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HISTÓRIA Capítulo 5 O Antigo Regime136 19 UEL Aliás, o governo, embora seja hereditário numa famí- lia, e colocado nas mãos de um só, não é um particular, mas um bem público que, consequentemente, nunca pode ser tirado das mãos do povo, a quem pertence ex- clusiva e essencialmente e como plena propriedade. [...] Não é o Estado que pertence ao Príncipe, é o Príncipe que pertence ao Estado. Mas governar o Estado, porque foi escolhido para isto, e se comprometeu com os povos a administrar os seus negócios, e estes por seu lado, com- prometeram-se a obedecê-lo de acordo com as leis. D. Diderot. (1717-1784). Verbetes políticos da Enciclopédia. São Paulo: Discurso, 2006. Com base no texto, é correto armar que: A mesmo em Monarquias absolutas, o soberano é responsável pelos seus súditos. B ao príncipe são concedidos todos os poderes, in- clusive contra o povo de seu reino. C o governante é ungido pelo povo, podendo agir como bem lhe convier. D o povo governa mediante representante eleito por sufrágio universal. E príncipes, junto com o povo, administram em prol do bem comum. 20 Fatec O calvinista Jean de Léry compara a violência dos tupinambás e a dos católicos franceses que naquele dia fatídico (24.8.1572) trucidaram e, em alguns casos, devora- ram seus compatriotas protestantes: E que vimos na França (durante o São Bartolomeu)? Sou francês e pesa-me dizê- -lo. [...] O fígado e o coração e outras partes do corpo de alguns indivíduos não foram comidos por furiosos assassi- nos de que se horrorizam os infernos? Não abominemos, pois, em demasia a crueldade dos selvagens (brasileiros) antropófagos. Existem entre nós (franceses) criaturas tão abomináveis, se não mais, e mais detestáveis do que aque- las que só investem contra nações inimigas de que têm vingança a tomar. Não é preciso ir à América, nem mesmo sair de nosso país, para ver coisas tão monstruosas. Denis Diderot. Verbetes políticos da enciclopédia. São Paulo: Discurso, 2006. Através da comparação feita por Jean de Léry, que vi- sitou o Brasil na segunda metade da década de 1550, pode-se armar que este: A chama a atenção para a aberração do canibalismo existente na França, coisa nunca antes vista na his- tória da humanidade, e para a guerra santa travada no continente americano. B elabora, ao comparar os selvagens brasileiros aos católicos franceses, uma reflexão original em que o canibalismo sai do âmbito da animalidade e passa a integrar a história da humanidade, mais ainda a história europeia de seu tempo. C defende os católicos franceses quanto aos acon- tecimentos que testemunhou e dos quais foi quase vítima na França de 1572 (a Noite de São Bartolomeu), e acusa os tupinambás de seres irre- mediavelmente selvagens. D concorda com a ideia de que os católicos, apesar da brutalidade praticada contra os protestantes, agiram forçados pela rainha Catarina de Médicis, diferentemente dos tupinambás, que agem pela sua natureza não humana. E considera que a Noite de São Bartolomeu se trans- formou num símbolo das guerras religiosas de seu tempo e a prática do canibalismo se transformou no símbolo da selvageria do Novo Mundo. 21 UFPel Daqui nasce um dilema: é melhor ser amado do que temido, ou o inverso? Respondo que seria preferível ambas as coisas, mas, como é muito difícil conciliá-las, parece- -me muito mais seguro ser temido do que amado, se só se puder ser uma delas. [...] Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que se torna amado do que outro que se torna temido, pois o amor mantém-se por um laço de obrigações que, em virtude de os homens serem maus, quebra-se quando surge ocasião de melhor proveito. Mas o medo mantém-se por um temor do castigo que nunca nos abandona. Contudo, o príncipe deve-se fazer temer de tal modo que, se não conseguir a amizade, possa pelo menos fugir à inimizade, visto haver a possibilidade de ser temido e não ser odiado, ao mesmo tempo. Luís Felipe de Alencastro. Folha de S.Paulo. São Paulo, 12 out. 1991. Caderno especial, p. 7. O documento embasa: A a organização de uma sociedade liberal, precursora dos ideais da Revolução Francesa. B o direito divino dos reis, reforçando as estruturas políticas e religiosas medievais. C o Absolutismo monárquico, sob a ótica de um escri- tor renascentista. D a origem do Estado Moderno, através do Contrato Social. E o republicanismo como regime político, apropriado para os Estados Modernos. 22 UFRGS No século XVI, a Espanha oscilava entre pe- ríodos de extrema riqueza econômica e bancarrotas vertiginosas. Considere as armações a seguir acerca dessa oscilação. I. A rebelião dos Países Baixos, parte integrante dos domínios imperiais dos Habsburgos, durou oiten- ta anos, contribuindo para corroer as finanças espanholas. II. A política expansionista dos Habsburgos, que incluía planos de invasão da Inglaterra com a participação decisiva da “Invencível Armada”, concorreu para as bancarrotas espanholas. III. A entrada de capital monetário era destinada quase totalmente à industrialização espanhola, gerando deficiências crônicas na manutenção do Império. Quais estão corretas? A Apenas I. B Apenas II. C Apenas I e II. D Apenas II e III. E I, II e III. F R E N T E 2 137 23 UFRGS O Sistema Monárquico Absolutista, que atingiu seu apogeu sob o reinado de Luís XIV, apresenta-se como o modelo de gestão política característico do período histó- rico moderno. Sobre esse sistema, é correto afirmar que: A não era arbitrário, pois o monarca não podia trans- gredir certas leis e costumes fundamentais do reino. B foi responsável pelo desenvolvimento do conceito de cidadania, ao afirmar as liberdades individuais em contraposição ao sistema político medieval. C apresentava, entre seus princípios teóricos, a noção de que a potência soberana do Estado emana do povo. D foi enaltecido pelos iluministas, notadamente pelo filósofo Montesquieu, admirador da tripartição do poder político adotada pelo Absolutismo. E não foi bem-sucedido como forma de governo, pois desprezava a racionalização burocrática da máquina estatal. 24 Unifesp Do ponto de vista sociopolítico, o Estado típico, ou dominante, ao longo do Antigo Regime (séculos XVI a XVIII), na Europa continental, pode ser definido como: A burguês-despótico. B nobiliárquico-constitucional. C oligárquico-tirânico. D aristocrático-absolutista. E patrício-republicano. 25 Unifesp O fim último, causa final e desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfei- ta. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível capaz de os manter em respeito, for- çando-os, por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito àquelas leis de natureza. Nicolau Maquiavel. O príncipe. Lisboa: Europa América, 1976. O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente possuir tais qualidades [...]. O príncipe não deve se desviar do bem, mas deve estar sempre pronto a fazer o mal, se necessário. Thomas Hobbes. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os pensadores). Os dois fragmentos ilustram visões diferentes do Esta- do moderno. É possível armar que: A ambos defendem o Absolutismo, mas Hobbes vê o Estado como uma forma de proteger os homens de sua própria periculosidade, e Maquiavel se preocupa em orientar o governante sobre a forma adequada de usar seu poder. B Hobbes defende o Absolutismo, por tomá-lo como a melhor forma de assegurar a paz, e Maquiavel o recusa, por não aceitar que um governante deva se comportar apenas para realizar o bem da sociedade. C ambos rejeitam o Absolutismo, por considerarem que ele impede o bem público e a democracia, valores que jamais podem ser sacrificados e que fundamentam a vida em sociedade. D Maquiavel defende o Absolutismo,por acreditar que os fins positivos das ações dos governantes justificam seus meios violentos, e Hobbes o recusa, por acreditar que o Estado impede os homens de viverem de maneira harmoniosa. E ambos defendem o Absolutismo, mas Maquia- vel acredita que o poder deve se concentrar nas mãos de uma só pessoa, e Hobbes insiste na ne- cessidade da sociedade participar diretamente das decisões do soberano. 26 Uerj O rei é vencido e preso. O Parlamento tenta negociar com ele, dispondo-se a sacrificar o Exército. A intransigên- cia de Carlos, a radicalização do Exército, a inépcia do Parlamento somam-se para impedir essa saída “modera- da”; o rei foge do cativeiro, afinal, e uma nova guerra civil termina com a sua prisão pela segunda vez. O resultado será uma solução, por assim dizer, moderadamente radi- cal (1649): os presbiterianos são excluídos do Parlamento, a Câmara dos Lordes é extinta, o rei decapitado por traição ao seu povo após um julgamento solene sem precedentes, proclamada a República; mas essas bandeiras radicais são tomadas por generais independentes, Cromwell à testa, que as esvaziam de seu conteúdo social. Renato Janine Ribeiro. In: Christopher Hill. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a revolução Inglesa de 1640. São Paulo: Cia. das Letras, 1987. O texto faz menção a um dos acontecimentos mais importantes da Europa no século XVII: a Revolução Puritana (1642-1649). A partir daquele acontecimento, a Inglaterra viveu uma breve experiência republicana, sob a liderança de Oliver Cromwell. Dentre suas rea- lizações mais importantes, destaca-se a decretação do primeiro Ato de Navegação. Explique a importân- cia do Ato de Navegação para a economia inglesa e aponte duas ações políticas da República Puritana. 27 PUC-Campinas No século XVIII, enquanto a Europa Continental era abalada por guerras constantes, na Grã-Bretanha, a burguesia – camada social que do- minava o Parlamento – não era onerada por impostos muito pesados e: A negava ao Estado o direito de intervir diretamente na economia, reservando-lhe, entretanto, o papel de incentivador dos setores que o capital particular não tinha condições de desenvolver. B propunha reformas que buscavam conciliar a auto- ridade absoluta do monarca com as propostas de liberdade. C financiava a instalação de organizações militares, que internamente garantiam a força repressiva e fiscalizadora necessária ao Estado. D procurava abrandar os vínculos coloniais, a fim de garantir o pleno cumprimento do pacto colonial. E desenvolvera condições de acumular capitais mais rapidamente, o que lhe permitiu investir em inovações técnicas, possibilitando a eclosão da Re- volução Industrial. HISTÓRIA Capítulo 5 O Antigo Regime138 28 UFJF Leia o fragmento a seguir. O século XVII é decisivo na história da Inglaterra. Os problemas desse país não lhe são privativos. Toda a Europa enfrentava uma série de conflitos, revoltas e guerras civil. [...] Contudo, apenas na Inglaterra ocorreu uma ruptura decisiva no século XVII. Christopher Hill. O eleito de Deus: Oliver Cromwell e a revolução inglesa. Essa ruptura cou conhecida como Revolução Ingle- sa, um processo que se estendeu de 1640 a 1660. A respeito desse processo, é incorreto armar que: A foi decisivo na derrocada do Absolutismo na Inglaterra. B consolidou um mercado nacional, com um governo que priorizava as questões comerciais. C privilegiou os interesses dos setores agrários e da Igreja Católica, que passaram a ser financiados pelo governo. D as decisões tomadas durante esse processo ga- rantiram que a Inglaterra fosse governada por uma assembleia representativa. E foi marcado por manifestações no campo contra as mudanças no regime de propriedade da terra, com destaque para grupos como os “diggers” e “levellers”. 29 UFRGS Ao longo da Revolução Inglesa, ocorrida no século XVII, emergiu um regime republicano, que du- rou cerca de uma década, sob o comando de Oliver Cromwell, o “Lord Protector” da Inglaterra. Sobre esse período republicano, é correto armar que: A a Inglaterra, enfraquecida pela transição de regime, ficou à mercê das demais potências europeias, às quais foi obrigada a conceder uma série de vanta- gens comerciais. B Cromwell, no intuito de proteger a economia inter- na, elaborou diversas restrições comerciais que o colocaram em conflito direto com os holandeses. C a morosidade com que Cromwell implantou sua po- lítica econômica contribuiu para a curta duração de seu governo. D ele teve como particularidade o retrocesso do puritanismo religioso, característica marcante nos tempos do monarca Carlos I. E ele representou uma fase de distensão entre a In- glaterra e as oposições irlandesas e escocesas. 30 UFRJ A sociedade feudal era uma estrutura hierárquica: alguns eram senhores, outros, seus servidores. Numa peça teatral da época, um personagem indagava: — De quem és homem? — Sou um servidor, porém não tenho senhor ou ca- valeiro. — Como pode ser isto? retrucava o personagem. Christopher Hill. O mundo de ponta-cabeça. São Paulo: Cia. das Letras, 1987, p. 55. (Adapt.). No século XVI, a sociedade rural inglesa, até então relativamente estática, estava se desagregando. Apresente um processo socioeconômico que tenha contribuído para essa desagregação. 31 UFPR 2014 Na figura abaixo vemos à esquerda uma ilustração de Guy Fawkes, inglês católico morto em 1605 após tentar explodir o Parlamento inglês na “Conspiração da Pólvora”, e um manifestante inglês usando a máscara de Guy Fawkes em 2011 (inspirada na graphic novel “V de Vingança”, transformada em filme em 2006) e portando um cartaz no qual se lê: “O povo não deve temer seu governo”. Sobre os contextos do século XVII e do século XXI em que a gura de Guy Fawkes aparece, identique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes armativas: Guy Fawkes pertenceu a uma legião de opositores católicos à dinastia dos Stuart, que tentou estabe- lecer um regime absolutista na Inglaterra ao longo do século XVII. Atualmente, o uso da máscara de Guy Fawkes man- tém o ativismo católico do personagem original, ao defender a opção preferencial pelos pobres e uma teologia de libertação através do ciberativismo. Enquanto Guy Fawkes foi demonizado como traidor à Coroa inglesa desde o século XVII, atualmente as máscaras de Guy Fawkes representam a con- testação ao autoritarismo e à injustiça, como no movimento Ocupe Wall Street e em diversos pro- testos pelo mundo. Após a Conspiração da Pólvora, outras revoltas ocor- reram no século XVII na Inglaterra, culminando na Revolução Puritana (1640) e na Revolução Gloriosa (1688), seja por questões religiosas, seja pelos cer- camentos, seja disputa de poder entre a monarquia e o parlamento. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. A V – F – F – V. B F – F – V – F. C F – V – F – V. D V – V – V – F. E V – F – V – V.
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