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LISTA DE EXERCÍCIOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL II Prof.: Luigi Bonizzato Monitora: Ana Beatriz Nascimento Responda às seguintes questões: 1. Explique a relação entre o princípio da legalidade e a reserva legal no Brasil (até 10 linhas). A relação entre princípio da legalidade e reserva legal está atrelada ao valor empregado a cada um. O princípio da legalidade é aquele que confere grande importância à lei, visto que é constituído pela premissa do primado da lei – a lei em primeiro lugar–, a qual dispõe que a lei dita o rumo de todos. Por conseguinte, a reserva legal nada mais é que o princípio da legalidade aplicado de forma específica a determinados ramos do direito, como no caso da reserva legal no direito penal. O inciso XXXIX do artigo 5º da CF/88 prevê que “não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal". Além disso, outros exemplos são a reserva legal administrativa (art. 37, caput, CF) e a reserva legal tributária (art. 150, CF). 2. Discorra sobre o princípio do devido processo legal legislativo. O princípio do devido processo legal dispõe que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal" (art.5º, LIV, CF/88). Pode-se compreender, portanto, que o princípio do devido processo legal é aquele que garante um julgamento justo aos indivíduos, posto que defende que o juiz deve respeitar o procedimento previsto em lei para julgar determinado caso concreto. O respeito às exigências procedimentais faz com que ele respeite o devido processo legal formal procedimental. Além disso, há também o devido processo legal substancial/substantivo, o qual estabelece que quando o legislador cria leis, ele deve respeitar o princípio da igualdade – caso contrário, estará desrespeitando o caráter substantivo do devido processo legal. 3. Considere a seguinte afirmação: “O poder regulamentar do administrador público é reflexo direto do primado da lei no direito brasileiro, podendo o chefe do Poder Executivo criar direitos e obrigações no ato da elaboração da lei." Certo ou errado? Justifique. Errado. O poder regulamentar é o poder e faculdade que cada um dos membros da administração pública possuem de regulamentar leis. Esse poder não pode criar direitos e obrigações –sendo essa função apenas do Poder Legislativo. O poder regulamentar representado pelos chefes do poder executivo (presidente, governador, prefeito) tem como instrumento o decreto –um decreto apenas regulamenta algo já existente, não cria. As leis exigem regulamentação para serem concretizadas e o instrumento de lei é o decreto. Não se permite discricionariedade, uma vez que se deve levar em consideração a razoabilidade. 4. Seria atentatório ao princípio da igualdade duas pessoas serem diferenciadas pela ‘capacidade de desempenho físico’ em um concurso público? Explique e discorra sobre o que também pode ser chamado “fator de diferenciação”, com base no também ensinado por Celso Antônio Bandeira de Mello em seu Livro sobre o ‘conteúdo jurídico do princípio da igualdade’. O princípio da igualdade admite relativização a depender do caso concreto, uma vez que relativizá-lo pode significar preservá-lo. Sob essa perspectiva, o autor Celso Antônio Bandeira de Mello faz menção a três critérios básicos para que se possa diferenciar/desigualar um caso concreto sem desrespeitar o princípio da igualdade: a identificação do fator de diferenciação no caso concreto; a correlação lógica entre o fator de diferenciação e a diferenciação propriamente dita; e a adequação e consonância de todo processo de diferenciação com o sistema e objetivos das normas constitucionais vigentes. No caso em questão, a depender do tipo concurso público, tal fator de diferenciação pode estar previsto no respectivo Edital, em razão de a capacidade de desempenho físico estar diretamente relacionada à seleção que se pretende por meio do respectivo concurso. Por exemplo, em um concurso para o cargo de policial federal a capacidade de desempenho físico é de suma importância para a essência do exercício das funções atreladas ao cargo e, por conseguinte, para o próprio exercício da profissão. Portanto, é importante ressaltar que uma precisa escolha, ciência e entendimento do fator de diferenciação – no caso da presente questão, ‘a capacidade de desempenho físico’ – é fundamental para que se possa cogitar de uma aplicação adequada do princípio da igualdade. Outro exemplo de diferenciação que se faz necessária para respeitar o princípio da igualdade é em concurso para guarda carcerário de presídio. Em presídios masculinos, o concurso só pode ser realizado por homens, assim como para presídio feminino só pode ser feito por mulheres. Essa diferenciação é feita a fim de defender os grupos sociais. Utiliza-se o fator gênero de diferenciação. O uso do fator diferenciação cor dos olhos para definir quem pode ou não participar desse concurso não faz sentido, uma vez que não possui uma correlação lógica. 5. No que diz respeito ao princípio da legalidade, explique a relação entre o primado da lei, o Estado de Direito e a reserva legal administrativa. O surgimento do Estado de Direito é fundamentado na valorização da Lei, a qual passa a ditar o rumo de tudo e todos sob fundamento do primado da lei. Essa premissa estabelece que a lei deve estar sempre em primeiro lugar, em contrapartida a mentalidade monarquista que vigorava até então. Já a reserva legal administrativa nada mais é que o princípio da legalidade especificamente aplicado no âmbito do Direito Administrativo. Enquanto que para o “cidadão comum” tudo é permitido fazer, desde que não proibido por lei, ao chamado “administrador público”, membro da Administração Pública brasileira, somente é permitido fazer aquilo que se encontra expressamente previsto em lei (art. 37, caput, CF/88). 6. No que tange à extensão e dimensão do direito à vida, discorra sobre a relação entre o princípio da sustentabilidade e a meta de desenvolvimento econômico, informando, ainda, uma possível vinculação com a norma constitucional que proíbe que animais sejam submetidos à crueldade. Há duas correntes de pensamento atreladas à relação existente entre o princípio da sustentabilidade e a meta de desenvolvimento econômico, também chamada de “desenvolvimento sustentável”. Uma corrente defende a ideia de que desenvolvimento econômico e sustentabilidade é possível, com ideias como a do esverdeamento de projetos etc. Já a outra, com bases mais marxistas, sustenta que capital (desenvolvimento) e a busca constante pelo lucro são incompatíveis com a proteção ambiental. Pois, se poluir for mais barato, assim naturalmente se fará e ocorrerá. Por exemplo, matar animais colocados em situação de sofrimento para fins de alimentação seria contrário à proteção da vida, em sentido mais amplo. Entretanto, há argumentações ligadas à ideia do desenvolvimento que defendem que a utilização de meios para diminuição ou eliminação do sofrimento dos animais poderiam suavizar uma possível contradição entre desenvolvimento e proteção da fauna.
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