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Geografia - Livro 4-169-171

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12
CAPÍTULO América Latina
A América Latina se destaca no continente americano não apenas pelo predomínio
da cultura latina com os idiomas espanhol e português e a religião católica , mas
também pela forma como se deu, historicamente, a produção do espaço geográco dos
países que dela fazem parte, marcada pela dependência externa e pelo alto percentual
de pobreza de parte da população
Um desao para a região é a instabilidade política que ronda as nações latinas desde
as suas independências e que já resultou em golpes de Estado, governos populistas e
ditaduras, além da formação de movimentos guerrilheiros e conitos civis.
FRENTE 2
Estátua na entrada do Memorial da América Latina, espaço criado
para integração social, cultural e político dos países de língua latina
e caribenha, localizado na cidade de São Paulo (SP). Foto de 2015.
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GEOGRAFIA Capítulo 12 América Latina170
A América Latina
Há duas grandes regionalizações do continente americano: uma que o divide de acordo com a localização dos países
– América do Norte, América Central e América do Sul – e outra segundo suas características históricas, culturais, políticas
e econômicas – América Anglo-Saxônica e América Latina.
A América Latina compreende a região do continente em que predomina a cultura latina, expressa de forma mais
evidente na língua, que foi majoritariamente imposta e herdada dos colonizadores espanhóis e portugueses. Além dos
países ibéricos, outras nações, como França, Inglaterra e Holanda, também realizaram incursões e colonizações em alguns
territórios dessa região, deixando sua influência cultural.
A região é caracterizada por fatores como subdesenvolvimento, prevalência de produtos básicos (agropecuários e
minerais) na pauta de exportação e industrialização tardia e dependente. Ademais, a América Latina é marcada pela grande
desigualdade, tanto social como territorial, ou seja, há concentração expressiva de renda nas mãos das elites de cada país
e uma diferença significativa de riqueza entre as nações – Argentina, Brasil e México, por exemplo, têm uma economia
mais dinâmica e robusta, enquanto Haiti, Honduras e Nicarágua figuram entre os mais pobres. A região é caracterizada
ainda pela instabilidade política, sujeita a golpes militares e governos populistas.
Os dois únicos países do continente americano que não fazem parte da América Latina são os Estados Unidos e o
Canadá, cujos processos de colonização foram predominantemente anglo-saxões (possuem uma economia desenvolvida
e um sistema político estável com longa tradição democrática). Eles constituem a América Anglo-Saxônica e estão loca-
lizados na América do Norte. Já a América Latina é formada pelo México, que também faz parte da América do Norte, e
pelos países da América Central e da América do Sul.
América: político – 2020
Fonte: elaborado com base em IBGE Atlas geográco escolar 8. ed Rio de Janeiro: IBGE, 2018 p 37, 39 e 41.
OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer
C
írculo
Polar Ártico
Equador
Tr
óp
ico
de
Ca
pri
cór
nio
OCEANO
GLACIAL ÁRTICO
0°
50° O
CHILE
ARGENTINA
URUGUAI
PARAGUAI
EQUADOR
MÉXICO
BELIZE
CANADÁ
ALASCA
(EUA)
ESTADOS
UNIDOS
GUATEMALA
EL SALVADOR
COSTA RICA
HONDURAS SURINAME
Guiana Francesa (FRA)
VENEZUELA
COLÔMBIA
PERU
BRASIL
NICARÁGUA
PANAMÁ
Golfo do
México
Mar do Caribe
BOLÍVIA
Ottawa
Washington
Havana
Belmopán
Guatemala
San Salvador
Brasília
Cidade do México
Panamá
Assunção
Montevidéu
Buenos
Aires
Quito
Lima
La Paz
Santiago
Bogotá
Georgetown
Paramaribo
Sucre
0 1035 km
N
América Anglo-Saxônica
América Latina
Porto
Príncipe
São
Domingo
Roseau
Basseterre
St. John's
wn
Castries
Bridgetown
St George's
Mar do
Caribe
HAITI
REP
DOMINICANA
SÃO CRISTÓVÃO
E NEVIS
ANTÍGUA E
BARBUDA
DOMINICA
SANTA LÚCIA
Porto
Rico
(EUA)
F
R
E
N
T
E
 2
171
O subdesenvolvimento
Diversas teorias buscam compreender e explicar as
raízes dos problemas socioeconômicos da América Latina.
A principal delas se concentra no fato de que o processo
colonizador impôs aos povos da região um Estado que não
atuava em benefício da população. Dessa forma, o mode-
lo desenvolvido, a partir do qual muitas estruturas foram
herdadas, tinha como prioridade o sustento da metrópole
com base em uma relação de exploração em detrimento
dos interesses coletivos dos moradores locais.
Outras duas características presentes na formação da
América Latina foram a escravidão das populações amerín-
dias e dos negros africanos e a concepção das sociedades,
as quais foram desestruturadas pela imposição do modelo
capitalista. Assim, o processo de colonização implementado
na região buscou apenas a exploração de riquezas naturais
para abastecer as metrópoles europeias. Como não houve
uma política de povoamento e de desenvolvimento volta-
da às populações locais, a tecnificação do território ficou
comprometida, ocorrendo tardiamente
A partir de 1948, com a criação da Comissão Econômica
para a América Latina e o Caribe (Cepal), pela ONU, estudos
procuraram demonstrar de modo científico as origens dos
problemas sociais da região. Esses levantamentos objeti-
vavam promover a cooperação entre os Estados-membros
dessa comissão (sobretudo países latino-americanos) em
busca do desenvolvimento econômico e social.
Entre as décadas de 1950 e 1970, estudiosos latino-
americanos, com destaque para o argentino Raúl Prebisch
(1901 1986) e o brasileiro Celso Furtado (1920-2004), atuan-
tes na Cepal, produziram teorias que apontavam como
problema central das economias da região a relação desi-
gual das nações latinas com os países centrais. Ou seja, o
maior problema seria o posicionamento da América Latina
dentro da Divisão Internacional do Trabalho (DIT), fazendo
com que os países da região tivessem uma condição des-
favorável em termos de trocas comerciais.
A influência dos Estados Unidos
A ascensão política, econômica e militar dos Estados Uni-
dos, evidente no início do século XX, fortaleceu suas ações
geopolíticas e seu maior protagonismo na política externa.
Assim, o país estadunidense, em razão de sua proximidade
geográfica, exerceu forte influência no continente americano,
apesar da independência das metrópoles e do processo de
descolonização dos países da região no século XIX.
Já no início do século XIX, com a proclamação da Dou-
trina Monroe (1823), a diplomacia estadunidense, por meio
do lema “A América para os americanos”, deixava claro que
o país era contrário à presença e influência das potências eu-
ropeias no continente, à criação de novas colônias europeias
na região e à intervenção nos assuntos domésticos dos países
americanos. Porém, nessa mesma declaração, os Estados
Unidos também se comprometiam a não intervir em conflitos
e guerras travadas entre as nações europeias e suas colônias.
Um desdobramento da Doutrina Monroe foi a políti-
ca implementada, no início do século XX, pelo presidente
dos Estados Unidos Theodore Roosevelt (1858-1919), que
ficou conhecida como Big Stick Policy (Política do Porrete
Grande), garantindo a manutenção dos interesses econômi-
cos estadunidenses e ampliando a participação do país na
América Latina Essa medida estabelecia, em linhas gerais,
que o emprego da força militar poderia ser acionado se o
diálogo e a diplomacia não fossem suficientes para afastar
a presença estrangeira na região. Ou, ainda, nos casos
que as ações políticas e econômicas internas dos países
latinos pudessem representar algum tipo de ameaça aos
interesses dos Estados Unidos
Nas décadas de 1960 e 1970, no contexto da Guerra
Fria, muitos países latinos sofreram golpes militares com
o apoio político (em muitos casos, também econômico e
militar, com treinamento e oferta de armas) do governo es-
tadunidense Esse suporte ocorreu diante do crescimento
dos movimentos de esquerda, que buscavam chegar ao
poder pela via democrática, como acontecia no Chile, com
a eleição de Salvador Allende (1908 1973), em 1970 o pre-
sidente chilenofoi derrubado em 1973, quando o general
Augusto Pinochet (1915-2006) assumiu o poder e implantou
uma violenta ditadura no país que durou até 1990
Além do Chile, Argentina e Brasil também tiveram suas
recentes democracias encerradas pela chegada dos milita-
res ao poder e pela implementação de governos ditatoriais,
tendo como apoio a atuação de conselheiros estaduni
denses Em outros países, o governo dos Estados Unidos
aparelhou e financiou movimentos contrarrevolucionários
de direita como na Nicarágua, no Peru, na Colômbia e
na Guatemala ou realizou intervenções militares diretas
 como na República Dominicana.
A redemocratização
Na década de 1980, o baixo crescimento econômico,
o grande endividamento, os processos inflacionários galo-
pantes, o aumento do desemprego e o achatamento dos
salários nos países latino-americanos contribuíram para que
o período ficasse conhecido como “a década perdida”. Diante
dessas características e da insatisfação popular, os governos
militares perderam força política, e os movimentos pró-demo-
cratização conseguiram se articular e negociar a retomada
da democracia, com a gradual saída dos militares do poder e
com a constituição de uma agenda de transição, que previu
a realização de eleições diretas para os cargos executivos e
legislativos. Nessa mesma época, a economia soviética dava
claros sinais de enfraquecimento, contribuindo para que os
Estados Unidos percebessem que a “ameaça comunista”
sobre a América Latina deixava de ser crítica como nas duas
décadas anteriores e, assim, passassem a apoiar os processos
de redemocratização, sem deixar de zelar pelos próprios inte-
resses econômicos e de ter possibilidades de ganhos futuros.
Entretanto, a esperança em um futuro promissor tra-
zido pelas liberdades políticas não foi consolidada pela
economia. Diante do cenário financeiro herdado das dé-
cadas anteriores, os novos governantes tentaram resolver
os problemas com políticas mirabolantes, como o conge-
lamento de preços, a dolarização da economia, a restrição
de acesso aos recursos financeiros bancários, a alta dos
juros, entre outras práticas, as quais buscavam estabilizar a
inflação, gerar emprego em ritmo adequado para atender
as demandas internas e evitar a fuga de capitais.

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