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F R E N T E 1 55 Além da lava, que destrói tudo com o que entra em contato, outro problema são as cinzas e os gases tóxicos (principalmente SO2) lançados na atmosfera pelo vulcão. De- pendendo da intensidade da atividade vulcânica, esses gases podem promover alterações climáticas locais e globais, tornar a atmosfera tóxica e interferir no fluxo aéreo de aviões. A probabilidade de ocorrência de vulcões e terremotos é bem maior nas regiões de encontro de placas tectônicas, por causa da intensidade de choques e transformações causadas nas estruturas das placas. Um bom exemplo é a área do Círculo do Fogo do Pacífico, que tem esse nome justamente pela intensidade de vulcanismos e terremotos que apresenta. As erupções vulcânicas se manifestam em três tipos de ambientes: y nas dorsais oceânicas e nos rifts continentais, onde as placas se afastam uma da outra (Islândia); y nas zonas de subducção, onde as placas estão em colisão (Filipinas, Japão, Andes etc.); y no interior das placas, onde surgem os vulcões iso- lados a partir da perfuração da litosfera em locais denominados pontos quentes (hotspots), como na África, no Havaí e na Polinésia. Estrutura geológica A superfície terrestre apresenta três grandes estruturas geológicas que embasam as formas do relevo. São áreas ou províncias que apresentam a mesma origem e formação geológica. Mundo: estrutura geológica Trópico de Câncer OCEANO PACÍFICO 0° 0° Equador Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ÁRTICO Círculo Polar Ártico OCEANO ÍNDICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 ESCALA 2 390 km Bacias sedimentares Dobramentos modernos Cadeias de montanhas M e ri d ia n o d e G re e n w ic h Fonte: elaborado com base em CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográco Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 167. Escala Richter e Mercalli A escala Richter é utilizada para quantificar a magnitude de um sismo. Por ser logarítmica, na base 10, os valores atribuídos a cada nível aumentam dez vezes. Por exemplo, um sismo de magnitude 4,0 é cem vezes maior do que um de magnitude 3,0 e mil vezes maior que um de magnitude 2,0. A escala de Mercalli é uma escala qualitativa. Isso significa que dife- rencia a intensidade dos sismos por meio dos seus efeitos sobre as pessoas e sobre as estruturas construídas e naturais. Os efeitos de um sismo são classificados em graus, identificados pelos numerais romanos de I a XII, com o grau I correspondendo a um tremor não sentido pelas pessoas, e o grau XII à alteração calamitosa do rele- vo da região afetada. Como as consequências do sismo dependem das características do local onde se manifesta, sismos de diferentes intensidades podem, classificados na escala Richter, apresentar a mesma classificação na escala de Mercalli. Por exemplo, um sismo de magnitude 8,0 na escala de Richter em um deserto inabitado é classificado como I na escala de Mercalli, enquanto um sismo de menor magnitude sísmica, de 5,0 na escala de Richter, em uma zona onde as construções são débeis e pouco preparadas para resistir a terremotos, pode causar efeitos devastadores e ser classificado com intensidade IX na escala Mercalli. Saiba mais Outro efeito da movimentação da crosta terrestre que pode ser devastador é o vulcanismo. Por estar em cons- tante movimento, a crosta terrestre apresenta uma série de brechas entre as rochas, pelas quais pode penetrar o magma. Quando ele é expelido para fora da superfície pe- los vulcões, os seres humanos e outros seres vivos podem ser afetados negativamente. GEOGRAFIA Capítulo 2 Geomorfologia56 É também nas bacias sedimentares que há abundância de água confinada no subsolo, dispersa nos seus poros, formando os lençóis freáticos e os aquíferos. Cadeias orogênicas ou dobramentos modernos Os cinturões orogênicos são formados pelos dobramen- tos da crosta terrestre, que, por sua vez, são formados em consequência da tectônica de placas. Os melhores exem- plos são as grandes cadeias montanhosas dos Andes, do Himalaia e dos Alpes, que são chamadas de dobramentos modernos. Por serem relativamente recentes, datados do Período Paleógeno da Era Cenozoica, sofreram pouco desgaste, apresentando formas angulares, pontiagudas e altitudes bastante elevadas. No Brasil não há dobramentos modernos. Há, porém, faixas de cinturões orogênicos antigos, ou seja, estruturas que foram dobradas há muito tempo e que hoje se apre- sentam muito desgastadas, como os cinturões orogênicos do Atlântico e de Brasília. Essas faixas de dobramentos antigos foram profundamente desgastadas. As rochas que formam tais estruturas foram submetidas a grandes pressões e temperaturas, dando origem a rochas me- tamórficas de alto grau, além de muitas intrusões graníticas. Brasil: estrutura geológica Fonte: elaborado com base em SCHOBBENHAUS, Carlos; ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). “Os fundamentos da geograa da natureza”. In: ROSS, Jurandyr L. S. Geograa do Brasil. 5. ed. rev. ampl. São Paulo: Edusp, 2005. p. 47. No mapa: O território brasileiro está totalmente sobre a Placa Sul-Ame- ricana, uma área muito antiga e estável geologicamente. OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio Equador 0° 50° O Bacias sedimentares farenozoicas I. Amazônica II. do Maranhão III. do Paraná Faixas de dobramentos do ciclo brasileiro 1. Brasília 2. Paraguai-Araguaia 3. Atlântico Crátons pré-brasilianos 1. Amazônica 2. São Francisco 3. Sul-Rio-Grandense Coberturas sedimentares correlativas ao brasiliano Crátons e escudos cristalinos: os maciços antigos Os crátons são as estruturas rochosas mais antigas da Terra (datadas do Éon Pré-Cambriano), que hoje se mostram bastante desgastadas pela ação das forças exógenas. Apre- sentam predominância de rochas magmáticas e metamórficas. Nas primeiras formações (Arqueano), estão os minerais não metálicos, como granito e ardósia. Nas formações mais recen- tes (Proterozoico), são encontrados minerais metálicos, como ferro, ouro, prata, cobre etc. Quando os crátons estão expostos na superfície, geral- mente sustentando formas de relevo de média elevação e alto desgaste, diz-se que são escudos cristalinos. No Brasil, 36% das formas de relevo estão sobre essa estrutura. Os principais exemplos são o Escudo das Guianas, o Escudo do Brasil Central e o Escudo Atlântico. No mundo, desta- cam-se o da Patagônia, o Escandinavo e o Siberiano. Se recobertos por espessas camadas de sedimentos, como no caso das bacias sedimentares, diz-se que são plataformas ou embasamentos cristalinos. Bacias sedimentares As bacias sedimentares se formam em regiões que, no passado, foram grandes ambientes de sedimentação, ou seja, locais que recebiam sedimentos das áreas vizinhas. Elas são formadas pela sobreposição de grandes camadas de rochas sedimentares a um embasamento cristalino. Erosão Volume retirado Subsidência Acumulação Sedimentação Falhas marginais por abatimento crustal SIAL SIMA Volume compensado Fig. 22 O esquema representa o processo de formação de uma bacia sedimentar. A maior parte das bacias se formou em áreas de anti- gos lagos ou mares pouco profundos, sendo posteriormente soerguidas pelas forças endógenas. No Brasil, essa é a es- trutura geológica predominante, encontrada em 64% do território. As maiores bacias sedimentares brasileiras são a Amazônica, a do Parnaíba (chamada também “do Maranhão”) e a do Paraná. Nessas áreas, existe a possibilidade de ocor- rência de combustíveis fósseis (carvão mineral, gás natural, xisto e petróleo), por terem recebido enorme quantidade de sedimentos orgânicos, muitos deles marinhos, em razão das transgressões dos antigos oceanos e também pela própria característica física das rochas (porosidade). Durante a Era Mesozoica, ocorreram no Brasil grandes derramamentos vulcânicos que formaram basaltos que, in- tercalados ao longo de milhares de anos com camadas sedimentares, deram origem a solos de grande fertilidade no Centro-Sul do país, conhecidos como terra roxa. F R E N T E1 57 Processos de formação e modelagem do relevo Até agora, concentramos nossos estudos nos proces- sos endógenos de formação do relevo, aqueles originados pela energia do interior da Terra. Eles agem em conjunto com os processos exógenos, que são movidos pela energia solar e que serão nosso tema de estudo a partir de agora. Os processos exógenos atuam constantemente ao lon- go do tempo e de modos diferenciados. O intemperismo das rochas, a erosão, o transporte e a deposição de sedi- mentos são responsáveis pelo processo de modelação do relevo e formação de solos. O intemperismo é o processo de desgaste e alteração das rochas decorrente do contato com elementos que se manifestam na atmosfera, como a ação da água, do vento, da temperatura e dos seres vivos. As partículas intemperizadas (nomeadas de regolito) vão se desprendendo da rocha original e são transportadas pelo vento, pelas águas ou pela neve das áreas mais altas até serem depositadas em áreas mais baixas, ocorrendo a sedimentação. O intemperismo físico As rochas, ao emergirem na superfície terrestre, são fraturadas em razão da diminuição da pressão. As variações de temperatura, sobretudo em região de grande amplitude térmica, promovem dilatação e contração dos minerais que constituem a rocha. Esse contínuo movimento fragmenta as rochas, um processo denominado termoclastia. Além disso, em ambientes de baixas temperaturas, a água infiltrada nas fissuras das rochas congela quando a temperatura abaixa, exercendo uma força que aumenta o volume das rochas e promove sua fragmentação por crioclastia. A abrasão, ou desgaste, pode ser provocada pela ação das águas e do vento ao se chocarem constantemente com as rochas. Esse processo tem o nome de erosão, que pode ser pluvial (realizada por águas das chuvas), nival (pela neve), glacial (por blocos de gelo em derretimento), mari- nha (pelas ondas do mar e oscilação das marés) ou eólica (pelos ventos). Em todos esses casos, um fator importante da abrasão é a força imposta aos sedimentos, que vão sendo retirados das rochas e acabam auxiliando na erosão de outras áreas. A água, o vento, a neve ou as geleiras retiram grãos das rochas, e estes acabam servindo como uma espécie de lixa para arrancar mais sedimentos de outras áreas. O intemperismo químico O contato da água com os minerais das rochas pode pro- mover diferentes tipos de reações químicas, como oxidação, hidrólise e dissolução, que alteram as rochas e as deixam mais frágeis, porosas e suscetíveis ao desgaste. Esse intemperismo é mais frequente em ambientes quentes e úmidos. O intemperismo biológico A ação de seres vivos microscópicos, como bactérias e fungos, e também de espécies vegetais nas rochas pode provocar ou acelerar a fragmentação delas. Tais ações são um misto de processos físicos (penetração de raízes nas fissuras) e químicos (reação entre os minerais e os excrementos das bactérias e fungos). Morfogênese Por seu importante papel no desgaste das rochas, os fatores exógenos também atuam no processo de for- mação e modelagem do relevo. A erosão, o transporte e a sedimentação moldam a superfície terrestre. Vejamos alguns exemplos: Fig. 23 As falésias são encontradas em ambientes litorâneos nos quais a for- ça das marés oceânicas atuou na formação de relevo escarpado, com vertente abrupta, resultante do solapamento da sua base. Fig. 24 Os fiordes são corredores estreitos e profundos em um litoral elevado, escavados pela erosão glacial há milhares de anos. Formados em altitudes su- periores às atuais, sofreram rebaixamento e foram, então, invadidos pelo mar. Fig. 25 A restinga é uma faixa estreita de areia depositada paralelamente ao litoral pelas forças das águas marinhas. a n d re m a ri n st /i S to c k p h o to .c o m L a d ir a s/ iS to c k p h o to .c o m Z ig K o c h /P u ls a r Im a g e n s
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