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“Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 1 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL SAÚDE MATERNO INFANTIL GINECOLOGIA Imagem: Freepik Não é um resumo 😉 “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 2 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Sumário P1 ...................................................................................................................................................................................... 3 01 revisão anato, histo, fisio ............................................................................................................................................. 4 02 Consulta Ginecológica ................................................................................................................................................ 10 Ficha de Atendimento ambulatório .......................................................................................................................... 15 03 Exames preventivos ................................................................................................................................................... 17 04 Sexualidade ................................................................................................................................................................ 19 05 Amenorreia ................................................................................................................................................................ 21 06 Sangramento Uterino Anormal (SUA) ........................................................................................................................ 28 07 Climatério e Menopausa ............................................................................................................................................ 35 Terapia de reposição hormonal ................................................................................................................................ 37 P2 .................................................................................................................................................................................... 40 08 Vulvovaginites e Cervicites......................................................................................................................................... 41 09 Infecções Sexualmente Transmissíveis ...................................................................................................................... 48 10 Anticoncepção ............................................................................................................................................................ 57 11. INfertilidade .............................................................................................................................................................. 63 12. Dismenorreia ............................................................................................................................................................. 72 13. Dor pélvica crônica .................................................................................................................................................... 76 14. Síndrome pré menstrual (SPM) ................................................................................................................................. 80 “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 3 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL P1 “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 4 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 01 REVISÃO ANATO, HISTO, FISIO ANATOMIA Órgãos gametógenos: onde se produzem os gametas Órgãos gametóforos: por onde transitam os gametas ÓRGÃO GENITAIS FEMININOS Ovários: duplos, não revestidos por peritônio, onde se produzem os óvulos. São revestidos externamente pela túnica albugínea, que lhes oferece a coloração esbranquiçada. Tubas: duplas; servem para captar os folículos ovarianos e levá-los até os espermatozóides. São compostas por porções: intramural, ístmica, ampular e infundibular com as fímbrias. Útero: órgão com função de armazenamento e nutrição do ovo durante a gestação. É composto de fundo, corpo, istmo e cérvice. É formado por endométrio, miométrio e serosa. Colo uterino: localiza-se na transição entre o útero e a vagina superior. É formado pela endocérvice, ectocérvice e pela junção escamocolunar. Tecido conjuntivo x fibras musculares. Vagina: é um espaço virtual que une o vestíbulo vulvar ao colo uterino. Termina externamente, nas virgens, no hímen. ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS Monte púbico: elevação mediana anterior à sínfise púbica, forrada de tecido adiposo e coberto por pelos pubianos. Grandes lábios: duplos, limitam externamente o períneo lateralmente e fazem a união cutaneomucosa. Pequenos lábios: duplos, estão mediais aos grandes lábios e limitam o vestíbulo da vagina. Formam o freio e o prepúcio do clitóris. Clitóris: órgão homólogo ao corpo esponjoso no pênis, é formado pelos ramos, corpo e glande, sofrendo ereção por intumescimento durante a excitação. Glândulas acessórias: • Parauretrais (Skene): com função de lubrificação • Vulvovaginais (Bartholin): com função de produção de muco LIGAMENTOS UTERINOS “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 5 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Ligamento • largo • redondo • cardinal • útero-sacro Qual ligamento pode ser confundido com a trompa no momento da ligadura? Ligamento Redondo do útero. Que artéria está próxima ao ligamento cardinal? Aa. uterinas. OSSOS DA PELVE • Ilíaco: caracteriza-se por ser um osso plano, chato, irregular, sendo este uma fusão de três estruturas ósseas (ílio, ísquio e púbis). Encontra-se bilateralmente no organismo. Esses ossos constituem o que se denomina como cíngulo pélvico. • Sacro: estrutura óssea terminal da coluna vertebral, possui formato piramidal quadrangular invertido, onde a base articula-se com a L5 e o ápice articula-se com o cóccix. Consiste na fusão de cinco vértebras. • Cóccix: consiste na fusão de 3 a 5 vértebras, apresentando a base voltada para cima, onde se articula com o sacro e o ápice voltado para baixo. MUSCULATURA Diafragma urogenital: • m. transverso profundo e m. esfíncter da uretra • Sustentação do útero na pelve. Composto por M. transverso profundo e esfincter externo da uretra. Diafragma da pelve: • M. coccígeo M. elevador do ânus: • pubococcígeo, iliococcígeo e puborretal. Parede pélvica: • m. obturador interno, m. piriforme e m. coccígeo M. Transverso superficial do períneo e isquiocavernoso são do vestíbulo da vagina, e dão seu formato. PERÍNEO Região delimitada pelos trígonos urogenital e anal, que são divididos pela tuberosidade isquiática “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 6 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Contém músculos superficiais (transverso superficial do períneo, isquiocavernoso e bulbocavernoso) e músculos profundos (transverso profundo do períneo e esfíncter da uretra) IRRIGAÇÃO A aorta dará ramos para a formação das a. ovarianas A aorta se divide inferiormente em a. ilíacas comuns direita e esquerda ao nível de L4 As a. ilíacas comuns vão se dividir em ilíacas externas e internas(hipogástricas) As artérias hipogástricasdarão ramos parietais e viscerais. Ramos viscerais são: a. uterinas, vaginais, retal média, vesical inferior e umbilical. A artéria tubárica é formada pela anastomose das artérias ovarianas e uterinas. Caso haja a ligadura das artérias hipogástricas, as artérias ovarianas, sacral média e mesentérica inferior, que saem diretamente da aorta, irão irrigar as vísceras pélvicas. DRENAGEM VENOSA Geralmente acompanham as artérias Veias ovarianas: • A direita, termina na veia cava inferior • A esquerda, na veia renal esquerda DRENAGEM LINFÁTICA Linfonodos • ilíacos internos • sacrais • ilíacos externos • ilíacos comuns • aórticos • inguinais INERVAÇÃO Plexo lombar: • N. abdominogenital: inervação monte de vênus e g. lábios • N. genitofemoral: inervação da pele da vulva anterior Plexo sacral: • N. cutâneo femoral posterior: inervação da porção lateral do períneo, posterior da vulva e região perianal Plexo pudendo: • N. esplâncnicos pélvicos, unem-se aos nervos do plexo hipogástrico para formarem o plexo pélvico • N. para os músculos coccígeo, elevador do ânus e esfíncter anal externo • N. pudendo (ramos: hemorroidário inferior, perineal e dorsal do clitóris) Cuidado com o ureter Qual estrutura devemos cuidar ao ligar A. Uterina? Ureter! RELAÇÃO ENTRE OS ÓRGÃOS PÉLVICOS “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 7 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO O GnRH é o hormônio primário da função reprodutiva Estimulador da liberação do LH e regula a liberação do FSH O GnRH é produzido no hipotálamo e liberado na circulação portal via axônio, atingindo por este caminho a hipófise, onde exerce sua ação Promove a síntese, o armazenamento e a liberação das gonadotrofinas A meia-vida do GnRH no sangue é de 2 a 4 minutos, e sua secreção é pulsátil, sendo sua frequência e amplitude moduladas pelos esteróides HIPOTÁLAMO - GNRH • O controle da secreção de GnRH é modulada pelas catecolaminas biogênicas, sendo que a norepinefrina estimula e a dopamina- endorfina inibem a liberação • A proteína precursora do GnRH, ao clivar-se produz um peptídeo chamado GAP, que é um potente inibidor da secreção de prolactina. Portanto, quando a secreção de GnRH está alta, a de prolactina está baixa, e vice-versa. • Os receptores de GnRH são regulados pelo próprio nível de GnRH, e também pela ativina, inibina e esteróides. Um estímulo excessivo de GnRH, determina a perda dos próprios receptores, down-regulation. HIPÓFISE • Produz três hormônios: Prolactina: produzida na hipófise anterior, hormônio lactogênio LH Fase folicular: liga-se nas células da teca para produzir andrógenos Fase lútea: liga-se nas células da teca (produz andrógenos) e nas células da granulosa luteinizada para produzir progesterona FSH Liga-se principalmente nas células da granulosa para, durante a fase folicular, estimular a produção de estrógeno, através da aromatização dos andrógenos HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-OVÁRIO OVÁRIOS • Estágios de crescimento folicular: Folículo primordial Folículo pré-antral Folículo antral Folículo pré-ovulatório • O crescimento inicial independe de gonadotrofinas • Da fase antral em diante, o crescimento folicular é dependente de gonadotrofinas • A progesterona durante a fase lútea e na gravidez, promove uma desaceleração da maturação folicular ESTEROIDOGÊNESE FOLICULAR OVARIANA Guilherme Soares Realce Guilherme Soares Nota Vim até aqui 14.10.21 “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 8 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL • Receptores de FSH estão presentes nas CG • Receptores de FSH são estimulados pelo próprio FSH(novos receptores são criados pelo estímulo FSH) • Receptores de LH estão presentes nas CT, e inicialmente ausentes nas CG, mas com o crescimento folicular o FSH induz o aparecimento de receptores de LH nas CG • O FSH induz a atividade da enzima aromatase nas CG FASES DO CICLO CICLO OVARIANO • O ciclo ovariano é dividido em duas fases : folicular e lútea Na fase folicular, observa-se o crescimento de um único folículo (dominante), produtor de estrógenos que inibem a produção de FSH(feedback negativo) • O folículo dominante deve estar maduro no meio do ciclo e preparado para a ovulação • A duração média da fase folicular é de 10 a 14 dias A fase lútea compreende o período entre a ovulação e a menstruação, e tem um número de dias relativamente fixo, em torno de 14 dias FASE FOLICULAR • Após a menstruação LH e FSH começam a se elevar, FSH subindo primeiro e levando ao desenvolvimento de 6 a 12 folículos • A elevação do FSH estimula a multiplicação das células da granulosa e a produção de inibina(suprime o FSH sem afetar o LH) • A inibina potencializa a ação do LH nas células da TECA, aumentando a produção de estrógenos que serão aromatizados nas CG • Dos folículos recrutados, apenas um atinge o estágio da dominância • Após a seleção do folículo, inicia-se a chamada fase folicular • Os níveis de estradiol de elevam três dias antes da ovulação • Estes níveis elevados de estradiol, levam ao aumento dos pulsos de GnRH, refletindo no aumento dos pulsos de LH, gerando o pico de LH • Após 12 a 24 horas do pico de LH, ocorre a ovulação • O colesterol é o substrato básico para a esteroidogênese • No ovário, após a entrada do colesterol na célula, que ocorre na fase folicular pelos vasos da teca, inicia-se o processo chamado esteroidogênese, ou seja, a produção de progesterona, estrogênios e androgênios. Esteroidogênese no folículo ovariano Estradiol - mais potente que estrona FASE OVULATÓRIA • O processo ovulatório consiste em pelo menos três eventos distintos: Reinicio do processo meiótico no oócito, tornando-o apto para a fecundação A mudança na produção folicular de estrogênios para produção de progesterona decorrente da luteinização das células da granulosa A rotura da parede do folículo com liberação do oócito FASE SECRETORA “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 9 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL • Seguindo a ovulação, a formação do corpo lúteo é caracterizada por hipertrofia e vascularização das células da granulosa do folículo que ovulou • Fase lútea: caracteriza-se por níveis elevados inicialmente de estradiol e progesterona • A progesterona facilita a nidação do embrião no endométrio e é essencial para a manutenção da gravidez inicial Fases do ciclo menstrual, e qual fase tem um período fixo? • Fase folicular: primeiros 14 dias, até o pico de LH. Recrutamento e amadurecimento folicular por meio da ação do FSH. • Fase lútea: início quando ocorre a ovulação e acaba quando ocorre a menstruação. Aumento da progesterona, e possui uma duração fixa de 14dias. Qual é o melhor momento do ciclo para realizar a US? • Melhor quando o endométrio está fino, logo após a menstruação; pq Após ovulação, hipertrofia das células do endométrio; Ciclo - o que é flexível é a fase folicular. Pois a fase lútea é relativamente fixa, durando 14 dias. Sendo assim, se a mulher tem um ciclo curto, é porque sua fase folicular é curta. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 10 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 02 CONSULTA GINECOLÓGICA INTRODUÇÃO - Ginecologista: as vezes é o “Único médico da paciente” - Anamnese mais extensa e exame clínico completo - Busca de um diagnóstico global, com ênfase à prevenção; não somente diagnósticos da ginecologia; COMPORTAMENTO - Naturalidade- Respeito à intimidade - Cordialidade/postura amigável - Inspirar confiança INÍCIO DA CONSULTA - Identificação da paciente: Nome, Idade, Estado civil, Grau de instrução, Naturalidade e procedência, Profissão, Endereço e telefone, Indicação -idade: situar a paciente nas fases da vida- pois certas patologias são mais frequentes em certas faixas etárias -cor da pele: doenças próprias- pele negra (endometriose) -naturalidade, procedência: zonas endêmicas -profissão e anos de estudo -estado civil: atividade sexual -religião: costumes, práticas, hábitos de vida, transfusão de hemoderivadosAnamnese -segue regras gerais da anamnese: dirigida aos aspectos ginecológicos -queixa principal e duração: queixas de dor sempre localiza, duração, intensidade, espontânea ou provocada, medicações -HDA -ISDAS: uma queixa inicialmente ginecológica pode ter outra origem como TGI/urinário * Pontos Relevantes - Revisão de sistemas: Hábito intestinal (queixa frequente em mulheres), Alteração urinária, Dificuldade para dormir, Apetite; - Antecedentes mórbidos: Doenças da infância, Cirurgias prévias, Uso de álcool/cigarro/drogas/medicamentos (principalmente em grávidas), Tromboembolismo/hipertensão/diabetes (por conta de hormônios, anticoncepcionais); - Antecedentes familiares: CA ginecológico (útero, ovário, endométrio), CA mama (idade do surgimento – quando o câncer for antes dos 50 anos e na pré menopausa é indicativo de uma causa mais genética), Outras neoplasias, Diabetes/hipertensão/alteração da tireoide, Osteoporose (importante em pacientes na menopausa); * Antecedentes Gineco-Obstétricos - Menarca (primeira menstruação), telarca (aparecimento dos botões mamários), pubarca (aparecimento de pelos pubianos); - Início das relações sexuais; - Menopausa: depois de 12 meses que não menstruou mais, mulheres entram em média aos 47-48 anos; - Acne, hirsutismo: pensar em ovário policístico; - Menstruação: DUM (data da última menstruação), Regularidade dos ciclos, duração, fluxo (quantificar = se tiver presença de coágulos, é sugestão de um fluxo aumentado), Sintomas perimenstruais (perguntar sobre a TPM); - Anticoncepção: ver se a paciente se protege, para observar risco de gravidez; - História obstétrica: Gesta, Para (parto normal ou cesariana), abortos, amamentação; - Fluxos genitais: corrimentos; - Vida sexual: vontade, lubrificação, prazer, se tiver atividade sexual saber idade de inicio, frequência, dispareunia, práticas sexuais variadas - Sintomas climatéricos: insônia, calorões, amortecimento de dedos, irritabilidade, atrofia urogenital (dispareunia, secura vaginal, perda de urina), perda de libido, alterações cutâneas- a menopausa tem fator de risco para osteoporose, problemas cardíacos, diabetes, dislipidemia, uso de hormonioterapia “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 11 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Queixas mamárias; - Tratamentos ginecológicos prévios e último CP: preventivo, mamografia, perguntar sobre últimos exames; * História obstétrica: núm de gestações, partos vaginais, cesareanas * Secreção Vaginal Normal - Muco cervical: quanto mais jovem, maior a quantidade - Descamação do epitélio vaginal (ação estrogênica) - Transudação vaginal - Secreção das glândulas vestibulares (de Bartholin e de Skene): produzir umidade e lubrificação; Secreção vaginal: tipo de corrimento, tempo de duração, quantidade, com/sem odor, coloração, prurido, sintomas associados, relação com atv sexual, menstruação -avaliar sintomas no parceiro 1. Características da Secreção - Cor: clara ou transparente - Cheiro: inodoro - Aspecto: mucóide, homogêneo ou pouco grumoso (muco ou uma “pastinha” branca) - pH: 3,8 a 4,5 *Queixas mamárias: investigar fatores de risco para CA mama- nódulos palpáveis, mastalgia, derrame papilar (espontâneo ou expressão), alteração da pele *Queixas urinárias: incontinência urinária (esforço, urgência), sensação de prolapso genital, infecções urinárias de repetição * Queixa Principal - O que trouxe a paciente à consulta? Ginecologia não é só sobre doença, lembrar que pode ser o “único médico da mulher”, tentar fazer uma consulta mais global; - Sintomas? Sinais? - Revisão médica simples? - Esclarecimentos específicos? - Orientações preventivas? EXAME FÍSICO - Atenção especial: PA, Peso, Estado geral, Tireoide, Abdômen -orientar a paciente sobre objetivos e procedimentos, oferecer acompanhante -inicia pelo exame físico geral: PA, pulso, temperatura, altura, peso, IMC, observar pele e fâneros, mucosas, varizes e edemas -em seguida examina cabeça e pescoço, aparelho respiratório e cardiovascular e aparelho urinário, atenção especial ao exame do abdomên (queixas abdominais se confundem com as ginecológicas * Exame de Mamas - Inspeção estática: olhar a paciente parada, avaliar simetria, tamanho normal das mamas bilateral, mamilo evertido ou invertido, volume da mama, lesões de pele, abaulamentos, retrações, pigmentação areolar, morfologia da papila, circulação venosa, etc; - Inspeção dinâmica: pede-se pra paciente elevar os braços e abaixar devagar, ou pode também pedir pra paciente pressionar um braço contra o outro; se a paciente tiver nódulos, percebe-se um abaulamento ou retração; - Fossas supraclaviculares e região cervical - Cadeia axilar, bilateralmente OBS: cadeias supra clavicular, infraclavicular e axilar são as cadeias mais acometidas no câncer de mama; - Palpação (por último): paciente inicialmente sentada, pede pra apoiar o braço no ombro contra lateral do examinador, repete contralateralmente -pesquisa linfonodos supra e infraclaviculares e axilares- importante em pacientes com CA de mama; importante realizar exames de imagem - depois paciente deitada, mãos na nuca, palpa todos os quadrantes da mama, utiliza os dedos ou as palmas das mãos, palpar no sentido horário; se a paciente tem queixa de líquido saindo do mamilo, pode-se fazer a expressão mamilar (pressionar o mamilo para ver se sai algo), mas não se faz de rotina; “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 12 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Exame Ginecológico 1. Posicionamento da paciente - Decúbito dorsal - Flexão nas articulações coxo-femurais e nos joelhos, abdução dos MMII - A pelve fica junto ao limite da mesa ginecológica - posição de litotomia (“bunda” passa da maca); posição ginecológica -evitar período menstrual * Exame da Vulva e Períneo - Pelos: mulher tem pelos em distribuição triangular, homem tem em sentido de losango, então se tiver pelos na mulher em sentido de losango, pode ser um tumor produtor de testosterona; - Trofismo vulvar: pela presença dos hormônios, a vagina da mulher que menstrua é diferente da mulher em menopausa; - Lacerações ou cicatrizes - Secreção exteriorizada - Condilomas e outras lesões cutâneas - Integridade himenal - Tamanho dos pequenos lábios e clitóris: clitóris tem tamanho normal até 1cm, se for muito maior, pode ser câncer de ovário ou suprarrenal; - Região anal - Vestíbulo e intróito vaginal (estática pélvica) *Lesões primárias e secundárias- copiar slide Dermatoses de vulva: -quando pensar em câncer: teste de Collins- azul de toluidina a 2%- impregna nas áreas com maior celularidade indicando proliferação celular anormal Na inspeção podemos localizar: cistocele, retocele, prolapso uterino (grau I, II, III, IV), laceração perineal -na inspeção dinâmica podemos realizar manobra de valsava: mostrando o prolapso uterino -exame das glândulas de Bartholin- buscar cistos, abcessos -examinar Glândulas de skene 1. Condilomas – Diferença de Lesões - Herpes → múltiplas lesões doloridas, faz uma vesícula, ela rompe, o sistema imune age e a lesão some; - HPV → tem lesão intraepitelial, o sistema imune não vê a lesão e ela fica crescendo; se a paciente rompera lesão o sistema imune acha a lesão e ai ela pode sumir; 2. Bartolinite “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 13 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Exame Especular - Etapas do Exame -1) Escolher o tamanho, lubrificar 2) Técina de colocação- Entrar com espéculo obliquamente, desviar da uretra, após 1cm girar na transversal, posicionar posterior e profundo para então abrir; -avaliar paredes variginais: pregueamento e trofismo da mucosa, secreções, lesões, condilomas -avaliar colo uterino: condilomas/pólipos -ectopia: mudança do padrão tecidual do colo uterino -cistos de naboth: benigno -pólipo: -câncer: 1) Coletar secreção ou citopatológico 2) Lavar com soro fisiológico 3) Aplicar ácido acético e observar após 2-4 min: tem ação mucolítica, coagula proteínas do epitélio escamoso, tornando-o branco; ele vai deixar o colo normal do útero rosinha, mas se tiver lesão (epitélio anormal carregado com muita proteína) vai aparecer umas marcas esbranquiçadas (pode ser metaplasia, câncer, etc) 4) Aplicar Lugol/Iodo (teste de Schiller): impregna os tecidos ricos em glicogênio, deixando o colo normal do útero escuro; as células cancerígenas são pobres em glicogênio, por isso ficam mais claras, e quanto mais perto da cor mostarda tiver, mais grave são as lesões, manda-se essas regiões para biópsia; OBS: essas soluções melhoram a sensibilidade e especificidade do preventivo * Exame Citopatológico - A coleta do material deve ser realizada na ectocérvice e na endocérvice. - A amostra de fundo de saco vaginal não é recomendada, pois o material coletado é de baixa qualidade para o diagnóstico oncótico. - Coleta Ectocérvice (parte externa do colo): Coloca o lado maior da espátula no canal vaginal, gira 360 graus para coletar material da JEC, retira, coloca numa lâmina e aplica fixador citológico - Coleta Endocérvice (parte interna do colo): é a mesma coisa, só que com uma escovinha (coleta dentro do canal) “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 14 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Toque Ginecológico - Padrão: Bi-manual, Bi-digital, Vagino-abdominal - Achados no toque vaginal: pode ver se o útero está aumentado (miomas), identificar massas pélvicas (pode ser trompa, cisto de ovário), avaliar pontos dolorosos (endometriose) * Toque Retal - Não é rotina - Indicação: Sangramento retal, Suspeita de neoplasia, Distopia genital (descartar enterocele), suspeita de endometriose Métodos complementares -Colposcopia -Ultrassonografia -Histeroscopia: endoscopia que avalia cavidade uterina -Videolaparoscopia: avaliar abdome como porta de entrada “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 15 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL FICHA DE ATENDIMENTO AMBULATÓRIO “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 16 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 17 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 03 EXAMES PREVENTIVOS Por Sabrina Casagrande COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA (CP) - 1954 George Papanicolaou - Rastreador do câncer de colo de útero - 266.000 mortes por ano no mundo - Brasil 16.370 mortes 2017/2018 - Diretrizes para rastreamento do câncer de colo de útero de 2016: pacientes assintomáticas sexualmente ativas com idade de 25 anos - A cada três anos após dois exames normais consecutivos, até 64 anos de idade METODOLOGIA: - Coleta adequada - Lâmina adequada - Material satisfatório - Laboratório seguindo normas e classificações de resultados - Coleta do material: fazer um exame especular (espéculo) coleta dupla com espátula de Ayre (coleta a ectocérvice) e com a escova cervical faz a coleta da endocérvice - Ausência de sangramento vaginal, ausência de duchas e medicamentos intravaginais, bem como abstinência sexual prévia de 72h - Puerpério: após 8 semanas (parto ou cesárea) - Lâmina adequada: enviada pelo patologista, laboratório - Coleta em meio líquido: não separa ectocérvice e endocérvice (captura híbrida pode ser analisada na mesma amostra) RESULTADOS: - Bethesda System – 2001 - Qualidade da amostra: satisfatória/insatisfatória - ASC: pode ser ASC-H (viu alguma célula que tem quase certeza que é HPV – dúvida para alterado) ou ASC-US (inflamação, sangue, não vê célula alterada) - LSIL lesão intraepitelial de baixo grau - HSIL lesão intraepitelial de alto grau - Ca in situ / carcinoma invasor - AGUS taipais de células glandulares - Adenocarcinoma in situ/invasor GENITOSCOPIA E COLPOSCOPIA (NÃO É ROTINA!) - Exame da vulva, vagina e colo utilizando o colposcópio: aparelho ótico com magnificação associado com soluções reagentes com o epitélio do trato genital inferior - Indicações: exames positivos de rastreamento (CP), seguimento de lesões - Ajuda mas o diagnóstico é sempre histológico - Lesões visíveis ao exame físico (reagentes) - É para ampliar a visão - Reagentes: ácido acético e lugol (iodo?) - Junção escamocolunar: onde o epitélio está se modificando é onde o vírus HPV mais se instala - Lesão acetobranca = lesão de alto grau mas quem irá te dar certeza é a biópsia (histológica) ROTINA LABORATORIAL - Ginecologista: clínico da mulher - Patologias existentes, fatores de risco - Hemograma, lipidograma, glicemia de jejum, TSH, creatinina, QUE, urocultura, ASL, ALT, vitaminas D (se está em idade reprodutiva) e B12. Pesquisa de sangue oculto - Avaliação da fertilidade: em torno dos 30 anos é importante pedir (exame antimuleriano – análise de fertilidade, quantidade de óvulos) MAMOGRAFIA - Ca de mama: 58 mil novos casos/ano (INCA 2018) - Sul 74,30/100 mil: tem mais Ca de mama pois a região investiga mais - Método de escolha para rastreamento do câncer de mama - FEBRASGO 2017 (usamos): >40 anos – alto risco de ca de mama 40-69 anos: anual >70 anos: individualizar expectativa de vida (hígida) - MS e INCA 2015: (POLÍTICA PÚBLICA) 50 a 69 anos – bianual >70 anos: não recomendado BIRADS: brest imaging reporting and data system - 0: inconclusivo, requer outro exame - 1: achados normais - 2: achados benignos (prótese) - 3: achados provavelmente benignos “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 18 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - 4: achados suspeitos (a,b,c) - 5: achados altamente suspeitos - 6: já existe diagnóstico de ca (rastreamento) - A mamografia tem duas incidências: crânio- caudal (de cima para baixo) e médio-lateral que forma quatro imagens da mama ULTRASSONOGRAFIA - Abdominal (pelve): pacientes virgens, complementar - Transvaginal: exame de escolha, mostra mais fielmente o útero e ovários; rotina anual em menopausadas que tem útero - Transretal: endometriose (melhor pedir a tríade de ultrassom citados acima) - Achados: anatomia de útero, trompas e ovários. Miomas (TU benignos), cistos, malformações, espessura do endométrio (menopausadas – NÃO pode estar grosso pois não é estimulado pelo ciclo menstrual) RESSONÂNCIA MAGNÉTICA - Muito importante em GO, principalmente na parte de fertilidade - Mama: HF para ca de mama, portadoras de prótese - Pelve: endometriose até mesmo leve pode-se ver na RM, malformações BIOLOGIA MOLECULAR - Inicialmente somente pesquisadores - Hoje é dia a dia do gineco - Utiliza para vírus (herpes, HIV,CMV), bactérias (clamídia, estrepto b) - Para ca de mama para ver se a célula tem receptor de progesterona e estrogênio - Identificação de paternidade, DNA fetal, riscos de aneiploidias ACONSELHAMENTO GENÉTICO • Aborto de repetição • Síndrome de turner • Malformação uterina • Miomas, endometriose • CA de mama e endométrio • Doenças raras. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 19 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 04 SEXUALIDADE Por Sabrina Casa Grande - Variáveis durante a vida da mulher - Médico deve conhecer valores, práticas e preocupações sexuais das pacientes - Orientação sobre DSTs, anticoncepção, a violência PRÁTICAS SEXUAIS - Média de idade de início de relação sexual 14,9 anos - Maturidade x prevenção → DST, gravidez indesejada - Meninos iniciam mais precocemente - Associação álcool, fumo, drogas e baixa escolaridade menos idade tem a primeira relação sexual - Não proibir, mostrar formas de prevenção!! FISIOLOGIA SEXUAL - Clitóris: é o órgão de estimulação, através dele que tem o prazer - Preliminares (não físico, não genital) - Ponto G: na vagina há um ponto de estimulação que funciona como o clitóris mas não existe uma comprovação que exista esse ponto, é mito, é uma estimulação do clitóris CICLO DE RESPOSTA SEXUAL - Fatores psicológicos: mágoa, violência sexual, sentir-se feia, depressão - Fatores interpessoais - Fatores ambientais: tem medo que o filho entre, mora com os pais - Fatores biológicos (hormonais, vasculares, musculares e neurológicos) FASES - Desejo: estímulos internos (fantasia, memória, sentimentos de excitação), estímulos externos (parceiro interessado e interessante), função neuroendócrina adequada - Promotoras do desejo: noradrenalina, dopamina, ocitocina e serotonina - Inibidores do desejo: prolactina e GABA - Desejo muito influenciado pela fadiga: a fadiga bloqueia o desejo sexual feminino! - Excitação: turgência genital (pode ser dolorida devido a contratura muscular), lubrificação vaginal, ingurgitamento das mamas e ereção dos mamilos, aumento da sensibilidade cutânea, aumento da FC, PA e tônus muscular, rubor sexual (vasodilatação – face, tronco) - Hipotálamo – SNA – aumento do fluxo sanguíneo vaginal – transudação de líquido para a luz vaginal – relaxamento da musculatura lisa dos sinusóides do clitóris e vulva (vasodilatação) - Vagina se alonga, útero se eleva - Orgasmo: prazer na relação sexual. Resposta miotônica da musculatura lisa e estriada associada a sensações de liberação súbita a tensão sexual acumulada durante a excitação - Grande maioria das mulheres atingem orgasmo por estimulação direta do clitóris - Não apresenta período refratário podendo chegar a vários orgasmos próximos - Resolução: sensação de relaxamento e bem-estar - Não necessita de orgasmo para esta fase de resolução FATORES QUE AFETAM A RESPOSTA SEXUAL: - SAÚDE MENTAL - ENVELHECIMENTO (hormonal, saúde física, saúde do parceiro, dispareunia) - PERSONALIDADE (baixa auto-estima, ansiedade, introversão) - RELACIONAMENTOS (casais “amigos”, fidelidade, lealdade, dependência financeira) - DISFUNÇÃO SEXUAL DO PARCEIRO - INFERTILIDADE: sentimentos negativos de autovalorização sexual, relação para reprodução. - DROGAS: efeitos negativos (beta- bloqueadores, tiazídocos, antidepressivos, antipsicóticos, anti-histamínicos, narcóticos, BZD, anticoncepcionais, espironolactona, cocaína, álcool, anticonvulsivantes). Efeitos positivos (danazol, levodopa, anfetaminas, bupropiona) - DOENÇAS CRÔNICAS - DOENÇAS DO TRATO GENITO-URINÁRIO: DIP, SOP, herpes recorrente, vulvovaginite recorrente, líquen escleroatrófico - CÂNCER: mama – toda questão que a mama tem na sexualidade e colo (psicológico, QXT – quimioterapia, radioterapia afetam a vulva, vagina e ocorre dor na relação sexual) - GRAVIDEZ: cultural, medo, orientações médicas, orgasmo produz contrações uterinas - PUERPÉRIO: hormonal, fadiga, medo de nova gestação, bebê no quarto, PRL em alta (diminui desejo sexual) = combo da falta de libido “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 20 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL AVALIAÇÃO DOS PROBLEMAS SEXUAIS: - Difícil abordagem: constrangimento, despreparo médico, falta de tempo, medo de acusação de violência sexual no consultório (homens ginecologistas) - Disfunção de desejo e excitação: estimulação não-física – ambiente favorável, ver um filme, criar um clima, estimulação física não-genital - preliminares, estimulação não-copulativa. Privacidade, hora da relação – que não seja a noite por estarem cansados, avaliação psicológica (baixa auto-estima), efeito de medicamento. Questionar pensamento durante a relação (algo errado, pensar que está fazendo algo errado) - Disfunção orgásmica: depressão, abuso de drogas, antidepressivos, doenças crônicas (esclerose múltipla) - Falta de auto-conhecimento, ansiedade, desinformação - Incentivo à auto-estimulação - VAGINISMO: reflexo involuntário da musculatura da coxa e parede vaginal, precipitado por tentativas reais ou imaginárias de penetração vaginal. Pode ser generalizado ou seja, não tolera exame especular ou uso de OB, Situacional quando não consegue ter relação sexual e a maioria é de questão psicológica (trauma de abuso, educação rígida). Estimular ao casal relação sem penetração Orientar autotoque e psicoterapia - DISPAREUNIA: disfunção sexual mais comum, orientar ao casal, identificação de questões psicológicas, tto de patologias que promovam a queixa (DIP, endometriose, atrofia, vulvovaginite...). Identificar o problema, exame físico, psicoterapia, uso de medicamentos, bupropiona, testosterona (acne, hirsutismo, clitoromegalia – não é reversível, alopecia, hepatotoxicidade...) Guilherme Soares Nota vim até aqui 16/10 “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 21 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 05 AMENORREIA → Definição - Ausência temporária ou definitiva da menstruação entre a menarca e menopausa (entre o período que se espera que ela aconteça)- durante a menacme da mulher -climatério: período que antecede a menopausa - Ausência de menstruação até 13 anos na ausência de crescimento e caracteres sexuais secundários - Ausência de menstruação até 15 anos na presença de crescimento e caracteres sexuais secundários (isso indica que uma parte dos hormônios está funcionando normal) - Qualquer atraso menstrual na mulher eumenorrêica - Atraso maior que 3 ciclos ou 60 dias - Halbe e Am. Soc. Reprod. Med → 13 e 15 anos - Febrasgo e Speroff → 14 e 16 anos - Não é patologia específica, o sintoma é associado a inúmeras patologias que envolvem o eixo H-H-O-U (hipotálamo, hipófise, ovário e útero) - o mais comum é que seja uma alteração fisiológica natural, mas pode ser muitas coisas, então há necessidade de se investigar; - Resulta de um simples distúrbio funcional temporário até manifestação precoce de distúrbio grave. - Condições para ocorrer menstruação: hipófise estimulada p/ GNRH, ovário estimulado p/ LH e FSH, produção de E2 (estrogênio), endométrio responsivo, trajeto permeável -mulheres que não usam anticoncepção hormonal é comum 80% do ciclo regular → Classificação * Primária e Secundária - Primária: é quando nunca menstruou; mais raros; ausência de menarca - Secundária: é quando já menstruou e parou em algum momento → atraso do 3 ciclos ou 60 dias, ↓ 9 ciclos/ano,ciclos ↑ 45 dias de ciclo, peso e altura significativamente elevados, 3 anos da telarca sem aparecimento da pubarca; é a amenorreia em mulheres que já tiveram menarcar; lembrar que a principal causa de amenorreia secundária é a gravidez, além da lactação e após menopausa que a amenorreia também é normal * Sindrômica ou Isolada - investigação depende da idade * Fisiológica - Gravidez: Infância e pós menopausa não - Amamentação: maioria menstrua 2-3 meses após parto, então considerar após 6 meses ou 3 meses após suspensa a amamentação - Aborto: considerar amenorreia após 3 meses * Transitória, Intermitente, Permanente → Incidência - 3 a 5% dos casos novos atendidos em ambulatório de ginecologia, excluídos gravidez, lactação, menopausa * Causas mais Comuns de Amenorreia Secundária - Ovariana 40% (sendo 35% corresponde à síndrome do ovário policístico) - Amenorreia hipotalâmica 35% - Hipofisária-hiperprolactinemia 17- 9% → 13%prolactina, 1.5% cela vazia/Sheehan, 1% Cushing - Uterina 5-7% - Outras causas 1% “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 22 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Quadro Geral * Amenorreia Primária/rara Mamas normais 30% - Agenesia Mulleriana 10% - Insensibilidade andrógeno 9% - Septo vaginal 2% - Hímen imperfurado 1% - Constitucional 8% Mamas Não Desenvolvidas, FSH baixo 30% - Constitucional 10% - Prolactinoma 5% - Kalman 2% - Outras alt. SNC 3% - Stress, dim. Peso, anorexia 3% - SOP 3% - Hiperplasia adrenal 3% - Outros 1% Mamas Não Desenvolvidas, FSH alto 40% - 46XX 15% - 46XY 5% - Anormal 20% * Amenorreia Secundária FSH normal ou diminuído 66% Perda de peso/anorexia Causa hipotalâmica não especificada Anovulação crônica (incluindo SOP) Hipotireoidismo Síndrome de Cushing Síndrome de Sheehan/cela vazia FSH aumentado falência gonadal 12% 46 XX alteração cariótipo Prolactina aumentada 13% hiperprolactinoma tumoral/funcional Alteração anatômica 7% Síndrome de Asherman Estados hiperandrogênicos 2% TU ovário, hiperplasia adrenal AMENORREIA PRIMÁRIA - Mamas: marcador de ação estrogênica e função ovariana. Quando atróficas e FSH↑ avaliar disgenesia gonadal (ovário falho). - Útero: presença determinada por USG ou RNM. Quando útero ausente e FSH normal, avaliar insensibilidade aos andrógenos e agenesia Mülleriana. - FSH: quando normal, associado a mamas e útero normais, avaliar causas comuns à amenorreia secundária. - Cariótipo: quando ↑FSH, ou quando ausência de útero e FSH normal, associar dosagem de testosterona p/ insensibilidade androgênica (principalmente em casos de virilização) ETIOLOGIA / FISIOPATOLOGIA - Alteração do mecanismo neuroendócrino - Alteração no sistema canalicular - podem ocorrer problemas em vários lugares: hipotálamo (hipogonadismo hipotalâmico, anorexia nervosa), pituitária (adenoma, síndrome de Sheehan), sistema endócrino (hipotireoidismo, hiperprolactinemia), ovário (disgenesia gonadal, falência gonadal), útero (atresia vaginal, hímen não perfurado, ausência congênita de útero e vagina) AVALIAÇÃO DA AMENORREIA - evidência de doença psicológica, anomalia genética, stress - aparência/história familiar de anomalia genética - problema físico ou nutricional - distúrbio crescimento/desenvolvimento - anatomia trato genital - evidência de doença SNC CAUSAS DE AMENORREIA CAUSA CENTRAL * Causa Neural - Neurônios secretores do hipotálamo médio basal liberando inadequadamente GNRH ( ou prolongado)- alteração na pulsatilidade do GnRH que pode alterar a pulsatilidade do FSH/LH - GNRH, LH, FSH, normal ou - E2 normal ou - Prolactina normal ou 1. Puberdade Tardia Constitucional - Déficit funcional de GNRH p/ idade cronológica- menina demorou mais para produzir GnRH - Não existe distúrbio orgânico ou no eixo hipotálamo- hípófise-ovário. - História familiar positiva. - Idade óssea normal. - FSH e LH adequados à idade cronológica. - o eixo só não amadureceu o suficiente para ocorrer a menstruação 2. Orgânica - pouco comum no menacme- mais frequente em “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 23 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL idade avançada, mais perto do climatério - amenorreia associada a alterações centrais - Tumor, TCE, AVC, degeneração, encefalite, cirurgia, irradiação - Defeitos genéticos: Síndrome de Lawrence-Moon- Biedel (retardo mental, retinite pigmentosa, obesidade, polidactilia, hipogonadismo hipogonadotrófico), Síndrome de Kalmann (anosmia, hipogonadismo hipogonadotrófico) a) Síndrome de Kallmann - Causa mais comum de Hipogonadismo Hipogonadotrófico - Síndrome genética ligada ao cromossomo X - Prevalência no sexo masculino (4x) - Anosmia ou hiposmia devido a agenesia ou hipoplasia do bulbo olfatório - Falha na migração dos neurônios neurosecretores de LHRH através da placa olfatória para placa basal do hipotálamo. - Deficiência de LHRH → ausência de pulsos de LH e FSH 3. Funcionais - Unidade H-H-O (hipotálamo-hipófise-ovário) competente porém incapaz de interpretar sinais hormonais da periferia, permitindo padrões anômalos - Alterações na retro-alimentação (feedbak) - Alteração nos pulsos de GnRH e LH-FSH, falha no desenvolvimento folicular e pico de LH, anovulção, diminuição de estrogênio - O termo "funcional“ implica que a correção ou melhoria de fatores comportamentais causais restaurará a função ovariana ovulatória - Retardo mental, disritmia cortical, atividade elétrica anômala cortical - Psicogênica: suscetibilidade individual, aguda ou crônica, secundárias a um efeito dopaminérgico crônico eventualmente associado à hiperprolactinemia → Anorexia nervosa, pseudociese a) Pseudociese - LH e FSH podem estar elevados - Hipótese: disfunção de beta-endorfinas no SNC, redução da atividade dopaminérgica - Geralmente nível intelectual baixo - Sinais e sintomas de gravidez: Náuseas e vômitos, Ganho de peso, Aumento de volume abdominal, amenorreia, Aumento de volume mamário, Colostro. Mulher não está grávida mas se considera grávida b) Anovulação Psicogênica - Estresse psicológico - Não há doença orgânica - Elevação da dopamina inibe a liberação pulsátil do GnRH - Mulher solteira, magra, nível intelectual alto, história anterior de problemas psicossexuais e/ou psicossociais c) Anorexia nervosa - Etiologia não totalmente esclarecida - Mais frequente em adolescentes brancas (abaixo dos 25 anos), classe social média alta, estudantes hiperativas e introvertidas. - Existem fatores biopsicossociais e preocupação excessiva com a dieta e exercícios físicos. - Pode haver história de incesto e/ou abuso sexual - Diminuição da pulsatilidade GnRH/LH - Evolução para hipogonadismo grave com progressiva perda de peso e desnutrição - Avaliar perda de massa óssea - 30 calorias/kg limiar homeostase d) Outras - Iatrogênica: bloqueio da Dopamina, aumento da prolactina → pós pílula, sulpirida, metoclopramida, anfetamina, fenotiazidas, metildopa - Alterações súbitas peso corporal ou extremos de peso - Repercussão doenças sistêmicas/crônicas → DM 20- 70%, renais, hepáticas,alterações nos receptores, estriol, hipertireoidismo severo 2.5%, hipotireoidismo 10-35% tem amenorreia e) Desnutrição - Etiologia não é totalmente conhecida - Desnutrição (↓10% peso ideal) e perda de peso - Alteração da secreção do GnRH - Diminuição dos pulsos do LH - Provavelmente alteração nos neurotransmissores - Deficiência nutricional, dieta pobre em gorduras com baixos níveis de gordura corporal e doença celíaca (até 40% tem alterações menstruais) f) Papel das Leptinas - Mulheres com amenorreia hipotalâmica tem menores concentrações de Leptina (proteína derivada adipócitos), osteopenia, alterações nos hormônios sexuais, do crescimento e da tireoide. - Reposição de Leptinas melhora o quadro. * Causa Hipofisária - ↑prolactina e ↓GNRH - Lesão circulatória: Doença de Sheehan → espasmo das anteríolas por grave hipotensão pós parto devido perda grande de sangue ou choque hemorrágico, que causa isquemia e necrose de áreas da hipófise, levando a déficit hormonal, quadro clínico de agalactia, amenorreia, atrofia mamas/genitais, libido, peso, pelos genitália, hipotensão, palidez, pele seca - lesão inflamatória, auto-imune, infecciosa - Hemocromatose - Hipofisite linfocítica - Prolactina suprime secreção GnRH - perda da retro-ação negativa Dopamina - Tumor neoplásico: adenoma, craniofaringioma, astrocitomas, 9-27% necrópsias tem achado de “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 24 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL microadenomas - Tumor não neoplásico: cisto, aneurisma, meningocele (síndrome da sela vazia) - Lesões orgânicas: TCE, irradiação, hipofisectomia CAUSA OVARIANA * Tumor Funcionante - produtores hormônio masculino ou feminino que interferem com a retroação hormonal * Síndrome de Savage/sind do ovário resistente - ovários resistentes a gonadotrofina- não tem estímulo para produzir os esteroides - histologicamente normais porém receptores não funcionantes * Doença Genética/Cromossômica (Turner, Agenesia Gonadal) 1. Síndrome de Turner - Frequência: 1/2.500 - Fáscies: micrognatia, prega epicântica, palato arqueado, estrabismo; - Pescoço curto e alado, com implantação baixa dos cabelos e orelhas. - Cúbito valgo - Múltiplos nevos pigmentados - Amplo espectro de manifestações, mas virtualmente todas apresentam baixa estatura e perda de função ovariana, em maior ou menor grau * Síndrome do Ovário Policístico - Diagnóstico: 2 desses itens, com exclusão de outras causas → oligo/anovulacão, hiperandrogenismo clínico/laboratorial, hirsutismo, acne, alopecia, evidência USG de ovários policísticos (20 ou mais folículos com diâmetro médio de 2 a 9 mm e/ou VT≥ 10 cm³ em um ou ambos os ovários). - Amenorreia com evidências clínicas de androgenização e infertilidade - Etiologia multifatorial e não completamente conhecida. - 75% obesas, 31% intolerantes à glicose - Prevalência: 5-21% população, 20% casos amenorreia, 50% casos oligomenorreia. - Fisiopatologia: aumento da liberação de insulina (reduz FSH e aumenta LH), redução na produção de SHBG no fígado (eleva andrógenos), fatores genéticos, resistência à insulina aumenta tecido adiposo; - não ocorre a formação de corpo lúteo nem a produção de progesterona- o útero permanece sob estímulo do estrogênio- sangramento anormal, ciclos muito espaçados * Outras Causas - Doença Auto-Imune: infiltrado de linfócitos nas células da teca, sempre associada a alterações tireoide-adrenal - Iatrogenia: irradiação, cirurgia, quimioterapia (Ciclofosfamida) - Falência Ovariana Prematura (antes dos 40 anos): esgotamento da reserva folicular, perda do feed-back negativo E2 e inibina > FSH CAUSA CANALICULAR - hímen: imperfuração; bloqueia a saída do fluxo menstrual - vagina: atresia, septo transverso - colo uterino: atresia, estenose cervical (congênita/adquirida) - corpo uterino: iatrogenia (Asherman), mal formação mulleriana, sinéquias, TB genital, atrofia endometrial Guilherme Soares Nota vim até aqui 17/10 “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 25 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL DIAGNÓSTICO ANAMNESE - Descartar: Gravidez, doenças sistêmicas, epilepsia, mal formações, galactorréia, hirsutismo, acne, SUA - Verificar altura e peso, medicações utilizadas * Exame Físico - IMC > 30 50% SOP - IMC < 18.5 associado a alterações de apetite, doença sistêmica, exercício exagerado - Acantose, acne, estrias, hirsutismo - Atrofia vaginal, galactorréia * Investigação da Amenorreia Primária - Laboratório, USG, TC/RNM de hipófise, Cariótipo, Laparoscopia * Investigação Amenorreia Secundária - 1º descartar gravidez -avaliar FHS/LH e função da tireoide- fazer teste da progesterona EXAMES COMPLEMENTARES 1. Teste de Progesterona - acetato medroxiprogesterona, dihidrogesterona, noretisterona, progesterona micronizada - Administra progesterona por 1 semana - teste positivo = sangramento uterino em até 3 semanas - teste negativo = realizar ciclo artificial - Falso negativo: até 20% dos pacientes c/ E2 normal não menstruam, endométrio decidualizado por altas doses de andrógenos - Falso positivo: até 40% dos pacientes com amenorreia por stress, excesso peso/exercícios, hiperprolactinemia, condicões com baixo E2 menstruam, até 50% das pacientes com falência ovariana menstruam - Se der progesterona pra uma mulher normal ela vai menstruar, então o teste vai dizer que, se funcionar, as estruturas estão normais, mas está faltando estímulo 2. Teste de GnRH - infusão de 100mcg - elevação máxima LH 15-30min, FSH 30-45min - bom para diferenciar hipotalâmico de hipofisário - não se usa na prática clínica, é muito caro 3. Teste de Ciclo Artificial - estrogênio + progesterona; quando teste não funciona 4. Perfil Gonadotrófico - FSH até 30 mUI/mL - LH até 15 mUI/mL - Prolactina até 50 mUI/mL - 17-OH-progesterona, DHEA-S, testosterona (marcadores hiperplasia adrenal, Tu ovário e Tu adrenal) - TSH, hormônio anti-Mulleriano (HAM não se usa muito, mais em lugares muito desenvolvidos) - FSH, Prolactina, TSH alterados em 10%, 7.5% e 2.5% 5. Ultrassonografia Transvaginal 6. RNM - após 2 exames de prolactina alterados, quadro clínico sugestivo, amenorreia primária RESUMINHO Disfunção hipotálamo - hipofisária (amenorreia hipotalâmica funcional) - Comum, melhor prognóstico “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 26 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Perturbação do hipotálamo/vias de retroalimentação, levando à anovulação e alteração menstrual - Teste progesterona (+) - Prolactina normal - Se sinais de virilização, dosar testosterona livre, androstenediona, dehidroepiandrosterona, SHBG Insuficiência hipotálamo - hipofisária (amenorréria hipotalâmica e hipofisária) - Teste progesterona (-) - Teste ciclo artificial (+) - FSH normal - Prl normal ou Insuficiência ovariana - Antes dos 40 anos = amenorreia hipergonadotrófica das mulheres - Teste progesterona (-) - Teste ciclo artificial (+) - FSH - E2 ou limítrofe Amenorreia canalicular - Teste progesterona (-) - Teste ciclo artificial (-) - FSH normal - Prolactina normal - Achados clínicos e USG Investigação da Amenorreia Primária Investigação da Amenorreia Secundária “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 27 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL TRATAMENTO - Tratar doenças de base: Endocrinopatias, atletas, anorexia nervosa - Desnutrição: alvo é recuperar 2kg acima do peso inicial e manter por 6 a 12 meses. - Tumores: avaliação daneurocirurgia - Ooforites (inflamação do ovário) ou doença auto- imune: corticóide - Cariotipo XY: gonadectomia (gônada com cariótipo XY intrabdominal com alta chance de malignizar) - Deficiência isolada de gonadotrofinas: GnRH pulsátil, FSH e LH, TRH. - Terapia cognitiva comportamental → experimental - Reposição Leptina (metreleptina p/ lipodistrofia) → experimental * Tratamento Amenorreia Constitucional - Observação: em geral, não se faz nada, mas se a paciente desejar, pode-se fazer alguns exames; - EEC 0,3 a 0,625 mg por 6 a 12 meses ou até a menstruação. - Estradiol 0,5 a 2,0 mg/dia - Após menstruar EEC 0,625 mg/dia ou Estradiol 2 mg/dia associada a progesterona/14 dias/mês. * Tratamento Amenorreia Neural - Mais atitudes disfuncionais, maior dificuldade em lidar com tensões diárias e tendem a ter mais dependências interpessoais, maior histórico de distúrbios psiquiátricos e distúrbios primários do humor do que as mulheres eumenorreicas. - Psicoterapia - Controle alimentar - Reavaliar doença de base - Se for funcional 83% dos casos tem melhora quando o fator precipitante é revertido; Prolactina >100 é considera tumoral * Hiperprolactina - bromoergocriptina 1.25mg/d - cabergolina 0.5mg/sem - cirurgia * Sinéquias: aderência intraútero- aderência das paredes do endométrio- secundária a procedimento de curetagem ou infecção - histeroscopia + DIU, sonda Folley pediátrica- evitar que o endométrio se regenere e colabe * Mal Formação/Cariótipo XY/Insensibilidade Androgênica - cirurgia * Resistência à Insulina - Alterações do estilo de vida, perda de peso - metformina 500-2500mg/dia * Não Deseja Engravidar - Progesterona 2º fase, Terapia Hormonal - ACO: não previne perda óssea, mascara retorno dos ciclos ovulatórios; Guidelines recentes não recomendam, bem como suplementação de Kisspeptinas e leptinas * Deseja Engravidar (IMC mínimo de 18.5 p/ risco ↑ na gestação) - Citrato de clomifeno 50 - 150mg 2º/5º, 5º/9º dia, 10 dias contínuos conforme protocolo para infertilidade. - Letrozole “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 28 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 06 SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL (SUA) Clique para Febrasgo; Febrasgo 2017 (Ref Bradly); Protocolo clínico ebserh CONCEITO - Desvio menstrual para mais, em volume, duração ou frequência, secundário à alteração dos mecanismos de controle da menstruação, com exclusão de gravidez e doenças orgânicas. -exclusivamente funcional e endometrial - Piora da qualidade de vida por problemas físicos, emocionais, sexuais, sociais e financeiros. FEBRASGO: O sangramento uterino anormal (SUA) é um distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do sangramento uterino normal está alterado: • quantidade, • duração • ou frequência. Pode ser: agudo ou crônico Proveniente: do corpo uterino, Altera: regularidade ou volume ou frequência ou duração, Condição: em mulheres não-grávidas. A perda menstrual excessiva, com repercussões físicas, emocionais, sociais e materiais na qualidade de vida da mulher, que podem ocorrer isoladamente ou em combinação com outros sintomas. Importante: sempre descartar gravidez. EPIDEMIOLOGIA - 5% dos casos novos em ambulatório - 30% mulheres em alguma fase da vida - Mais frequente nos 5 anos após a menarca e nos 5 anos que antecedem a menopausa, cursa com ciclos anovulatórios. - 40% das pacientes com SUA identifica-se causa orgânica (mioma ou pólipo) - 1 a cada 20 mulheres entre 30-49 anos consultam a cada ano, 12% pacientes referidas ao especialista, 60% vão ser submetidas a um procedimento cirúrgico em 5 anos. - EUA se faz 600.000 histerectomias por ano, UK SUA custa 800 milhões de libras/ano, Credita-se custo de 1% verbas gastas em saúde pública - Em até 2/3 das peças de histerectomia o AP é normal, 40% pacientes identifica-se causa orgânica VOLUME AUMENTADO - 90% das mulheres perdem 30 - 40 ml por mês - 40% das mulheres com perda maior que 80 ml acham normal - 10% das mulheres com perda de 80 ml desenvolvem anemia - 14% das mulheres com perda menor que 20 ml acham excessivo - 50% das mulheres com queixa de menorragia o fluxo é normal - Como quantificar? Número de absorventes > 4, sangue vivo + coágulos, anemia - na prática, se avalia com relação aos volumes dos ciclos anteriores, se a paciente notou que atualmente ocorreu aumento do volume em relação a antes SUGESTÃO DE PARÂMETROS DE NORMALIDADE Frequência dias Frequente Normal Infrequente < 24 24-38 > 38 Regularidade ciclo-ciclo 12m *Ausente *Regular *Irregular *Sem sangramento *Variação 2-20 dias *Variação > 20 dias Duração Prolongada Normal Encurtada > 8 dias 4,1 – 8 dias < 4 dias Volume mensal - mL Grande Normal Leve > 80mL 5-80mL < 5mL FISIOPATOLOGIA - Menstruação: liquido intersticial, deprivação hormonal = vasoconstrição arteriolar e liberação de substâncias menstruoativas, separação da camada funcional da basal, expulsão pela contração uterina - Estrógeno – no início da menstruação, crescimento do endométrio, vasoespasmo das aa endometriais, agregação plaquetas e coágulo, proliferação de glândulas, estroma, vasos - Progesterona - diferenciação visando a nidação; https://www.febrasgo.org.br/images/pec/Protocolos-assistenciais/Protocolos-assistenciais-ginecologia.pdf/Sangramento-uterino-anormal.pdf https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/11-SANGRAMENTO_UTERINO_ANORMAL.pdf http://www2.ebserh.gov.br/documents/214336/1106177/PRO.MED-GIN.039+-+SANGRAMENTO+UTERINO+ANORMAL+CLASSIFICA%C3%87%C3%83O+E+INVESTIGA%C3%87%C3%83O.pdf/2dfce326-2903-4245-834b-fed83eb1d247 “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 29 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL estabiliza a fragilidade endometrial, inibe angiogênese - Insuficiência progesterônica: preparo incompleto do endométrio - ação persistente da progesterona: bloqueia descamação / regeneração adequadas MECANISMOS DA MENSTRUAÇÃO - Início = auto-digestão enzimática p/ ação de enzimas líticas acumuladas nos ribossomos e liberadas com queda de estrogênio e progesterona. Processo iniciado no fundo uterino que rompe a integridade do tecido, iniciando plano de clivagem. Cerca de 50% da espessura do endométrio eliminada em 24h - Cessação = vasoconstrição das arteríolas espirais e radiais por ação das endotelinas, coagulação local. Regeneração da superfície inicia nas porções basais das glândulas residuais no fundo uterino, istmo e tubas. No quinto dia, ocorre convergência dessas áreas. - SUA = aumento da PGE2 com vasodilatação potente, e diminuição PG12 com inibição da agregação AVALIAÇÃO E DIAGNOSTICO História clara do sangramento, anamnese detalhada e avaliação inicial com exame físico geral, abdominal e pélvico. A história deve ser direcionada para: • identificação da natureza do sangramento, • identificação de possíveis causas estruturais ou orgânicas, • impacto na qualidade de vida • e avaliação das expectativas da mulher, especialmente em relação a necessidade de contracepção ou desejo de gravidez. O grupo HELP (Heavy Menstrual Bleeding: Evidence- Based Learning for Best Practice) propôs 2 perguntas para investigação de cada aspecto: Como o sangramento menstrual afeta sua vida diária: 1. Você tem que organizar suas atividades sociais fora do período menstrual? 2. Você se preocupa em ter algum acidente relacionado ao sangramento? Como você é afetada fisicamente? 1. Você apresenta perda de grandes coágulos durante a menstruação? 2. Alguma vez você se sentiu fraca ou com falta de ar durante a menstruação? Quando você sangra? 1. Você necessita trocar absorventesdurante a noite ou acorda durante a noite para a troca de absorventes? 2. Durante os dias de maior sangramento, alguma vez você apresentou transbordamento do absorvente interno ou externo em menos de 2 horas? O exame físico deve minucioso para confirmar que a fonte da hemorragia é a cavidade uterina e descartar a origem do sangramento anal ou uretral. • O toque bimanual irá nos fornecer informações sobre as características do útero e da presença de patologia anexial. AVALIAÇÃO PRIMARIA Agudo ou crônico? Sistema de Terminologia FIGO • -Agudo: Episódio de sangramento severo que requer imediata intervenção, para prevenção de maior perda sanguínea. Sangramento agudo pode existir na presença de sangramento crônico ou sem história pregressa. • Crônico: Sangramento do corpo uterino, presente na maioria dos ciclos nos últimos 6 meses. Anormalidade de duração, volume e/ou frequência. Para maioria dos clínicos não requer intervenção imediata. • -Sangramento intermenstrual Pictorial Blood Assessment Chart (PBCA) Exames complementares Deve-se solicitar • beta hCG • hemograma completo • Ultrassom transvaginal (USTV): constitui a primeira linha propedêutica para identificação de anomalias estruturais. Lembrando que, nas mulheres na menacme, esse exame deve ser realizado preferencialmente após o sangramento • citologia cervical, caso não tenha recente. CAUSAS SISTEMICAS? Solicitar: • testes de coagulação (tempo de sangramento e de coagulação), nos casos de início de SUA desde a menarca ou antecedentes pessoais e/ou familiares de sangramento anormal; • Contagem de plaquetas; • função tiroideana • prolactina; “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 30 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL AVALIAÇÃO SECUNDARIA Quando necessário • Histerossonografia: a combinação de ultrassom intrauterino com infusão de solução salina (histerossonografia), permite o estudo da cavidade uterina • Histeroscopia e biópsia de endométrio a dirigida permite a visualização direta da cavidade uterina, proporcionando um método mais eficiente do que dilatação e curetagem com biópsia • A biópsia endometrial deve ser realizada no caso de sangramento intermenstrual persistente, falha do tratamento clínico, mulheres com idade superior a 45 anos, ou com fatores de risco para câncer de endométrio. • Ressonância magnética: particularmente eficaz no diagnóstico de adenomiose. SITUAÇÕES *investigar o endométrio através de biópsia (pode ser por pipelle, cureta de Novak, curetagem ou histeroscopia): • mulheres sem evidência de lesão estrutural com espessamento do endométrio, especialmente nas obesas, com idade acima de 45 anos, ou na presença de fatores de risco para câncer de endométrio; • uso de estrogênio persistentemente sem oposição por progestagênio; • SUA persistente, com falha das terapêuticas utilizadas e dúvida no diagnóstico. PALM COEIN - PALM: estrutural, visualizado por métodos de imagem e/ou histopatológico. - COEIN: não estrutural, geralmente comprometendo úteros normais * PALM COEIN (SUA – P) – PÓLIPO - Pólipos endometriais e/ou endocervicais - Podem contribuir com sangramento uterino anormal - Usualmente benigno - Minoria atípico ou maligno - Classificação básica: presente ou ausente - Diagnóstico com USG e/ou histeroscopia, com ou sem anátomo-patológico - Excluir aparência polipóide do endométrio (variante da normalidade) - Poderá ocorrer uma subclassificação (número, localização, dimensão, morfologia e histopatológico). PALM COEIN (SUA – A) – ADENOMIOSE- - perda da integridade do endométrio, com fissuras, endométrio mais volumoso - Papel da adenomiose na gênese do sangramento é incerta - Prevalência varia de 5 – 70% - Diagnóstico é histopatológico. - Critérios diagnósticos sugestivos - USG e/ou REM * PALM COEIN (SUA-L) - LEIOMIOMA - Classificação primária, secundária e terciária 1) Primária – Presença ou ausência de um ou mais miomas, Diagnóstico ultrassonográfico 2) Secundária – Diferencia mioma submucoso (SM) de outros (O) 3) Terciária – Inclui miomas intramurais, subserosos e miomas parasitas. Usado por investigadores e principalmente por aqueles que realizam ressecção histeroscópica. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 31 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Localização, tamanho e número de miomas ainda não incluídos. * PALM COEIN (SUA – M) - MALIGNIDADE E HIPERPLASIA - Diagnóstico histológico, diagnóstico só após a biópsia - Subclassificação segue OMS e FIGO * PALM COEIN (SUA – C) – COAGULOPATIA - 1% da população, 5% pacientes ambulatório GO, 25% das mulheres com hematócrito ↓30, 13% das mulheres com SUA apresentam distúrbios de hemostasia detectado bioquimicamente, maioria Von Willebrand. - Pouco investigado e diagnosticado. - 1º fase: formação tampão plaquetas endotélio (trombocitopenia, Von Willebrand, alteração da função plaquetária). - 2º fase: deficiência de fatores de coagulação ou da ativação sequencial da cascata que forma fibrina e estabiliza o tampão. - 3º fase: alteração da fibrinólise. 1. Triagem clínica em pacientes com SUA – Distúrbio de hemostasia - Sangramento uterina excessivo desde a menarca - Um dos seguintes: Hemorragia pós-parto, Sangramento relacionado a procedimento cirúrgico, Sangramento relacionado a tratamento dentário - Dois ou mais dos seguintes sintomas: Equimoses uma ou duas vezes por mês, Epistaxe uma ou duas vezes por mês, Sangramento gengival frequente, História familiar de sintomas de sangramentos * PALM COEIN (SUA-O) – OVULATÓRIO - Variável na regularidade e fluxo. - Associado a endocrinopatias: SOP, anorexia, Hipotireoidismo, hiperprolactinemia, obesidade, - Pode ser iatrogênico (medicações→ anovulação) - Adolescência e pré-menopausa. - 35-60% das mulheres com anovulação → SOP/obesidade ↑ E2, andrógenos, insulina ↓ SHBG, resistência insulina * PALM COEIN (SUA-E) – ENDOMÉTRIO - Ciclos ovulatórios, sem outras causas definidas. - Desordem da hemostasia local. - Deficiência da produção local de vasoconstritores, como endotelina-1 e prostaglandina F2α e/ou excessiva produção de ativador de plasminogênio, associado ao aumento de vasodilatadores como prostaglandina E2 e prostaciclina (I2). - Outras causas: deficiência de reparação endometrial local, inflamação ou infecção endometrial, anormalidades na resposta inflamatória local ou aberrações na vasculogênese. - Correlação infecção subclínica por Chlamydia trachomatis e SUA, ainda não bem definida. - DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO PALM COEIN (SUA-I) – IATROGÊNICO - Associado a uso de esteróides gonadais: progesterona, estrogêneo, androgêneo, agonista de GnRh, inibidores da aromatase, moduladores seletivos de receptores de estrogêneo. - DIUs e Endoceptivo LNG. PALM COEIN (SUA-N) - Entidades AINDA NÃO CLASSIFICADAS - Endometrite crônica, hipertrofia miometrial, etc “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 32 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL TRATAMENTO TRATAMENTO SUA AGUDO Os objetivos do tratamento do SUA agudo são controlar o sangramento atual, estabilizar a mulher e reduzir o risco de perda sanguínea excessiva nos ciclos seguintes - Endométrio que descama mais precocemente fica mais provável de sangrar- o objetivo de usar o estrogênio é tirar o endométrio do nível que causa hemorragia- não deixar o endométrio progredir A necessidade de tratamento cirúrgico baseia-se em: Estabilidade clínica do paciente; Gravidade do sangramento; Contraindicações ao manejo médico; Falta de resposta do paciente à gestãomédica; Condição médica subjacente do paciente. As opções cirúrgicas incluem: • Dilatação e curetagem (D & C); • Ablação endometrial; • Embolização da artéria uterina; • Histerectomia. * Tratamento do sangramento uterino anormal conforme a necessidade individual Necessidade individual Tratamento de escolha Contracepção ACO, Mirena®, P. depósito Dismenorreia ACO, Mirena®, AINH Intolerância a hormônios AINH, Mirena®, ÁcidoTranexâmico Deseja engravidar AINH, Ac. Tranexâmico Adolescente ACO, P. cíclica Perimenopausa ACO, P. cíclica, TH Pré-operatório, anenia grave Análogos de GnRH “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 33 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Anti-Inflamatório Não Hormonal - Mesma eficácia que DIU medicado, ACO, Etansilato, Progesterona - Menos eficazes que Anti-fibrinolíticos, Danazol - Não se sabe o mais eficaz: UE Ac. Mefenâmico, EUA Piroxicam - Baratos, porém sem ação na regularidade do ciclo, devem ser iniciados no início do fluxo - Diminuem o fluxo menstrual em 20 a 80% de ¾ das pacientes - Úteis: DIU, coagulopatia, adenomiose, dismenorréia, cefaléia, não deseja TH e não necessita anticoncepção - Efeitos colaterais em 10 a 59%, minimizados se ingeridos com alimentação * Ácido Tranexâmico - Mais eficaz que AINH, Etansilato, Progesterona - Reduz o sangramento em 35 a 56% mesmo em pacientes com fluxo ↓80ml - Risco de trombose semelhante a população - Eventualmente necessita de doses mais altas (2-6g dia) - Eficaz mesmo c/ uso de DIU - Inibidor do ativador plasminogênio, enzima que dissolve coágulos - Utilizado em somente 5% dos casos - Incidência de efeitos colaterais é controversa e dose dependente - Não tem ação na regularidade do ciclo * Anticoncepcional Oral - Suprime andrógenos ovarianos e adrenais ↑ globulina carreadora de esteróides sexuais ↓ biodisponibilidade dos andrógenos ↓ atividade periférica 5- redutase - É de escolha p/ hirsutismo e hiperandrogenismo - Respeitar contra-indicações: absolutas (passado de trombose venosa, fumo, CA), relativas (HAS, DM) - Eficácia semelhante ao Naproxeno , Ác. Mefenâmico e Danazol - Manter 2cp dia p/ no mínimo 5 dias, 1cp até 21 dias e orientar padrão da próxima menstruação - Uso contínuo ↓ volume em 40 a 60%, na presença de patologia ou não - Efeitos colaterais bem conhecidos - Tratamento de escolha para sangramento anovulatório (nível A) - Melhor escolha para tratamento de longo prazo por evitar ovulação e concepção * Progesterona - Oral: mais usados NETA e AMP, Dienogeste → inibe receptor endometrial de estrogênio, inibe transcrição oncogênica estrogênio mediada, ação mais eficaz nas pacientes anovulatórias - Dose mínima 10mg, período mínimo 21 dias - NÃO ocorre deficiência de progesterona e sim distúrbio local de PG ou alteração na hemostasia - Depósito: induz atrofia endometrial, melhora dismenorréia, SPM, maioria mulheres amenorreicas em 3-6 meses é comum ter sangramento irregular, volumoso em 1-2%, repetir em intervalos menores, E2/EEC, AINH - Efeitos colaterais: alteração do perfil lipídico, mastalgia, cefaleia, aumento do apetite, ganho de peso, osteopenia, depressão, 70% pacientes aumentam >2kg no 1º ano c/ Depot * DIU Medicado - Inibe a ovulação, altera eixo H-H-O/foliculogênese → 1º ano 2/3 dos ciclos ovulatórios e no 4º ano 90%, amenorréia 20-32%, spotting 53% - Benefícios: ↓fluxo em 74 a 97%, mesmo miomatose/adenomiose, ↑Hb, melhora anemia, alternativa a cirurgia, é útil p/ terapia hormonal, tamoxifen, SPM - Para-efeitos: náusea, cefaléia, acne, mastalgia, depressão, ganho de peso, cisto de ovário, dor pélvica - Mais efetivo que progesterona, AINH, anti- fibrinolíticos - Pouco menos efetivo, porém satisfação semelhante à ablação endometrial - Caro, porém custo se dilui com tempo - Comparando com histerectomia mesma qualidade de vida c/ custo e risco menores pode necessitar de intervenção posterior - Adesão de 80% em 1 ano - 64 a 82% das pacientes suspendem cirurgia programada * Drogas de 2º Linha - Danazol (Ladogal): hirsutismo, alteração irreversível da voz, acne, 85% pacientes aumentam de peso - Gestrinona (Dimetrose): semelhante ao Danazol, 5x mais caro - Análogos de GNRH: 90% pacientes amenorréia, hipoestrogenismo, perda óssea, boa escolha p/ aguardar cirurgia, doença sistêmica grave - Etansilato (Dicinone): diminui sangramento inclusive nas usuárias de DIU TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO *ACO - 2 cp ao dia p/ 5 dias, manutenção 21 dias - orientar menstruação volumosa c/ cólicas - redução do fluxo em 40/60% com/sem patologia * Progestágeno na 2ª Fase - eficácia comparável aos AINH, porém menor que Mirena. - Ótimo na anovulação. - acetato noretindrona, acetato medroxiprogesterona, progesterona micronizada, diidrogesterona, dienogeste, desogestrel “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 34 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * AINE - inibem síntese prostaglandinas, ⇓ prostaciclina, ⇑ tromboxane, diminuem o fluxo em 20-40% em 70% das pacientes, ótima escolha HUD ovulatória, eficaz na dismenorréia. - Não se sabe qual o mais eficaz. * Depoprovera - torna a maioria das mulheres amenorreicas * Mirena - ⇓ fluxo em 75-95%, mais eficaz na menorragia que AINH, P 2 fase, antifibrinolíticos. * Análogo de GNRH - muitos para-efeitos, usado por curto período - prévio à cirurgia, pós transplantes. * Ácido Tranexâmico - muito usado na UE, melhor que AINH, caro, as vezes necessita dose altas (2 a 6g) c/ para-efeitos, risco de trombose somente em portadoras de trombofilia. TRATAMENTO COMPLEMENTAR - Repouso - Dieta - Transfusão de sangue - Suspensão de medicamentos - Tratar doença de base - Tratamento cirúrgico: doença orgânica → curetagem uterina, ablação endometrial (balão térmico, histeroscopia), histerectomia OUTRAS SITUAÇÕES * Recém Nascido - Estrogênios placentários - Investigar massa ou traumatismo - Não necessitam tratamento - até 1 mês é normal sangramento vaginal na menina * Pré-Pubere - Pouco frequentes - Pesquisar corpo estranho, infecção, trauma - Avaliar caracteres sexuais secundários (Puberdade Precoce/tumores produtores E) - Crianças e adolescentes: 20% por coagulopatias * Pós Menopausa - Não é disfuncional - Investigação da cavidade uterina sempre - Afastar o diagnóstico de neoplasia maligna CONSIDERAÇÕES FINAIS - Considerar falha do método somente após 3 meses - Avaliar doença hematológica - Baixo risco de câncer não pode ser desprezado - Respeitar desejo de gestação e satisfação da paciente - Considerar baixo risco do tratamento cirúrgico - Tratamento visa melhorar o sangramento agudo, prevenir episódios futuros, diminuir os riscos de longo prazo da anovulação e melhorar a qualidade de vida “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 35 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 07 CLIMATÉRIO E MENOPAUSA DEFINIÇÕES * Climatério- Transição fisiológica entre o período reprodutivo e nã o‐reprodutivo da vida da mulher - Inicia em média aos 40 anos, estendendo‐se até 65 anos - Reflete a diminuição da sensibilidade ovariana às gonadotrofinas - As manifestações clínicas surgem 5 ‐ 8 anos antes da menopausa * Menopausa - Parada definitiva das menstruações após 12 meses de amenorreia (normal é de 48‐50 anos), sendo precoce antes dos 40 e tardia após os 55 - A idade de menopausa tem relação com menopausa materna, e pode ser mais cedo em mulheres que apresentam ciclos curtos, tabagistas, vegetarianas e desnutridas → nascemos com número fixo de folículos e isso influencia em quanto tempo a mulher menstrua e quandovai entrar em menopausa, existe tendência à entrar em menopausa no mesmo período da mãe - Menarca precoce NÃO significa menopausa precoce FISIOLOGIA * Função Ovariana - Infância: sem expressão hormonal → ovário sem função, mas já tem todos os folículos - Menacme (período reprodutivo): plenitude da função do ovário, período que mais trabalha - Climatério: diminuição progressiva da função ovariana - Menopausa: esgotamento da reserva folicular → não há mais óvulos nos ovários * Dinâmica Folicular - Pool folicular começa a se formar entre 6‐8 semanas de vida embrionária (feto feminino): início da formação dos óvulos no feto feminino - Atingem seu maior número na 16‐20 semana intrauterina (67 milhões): maior numero de óvulos dentro do feto feminino - Ao nascimento: 1,5 milhões - Puberdade: 300‐500 mil - Aos 37 anos inicia‐se a redução numérica dos folículos primordiais (25 mil) - Este período de diminuição e esgotamento da reserva folicular dura em média 4 anos - A diminuição dos níveis hormonais é um fato que ocorre em todas as mulheres e se inicia ao redor dos 40 anos * Dinâmica Hormonal - Diminuição do número de folículos e aumento do estroma ovariano - TECA (folículos atrésicos) vão fazer aumento da testosterona e androstenediona, que são hormônios virilizantes (calvície, pelos em regiões não comuns, acumulo de gordura em região abdominal...) - Diminuição da produção de inibina: substância que faz controle de feedback do FSH, sendo produzida pelos folículos; como existem menos folículos, existe menos inibina e haverá aumento do FSH → quanto menos folículos, maior o valor do FSH - se dosar o FSH na fase folicular da mulher fértil e for maior que 10, já é um mal prognóstico para vida reprodutiva, já significa dificuldade de reprodução - O FSH elevado induzirá a um desenvolvimento acelerado dos folículos que ainda restam nos ovários, provocando um encurtamento do ciclo (1ª fase) → um dos primeiros sinais do climatério/menopausa, mulheres ficam com ciclos mais curtos - A diminuição numérica dos folículos leva a diminuição de estrogênio, que será insuficiente para a liberação do pico pré‐ovulatório de LH, surgindo assim os ciclos anovulatórios e as irregularidades menstruais MODIFICAÇÕES NO ORGANISMO FEMININO - Cabelos: alopécia, cabelos finos, falhas, rarefação - Pele: fica mais fina, pois existe deficiência de colágeno por deficiência de estrógenos - Unhas: também ficam mais finas - Mamas: padrão de liposubstituição do tecido mamário (tecido mamário substituído por tecido gorduroso); isso faz com que ocorra perde sustentação, o que é visível na mamografia (nas mulheres jovens é melhor USG) - Abdome: acúmulo de gordura abdominal - Assoalho Pélvico: são músculos que sustentam os órgãos reprodutivos, mas por deficiência de colágeno, podem ocorrer as distopia (ex: retrocele) - Uretra, vulva, vagina, colo: atrofia do tecido, que fica mais fino e friável, ocorrendo queixas de dispareunia, falta de lubrificação, disúria, prurido vulvar → atualmente, faz-se tratamento com laser para diminuir a atrofia, pois esse tratamento “puxa água”, melhora o turgor, portanto melhora queixas de dispareunia e as urinárias - Útero, ovários: atrofia, útero fica com 30cm3 QUADRO CLÍNICO - Irregularidade menstrual (queixa mais frequente) - Parada abrupta das menstruações (rara pois o declínio funcional ovariano é progressivo) → se acontecer, deve ter algum outro fator implicado, pois isso geralmente é progressivo “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 36 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Fogachos - Alteração do humor (ansiedade, depressão, irritabilidade): alteração hormonal persiste por um longo tempo, podendo gerar os sintomas (diferente da TPM que é cíclica) → pode-se entrar com antidepressivo, sendo um dos que mais funciona é a venlafaxina (que atuaria nesses sintomas e nos de fogachos um pouco também) - Atrofia urogenital: ressecamento vaginal (43%), dispareunia (41%), vaginites, urgência urinária, disúria, uretrites atróficas e agravamento de incontinência urinária - Envelhecimento da pele (perda de colágeno) - Cabelo mais fino, favorecendo a calvície (andrógeno) * Sintomas Vasomotores (“Fogachos”) - São ondas de calor causados pela deficiência de estrogênio e por alterações do hipotálamo, durando de segundos a minutos, várias vezes ao dia, principalmente do tronco para a face, gerando rubor e sudorese, tendo maior frequência à noite (associado à insônia irritabilidade, cansaço e dificuldade de concentração) - Frequência de 68‐85%, sendo mais frequente em magras e fumantes - Em 57% das pacientes persiste por mais de 5 anos após a menopausa e em 10% por mais de 15 anos - Magras: não tem tanta conversão periférica de estrog ênio pela falta de tecido adiposo, portanto sentem mais que uma mulher com maior peso → Estágios da Menopausa ‐ Precoce: fogachos, sudorese, insônia, sintomas psicológicos → não preciso de alterações de órgãos para sentir, podem vir antes mesmo da menopausa. ‐ Intermediário: atrofia vaginal, atrofia da pele, dispareunia, incontinência urinária → aqui precisa de alterações nos órgãos, a deficiência hormonal atua no órgão ‐ Tardio: osteoporose, doenças coronarianas, Alzheimer → doenças causadas pela privação estrogênica, aumento osteoclástico; nessa fase, o risco coronariano se iguala ao dos homens (antes mulheres tinham certa proteção) AVALIAÇÃO - Anamnese: como está o ciclo, quanto tempo não está menstruando, sintomas - Exame físico completo e ginecológico - Exame citopatológico de colo uterino: coleta de preventivo - Mamografia: a partir dos 50 anos feito anualmente; se HF de Ca de mama, sempre fazer 10 anos antes da idade em que a parente foi acometida - Avaliação endometrial: na menopausa, aumenta-se o risco de câncer de endométrio; usa-se como rastreio o USG transvaginal, sendo o tamanho normal do endométrio de até 5 mm; se tiver acima de 5mm, quer dizer que está espessado, pede-se biópsia ou curetagem semiótica; - Laboratório (hemograma, EQU, lipidograma, TSH, creatinina, glicemia de jejum, sangue oculto nas fezes): exames realizados para rastreios de câncer, alterações na tireoide, etc - Densitometria óssea: pelo aumento do risco de osteoporose, pode-se realizar a cada 2 anos PERFIL HORMONAL - Estudo do perfil hormonal é totalmente desnecessário na mulher menopausada! - “A regra (menstruação) é o espelho da função ovariana: se ela estiver regular, é porque o ovário está funcionando normalmente. Quando os ovários começarem a falhar, as regras tornar‐se‐ão irregulares.” → o FSH vai estar alto e o LH baixo em uma mulher na menopausa * Quando Dosar Hormônios (FSH) - Suspeita de menopausa prematura: para comprovar - Quando se deseja saber se a paciente em uso de ACO ainda pode ser considerada fértil: existem mulheres mais velhas que ainda usam ACO e continuam menstruando por privação hormonal quando suspende, então deve-se suspender o ACO e 30 dias depois dosar FSH - Quando os sintomas clínicos sugerirem uma falência ovariana em pacientes que foram histerectomizadas e, portanto, não menstruam mais PREVENÇÃO DE DOENÇAS - Cigarro: suspensão do uso, pois é associado a todas as DCV - Atividade física: deve ser praticada pelo menos 3x por semana; apresenta benefício cardiovascular, prevenção da osteoporose, diminuição da gordura corpórea e aumento do HDL * Doenças Cardiovasculares - HAS é muito comum em mulheres acima dos 60 anos - HDL < 50 e TG são preditores de morte por DCV - DCV é a principal causa de morte na pós‐menopausa e a incidência dessa aumenta nesse período - Estudos mostravam que tanto TRE como TH cíclica associam ao declínio do risco coronariano - O estrogênio exerce impacto favorável sobre o perfil lipídico, efeito direto anti‐aterosclerótico, açãoinotrópica cardíaca, redução da resistência insulínica, inibição da oxidação do colesterol LDL, impacto favorável na fibrinólise... - Alguns progestagênicos podem atenuar algumas das ações estrogênicas “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 37 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - TRH exclusivamente para melhorar perfil cardiovascular não é utilizada, pois essa terapia não é inócua! * Obesidade - Fator de risco para DM, HAS, DAC, Artrite degenerativa e colecistopatia - IMC deve ser medido em todas consultas → acima de 25, exige intervenção (dieta e ex. físico) * Câncer - Proibição de qualquer fumo - Restringir bebidas alcoólicas - Investigar exposição a carcinogênicos no trabalho - Evitar uso de drogas potencialmente carcinogênicas - Proteção solar - Individualizar necessidade de TRH - Uso de preservativo (HIV, HPV e outras) * Osteoporose - Redução da massa óssea, com alterações na microestrutura óssea, levando ao aumento da fragilidade óssea e das fraturas por traumatismos pouco intensos. - As perdas ósseas são decorrentes da deficiência estrogênica. A aceleração da perda óssea é decorrente do aumento excessivo de atividade dos osteoclastos, pois a deficiência estrogênica induz nos precursores de osteoblastos a liberação de fatores teciduais que estimulam essa atividade osteoclástica. - Fatores de risco: perfil de mulher com osteoporose “magrinha, lo ira e de olho azul” → tabagismo atual, baixo peso (< 55kg), deficiência estrogênica, pouco consumo de Ca, alcoolismo, quedas frequentes, sedentarismo 1. Conduta - Avaliar os fatores de risco de fratura - Determinar a DO da coluna e do fêmur - Avaliar as causas secundárias - Ingestão de cálcio de 1,2 a 1,5 g/d, SN, uma suplementação via oral. - Nas idosas ou que vivem em instituições geriátricas, também considerar o uso de vitamina D (400‐800 UI/d) - Caminhadas ou atividade física com carga (impacto) - Calcitonina sintética de salmão 100UI dia - Bifosfonado - Hormonioterapia de substituição: estrogênio aumenta absorção de cálcio intestinal, progesterona evita absorção óssea * Doenças Infecciosas - São responsáveis por 30% das mortes entre idosos (imunodeficiência) - PNM, gripe, TB, hepatite B e infecções cutâneas * Hipotireodismo - Prevalência de 5‐7% das mulheres pós menopausa → por isso dosa-se TSH Terapia de reposição hormonal - Repor uma substância hormonal que o organismo deixou de produzir - O ovário encerra sua função produtora de estrogênios por volta dos 50 anos de idade - Nem todas precisam, faz em quem tem sintomas, não faz como prevenção pois o risco-benefício é ruim OBJETIVOS - Alívio da sintomatologia climatérica (principalmente) - Conservação do trofismo urogenital - Conservação da massa óssea - Conservação do trofismo e da elasticidade da pele - Proteção cardiovascular - Manutenção ou melhora do bem‐estar geral - Melhora da sexualidade - Retardar ou prevenir doenças degenerativas do SNC - sempre individualizar o caso! Se existe uma queixa que pode ser melhorada com outro tratamento, procurar seguir esse tratamento, pois TRH não é inócua! - sintomas são os únicos que melhoram exclusivamente com a THR, todos os outros dá para prevenir de outras formas → então só se vai repor hormônios quando tiver sintomas! - não é obrigatório usar TRH na menopausa! CÂNCER + TRH - O risco de câncer de vulva, vagina, colo do útero e das trompas não é modificado pelo uso de hormônio - Risco de Ca de endométrio (útero) é aumentado após 2 anos de uso de estrogênio isolado. Associado a progesterona, em esquema combinado contínuo, o risco é ligeiramente menor → progesterona dá um freio para o estrogênio, pois senão o estrogênio vai promover crescimento desenfreado; então mulheres que tem útero precisam usar os dois associados! - Risco de Ca de ovário não foi comprovado pelos diversos estudos publicados - Aumenta o risco de Ca de mama em 2% por ano de uso, porém esse aumento se deve a tipos histológicos menos agressivos (carcinoma lobular invasivo é o mais comum). - Prognóstico é melhor nas pacientes com TRH do que nas que desenvolveram Ca de mama e não fizeram uso de hormônio FEBRASGO – AMB “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 38 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - A TRH é eficaz no tratamento dos sintomas neurovegetativos neuroendócrinos e urogenitais. Assim, define‐se que: quando houver sintomas, existe a indicação para uso de TRH, pelo menos por curto período, no entanto, esta não deverá se prescrita na existência de alguma contraindicação ou se a paciente, apesar de adequadamente informada, optar por não usá‐lo. Sendo assim, o uso de TRH será individualizado caso a caso, baseando em comum acordo entre o médico e a paciente, em conformidade com os riscos e benefícios particulares da mulher TRH – ESQUEMAS DE TRATAMENTO * Estrogênio Isolado - Seria o esquema ideal (falta de estrogênio é o principal responsável pelos sintomas), mas mulheres com útero tem que usar progesterona junto - Só deve ser utilizado em pacientes histerectomizadas - Em pacientes com útero: pode ocorrer hiperplasia, sangramento, hiperplasia atípica ou adenocarcinoma de endométrio (estrogênio isolado estimula o crescimento do endométrio sem freio) - VO ou transdérmico * Estrogênio + Progesterona Sequencial - Forma clássica de reposição hormonal (intenção de imitar o ciclo) - Estrogênio administrado durante 20, 21 ou 25 dias, intercalados por uma semana de descanso, com a progesterona sendo acrescentada nos últimos 10, 12 a 14 dias de utilização do estrogênio - VO ou transdérmica - difícil de usar, paciente tem que ter um entendimento muito correto, por isso não é muito utilizada * Miniciclos - 1mg de estrogênio por 3 dias, seguido por 3 dias associados de 90μg de norgestimato (progesterona), sem intervalos - é fácil de fazer, mas por vezes não é muito utilizado * Estrogênio + Progesterona Combinados Contínu os - mais fácil de ser seguido, forma clássica - Administrados simultaneamente, de forma ininterrupta - Objetivo: suspender a menstruação da paciente * Androgênios - Mulheres ooforectomizadas, em princípio, são candidatas ao uso de androgênios, pois perderam sua principal fonte de produção - utilizadas somente na mulher menopausada! - Importantes para manutenção da disposição geral e do desejo sexual - Testosterona administrada sobre a forma de gel - VO: a 1ª passagem hepática torna‐se um inconveniente, deve ser empregado com cautela - injetável nem pensar, pelos efeitos colaterais de alopecia, acne, etc → Opções para TRH - Tibolona: progesterona sintética que tem ação estrogênica, seria uma droga mais segura, porém não ajuda muito no fogacho e é muito cara, mas melhora bastante a libido e os sintomas depressivos - fogacho é muito dependente do estrogênio, por isso p ara fogacho é melhor usar estrogênio CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS - Tromboembolismo agudo - Doença hepática severa em atividade - Carcinomas de endométrio e da mama recém‐ tratados (5 anos) - Carcinomas de endométrio e da mama recorrentes - Sangramento vaginal de origem não diagnosticada - Porfiria → SERMS - Moduladores seletivos do receptor estrogênico (aledronato) - Opção para prevenção e tratamento da osteoporose, mas poderiam melhorar sintomas da menopausa - Apresentam efeitos favoráveis na cardioproteção - Possível diminuição do câncer de mama ou retardo do seu aparecimento → Fitoestrogênios - hormônios da soja - Potência 120 a 2000 vezes inferior ao estradiol - Ação estrogênica extremamente fraca - Não há evidência do controle dos fogachos - Dados disponíveis são inadequados e não permitem avaliar o efeito das isoflavonas sobre o Ca de mama e do endométrio,a massa óssea e a secura vaginal - Reduzem o colesterol total, o LDL e os triglicérides, não alteram o HDL - não tem comprovação que funciona, são caros Estrogênio Associações de E + P Estrogênio eqüino conjugado 0,3-0,625-1,2 mg/ dia, VO Estrogênio conjugado + MPA, VO: cíclico ou contínuo Estrogênio conjugado 0,625 mg/dia, VO Estradiol 17 beta + acetato de noretisterona, transdérmico cíclico Estradiol 17 beta, 2 mg/dia, VO Estradiol 17 beta + acetato de noretisterona, transdérmico contínuo Valerato de estradiol 1 mg/dia, VO Estradiol 17 beta + acetato de noretisterona (0,7-1 mg/dia), contínuo VO Estradiol 17 beta, 25-50-100 microg/dia, transdérmico (adesivos) Estradiol 17 beta + norgestimato, VO Estradiol 17 beta, percutâneo (gel) Estradiol 17 beta + diidrogesterona, cíclico ou contínuo Estradiol 17 beta 25, subcutâneo Estradiol 17 beta + trimegestona, cíclico ou contínuo Estradiol 17 beta, nasal Estrogênio eqüino conjugado, via vaginal Progestagênio sintético Estriol, via vaginal Tibolona Promestriene, via vaginal “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 39 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL → Resumo Final - atentar para fatores de risco - tentar tratar os sintomas da paciente - melhor prescrição é o bom senso - utilizar na menor dose e no menor tempo possível - sempre individualizar o tratamento “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 40 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL P2 “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 41 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 08 VULVOVAGINITES E CERVICITES VULVOVAGINITES → Introdução - As vulvovaginites incluem infecções da vagina, cérvice (colo do útero), trato genital superior e também causas não infecciosas, como agentes químicos, ou irritantes, deficiência hormonal e eventualmente doenças sistêmicas (ex: diabetes, doenças reumatológicas). - A manifestação clinica mais frequente: corrimento vaginal, acompanhado ou não de prurido, ardência, mau cheiro → Importância - Queixa mais frequente na consulta ginecológica - Sintomatologia muito desconfortável - Possibilidade de ascensão ao trato genital superior (trompa, ovário → pode gerar infertilidade, abscessos) - Favorecimento à penetração do HIV → Fatores Predisponentes - Qualquer alteração da flora nativa ou dos mecanismos de defesa podem ser responsáveis por corrimentos - Ectopia (epitélio cilíndrico): alteração hormonal que favorece maior umidade local - Duchas vaginais: não são recomendadas, por vezes pode-se recomendar ducha de bicarbonato, mas somente casos específicos em paciente sintomática - Uso de medicamentos (antibióticos, corticoides) - Diabetes/Obesidade - Vestuário inadequado - Parceiros múltiplos - Frequência da atividade sexual → Principais Causas - Causas comuns: vaginose bacteriana, candidíase, tricomoníase, vaginose citolítica - Causas eventuais: alérgica, irritativa/contato, herpética, atrófica, vaginose aeróbica - Causas raras: descamativa, estreptocócica, penfigoide, Behçet (reumatológica) OBS: Imagem → 95% das causas de corrimento - cervicite: esses MO tem trofismo por epitélio colunar → Secreção Fisiológica Normal * Composição da Secreção Fisiológica Normal - Muco cervical - Descamação do epitélio vaginal (ação estrogênica) - Transudação vaginal - Secreção das glândulas vestibulares (de Bartholin e de Skene): as de Bartolini ficam na parte posterior e as de Skene na parte anterior, sendo parauretrais * Características da Secreção Vaginal Fisiológica - Cor: clara ou transparente - Cheiro: inodoro - Aspecto: mucoide, homogêneo ou pouco grumoso (pasta branca) - pH: 3,8 a 4,5 * Microscopia - Predominância de lactobacilos - Células epiteliais descamativas - Raros leucócitos - Ausência de elementos patogênicos → Queixa de Corrimento Amarelado, Qual o Diagnóstico? - não se fecha diagnóstico somente com a queixa, deve-se sempre examinar adequadamente → Vaginose Bacteriana - Pode ser assintomática em até 50% das mulheres (não precisam necessariamente ser tratadas) “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 42 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Corrimento vaginal acinzentado, homogêneo, com odor fétido, mais acentuado após relação sexual e período menstrual * Diagnóstico - Corrimento branco, homogêneo, aderente, sem sinais inflamatórios locais (não tem hiperemia, edema) - pH vaginal aumentado, em geral acima de 4,5 - Teste das aminas: a adição de KOH 10% exala odor peixe (Wiff Test) → coleta-se secreção vaginal, coloca na lâmina e acrescenta KOH, se exalar cheiro o teste é positivo - Não é considerada DST - Exame a fresco: Presença de clue cells e ausência de lactobacilos (como se fosse uma célula suja, célula de inclusão) - Bacterioscopia: diminuição/ausência de lactobacilos e presença de gardnerella vaginalis, mobiluncus, bacteroides * Tratamento - Pacientes sintomáticas: devem ser tratadas - Pacientes assintomáticas (50-70%) que irão fazer algum procedimento devem ser tratadas: histerectomia, colpoperineoplastia, cesariana, curetagem, biópsia de endométrio, histerossalpingografia, inserção de DIU, gestante (pois está associada ao trabalho de parto prematuro e à endometrite pós-parto) - Medicação de escolha: Metronidazol VO ou tópico, durante 5-7 dias - Cuidado: faz interação com warfarin - Caso alergia: Clindamicina - Estudos comparando metro 7 dias X dose única comprovaram que 7 dias são melhores - Tratamento do parceiro de rotina não é recomendado: somente em caso de infecção de repetição - recomendar evitar relações sexuais durante o tratamento e não fazer uso de bebida alcoólica(dá sensação de morte iminente quando uso de metronidazol) * Recorrências - ocorre geralmente em paciente com imunidade baixa, stress, fatores psicológico, relações sexuais frequentes - Metronidazol VO, 2g/dia, 2x/semana – 6 meses - Metronidazol 0,75% gel, 2x/semana – 6 meses → Candidíase * Introdução - Agente etiológico: Candida albicans - Prurido é o principal sintoma, ardência vulvar, disúria, dispareunia - Hiperemia vulvar, edema e fissuras, maceração da pele - Corrimento branco, aderente, tipo leite coalhado em vagina ou colo “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 43 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Importância Clínica - Nem toda queixa de prurido vulvar significa candidíase! - Não dá para confiar somente na queixa, pode ser somente uma ardência - Causam prurido também: herpes, HPV, líquen * Diagnóstico - pH vaginal normal (3,4 a 4,5) - Exame a fresco: realizado com soro fisiológico ou com KOH 10% → visualização de pseudo-hifas (40%); quando, KOH10%, permite 70% de visualização; - Citologia oncótica (detecta 50% dos casos assintomáticos) - Bacterioscopia vaginal (menor sensibilidade) - Cultura (meio Saboureau): reservar para casos recorrentes ou complicados; importante para identificar espécies não albicans ou casos de candidíase recorrente * Tratamento - A escolha do tratamento deve ser baseada no quadro clínico - Tratamento tópico X oral: tem que avaliar o quadro da paciente, se usa medicamentos, pois VO é mais prático por ser dose única porém é hepatotóxico, já o tópico dá uma maior sensação de conforto porém é mais trabalhoso → Andreia falou que usa mais VO pela praticidade - Clotrimazol/Miconazol/Terconazol - Fluconazol/Cetoconazol/Itraconazol - O uso de medicação VO na gestação é contraindicado, então preferir miconazol ou isoconazol (cremes vaginais, são mais seguros) “Que o seu caminho sejaleve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 44 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Tratamento da Candidíase de Repetição - Definição: 4 ou mais episódios de vulvovaginite fúngica sintomática por ano (5-8%) “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 45 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL → Tricomoníase - Agente: Trichomonas vaginalis - Transmissão sexual (DST) e o parceiro pode ser assintomático - Corrimento amarelo esverdeado, espumante, odor fétido - Pode estar associado a prurido e/ou irritação vulvar, assim como sintomas urinários (disúria, polaciúria) - Hiperemia da mucosa com colpite difusa (colo com aspecto de framboesa ou em morango) * Diagnóstico - pH vaginal > 4,5 - Exame a fresco: seria o exame ideal, no qual se vê o parasita móvel - Bacterioscopia e citologia: menos sensível e menos confiável, se a tricomoníase for sugerida no preventivo, é bom realizar o exame a fresco para confirmar * Tratamento - Metronidazol VO 2g dose única: é o tratamento de escolha - Outra opção: Tinidazol VO 2g dose única - O tratamento tópico pode ter falha de 50%, portanto não é recomendado - Imidazólicos tem interação com álcool - Sempre tratar o parceiro (é uma DST) * Persistência - Metronidazol VO 2g – DU/dia, durante 3 a 5 dias → Vaginite Citolítica - É causada pela excessiva proliferação dos Lactobacillus e pela redução do pH vaginal - Etiopatogenia desconhecida: não se sabe se é a redução do pH que promove a hiperproliferação de lactobacilos ou ao contrário - Sintomas: corrimento esbranquiçado e prurido de intensidade variável que piora no período pré-menstrual (paciente relata que só tem corrimento perto da menstruação) - Ardor, queimação, disúria e dispareunia podem estar associados * Achados - Ao exame físico: conteúdo vaginal geralmente aumentado, aspecto flocular, fluído ou em grumos, aderente ou não às paredes vaginais → confunde bastante com candidíase - O pH é igual ou menor eu 4 - Bacterioscopia: aumento excessivo de Lactobacillus, raros leucócitos ou ausência deles, núcleos desnudos e restos celulares (lise de células epiteliais), não são encontradas hifas e/ou esporos → núcleos soltos * Tratamento - Não tem tratamento especifico - Duchas vaginais com bicarbonato de sódio, particularmente no período pré-menstrual (uma semana antes da menstruação) → comprar aplicador, misturar 500mL de água com uma colher de sopa de bicarbonato “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 46 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL CERVICITE → Colo Uterino Normal - o tecido glandular (parte vermelhinha) é maior quanto maior a exposição à hormônio - se a exteriorização do tecido glandular for menor que 0,5 cm é normal → Introdução - A cervicite é a inflamação do epitélio colunar do colo uterino - Os principais agentes etiológicos são: Chalamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae → se fez diagnóstico de uma infecção, deve-se tratar a outra, pois elas coexistem com frequência - É uma DST - Muco opaco, turvo ou purulento (aspecto de leite condensado) - Ectopia polipoide - Colo edemaciado, friável e sangrante com facilidade ao contato (colo avermelhado, sensível) - Parceiro pode referir secreção uretral (uretrite) → Importância clínica - Mais da metade das mulheres infectadas por clamídia e/ou gonococo são oligossintomáticas ou assintomáticas → mas existe tendência de ascensão - Doença inflamatória pélvica (DIP) - Endometrite - Salpingooforite (infecção de trompas e ovários) - Abcesso tubo-ovariano - Infertilidade → Diagnóstico da Cervicite * Coleta de Amostra Endocervical - Cultura em meio de Thayer Martin (gonococo): coletar com swab do colo do útero; mas também já existe PCR para gonococo em kits modernos que já vem com várias pesquisas de agentes comuns combinadas; - Imunofluorescência direta ou PCR (clamídia) → Tratamento “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 47 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Clamídia - Azitromicina 1g VO dose única → pode dar sintomas gastrointestinais, dispépticos, então se paciente com gastrite pode-se fazer uso junto com IBP - Doxiciclina 100 mg VO 12/12 hrs – 7 dias - Eritromicina (estearato) 500 mg VO 6/6 hrs – 7 dias - O parceiro deve ser tratado * Gonococo - Ceftriaxona 250/500 mg IM dose única (preferência) - Ciprofloxacina 500 mg VO dose única - Ofloxacina 400 mg VO dose única - Norfloxacina 800 mg dose única - Tianfenicol 2,5 mg VO dose única - O parceiro deve ser tratado VAGINOSES E CERVICITES → Anamnese Direcionada - Tempo de sintomatologia - Aspecto relatado - Fase do ciclo menstrual em que se manifesta o corrimento - Associação com produtos químicos (troca de sabonete, sabão em pó) - Associação com ingestão de alimentos (dieta hipercalórica, aumento da glicemia) - Associação com o tipo de atividade sexual (frequência, relação anal-vaginal) - lembrar sempre que a paciente pode estar trazendo várias queixas que podem interferir nos corrimentos, como stress, queixas psicológicas, entre outras, então o ideal é que a anamnese seja bem detalhada e global → Exames Auxiliares - Medida pH vaginal - Teste do odor (Wiff test): positivo na vaginose, tricomoníase e sangue → cuidado ao fazer o teste no final da menstruação, pode dar falso positivo - Bacterioscopia → Fatores de Risco para DST - Relacionamento recente (menos de 3 meses) - Sem parceiro fixo ou mais de 1 parceiro nos últimos 3 meses - Parceiro sintomático (secreção uretral ou ulceração genital) - Exame ginecológico sugestivo de presença de cervicite - Achado de outra DST: presença de tricomonas no exame a fresco; verrugas genitais, ulceras genitais → Conduta na Presença de um Agente Sexualmente Transmissível - Convocar e tratar o parceiro - Pesquisar as outras DST do trato genital - Citologia cervicovaginal para HPV: coleta do preventivo - Oferecer sorologia para: sífilis, hepatite B e C, ELISA anti HIV (AIDS) “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 48 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 09 INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS → Introdução - Definição: são doenças transmitidas durante a relação sexual. - Podem ser evitadas com a utilização de métodos contraceptivos de barreira (condons) e com um comportamento sexual monogâmico (desde que o casal compartilhe da mesma ideia). - Avaliar sempre os parceiros. - Diante de uma DST, deve-se rastrear outras em razão da alta incidência de coinfecções. → Epidemiologia - A Organização Mundial de Saúde estima que ocorram, no mundo, cerca de 340 milhões de casos de DST por ano. Nessa estimativa não estão incluídos a herpes genital e o HPV. - Em números, no Brasil, as estimativas de infecções de transmissão sexual na população sexualmente ativa são: Clamydia (1.967.200), Gonorréia (1.541.800), Sífilis (937.000), HPV (685.400), Herpes genital (640.900) - Cerca de 40 agentes microbianos diferentes podem causar DST - Ponto vista reprodutivo: Mycoplasma, gonococos, Chlamydia, => causam DIP - Oncológico: HPV de alto risco - Epidemiológico: AIDS - Segundo o MS do Brasil = 10 milhões de brasileiros são portadores de alguma DST e metade das O+ irão adquirir alguma DST ao longo de suas vidas → Agentes Etiológicos - Vírus: HIV, HBV, HCV, HPV, HSV1 e HSV2, Pox-vírus (Molusco contagioso). - Bactérias: Haemophilus ducrey (cancróide), Klebsiela granulomatis (donovanose), Chlamydia trachomatis (cepas L1, L2, L3 - Linfogranuloma venéreo), Treponema pallidum (Sífilis), Neisseria gonorrhoeae (gonorréia), Mycoplasma hominise genitalium, Ureaplasma urealyticum - Protozoários: Trichomonas vaginalis - Ectoparasitas: Phithirus pubis (Fitiríase) → Linfogranuloma Venéreo (Clamídia) - Doença infecciosa crônica, de transmissão sexual, que causa danos importantes ao sistema de drenagem linfática da infecção (sistema linfático pélvico). - Mula, linfogranuloma inguinal, doença de Nicolas-Favre-Durand - Causado pela Chlamydia trachomatis sorotipos L1, L2 e L3 (bactéria Gram -) - Período de incubação: 1 a 3 semanas * Quadro Clínico - Evolução em 3 fases: lesão de inoculação, disseminação linfática regional e sequelas. 1. Lesão de Inoculação - pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem deixar sequela. - essa fase inicial é assintomática, portanto se não dá dor e não deixa sequela, a paciente não dá tanta atenção e não procura atendimento nessa fase 2. Disseminação Linfática Regional - Ocorre dentro de 4 dias - Cursa com linfadenite inguinal crônica, que forma abscesso e fistuliza por múltiplos orifícios. - Geralmente unilateral (geralmente só uma das regiões inguinais) - Sinais e sintomas gerais: febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna. - forma um bubão 4 dias depois, unilateral, que forma abscesso e drena por vários pontinhos “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 49 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 3. Sequelas - Ocorrem mais frequentemente na mulher. - Elefantíase genital na mulher, fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal. - lembrar que existe um comprometimento da drenagem linfática da região * Diagnóstico - Clínico: adenite inguinal, elefantíase genital, estenose uretral ou retal. - Laboratorial: Gram, Cultura (aspirado do abscesso, baixa positividade), IMUNOFLORESCENCIA, PCR (rápido, sensível e específico) * Tratamento (por 21 dias) - Doxiciclina: 100 mg VO de 12/12h, ou - Tetraciclina: 500 mg VO de 6/6h, ou - Tianfenicol: 500 mg VO de 8/8h, ou - Eritromicina: 500 mg VO de 6/6h. - Bubões podem ser aspirados ou drenados para evitar a formação de ulcerações inguinais - Tratar parceiro se o contato sexual ocorreu durante os 30 dias que precederam o inícios dos sintomas na paciente. → Donovanose - Granuloma inguinal, granuloma venéreo, granuloma contagioso, granuloma tropical, úlcera serpiginosa, úlcera venéreo-crônica. - Causada pelo Calymmatobacterium granulomatis (bacilo Gram -) - Período de incubação: 3 dias a 6 meses - Infecção genital, perigenital e sistêmica de evolução crônica e progressiva - Lesão nodular subcutânea, serosa, que ulcera, cresce e sangra fácil (lesão em “bife sangrante”) - Indolores, auto-inoculáveis, raramente associadas a adenopatia satélite (com fibrose e linfedema) - lesão ulcerada que qualquer coisa faz sangrar, paciente vai botar a calcinha e sangra, mas não dói - Forma clínica mais comum: úlcero-vegetante, com granulação e sangramento fácil - Cura incomum sem tratamento, com destruição tecidual e cicatrizes retráteis, deformantes e estase linfática C Cervicite L Linfogranuloma venéreo AM Adenite que fistuliza em orifício Múltiplo I Imunoflorescência (ou PCR) DIA Tratamento com Doxiciclina ou Azitromicina “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 50 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Diagnóstico - Esfregaço ou biópsia: Corpúsculos de Donovan (Giemsa) → é uma inclusão bacilar no citoplasma de macrófagos. * Tratamento - Doxiciclina: 100 mg VO de 12/12h por 21 dias - Ciprofloxacina: 750mg VO de 12/12h por 21 dias - Sulfametoxazol + Trimetropim:160/800mg VO 12/12h por 21 dias - Tetraciclina: 500 mg VO de 6/6h por 21 dias - Tianfenicol: 500 mg VO de 12/12h por 14 dias, após tianfenicol 2,5 g dose de ataque - Eritromicina: 500 mg VO de 6/6h por 21 dias - Alertar paciente para a longa duração do tratamento e acompanhar semanalmente para avaliar evolução. - Investigar parceiro com contato sexual durante os 60 dias prévios ao início dos sintomas na paciente - Tratamento cirúrgico para lesões muito extensas - Caso não haja resposta em 7 dias, pode-se associar gentamicina 1mg/kg EV de 8 em 8 horas → reavaliar depois → Cancro Mole - Cancro mole, cavalo, úlcera de Ducreyi, cancróide, cancro venéreo simples. - Causado pelo Haemophilus ducreyi (bacilo Gram -) - Período de incubação: 2 a 14 dias - Lesão ulcerada, muito dolorosa, de borda irregular e com fundo necrótico. - Homem: sulco bálano-prepucial e frênulo. - Mulher: fúrcula e face interna dos grandes lábios. - Comum em baixo nível socioeconômico - Linfonodos atingidos em 30 a 50% dos pacientes (bubão), inguino- crurais, unilaterais em 2/3. Geralmente no homem. Fistulização por orifício único em 50%. Extremamente doloroso. - lesão ulcerada extremamente dolorosa, irregular, que também acomete a região inguinal principalmente unilateral porém fistuliza por orifício único DO Dói N Não O Olhar o Donovan V Vulva sangrante A Áreas avermelhadas NO Nodulares S Sulfametoxazol+trimetropim E Eritromicina “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 51 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Diagnóstico - Clínico, epidemiológico - Laboratorial: exame direto (base da úlcera ou aspirado do bubão corados por Gram), Cultura, PCR ou biópsia * Tratamento - Azitromicina: 1 g VO, dose única - Tianfenicol: 5 g VO, dose única - Ceftriaxona: 500 mg (IM), dose única (250mg não existe mais no Brasil) - Ciprofloxacina: 500 mg VO 2x/dia por 3 dias → contraindicada para gestantes - Eritromicina : 500 mg VO 4x/dia por 7 dias. - Os sintomas nas úlceras normalmente melhoram após 3 dias e, objetivamente, dentro de 7 dias. - A resolução clínica da linfadenopatia é mais lenta que a úlcera e pode requerer aspiração, incisão e drenagem - Parceiros sexuais de pacientes com diagnóstico de Cancro mole: examinar e tratar, independente da presença de sintomatologia, se tiveram contato sexual nos últimos 14 dias que precederam as queixas. 1. Se a paciente não melhorar em 7 dias, deve-se verificar: a) se o diagnostico está correto b) se o paciente está co-infectado com outra DST c) se o paciente é infectado pelo HIV d) o tratamento não foi prescrito ou cumprido corretamente e) A cepa de H. ducreyi causadora da infecção é resistente ao antimicrobiano prescrito. → Sífilis - Cancro duro, cancro sifilítico, Lues. - Causada pelo Treponema pallidum - Transmissão: principalmente por contato sexual e vertical após 4 - 5º mês gestação (congênita). - Período de incubação: 2 a 4 semanas. * Período Primário - O período primário da sífilis é caracterizado pelo cancro duro ou protossifiloma, uma lesão primária, geralmente nos órgãos genitais. Em 50% dos casos há linfadenomegalia regional em 1 a 2 semanas após o início do cancro - Úlcera única em 50%, firme, arredondada, bem definida, com fundo limpo e brilhante, secreção serosa escassa, bordas elevadas em base esbranquiçada e indolor. - Se lesão primária na mulher: vulva é mais acometida. Outros locais: períneo, parede e fundo de saco vaginal. - Duração: 3 a 6 semanas, e desaparece independente de tratamento e sem deixar cicatriz. - lesão ulcerada única, bem definida, com fundo limpo brilhante, não dói, que dura algumas semanas e some, então as vezes a paciente também não procura atendimento; * Período Secundário e Terciário - Disseminação dos treponemas - Ocorre 4 - 8 semanas após cancro genital - Roséola: assintomáticas, não pruriginosas, não descamativas. M Muita dor O Orifício único (fistulização) L Linfadenopatias E Eritromicina/Azitromicina “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 52 MariaEduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Posteriormente: lesões papulosas palmo-plantares, placas mucosas, alopécia e adenopatia generalizada. - Período terciário: acometimento cutâneo, ósseo, cardiovascular, nervoso etc. * Diagnóstico - Clínico, epidemiológico - Laboratorial: . pesquisa de T. pallidum em campo escuro, confirma o diagnóstico . VDRL – torna-se reativo a partir de 30-50 dias após inoculação; baixa especificidade; usado também para acompanhamento de resposta ao tratamento . FTA-Abs IgG/IgM – alta sensibilidade e especificidade; é o primeiro a positivar * Tratamento - tratar o parceiro exposto (Azitromicina 1g VO DU). - Repetir VDRL em 1, 3, 6 e 12 meses após tratamento. Geralmente negativam. FTA-Abs pode ficar reativo pelo resto da vida (importante saber pois no futuro, se pedir um teste desse, pode dar positivo mas não vai significar nada porque foi um tratamento de sífilis de 20 anos atrás) - Realizar Anti-HIV em todas as pacientes - Gestantes devem ser dessensibilizadas se alérgicas à penicilina (internar a paciente e chamar o serviço de alergia) - Duração desconhecida, tratar como sífilis tardia OBS: durante a gravidez → tratar igual sífilis latente tardia → Benzetacil 2,4milhões UI IM 1x semana por 3 semanas → Herpes genital - é uma infecção recorrente - Agente: Familia Herpes viridae → Herpes virus hominis → HSH-1 (lábios) e HSH-2 (genitais) - Período de incubação: 2 a 20 dias - Transmitida principalmente pelo contato sexual e também pelo contato direto com lesões ou objetos contaminados, desde que haja solução de continuidade. - A maioria das infecções é transmitida por pacientes que desconhecem sua situação (são assintomáticos no momento da transmissão) → não sabem que tem - Pródromos: hiperestesia, parestesia, mialgias, ardência ou prurido antecedendo o aparecimento das lesões. - Localização: mais frequentemente glande e prepúcio no homem e pequenos lábios, clitóris, grandes lábios, fúrcula e colo do útero na mulher “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 53 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Lesões: pápulas eritematosas de 2 a 3 mm, seguindo-se de vesículas agrupadas com conteúdo citrino, que se rompem dando origem a ulcerações, posteriormente recobertas por crostas sero-hemáticas. - Adenopatia inguinal dolorosa bilateral pode estar presente em 50% dos casos. - são pápulas pequenas que seguem por vesículas de conteúdo citrino que estouram e ardem/queimam, com possível adenopatia - Recorrência: recorre com facilidade, mas o quadro clínico fica menos intenso que o da primo-infecção, associada a traumatismos, menstruação, estresse físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada e imunodeficiência. * Diagnóstico - Clínico (na maioria das vezes, já podendo começar o tratamento se tiver certeza) - Laboratorial: . Citodiagnóstico: Método de Tzanck (útil como método auxiliar) . Biópsia: não indicado rotineiramente; . Cultura: é a técnica mais específica para detecção da infecção herpética. A sensibilidade varia com o estágio da lesão. É progressivamente menor em lesões vesiculosas, pustulosas, ulceradas e crostosas. Difícil obtenção, na prática diária. * Tratamento - A quimioterapia antiviral oferece benefício importante para a maioria dos pacientes sintomáticos e constitui-se na principal medida do manuseio clínico, seja no primeiro episódio, nas recorrências ou como terapia supressiva. - Estas drogas: não erradicam os vírus latentes, não diminuem o risco, a frequência ou a intensidade das recorrências após a descontinuação da droga. - O “tratamento tópico” apresenta benefício clínico mínimo e seu uso não é mais recomendado. 1. Primeiro Episódio - Aciclovir 400 mg oral 3x /dia por 7-10 dias, ou - Aciclovir 200 mg oral 5x/dia por 7-10 dias, ou - Famciclovir 250 mg oral 3x/dia por 7-10 dias (bem caro), ou - Valaciclovir 1 g oral 2x/dia por 7--10 dias. NOTA: O tratamento deve ser prolongado se a cicatrização não for completa após 10 dias. 2. Recorrências de Herpes Genital - O tratamento deve ser iniciado no aparecimento dos pródromos (dores articulares, aumento de sensibilidade, prurido) → para diminuir o tempo da paciente com sintomas clínicos das lesões - Aciclovir 400 mg, VO, 8/8 horas, por 5 dias. - Famciclovir 125 mg, VO, 12/12 horas, por 5 dias; ou - Valaciclovir 500 mg, VO, 12/12 horas, por 5 dias; ou → Gonococcia - Definição: processo inflamatório da mucosa uretral e genital, causado pela Neisséria gonorrhoeae - Infecção genital e/ou extragenital (endocardite, peri-hepatite, artrite, conjuntivite) - Associação com Chlamydia em 40 a 60% e Trichomonas vaginalis - Risco em uma única exposição de adquirir gonococo: 20% para o homem e 80% para a mulher * Sintomas - 60 a 80% dos casos são assintomáticos - Quando sintomáticos: secreção endocervical mucopurulenta sem odor (sai pus pelo colo do útero) e pode até fazer uma DIP (doença inflamatória pélvica) - Sintomas uretrais: disúria, polaciúria, piúria e/ou corrimento uretral amarelado → atenção para pacientes que tem infecção urinária de repetição, pode ser uma uretrite por gonococo “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 54 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * Diagnóstico Laboratorial - Cultura de secreção endocervical ou uretral em meio de “Thayer- Martin” - Bacterioscopia pelo Gram → presença de diplococos Gram ( - ) intracelulares * Tratamento 1. Dose Única - Azitromicina 1g VO - Tianfenicol 2,5g VO - Ofloxacina 400mg VO - Norfloxacina 800mg VO - Ciprofloxacina 500mg VO - Espectinomicina 2g VO - Ceftriaxona 125 mg IM 2. Por 7 a 10 dias - Doxiciclina 100 mg VO 12/12hs ou - Tetraciclina 100 mg VO 6/6hs ou - Tianfenicol 500 mg VO 8/8hs ou 12/12hs ou - Eritromicina 500 mg VO 6/6hs GESTANTES: Estearato de Eritromicina ou Tianfenicol ou Ceftiaxona * Recomendações - Tratar sempre o parceiro (de preferência com dose única) - Solicitar sorologias p/ outras DSTs - Abstinência sexual - Repetir cultura após 7 dias do tratamento - Tratamento específico se associações com outras doenças (Trichomonas , Chlamydia) → Casos Clínicos Caso Clínico 1 - S.V.D., 24 anos - Refere aparecimento de “pequena ferida na vagina”, indolor, há 3 semanas, com desaparecimento espontâneo - “íngua na virilha” há 1 semana → fistulizando por múltiplos orifícios “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 55 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Febre, mal-estar e artralgia antes da linfadenopatia. R: Linfogranuloma venéreo Caso Clínico 2 - A.V.G., 24ª - Queixa-se de dispareunia nas últimas 2 semanas - Cefaléia leve - Ao exame, lesão ulcerada em parede lateral da vagina - Traz namorado para exame, que refere úlceras dolorosas em pênis R: Cancro mole Caso Clínico 3 - F.S.P., 25ª - Lesão ulcerada indolor de longa data em grandes lábios - Surgiu como pápula endurecida dolorosa, que posteriormente se abriu com secreção fétida e que sangrava facilmente ao toque. - Atualmente sem parceiro sexual fixo - Lembrou que ainda guarda foto do ex-namorado na carteira → ex-namorado de F.S.P. : C.R.M., 23a R: Donovanose Caso Clínico 4 - J.S.A., 23 a. - Há alguns dias, aumento da sensibilidade e “coceira” vulvar; - “Íngua” dolorosa em virilha; - “bolhinhas” agrupadas que evoluem com secreção clara no interior, dolorosas e que coçam muito. - dor em membro inferior, febre e mal-estar. - R: Herpes genital Caso Clínico 5 - K.D.S., 22 anos - Iniciou com “íngua” móvel, indolor e múltipla; - Refere lesão ulcerada em vulva, endurecida e de fundo brilhante; - Nega dor na lesão - Sem sintomas sistêmicos - Recordou-se que ex-namorado “não eraum tipo confiável” e num atlas de DST, identificou a lesão que ele apresentava. R: Sífilis “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 56 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 57 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 10 ANTICONCEPÇÃO CLASSIFICAÇÃO • Reversíveis: métodos comportamentais (tabelinha, temperatura basal, muco cervical, sintotérmico, coito interrompido, ducha vagina), métodos de barreira (preservativo, diafragma, capuz cervical, espermicida), dispositivos intrauterinos (DIU), hormonais e de emergência • Definitivos: laqueadura tubária e vasectomia (vasectomia dá para reverter, a laqueadura é muito difícil reverter, as trompas tem estruturas complexas) EFICÁCIA DOS MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS - A eficácia de um método contraceptivo diz respeito a capacidade desse método de evitar gestações em um período de tempo, geralmente no decorrer de um ano. - Indicada pelo índice de Pearl: quanto mais baixo o valor, menor a falha e maior o sucesso - Índice de Pearl: número de falhas x 12 meses x 100 mulheres / número total de meses de exposição - Não confundir o conceito de eficácia com efetividade! A eficácia de um método está relacionada ao resultado obtido quando o uso é correto. Já a efetividade é o resultado obtido pelo uso rotineiro, ou seja, correto e incorreto. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE - Categoria 1: método pode ser utilizado sem qualquer restrição. - Categoria 2: uso do método pode apresentar risco menor que o benefício. Utilizar com cautela e acompanhamento médico. - Categoria 3: uso do método pode estar associado a risco superior ao benefício, não devendo ser utilizado. Somente se não houver outra opção e com vigilância médica rigorosa → “contraindicações relativas” para o uso - Categoria 4: uso do método determina risco à saúde, inaceitável → contraindicações absolutas. - quem pode usar, quem deve ter cautela e quem é contraindicado ESCOLHA DO MÉTODO - A escolha do método contraceptivo ideal é fundamental para garantir a aderência e continuidade do uso, impactando no seu grau de efetividade. - Essa escolha é individual e deve ser orientada pelo profissional de saúde, pois leva em conta aspectos clínicos, incluindo idade, fatores de risco e doenças associadas e aspectos socioeconômicos. - Por isso, é fundamental que o médico avalie através da anamnese e exame físico, fatores que contraindique o uso do método naquela paciente. DIU (DISPOSITIVO INTRAUTERINO) DIU Resumo Cobre e Prata : Pearl 0,4 em 12 meses e 2,1 em 10 anos • Hormonal ( Mirena ): Pearl próximo de zero • Categoria 4: gravidez , infecção puerperal, DIP, cervicite, sangramento desconhecido, câncer genital , alterações anatômicas do útero . • Categoria 3: hipermenorréia, puerpério imediato ( 28 dias) , risco de DSTs, AIDS, doença trofoblástica benigna. • Categoria 2: adolescente, anemia, miomas, endometriose, dismenorréia, • Categoria 1: puerpério mediato ( até 48h)puerpério tardio ( >4 sem ), pós aborto , idade > 35 anos, HAS , DM , Dça tromboembólica, cefaléia, epilepsia… - O DIU age por meio de uma resposta inflamatória citotóxica que é espermicida, com aumento na produção local de prostaglandinas e inibição da implantação. Além disso, há alteração na mobilidade espermática, com menor ascensão dos espermatozoides para o trato genital superior. - Para colocar precisa de Preventivo e usg transvaginal, pede beta-hcg. Usar anestesia - Hormonal: Mirena (SIU de levonogestrel - SIU- LNG) → índice de Pearl próximo de zero; é um dispositivo de poliuretrano em forma de T que libera 20mcg levonorgestrel por dia; Pode ter efeito anovulatório, inibe a menstruação na maioria das vezes e dura 5 anos; Novo DIU Kailena- menor e com menos hormônio - Não hormonal: DIU de Cobre e Prata → índice de Pearl de 0,4 em 12 meses e 2,1 em 10 anos; dura de 5 e 10 anos, é espermicida, permite a ovulação e menstruação; - prata: é como se fosse um de cobre com camada de prata por fora, diminui efeitos colaterais que acontecem no de cobre, tem um efeito de diminuir inflamação - cobre: pode causar efeitos colaterais como aumento “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 58 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL de fluxo menstrual e dismenorreia - método tem muito sucesso se tiver acompanhamento → faz transvaginal anual e preventivo para acompanhar - Categoria 4: gravidez, infecção puerperal (ex: puerperite), DIP, cervicite (clamídia, gonorreia), sangramento desconhecido, câncer genital, alterações anatômicas (fazer um US transvaginal antes de colocar para avaliar anatomia, tamanho do DIU) - Categoria 3: hipermenorreia, puerpério imediato (28 dias - risco de expulsão), risco de DTS’s, AIDS, doença trofoblástica benigna - Categoria 2: adolescente (pelo risco de infertilidade futura por possível endometrite), anemia, miomas, endometriose, dismenorreia - Categoria 1: puerpério imediato (até 48h - como meio de saúde pública, pois por vezes, pacientes não vão procurar atendimento em saúde posteriormente), puerpério tardio (mais de 4 semanas), pós aborto, idade maior que 35 anos, HAS, DM, doença tromboembólica, cefaleia, epilepsia CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA - Pode ser indicada no ato sexual desprotegido, falha ou uso inadequado do método contraceptivo em uso ou violência sexual, existindo 3 escolhas: yuzpe, levonorgestrel ou DIU - Método Yuzpe: E (100) + P (0,5), usado até 72h depois da relação com intervalo de 12/12h - Levonorgestrel (0,75) até 72h depois da relação com intervalo de 12/12h - DIU pode ser inserido até 120h após - Pearl do DIU é de 6,5%, enquanto os outros são de 12,2% - yuzpe e levonorgestrel são em duas tomadas - métodos apresentam índices de bastante falha - Aumento da frequência de uso: como método contraceptivo, pacientes acabam usando altas doses, aumenta risco de complicações, diminuição da sua eficácia e acentuar distúrbios menstruais. - ex: pozato, postinor, levonorgestrel, pilem TIPOS DE ANTICONCEPÇÃO HORMONAL • Orais combinados: monofásicos, bifásico e trifásicos • Orais contendo somente progestágeno • Injetáveis: combinado mensal, progestágeno trimestral • Implantes: somente progesterona → é subcutâneo, não tem muito controle de ciclo, é mais caro, gera um pouco de ganho de peso Anéis vaginais: droga combinada → Nuvaring, é um anel de silicone, fica 21 dias, tira 7 dias e depois recoloca outro; - Adesivo cutâneo (patch): droga combinada → fica 1 semana com adesivo e 1 semana sem HORMÔNIOS - Estrogênio: etinilestradiol (maioria), estradiol (novas pílulas) - Progestágeno: derivados da 17-OH-progesterona (medroxiprogesterona, clormatidona, ciproterona, dienogeste, nomegestrol, trimegestona), derivados da 19-nortestosterona (estranosnoretisterona, acetato de noretisterona, etinodiol, noretinodrel, linestrenol, norgestrel, levonorgestrel, gestodeno, desogestrel, norgestimato), derivado da espironolactona (drospirenona) → a partir do progestágeno é que se individualiza os casos; PARTICULARIDADES • Gestodeno: maior poder anti-gonadotrófico (bloquear as gonadotrofinas) → bom para pacientes com descontrole de ciclo mesmo usando ACO corretamente, pacientes que não consegue bloquear o fluxo; • Ciproterona: maior efeito anti-androgênico → é o que tem melhor efeito para acne, hirsutismo, ovário policístico; são os mais trombogênicos (Diane, Selene); • Drospirenona: maior poder anti- mineralocorticoide → útil para paciente com muita retenção de líquido, que fica muito “inchada” com pílula; são os 2°s mais trombogênicos (Iumi, Yaz); • Levonorgestrel:menor efeito tromboembólico → menor risco de trombose; OBS: quanto maior o nível de estradiol, maior o risco de trombose; CONTRACEPTIVOS HORMONAIS COMBINADOS - Os CHCs possuem a combinação de um estrogênio e um progestogênio no mesmo método. - CHC: Pílulas contraceptivas de uso oral, o injetável mensal, o adesivo transdérmico e o anel intravaginal. - pílulas com maior ação antiandrigênica tem maior chance de trombose - O mecanismo de ação dos CHCs ocorre pela inibição da ovulação. - O componente progestagênico inibe predominantemente a secreção de hormônio luteinizante (LH), bloqueando o pico desse hormônio necessário para ovulação. Já o componente estrogênico age predominantemente sobre o hormônio folículo estimulante (FSH), impedindo o desenvolvimento folicular e a emergência do folículo “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 59 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL dominante. - O estrogênio apresenta duas outras funções: estabilizar o endométrio, evitando a descamação irregular (spotting) e potencializar a ação do progestágeno, por meio do aumento dos receptores intracelulares para esse hormônio. - BENEFÍCIOS do uso dos contraceptivos hormonais combinados: 1. Reduz o fluxo menstrual; 2. Reduz a dismenorreia; 3. Reduz os transtornos pré-menstruais; 4. Regulariza o ciclo menstrual; 5. Diminui o risco de câncer de mama e de endométrio; 6. Reduz o risco de DIP e gestação ectópica. CONTRA INDICAÇÕES ANTICONCEPCIONAL ORAL COMBINADO - Os ACOs combinados são formulações que associam o etinilestradiol a diversos progestágenos. - Contraindicações: CA de mama, Doença hepática, Enxaqueca com aura, Trombofilias, Uso de algumas medicações, Tabagismo e idade > 35 anos, HAS não controlada, Histórico de AVC ou IAM, DM com complicação 1. MODO DE USAR ACO - Iniciar o uso da pílula no primeiro dia da menstruação (ao iniciar o uso do ACO, primeira vez) - ingerir uma pílula por dia no mesmo horário (se ficar tomando uma de manhã, no outro dia uma a tarde, ele pode perder a eficácia) - pausa de acordo com o medicamentos (21 ou 28 dias) - uso de pílula contínua: pode ter um risco → atrofia de endométrio (problemas para engravidar e escape por vezes), mas não tem muito problema nisso, pode emendar pílula tranquilo A) ESQUECIMENTO DA PÍLULA - Deve-se evitar sempre - Se acontecer, tomar a pílula logo que lembrar - se lembrar somente na hora da tomada da pílula seguinte (no outro dia), tomar as duas juntas - se ocorrer esquecimento de duas consecutivas, tomar a pílula do dia mais uma, por dois dias consecutivos (ex: esqueci segunda e terça, só lembrei quarta → quarta toma a de quarta+segunda, quinta toma a de quinta+terça) - se esquecimento de três pílulas consecutivas, suspender o uso do ACO, esperar menstruar e iniciar novamente no quinto dia do sangramento - no esquecimento: sempre usar método de barreira por 14 dias seguido AC INJETÁVEL MENSAL - Perlutan, Preg-Less, Aldijet (enantato de estradiol/acetofenido de algestrona) → combinado - Mesigyna, NoreGyna, Daiva (valerato de estradiol/enantato de noretisterona) → combinado - Injeções mensais: a primeira vez deve ser feita no quinto dia do ciclo (pode fazer 1 dia depois, caso haja alguma intercorrência), e as seguintes a cada 30 dias. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 60 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL O sangramento menstrual ocorre a cada três semanas após o 22° dia da injeção. A aplicação ocorre via intramuscular no músculo deltoide. - Pearl próximo de zero (não depende de tomada) - bom para quem tem problemas de adesão com métodos diários, que esquece ou tem problema com engolir pílulas Sintomas: Mastalgia, tontura, cefaleia, aumento de peso (sintomas podem ocorrer mas muito pouco) Injetavel só Progestágeno : ac de medroxiprogesterona( Depo-provera, Contract,Sayana), amenorréia, spotting, ganho de peso, demora para retornar a ciclos ovulatórios - até 12 meses. ANEL VAGINAL - Nuvaring (etonogestrel / etinilestradiol): É um anel de evastane, transparente, leve, flexível. Cada anel contém 2,7 mg de etinilestradiol e 11,7 mg de etonogestrel. - Iniciar o uso entre o 1 (preferencia) e o 5 dia do ciclo. Inserir em forma de “8”; não necessita circundar o colo. Usar por três semanas consecutivas. Retirar ao final da terceira semana (21 dia) para ocorrer sangramento de privação. Realizar pausa de sete dias. Após a pausa, é reiniciado novo ciclo com a colocação de outro anel. - Pearl: 0,65 - Excelente método de controle do ciclo, com muito pouco efeito colateral (excelente para pacientes com escape) - Intolerância à lactose: muito bom para essas pacientes, pois as pílulas tem lactose - Boa indicação para pós-bariátrica - Menor efeito tromboembólico - São vantagens não exigir o uso diário, como o contraceptivo oral, e o fato de manter a proteção contraceptiva por mais sete dias em caso de esquecimento da data da troca. - Os efeitos adversos podem ser sangramento de escape ou spotting, cefaleia, vaginite, leucorreia, ganho de peso, náusea e expulsão do anel. - paciente tem certo receio de colocar, mas depois acostuma e normalmente é bem aceito - tem app do Nuvaring para ajudar com as datas, lembrar de retirar, colocar - custo é um problema (70 reais/mês) ADESIVO CUTÂNEO - Evra (etinilestradiol / norelgestromina) - Iniciar no primeiro dia do ciclo, colocando 1 adesivo por semana durante 3 semanas, e pausa de 7 dias - O adesivo deve ser colocado sobre a pele limpa e seca, podendo ser aplicado no abdome inferior, na parte externa do braço ou na parte superior das nádegas. Pressionar o adesivo por 10 segundos, até que os bordos estejam bem aderidos. Iniciar uso no 1° dia do ciclo, usar um adesivo a cada sete dias, realizando a troca no mesmo dia da primeira aplicação (o horário não precisa ser o mesmo). Usar por três semanas consecutivas, retirando o terceiro adesivo ao final dos 21 dias e aguardar o sangramento de privação. - Pearl de 0,65 - Bem indicado para que tem intolerância ao ACO e para quem esquece muito - Evitar aplicação próximo às mamas - geralmente colocado no braço, glúteo, abdome: é bom rotacionar o local de posição do adesivo, pois pode irritar a pele pela próprio patch - problema: custo alto - Em pacientes com mais de 90kg, esse dispositivo pode apresentar redução de eficácia, não sendo, portanto, recomendado. CONTRACEPTIVOS APENAS DE PROGESTOGÊNIO - Esses contraceptivos possuem como hormônio apenas a progesterona. - Dentro desse grupo está a pílula de progesterona isolada, o injetável trimestral, o implante subdérmico e o SIU de levonogestrel. ACO PROGESTÁGENO - Noretisterona: Micronor, Minipil, Norestin - Levonorgestrel: Nortrel - Desogestrel: Cerazette, Kelly, Nactali, Pérola - geralmente prescrito para Lactantes (mini-pílula): pois não inibem a produção de leite; prescrito seis semanas após o parto ou, no mínimo, 14 dias antes do retorno da atividade sexual - usado também em algumas patologias de base: tabagismo, hipertensão, DCV - Índice de Pearl de 2,5 / 100 mulheres /ano - pílulas de progesterona é sempre contínuo, não existe pausa - Efeitos adversos: acne, cefaleia, mastalgia, sangramento irregular - PROGESTÁGENO ISOLADO (EX: DESOGESTREL): Está indicado durante a amamentação, em mulheres que não podem ou não desejam usar pílulas com estrogênio. O uso deve ser contínuo, isto é, uma pílula por dia, sem interrupção. Tem a vantagem de poder “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 61 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL ser tomado com atraso de até 12 horas, sem comprometer a sua eficácia. Os eventos adversos mais comuns sãosangramento irregular, oligomenorreia ou amenorreia, acne, mastalgia, náuseas, aumento de peso, alterações do humor e diminuição da libido. - MINIPÍLULA Composto de acetato de noretindrona e levonorgestrel, sendo uso contínuo. Usada em pacientes em aleitamento e na perimenopausa. Essas medicações promovem efeito contraceptivo através do espessamento do muco cervical e inibição da implantação do embrião no endométrio, não possuindo efeitos anovulatórios. Quando prescritas no puerpério de mulheres que amamentam, podem ser seis semanas após o parto ou, no mínimo, 14 dias antes do retorno da atividade sexual. O uso deve ser bastante regular, respeitando rigorosamente o horário de tomada. Se a paciente esquecer 1 ou 2 comprimidos, tomar um assim que lembrar e outro no horário habitual, utilizando métodos adicionais até que 14 comprimidos tenham sido tomados. Se esquecer mais de 2 comprimidos, iniciar outro método de contracepção até que ocorra fluxo menstrual. * INJETAVEL TRIMESTRAL - Medroxiprogesterona (Depo-provera, Contract, Sayana) - O contraceptivo injetável trimestral geralmente é utilizado em pacientes que possuem contraindicação ao uso de estrogênios. - Como efeitos adversos, pode estar presente o sangramento intermenstrual, edema, ganho de peso, acne, náuseas, mastalgia, cefaleia, alterações do humor e redução da densidade mineral óssea. - demora para retornar a ciclos ovulatórias de até 12 meses; - É aplicado via intramuscular na nádega ou músculo deltoide a cada três meses. IMPLANTES SUBDÉRMICOS - Dispositivos contendo progestágenos como o etonogestrel (Implanon - dura 3 anos, custando em torno de 1500 reais) e o levonorgestrel (Norplant – dura até 5 anos). - Esse dispositivo é implantado na parte subdérmica do antebraço, entre os músculos bíceps e tríceps. - O implante de etonogestrel tem uso seguro durante a amamentação - Pearl = zero - Efeitos colaterais: sangramentos irregulares (paciente sangra e não sabe quando), spotting, acne, dismenorreia e ganho de peso PÍLULAS VAGINAIS - Lovelle (etinilestradiol LNG): não teve muita aderência no Brasil - Iniciar esquema no quinto dia do ciclo - coloca-se 1 pílula a cada 21 dias e pausa por 7 dias CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E DOENÇAS - HAS: • para pacientes com hipertensão leve + menos de 35 anos + não tabagista, não há contraindicação ao ACO de baixa dosagem de estrogênio; • para outras categorias de hipertensão, o ideal é usar ACO progestágeno ou DIU; - LES, SAF, AAF, trombofilias: • categoria 4 para ACO combinado, • categoria 3 para progestágeno, • categoria 1 para DIU; - Artrite reumatoide: • não contraindica ACO combinado; Qualquer método. - DST: • sem restrição para ACO combinado; • o DIU é contraindicado (risco de DIP); • sempre estimular uso de camisinha nessas pacientes; - HPV: • nenhuma contraindicação; • sempre estimular uso de camisinha (apesar de métodos de barreira por vezes não prevenirem completamente o HPV, pois as lesões podem estar em qualquer local) - Doenças neuropsiquiátricas: • fazer esterilização cirúrgica – categoria 3 (precisa de autorização judicial, laudo do psiquiatra); • uso de carbamazepina reduz ação do contraceptivo; - Enxaqueca com aura e/ou enxaqueca comum com mais de 35 anos: • recomenda-se DIU; • ACO é categoria 3; - CA de mama: • vários estudos sugerem que os ACO não desempenharam fator de risco; - ATB: • Descrito somente a rifampicina diminuiu o efeito contraceptivo hormonal → isso está na “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 62 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL descrição, mas é complicado confiar, então é importante orientar uso de barreira para as pacientes que vão usar ATB OBS: DIU não tem ação nenhuma com ATB, somente medicações via oral MANEJO DE PROBLEMAS • Náusea: tentar tomar à noite ou com alimentos; se não funcionou, tentar mudar para uma via não oral; • Cefaleia: avaliação se é durante uso da pílula ou pela pausa da pílula; orientar pílula contínua; • Amenorreia: afastar gestação ou trocar progestágeno (as vezes a pílula causa muita atrofia) • Spotting (sangramento de meio de cartela): afastar esquecimento (mesmo que só um dia), horário de uso (se toma um dia de manhã outro de tarde), verificar êmese (se paciente vomita), verificar colo, aumentar dose do progestágeno • Paciente pós bariátrica disabsortiva: NÃO pode fazer uso de ACO, geralmente pode-se usar DIU Cigarro aumenta chance de trombose, mais que o álcool. Mis prescritos: • UBS: ciclo 21, microvilar, Level. • Consult: elani, yasmin, gestodeno, “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 63 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 11. INFERTILIDADE CONCEITO Homem ou mulher, é considerado infértil quando apresenta alterações no sistema reprodutor que diminuem sua capacidade ou o impedem de ter filhos. O casal é considerado infértil após de 12 a 18 meses de relações sexuais frequentes e regulares, sem nenhum tipo de contracepção, não consegue a gestação. • Se a mulher: o Mais de 35 anos o tempo é 6 a 12 meses, ou menos. o Mais de 40 anos, 3 ou 4 meses. *A fertilidade é do casal e a responsabilidade na dificuldade em ter filhos pertence aos dois. *SEMPRE: ajustar a ciência ao bom-senso e ao bem- estar do casal *A mulher tem uma queda progressiva da fertilidade ao longo dos anos, o que se acentua após os 35 anos *Alguns estudos têm demonstrado que em homens com mais idade há um declínio progressivo da fertilidade. *a perda da fertilidade é um fato inexorável para homens e mulheres, embora a idade da mulher conta muito mais. CLASSIFICAÇÃO Infertilidade pode ser: o Primária, quando o casal nunca engravidou o Secundária, quando já houve gestação anterior. EPIDEMIOLOGIA o Até 15% dos casais em idade fértil apresentam dificuldade para engravidar, e metade deles terá de recorrer a tratamentos de reprodução assistida. o o número de mulheres que tem seu primeiro filho ao redor dos 20 anos diminuiu em um terço desde 1970, ao passo que o daquelas na casa dos 30 ou 40 anos quadruplicou neste mesmo período. o 13% dos casos de infertilidade feminina podem ser atribuídos ao cigarro. o Homens: o nas últimas décadas um aumento de 20% no número de pais com idade superior a 35 anos. o mais homens entre 50 e 65 anos têm procurado os serviços médicos em medicina reprodutiva. ETIOLOGIA Mulher (40%) • Causas anatômicas • Causas hormonais - ovulatórias • Endometriose • Cromossômicas /Genéticas • Causas Imunológicas • Outras Homem (40%) • Espermograma alterado - Concentração • Motilidade • Morfologia • Cromossômicas /Genéticas • Outras *A relação da idade do homem com a fertilidade envolve muitos fatores, entre eles, os hormônios sexuais, disfunção erétil, função testicular, alterações genéticas do sêmen e a fragmentação do DNA espermático. *A Infertilidade Inexplicável, ou Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA), é a dificuldade de um casal para engravidar sem nenhuma razão aparente, após um ano ou mais de relações sexuais frequentes e sem o uso de qualquer método anticoncepcional. Aproximadamente de 10% a 15% dos casais inférteis pertencem a esse grupo. OS FATORES DE INFERTILIDADE NA MULHER I. Fator hormonal e fator ovariano: problemas hormonais da mulher e da ovulação; • representa cerca de 50% dos casos de infertilidade por causa feminina. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 64 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL • Anovulação ou defeito (disovulia) • Realizaravaliação hormonal e reserva ovariana. II. Fator anatômico: pesquisa da integridade anatômica do útero, tubas, colo uterino e aderências; III. Fator endometriose; IV. Outros: fatores imunológicos e trombofilias. NO HOMEM V. Fator masculino. O fator masculino é responsável, isoladamente, por 30% a 40% dos casos de infertilidade. Para todos os casos se avalia: o Espermograma o Capacitação espermática o Espermocultura OS DOIS VI. Infertilidade de causas genéticas/cromossômicas; VII. Infertilidade Inexplicável – Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA) QUANTO TEMPO ESPERAR PARA COMEÇAR A PESQUISA DA FERTILIDADE? CHANCE DE ENGRAVIDAR? • 20% ao mês -> se não tem nenhum tipo de problema e mantenha relações sexuais nos dias férteis conceber por meios naturais. • Pode chegar a 50% ao mês -> em mulheres com menos de 35 anos. COMO DEFINIR O MOMENTO IDEIAL? Considerar: • o histórico do casal (por exemplo, se tem antecedentes como SOP ou endometriose); • o tempo de infertilidade (quanto mais tempo, maior a dificuldade) • e a idade da mulher, pois, após os 35 anos: o Chances de sucesso: diminuem; o Risco de aborto: aumenta o Risco de anomalias cromossômicas (aneuploidias). • A ansiedade do casal: o uma vez definido o desejo de ter filhos, a cada mês que o bebê não vem, ela aumenta mais e mais. INVESTIGAÇÃO Anamnese completa. o Avaliação ginecológica básica o Exames ginecológicos recentes o Hábitos, estilo de vida e vícios o Histórico clínico do casal, principalmente da mulher que possam interferir na gravidez ou no parto. o Doença de base presente que exige cuidados especiais: ▪ epilepsia, diabetes, pressão alta, anemia, alergias, trombofilias, além de cirurgias e gestações anteriores complicadas. o Avaliação do nível de ansiedade/estresse o Pesquisa de doenças infecciosas. o Sorologias para Sífilis, Hepatites A, B e C, HIV 1 e 2, HTLV 1 e 2, Rubéola, Toxoplasmose, Citomegalovírus e Chagas. o Imunização (vacinas) o Calendário de vacinas em dias; o Avaliar imunidade contra rubéola. o Antecedentes familiares o Antecedentes cirúrgicos e obstétricos o Exames básicos o Hemograma completo, Glicemia de jejum, Tipagem Sanguínea ABO-Rh, Coombs Indireto, avaliação da tireoide, Urina I (com urocultura) o conteúdo vaginal (na mulher). o Pesquisa de alterações hormonais (LH, FSH 3°a 5° dia do ciclo, Prolactina, tsh, t4LIVRE, SDHEA, testosterona total e livre, progesterona, androstenediona) o Pesquisa de ovulação: *Dosagens de progesterona sérica no 21º dia do ciclo menstrual: valores acima de 1,5 mg/ml são sugestivos de ovulação. *Biópsia de endométrio: feita entre 19º-26º dia do ciclo menstrual, através de anátomo- “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 65 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL patológico mostrando endométrio secretor. Indicamos, somente se associada a outras avaliações como histeroscopia, avaliação de células Natural killers (NK) no endométrio, pesquisa de endometrite. * Ultrassonografia transvaginal seriada: acompanha-se o crescimento do folículo que, nos momentos que antecedem a ovulação, atinge seu tamanho máximo (mais ou menos 20 mm). Se houver ovulação, este folículo se transforma em corpo lúteo. o Pesquisa de reserva ovariana (Ant Mulleriano- AMH, Inibina B) * mulheres com valores de AMH abaixo do esperado devem ser alertadas sobre o risco de uma falência ovariana precoce. *Ultrassonografia (Mais barata que a dosagem do AMH, com acurácia semelhante): realizada entre o 3º e o 5º dia do ciclo menstrual, avalia o tamanho, o volume dos ovários e a presença de folículos antrais. A contagem de folículos antrais (antral follicle count - AFC) consiste em contar todos os folículos de tamanho entre 2 e 10 mm. o Pesquisa de doenças genéticas e cromossômicas (Cariótipo com Banda G- 46XX e 46XY) o Realizar testes se houver riscos para qualquer doença hereditária. o Exemplos: ▪ anemia falciforme, ▪ doença de Tay-Sachs ▪ e a Fibrose Cística o Verificar tratamentos previamente realizados o Exames avançados para pesquisa da fertilidade o histerossalpingografia o Histerossonografia o Videolaparoscopia o Vídeo-histeroscopia o Fator endometriose: dosagem no sangue de um marcador chamado CA125 e por imagem suspeita vista pelo ultrassom com preparo intestinal. o Trombofilias: anticorpos anticardiolipina, anticoagulante lúpico e beta-2-glicoproteína o Avaliação avançada do endométrio: imuno- histoquímicas como pesquisa de células NK (em biópsia colhida entre 19o e 26o dia do ciclo) e pesquisa de endometrite (CD138); ERA (Endometrial Receptivity Array), um exame de receptividade endometrial; EMMA (Análise Metagenômica do Microbioma Endometrial) e ALICE (Análise de Endometrite crônica). HÁBITOS E ESTILO DE VIDA DO CASAL ALIMENTAÇÃO SAUDAVEL Uma dieta apropriada: • antes e durante a gravidez é bom para a saúde geral da mãe e essencial para um feto nutrido. • Além disso, a dieta interfere na fertilidade do homem e da mulher. EXERCÍCIOS FÍSICOS Exercícios moderados são recomendáveis, desde que não haja contraindicação. No geral em demasia afetam a ovulação e a concentração dos espermatozoides. Homens (exercício em demasia): • Abaixa o nível de testosterona; “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 66 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL • exercícios extenuantes, musculação ou corrida quatro vezes por semana podem ter uma diminuição expressiva na sua quantidade e qualidade de espermatozoides o queda da concentração de 43%, diminuição da motilidade e aumento de formas imaturas. o uso de bicicleta por cinco ou mais horas semanais está associado à redução na concentração e motilidade do sêmen, por aumento da temperatura na região genital. Mulheres: • o exercício em excesso pode levar a perturbações hormonais, ovulação inadequada e até amenorreia. PESO CORPORAL • Em relação à fertilidade, tanto a obesidade quanto o baixo peso podem ser prejudiciais. Ambos causa distúrbios ovulatórios. o 12% das causas de infertilidade são resultados do excessivo ou baixo peso. o Mulheres obesas demoram até duas vezes mais tempo para engravidar. leva a menor taxa de implantação e maior taxa de aborto. o pacientes abaixo do peso normal podem levar até quatro vezes mais tempo. o Extremo baixo peso podem inclusive entrar em amenorreia hipotalâmica. • Ideal peso corporal adequado antes e durante a gravidez; • acima do peso podem ter uma gravidez desconfortável, além de possíveis problemas médicos, como hipertensão, pré-eclâmpsia e diabetes. • abaixo do peso podem ter bebês com baixo peso ao nascer. RELAÇÕES SEXUAIS Eficiência reprodutiva aumenta com o número das relações, sendo a frequência ideal a cada um ou dois dias, num total de pelo menos duas a três vezes por semana. • devem acontecer na época da ovulação, para logo ocorrer a fecundação e da implantação dos embriões. Aumentando a chance de sucesso. • Deve-se saber se há ereção e ejaculação, se há penetração completa, se o parceiro ejacula dentro da vagina ou se usa algum lubrificante. • Lubrificantes mesmo a base de água, podem atrapalhar a motilidade dos espermatozoides TABAGISMO E INFERTILIDADE o o cigarro é considerado o veneno reprodutivo mais potente do século 21. o chance três vezes maior de sofrerem de infertilidade o No homem, alteram a produção dos espermatozoides e a qualidade do sêmen. o Homens que fumam têm muito mais espermatozoides anormais que os não fumantes. o Na mulher, o cigarro altera a motilidade tubária, a divisão das células do embrião, formação do blastocisto, muco cervical, receptividade endometrial (mesmo com óvulos/embriões doados) e implantação. o aceleraçãoda diminuição da reserva ovariana. o A fertilidade é reduzida em 25% nas mulheres que fumam até 20 cigarros ao dia, e em 43% naquelas que fumam mais de 20 cigarros. dose dependente. o Necessitam duas vezes mais tentativas de fertilização in vitro (FIV) que as não fumantes, o Durante a gestação, pode aumentar a incidência de restrição de crescimento fetal, placenta prévia, descolamento prematuro da placenta e parto prematuro. o Aumento do risco de abortamento (aumento em até 27%) e a gravidez ectópica. o O Filhos de fumantes: o prejudica a fertilidade do filho homem. provável por mutação genética o mais dificuldade no aprendizado escolar. o maior chance de câncer. o bebês nascidos de mães que fumam tendem a nascer prematuramente, têm menor peso ao nascer e são mais propensos a morrer de síndrome da morte súbita infantil (SMSI). o pior desempenho em testes de QI e seu crescimento físico pode ser mais lento. *Os efeitos são validos para fumantes passivos. DROGAS RECREATIVAS Todas elas agem no sistema nervoso central: estimulando, bloqueando e interferindo nos hormônios, principalmente do eixo hipotálamo-hipofisário, fundamentais para o bom funcionamento do sistema reprodutor. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 67 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL ÁLCOOL O consumo crônico e prolongado, no entanto, prejudica ambos esses aspectos, podendo atingir mais de 80% do comprometimento de tais funções nos dependentes. Três ou mais drinques por dia têm 60% maior risco de apresentar infertilidade No homem: • Diminui o desempenho e o desejo sexual. • Atrofia as células de Leydig, produtoras de testosterona, causando infertilidade. • Provoca danos à irrigação sanguínea, causando impotência ligada à falta de ereção. • Diminui o número e a qualidade dos espermatozoides. • Está associado a comportamento sexual de risco, levando às DSTs. Na mulher: • Interfere no eixo hipotálamo-hipofisário, podendo levar a oligo/ • amenorreia e anovulação. • Aumenta o risco de infertilidade. • Aumenta o risco de abortamento. • Interfere no desenvolvimento fetal. • Está associado a comportamento sexual de risco, levando às DSTs. • Leva a ganho de peso, pois bebidas alcoólicas são hipercalóricas. CAFEÍNA • consumo moderado (1 a 2 xícaras por dia) não demonstra efeitos adversos na fertilidade ou na gravidez. • Alta dose (> 500 mg/dia, equivalente a 5 xícaras por dia) está associada à queda da fertilidade feminina. • Durante a gravidez, consumir mais de 300 mg/dia de cafeína aumenta o risco de aborto. EXPOSIÇÃO A SUBSTÂNCIAS NOCIVAS: É bem difícil, praticamente impossível, evitar o contato com diversas dessas substâncias. Mas, importante saber. • Evitar a exposição a substâncias químicas e tóxicas, como o chumbo e pesticidas, e à radiação. • Produtos encontrados no meio ambiente que interferem na fertilidade: o PERCLOROETILENO, TOLUENO, FTALATOS, BISFENOL, FORMALDEÍDO, ÉTER GLICOICO, SOLVENTES, CHUMBO, CLORIDRATO DE DE HIDROCARBONETO, PESTIÇIDAS (DDT), ARSÊNICO, CÁDMIO, MERCÚRIO, fURANS OU FURANE. • Dioxinas, furanos e PCBs: as dioxinas, que agrupam substâncias como o furano e PCBs, formam um grupo de compostos muito tóxicos ao ser humano. produzidas principalmente na natureza pela queima de produtos orgânicos que contêm cloro, na presença de pouco oxigênio (combustão). PREVENÇÃO DE DEFEITOS CONGÊNITOS Ácido fólico: três meses antes. • Preferir: Metilfolato (0,4 mg) por dia essa é a forma ativa do ácido fólico. • Ácido fólico 400 microgramas (0,4 mg) por dia; • Alimentos: grãos vegetais de folhas verdes, nozes, feijão, cereais matinais fortificados, legumes, frutas como laranjas, melão e banana, grãos, leite e carnes de órgãos (como fígado de frango). • Para evitar: alterações encefálicas ou na medula espinhal. O IPGO recomenda para todo casal infértil o uso de: • vitamina C (500 mg/dia) • vitamina E (400 UI/dia) *durante todo o tratamento. CONDUTA Deve ser baseada na: o idade da mulher (força decisiva), o no tempo de infertilidade, o na ansiedade e expectativa do casal o e na disponibilidade econômica. o Historia clinica do casal. o Ansiedade dos dois Mulher é extremamente jovem e está tentando engravidar há pouco tempo (um ano, por exemplo), o aguardar ou realizar tratamentos simples e conservadores: o indução da ovulação (ou relação sexual programada, coito programado, “namoro” programado). o Para esses casais, a introdução de terapias naturais ou complementares e algumas mudanças de hábitos podem trazer benefícios. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 68 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Mulheres com mais idade o Oferecer tratamentos com maiores chances de êxito (inseminação intrauterina, FIV), pois, com o passar dos anos, as chances de gravidez diminuem gradativamente. É necessário que tenha a resposta para as seguintes perguntas: 1. Em quanto esse tratamento vai aumentar as chances de gravidez? 2. Quais são os potenciais riscos, complicações e efeitos colaterais? 3. Qual a duração média do tratamento para que se possa obter 1. bons resultados? 4. Em caso de falha, haverá outras alternativas após o término desse tratamento? 5. Qual o custo? AVALIAÇÃO FERTILIDADE MASCULINA “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 69 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE FEMININA “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 70 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Fonte: Cap 2 e 3 Cambiaghi, Arnaldo Schizzi Manual prático de reprodução assistida para o ginecologista : direto ao “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 71 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL assunto / Arnaldo Schizzi Cambiaghi, Rogério de Barros Ferreira Leão, -- 1. ed. --São Paulo : LaVidapress Editora, 2013. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 72 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 12. DISMENORREIA DEFINIÇÃO - O termo “dismenorreia” é derivado de palavra grega que significa fluxo menstrual difícil. Também denominada algomenorréia, menalgia ou odinomenorréia, se refere à menstruação difícil, desagradável, dolorosa. - Conceito: Dor abdominal aguda, cíclica, tipo cólica associada ou antecedendo o período menstrual, de intensidade leve a severa, eventualmente incapacitante. Localiza-se geralmente em hipo-gastro, eventualmente irradiada para região lombar e face interna das coxas. Pode cursar com náusea, vômitos, diarreia, fadiga, nervosismo, tonturas e cefaleia → irradiada por dermátomo, tudo isso cursando com reação vagal a essa reação excessiva à dor - "Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tais danos" → a expectativa da dor já pode gerar incômodos - no passado era mais comum, pois hoje em dia o uso de ACO ajudou muito na prevenção da dor; INCIDÊNCIA - Acomete principalmente adolescentes e mulheres jovens. De prevalência não bem estabelecida, pois dor é de apreciação subjetiva, sendo em geral referida espontaneamente pela paciente. - Sua ocorrência é estimada entre 10% a 52% dessa população, e destas, 10% ficam incapacitadas ao trabalho por 1 a 3 dias todo mês. FATORES DE RISCO CLASSIFICAÇÃO - Primária, essencial, intrínseca, funcional ouidiopática. - Secundária, sintomática, extrínseca, adquirida ou orgânica → secundária a algum fator desencadeante * DISMENORREIA PRIMÁRIA - Ocorre em pacientes sem lesões orgânicas. - O início da dor é normalmente de 6 meses a 2a após a menarca, coincidindo com o início dos ciclos ovulatórios. Frequente desaparecimento com a gestação e o parto e possui associação com síndrome pré menstrual - não se sabe como desaparece durante gravidez, talvez pela distensão do segmento inferior do útero que estende as fibras e faz com que elas sejam mais resistentes ao espasmo que ocorre durante a dismenorreia - Etiologia: não bem estabelecida, destacam-se as teorias miometrial, psicogênica, endócrina e a influência exercida pelas prostaglandinas e leucotrienos. - Maior liberação de prostaglandina no fluxo menstrual, especialmente das PGF-2-alfa e PGE-E, que causam a contração uterina e dor. - A vasopressina poderia participar da gênese dessa afecção, aumentado a contratilidade uterina. - Identifica-se aumento dos níveis sanguíneos de vasopressina, elevação da atividade de 5-lipoxigenase e aumento da síntese de leucotrienos (substancias pró-inflamatória) durante a menstruação, induzindo a contração da musculatura uterina levando a hipóxia, isquemia e dor. - mais relacionada com mulheres mais jovens por reação vagal - Investigação: exame clínico, físico e de imagem → vão ser normais, portanto diagnóstico de exclusão * DISMENORREIA SECUNDÁRIA - Decorre de enfermidades orgânicas: endometriose pélvica, leiomioma do útero, doença inflamatória pélvica, distopias uterinas (prolapsos), estenose do canal do colo do útero (cauterizações), uso de DIU (pelas reações de corpo estranho que promove – os DIU’s com progesterona vem com ação anti- inflamatória); - Pode ocorrer em ciclos anovulatórios, de início mais tardio, aparecendo após anos de menstruações indolores. - mais relacionada à sangramento e dor pélvica durante relação sexual - investigação: anormalidades pélvicas pelos exames clínicos e de imagem 1. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DISMENORREIA SECUNDÁRIA “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 73 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - Ginecológicos: adenomiose, menometrorraigia (coágulos), miomatose, aborto, anomalia uterina congênita, DIU, corpo estranho, DIP, aderências pélvicas, gravidez ectópica, carcinoma endometrial, carcinoma ovariano; - Não ginecológico: síndrome do cólon irritável, constipação crônica, DII, dor múculo-esquelética, infecção do trato urinário, cálculo renal → não tem relação temporal com o período menstrual DIAGNÓSTICO - Anamnese (clínico + exclusão) - Exame físico ->>>>>>>>>> - Laboratório: se necessário, para ver se tem infecção de trompa ou abdome agudo; - Ultrassonografia: mais utilizado pelo custo benefício; - Laparoscopia: recurso interessante, visualiza cavidade abdominal, procurando endometriose, etc → Graduação da Intensidade da Dismenorreia Grau Atividade Diária Sintomas Analgésicos Grau 0: fluxo menstrual sem dores e atividades diárias não afetadas. Não afetada Nenhum Não necessários Grau 1: menstruação com dores, porém raramente inibe as atividades diárias ou necessitam de analgésicos. Pouca dor. Raramente afetada Nenhum Raramente necessários Grau 2: incapacitação para prática de atividades habituais, analgésicos são utilizados; faltas às atividades não são usuais. Dor moderada. Moderadamente afetada Poucos Necessários Grau 3: atividades habituais claramente afetadas. Baixa eficácia dos analgésicos, presença de todos os sintomas sistêmicos relacionados. Dor intensa. Claramente afetada Aparentes Baixa eficácia TRATAMENTO * DISMENORREIA PRIMÁRIA - Repouso, calor local, acupuntura, banho de imersão quente, atividade física (liberação de endorfina, que aumenta tolerância à dor). - Vitamina B6, B1, E; Magnésio; Ácidos graxos; Ômega- 3 → tentativa quando os recursos acabam, mas tem resultados pobres - Analgésicos (Dipirona, Paracetamol) e antiespasmódicos (Buscopam) : primeira linha de tratamento durante a crise - Contraceptivos orais (90%): principalmente em mulheres com vida sexual ativa - AINH (17 a 95%): se ACO não for suficiente isoladamente, utilizado durante a véspera da menstruação - DIU com progesterona: quando a paciente tem desejo de engravidar e não se adapta ao ACO - não tem doença de base, é simplesmente dor, uma “enxaqueca pélvica”; “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 74 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL * DISMENORREIA SECUNDÁRIA - Tratar a causa orgânica: estabilizar a causa de base para melhorar da dismenorreia. SOGC clinical practice guidline canadense. “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 75 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 76 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 13. DOR PÉLVICA CRÔNICA DEFINIÇÃO - Dor não cíclica, com pelo menos de 6 meses de evolução, de localização pélvica, irradiada para parede abdominal/região lombar baixas ou nádegas, intensa o suficiente para causar incapacidade ou requerer cuidados - Prevalência de até 24%, com repercussão significativa social/econômica conforme o indivíduo. - A intensidade pode não se correlacionar com o fator desencadeante (dor é relativa) e o tratamento clínico ou cirúrgico pode não ser efetivo. - Condição complexa que envolve neurônios centrais e periféricos, de etiologia não completamente esclarecida, que pode envolver vários órgãos e sistemas, com sintomas se sobrepondo (pelve contém bexiga, ureteres distais, TGI distal, músculos, ossos e nervos – isso tudo pode doer) - Condições não ginecológicas, desde neuralgia do pudendo à síndrome da bexiga dolorosa, podem causar DPC. - Com frequência é associada à dor crônica em outras localizações (ex: fibromialgia). ETIOLOGIA DA DOR PÉLVICA CRÔNICA DIAGNÓSTICO - Anamnese + aplicação do mapa da dor (estilar a identificação da região da dor por meio de uma figura) - Exame Físico: costas, abdômen, pelve, procurar pontos “gatilho” . teste do cotonete (tocar cotonete em diferentes regiões da vulva para localizar pontos dolorosos) . teste de Carnet: pede-se para que a paciente faça flexão de coxas e da cabeça e palpa-se a região abdominal, se referir dor, provável que seja dor da parede abdominal; se a paciente referir dor somente quando o abdome relaxado é palpado, provável que seja dor visceral; - Exames complementares → USG, RNM, TC se urgência - mulheres submetidas à exame de imagem tem maior chance de referir melhora das queixas (Cochrane Database) “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 77 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL TRATAMENTO - Avaliação multidisciplinar - Intervenções comportamentais - Terapias alternativas: acupuntura, massagem, meditação, dieta, neuromodulação c/ TENS, terapia cognitiva Algoritmo da Academia Americana de Médicos de Família ETIOLOGIAS GINECOLÓGICAS DA DOR PÉLVICA CRÔNICA - Aderências pélvicas, Adenomiose/Miomatose, Causas tubárias, Varizes pélvicas, Endometriose * ADENOMIOSE - Infiltração do endométrio através das fibras do miométrio → perda da integridade do miométrio, que é ocupado por faixas de endométrio - Pode levar a quadros de hipermenorragia, dismenorréia e dor em peso no hipogástrio. - Antecedentes de manipulação uterina prévias, como curetagens, partos normais, cesarianas ou miomectomias, estão presentes na maioria dos casos.- Endometrites de repetição e hiperestrogenismo (SOP) podem estar entre os fatores causais. - Diagnóstico: através de USG (aspecto em favo de mel) e/ou ressonância magnética, com confirmação através de exame histopatológico do útero. - Tratamento: o mais eficaz é a histerectomia. Quando existe o desejo reprodutivo, pode-se tentar levar a paciente à amenorreia por meio de anticoncepcionais orais administrados de forma contínua ou DIU de levonorgestrel. * ADERÊNCIAS PÉLVICAS - Surgem em decorrência de atividades inflamatórias peritoneais, por exemplo após cirurgia abdominais (mela manipulação), DIP, endometriose, gravidez ectópica, apendicite, entre outras. - traves de tecido fazem com que órgãos fiquem grudados “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 78 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL - A formação de aderências diminui a mobilidade de órgãos pélvicos. - A dor piora com a movimentação e raramente apresenta ciclicidade com o período menstrual. - suspeita: dor pélvica com história de manipulação abdominal prévia, passado de gravidez ectópica ou de infecção de trompas - Diagnóstico: Laparoscopia - Tratamento: Cirúrgico (cauterização das aderências e liberar a região tracionada) * CAUSAS TUBÁRIAS - A hidrossalpinge é a dilatação tubária com acúmulo de conteúdo seroso em seu interior, decorrente de obstruções que impedem a drenagem do muco produzido pelo epitélio tubário. - causa mais comum: doença inflamatória pélvica - Diagnóstico é feito por ultrassonografia: imagem serpetiforme - Tratamento: Quando sintomática, a salpingectomia deve ser indicada. * VARIZES PÉLVICAS - É a dilatação e tortuosidade das veias gonadais, principalmente a gonadal esquerda. - sangue entra com pressão pelas artérias e tem dificuldade de sair pela baixa pressão das veias - A dor normalmente é descrita como “em peso” ou “queimação”, podendo ser cíclica. - É encontrada, em geral, nas multíparas, já que o calibre das veias ovarianas durante a gestação aumenta aproximadamente 60 vezes, levando a lesões valvares, predispondo a varizes. - Diagnóstico: através de ultrassonografia com doppler e flebografia (arteriografia com contraste, seria o exame definitivo mas não se faz de rotina pois é muito invasiva). - Tratamento: ligadura da veia ovariana; como alternativa a cirurgia, tem-se a embolização. * ENDOMETRIOSE - Condição inflamatória crônica que afeta 6 a 10% das mulheres na menacme, caracterizada pela presença de tecido endometrial fora da cavidade endometrial, afetando peritônio e ovários. - Considera-se sua etiologia multifatorial. - Associada principalmente à dor pélvica, dispareunia, infertilidade, podendo afetar intestino e bexiga. - mecanismo mais associado seria o refluxo da menstruação para a cavidade abdominal; - na maioria das vezes, se fizer uma laparoscopia de mulheres menstruadas, ocorre refluxo da menstruação para cavidade abdominal, mas na maioria das vezes esse refluxo é absorvido; o que pode ocorrer é de esse refluxo se implantar em alguma região da trompa, ovário ou peritônio e começar a responder ao ciclo menstrual, responder aos hormônios (estímulos de crescimento), provocando processo inflamatório local, que provoca dor; - pode ter na cicatriz da cesariana, pulmonar, de mama, etc QUADRO CLÍNICO Infertilidade, dismenorreia, dispareunia ou dor pélvica crônica. • Dor: está relacionada à inflamação peritoneal, infiltração profusa com lesão tecidual, formação de aderências, espessamento fibroso e coleção de sangue menstrual eliminados por implantes endometrióticos (mais comum de ser achado no ovário – endometrioma). • Infertilidade: devido a aderências que bloqueiam a motilidade túbulo-ovariana e a captação do óvulo. DIAGNÓSTICO • exame clínico • USG transvaginal com ou sem preparo (funciona mais para lesões de ovário), • RNM (grau de invasão de órgãos), • CA-125 (recidivas da doença), • laparoscopia (padrão ouro, referência), • anatomopatológico (2º referencial). TRATAMENTO - abordagem cirúrgica com laparoscopia (melhora dor 78-80%): quando paciente muito sintomática e com queixa de infertilidade - contraceptivos orais - progestagênios (inibição da produção de estrogênio que é um indutor do crescimento do tecido endometrióide) - Analgésicos, AINH (alívio da dor) - Amitriptilina + gabapentina, nortriptilina + gabapentina (2º escolha) → no alívio da dor - Dienogeste (progesterona) - Danazol (age inibindo a secreção de GnRH e diretamente a esteroidogênese) - Gestrinona (antiprogestacional de ação longa com efeitos androgênicos, antiestrogênicos e antiprogestogênicos) - Agonistas do hormônio liberados de gonadotrofina- GnRH (pseudomenopausa). OBS: endometrioma pequeno com menos de 3cm, pode ser abordado com ACO, progestágeno ou dienogeste “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 79 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 80 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL 14. SÍNDROME PRÉ MENSTRUAL (SPM) CONCEITO - Variedade de sintomas físicos, psicológicos e comportamentais recorrentes que acontecem durante 7 a 10 dias antecedendo ao período menstrual, desaparecendo ao instalar-se o fluxo, portanto, cíclico e exclusivo da menacme. QUADRO CLÍNICO Sintomas Somáticos Sensibilidade mamária ou dor Inchaço abdominal ou inchaço Dores de cabeça Doença de pele Ganho de peso Inchaço das extremidades (mãos ou pés ou ambos) Dor nas articulações, dor muscular, dor nas costas. Sintomas Comportamentais / Psicossomáticos Alterações de humor (sentir-se subitamente triste ou chorar, sensibilidade aumentada à rejeição) Irritabilidade, raiva, agressão Ansiedade, solidão, desesperança Humor deprimido, confusão, tensão Distúrbios do sono Mudanças no apetite, comer demais ou desejos específicos de comida Fadiga, letargia ou falta de energia Inquietação, pobre concentração, retraimento social Não está no controle Falta de interesse em atividades usuais TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ-MENSTRUAL * Critérios Diagnósticos do DSM-IV para Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (RCOG 2015) A- Na maioria dos ciclos menstruais, 5 ou mais dos seguintes sintomas presentes, com pelo menos um deles sendo dos itens 1, 2, 3 ou 4: 1- Humor marcadamente deprimido, sentimentos de desesperança ou pensamentos auto-depreciativos. 2- Ansiedade marcada, tensão, sensação de estar "preso" ou "na borda". 3- Labilidade afetiva marcada (por exemplo, sentindo- se repentinamente triste ou lacrimosa ou com maior sensibilidade à rejeição). 4- Raiva ou irritabilidade persistente e acentuada ou aumento de conflitos interpessoais. 5- Sentido subjetivo de dificuldade em se concentrar. 6- Diminuição do interesse em atividades usuais (por exemplo, trabalho, escola, amigos, hobbies). 7- Letargia, fácil fatigabilidade ou falta acentuada de energia. 8- Marcada mudança no apetite, excessos ou desejos específicos de comida 9- Hipersonia ou insônia. 10- Uma sensação de estar sobrecarregado ou fora de controle. 11- Outros sintomas físicos, como sensibilidade mamária ou inchaço, dores de cabeça, dores articulares ou musculares, sensação de "inchaço", ganho de peso. B. Interferência com o trabalho, escola ou relações sociais. C. Os sintomas devem estar presentes na maior parte do tempo durante a última semana da fase lútea (pré-menstruação) e ausentes durante a semana após a menstruação. D. O distúrbio não pode ser apenas uma exacerbação dos sintomas de outro distúrbio. E. Confirmação por avaliações diárias prospectivas de dois ciclos menstruais consecutivos. INCIDÊNCIA - Atinge 8% a 32% das mulheres em idade reprodutiva.Algumas populações em até 95% em algum período. - 3% a 5% das mulheres são classificadas como subgrupo (desordem disfórica pré-menstrual), com quadro clínico predominantemente psicológico (menos sintomas somáticos) - Início mais frequente na adolescência até os 20 anos. - Sintomas presentes na maioria dos ciclos, e pioram com a idade. - presença de no mínimo 3 meses do quadro clínico para diagnóstico FISIOPATOGÊNESE - Relacionada aos hormônios do eixo hipotálamo- hipófise-ovariano e presença de ciclo ovulatório pela pulsatilidade hormonal e ocorrência apenas na menacne → irregularidades na pulsatilidade (tratamento visa trazer de volta à normalidade) - Inter-relações existentes entre os esteroides sexuais, a prolactina e o sistema renina-angiotensina- aldosterona, justificando os sintomas de retenção hídrica. - Eixo hipotalâmico-hipofisário-supra-renal, que pode agir sobre a reprodução, o apetite, o sentimento de bem-estar e a regulação da resposta de estresse. - Níveis alterados de prolactina podem estar associados à ocorrência de mastalgia. - As endorfinas também teriam papel na SPM, devido “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 81 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL ao seu efeito sobre o humor e o comportamento. - A redução da atividade da serotonina e a elevação da melatonina estão relacionadas com a depressão, a ansiedade e a agressividade. Este fato deve estar relacionada com a fase lútea da mulher com SPM. - A cefaleia tipo enxaqueca resulta da alteração da atividade contrátil da musculatura lisa dos vasos, para a qual concorrem com a serotonina, as prostoglandinas e os estrogênios, agravando-se devido à falha do sistema endógeno de analgesia, por depleção de monoaminas e dos opióides. SINTOMATOLOGIA * Sintomas Neuropsíquicos - Emocionais: astenia, ansiedade, irritabilidade, depressão. - Cognitivos: dificuldade de concentração intelectual e indecisão. - Comportamentais: modificação dos hábitos sexuais, alteração do apetite, dificuldade para o relacionamento interpessoal, agressividade e tentativas de suicídio. - Outros: fogachos, cefaleia, crises epileptiformes (focais). * Sintomas Decorrentes da Retenção Hídrica - Oligúria; - Ganho de peso; - Dor e ↑ volume das mamas; - Dor pélvica e MMIIs - Distensão abdominal. * Outros Sintomas - Náuseas, vômitos e aceleração do trânsito intestinal. - Dores musculares e osteoarticulares. - Taquicardia, dispneia e dor precordial. - Manifestações alérgicas ( rinite, sinusite, prurido cutâneo e vulvar, urticária, asma e conjuntivite). - Hordéolos, hemorragias retiniana e/ou conjuntival. - Acne. DIAGNÓSTICO - Clínico, baseado nas queixas da paciente. - Os sintomas são cíclicos, podem se manifestar até 10 dias antes e desaparecem com o início do fluxo menstrual. - A intensidade dos sintomas pode ser variável, desde exuberante em um ciclo até inexistente no outro. TRATAMENTO - Terapia cognitiva comportamental - Dieta: pobre em carboidrato, gordura e xantinas; pode ter alguma melhora em algumas pacientes; - Exercícios aeróbicos: liberam as tensões emocionais e ativam as endorfinas - Aumento do período de vigília durante a fase lútea (evitar situações estressantes) - Análogos do GNRH (supressão da ovulação): induz menopausa, sendo mais eficaz para sintomas físicos que comportamentais. Efetivo (OR 8.66), mas o uso é limitado por efeitos colaterais. - ACO (supressão da ovulação): maioria inibe ovulação, mas a progesterona exacerba os sintomas. Entrou no mercado a Drospirenona (Yaz), que com intervalo curto melhora sintomas leves, produtividade, atividade social, relacionamento pessoal. - Antidepressivos (fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, escitalopram, venlafaxina, clomipramina): eventualmente quando se tem mais sintomas psicológicos e quando não se tem necessidade de contracepção; promovem melhora dos sintomas auto- relatados de forma significativa por aumento de proteínas transportadoras de serotonina. Efeitos colaterais (náusea, astenia) são dose-dependente e melhoram com uso contínuo (exceto desejo sexual – nesse caso se usa Bupropiona). - Espironolactona: antagonista da aldosterona, mostra-se mais efetivo que placebo para sintomas somáticos (dor nas mamas e edema de MMII). - Vitamina B6, cálcio, erva de São João: demonstram tendência para o benefício, mas muito semelhante ao placebo - Óleo de prímula: pouco efetivo; é mais efetivo na mastalgia do que a síndrome como um todo; - Progesterona: trabalhos não identificaram efetividade ou inefetividade. Algoritmo de Tratamento Primeira Linha Exercício, TCC, vitamina B6 Pílulas combinadas de nova geração (Yasmin, Cilest) ISRS em baixa dose na fase lútea (dia 15- 28) ou contínuo - Citalopram, Escitalopram Segunda Linha Patch de estradiol (100mcg) + progesterona oral (dia 17-28) ou Mirena Altas doses de ISRS contínuo ou na fase lútea (citalopram, escitalopram) Terceira Linha Análogos de GnRH + terapia de reposição hormonal “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 82 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Quarta Linha Histerectomia abdominal total e ooforectomia + terapia de reposição hormonal OBS: terapia de reposição hormonal: prevenção da osteoporose “Que o seu caminho seja leve e que você alcance todos os seus objetivos.” @ludmillacostaoficial 83 Maria Eduarda Guarezi XXXVIII Reorg e acréscimos: Ludmilla Costa XL Pearlstein T (2015)