e espessamento da parede (4mm) -> Tomografia ● Diante da hipótese diagnóstica de diverticulite trata baseada na clínica do paciente e do exame complementar (TOMOGRAFIA) ● Exame ideal de ser feito ● essencial na condução terapêutica do caso por quantifica volume do abscesso, sem tem complicação -> riqueza de detalhes que auxilia na conduta○ Se tem fístula ou não ● Abdome e pelve ● Espessamento da parede evidencia o processo inflamatório ● Indicação precoce ● Contraste VO, EV e Retal Pontos pretos Seta branca completa mostra um divertículo Seta pequena mostra região espessada Ponta da seta branca - Área branca é espessamento ou provável abscesso CLÍNICA CIRÚRGICA II - CICLO I ● Diverticulose ○ Espessamento mural do cólon (4 a 15mm) ● Diverticulite ○ 95% preciso; ○ Espessamento da parede intestinal, estriações na gordura, base espessada do mesocólon sigmóide, líquido livre; ○ Segmento longo (>10cm) de envolvimento do cólon; ○ Abscessos. Cirurgia Sigmoidoscopia ou colonoscopia ● Injeção de gás (CO2) no canal anal para fazer distensão do colo -> aumenta pressão -> aumenta perfuração ○ Proscrito = risco de causar perfuração maior ○ Devem se evitadas durante a crise aguda; ● Posteriormente ajudam a descartar neoplasia (analisar a extensão do colo) ○ Indicação: após o tratamento da diverticulite, espera o processo cicatricial e depois realiza para investigar a extensão do cólon Imagem no intraoperatório antes de cortar a peça Área de penetração da artéria reta Clister opaco ● Baixa indicação; (não é mais usado) ○ Devido métodos melhores; ○ Risco de aumentar a pressão colônica e causar extravasamento adicional de fezes através de divertículo perfurado; ● Se for usado: o agente de contraste deve ser hidrossolúvel ○ Não acarreta risco de peritonite; ○ Mas não interfere no risco de extravasamento do material de contraste do cólon, o que pode agravar a infecção e agravar a peritonite. Classificação Critérios de HINCHEY (classificação tomográfica) ● Quanto maior o Hinchey -> pior prognóstico e mais agressivo o tratamento ● Estratificar chance de mortalidade do paciente ● Grau de perfuração: I. Abscesso pericólico ou mesentérico; II. Abscesso pélvico ou retroperitoneal III. Peritonite generalizada purulenta; (pus na cavidade abdominal) IV. Peritonite fecal generalizada (fezes livres na cavidade abdominal) Classificação de Hinchey e chance de mortalidade Classificação de Hinchey Classificação prática ● Importante classificar para realizar tratamento adequado. ● Diverticulite aguda não complicada (Hinchey I e alguns casos de II) ○ 75 a 85% dos casos; ○ Diagnóstico precoce ○ Não associada a perfuração intraperitoneal, fístula ou obstrução. ● Diverticulite aguda complicada (normalmente Hinchey II ou maior) ○ Associada a abscesso, fístulas, peritonite e obstrução. Tratamento Diverticulite aguda não complicada Hospitalização (internar) Hidratação Corrige distúrbio hidroeletrolítico Antibioticoterapia Reavaliação do paciente ● Se dor significativa + suspeita clínica da peritonite localizada ● Hospitalização e antibioticoterapia venosa; ● Hidratação + Corrige distúrbio hidroeletrolítico + reavaliação do paciente ● Boa resposta após 48 horas (sem complicações) -> alta hospitalar + completar esquema terapêutico + seguir com tratamento em casa e acompanhamento ambulatorial ○ Piora clínica (taquicárdico, taquipneia, hipotensão, febre) -> reavaliar o paciente e não esperar as 48h -> se durante tratamento clínico evoluir com piora clínica -> para tratamento clínico e tratar cirurgicamente. ● Após 3 semanas sem sintomas: indicado o enema opaco ○ Após 8 semanas da resolução do caso: indicada colonoscopia ○ Necessário avaliar a presença de outros divertículos, áreas atingida do TGI ○ Investigação diagnóstica (diagnósticos diferenciais) ● A primeira crise que responde a antibioticoterapia = geralmente não tratada cirurgicamente. ○ Se recorrente, cirurgia. CLÍNICA CIRÚRGICA II - CICLO I Diverticulite aguda complicada Abscesso ● Visto na tomografia (tamanho) ● Geralmente se limita à pelve; ● Dor significativa, febre e leucocitose; ● Abscessos ○ Se < 2 cm → tendem a ser absorvidos/ expectante; ■ Tratamento semelhante à diverticulite aguda não complicada ○ Se > 2 cm → drenagem (percutânea) ■ Realiza dreno para retirada do dreno + tratamento semelhante à diverticulite aguda não complicada ● Reavaliar sempre pois pode complicar ■ Se piora clínica após drenagem percutânea -> intervir cirurgicamente ● Antibioticoterapia venosa – boa resposta; ○ Pode drenar ou realizar somente antibioticoterapia ○ Condução semelhante à forma não complicada ● Cirurgia eletiva ○ Somente após recuperação do quadro infeccioso: 6 semanas após drenagem do abscesso. ○ Se paciente com quadro de diverticulite de repetição -> programar colectomia (não esperar aparecimento dos outros divertículos) ○ Normalmente cirurgia eletiva (paciente não inflamado) -> faz colectomia e reconstrução do trânsito intestinal no mesmo ato cirúrgico (garante boa sutura) ○ Se paciente inflamado -> aumento do tempo cirúrgico e da chance de deiscência de anastomose -> cair fezes na cavidade abdominal Fístulas ● Mais comuns: sigmóide-vesicais; ○ “Hinckley 1 pode complicar” ○ Se divertículo próximo à bexiga -> chance de gerar fístula para bexiga por contiguidade ● Homens > Mulheres ○ Fístula colo-vesical tem maior incidência em homens ○ Útero funciona como um mecanismo de proteção para a mulher ■ Útero impede o sigmóide de aderir à bexiga nas mulheres ■ Mulheres histerectomizadas podem evoluir com fístulas sigmóide vesical (mesma chance de homens) Fístulas sigmoide-vesical: ● Pneumatúria: presença de ar ao urinar ○ “soltando gases na urina” ● Fecalúria: presença de fezes na urina ● ITU recorrente; ○ ITU de repetição -> não é normal, deve-se investigar e não apenas ficar passando Ciprofloxacino ● Tomografia evidencia a fístula; ○ TC é essencial ○ TTO de fístula = cirúrgico ● Cistoscopia revela cistite e edema bolhoso no local da fístula. ● Tratamento inicial: ○ Controle da infecção e redução da inflamação; ○ Cirurgia: ressecção da fístula e sigmoidectomia. ■ OBS: Fístulas vesical: ● Pequenas: drenagem por sonda de Foley ou Cistostomia suprapúbica por 7 dias após cirurgia. Peritonite generalizada ● Hinchey III, IV -> cirúrgico = lavagem da cavidade abdominal + colectomia + bolsa de colostomia ● Ocorre de 2 maneiras: ○ Divertículo perfura para cavidade peritoneal sem tamponamento ■ Contaminação proveniente de fezes. ○ Abscesso localizado cresce rapidamente para cavidade abdominal ■ Contaminação proveniente de pus contendo bactérias. ● Situação rara. ● Quadro clínico: inespecífico ● Tratamento inicial: ○ Controle da infecção e redução da inflamação; ○ Cirurgia: ressecção do cólon sigmóide perfurado Obstrução ● Diverticulite de repetição -> tratamento clinicamente e regrediu -> local gera fibrose (cicatriz)-> região fica estenosada (redução da luz intestinal) ○ Gera abdome agudo obstrutivo -> retira parte estenosado cirurgicamente ● Ocorre de 2 maneiras: ○ Estreitamento do cólon; ○ Obstrução do intestino delgado Diagnóstico diferencial ● Outras causas de abdome agudo ● Apendicite; ● Carcinoma perfurado de cólon; ● Obstrução por estrangulamento; ● Insuficiência vascular mesentérica; ● Etc. Tratamento geral ● Varia conforme gravidade; ● Antibioticoterapia; ● Enema opaco realiza após resolução do quadro ● Colonoscopia 6 a 8 semanas após resolução do quadro; ● Colectomia ○ Urgência em formas mais graves ou eletivas ○ Na perfuração com peritonite generalizada ou falência do tratamento clínico. ○ Ressecção eletiva: ○ Doença recidivante, crônica ou complicada ● Drenagem percutânea ● Diverticulose: presença de divertículos ● Doença diverticular: divertículos com sintomas associados ● Diverticulite: processo inflamatório relacionado aos divertículos
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