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y Morfemas Além das desinências, do radical, do tema, da vogal temática, temos como morfemas os afixos (prefixo e sufixo); são eles que possibilitam a formação de novas palavras (morfemas derivacionais). Os afixos que se antepõem ao radical chamam-se prefixos; os que se pospõem denominam-se sufixos; os afixos possuem significação maior que as desinências. Já vogal de ligação e a consoante de ligação são morfemas insignificativos, servem apenas para evitar dissonâncias (hiatos, encontros consonantais), sequências sonoras indesejáveis. Veja: - Palavras cognatas, família ideológica Quando um grupo de palavras possui o mesmo radical, diz-se que o grupo é formado pela mesma raiz; quando as palavras irmanam-se pelo sentido, temos a série sinonímica, a família ideológica: casa, moradia, lar, mansão, habitação etc. - Radical: O “radical” é a base significativa da palavra; “raiz” é o morfema que contém o núcleo significativo comum a uma família linguística (radical mais antigo). - Prefixo: Os prefixos de nossa língua são de origem latina ou grega, alguns apresentam alteração em contato com o radical, assim o prefixo an-, indicador de privação, transforma-se em a- diante de consoante. Os prefixos possuem mais independência que os sufixos, pois provêm, em geral, de advérbios ou preposições, que têm ou tiveram vida independente. - Sufixo: Os sufixos podem ser nominais, verbais ou adverbiais. Formam, respectivamente, nomes (substantivos, adjetivos), verbos e advérbios (a partir de adjetivos). Exemplos: anarquismo, malufar, rapidamente. y Processos de formação de palavras Há dois grandes processos de formação: a derivação e a composição. Na derivação, temos apenas um radical, a palavra é derivada de outra; na compo- sição temos ao menos dois radicais, a palavra é composta. Exemplos: girassol (composta), giratório (derivada). - Tipos de derivação Prefixal: cria-se uma palavra derivada a partir de um prefixo. Exemplo: disenteria. Sufixal: cria-se uma palavra derivada a partir de um sufixo. Exemplo: doutorado. Parassintética: cria-se uma palavra derivada por meio do acréscimo simultâneo de um prefixo e um sufixo. Se retirarmos qualquer um dos afixos, não teremos palavra. Exemplo: adoçar. Prefixal e sufixal: acréscimo não simultâneo de prefixo e sufixo. Retirando-se um dos afixos (ou os dois), ainda teremos palavra. Exemplo: deslealdade. Derivação regressiva: esse tipo de derivação cria substantivos deverbais, isto é, derivados de verbos. Por isso, são substantivos que denotam ação. Se o substantivo indicar ação e se, em relação ao verbo, possuir um menor número de fonemas, o primitivo será o verbo e o derivado, o substantivo (a derivação ocorre por meio da supressão de fonemas). Exemplo: ataque. Derivação imprópria: há duas possibilidades: o substantivo comum vira próprio ou vice-versa: Rapaz, como ele joga, é um pelé! - Mudança de classe gramatical de substantivo comum para o substantivo próprio; de substantivo próprio para comum; de adjetivo para substantivo; de substantivo para adjetivo; de verbo para substantivo; de substantivo/adjetivo/verbo para interjeição; de verbo e advérbio para conjunção; de adjetivo para advérbio; de particípio para preposição; de particípio para substantivo e adjetivo. - Composição: Palavras compostas são aquelas que apresentam mais de um radical, no mínimo dois; os radicais primitivos perdem a significação própria em benefício de um único significado. Justaposição: os dois termos (radicais) conservaram a sua individualidade, não há alteração fonética. Aglutinação: na composição, há perda de fonemas. Exemplo: aguardente, boquiaberto. - Outros processos: Onomatopeia: Trata-se da imitação de sons e ruídos da natureza. A partir das onomatopeias, formam-se novas palavras. Exemplo: miar/miado, latir/ latido, piar/pio. Abreviação vocabular: Trata-se da redução de fonemas, a palavra se apresenta de forma reduzida e não plena. Exemplo: auto (automóvel). Hibridismo: Trata-se de palavras, cujos morfemas são de línguas diferentes. Exemplo: sambódromo: português/grego. Resumindo F R E N T E 1 103 Quer saber mais? Teatro y Oduvaldo Vianna Filho. A mão n luv. Música y Bach. “Ária na corda sol”. Artes plásticas y Hélio Oiticica. Livro y HESSE, Hermann. O lobo d estepe. Tradução de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Bestbolso, 2009. Site y Museu da língua portuguesa org.br>. Filme y Diários de motocicleta. Direção: Walter Salles, 2004. 1 Fuvest Capitulação Delivery Até pra telepizza É um exagero. Há quem negue? Um povo com vergonha Da própria língua Já está entregue. Luis Fernando Verissimo. a) O título dado pelo autor está adequado, tendo em vista o conteúdo do poema? Justifique sua resposta. b) O exagero que o autor vê no emprego da palavra delivery se aplicaria também a telepizza? Justifi- que sua resposta. 2 UFRJ Leia o texto a seguir. [...] O distímico só enxerga o lado negativo do mun- do e não sente prazer em nada. A diferença entre ele e o resto dos mal-humorados é que os últimos reclamam de um problema, mas param diante da resolução. O dis- tímico reclama até se ganha na loteria. “Não fica feliz, porque começa a pensar em coisas negativas, como ser alvo de assalto ou de sequestro”, diz o psiquiatra Antônio Egídio Nardi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. [...] Karina Klinger. “Mau humor crônico é doença e exige tratamento”. Folha Online. 15 jul. 2004. Disponível em: <www.folha.com.br>. O texto apresenta como tema central um transtorno causado pelo mau funcionamento do timo (glândula relacionada ao controle da afetividade e da emoção). a) Identifique a palavra que, por meio do uso de pre- fixo e sufixo, nomeia o portador desse transtorno. b) Diferencie o referido transtorno de uma outra categoria psicológica relativa ao humor apresen- tada no texto, apontando a principal característica de cada uma delas. Exercícios complementares 3 Leia com atenção os seguintes versos de João Cabral de Melo Neto em Morte e vida severina. – E belo porque com o novo todo o velho contagia. – Belo porque corrompe com sangue novo a anemia. – Infecciona a miséria com vida nova e sadia. – Com oásis, o deserto, com ventos, a calmaria. 1a ed. Nova Fronteira, 2006. p. 85 I. O poeta substantiva, nos dois primeiros ver- sos, dois adjetivos que possuem entre si uma relação de oposição, o que resulta em efeito expressivo. II. Em o novo e em sangue novo, a palavra em desta- que assume diferentes classes gramaticais. III. Nos dois últimos versos, o autor estabelece opo- sições semânticas, o que cria certo efeito de sentido. Está(ão) correta(s): apenas I. apenas II. C apenas III. apenas I e II. todas. Texto para a questão 4. E agora, pronta de todo ela está ficando, cá que cada vaqueiro pega o balanço de busto, sem querer e imitativo, e que os cavalos gingam bovinamente. Devagar, mal percebi- do, vão sugados todos pelo rebanho trovejante – pata a pata, casco a casco, soca soca, fasta vento, rola e trota, cabisbaixos, mexe lama, pela estrada, chifres no ar. A boiada vai, como um navio. João Guimarães Rosa. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969. 104 LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 2 Morfologia – Formação de palavras 4 AFA Considere as seguintes afirmações: I. Em os cavalos gingam bovinamente e A boiada vai temos duas palavras cognatas. II. Em bovinamente temos um neologismo formado por composição. III. Em pata a pata, casco a casco, soca soca o ritmo remete ao trotar do animal. IV. Ao dizer que os cavalos gingam bovinamente o au- tor estabelece uma comparação. Estão corretas: I e II. II e III. C II, III e IV. I, III e IV. I, II e III. Texto para a questão 5. – Uai, eu? Se o assunto é meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale enterrar minhocas? De como aqui me vi, sutil assim, por tantas cargas-d’água. No engano sem desengano: o de aprender prático o desfeitio da vida. Sorte? A gente vai – nos passos da história que vem. Quem quer viver faz mágica. Ainda mais eu, que sempre fui arrimo depai bêbado. Só que isso se deu, o que quan- do, deveras comigo, feliz e prosperado. Ah, que saudades que eu não tenha... Ah, meus bons maus tempos! Eu trabalhava para um senhor doutor Mimoso. Sururjão, não; é solorgião. Inteiro na fama – olh’alegre, justo, inteligentudo – de calibre de quilate de caráter. Bom até-onde-que, bom como cobertor, lençol e colcha, bom mesmo quando com dor de cabeça: bom, feito mingau adoçado. Versando chefe os solertes preceitos. Ordem, por fora; paciência por dentro. Muito mediante fortes cálculos, imaginado de ladino, só se diga. A fim de comigo ligeiro poder ir ver seus chamados de seus doentes, tinha fechado um piquete no quintal: lá pernoitavam, de diário, à mão, dois animais de sela – prontos para qualquer aurora. Vindo a gente a par, nas ocasiões, ou eu atrás, com a maleta dos remédios e petrechos, renquetrenque, estu- dante andante. Pois ele comigo proseava, me alentando, cabidamente, por norteação – a conversa manuscrita. Aquela conversa me dava muitos arredores. Ô homem! Inteligente como agulha e linha, feito pulga no escuro, como dinheiro não gastado. Atilado todo em sagacidades e finuras – é de “fimplus”! “de tintínibus”... – latim, o senhor sabe, aperfeiçoa... Isso, para ele, era fritada de meio ovo. O que porém bem. João Guimarães Rosa. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. 5 Uerj A obra de Guimarães Rosa, citado como grande re- novador da expressão literária, é também reconhecida pela contribuição linguística, por causa da utilização de termos regionais, palavras novas, não dicionarizadas, o que chamamos neologismos, especialmente para ex- pressar situações ou opiniões de seus personagens. a) Retire do primeiro parágrafo um exemplo de neologismo e explique, em uma frase completa, o seu sentido no texto. 1 2 3 4 b) Compare o adjetivo “inteligentudo” (par. 3) com “barbudo”, “barrigudo”, “sortudo”. Escreva duas formas da língua padrão – a primeira com duas palavras, a segunda com uma palavra – que equivalem semanticamente ao neologismo “inte- ligentudo”. Texto para a questão 6. Epitáfio para um banqueiro n e g ó c i o ó c i o o e g o José Paulo Paes. Anatomias. Editora Cultrix,1967. p. 17. 6 “Epitáfio para um banqueiro” enfoca um tema literário bastante atual: o egoísmo, a solidão do indivíduo, a falta de comunicação que o leva a se fechar nos limi- tes de sua própria existência e, consequentemente, ver o mundo sempre deformado por uma visão in- dividualista. Tomando por base essas observações: a) faça uma descrição do plano semântico-visual do texto, de modo que revele sua compreensão do poema como um “epitáfio”. b) aponte o signo linguístico que, em uma da linhas do poema, demarca a característica do indivíduo como ser em si, exclusivista e isolado. Dê um exemplo de uma palavra composta em que esse signo linguístico esteja presente. Texto para a questão 7. Estados Unidos querem ‘lulalização’ de Chávez, diz embaixador O embaixador da Espanha em Washington, Carlos Westendorp, afirmou que o objetivo da política nor- te-americana para a Venezuela, compartilhado pelos espanhóis, é o de “lulalizar” o presidente do país, Hugo Chávez. O termo mostra que o interesse dos Estados Unidos é levar Chávez a ações internas e externas mais ortodoxas, à semelhança do ocorrido com Lula. Clóvis Rossi. Folha de S.Paulo. 31 mar. 2005. (Adapt.). 7 Considere as seguintes afirmações. I. O termo “lulalização” é um neologismo formado por sufixação, que possui, no contexto, uma carga semântica positiva aos olhos dos americanos. II. Pode-se inferir do contexto da notícia que há um certo intervencionismo dos Estados Unidos nos assuntos relativos ao nosso país. F R E N T E 1 105
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