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RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA SP 3.4 – MAIS UMA CHANCE (CAQUEXIA ASSOCIADA AO USO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS / TUBERCULOSE) FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA 1. DEFINIR USO, ABUSO, DEPENDÊNCIA, ABSTINÊNCIA E TOLERÂNCIA -> USO: Relacionado a qualquer tipo de consumo, podendo ser frequente ou não. É o caso, por exemplo, de indivíduos que experimentam a substância pela primeira vez, mas não são afetados pelo uso, podendo simplesmente abandonar o consumo. -> ABUSO: É o uso nocivo de uma substância consequente de algum tipo de problema. Neste caso, o uso das substâncias é mais recorrente, podendo desencadear na dependência. -> DEPENDÊNCIA: Ocorre quando não existe mais um controle sobre o uso, causando problemas reais à saúde. O consumo se torna uma compulsão, já que o indivíduo passa a direcionar toda a sua vida ao consumo das drogas ou do álcool. As substâncias se tornam indispensáveis ao funcionamento psicológico do indivíduo. Portanto, a dependência provém não do desejo de consumir substâncias, mas da incapacidade de não consumi-las. ____________________________________________ PADRÃO DE CONSUMO Existem diferentes formas de uso do álcool e outras drogas e o padrão de uso nocivo não tem necessariamente relação direta com a quantidade ingerida, sendo possível consumir substâncias sem que isso traga prejuízo à saúde e à qualidade de vida. O padrão de uso pode ser caracterizado como recreativo/ocasional, habitual, nocivo ou configurar dependência. • Uso recreativo/ocasional: refere-se à experimentação, ao uso lúdico, sem provocar prejuízos ao cotidiano da vida da pessoa. A droga representa um objeto de prazer. • Uso habitual: a droga ganha um lugar especial na vida do sujeito, podendo sendo consumida até diariamente. Ela pode tanto fazer parte da sua vida, não oferecendo prejuízos, como também demonstrar que algo não vai bem, podendo o usuário não investir mais em seus interesses, havendo perdas afetivas e materiais. ___________________________________________ De acordo com o CID 10, a distinção entre uso nocivo e um quadro de dependência em relação a uma substância é feita da seguinte forma: Critérios do CID-10 para Uso Nocivo de Substâncias: ● O diagnóstico requer que um dano real tenha sido causado à saúde física e mental do usuário. ● Padrões nocivos de uso são frequentemente criticados por outras pessoas e estão associados a consequências sociais adversas de vários tipos. Critérios do CID-10 para Dependência de Substâncias: O diagnóstico de dependência deve ser feito se três ou mais dos seguintes itens são experienciados ou manifestados durante o último ano: 1. Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância; 2. Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término ou níveis de consumo; 3. Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, como evidenciado por: síndrome de abstinência característica para a substância, ou o uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar os sintomas de abstinência; 4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas; RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 5. Abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do uso da substância psicoativa: aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou recuperar-se de seus efeitos; 6. Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de consequências manifestamente nocivas. ____________________________________________ CONCEITOS IMPORTANTES → Tolerância: quando o sistema de recompensa se adapta à quantidade de substância ingerida, tornando-se menos sensível a ela. Portanto, o indivíduo precisa maiores e mais frequentes doses para sentir o prazer rápido e intenso que sentia, quando começara o uso, e para aliviar os sintomas da abstinência. → Intoxicação: aparecimento de sintomas específicos devido ao uso recente da substância. Alterações do humor, sudorese, taquicardia, alucinações, ataques de pânico, agitação, (…), são exemplos de sintomas agudos do uso recente. → Abstinência: sintomas devido à interrupção ou à diminuição do uso da substância. Dentre eles, podemos citar sintomas depressivos, fadiga, aumento de apetite, pesadelos, insônia, pensamento lento, tremores, agitação. → Dependência: a pessoa é incapaz de parar o uso, mesmo que saiba o quanto isso está lhe causando problemas sociais e de saúde. 2. ELUCIDAR A FISIOPATOLOGIA DAS DROGAS INIBITÓRIAS, EXCITATÓRIAS E ALUCINÓGENAS E OS EFEITOS AGUDOS DAS DROGAS (CRACK, COCAÍNA, ÁLCOOL, MACONHA, LSD, HEROINA, DROGAS RECREATIVAS (VAPING), ANFETAMINAS) Existem várias formas de classificar as drogas de abuso, seja pela sua estrutura química, pela sua origem natural ou sintética, pelo seu mecanismo de ação ou pelos seus efeitos clínicos. Tendo em vista a grande multiplicidade de drogas, origens e ações, foi adotada uma classificação quanto à ação das drogas sobre o Sistema Nervoso Central. 1. DROGAS DEPRESSORAS DO SNC – INIBITÓRIAS As drogas depressoras acarretam a diminuição do funcionamento do Sistema Nervoso Central, onde as atividades cerebrais ficam mais lentificadas. Os depressores possuem origens distintas, podendo ser naturais, sintéticas ou semi-sintéticas. Algumas delas como os benzodiazepínicos possuem efeitos terapêuticos. Nos casos extremos esses tipos de substâncias podem gerar paradas cardíacas ou respiratórias, elas são subdivididas em analgésicas e hipnóticas. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA A) ÁLCOOL: O alcoolismo, compreendido como síndrome de dependência de álcool, é sem dúvidas um grave problema de saúde pública, sendo um dos transtornos mais prevalentes na sociedade. Trata-se de uma patologia de caráter crônico, responsáveis por inúmeros prejuízos clínicos, sociais, trabalhistas, familiares e econômicos. Além disso, é com frequência associada a situações de violência sexual, domestica, suicídio, assalto, homicídio e acidentes de trânsito. É uma droga lícita, com propriedade depressora sobre o SNC, com potencial para abuso. É a droga mais usada e abusada no mundo. Apresenta-se na forma líquida e é utilizada por via oral. As doses tóxicas são muito variáveis e dependem principalmente da tolerância individual, do uso concomitante de outros fármacos e da porcentagem aproximada de etanol em alguns produtos. Intoxicação leve a moderada é esperada com a ingestão de 0,7 g/Kg de etanol absoluto (correspondente a 100 mg/dL de etanolemia). Causa depressão do SNC por potencialização da ação do ácido gamaaminobutírico (GABA) e bloqueio do receptor n-metil-d-aspartato (NMDA) do glutamato. Pode ocorrer também hipoglicemia por inibição da gliconeogênese, principalmente em desnutridos e crianças. ____________________________________________ FISIOPATOLOGIA DO METABOLISMO DO ALCOOL • Absorção: A metabolização do etanol ocorre por uma série de alterações metabólicas de reações oxidativas. Quando ingerido, o álcool é absorvido principalmente no estômago e intestino delgado. Bem absorvido pelo trato digestivo (25% no estômago, 75% no intestino delgado, com uma pequena quantidade absorvida pelo restante do intestino), 80 a 90% da dose ingerida é absorvida em 60 minutos. Por ser uma substância hidrossolúvel, é facilmente absorvido na mucosa do estômago. Sua absorção, pode ser potencializada na presença de alguns fatores como: ausência de alimento no trato gastrointestinal, esvaziamento gástrico acelerado (pelo uso de alguns medicamentos),ingestão de cafeína e bebida gaseificada. Nesses casos, sua chegada aos órgãos como fígado e cérebro é acelerada, aumentando o dano tecidual hepático e produzindo embriaguez mais rapidamente. • Metabolização: Após absorvido, o etanol é metabolizado no fígado por oxidação via enzima citoplasmática álcool- desidrogenase (ADH), que transforma o etanol em aldeído acético. O aldeído acético é uma substância tóxica e deve ser rapidamente convertida pela enzima aldeído-desidrogenase (ALDH) em acetato. !! É neste ponto que a droga Dissulfiram age (uma das alternativas para tratamento em etilistas crônicos), inibindo a enzima acetaldeído desidrogenase e causando efeitos indesejáveis caso o usuário faça ingestão de álcool. A maior parte do acetato produzido atinge outras partes do organismo pela corrente sanguínea, onde participa de outros ciclos metabólicos. De forma geral, o álcool é metabolizado através de pelo menos três vias diferentes: → Via Principal: das desidrogenases => álcool- desidrogenase converte o etanol a acetaldeído e a seguir a aldeído-desidrogenase converte este em ácido acético. → Via sistema oxidativo microssomal do etanol (MEOS; CYP2E1), metabolizando o acetaldeído em ácido acético – passível de indução; → Via peroxidase-catalase, também metabolizando o acetaldeído em ácido acético. • Eliminação: Primariamente por oxidação no fígado e segue cinética de ordem-zero. ____________________________________________ RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA Além disso, o álcool inibe a neoglicogênese, processo hepático necessário para manter a glicemia na falta de carboidrato – com isso aumenta suscetibilidade do usuário ter hipoglicemia. A nível de SNC o etanol possui efeito depressor. Ele atua potencializando a ação do GABA – neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central e bloqueando os receptores NMDA de glutamato, neurotransmissor excitatório. Seu efeito euforizante é resultado da ação inibitória que o álcool tem sobre o sistema nervoso. Também, o álcool age indiretamente sobre o sistema límbico, que tem um papel crucial na expressão das emoções e na atividade do sistema de recompensa do cérebro. A experiência do prazer acontece devido a interação de neurônios dentro do sistema límbico, por meio de diversos neurotransmissores, como por exemplo a dopamina. A dopamina é um dos neurotransmissores liberados pelo consumo de drogas e responsável pela sensação de bem-estar, fator preponderante para gerar dependência. Quando ocorre a cessação abrupta de álcool no cérebro, isso vai resultar em uma hiperexcitabilidade, porque os receptores previamente inibidos pelo álcool não são mais inibidos. Essa hiperexcitabilidade manifesta-se clinicamente como ansiedade, irritabilidade, agitação e tremores. ____________________________________________ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Dependem do nível sérico de etanol e da tolerância do paciente. De acordo com o nível de alcoolemia observa-se: → 50 a 150 mg/dL: Verborragia, reflexos diminuídos, visão borrada, excitação ou depressão mental; → 150 a 300 mg/dL: Ataxia, confusão mental, hipoglicemia (principalmente em crianças), logorreia; → 300 a 500 mg/dL: Incoordenação acentuada, torpor, hipotermia, hipoglicemia (convulsões), distúrbios hidreletrolíticos (hiponatremia, hipercalcemia, hipomagnesemia, hipofosfatemia), distúrbios ácido-básicos (acidose metabólica); → 500 mg/dL: Coma e falência respiratória e/ou circulatória podendo levar ao óbito. A intoxicação aguda alcoólica é uma condição clínica decorrente da ingestão de bebida alcoólica acima do nível tolerado pelo indivíduo, o que produz alterações psíquicas e físicas suficientes para interferir no funcionamento normal. Seus estágios variam de embriaguez leve a anestesia, coma, depressão respiratória e até morte. É importante observar, que as atingem níveis sanguíneos mais elevados do que os homens devido a seu maior grau de gordura. As alterações do comportamento decorrentes da intoxicação alcoólica aguda, incluem exposição comportamental, comportamento sexual de risco, agressividade, labilidade de humor, diminuição do julgamento crítico e funcionamento social e ocupacional prejudicados. Mais especificamente, a intoxicação pode provocar alterações variáveis no afeto (excitação, alegria, irritabilidade), na fala (fala pastosa ou arrastada), no comportamento (impulsividade, agressividade, diminuição do desempenho motor e ataxia) e no pensamento (pensamento lento, redução da capacidade de raciocínio e juízo crítico), além de hálito etílico, conjuntivas hiperemiadas e marcha ébria. ____________________________________________ MANEJO DA INTOXICAÇÃO ALCOOLICA AGUDA No momento de admissão, devemos coletar a história clínica e coletar os sinais vitais. O objetivo principal, inicialmente, é a estabilização clínica. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Baseado na história de exposição ao agente e no exame físico atentando para os sintomas citados nas manifestações clínica. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA COMPLEMENTAR Laboratorial específico Determinação em sangue total do nível de etanol e metanol por cromatografia gasosa. Colher o sangue utilizando seringa heparinizada. É importante ter o cuidado de antes da punção venosa fazer a assepsia com água e sabão. Laboratorial geral • Hemograma; • Eletrólitos; • Cálcio, magnésio; • Glicemia (Hipoglicemia); • Gasometria + pH (acidose metabólica); • Avaliar presença de cetonúria e determinar a presença de lactato sérico; • RX de tórax (verificar broncoaspiração); • ECG (arritmias); • TGO/TGP e GGT – para avaliação de dano/função hepática. • Ureia e creatinina – Avaliação de função renal. • TC de crânio em caso de associação com trauma com sintomas neurológicos (buscar sinais de TCE devido ao risco aumentado de queda). TRATAMENTO Medidas de suporte: → Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário; → Monitorizar sinais vitais; → Manter acesso venoso calibroso; → Hidratação adequada. Descontaminação: → Descontaminação por lavagem gástrica somente em caso de ingestão recente (01 hora) de grande quantidade de álcool ou associação com outros produtos tóxicos, sempre tendo o cuidado de proteger as vias aéreas. → Não induzir vômitos, para evitar broncoaspiração. Sintomáticos: • Administrar tiamina para prevenir a encefalopatia de Wernicke, previamente ou associada à administração de glicose. Indicação de sempre 30 minutos antes da aplicação de glicose hipertônica endovenosa, se for indicada. • Obter glicemia capilar e repor glicose se necessário. • Administrar Haloperidol, 5 mg, IM, alido a contenção, se agitação psicomotora ou agressividade, visando acalmá-lo até os sintomas diminuírem. A droga de escolha será o haloperidol e não os benzodiazepínicos como medida inicial pelo risco dos benzodiazepínicos acentuarem a depressão do SNC, lembrando que isso é válido para todas as drogas que possuem ação depressora. • Em caso de convulsão, administrar diazepam: Atenção para efeito aditivo da associação de benzodiazepínicos e etanol na depressão respiratória. Midazolam, IM, como alternativa à falta de acesso venoso. • Os pacientes intoxicados agudamente por etanol podem apresentar rebaixamento do nível de consciência, incapacidade de proteção de vias aéreas e eventual necessidade de intubação orotraqueal, sempre com a indução por sequência rápida. • Se houver edema cerebral, administrar Manitol (0,5 a 1 g/kg) IV. • Choque, desidratação e acidose: aportar soluções isotônicas de cloreto ou bicarbonato de sódio. ____________________________________________ B) HEROÍNA Opiáceo semi-sintéticoproduzido em 1874 pelo químico inglês C.R. Alder Wright a partir da acetilação da morfina. Felix Hoffman, químico chefe da indústria farmacêutica Bayer, da Alemanha, introduziu a heroína como medicamento em 21 de agosto de 1897. O nome RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA possivelmente deriva do alemão heroisch (heroico), sensação descrita pelos primeiros voluntários nos estudos experimentais. O fabricante comercializou o produto de 1898 a 1910 como sedativo para a tosse de crianças e como tratamento do vício da morfina, até que se descobriu que a heroína é convertida em morfina no fígado. APRESENTAÇÕES • A forma de base livre é de cor castanha e relativamente insolúvel em água; é mais volátil e pode ser fumada. Esta forma de uso é conhecida como chasing the dragon; • A forma de cloridrato tem a tonalidade mais clara e não é ideal para ser fumada por decompor-se facilmente quando aquecida; • A forma tradicional de uso é misturada em água, aquecida para facilitar a dissolução, aspirada em uma seringa e injetada IV, que é a via que provoca maior intensidade de efeito e com maior rapidez. O local preferido são as veias da fossa antecubital do braço não dominante; • Pode ser injetada também por via subcutânea: skin popping, ou por via intramuscular: muscle popping, na medida que os vasos se tornam menos acessíveis em geral por fenômenos escleróticos. O uso injetável dessa droga é o que resulta nas mais drásticas manifestações cutâneas, agudas ou crônicas, algumas desencadeadas pela própria droga e a maioria pelos adulterantes tais como o talco, quinino, amido, açúcar e farinha, entre outros; • O aparecimento do HIV pode explicar a tendência atual dos consumidores para fumar ou aspirar o vapor liberado pelo aquecimento da heroína (em torno de 39% para o uso IV e de 49% para a forma fumada); • Seu consumo também é muito frequente misturada com outras drogas como por exemplo a cocaína: speed ball, para prolongar e intensificar os efeitos de ambos os produtos. ____________________________________________ FISIOPATOLOGIA Apresenta baixa afinidade pelos receptores opióides atuando mais como uma pró-droga que tem como metabólitos ativos a 6-monoacetilmorfina (6MAN) e a morfina. A ação agonista dos metabólitos sobre os receptores opióides (Κ: kappa, δ: delta e μ: mu) leva à sedação e depressão respiratória. Pode ocorrer também edema pulmonar não cardiogênico por mecanismos desconhecidos. ____________________________________________ FARMACOCINÉTICA • Absorção: Bem absorvida por via inalatória, nasal ou venosa. Por via oral apresenta baixa biodisponibilidade (metabolismo de primeira ordem). • Volume de distribuição 2 a 5 L/Kg. • Ligação Protéica 40%. • Meia-vida 60 a 90 minutos. • Pico plasmático: • Uso Intravenoso ou Inalatório • Uso Intranasal 3 a 5 minutos; • Uso Intramuscular 3 a 5 minutos; • Uso subcutânea 5 a 10 minutos. • Metabolismo: Hepático e pelas esterases plasmáticas. Em 10 minutos a heroína é hidrolisada a 6-mono-acetil-morfina (6- MAM) que será metabolizado a morfina. A morfina circulante se transforma em morfina-3-glicuronídeo (inativo) e morfina-6-glicuronídeo (ativo). • Eliminação: 90% renal, na forma de 6-MAM e seus glicuronídeos, morfina e pequena quantidade de heroína; 10% pela bile ocorrendo circulação êntero- hepática (5 a 14% de glicuronídeos de morfina). ____________________________________________ RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Intoxicação leve a moderada: miose geralmente puntiforme, náuseas, vômitos, ansiedade, euforia, sonolência, bradicardia, hipotensão arterial, diminuição da peristalse e flacidez muscular. • Intoxicação grave: é caracterizada pela tríade de depressão do sistema nervoso central (SNC), depressão respiratória e miose puntiforme. Se não tratado, este quadro poderá evoluir para coma profundo, bradipneia até apneia e óbito. Pode ocorrer também edema pulmonar não cardiogênico, muitas vezes depois de reanimação e administração da naloxona. ____________________________________________ DIAGNÓSTICO Clínico: • Baseado na história de exposição ao agente no exame físico, atentando para a presença da tríade característica de sinais e sintomas; • A contração da pupila é um sinal importante na distinção clínica da overdose de heroína em relação a overdose por outras drogas, como cocaína e anfetaminas, que produzem midríase. Complementar: Laboratorial específico Teste rápido de triagem ou CCD para drogas de abuso positivo para heroína; Típica imagem de ressonância magnética (MRI) - leucoencefalopatia - tem sido relatada em alguns fumantes de heroína Chasing the dragon. Laboratorial geral ECG, RX, eletrólitos, função hepática e renal, CPK, hemograma, glicemia, gasometria e pH e enzimas cardíacas. ____________________________________________ TRATAMENTO Medidas de suporte: → Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário; → Monitorizar sinais vitais; → Manter acesso venoso calibroso; → Hidratação adequada. Descontaminação: → Indicada apenas para Body Packer: → Em caso de suspeita de ruptura do invólucro ou de obstrução intestinal, está indicado cirurgia. Nos demais casos, administrar polietilenoglicol. Antídoto: NALOXONA: Indicado para reversão da depressão respiratória (FR < 12 ipm). Sintomáticos: • Administrar oxigênio e benzodiazepínicos na ocorrência de convulsões. Considerar administração de fenobarbital nos casos refratários. • A hipotensão geralmente é revertida pela naloxona. Em alguns casos solução salina e vasopressores podem ser necessários; • Tratar urticária e prurido com anti-histamínicos, se necessário; • Verificar se há infecção nos locais de injeção e sinais clínicos de endocardite, pneumonia e edema pulmonar; • Discutir o teste para HIV e hepatite em todos os pacientes em uso de drogas intravenosas. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA ____________________________________________ 2) Drogas estimulantes do SNC – EXCITATÓRIAS As drogas estimulantes aumentam e aceleram a atividade do cérebro, onde a pessoa fica mais eufórica. Elas podem ser sintéticas ou naturais, com o seu uso na forma líquida, inalada ou triturada. A) ANFETAMINAS A classe da anfetamina e seus derivados se referem a um grupo de substâncias que apresentam como estrutura comum a feniletilamina. Estão incluídos neste grupo derivados anfetamínicos de uso terapêutico e drogas de abuso. Uma infinidade de drogas é produzida por meio de substituição na estrutura da feniletilamina em laboratórios clandestinos. Estas diferem entre si em relação a capacidade de estimular os sistemas adrenérgico e/ou serotoninérgico, a velocidade e duração da ação e a potência. Na década de 1950, a anfetamina ganhou popularidade como droga para emagrecimento e depois se popularizou como substância de abuso. Atualmente as anfetaminas possuem poucas indicações terapêuticas. A indicação como drogas para controle do apetite vem sendo questionada e atualmente sua liberação está em avaliação pela ANVISA. O metilfenidato é utilizado no tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA) e seu consumo têm aumentado não apenas entre portadores, mas também entre jovens e adultos normais. Nestes casos para uso recreativo misturado a outras drogas ou em busca da melhora do desempenho cognitivo. ____________________________________________ MECANISMO DE EFEITOS TÓXICOS As anfetaminas são agentes simpatomiméticos estruturalmente semelhantes à noradrenalina. Agem estimulando a liberação central e periférica de monoaminas biogênicas (noradrenalina, dopamina e serotonina),bloqueando a recaptação neuronal de monoaminas e inibindo a ação da monoaminoxidase. Existe uma grande variedade de drogas neste grupo, levando a variáveis perfis de ação sobre as catecolaminas e serotonina, resultando em diferentes níveis de estimulação do SNC e periférico. ____________________________________________ FARMACOCINÉTICA São muitos os tipos de anfetaminas e, por isso, os dados abaixo são apenas uma referência de valores. • Absorção: Bem absorvidas por via oral, intravenosa ou respiratória. • Pico de concentração plasmática: 3 a 6 horas. • Distribuição: Volume de distribuição: 3 a 33 L/Kg, exceto para a pemolina (Vd = 0,2 a 0,6 L/kg). • Ligação Proteica: 16%. • Metabolismo: Hepático, via CYP - P450. • Eliminação: Renal: A excreção da maioria das anfetaminas é altamente dependente do pH urinário, sendo eliminadas mais rapidamente em pH ácido. Meia-vida: depende da substância: anfetaminas: 8-30 h, metanfetamina: 12 a 34 horas, MDMA: 5 a10 horas, metilfenidato: 2,5 a 4 horas. No abuso da substância, a administração repetida leva ao prolongamento da meia-vida, com consequente aumento da duração do efeito. ____________________________________________ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria dos efeitos clínicos se devem à estimulação adrenérgica prolongada, principalmente em SNC e cardiovascular. • Intoxicação leve a moderada: agitação, sudorese, midríase, náuseas, vômitos, dor abdominal, RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA hipertensão, taquicardia, dor torácica, cefaleia, hiperventilação; • Intoxicação grave: ocorre geralmente com o uso ilícito de altas doses. Pode ocorrer hipertermia grave (> 40ºC), desidratação, arritmias, hipertensão grave, infarto agudo do miocárdio, vaso espasmo, dissecção de aorta, acidente vascular cerebral, morte súbita, pneumotórax, psicose, convulsão, colite isquêmica, rabdomiólise, insuficiência renal, insuficiência hepática, síndrome serotoninérgica, delírios, paranoia e coma; • A síndrome de abstinência das anfetaminas se caracteriza por sinais e sintomas opostos aos induzidos pelo abuso, favorecendo o aparecimento de sono, fome intensa, exaustão e, às vezes, depressão. ____________________________________________ DIAGNÓSTICO Clínico: Suspeitar de intoxicação por anfetaminas quando há história de uso e manifestações simpatomiméticas. Complementar: Laboratorial específico: • Testes qualitativos em urina: Testes imunocromatográficos utilizando fitas reagentes mono ou multidrogas para triagem são rápidos e eficientes, podendo detectar anfetamina em poucos minutos; • Cromatografia de camada delgada (CCD), preferencialmente na urina. Laboratorial geral: Monitorar eletrólitos, glicose, função renal, função hepática, CPK, urina com pesquisa de mioglobinúria (suspeita de rabdomiólise), Rx tórax, ECG, troponina (suspeita de IAM), TC de crânio (sintomas neurológicos persistentes). ____________________________________________ TRATAMENTO Medidas de suporte: → Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário; → Monitorizar sinais vitais; → Manter acesso venoso calibroso; → Hidratação adequada; → Medidas de resfriamento corporal; → Correção de distúrbios eletrolíticos. Descontaminação: Realizar lavagem gástrica e posterior administração de carvão ativado apenas em casos de ingestão recente. Sintomáticos: → Os benzodiazepínicos são a primeira escolha para o controle da agitação, evitar o uso de haloperidol. A sedação adequada pode evitar o desenvolvimento de rabdomiólise, hipertermia, hipertensão e convulsões. Nos casos graves, podem ser necessárias paralisia neuromuscular, intubação orotraqueal e medidas de resfriamento corporal. → Para o controle das convulsões, sugere-se a utilização de benzodiazepínicos e, em casos refratários, fenobarbital; → Em hipertensão arterial grave não responsiva à sedação com benzodiazepínicos, utilizar nitroprussiato. Evitar antagonistas beta- adrenérgicos, especialmente quando há coingestão com cocaína. ____________________________________________ B) COCAÍNA E CRACK A cocaína é uma droga com fortes propriedades estimulantes. É extraída da planta Erythroxylon coca, nativa da América Andina. Trata-se da droga ilícita que mais motiva o usuário a buscar tratamento, ainda que não seja a mais consumida, o que revela o impacto pessoal e familiar dessa dependência. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA O crack é basicamente uma nova forma de apresentação e administração da cocaína, no qual é inalado com o uso de um cachimbo de crack. Tal via leva a uma disponibilidade plasmática da droga quase imediata – a cocaína, nessa forma de administração, atinge o cérebro em alguns segundos, sem o efeito de primeira passagem no fígado, o que confere concentrações ainda maiores com uma mesma dose da substância. → Cloridrato de cocaína: pó fino e branco; pode ser utilizado por via nasal (aspirado) ou venoso. Possui de 15 a 75% do alcaloide; → Crack: Nome popular para a cocaína básica, obtida através da conversão do cloridrato de cocaína para a sua forma de base livre, com o seu aquecimento com bicarbonato de sódio ou hidróxido de sódio, formando uma pedra cristalizada rígida, pouco solúvel em água e que se torna volátil quando aquecido próximo a 1000ºc, sendo fumada em cachimbos rudimentares. ____________________________________________ MECANISMO DE EFEITOS TÓXICOS Bloqueio da recaptura de catecolaminas (dopamina, adrenalina e noradrenalina) no sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso periférico (SNP), levando a agitação psicomotora e estimulação dos receptores alfa, beta1 e beta2 adrenérgicos e com isto, taquicardia, vasoconstrição e consequente hipertensão arterial. A cocaína estimula o SNC através do bloqueio da recaptação da dopamina, serotonina e noradrenalina nas sinapses. Os neurotransmissores, então, estimulam seus receptores pós-sinápticos de modo mais intenso e prolongado. Através das vias dopaminérgicas e noradrenérgicas, estimula o sistema nervoso simpático. Bloqueio da recaptura da serotonina, podendo levar a alucinações, psicose, anorexia e hipertermia. Bloqueio dos canais de sódio, levando localmente a anestesia das membranas axonais. No coração, se utilizada em altas doses, pode levar a uma ação quinidina-like com alargamento do QRS, prolongamento do QT, bradicardia e hipotensão. Aumento da concentração de aminoácidos excitatórios do SNC (glutamato e aspartato) levando a hiperatividade do SNC, convulsões e hipertermia. Aumento da produção de endotelina e diminuição da produção de óxido nítrico, levando a vasoconstrição, além de aumento da adesividade plaquetária e da permeabilidade endotelial. O uso crônico pode levar a focos de microfibrose miocárdica e miocardite, independente da presença ou não de lesão coronária prévia. Podem ocorrer reações distônicas, acatisia e pseudoparkinsonismo, pela depleção de receptores dopamina-1. A ação -adrenérgica resulta em taquicardia, hipertensão e arritmia. Os estímulos 2- adrenérgicos podem levar à hipotensão por vasodilatação. Estímulos -adrenérgicos induzem hipertensão com bradicardia reflexa. A estimulação do SNC produz ansiedade, psicoses e convulsões. O aumento do metabolismo e a hiperatividade podem levar à hipertermia e rabdomiólise ____________________________________________ James Olds, psicólogo americano, mapeou o sistema de recompensa dando a um rato a oportunidade de acionar um estimulador de corrente elétrico de baixa intensidade. O animal se autoestimulava com frequência variável dependendo da localização cerebral do eletrodo. O sistema de recompensa nada mais é que um sistema que é responsável pelas sensações. Reforçacomportamentos essenciais para a sobrevivência (comer, beber, comportamento sexual e interação social). O sistema de recompensa vai garantir que um indivíduo busque comida quando está com fome, pois após a refeição haverá sedação de bem estar, tornando RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA a atividade de se alimentar agradável e memorável, para que a pessoa queria fazer isso sempre que sentir fome. E as drogas acabam se apropriando desse sistema, tornando as necessidades da pessoa, em necessidades da droga. A dopamina é um neurotransmissor responsável pelas sensações de bem estar. Entre um neurônio e outro existe uma fenda sináptica, e para um neurônio enviar um impulso, a dopamina acaba passando por esse espaço. E esse neurotransmissor é reaproveitado, há a liberação e receptação. Com o uso de cocaína, há o bloqueio de receptação de dopamina, fazendo com que haja o aumento da quantidade de dopamina na fenda sináptica. Consequentemente os neurônios vão transmitindo sempre a mesma mensagem, causando sensações de prazer, euforia, ansiedade. A exposição repetida a surtos de dopamina causados pelas drogas dessensibiliza o sistema de recompensa, deixando de responder aos estímulos cotidianos, tornando a cocaína o único método prazeroso. Após algum tempo a droga perde sua capacidade de recompensa e as doses necessárias para atingir o efeito de recompensa se torna mais elevadas, podendo levar a overdose. O efeito dura 1h, depois segue-se depressão e exaustão devido ao desgaste de dopamina que não pode ser aproveitada. Esse desgaste obriga as células a produzirem nova quantidade de neurotransmissores, e como não estão preparadas para esse processo começam a envelhecer precocemente. E de tanto estimular o sistema nervoso central ele pode entrar em falência, as células envelhecem mais rápido. Um exemplo, mais neurotransmissores terão que ser produzidos, e como esses neurotransmissores eram reutilizados, as células neurais não estão acostumadas com tamanha demanda, e dessa forma, há um maior desgaste ____________________________________________ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Quadro agudo leve a moderado: Bloqueio da recaptura de catecolaminas (dopamina, adrenalina e noradrenalina) --> agitação psicomotora e estimulação dos receptores alfa, beta1 e beta2 adrenérgicos - resposta simpática (taquicardia, vasoconstrição e consequente hipertensão arterial, tremores, midríase, cefaleia, náuseas, vômitos, etc). Bloqueio da recaptura da serotonina --> alucinações, psicose, anorexia e hipertermia. O conjunto de sintomas relacionados à ativação adrenérgica (agitação, midríase não fotorreagente, sudorese, taquicardia, hipertensão) é conhecido como síndrome adrenérgica. Bloqueio dos canais de sódio --> efeito local anestésico • Quadro agudo grave: A cocaína provoca vasoconstrição e, por conseguinte, pode afetar quase qualquer órgão. Infarto do miocárdio, isquemia e hemorragia cerebral, dissecção de aorta, isquemia intestinal e isquemia renal são possíveis sequelas. Podem ocorrer arritmias cardíacas, hipotensão arterial, dispneia, IAM, convulsão, insuficiência renal, coma, fibrilação ventricular insuficiência respiratória e óbito. • Quadro crônico: Ocorrem efeitos tóxicos graves em usuários de cocaína compulsivos graves. Fibrose miocárdica, hipertrofia de ventrículo esquerdo e miocardiopatia podem se desenvolver. Raramente, a aspiração repetida provoca perfuração do septo nasal decorrente de isquemia local. Comprometimento cognitivo, incluindo comprometimento da atenção e da memória verbal, acontece em alguns usuários crônicos. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA Usuários que injetam cocaína estão sujeitos às complicações infecciosas típicas. ____________________________________________ DIAGNÓSTICO Clínico: Suspeitar de intoxicação por cocaína ou crack em adultos jovens que desenvolvem síndrome adrenérgica. Lesões de mucosa nasal ou restos de pó ao redor das narinas podem ser achados em indivíduos que utilizaram a via intranasal. Nos usuários de crack é comum encontrar queimaduras em pontas dos dedos. Complementar: Laboratorial específico: • Testes qualitativos em urina: Testes imunocromatográficos utilizando fitas reagentes mono ou multidrogas para triagem são rápidos e eficientes; • Cromatografia em camada delgada (CCD) em urina. É positivo para cocaína não metabolizada até 6 a 12 h do uso e para a benzoilecgonina até 60 h da exposição. Laboratorial geral: Monitorar eletrólitos, glicose, função renal, RX tórax e abdome se dor torácica e abdominal, gasometria, CPK, urina com pesquisa de mioglobinúria na suspeita de rabdomiólise, ECG, troponina na suspeita de isquemia miocárdica, TC de crânio se os sintomas neurológicos persistentes. ____________________________________________ TRATAMENTO Medidas de suporte: → Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário; → Monitorizar sinais vitais; → Manter acesso venoso calibroso; → Hidratação adequada; → Medidas de resfriamento corporal, quando indicadas. Sintomáticos: → Os benzodiazepínicos são fundamentais para o controle da agitação. A sedação adequada pode evitar o desenvolvimento de rabdomiólise, hipertermia, hipertensão e convulsões. Nos casos graves, podem ser necessárias intubação orotraqueal e medidas de resfriamento corporal. → Não usar neurolépticos (haloperidol, clorpromazina) pelo risco de convulsão, taquicardia, arritmias, piora da hipertermia e indução de reações distônicas. Também deve-se evitar medicamentos com ação anticolinérgica importante como a prometazina; → Para o controle das convulsões, sugere-se a utilização de benzodiazepínicos e, em casos refratários, fenobarbital; → Deve-se ter o cuidado com a utilização de succinilcolina, pois a mesma é metabolizada pelas colinesterases plasmáticas, e na ocorrência de rabdomiólise pode agravar a hipercalemia e aumentar o risco de arritmias cardíacas; → Se ocorrer hipotensão ou choque, colocar o paciente em posição de Trendelemburg e infundir cristaloides e aminas vasoativas, se necessário. Preferir dopamina, e se não houver resposta norepinefrina. Usar dopamina em doses de: > 10 µg/ kg/min e aumentar conforme a necessidade; doses altas podem ser necessárias chegando até 50 µg/kg/min; → Pacientes assintomáticos e com sinais vitais e exames laboratoriais normais por mais de 12 horas, podem receber alta hospitalar e serem encaminhados para serviço especializado para tratamento da dependência. ____________________________________________ RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA 3. DROGAS PERTURBADORAS DO SNC - ALUCINOGÉNOS As drogas perturbadoras também chamadas de alucinógenas, provocam alterações no sistema nervoso central, que como resultado acaba provocando alucinações e delírios. Seu consumo acontece principalmente de duas maneiras, podendo ser fumadas ou ingeridas. A) CANABINÓIDES Canabinoides são substâncias presentes em plantas dos gêneros Cannabis sativa e Cannabis indica. Alguns possuem propriedades psicoativas; existem também os canabinoides sintéticos. A maconha é uma palavra de origem angolana e se refere a uma mistura preparada à partir de folhas e flores da Cannabis sativa. É uma das drogas mais antigas extraídas de plantas. É conhecida como haxixe, no Oriente Médio e Norte da África; charas, no Extremo Oriente; e marijuana ou pot, no México e Estados Unidos. No Brasil os termos populares mais usados são: maconha, baseado, fininho, bomba, fumo, erva, etc. O Δ9-tetraidrocanabinol (THC) é o principal constituinte ativo presente em todas as partes da planta Cannabis sativa e o responsável pelos efeitos psicoativos da droga. Outroconstituinte bastante presente é o canabidiol (CBD), que, em seres humanos, apresenta atividade anticonvulsivante, além de ser desprovido de atividade psicomimética. A maconha tem indicações terapêuticas em estudo. ____________________________________________ MECANISMO DE EFEITOS TÓXICOS Os canabinoides são compostos que agem como agonistas de receptores canabinoides. Estes pertencem à família dos receptores acoplados a proteína G, que inibem a adenilciclase e estimulam a condutância de potássio. Existem dois tipos: • CB1: encontrados no SNC, são os responsáveis pelos efeitos psicoativos da droga. Estão localizados em regiões como a substância nigra, gânglios da base, cerebelo, hipocampo e córtex cerebral. Quando estimulados, inibem a liberação de diversos neurotransmissores, como a acetilcolina, o glutamato, o GABA, a noraderenalina, a dopamina e a 5- hidroxitriptamina. Os efeitos principais observados são alterações na cognição, emoções e movimentos; • CB2: localizados no sistema imune (macrófagos esplênicos e linfócitos B), terminais nervosos periféricos, e ducto deferente nos órgãos genitais masculinos. Parece ter participação em processos imunes e inflamatórios. Pesquisas recentes têm demonstrado a presença de receptores CB2 também em SNC. A falta de receptores canabinoides no tronco cerebral explica a ausência de coma e depressão respiratória nas intoxicações, uma vez que essa porção cerebral regula a respiração e outras funções vitais. ____________________________________________ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os efeitos mais comuns descritos pelo uso da maconha fumada são: hiperemia da conjuntiva ocular, ataxia, fala arrastada, boca seca, aumento do apetite, taquipneia, taquicardia. Podem ocorrer hipertensão arterial e hipotensão ortostática com doses mais elevadas dos canabinoides. Os sinais psíquicos dependem da expectativa do usuário, sua experiência prévia e "estado de espírito" no momento do uso. Estes sinais incluem relaxamento, diminuição da ansiedade, euforia, hilaridade espontânea, aumento do apetite, prejuízo da memória de curto prazo, incoordenação, prejuízo da atenção e concentração, alteração da percepção espaço-tempo, aumento subjetivo da percepção sensorial, exacerbação de transtornos "neuróticos" e "psicóticos" pré-existentes. ____________________________________________ RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA DIAGNÓSTICO Clínico: Baseado na história e em achados típicos, como vermelhidão ocular, taquicardia, alteração de humor e da cognição. Complementar: Laboratorial específico: Testes qualitativos em urina: Testes imunocromatográficos utilizando fitas reagentes mono ou multidrogas para triagem são rápidos e eficientes. Laboratorial geral: Eletrólitos e glicose. ____________________________________________ TRATAMENTO Medidas de suporte: → Administra oxigênio suplementar quando necessário; → Monitorizar sinais vitais; → Manter acesso venoso calibroso. Sintomáticos: → Pacientes que se apresentam com disforia moderada podem ser controlados colocando-os em uma sala mal iluminada, tranquila, com diminuição da estimulação. Os benzodiazepínicos podem ser úteis no controle dos sintomas de ansiedade e taquicardia e têm um perfil baixo de efeitos colaterais; → A hipotensão ortostática geralmente é tratada com decúbito e fluidos IV; → Distúrbios psicóticos persistentes podem exigir a instituição de antipsicóticos. ____________________________________________ B) LSD O LSD-25, ou dietilamida do ácido lisérgico, é uma substância sintética descoberta em 1943 pelo cientista suíço Albert Hofmann, do Laboratório Sandoz, que teve a absorção cutânea acidental de uma pequena quantidade da droga. Foi inicialmente utilizada com anestésico e como terapia adjuvante à psicanálise. Começou a ser utilizada como droga de abuso nos anos 60, ganhando popularidade no início dos anos 70. Recebe os nomes populares de “ácido”, “doce” ou “ponto”. É comercializado em cartelas picotadas similares a um mata-borrão. Cada pequeno quadrado (como um selo) picotado recebe uma gota de LSD. Podem ser consumidos inteiros, divididos ao meio ou em quartos. Há ainda apresentações gelatinosas, em forma de pontos, etc. O consumo se dá pela via sublingual; em média, se usa de 20 a 80 µg por dose. ____________________________________________ MECANISMO DE EFEITOS TÓXICOS O mecanismo exato de ação dos alucinógenos é desconhecido, mas sabe-se que há o envolvimento de diversos neurotransmissores, com destaque para a serotonina, dopamina e glutamato. O LSD age principalmente como agonista dos autorreceptores 5-HT1A, nos corpos celulares da rafe, diminuindo a taxa de descarga dos neurônios serotoninérgicos agem também como agonista parcial do receptor 5-HT2A da serotonina no córtex, modo pelo qual pode se explicar seus efeitos alucinatórios. ____________________________________________ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os efeitos psicológicos dependem da expectativa do usuário e do ambiente físico que o cerca. Há alterações na percepção, principalmente de caráter visual e auditivo, e sinestesias (ex.: "ouvir cores" ou "ver sons"). O pensamento pode ficar acelerado ou desorganizado, com ideias soltas e perda do foco. O humor torna-se lábil, podendo variar de situações de grande euforia a quadros de extremo mal-estar, marcados por tristeza e medo. Podem ocorrer "bad trips" (viagens ruins), quando a experiência com o uso da droga é desagradável, RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA apresentando ansiedade intensa, agressividade e comportamentos bizarros. Sinais simpatomiméticos podem acontecer, porém são leves, e incluem: taquicardia, sudorese, piloereção, midríase, aumento de temperatura e hipertensão arterial. ____________________________________________ DIAGNÓSTICO Clínico: Os pacientes intoxicados por alucinógenos geralmente apresentam-se alertas e conscientes de que os sintomas são induzidos pela droga. Podem ocorrer sinais e sintomas leves de estímulo simpatomimético, porém quadros adrenérgicos mais graves requerem diferencial com outras drogas estimulantes. Complementar: Laboratorial específico: O LSD não é detectado nos testes de rotina para a detecção de drogas de abuso. Laboratorial geral: Monitorar eletrólitos, glicose, função renal, ECG. ____________________________________________ TRATAMENTO Medidas de suporte: → Desobstruir vias aéreas e administrar oxigênio suplementar quando necessário; → Monitorizar sinais vitais; → Manter acesso venoso calibroso; → Hidratação adequada; → Medidas de resfriamento corporal quando indicadas. Sintomáticos: → Colocar o paciente em um ambiente calmo e livre de ruídos; → Os benzodiazepínicos são os medicamentos de primeira linha para o controle da agitação. A sedação adequada pode evitar o desenvolvimento de rabdomiólise, hipertermia e hipertensão; → Utilizar 10 mg de diazepam IV até o controle das manifestações. Na impossibilidade de obtenção de acesso venoso, pode-se utilizar midazolam IM; → Antipsicóticos podem ser administrados se houver persistência dos sintomas psicóticos e da agitação apesar do tratamento de suporte e da administração de benzodiazepínicos. 3. ENTENDER COMO AS SUBSTANCIAS ILÍCITAS AGEM NO ORGANISMO PROVOCANDO PERDA DE PESO A dependência de álcool e outras drogas influencia marcadamente a situação alimentar e nutricional dos indivíduos, seja pelo aspecto biológico, por afetar o apetite, a ingestão adequada de nutrientes e o estado nutricional, seja pelo componente social, interferindo nos hábitos alimentares, no autocuidado e na escolha adequada de alimentos. Tanto a desnutrição quanto a obesidade e episódios de compulsãoalimentar têm sido relatados entre pacientes usuários de drogas Pessoas dependentes dessa droga, em padrão de consumo intenso, contínuo e repetitivo, conhecido como "binge", relatam que conseguem passar dias sem se alimentar usando apenas a droga. A síndrome de abstinência das diversas substância existe, também pode gera um emagrecimento involuntário. Além disso, a urgência de obtenção da substância faz com que o indivíduo remaneje o dinheiro que iria ser gasto com alimentação para esse fim. Somado a isso, está também o impacto nas redes sociais e familiares que, muitas vezes, ocorre na vida dos dependentes de crack, fator que também pode interferir na sua rotina e consequentemente na alimentação, tornando as refeições inconstantes e diminuindo a ingestão de alimentos. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA Principais substâncias: ➔ ETANOL: Bebidas alcoólicas parecem estimular a liberação de gastrina e histamina, e as que possuem teor alcoólico superior 40% podem causar lesão direta da mucosa. Além disso, o consumo crônico e abusivo do etanol leva a má absorção de nutrientes no intestino delgado, diarreia e perda de peso. São observadas alterações morfológicas na parede intestinal e redução nas enzimas digestivas. O paciente alcoolista crônico troca a grande maioria das suas calorias diárias pelas calorias da bebida, gerando um grande déficit nutricional com consequente emagrecimento. ➔ COCAÍNA: ocorre diminuição do sono, do cansaço e do apetite, alteração nos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da temperatura. Tem o aumento nas chances de desenvolver problemas de dentição e na área bucal, desnutrição ou desidratação por causa da perda de apetite e longos períodos sem consumir nenhum alimento. O uso crônico de cocaína reduz a capacidade do corpo para armazenar gordura. Além disso, em nova descoberta, cientistas afirmaram que a droga ativa um gene que parece atuar na diminuição do apetite. A alimentação ainda pode ser prejudicada pelas lesões na região orofaríngea causados pelo uso de cachimbos produzida com metal de alumínio. O contato repetitivo com alumínio aquecido provoca aparecimento de bolhas e ferida na língua, nos lábios, rosto e também nos dedos. ➔ ANFETAMINAS: geram a sensação de euforia e provoca perda do apetite. O uso contínuo desta droga desenvolve doenças como anorexia, bulimia e problemas psíquicos. A utilização das anfetaminas gera libração de catecolaminas a nível pré-sináptico, levando a um aumento expressivos do metabolismo basal do paciente. Porém, se for diferente do que ocorre no hipertireoidismo, o apetite é perdido nesse mecanismo. ➔ MACONHA: provoca aumento do apetite e secura na boca. Entretanto, sua síndrome de abstinência contribui para diminuição do apetite, dificuldade para dormir e perda de peso. A maconha ou canabis pode induzir o emagrecimento no seu processo de abstinência, quando o paciente pode cursar com uma síndrome composta por anorexia, emagrecimento, irritabilidade e ocorrência de sonhos estanhos. ➔ HERÓINA: Os opioides reduzem tanto ao apetite, com a motilidade intestinal e a produção liberações das secreções digestivas, promovem perda ponderal em apetite e com abuso de uso dos opiaceos. 4. COMPREENDER O ATENDIMENTO DO PACIENTE USUÁRIO NA EMERGÊNCIA Toda intoxicação suspeita ou confirmada deverá ser tratada como uma situação clínica potencialmente grave, pois mesmo pacientes que não apresentam sintomas inicialmente, podem evoluir mal. Desta forma, a abordagem inicial deve ser feita de forma rápida e criteriosa. AVALIAÇÃO INICIAL O primeiro passo no atendimento de um paciente intoxicado é a realização de um breve exame físico para identificar as medidas imediatas necessárias para estabilizar o indivíduo e evitar a piora clínica. Portanto, neste momento, é de fundamental importância checar: • Sinais vitais; • Nível e estado de consciência; • Pupilas (diâmetro e reatividade à luz); • Temperatura e umidade da pele; • Oximetria de pulso; • Medida de glicose capilar (dextro); • Obter ECG e realizar monitorização eletrocardiográfica se necessário; • Manter vias aéreas abertas e realizar intubação orotraqueal (IOT), se necessário; • Obter acesso venoso calibroso (neste momento, podem ser coletadas amostras para exames toxicológicos); RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA • Administrar tiamina e glicose via intravenosa (IV) se o paciente se apresentar com alteração do nível de consciência, a menos que os diagnósticos de intoxicação alcoólica e hipoglicemia possam ser rapidamente excluídos; • Administrar naloxona em pacientes com hipótese de intoxicação por opioide. A hipótese de intoxicação por opioide é feita com base na exposição à substância e sinais clínicos como rebaixamento do nível de consciência, depressão respiratória e pupilas mióticas puntiformes; • Procurar sinais de trauma, infecção, marcas de agulha ou edema de extremidades. ____________________________________________ DIAGNÓSTICO DA INTOXICAÇÃO A abordagem diagnóstica de uma suspeita de intoxicação envolve a história da exposição, o exame físico e exames complementares de rotina e toxicológicos. HISTÓRIA DA EXPOSIÇÃO Utiliza-se a estratégia dos “5 Ws”, isto é, deve-se obter os dados relacionados ao paciente (Who? - Quem?), à substância utilizada (What? - O quê?), horário da exposição (When? - Quando?), local da ocorrência (Where? - Onde?) e motivo da exposição (Why? - Por quê?). Atentar para o fato de que muitas informações podem ser distorcidas ou omitidas, principalmente quando há tentativas de suicídio ou homicídio envolvidas, uso de drogas ilícitas, abortamento ou maus tratos. • Paciente: obter o histórico de doenças, medicações em uso, tentativas de suicídio anteriores, ocupação, acesso a substâncias, uso de drogas e gravidez. • Agente tóxico: procurar saber qual foi a substância utilizada e a quantidade. Sempre que possível, solicitar para os acompanhantes trazerem os frascos ou embalagens e questionar se pode ser um produto clandestino. • Tempo: verificar qual foi o horário da exposição e por quanto tempo a substância foi utilizada, nos casos de exposições repetidas. Questionar se houve algum sintoma prévio à exposição. • Local: saber onde ocorreu a exposição e se foram encontrados frascos, embalagens, seringas ou cartelas de comprimidos próximos ao paciente. Verificar quais medicamentos são utilizados pelos familiares ou pelas pessoas onde o indivíduo foi encontrado. Também é útil saber se foi encontrada alguma carta ou nota de despedida em casos de tentativa de suicídio. • Motivo: identificar a circunstância da exposição, já que é de extrema importância saber se foi tentativa de suicídio, homicídio, acidente, abuso de drogas e outras. ____________________________________________ EXAME FÍSICO Realizar exame físico do paciente verificando os principais sinais e sintomas descritos abaixo: • Odores característicos: ex.: hálito etílico (uso de álcool), odor de alho (organofosforados); • Achados cutâneos: sudorese, secura de mucosas, vermelhidão, palidez, cianose, desidratação, edema; • Temperatura: hipo ou hipertermia; • Alterações de pupilas: miose, midríase, anisocoria, alterações de reflexo pupilar; • Alterações da consciência: agitação, sedação, confusão mental, alucinação, delírio, desorientação; • Anormalidades neurológicas: convulsão, síncope, alteração de reflexos, alteração de tônus muscular, fasciculações, movimentos anormais; • Alterações cardiovasculares: bradicardia, taquicardia, hipertensão, hipotensão, arritmias; • Anormalidades respiratórias: bradipneia ou taquipneia, presença de ruídos adventícios pulmonares; • Achados do aparelho digestório: sialorreia, vômitos,hematêmese, diarreia, rigidez abdominal, aumento ou diminuição de ruídos hidroaéreos. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA Estes sinais e sintomas descritos, quando agrupados, podem caracterizar uma determinada síndrome tóxica. As principais síndromes tóxicas utilizadas para o diagnóstico da intoxicação aguda são: síndrome sedativo-hipnótica, opioide, colinérgica, anticolinérgica, adrenérgica, serotoninérgica e extrapiramidal. ____________________________________________ EXAMES COMPLEMENTARES Gerais: Dependendo do agente envolvido podem ser solicitados exames laboratoriais, ECG, exames de imagem (RX, TC) ou endoscopia digestiva alta. Toxicológicos: • Testes de triagem: são rápidos e fornecem informações qualitativas ou semi-quantitativas para uma classe de agentes tóxicos (por exemplo, teste positivo para benzodiazepínicos, mas não necessariamente o diazepam), e algumas vezes podem gerar resultados falso-positivos. Assim, o resultado de uma técnica de triagem pode ser confirmado por técnicas analíticas mais definitivas. • Testes de confirmação: identificam o composto específico em vez de simplesmente sua classe. Estes ensaios carecem de mais tempo (horas/dias) e intensivo trabalho, são de limitada disponibilidade, além de serem caros de se realizar. A técnica confirmatória de escolha para a grande maioria dos compostos é a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas; e essa análise pode ser qualitativa ou quantitativa. Se disponíveis, análises confirmatórias serão necessárias quando houver possível envolvimento médico-legal ou do serviço social. ____________________________________________ TRATAMENTO O manejo adequado de um paciente com suspeita de intoxicação depende do agente envolvido e da sua toxicidade, assim como do tempo decorrido entre a exposição e o atendimento. Além do suporte, o tratamento envolve medidas específicas como descontaminação, administração de antídotos e técnicas de eliminação, descritas a seguir: DESCONTAMINAÇÃO Visa a remoção do agente tóxico com o intuito de diminuir a sua absorção. Durante o procedimento, a equipe de atendimento deverá tomar as precauções para se proteger da exposição ao agente tóxico. Os seguintes procedimentos estão indicados, de acordo com a via de exposição: • CUTÂNEA: retirar roupas impregnadas com o agente tóxico e lavar a superfície exposta com água em abundância; • RESPIRATÓRIA: remover a vítima do local da exposição e administrar oxigênio umidificado suplementar; • OCULAR: instilar uma ou duas gotas de colírio anestésico no olho afetado e proceder a lavagem com RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA SF 0,9% ou água filtrada, sempre da região medial do olho para a região externa, com as pálpebras abertas durante pelo menos cinco minutos. Solicitar avaliação oftalmológica; • GASTRINTESTINAL (GI): consiste na remoção do agente tóxico do trato gastrintestinal no intuito de evitar ou diminuir sua absorção. 5. ELUCIDAR O ACOMPANHAMENTO / TRATAMENTO DO PACIENTE EM USO CRÔNICO DE DROGAS 6. ESTUDAR A TUBERCULOSE CONCEITO A tuberculose é uma doença granulomatosa crônica transmissível causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Sintomático respiratório: Pessoa que, durante a estratégia programática de busca ativa, apresenta tosse por 3 semanas ou mais. Essa pessoa deve ser investigada para tuberculose através de exames bacteriológicos. É uma doença que pode ser prevenida e curada, mas ainda prevalece em condições de pobreza e contribui para perpetuação da desigualdade social, caracterizando como uma doença negligenciada. É uma das enfermidades mais prevalentes entre as pessoas em situação de pobreza no mundo com elevada carga em termos de mortalidade, juntamente com o HIV/aids e a malária. A distribuição do número de casos ocorre de forma desigual no mundo, concentrando-se nos grupos sociais desfavorecidos tais como pessoas em situação de pobreza e fome; pessoas privadas de liberdade; minorias étnicas (como os indígenas no Brasil) e aquelas vivendo com HIV/aids. ____________________________________________ AGENTES ETIOLÓGICOS A TB pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo Mycobacterium tuberculosis: • M. tuberculosis; • M. bovis; • M. africanum; • M. canetti; • M. microti; • M. pinnipedi; • M. caprae. Em saúde pública, a espécie mais importante é a M. tuberculosis, conhecida também como bacilo de Koch (BK). O M. tuberculosis é fino, ligeiramente curvo e mede de 0,5 a 3 μm. É um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), aeróbio, com parede celular rica em lipídios (ácidos micólicos e arabinogalactano), o que lhe confere baixa permeabilidade, reduz a efetividade da maioria dos antibióticos e facilita sua sobrevida nos macrófagos. ____________________________________________ EPIDEMIOLOGIA No mundo... Embora as taxas globais de incidência tenham diminuído lentamente nos últimos anos (apenas 1,5% entre 2014 e 2015), o fardo da tuberculose permanece substancial (cerca de 1,4 milhão de mortes e um adicional de 0,4 milhão resultantes da tuberculose entre pessoas vivendo com HIV, em 2015). Até 2018, a tuberculose ainda configurava como uma das dez principais causas de morte no mundo. A incidência de tuberculose e resistência aos medicamentos está aumentando em algumas partes do mundo, como a África. Estima-se que em 2015 cerca de 10,4 milhões de pessoas desenvolveram tuberculose, 580 mil na forma de TB multirresistente (TB MDR) ou TB resistente à rifampicina (TB RR), e 1,4 milhão morreram da doença. No entanto, foram reportados nesse mesmo ano cerca de 6,1 milhões de casos novos de TB. A subnotificação RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA diminuiu entre os anos de 2013 a 2015, principalmente devido ao aumento de 34% das notificações da Índia. Apesar disso, globalmente ainda persistem 4,3 milhões de casos subnotificados. A região das Américas representa cerca de 3,0% da carga mundial de tuberculose, com 268 mil casos novos estimados, os quais estão localizados em nações como Brasil (33,0%), Peru (14,0%), México (9,0%) e Haiti (8,0%), países com a maior carga. A faixa etária menor de 15 anos representa 6,3% dos casos e a maioria é do sexo masculino. Em relação aos desfechos de tratamento, em 2014, o percentual de sucesso de tratamento foi de 83% entre os casos novos e recidivas, 52% entre os casos de TB MDR e 28% entre os casos de TB com resistência extensiva a drogas (TB XDR). ____________________________________________ Foi aprovada na AMS, em 2014, a “Estratégia global e metas para prevenção, atenção e controle da tuberculose pós-2015”, mais tarde denominada Estratégia pelo Fim da Tuberculose, cujo principal proponente foi o Brasil. A Estratégia tem como visão “Um mundo livre da tuberculose: zero morte, adoecimento e sofrimento devido à tuberculose” e por objetivo o fim da epidemia global da doença. As metas, para cumprimento até 2035, são: • Reduzir o coeficiente de incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes; • Reduzir o número de óbitos por tuberculose em 95%. ____________________________________________ No Brasil... Em 2016 o Ministério da Saúde divulgou que o Brasil conseguiu atingir as metas dos Objetivos do Milênio de combate à tuberculose com três anos de antecedência. Nos últimos 10 anos, a incidência de casos de tuberculose no Brasil reduziu 20,2%, passando de 38,7 casos/100 mil habitantes em 2006 para 30,9 casos/100 mil habitantes em 2015. Já a taxa de mortalidade passou de 2,2 óbitos para cada 100 mil habitantes, em 2014, contra 2,6 registrados em 2004; contudo, muito ainda há a ser feito. Porém, o Brasil está entre os 30 países de altacarga para TB e TB-HIV considerados prioritários pela OMS para o controle da doença no mundo. Nos últimos 10 anos, foram diagnosticados, em média, 71 mil casos novos da doença. Maior destaque epidemiológico: TB pulmonar. DETECÇÃO: Em 2015, o percentual de detecção da tuberculose no país, segundo a OMS, foi de 87,0%. Em 2017, o número de casos notificados foi de 72.770 e os coeficientes de incidência variaram de 10,0 a 74,7 casos por 100 mil habitantes entre as Unidades Federadas (UF). De acordo com a OMS, o Brasil possui a maior taxa de detecção entre os países de alta carga. MORTALIDADE: No ano de 2016, foram notificados 4.483 óbitos por TB, o que corresponde ao coeficente de mortalidade de 2,2 óbitos por 100.000 habitantes. TRATAMENTO: O percentual de sucesso de tratamento reportado para os casos novos com confirmação RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA laboratorial foi de 74,6%, em 2016, com 10,8% de abandono de tratamento, e 4,1% dos registros com informação ignorada quanto ao desfecho. TUBERCULOSE – HIV: Dos casos de TB notificados em 2017, 77,8% foram testados para HIV, apresentando 9,5% de coinfecção. O Brasil não possui uma epidemia generalizada, mas concentrada em algumas populações, como as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), em situação de rua, privadas de liberdade (PPL), a população indígena e pessoas que vivem em aglomerados e em situação de pobreza. ____________________________________________ FATORES DE RISCO Grupos de risco: Infecção e doença são mais frequentes entre os contatos de baixa idade, os idosos, os portadores de doenças ou em condições imunossupressoras e os tuberculino-negativos. A presença da hipersensibilidade protege o indivíduo da reinfecção exógena, quando exposto a um pequeno número de partículas infectantes. ____________________________________________ FISIOPATOLOGIA O M. tuberculosis não se apresenta livre na natureza, dependendo do parasitismo. Transmite-se principalmente por via aérea, facilitada pela aglomeração humana. Tem uma baixa morbidade que, associada ao crescimento lento, provoca principalmente doença de curso lento e crônico em indivíduos com baixa imunidade, com destaque para a subnutrição. Por ser um aeróbio estrito para a maior parte das suas populações, infecta os pulmões e aí se localiza preferencialmente – a presença de oxigênio favorece sua multiplicação e a ligação do órgão com o meio externo facilita sua transmissão. Nenhuma toxina (exo ou endo) foi isolada do bacilo de Koch, razão pela qual não consegue romper a barreira epitelial íntegra, infectando o interior do hospedeiro às suas próprias custas. ____________________________________________ Transmissão: Modelos concomitantes in vitro e in vivo, de atomização artificial de escarro, revelam que partículas maiores tendem a se depositar no chão, misturando-se com a poeira, enquanto as menores levitam no ar. Das que levitam (gotículas de Pflüger), nem todas são contagiantes, apenas as que se ressecam alcançando um tamanho entre 2 e 10 micras e apresentam características aerodinâmicas semelhantes a dos gases (partícula núcleo ou gotícula núcleo de Wells). Tais partículas, com um ou dois bacilos viáveis, podem manter-se em suspensão no ar por muitas horas e são capazes de alcançar os alvéolos, onde os germes se implantam, podendo se multiplicar e provocar a chamada primo-infecção. Outras não ressecadas, com grumos de bacilos, depositam-se no trajeto da árvore brônquica e são eliminadas pelo sistema mucociliar, digeridas e eliminadas pelo sistema digestivo. ____________________________________________ ● A transmissão da TB se faz por via respiratória, pela inalação de aerossóis, produzidos pela tosse ou espirro de um doente com tuberculose ativa pulmonar ou laríngea. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA ● Estudos indicam que os pacientes bacilíferos, ou seja, com TB cujo escarro contém BAAR visíveis à microscopia (casos de esfregaço de escarro / baciloscopia positive) têm maior capacidade de transmitir a infecção. ● Os pacientes que apresentam TB com esfregaço de amostra de escarro negativa e cultura e/ou Teste Rápido Molecular da Tuberculose (TRM-TB) positivos também podem transmitir, porém são menos infectantes. ● Aqueles com TB pulmonar de cultura negativa e TB extrapulmonar são essencialmente não infecciosos. ___________________________________________ A maior transmissibilidade do foco se relaciona: • à doença pulmonar (ou laríngea); • à presença de cavidades, comuns nas formas de reativação; • à maior carga de bacilos no escarro, expresso pelo número de cruzes no exame baciloscópico. Quantidade de tosse: A quantidade, o vigor e as características da tosse interferem na comunicabilidade. Estudos demonstra que a maior quantidade de tosse se relacionava ao maior número de infectados. Pacientes em melhor estado geral e nutricional tendem a apresentar tosse vigorosa, atomizando partículas com maior capacidade de transmissão do que aqueles em pior estado. Atomização da secreção: Escarros espessos e aderentes produzem menor quantidade de partículas infectantes, ao contrário dos mais fluidos. Tempo de exposição: Quanto mais demorada a convivência, maior a possibilidade de transmissão, daí a necessidade de investigar os contatos mais próximos no rastreamento da doença. O contágio depende, assim, de como se estabelece a relação entre o foco e o contato, sendo os intradomiciliares e os íntimos mais infectados do que os extradomiciliares. A proximidade (mesma cama, mesmo quarto, mesma casa) e o parentesco (mãe, pai, irmãos e outros parentes) guardam uma relação direta e estatisticamente significante com a infecção. Compreende-se, ainda, a interferência da epidemia do HIV sobre a tuberculose, em que os portadores do vírus e doentes se infectam com muito mais facilidade do que os não infectados. O bacilo é sensível à luz solar, e a circulação de ar possibilita a dispersão de partículas infectantes. Com isso, ambientes ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão. ____________________________________________ CLASSIFICAÇÃO PULMONAR A tuberculose pulmonar é a forma mais comum da doença e ocorre devido a entrada do bacilo nas vias respiratórias superiores e alojamento nos pulmões. Os sinais, sintomas e as manifestações radiológicas dependem do tipo de apresentação da TB. Classicamente, as principais formas de apresentação são a forma: • Primária • Pós-primária (ou secundária) • Miliar. Os sintomas clássicos podem ocorrer em qualquer das três apresentações: • Tosse persistente seca ou produtiva • Febre vespertina • Sudorese noturna • Emagrecimento ____________________________________________ TUBERCULOSE PRIMÁRIA: Normalmente ocorre em seguida ao primeiro contato do indivíduo com o bacilo e, por isso, é mais comum em crianças nos primeiros anos de vida e entre indivíduos imunocomprometidos. Habitualmente, é uma forma grave, porém com baixo poder de transmissibilidade. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA As manifestações clínicas podem ser insidiosas, com o paciente apresentando-se irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna e inapetência. Nem sempre a tosse está presente. O exame físico pode ser inexpressivo. ____________________________________________ TUBERCULOSE SECUNDÁRIA: • Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum no adolescente e no adulto jovem. • Tem como característica principal a tosse seca ou produtiva (3 semanas). • Nos casos em que a tosse é produtiva, a expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com ou sem sangue. • A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5 C. • A sudorese noturnae a perda ponderal são comuns. O exame físico geralmente mostra fácies de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. A ausculta pulmonar pode apresentar diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo ser normal. ____________________________________________ TUBERCULOSE MILIAR: Refere-se a um aspecto radiológico pulmonar específico, que pode ocorrer tanto na forma primária quanto na forma secundária da TB. A tuberculose miliar é uma das formas mais graves da tuberculose e ocorre quando o bacilo entra na corrente sanguínea e chega a todos os órgãos, havendo risco de meningite. Além do pulmão ser gravemente acometido, outros órgãos também podem ser, como fígado, medula óssea, cérebro, medula espinhal ou a membrana que envolve o coração, por exemplo. Mais comum em pacientes imunocomprometidos, como pessoas infectadas com HIV em fase avançada de imunossupressão. A apresentação clínica pode ser aguda ou subaguda, com maior frequência em crianças e em adultos jovens. De uma forma mais incomum, a TB miliar apresenta-se como doença crônica (idosos) ou mesmo febre de origem obscura. Os sintomas como febre, astenia, emagrecimento e tosse ocorrem em 80% dos casos. O exame físico pode mostrar hepatomegalia (35% dos casos), alterações do sistema nervoso central (30% dos casos) e alterações cutâneas do tipo eritemato- máculo-pápulo-vesiculosas (incomum). ____________________________________________ EXTRAPULMONAR Embora o meio de transmissão prevalente da doença seja por vias aéreas, já que outras vias de transmissão (pele e placenta) são raras, a bactéria pode entrar na corrente sanguínea e infectar outros órgãos, mesmo sem se manifestar. As apresentações extrapulmonares da TB têm seus sinais e sintomas dependentes dos órgãos ou sistemas acometidos. Sua ocorrência aumenta em pacientes coinfectados pelo HIV, especialmente entre aqueles com imunocomprometimento grave. As principais formas diagnosticadas em nosso meio são listadas a seguir: Tuberculose pleural: ocorre quando o bacilo acomete a pleura, tecido que reveste os pulmões, causando intensa dificuldade em respirar. Esse tipo de tuberculose extrapulmonar não é contagioso. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA É a forma mais comum de TB extrapulmonar em pessoas não infectadas pelo HIV. Ocorre mais em jovens e cursa com dor torácica do tipo pleurítica. A tríade astenia, emagrecimento e anorexia ocorre em 70% dos pacientes, e febre com tosse seca, em 60%. Eventualmente, simula pneumonia bacteriana aguda. Nos pacientes com maior tempo de evolução dos sintomas pode ocorrer dispneia. O líquido pleural tem características de exsudato, predomínio de linfócitos e baixo rendimento tanto da pesquisa de BAAR. ____________________________________________ Tuberculose ganglionar periférica: A tuberculose ganglionar é causada pela entrada do bacilo no sistema linfático, podendo acometer os gânglios do tórax, virilha, abdômen ou, mais frequentemente, do pescoço. Esse tipo de tuberculose extrapulmonar não é contagioso e tem cura quando tratado da maneira correta. É a forma mais frequente de TB extrapulmonar em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) e em crianças, sendo mais comum abaixo dos 40 anos. Cursa com aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervicais anterior e posterior, além da supraclavicular. Em PVHIV, o acometimento ganglionar tende a ser bilateral. Ao exame físico, os gânglios podem apresentar-se endurecidos ou amolecidos, aderentes entre si e aos planos profundos, podendo evoluir para flutuação e/ou fistulização espontânea, com a inflamação da pele adjacente. O diagnóstico é obtido por meio de aspirado por agulha e/ou ressecção ganglionar, para realização de exames bacteriológicos e histopatológicos ____________________________________________ Tuberculose meningoencefálica: A tuberculose cerebral ou neurotuberculose é causada pela entrada do bacilo no sistema nervoso central, podendo resultar em meningite ou encefalopatia, e sintomas como dor de cabeça, rigidez na nuca, vômitos ou até convulsões. É responsável por 3% dos casos de TB em pacientes não infectados pelo HIV e por até 10% em PVHIV. A meningite basal exsudativa é a apresentação clínica mais comum e é mais frequente em crianças abaixo dos seis anos de idade. Clinicamente, pode ser subaguda ou crônica. ____________________________________________ INFECÇÃO LATENTE – ILTB Quando uma pessoa saudável é exposta ao bacilo da TB, tem 30% de chance de infectar-se, dependendo do grau de exposição (proximidade, condições do ambiente e tempo de convivência), da infectividade do caso índice (quantidade de bacilos eliminados, presença de caverna na radiografia de tórax) e de fatores imunológicos individuais. As pessoas infectadas, em geral, permanecem saudáveis por muitos anos, com imunidade parcial ao bacilo. Essa condição é conhecida como infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB). A OMS estima que um quarto da população mundial tenha ILTB. Esses indivíduos não apresentam nenhum sintoma e não transmitem a doença, mas são reconhecidos por testes que detectam a imunidade contra o bacilo. Antes de se afirmar que um indivíduo tem ILTB, é fundamental excluir a TB ativa, por meio da anamnese, exame clínico e radiografia de tórax. O maior risco de adoecimento se concentra nos primeiros dois anos após a primoinfecção, mas o período de latência pode se estender por muitos anos e mesmo décadas. Além da conversão recente, fatores relacionados à competência do sistema imunológico podem aumentar o risco de adoecimento. Entre eles, destaca-se a infecção pelo HIV. Outros fatores de risco incluem doenças ou tratamentos imunossupressores, idade (menor do que 2 anos ou maior do que 60 anos), diabetes mellitus e desnutrição. RENATA LIMA – MEDICINA – 6º SEMESTRE – TUTORIA Apesar de grande parte da população mundial estar infectada com M. tuberculosis, não há indicação de investigação indiscriminada de ILTB na população em geral. Essa investigação é indicada somente em populações que potencialmente se beneficiarão do tratamento preconizado para ILTB! ____________________________________________ Diagnóstico pela prova tuberculínica - PPD A prova tuberculínica (PT) é utilizada para diagnóstico de ILTB e pode também auxiliar o diagnóstico de tuberculose ativa em crianças. Consiste na inoculação intradérmica de um derivado protéico purificado do M. tuberculosis para medir a resposta imune celular a esses antígenos. Não há evidências para utilização de PT como método auxiliar no diagnóstico de TB pulmonar ou extrapulmonar no adulto. Uma PT positiva não confirma o diagnóstico de TB ativa, assim como uma PT negativa não o exclui. Assim, a PT é indicada para: • identificar casos ILTB em adultos e crianças; e • auxiliar no diagnóstico de TB ativa em crianças. Indivíduos com PT documentada e resultado ≥ 5 mm não devem ser retestados, mesmo diante de uma nova exposição ao M. tuberculosis. A prova tuberculínica reativa, isoladamente, indica apenas a presença de infecção e não é suficiente para o diagnóstico da tuberculose doença. Leitura da Prova Tuberculínica: A leitura deve ser realizada 48 a 72 horas após a aplicação. Deve-se medir o maior diâmetro transverso da área do endurado palpável, com régua milimetrada transparente. O resultado da PT deve ser registrado em milímetros, inclusive quando não houver enduração. Nesse caso, o profissional deverá anotar: ZERO mm. A especificidade da PT é alta (97%, isto é, 3% de resultados falso-positivos), principalmente se a BCG for aplicada no primeiro ano de vida, como
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