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ATENDIMENTO AO PACIENTE QUEIMADO

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P á g i n a | 1 
URGÊNCIA E EMÊRGENCIA I 
ATENDIMENTO AO PACIENTE QUEIMADO: os maiores princípios da abordagem da lesão térmica incluem 
manter um alto índice de suspeita da presença de comprometimento da via aérea após inalação de fumaça e o 
consequente edema causado pela queimadura, identificar e abordar as lesões mecânicas associadas, manter a 
normalidade hemodinâmica com reposição de volume, controlar a temperatura e remover o doente do ambiente 
hostil. A diferença mais significativa entre queimaduras e outras lesões é que as consequências das queimaduras 
estão diretamente relacionadas com a extensão da resposta inflamatória para a lesão. Devemos monitorar de 
perto os acessos intravenosos para garantir que eles não se percam pelo aumento do edema nas áreas queimadas 
dos doentes. 
AVALIAÇÃO INICIAL E REANIMAÇÃO DE DOENTES COM QUEIMADURAS: Medidas salva vidas para os doentes com 
lesões causadas por queimadura incluem interromper o processo de queimadura, garantir que a via aérea e 
ventilação estejam adequadas e estabelecer acesso intravenoso. 
INTERRUPÇÃO DO PROCESSO DE QUEIMADURA: Remover completamente toda a roupa do doente para 
interromper o processo de queimadura, no entanto a roupa aderida à pele não deve ser arrancada. Tenha cuidado 
ao remover qualquer roupa que esteja contaminada por produtos químicos. 
Nos casos de produtos em pó, devemos descontaminar as áreas de queimadura enxaguando com irrigação 
abundante com soluções salina morna ou lavagem em banho quente. Uma vez que o processo de queimadura for 
interrompido, devemos cobrir o paciente com lençol quente, limpo e seco para prevenir hipotermia. 
PROVIDENCIAR CONTROLE DA VIA AÉREA: A via aérea pode ficar obstruída não só por causa da lesão direta, mas 
também pelo edema maciço associado resultante da lesão causada pela queimadura. 
Edema normalmente não está presente imediatamente e sinais de obstrução podem iniciar de maneira sutil até que 
o paciente piore. É essencial a avaliação inicial para determinar a necessidade de IOT. 
Fatores que aumenta o risco de obstrução da via aérea superior são o tamanho e a profundidade da queimadura, 
queimaduras localizadas na face e na cabeça, lesão por inalação, trauma local, queimaduras localizadas no interior 
da boca. Crianças, por terem a via aérea menor, tem um risco maior de obstrução da via aérea. 
Historia de queimadura com confinamento em lugar fechado ou sinais de lesão de vias aéreas na chegada ao 
departamento de emergência garantem obtenção de vias aéreas definitiva do doente. 
As manifestações clínicas das lesões por inalação podem ser sutis e não aparecer com frequência nas primeiras 24 
horas. Se o médico atendente aguardar exames radiológicos da lesão pulmonar ou alterações na gasometria o 
edema pode progredir e impedir a intubação e uma via aérea cirúrgica pode ser necessária. 
INDICAÇÕES PARA INTUBAÇÃO PRECOCE SÃO: 
• Sinais de obstrução da via aérea (rouquidão, 
estridor, uso de músculos respiratórios 
acessórios, retração esternal) 
• Extensão da queimadura (aérea de superfície 
corporal queimada >40%) 
• Queimaduras faciais extensas e profundas 
• Queimaduras no interior da boca 
• Edema significativo ou risco para edema de 
orofaringe 
• Dificuldade para deglutir 
• Sinais de comprometimento respiratório: 
incapacidade para eliminar as secreções 
bronquicas, fadiga respiratória, ventilação ou 
oxigenação deficientes 
• Diminuição do nível de consciência onde os 
reflexos de proteção das vias respiratórias são 
prejudicados 
• Necessidade de transferência do doente 
grande queimado com comprometimento da 
via aérea sem pessoal qualificado para intuba-
lo durante o transporte 
P á g i n a | 2 
Queimaduras circunferências do pescoço podem levar a inchaço dos tecidos ao redor das vias aéreas podem levar ao 
inchaço dos tecidos ao redor da via aérea, portanto, intubação precoce também está indicada para queimaduras de 
espessura total circunferencial do pescoço. 
ASSEGURE VENTILAÇÃO ADEQUADA: Lesão da via aérea inferior é rara e geralmente está associada a inalação de 
vapor superaquecido ou gases inflamáveis. Preocupações com ventilação estão relacionadas com 3 situações: 
hipóxia, intoxicação por monóxido de carbono e lesão por inalação de fumaça. 
A hipóxia pode estar relacionada à lesão inalatória, ventilação inadequada por queimaduras circunferências no tórax 
ou lesões traumáticas torácicas não relacionadas à queimadura. 
Deve-se administrar oxigênio suplementar com ou sem intubação. Sempre considerar a possível exposição ao CO em 
doentes queimados em locais fechados. Doentes com níveis de CO inferiores a 20% não costumam apresentar sinais 
e sintomas. 
Níveis mais elevados de CO podem resultar em: 
• Cefaleia e náusea (20-30%) 
• Confusão (30-40¨%) 
• Coma (40-60%) 
• Morte (>60%) 
Em razão da meia vida da HbCO pode ser reduzida a 40 minutos pela inalação de oxigênio 100% - sendo assim 
qualquer doente pode ter sido exposto ao CO deve receber oxigênio de alto fluxo (100%) através de uma máscara de 
não-reinalação. 
É importante colocar o tubo endotraqueal de tamanho adequado para realização de ventilação, limpeza de 
secreções e broncoscopia. Devem ser utilizados tubos endotraqueais de pelo menos 7,5 mm ou maior em adultos e 
4,5mm em crianças. 
Se a dosagem de HbCo não estiver disponível e o doente esteve envolvido em um incêndio em ambiente fechado o 
tratamento empírico com O2 a 100% de 4-6 horas é razoável como um tratamento eficaz, exceto em doentes 
portadores de DPOC. 
Oximetria de pulso não pode ser usada como regra, pois a mesma não consegue diferencial os níveis de 
oxihemoglobina dos carboxihemoglobina. 
Pode ocorrer inalação de cianeto a partir dos produtos de combustão em queimaduras em espaços confinados, um 
sinal de toxicidade por cianeto é a persistente e inexplicável profunda acidose metabólica. 
Os danos a via aérea levam a uma resposta inflamatória aumentada, que por sua vez leva ao aumento de 
extravasamento capilar resultando em um aumento da necessidade de infusão de líquido e problemas na difusão de 
oxigênio. Além disso, as células necróticas tendem a morrer e obstruir a via aérea. 
O clearence diminuído das vias aéreas produzem obstrução que resultam em um risco aumentado de pneumonia. 
Não apenas o cuidado dos doentes com lesões de inalação é mais complexo, mas a mortalidade é o dobro quando 
comparado com outros indivíduos queimados que não sofreram inalação. 
Como uma linha de base para avaliar o estado pulmonar do paciente com lesão por inalação o médico deve obter 
uma radiografia de tórax e uma gasometria arterial, no entanto valores normais na admissão não excluem lesão por 
inalação, esses valores podem deteriorar ao longo do tempo. Um doente com alta probabilidade de lesão por 
inalação associado a uma queimadura significativa (>20%) em adultos, ou maiores que 10% em crianças menores de 
10 anos e adultos maiores que 50 anos devem ser intubados. 
Se a condição dinâmica do paciente e lesão de coluna forem excluídas devemos elevar a cabeça e tórax do paciente 
em 30º para ajudar a reduzir o edema no pescoço e tórax. 
TRATAMENTO DA CIRCULAÇÃO COMA REANIMAÇÃO DO CHOQUE CAUSADO PELA QUEIMADURA:Em doente 
gravemente queimados a avaliação do volume circulante costuma ser difícil. O choque deve ser tratado segundo os 
princípios da reanimação. 
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A reanimação por queimaduras é necessária para substituir as perdas líquidas continuas de extravasamento capilar 
devido à inflamação. Portanto os médicos devem fornecer líquidos para reanimação de doentes com queimaduras 
parcial profunda e de espessura total maior que 20%, para tanto devem-se estabelecer acesso venoso de grosso 
calibre, se acesso periféricos não forem possíveis devemos considerar o acesso venoso central e intraósseo. 
Deve-se iniciar a infusão com solução cristaloide isotônica, de preferência Ringer lactato. Devemos ainda inserir um 
cateter urinário em todos os pacientes queestão recebendo fluidos de reanimação para monitorização da saída de 
urina para avaliar a perfusão. 
A reanimação com fluidos deve ser iniciada: 2 mL de ringer lactato X peso do paciente em KG X % da superfície 
corpórea queimada 
No caso de pacientes pediátricos: 3mL/KG/% 
Metade do volume total estimado deve ser administrado nas primeiras 8 horas após a queimadura e o restante nas 
demais 16 horas. Após a quantidade inicial devemos realizar um ajuste baseado no débito urinário de 0,5mL/KG/h 
em adultos e 1mL/KG/h em crianças menores que 30kg. 
A taxa real que o paciente precisa depende da gravidade da queimadura, pois queimaduras maiores e mais 
profundas necessitam de mais volume. 
OBS: crianças muito pequenas (<30kg) devem receber os fluidos de manutenção de glicose (glicose 5% em ringer 
lactato) além do fluido de reanimação. 
Reanimação a mais resulta em aumento do edema que pode levar a complicações, tais como progressão da 
profundidade de queimadura síndrome compartimental abdominal e de extremidades. Arritimias cardíacas podem 
ser o primeiro sinal de hipóxia e distúrbios hidroeletrolíticos ou ácido-base, portanto devemos realizar ECG. 
AVALIAÇÃO DO DOENTE: 
Devemos realizar História clínica detalhada: Tamanho da área afetada; Profundidade da lesão 
▪ HISTÓRIA: É essencial determinar o momento que ocorreu a queimadura, na existência de queimaduras em 
ambientes fechados deve-se suspeitar de lesão por inalação e lesão cerebral anóxica se houver associação 
com perda de consciência. 
Devemos perguntar sobre: DM, HAS, doença cardíaca, pulmonar, renal e por fim uso de medicamento e se 
há hipersensibilidade e alergias. 
Devemos ainda analisar a história do paciente com a queimadura, nos casos de não condizente devemos 
pensar em maus tratos e tentativa de suicídio. 
▪ ÁREA DE SUPERFÍCIE CORPÓREA QUEIMADA, Usa a regra dos noves: 
Não devemos incluir áreas de 
lesões superficiais na estimativa 
do tamanho da área queimada. 
Para o cálculo de área queimada 
irregular devemos utilizar a 
palma da mão do doente junto 
com os dedos que representam 
1% da área corpórea queimada. 
✓ LEMBRAR de rodar o 
paciente para avaliar o 
dorso 
 
P á g i n a | 4 
 
▪ PROFUNDIDADE DA QUEIMADURA: 
I. Primeiro grau: são queimaduras superficiais caracterizadas por eritema, dor, ausência de bolha. Elas não 
determinam risco de vida e geralmente não necessitam de reposição endovenosa de fluidos. 
II. Segundo grau: são divididas em: 
- Espessura parcial superficial: são queimaduras úmidas, dolorosas e hipersensíveis, caracterizadas 
pela aparência rósea e dolorosa ao toque. 
- Espessura parcial profunda: são mais secas, menos dolorosas, com bolhas, avermelhadas ou 
manchadas na aparência e menos dolorosas ao toque 
III. Terceiro grau: costumam ser escuras com aparência de couro, a pele também pode apresentar-se 
translucida com aspecto de cera, a superfície é indolor e normalmente seca, pode ser vermelha e não mudar 
de cor à compressão local. 
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA: 
• Exame físico 
• Documentação 
• Exames básicos: laboratoriais e de imagem 
• Manutenção da circulação periférica 
• Sondagem gástrica 
• Narcóticos, analgésicos e sedativos 
• Cuidado coma feriada 
• ATB 
• Imunização contra tétano 
EXAMES BÁSICOS: Deve-se obter amostras para hemograma, tipagem sanguínea e provas cruzadas HbCO, glicemia 
e eletrólitos. Além disso mulheres em idade fértil devem ser feito teste de gravidez. Solicitamos ainda gasometria 
arterial, e em pacientes com suspeita de inalação radiografia de tórax. 
MANUTENÇÃO DA CIRCULAÇÃO PERIFÉRICA: Tem como objetivo evitar a síndrome compartimental. Essa síndrome 
é causada pelo aumento da pressão dentro do compartimento muscular, o que interfere na perfusão das estruturas 
dentro desse compartimento, em queimaduras esta condição resulta da combinação da diminuição de elasticidade 
da pele e do aumento do edema dos tecidos moles. A pressão compartimental >30 mmHg pode causar necrose do 
músculo. A partir do momento que o pulso está ausente pode ser tarde demais para salvar o músculo. Portanto o 
médico deve estar atento aos sinais: 
✓ Dor maior que a esperada e desproporcional 
ao estímulo ou lesão 
✓ Dor ao estiramento passivo do músculo 
afetado 
✓ Inchaço tenso do compartimento afetado 
✓ Parestesias ou alteração da sensibilidade no 
compartimento afetado 
Para manter a circulação em pacientes com queimaduras de extremidade circunferenciais: 
✓ Retirar relógio, joias e placas de identificação de alergia das extremidades 
✓ Avaliar extremidades, presença de cianose, enchimento capilar, sinais progressivos de comprometimento 
neurológico e avaliação de pulsos 
✓ Avaliar necessidade de escaratomias (normalmente não necessárias nas primeiras 6 horas) 
SONDAGEM GÁSTRICA: Deve ser colocada e mantida aberta se o doente apresentar náusea, vômitos, distensão 
abdominal ou se a queimadura envolver mais de 20% 
NARCÓTICOS, ANALGÉSICOS E SEDATIVOS: Os pacientes normalmente respondem melhor ao oxigênio ou adm de 
líquidos do que a esses medicamentos, além disso, os mesmos podem mascarar os sinais de hipoxemia ou 
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hipovolemia. Os narcóticos, analgésicos e sedativos devem ser administrados em doses pequenas e frequentemente 
apenas por via EV. 
ATB:O uso de ATB profilático não está indicado na fase inicial. 
IMUNIZAÇÃO ANTI-TETANICA: É muito importante! 
LESÕES ESPECÍFICAS POR QUEIMADURAS: 
▪ Queimaduras químicas: Exposição a ácidos, álcalis e derivados de petróleo – é essencial remover 
imediatamente o produto químico e cuidar da ferida, nos casos de pó devemos remove-lo antes de iniciar a 
irrigação com água. Devemos imediatamente realizar a lavagem abundante com água aquecida por pelo 
menos 20-30 minutos. 
▪ Queimaduras elétricas: O corpo serve como condutor da energia elétrica, o calor gerado resulta em lesão 
térmica dos tecidos. As queimaduras elétricas frequentemente são mais graves do que parecem, a corrente 
elétrica passa por vasos sanguíneos e nervos podendo causar trombose local e lesão nervosa. Graves 
ferimentos elétricos resultam da contratura da extremidade afetada, uma mão contraída deve alertar o 
médico atendente que uma lesão de tecidos moles profundos provavelmente é mais extensa. A eletricidade 
pode causar arritmias cardíacas devemos então realizar o acesso venoso e monitorização cardíaca. 
▪ Queimadura por piche quente: um fator preocupante é a adesão do piche à pele, o tratamento inclui 
refrigeração rápida do piche e uso de óleo mineral para dissolver o piche. 
AVALIAR A PRESENÇA DE PADRÕES DE QUEIMADURAS QUE INDICAM ABUSO: 
✓ Queimaduras circulares, de bordas claras e 
padrão único 
✓ Solas dos pés de crianças 
✓ Face posterior de pernas e nádegas em idosos 
✓ Lesões antigas 
Acima de tudo o mecanismo e o padrão das lesões devem coincidir com a história. 
CRITÉRIOS PARA TRANSFERÊNCIA: 
1. Queimadura de espessura parcial >10% 
2. Queimaduras envolvendo: face, mãos, pés, 
genitálias, períneo ou pele sobre articulações 
3. Queimaduras de terceiro grau 
4. Queimaduras elétricas, incluindo raios 
5. Queimaduras químicas 
6. Lesões por inalação 
7. Queimaduras em doentes com doenças 
previas que podem complicar o atendimento 
8. Queimaduras associadas a trauma 
concomitante 
9. Queimaduras em crianças atendidas em locais 
sem especialistas 
10. Queimaduras em doentes que irão necessitar 
de suporte especial

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