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Interpretação de Texto - Livro Único-133-135

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9 Fuvest De acordo com o ditado popular “invejoso nun-
ca medrou, nem quem perto dele morou”:
A O invejoso nunca teve medo, nem amedronta seus 
vizinhos.
b Enquanto o invejoso prospera, seus vizinhos em-
pobrecem.
c O invejoso não cresce e não permite o crescimento 
dos vizinhos.
D O temor atinge o invejoso e também seus vizinhos.
E O invejoso não provoca medo em seus vizinhos.
10 Vunesp Esta questão tem como base fragmentos da 
Carta de Pero Vaz de Caminha a d. Manuel, escrita 
em 1º de maio de 1500, e um trecho do livro O povo 
brasileiro – A formação e o sentido do Brasil (1995), do 
antropólogo, educador e escritor Darcy Ribeiro.
Carta
Senhor,
A feição deles [os indígenas] é serem pardos, um tanto 
avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. 
Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso 
de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de 
mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. [...] 
E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem 
procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas, as quais 
não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem ras-
padas e feitas. O Capitão mandou pôr por baixo da cabeça 
de cada um seu cochim; e o da cabeleira esforçava-se por 
não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e 
consentindo, aconchegaram-se e adormeceram. [...]
Ali por então não houve mais fala ou entendimento 
com eles, por a barbaria deles ser tamanha que se não en-
tendia nem ouvia ninguém. Acenamo-lhes que se fossem. 
E assim o fizeram e passaram-se para além do rio. [...]
Esse que o agasalhou era já de idade, e andava por ga-
lantaria, cheio de penas, pegadas pelo corpo, que parecia 
seteado como São Sebastião. Outros traziam carapuças de 
penas amarelas; e outros de vermelhas; e outros de verdes. 
E uma daquelas moças era toda tingida, de baixo a cima, 
daquela tintura, e certo era tão bem feita e tão redonda, 
e sua vergonha (que ela não tinha!) tão graciosa que as 
muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições, 
envergonhava, por não terem as suas como ela. [...]
E [Diogo Dias] levou consigo um gaiteiro nosso com 
sua gaita. E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas 
mãos; e eles folgavam e riam, e andavam com ele muito 
bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez-lhes ali 
muitas voltas ligeiras, andando no chão, e salto real, de 
que se eles se espantavam e riam e folgavam muito. E 
conquanto com aquilo os segurou e afagou muito, to-
mavam logo uma esquiveza como monteses, e foram-se 
para cima... Bastará [isso para Vossa Alteza ver] que até 
aqui, como quer que se eles em alguma parte amansas-
sem, logo de uma mão para outra se esquivavam, como 
pardais, [com medo] do cevadoiro. E tudo se passa 
como eles querem – para os bem amansarmos! [...]
Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, 
cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que 
esteja acostumado ao viver do homem. E não comem 
senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas se-
mentes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com 
isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos 
nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.
Nesse dia enquanto ali andavam, dançavam e baila-
ram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso, 
como se fossem mais amigos nossos do que nós seus. Se 
lhes a gente acenava, se queriam vir às naus, aprontavam-
-se logo para isso, de modo tal que, se os convidáramos 
a todos, todos vieram. Porém não levamos esta noite às 
naus senão quatro ou cinco; a saber, o Capitão-Mor, dois; 
e Simão de Miranda, um que já trazia por pajem, e Aires 
Gomes a outro, pajem também.
Parece-me gente de tal inocência que, se nós enten-
dêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, 
visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo 
as aparências. E portanto, se os degredados que aqui hão 
de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não 
duvido que eles, segundo a santa atenção de Vossa Alteza, 
se farão cristãos e hão de crer na santa fé, à qual praza a 
Nosso Senhor que os traga, porque certamente, esta gente 
é boa e de bela simplicidade.
Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei d. Manuel, escrita do porto seguro de 
Vera Cruz com a data de 1º de maio do ano de 1500.
O enfrentamento dos Mundos
Os índios perceberam a chegada do europeu como 
um acontecimento espantoso, só assimilável em sua visão 
mítica do mundo. Seriam gente de seu deus sol, o criador – 
Maíra –, que vinha milagrosamente sobre as ondas do mar 
grosso. Não havia como interpretar seus desígnios, tanto po-
diam ser ferozes como pacíficos, espoliadores ou dadores.
Provavelmente seriam pessoas generosas, achavam os 
índios. Mesmo porque, no seu mundo, mais belo era dar 
que receber. Ali, ninguém jamais espoliara ninguém e a 
pessoa alguma se negava louvor por sua bravura e criati-
vidade. Visivelmente, os recém-chegados, saídos do mar, 
eram feios, fétidos e infectos. Não havia como negá-lo. [...]
Aquele desencontro de gente índia que enchia as 
praias, encantada de ver as velas enfunadas, e que era vista 
com fascínio pelos barbudos navegantes recém-chegados, 
era, também o enfrentamento biótico mortal da higidez e 
da morbidade. A indiada não conhecia doenças, além de 
coceiras e desvanecimentos por perda momentânea da 
alma. A branquitude trazia da cárie dental à bexiga, à co-
queluche, à tuberculose e o sarampo. Desencadeia-se, ali, 
desde a primeira hora, uma guerra biológica implacável. 
De um lado, povos peneirados, nos séculos e milênios, por 
pestes a que sobreviveram e para as quais desenvolveram 
resistência. De outro lado, povos indenes, indefesos, que 
começavam a morrer aos magotes. Assim é que a civili-
zação se impõe, primeiro como uma epidemia de pestes 
mortais. Depois, pela dizimação através de guerras, de 
extermínio e da escravização. Entretanto, esses eram tão-só 
os passos iniciais de uma escalada do calvário das dores 
inenarráveis do extermínio genocida e etnocida.
Darcy Ribeiro. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 
São Paulo: Cia. das Letras, 1995, p. 46-7.
PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL
134 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Capítulo 5 Categorias de mundo e temas e figuras 
Pero Vaz de Caminha e Darcy Ribeiro (1922-1997) en-
focam os primeiros contatos entre os portugueses 
e os indígenas brasileiros. No entanto, um dos prin-
cipais aspectos que ressalta a comparação entre os 
fragmentos da Carta e do livro O povo brasileiro é a 
diferença entre as visões de mundo dos dois escrito-
res, distanciados no tempo por 495 anos. Tomando 
por base este comentário:
a) localize uma passagem do texto de Caminha 
na qual, em meio a expressões de admiração e 
louvor, se subentende a ideia de conquista do in-
dígena pelo branco civilizado.
b) explique o significado que adquire no texto de 
Darcy Ribeiro a expressão “guerra biológica”.
11 Fuvest Leia:
“Navegar é preciso, viver não é preciso”. Esta frase de 
antigos navegadores portugueses, retomada por Fernando 
Pessoa, por Caetano Veloso e sabe-se lá por quantos mais 
citadores ou reinventores, ganha sua última versão no 
âmbito da informática, em que o termo navegar adquire 
outro e preciso sentido. 
Na nova acepção, em tempos de internet, o lema 
parece mais afirmativo do que nunca. Os olhos que hoje 
vagueiam pela tela iluminada do monitor já não precisam 
nem de velas, nem de versos, nem de fados: da vida só 
querem o cantinho de um quarto, de onde fazem o mundo 
flutuar em mares de virtualidades nunca dantes navegados.
Considere as seguintes afirmações.
I. A significação das palavras constitui um processo 
dinâmico e supõe o reconhecimento histórico de 
seu emprego.
II. As expressões “velas”, “fados” e “nunca dantes nave-
gados” ligam-se ao contexto primitivo do velho lema.
III. Desligando-se de suas raízes históricas, as palavras 
apresentam-se esvaziadasde qualquer sentido.
Conforme se pode deduzir do texto, está correto o que 
se afirma:
A apenas em I e II.
b apenas em I e III.
c apenas em II e III.
D apenas em I.
E em todas.
12 ITA Leia o texto a seguir.
Boleiros sob medida
Ciência e futebol é uma tabelinha raramente esboçada 
no Brasil. A academia não costuma eleger os gramados 
como objeto de estudo e o mundo dos boleiros tampouco 
tem o hábito de, digamos, dar bola para o que os pesqui-
sadores dizem sobre o esporte mais popular do planeta. 
Numa situação privilegiada nos dois campos, tanto na 
ciência quanto no futebol, Turíbio Leite de Barros, diretor 
do centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte 
da Universidade Federal de São Paulo (Cemafe/Unifesp) 
e fisiologista da equipe do São Paulo Futebol Clube há 
15 anos, produziu um estudo que traça o perfil do futebol 
praticado hoje no Brasil do ponto de vista das exigências 
físicas a que jogadores de cada posição do time são sub-
metidos numa partida.
Marcos Pivetta. Pesquisa Fapesp Online. 75 ed., maio 2002, p. 42.
a) O texto contém termos do universo do futebol, 
como, por exemplo, “tabelinha”, uma jogada 
rápida e entrosada normalmente entre dois jo-
gadores. Retire do texto outras duas expressões 
que, embora caracterizem esse universo, também 
assumem outro sentido. Explique esse sentido.
b) O título pode ser considerado ambíguo devido 
à expressão “sob medida”. Aponte dois sentidos 
possíveis para a expressão, relacionando-os ao 
conteúdo do texto.
13 Unicamp A coluna Marketing da revista Classe, ano 
XVII, no 94, 30/ago. a 30/out./2002, inclui as seguintes 
passagens (parcialmente adaptadas):
Os jovens de classe média e alta, nascidos a partir de 
1980, foram criados sob a pressão de encaixarem infini-
tas atividades dentro das 24 horas. E assim aprenderam 
a ensanduichar atividades. [...] Pressionados pelo tempo 
desde que nasceram, desenvolveram um filtro e separam 
aquilo que para eles é o trigo, do joio; ficam com o trigo, 
e naturalmente, deletam o joio. (p. 26)
a) Explique qual é o sentido da palavra “ensandui-
char” no texto e diga por que ela é especialmente 
expressiva ou sugestiva aqui.
b) O texto menciona um ditado corrente, embora não 
na ordem usual. Qual é o ditado e o que significa?
c) A palavra “deletar” confere um ar de atualidade 
ao texto. Explique por quê.
Texto para as questões 14 e 15.
Uma planta é perturbada na sua sesta pelo exército 
que a pisa. 
Mas mais frágil fica a bota. 
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.
sesta: repouso após o almoço.
14 Fuvest 2020 Considerando que se trata de um texto 
literário, uma interpretação que seja capaz de captar a 
sua complexidade abordará o poema como 
A uma defesa da natureza. 
b um ataque às forças armadas. 
c uma defesa dos direitos humanos. 
D uma defesa da resistência civil. 
E um ataque à passividade.
15 Fuvest 2020 O ditado popular que se relaciona melhor 
com o poema é: 
A Para bom entendedor, meia palavra basta. 
b Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. 
c Quem com ferro fere, com ferro será ferido. 
D Um dia é da caça, o outro é do caçador. 
E Uma andorinha só não faz verão.
PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL
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Texto para a questão 16.
Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse: perguntar-me-eis, e com muita razão, em 
que nos distinguimos logo os vivos dos mortos?
Os mortos são pó, nós também somos pó; em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim 
como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó levantado, os mortos são pó caído, os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz: 
Hic jacet. Estão essas praças no verão cobertas de pó: dá um pé de vento, levanta-se o pó no ar, e que faz? O que fazem os vivos, 
e muitos vivos. Não aquieta o pó, nem pode estar quedo: anda, corre, voa; entra por esta rua, sai por aquela; já vai adiante, 
já torna atrás; tudo enche, tudo cobre, tudo envolve, tudo perturba, tudo toma, tudo cega, tudo penetra; em tudo e por tudo 
se mete, sem aquietar nem sossegar um momento, enquanto o vento dura. Acalmou o vento: cai o pó, e onde o vento parou, 
ali fica; ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não 
é assim? Assim é.
Antônio Vieira. Trecho do Cap. V do Sermão da Quarta-Feira de Cinza. 
Apud: Sermões de Padre Antônio Vieira. São Paulo: Núcleo, 1994. p. 123-4.
hic jacet: aqui jaz.
16 UFSCar Segundo o Novo dicionário Aurélio básico da língua portuguesa, “sermão” é um “discurso religioso geralmen-
te pregado no púlpito”.
a) De que forma o autor reproduz, no texto escrito, características próprias do discurso falado?
b) O texto apresenta uma relação de oposição entre estaticidade e movimento. Indique, no trecho destacado em negrito, qual 
dessas ideias é abordada e a forma de construção de período utilizada para exprimi-la.
Texto para as questões 17 e 18.
Ah, um soneto
Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...
No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.
Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
Mas – esta é boa! – era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação?...
Álvaro de Campos. (Fernando Pessoa). Poemas de Álvaro de Campos.
17 A frase “eu mesmo me desloco nesta cadeira, só de o imaginar” representa:
A comentários extemporâneos e inadequados sobre o soneto.
b uma recordação do tempo em que o autor foi louco.
c uma impropriedade estilística.
D a interferência do eu poético no próprio texto.
E uma prova da loucura do poeta que se imagina navegando.
18 O desenvolvimento figurativo do texto tem seu ponto de partida em uma:
A relação de comparação.
b relação de implicação.
c relação de oposição.
D relação de redundância.
E relação de parte/todo.
PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL PV_2021_LU_ITX_FU_CAP5_LA.INDD / 15-09-2020 (10:01) / VIVIAN.SANTOS / PROVA FINAL

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