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Língua portuguesa - Livro 1-0022

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pela rua povoada,
 mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante.
9a ed. São Paulo: Editora Record, 1983.
Observe os vocábulos destacados em negrito nos
versos 39 a 44 do texto, transcritos abaixo:
“Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem
ver nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.”
Sobre esses vocábulos, de acordo com a gramática
normativa, considere as seguintes armações:
I. o primeiro “o” é um artigo definido e o segundo
é uma forma pronominal oblíqua, assim como a
forma “lo” em “deixá-lo”.
II. a colocação do segundo “o” junto ao advérbio
de negação aproxima-se do registro mais utiliza-
do no português falado no Brasil.
III. “o” e “lo” nos versos “mas não o querem ver” e
“deixá-lo ir sozinho” são formas pronominais que
garantem a coesão referencial anafórica.
Está(ão) correta(s) a(s) armação(ões)
a I apenas.
b III apenas.
c I e II apenas.
d I e III apenas.
e II e III apenas.
53 Vunesp Considere os enunciados a seguir.
I. O senhor não pode deixar de comparecer. Preci-
samos do seu apoio.
II. Você quer que te digamos toda a verdade?
III. Vossa Excelência conseguiu realizar todos os
vossos intentos?
IV. Vossa Majestade não deve preocupar-se uni-
camente com os problemas dos seus auxiliares
diretos.
Verica-se que há falta de uniformidade no emprego
das pessoas gramaticais nos enunciados:
a II e IV.
b III e IV.
c I e IV.
d I e III.
e II e III.
54 Fuvest Leia o texto a seguir.
É mudo aquele a quem irmão chamamos,
E a mão que tantas vezes apertamos
Agora é fria já!
Não mais nos bancos esse rosto amigo
Hoje escondido no fatal jazigo
Conosco sorrirá!
Nesses versos de Casimiro de Abreu, o pronome des-
tacado revela um emprego denotativo de:
a tempo presente e proximidade física.
b tempo passado e proximidade física.
c tempo futuro e proximidade física.
d tempo futuro e afastamento físico.
e tempo passado e afastamento físico.
64 LÍNGUa PORTUGUeSa Capítulo 1 Morfologia – Classes gramaticais
55 AFA 2020 Trecho da peça teatral A raposa e as uvas,
escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena ocorre na
cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de Xantós, um
filósofo grego, que recebe o convidado Agnostos, um ca-
pitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e Melita,
escravos de Xantós.
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa.
Está coberto com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem
para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para
sentarem-se.)
XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa
a comer com as mãos, e faz um sinal para que Melita sirva
Agnostos. Este também começa a comer vorazmente, dan-
do grunhidos de satisfação.) Fizeste bem em trazer língua,
Esopo. É realmente uma das melhores coisas do mundo.
(Sinal para que sirvam o vinho. Esopo serve, Xantós bebe.)
Vês, estrangeiro, de qualquer modo é bom possuir rique-
zas. Não gostas de saborear esta língua e este vinho?
AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum.
XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda
e volta imediatamente com outro prato coberto. Serve,
Xantós de boca cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro!
É bom língua de fumeiro, hein, amigo?
AGNOSTOS – Hum. (Xantós serve-se de vinho) /.../
XANTÓS (A Esopo) Serve outro prato. (Serve) Que
trazes aí?
ESOPO – Língua.
XANTÓS – Mais língua? Não te disse que trouxesse
o que há de melhor para meu hóspede? Por que só trazes
língua? Queres expor-me ao ridículo?
ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua
é o que nos une todos, quando falamos. Sem a língua nada
poderíamos dizer. A língua é a chave das ciências, o órgão
da verdade e da razão. Graças à língua dizemos o nosso
amor. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, se
reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se mostra,
se afirma. É com a língua que dizemos sim. É a língua que
ordena os exércitos à vitória, é a língua que desdobra os
versos de Homero. A língua cria o mundo de Ésquilo, a
palavra de Demóstenes. Toda a Grécia, Xantós, das colunas
do Partenon às estátuas de Pidias, dos deuses do Olimpo
à glória sobre Troia, da ode do poeta ao ensinamento do
filósofo, toda a Grécia foi feita com a língua, a língua de
belos gregos claros falando para a eternidade.
XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio
ébrio) – Bravo, Esopo. Realmente, tu nos trouxeste o que
há de melhor. (Toma outro saco da cintura e atira-o ao
escravo) Vai agora ao mercado, e traze-nos o que houver
de pior, pois quero ver a sua sabedoria! (Esopo retira-se à
frente com o saco, Xantós fala a Agnostos.) Então, não é
útil e bom possuir um escravo assim?
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo
com prato coberto)
XANTÓS – Agora que já sabemos o que há de melhor
na terra, vejamos o que há de pior na opinião deste horren-
do escravo! Língua, ainda? Mais língua? Não disseste que
língua era o que havia de melhor? Queres ser espancado?
ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no
mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos
os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua
que usam os maus poetas que nos fatigam na praça, é
a língua que usam os filósofos que não sabem pensar.
É a língua que mente, que esconde, que tergiversa, que
blasfema, que insulta, que se acovarda, que se mendiga,
que impreca, que bajula, que destrói, que calunia, que
vende, que seduz, é com a língua que dizemos morre e
canalha e corja. É com a língua que dizemos não. Com a
língua Aquiles mostrou sua cólera, com a língua a Grécia
vai tumultuar os pobres cérebros humanos para toda a
eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua é a pior de
todas as coisas!
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. Cópia
digitalizada pelo GETEB – Grupo de Estudos e Pesquisa em Teatro Brasileiro/
UFSJ. Disponível para fins didáticos em www.teatroparatodosufsj.com.br/
download/guilherme-figueiredo-araposa e-as-uvas 2/ Acesso em 13/03/2019.)
Ao longo do texto, a palavra “QUE” é empregada di-
versas vezes. Assinale a alternativa que apresenta
classicaçãocorretadotermodestacado.
A “(...) Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa”
> pronome demonstrativo.
 “(...) faz um sinal para que Melita sirva Agnostos” >
preposição.
C “É a língua que ordena os exércitos à vitória (...)” >
pronome relativo.
D “Que há de melhor do que a língua?” > partícula
de realce.
56 A polissemia é um fenômeno que ocorre com quase
todas as palavras, inclusive com pronomes, prepo-
sições e conjunções. Identifique a classe gramatical
dos termos em itálico e dê o seu valor semântico.
a) No mesmo dia, eu o encontrei vinte anos depois.
b) Ela é a mesma pessoa, em todas as situações.
c) Eu mesmo farei o serviço!
d) Ela veio mesmo!
57 ESPM Assinale o item em que o pronome destacado
tenha valor semântico de possessivo:
A “Aborboleta, depois de esvoaçar muito em torno
de mim, pousou-ME na testa.” (Machado de Assis)
 “Começo a arrepender-ME deste livro. Não que ele ME
canse; eu não tenho que fazer.” (Machado de Assis)
C “Perdi-ME dentro de mim / Porque eu era labirinto.”
(Mário de Sá-Carneiro)
D “Vou-ME embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do
rei!” (Manuel Bandeira)
E “Perdi alguma coisa que ME era essencial, e que já
não ME é mais.” (Clarice Lispector)
58 Leia o provérbio abaixo.
Ninguém se levanta sem primeiro cair.
a) A quem se refere o pronome indefinido “ninguém”?
b) Explique o provérbio.
c) A frase possui conteúdo negativo; transforme-a
de modo que tenha conteúdo positivo, para isso
altere o pronome indefinido e faça as adaptações
necessárias (não altere semanticamente a relação
de subordinação).
F
R
E
N
T
E
 1
65
O excerto a seguir, que pertence à peça Gota-D’Água,
de Chico Buarque e Paulo Pontes, servirá para as ques-
tões 59 e 60.
[...]
Joana tentou reconquistar Jasão, porém não obteve
sucesso e com isso decidiu largar tudo e ir embora para
recomeçar sua vida junto com seus dois filhos. Para poder
se organizar, Joana pede ao pai das crianças que fique
com elas por umas duas ou três semanas, ele por sua
vez pede ajuda ao seu futuro sogro, Creonte, por estar
sem dinheiro.
Joana então manda os filhos irem até a festa de ca-
samento de Jasão e Alma levando um presente para esta
última em sinal de que não havia mais ressentimento,
porém ao entregarem o embrulho para Alma, Creonte,
seu pai, não permitiu que abrisse julgando ser feitiço pelo
fato de Joana ser macumbeira.
[…]
59 Assinale a alternativa em que a relação causa e efeito
não está em jogo.
a pelo fato de Joana ser macumbeira.
b por estar sem dinheiro.
c em sinal de que não havia mais ressentimento.
d julgando ser feitiço.
e ao entregarem o embrulho para Alma.
60 Sabe-se que pronomes e elipses (sujeito elíptico,
por exemplo) exercem função coesiva no texto, isto
é, retomam, introduzem palavras, frases, parágrafos;
por essa razão são importantes para a interpre-
tação. Leia as partes citadas a seguir e veja se há
correspondência com aquilo que se coloca entre
parênteses.
I. […] com isso decidiu largar tudo (Joana tentou re-
conquistar Jasão)
II. […] porém ao ntrgrm o embrulho para Alma
[…] (Joana e os filhos)
III. […] pede ajuda ao su futuro sogro, […] (Creonte)
IV. […] o embrulho para Alma, Creonte, su pai, […]
(Creonte)
V. […] um presente para st última em […] (Joana)
Estão corretas:
a apenas 1 e 3
b apenas 2 e 4
c apenas 3
d apenas 5
e nenhuma
61 Cefet-MG 2019 Os pedaços de papel presos perpendicu-
larmente, que vinham caídos sobre os outros, finalmente
se apartaram, balançando soltos e revelando o que ver-
dadeiramente eram: orelhas e tromba. As extremidades
mostraram-se como pernas e o imenso miolo, antes
informe, o corpo de um elefante que, agora, pairava
desengonçado sobre o convés do navio. E as crianças
corriam e riam muito porque o elefante estava finalmente
de pé, imponente e frágil.
STIGGER, Veronica. Opisanie Świata. São Paulo: SESI-SP, 2018. p. 95-96.
Considere as seguintes afirmações sobre as formas
linguísticas do excerto:
I. O advérbio “verdadeiramente” exprime a inten-
ção do narrador de ironizar o objeto construído
pelas crianças.
II. O verbo expressa a ideia de “aparência” na frase
“As extremidades mostraram-se como pernas”.
III. O adjetivo “informe” altera o sentido do substan-
tivo “miolo”.
IV. A expressão “imponente e frágil” é contraditória,
porque relaciona duas características mutuamen-
te excludentes.
Estão corretas apenas as armativas:
a I, II e III.
b I e IV.
c II e IV.
d II e III.
62 FGV Considere o trecho:
... os sonhos haviam de ser assim tão tênues que se
esgarçavam ao menor abrir de olhos ou voltar de corpo...
Machado de Assis. Dom Casmurro. (Adapt.).
) Identifique o tipo de relação existente entre as
duas orações.
) Explique a diferença que há, quanto à morfologia,
com a palavra “abrir” em:
I. “... ao menor abrir de olhos...”
II. Ao abrir os olhos, viu um mundo que não conhecia.
63 UEA 2019
(www.folha.uol.com.br)
A palavra “só”, no primeiro quadrinho, foi utilizada no
mesmo sentido da palavra sublinhada em
66 LÍNGUa PORTUGUeSa Capítulo 1 Morfologia – Classes gramaticais

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