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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/347576443
MASTER-THESIS: UM ENSAIO SOBRE AS CONEXÕES ENTRE O JULGAMENTO
MORAL E DETERMINANTES BIOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO NA
GOVERNANÇA CORPORATIVA
Thesis · December 2020
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74
1 author:
Roberto Godoy Fernandes
Universidade Nove de Julho (CAPES level 5)
7 PUBLICATIONS   2 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Roberto Godoy Fernandes on 22 December 2020.
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https://www.researchgate.net/publication/347576443_MASTER-THESIS_UM_ENSAIO_SOBRE_AS_CONEXOES_ENTRE_O_JULGAMENTO_MORAL_E_DETERMINANTES_BIOLOGICOS_DO_COMPORTAMENTO_NA_GOVERNANCA_CORPORATIVA?enrichId=rgreq-f4944f6078f26b6219e9699f0608b6d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NzU3NjQ0MztBUzo5NzE2MDEyOTQxNTU3NzdAMTYwODY1OTIwODY0Mg%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/publication/347576443_MASTER-THESIS_UM_ENSAIO_SOBRE_AS_CONEXOES_ENTRE_O_JULGAMENTO_MORAL_E_DETERMINANTES_BIOLOGICOS_DO_COMPORTAMENTO_NA_GOVERNANCA_CORPORATIVA?enrichId=rgreq-f4944f6078f26b6219e9699f0608b6d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NzU3NjQ0MztBUzo5NzE2MDEyOTQxNTU3NzdAMTYwODY1OTIwODY0Mg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Roberto-Fernandes-7?enrichId=rgreq-f4944f6078f26b6219e9699f0608b6d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NzU3NjQ0MztBUzo5NzE2MDEyOTQxNTU3NzdAMTYwODY1OTIwODY0Mg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Roberto-Fernandes-7?enrichId=rgreq-f4944f6078f26b6219e9699f0608b6d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NzU3NjQ0MztBUzo5NzE2MDEyOTQxNTU3NzdAMTYwODY1OTIwODY0Mg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Roberto-Fernandes-7?enrichId=rgreq-f4944f6078f26b6219e9699f0608b6d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NzU3NjQ0MztBUzo5NzE2MDEyOTQxNTU3NzdAMTYwODY1OTIwODY0Mg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Roberto-Fernandes-7?enrichId=rgreq-f4944f6078f26b6219e9699f0608b6d4-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM0NzU3NjQ0MztBUzo5NzE2MDEyOTQxNTU3NzdAMTYwODY1OTIwODY0Mg%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS 
FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ÊNFASE 
GOVERNANÇA CORPORATIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ROBERTO GODOY FERNANDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM ENSAIO SOBRE AS CONEXÕES ENTRE O JULGAMENTO MORAL E 
DETERMINANTES BIOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO NA 
GOVERNANÇA CORPORATIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2019 
ROBERTO GODOY FERNANDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM ENSAIO SOBRE AS CONEXÕES ENTRE O JULGAMENTO MORAL E 
DETERMINANTES BIOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO NA 
GOVERNANÇA CORPORATIVA 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado 
Profissional em Administração – Governança 
Corporativa do Centro Universitário das Faculdades 
Metropolitanas Unidas como requisito para a obtenção 
do título de Mestre em Administração (com ênfase 
profissional em governança corporativa). 
 
Orientador: Prof. Dr. Eric David Cohen 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2019 
 
ROBERTO GODOY FERNANDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM ENSAIO DAS CONEXÕES ENTRE O JULGAMENTO MORAL E 
DETERMINANTES BIOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO NA 
GOVERNANÇA CORPORATIVA 
 
 
 
 
 
 
Data de Aprovação: ___ de ____________ de ______. 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
 
________________________________________________________ 
Presidente: Prof. Dr. Eric David Cohen 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU 
 
 
 
________________________________________________________ 
Membro Externo: Prof. Dr. João Ricardo Sato 
Universidade Federal do ABC – UFABC 
 
 
 
________________________________________________________ 
Membro Externo: Prof. Dr. Fernando de Almeida Santos 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado ao meu mais valioso tesouro: 
a minha esposa Jaqueline, meus filhos Rebekah, Benjamin e 
Deborah e minha mãe Miriam. 
Com todo amor. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Gostaria de começar agradecendo a Deus, por mais esta conquista, saúde, paz e 
capacidade, que sei, que excedeu o meu entendimento. 
A minha esposa e grande amiga Jaqueline, uma vez que renunciou a alguns sonhos para 
que eu realizasse o sonho do mestrado. Sem o seu apoio, incentivo e suporte, eu não teria 
conseguido. 
A minha mãe, com o seu amor incondicional, apoio e conselhos. Entre outros, obrigado 
por ter me transferido dois grandes ensinamentos: O valor da educação e como ter resiliência 
perante as dificuldades da vida. 
Aos meus filhos, meu maior tesouro e a minha maior contribuição para esta sociedade. 
Ainda que seja cedo para que eles entendam a dimensão deste projeto, nós renunciamos a 
momentos valiosos, em prol deste. Obrigado Rebekah (10 anos), Benjamin (8 anos) e Deborah 
(4 anos). 
As duas grandes amizades, construídas no mestrado: Sr. Filipe Antônio Fiorini e Sr. 
Roberto Constantino Júnior. Juntos, escrevemos artigos, fomos a congressos, madrugamos 
noites e noites, compartilhamos sonhos, projetos e ansiedades. Agradeço ainda pela disposição 
no suporte de revisão deste trabalho. Aprendi muito com estes dois grandes amigos e gênios. 
Ao meu orientador e amigo, Professor Dr. Eric David Cohen, pela disponibilidade, 
ensinamentos, conselhos e direcionamentos para o correto desenvolvimento desta pesquisa. 
Ao coordenador do programa de mestrado e amigo, Professor Dr. Orlando Roque da 
Silva, por todo o apoio acadêmico, conselhos maravilhosos, e motivação contínua. 
Ao professor e amigo, Dr. Celso Machado Júnior, pelos ensinamentos, conselhos, 
disponibilidade e lições de vida. 
Ao professor e conselheiro Dr. João Ricardo Sato, da Universidade Federal do ABC – 
UFABC. Obrigado pela disponibilidade, pelo apoio, ensinamentos e conselhos. 
Aos funcionários da secretária do mestrado e a Srta. Joelma Stefanie da Silva pela 
dedicação e comprometimento no dia a dia acadêmico. 
Por fim, agradeço a você leitor, pelo interesse e tempo gasto na leitura deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.” 
“If I have seen further it is by standing on the shoulders of Giants.” 
Isaac Newton (1642-1727) 
 
vii 
 
RESUMO 
 
Diante dos avanços nas pesquisas neurocientíficas que buscam esclarecer o processo de 
funcionamento dos mecanismos do cérebro e do sistema nervoso central, as pesquisas visam 
explicar como o indivíduo poderá se comportar ao longo da vida. Em particular, nossa atenção 
está voltada aos comportamentos antissociais ou antiéticos. Nesse contexto, é necessário que a 
Governança Corporativa acompanhe com instrumentos próprios e compreenda estes efeitos e 
os avanços científicos. Se estes aspectos não estiverem adequadamente validados, decorre que 
a aplicação indevida dos aspectos do comportamento humano não permitirá compreender os 
processos de julgamento – tais como o comportamento segregacionista e o comportamento 
preconcebido. Neste sentido, este estudo tem como objetivo identificar as conexões teóricas 
entre o julgamento moral e determinantes biológicos na formação do comportamento ético 
organizacional, uma vez que o IBGC ou outra normativa não abordem questões biológicas que 
possam afetar o comportamento moral e por sua vez o comportamento ético organizacional. 
Para tanto, será empregado o método de natureza descritiva, por meio de busca em bases de 
dados eletrônicas a procura de estudos anteriores, longitudinaisou transversais, bem como da 
revisão da literatura que avalia o julgamento moral e os determinantes biológicos como fatores 
que influenciam o comportamento antissocial nas organizações. Diante dos resultados, pode-se 
verificar por meio dos achados na literatura que o julgamento moral do indivíduo é influenciado 
por fatores genéticos, socioambientais e biossociais, emergindo assim, que os determinantes 
biológicos que influenciam o comportamento apresentam relação no processo decisório por 
meio do julgamento moral. Os dados de campo, mostram que é inconclusivo a análise de que 
os profissionais da área comercial possuem tendência mais orientada ao julgamento moral 
Utilitarista se comparado as demais áreas profissionais. Ainda que também inconclusivo, 
apresentou indícios de que o sexo feminino possui tendência mais Deontológica se comparado 
a amostra masculina, e que com o aumento da idade, aumenta também a tendência 
Deontológica. A partir destas evidências, foram formuladas novas hipóteses, que sejam 
relevantes para o desenvolvimento de teorias nesta área de conhecimento, bem como evidencia-
se a necessidade por parte da Governança Corporativa em criar os seus próprios métodos de 
validação e políticas apropriadas. 
Palavras-chave: Governança Corporativa. Ética. Dilemas Morais. Determinantes 
Biológicos do Comportamento. 
 
viii 
 
ABSTRACT 
 
Following the advances in neuroscientific research, that seek to clarify the process of 
functioning of the brain and the central nervous system mechanisms, this research aims and 
objectives to explain how the person may behave throughout life. Our attention is focused on 
antisocial or unethical behavior. In this context, it is necessary that the Corporate Governance 
to follow up with its own instruments and to understand these effects and scientific advances. 
If these aspects are not adequately validated, it follows that improper application of the aspects 
of human behavior will not allow us to understand judgmental processes – such as 
segregationist behavior and preconceived behavior. In this sense, this study aims to identify the 
theoretical connections between moral judgment and biological determinants in the formation 
of organizational ethical behavior, since either the IBGC or other normative do not address 
about the biological issues that may affect moral behavior and in turn the organizational ethical 
behavior. To this end, the descriptive method will be applied, by searching electronic databases 
for previous longitudinal and cross-sectional studies, as well as reviewing the literature that 
evaluates moral judgment and biological determinants as factors that influence the antisocial 
behavior in organizations. Given the results found, it can be verified through the literature 
findings that the moral judgment of the individual is influenced by genetic, socioenvironmental 
and biosocial factors, thus emerging that the biological determinants that influence the behavior 
are related in the decision making process through the moral judgment. The empirical data show 
that it is inconclusive the analysis that professionals in the commercial area have a tendency 
more oriented to utilitarian moral judgment compared to other professional areas. Although 
also inconclusive, this research showed evidence that females have a more deontological 
tendency compared to the male sample, and that with increasing age also increases the 
deontological tendency. From this evidence, new hypotheses were formulated that are relevant 
to the development of theories in this area of knowledge, as well as the need for Corporate 
Governance to create its own validation methods and appropriated policies. 
 
Keywords: Corporate Governance. Ethics. Moral Dilemmas. Biological Determinants 
of Behavior. 
 
 
ix 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Linha do tempo dos principais eventos que contribuíram na evolução do compliance 
e da GC. .................................................................................................................................... 29 
Figura 2 – Apresentação das áreas de Brodmann. ................................................................... 54 
Figura 3 – Detalhes das subdivisões do Córtex Pré-Frontal. .................................................. 60 
Figura 4 – Localização do Córtex, Hipocampo, Amigdala e Tálamo. .................................... 63 
Figura 5 – Localização Cerebral da Ínsula. ............................................................................. 65 
Figura 6 – Fases da Pesquisa. .................................................................................................. 74 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
x 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 – Relação entre a Região Cerebral e Sua Influência no Processo Decisório Moral.
 .................................................................................................................................................. 56 
Quadro 2 – Continuação: Relação entre a Região Cerebral e Sua Influência no Processo 
Decisório Moral. ....................................................................................................................... 57 
Quadro 3 – Continuação: Relação entre a Região Cerebral e Sua Influência no Processo 
Decisório Moral. ....................................................................................................................... 58 
Quadro 4 – Classificação dos dilemas mais e menos pontuados segundo o tipo de amostra. 94 
Quadro 5 – Relação entre agente, estado físico inicial e quantidade de pessoas salvas com o 
dano do agente em cada um dos dilemas morais. ..................................................................... 95 
Quadro 6 – Relação entre gênero e grupo de mostra na verificação do comportamento 
Utilitarista – amostra presencial. .............................................................................................. 96 
Quadro 7 – Quadro resumo dos resultados das hipóteses e analises adicionais. .................. 113 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xi 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Análise bibliométrica da Produção científica relevante. ....................................... 69 
Tabela 2 – Análise das Referências aplicadas no Construto 1 – Governança Corporativa. .... 70 
Tabela 3 – Análise das Referências aplicadas no Construto 2 – Ética. ................................... 70 
Tabela 4 – Análise das Referências aplicadas no Construto 3 – Dilemas Morais. .................. 71 
Tabela 5 – Análise das Referências aplicadas no Construto 4 – Determinantes Biológicos. .. 71 
Tabela 6 – Estado psicológico dos participantes – amostra presencial. .................................. 83 
Tabela 7 – Distribuição dos participantes em termos de área de atuação – amostra presencial.
 .................................................................................................................................................. 83 
Tabela 8 – Escolaridade dos participantes – amostra presencial. ............................................ 84 
Tabela 9 – Faixa etária dos participantes – amostra presencial. .............................................. 84 
Tabela 10 – Distribuição dos participantes em termos de sexo e área de atuação – amostra 
presencial. ................................................................................................................................. 85 
Tabela 11 – Estado psicológico dos participantes – amostra online. ...................................... 85 
Tabela 12 – Distribuição dos participantes em termos de área de atuação – amostra online. . 86 
Tabela 13 – Escolaridade dos participantes – amostra online. ................................................ 86 
Tabela 14 – Faixa etária dos participantes – amostra online. .................................................. 87 
Tabela 15 – Distribuição dos participantesem termos de sexo e área de atuação – amostra 
online. ....................................................................................................................................... 87 
Tabela 16 – Exemplo de ajuste de dados para uso em escala de 0...10. .................................. 88 
Tabela 17 – Resumo de pontuação dos dilemas morais – amostra presencial. ....................... 91 
Tabela 18 – Resumo de pontuação dos dilemas morais – amostra online. ............................. 93 
Tabela 19 – Relação entre gênero e grupo de mostra na verificação do comportamento 
Utilitarista – amostra online. .................................................................................................... 97 
Tabela 20 – Análise entre faixas etárias entre jovens e seniores – amostra online. ................ 99 
Tabela 21 – Comparação comportamental entre homens e mulheres do grupo comercial – 
amostra online. ....................................................................................................................... 100 
 
xii 
 
Tabela 22 – Comparação comportamental entre homens e mulheres do grupo não-comercial – 
amostra online. ....................................................................................................................... 101 
Tabela 23 – Comparação comportamental feminino do grupo comercial e não-comercial – 
amostra online. ....................................................................................................................... 101 
Tabela 24 – Análise ANOVA para a Hipótese H1 – amostra presencial. ............................. 103 
Tabela 25 – Análise ANOVA para a Hipótese H1 – amostra online. ................................... 104 
Tabela 26 – Análise ANOVA para a Hipótese H2 – amostra presencial. ............................. 105 
Tabela 27 – Análise ANOVA para a Hipótese H2 – amostra online. ................................... 106 
Tabela 28 – Análise ANOVA para a Hipótese H3 – amostra presencial. ............................. 107 
Tabela 29 – Análise ANOVA para a Hipótese H3 – amostra online. ................................... 108 
Tabela 30 – Análise ANOVA para a Hipótese H4 – amostra presencial. ............................. 109 
Tabela 31 – Análise ANOVA para a Hipótese H4 – amostra online. ................................... 110 
Tabela 32 – Análise ANOVA para a Hipótese H5 – amostra online. ................................... 112 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xiii 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Distribuição das referências por ano de publicação e por idioma. ....................... 72 
Gráfico 2 – Relação entre grupos comercial e não comercial e tendência Utilitarista. ......... 116 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xiv 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
a.C. : Período denominado – antes de Cristo 
B2B : Business to Business, em português: Empresa para Empresa 
BA : Área de Brodmann 
CEO : Chief Executive Officer, em português: Diretor Executivo 
CPF : Córtex Pré-frontal 
CM : Córtex Motor 
CPM : Córtex Pré-motor 
CVM : Comissão de Valore Imobiliários 
EEG : Eletroencefalograma, exame por imagens que mede a atividade elétrica no cérebro 
FBI : Federal Bureau of Investigation dos Estados Unidos da América 
fMRI : Ressonância magnética funcional por imagens 
GC : Governança Corporativa 
GrC : Grupo Comercial 
GrNC : Grupo Não-Comercial 
IBGC : Instituto Brasileiro de Governança Corporativa 
MRI : Ressonância magnética por imagens 
OE : Objetivo específico 
PET : Tomografia por emissão de pósitrons 
RMN : Ressonância magnética nuclear, exame por imagens de alta definição das estruturas 
internas dos órgãos 
SOX : Sarbanes-Oxley, lei Norte Americana criada em 2002 
TCLE : Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xv 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 17 
1.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 20 
1.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 20 
1.3 Hipóteses ....................................................................................................................... 21 
1.4 Justificativa ................................................................................................................... 22 
1.5 Estrutura da dissertação ................................................................................................ 23 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 25 
2.1 Governança Corporativa ............................................................................................... 25 
2.1.1 O Princípio da Transparência ...................................................................................... 30 
2.1.2 O Pilar da Conduta e Conflito de Interesses ................................................................ 32 
2.2 Ética .............................................................................................................................. 36 
2.2.1 Pensadores da Escola da Ética Grega ......................................................................... 39 
2.2.2 O Fundamento do Utilitarismo ..................................................................................... 41 
2.2.3 O Fundamento da Deontologia .................................................................................... 43 
2.2.4 Utilitarismo ou Deontologia: O que é Melhor para os Negócios? .............................. 44 
2.3 Dilemas Morais ............................................................................................................. 45 
2.3.1 O Começo dos Dilemas Morais .................................................................................... 45 
2.3.2 Utilitarismo e Deontologia ........................................................................................... 47 
2.3.3 Dilemas Morais Pessoais e Impessoais ........................................................................ 48 
2.3.4 O Julgamento Moral ao Longo da Idade ..................................................................... 48 
2.3.5 O Julgamento Moral em Homens e Mulheres e as Organizações ................................ 50 
2.4 Determinantes Biológicos do Comportamento Humano .............................................. 53 
2.5 Primeira Visão .............................................................................................................. 67 
3 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 69 
3.1 Caracterização da Pesquisa ........................................................................................... 72 
3.2 Delimitação da Pesquisa ............................................................................................... 75 
3.3 Técnicas e Instrumento de Coleta de Dados ................................................................. 76 
3.4 Interpretação dos Dados ............................................................................................... 80 
 
 
xvi 
 
 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................... 82 
4.1 Parte dois: Dados demográficos ......................................................................................... 82 
4.2 Parte três: Dilemas morais .................................................................................................. 88 
4.3 Síntese dos Resultados da Aplicação dos Dilemas Morais ................................................ 94 
4.4 Verificação e Testes das Hipóteses .................................................................................. 102 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................114 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 118 
ANEXOS ............................................................................................................................... 131 
Anexo A – Questionário dos Dilemas Morais ........................................................................ 131 
APÊNDICES ......................................................................................................................... 140 
Apêndice A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) ..................................... 140 
Apêndice B – Pré-Questionário Para uso interno: ................................................................. 142 
Apêndice C – Gabarito: Respostas dos Respondentes da Amostra Presencial ...................... 144 
Apêndice D – Gabarito: Respostas dos Respondentes da Amostra Online ............................ 145 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
1 INTRODUÇÃO 
O conceito da moral humana, é sem dúvida inquestionável, independentemente se o 
indivíduo está inserido no ambiente social ou corporativo (KVARAN e SANFEY, 2010). O 
argumento de Aristóteles, ao postular que os valores morais se consolidam com o hábito e que 
esses contribuem para a felicidade, é bastante relevante. De outro modo, a moral tem um caráter 
prescritivo de elevado rigor e juízo de valor, uma vez que em outras sociedades o rigor pode 
ser menor. Assim, considera-se que as normas sociais e a cultura local influenciam o 
comportamento humano, o que é corroborado pelos diversos estudos sobre normas sociais, 
culturas e costumes que precedem a era grega antiga (SOUZA, 2007). 
Para Decety e Cowell (2016), desde a infância, o ser humano aprende a ajustar seu 
comportamento frente às expectativas da sociedade e das leis vigentes. Este processo acaba por 
se tornar um aprendizado da vida em sociedade, com influências diretas e indiretas que 
acompanharão o indivíduo por toda a vida. A conduta social é algo complexo, em meio a 
influências diversas, dentre as quais podemos citar as variáveis genéticas, sociais e biossociais, 
que quando combinadas afetarão o comportamento humano. A exemplo disto, a cultura traz 
evidências importantes do que se considera uma conduta imoral, cujos significados dependerão 
do contexto cultural (MEDNICK e KANDEL, 1988; CHRISTENSEN, FLEXAS, et al., 2014; 
CORVO, 2019). 
Ainda que de forma primaria e limitada, Cesare Lombroso citado por Arutyunova, 
Alexandrov e Hauser (2016), revelou que as ações do indivíduo vão além das influências 
socioeconômicas, pois para ele grande parte destas ações são explicadas pelas influências 
biológicas. Este autor foi professor e médico do exército Italiano e é considerado o pai da 
criminologia moderna, por conta das suas contribuições e teorias no campo da antropologia 
criminal. 
Para Portnoy et al. (2018), o processo decisório humano trabalha de maneira 
consciente e inconsciente. Mesmo nas decisões conscientes, considera-se que o ser humano 
não tem domínio total dos seus processos cognitivos, tais como o raciocínio, aprendizado e 
memória. Posto de outra maneira, uma parte considerável das nossas ações pode ser explicada 
pelos processos emocionais, encontrando-se poucos elementos de racionalidade. Neste 
contexto, é relevante notar os avanços no campo da neurociência, que tem produzido achados 
importantes nesta nova direção da ciência do comportamento humano. Tais achados vêm 
descortinando novas teorias e modelos teóricos do comportamento, de forma a elevar a 
 
18 
 
importância dos determinantes biológicos como agentes influenciadores nos processos 
cognitivos. Nota-se, a este propósito, que as pesquisas mostram que fatores como influência 
social podem alterar de forma significativa o DNA do indivíduo nos primeiros estágios de 
vida; assim, as influências recebidas aos dois anos de idade produzirão efeitos aos 12 ou aos 
20 anos de idade (PORTNOY, LEGEE, et al., 2018). 
Se por um lado valorizam-se as ações espontâneas de pessoas altruístas e virtuosas, 
numa perspectiva biológica do ser humano poder-se-ia examinar o quão profundas e sinceras 
seriam as suas intenções por meio do uso de equipamentos e técnicas avançadas da 
neurociência. Desta maneira seria possível propor a investigação do comportamento 
emocional do emissor e do receptor das mensagens no contexto da execução destes eventos; 
a partir disto, pode-se identificar quais áreas do cérebro são ativadas. 
A análise destas imagens pode revelar efeitos profundos da atividade cerebral, ao 
mesmo tempo em que se estabelecem conexões como apego e pertencimento (MOLL, 
OLIVEIRA-SOUZA, et al., 2018). A literatura dá indicações de que o livre arbítrio do ser 
humano não é tão livre assim, uma vez que está ancorado em variáveis que se entrelaçam com 
o DNA humano e que são influenciados por determinantes biológicos, por meio de 
contribuições genéticas, assim como do meio social, das relações humanas, do convívio e do 
desenvolvimento humano. Cabe ressaltar, que as interações sociais em conjunção com os 
fatores genéticos e biológicos poderão ser intensas a ponto de produzir alterações no DNA, 
que transformarão o comportamento – levando até mesmo ao comportamento antissocial ou 
à desonestidade (PORTNOY, LEGEE, et al., 2018; FARRINGTON, KAZEMIAN e 
PIQUERO, 2019). 
Para o FBI (2019), os indivíduos desonestos, que incorrem em comportamento de 
fraude e praticam crimes do colarinho branco, são pessoas comuns. Para Raine (2015), a 
capacidade destes indivíduos de avaliar a situação e julgar é prejudicada, frente a uma 
oportunidade tentadora. Ainda para o FBI (2019), o criminologista Edwin Sutherland foi 
quem primeiro utilizou o termo “Crime do Colarinho Branco”, em 1939, no entanto este termo 
se tornou sinônimo de uma série de fraudes cometidas tanto por empresas, quanto por 
profissionais do governo. Os crimes de fraudes são qualificados por engano, ocultação ou 
violação de confiança e não dependem da aplicação ou ameaça de força ou violência física. 
Nesse sentido, sua motivação sempre será financeira, ou seja, obter ou evitar a perda de 
dinheiro, bens ou serviços, ou até mesmo garantir uma vantagem pessoal ou comercial que 
 
19 
 
por sua vez, sempre deixará vítimas, que podem ser classificadas como: desde famílias que 
perderam suas economias ou investidores que foram enganados. Ainda para o FBI (2019), 
exemplos destas fraudes incluem os crimes de: corrupção pública, lavagem de dinheiro, 
fraude corporativa, fraude de valores mobiliários e commodities, fraude hipotecária, fraude 
de instituição financeira, fraude bancária e peculato, fraude contra o governo, violações da lei 
eleitoral, fraude no marketing em massa e fraude nos serviços de saúde. 
Nesse ápice, ao considerar que as pesquisas desenvolvidas por meio de ferramentas e 
conceitos da neurociência, poderão ajudar a identificar os processos decisórios 
organizacionais, e que tanto o IBGC ou outra normativa não abordem as questões biológicas 
do comportamento que possam afetar o comportamento moral e por sua vez o comportamento 
ético organizacional – a governança corporativa parte da premissa que todos são iguais e não 
preconiza tratamento diferenciado para pessoas diferentes, coloca-se a seguinte pergunta de 
pesquisa: Quais são as conexões teóricas entre os construtos do julgamento moral e 
determinantes biológicos na formação do comportamento ético organizacional? 
Essa pergunta de pesquisa busca respostas frente ao olhar consequencialista do 
comportamento gerencial, visto que outras teorias poderiam colocar – de maneira enviesada 
– outros modelos teóricos de comportamento que levariam a um risco desnecessário, 
prejudicando a boa governança corporativa. Cabe notar, ainda, que todas estas questões são 
de difícil avaliação, mas a GC precisa refletir e desenvolver os seus próprios instrumentos deacompanhamento e validação. 
Desta forma, visando responder à pergunta de pesquisa, propõe-se como procedimento 
metodológico um estudo descritivo de natureza exploratória, utilizando uma abordagem mista 
(qualitativa e quantitativa). Neste sentido, será realizada uma revisão da literatura no tocante 
aos quatro principais conceitos subjacentes: governança corporativa, ética, dilemas morais e 
determinantes biológicos do comportamento. Justifica-se a revisão da literatura dos dilemas 
morais frente ao argumento de Fernandes et al. (2018), que considera que os dilemas morais 
têm se tornado uma ferramenta eficiente para a pesquisa, análise e entendimento do julgamento 
moral do indivíduo. Já o construto da ética, aborda as reflexões acerca do comportamento por 
meio da ótica dos valores morais individuais e sociais. Nesse contexto, enquanto o construto 
dos dilemas morais dá os fundamentos necessários para a investigação do julgamento moral, os 
fundamentos da ética e da governança corporativa, somados ao entendimento de questões dos 
determinantes biológicos, fornecerão subsídios para auxiliar o desenvolvimento da pesquisa 
 
20 
 
que possui duas partes: a primeira se encarrega de investigar os determinantes biológicos, e a 
segunda parte, tem o objetivo mostrar a análise do comportamento moral que recebe as 
influencias dos determinantes biológicos, relevante de investigação, uma vez que se relaciona 
diretamente com a governança corporativa. 
Para tanto, a pesquisa fará uso de um questionário validado e traduzido para o idioma 
Português Europeu, abordando os dilemas morais, que será replicado e testado no contexto 
brasileiro. Os procedimentos de amostragem adotarão a estratégia não probabilística e por 
conveniência, visando alcançar profissionais de diversos segmentos no território nacional. 
Na próxima seção, apresenta-se os objetivos – geral e específicos, hipóteses, 
justificativa e estrutura desta pesquisa. 
 
1.1 Objetivo Geral 
Considerando as teorias e conceitos dos dilemas morais e seus efeitos no julgamento 
moral e no conjunto de princípios morais, esta pesquisa tem por objetivo identificar as conexões 
teóricas entre o julgamento moral e determinantes biológicos na formação do comportamento 
ético organizacional. 
 
1.2 Objetivos Específicos 
Para alcançar o objetivo geral desta pesquisa, três objetivos específicos são propostos: 
a. Por meio da revisão da literatura, identificar o estado da arte dos determinantes 
biológicos que poderão influenciar o comportamento humano. 
b. Propor hipóteses relacionadas às conexões entre o julgamento moral e os 
determinantes biológicos na determinação do comportamento ético 
organizacional. 
c. Avaliar por meio da análise quantitativa o julgamento moral, por meio do 
emprego de um questionário validado dos dilemas morais. 
 
Quanto aos objetivos deste trabalho, os mesmos possuem duas partes: a primeira parte, 
atende ao primeiro objetivo especifico, por meio da revisão da literatura, isto inclui a 
investigação dos determinantes biológicos, e a segunda parte, o ensaio de campo, tem o objetivo 
 
21 
 
de mostrar a análise do comportamento moral que recebe as influencias dos determinantes 
biológicos, atendendo ao segundo e terceiro objetivo específico. 
 
1.3 Hipóteses 
A parte experimental deste trabalho analisa uma amostra formada por dois grupos de 
indivíduos para comparação: um grupo formado por profissionais da área comercial, e um 
segundo grupo formado por profissionais de diversas áreas. 
Há evidencias que sugerem que há diferença significativa de comportamento moral 
entre grupos. Schwepker Jr. e Good (2011), desvinculam os resultados financeiros, mas 
associam o desempenho comportamental. Já Ojikutu, Obalola e Omoteso (2013), sugerem 
que os processos organizacionais têm papel vital na formação do comportamento moral da 
área comercial. Nesse sentido, se mostra relevante propor as seguintes hipóteses: 
H1: Existe diferença entre o comportamento moral do grupo formado por profissionais 
da área comercial, se comparado ao grupo formado por profissionais de outras áreas – 
independentemente do sexo. 
Como já foi citado na hipótese anterior, há evidencias que sugerem diferenças entre 
os profissionais do grupo comercial se comparado aos de outras áreas. O estudo de 
Arutyunova, Alexandrov e Hauser (2016), sugere que o homem possui tendência mais 
Utilitarista se comparado ao comportamento feminino, e isto pode decorrer da 
emocionalidade feminina nas relações interpessoais. Uma vez que estes grupos são formados 
por indivíduos do sexo masculino e feminino, se mostra relevante testar também as hipóteses 
H2, H3 e H4: 
H2: Existe diferença entre o comportamento moral masculino do grupo formado por 
profissionais da área comercial, se comparado ao grupo formado por profissionais de outras 
áreas – somente amostra masculina. 
Os resultados das análises das hipóteses H2, H3 e H4, permitem comparar se há 
diferença significativa de gênero e entre gênero, dentro e fora de cada um dos dois grupos 
propostos. 
H3: Existe diferença entre o comportamento moral feminino do grupo formado por 
profissionais da área comercial, se comparado ao grupo formado por profissionais de outras 
áreas – somente amostra feminina. 
 
22 
 
Os achados de Barnes, Beaulieu e Saxton (2017), mostram que as mulheres são menos 
tendenciosas ao julgamento moral Utilitarista, isto por estar associado com maior intensidade 
ao processo decisório cognitivo racional, e menor intensidade aos processos emocionais. 
Finalizando a análise de gênero, a hipótese H4 se mostra relevante por comparar o gênero 
dentro do grupo comercial: 
H4: Existe diferença entre o comportamento moral masculino e o feminino, dentro do 
grupo formado por profissionais da área comercial. 
 Ainda no ambiente organizacional, o estudo de Zalata et al. (2018), após analisar os 
relatórios financeiros que foram publicados antes e após a aprovação da lei Sarbanes-Oxley, 
observou que somente nos CEOs do sexo feminino as ações antiéticas decresceram, enquanto 
o mesmo não se verificou nas ações dos CEOs do sexo masculino. A última hipótese busca 
testar se há diferenças no processo decisório por meio do comportamento moral nos 
profissionais seniores, com idade superior aos cinquenta anos: 
H5: Existe diferença entre o comportamento moral da amostra com idade superior a 50 
anos se comparado a amostra com idade entre 19 e 24 anos, dentro do grupo formado por 
profissionais da área comercial. 
Há evidências que apontam na direção de que com o aumento da idade o indivíduo 
adquire melhor aprendizado holístico e menor tendência ao Utilitarismo, isto conforme os 
achado de (WORTHY, GORLICK, et al., 2011). Corroborando, o estudo Bruin, Parker e 
Fischhoff (2012), também assegura que com o aumento da idade o indivíduo tem menor 
tendência ao utilitarismo. 
 
1.4 Justificativa 
A relevância deste trabalho se dá pela análise das conexões teóricas do julgamento 
moral e dos determinantes biológicos do comportamento, uma vez que se trata de um tema 
emergente e que a GC precisará desenvolver seus próprios instrumentos. Como será apontado 
adiante, estas conexões ainda não são totalmente compreendidas – o que constitui uma lacuna 
do conhecimento científico na área. Tanto na academia como nas organizações, a literatura e 
os códigos de conduta não levam em conta possíveis indícios relacionados aos fatores 
biológicos nos aspectos do comportamento humano. Tanto o IBGC ou outra normativa não 
abordam as questões biológicas do comportamento que possam afetar o comportamento 
 
23 
 
moral, que por sua vez pode influenciar no comportamento ético organizacional. A GC parte 
da premissa de que todos são iguais e não preconiza que haja tratamento diferenciado para 
pessoas diferentes. Assim, trata-se de uma reflexão importante voltada às perspectivas 
futuras, do ponto de vista gerencial e acadêmico.Neste contexto, considera-se que a GC deve 
estar presente nos desenvolvimentos neurocientíficos que tratam das ciências 
comportamentais e da psicologia cognitiva. Esta cadeia de eventos traz como resultados 
importantes, conhecimentos científicos e empíricos que possibilitarão fazer a gestão efetiva 
do comportamento humano, a partir dos determinantes biológicos, no mundo empresarial. 
Nesse ápice, a GC precisará desenvolver seus próprios instrumentos de acompanhamento e 
validação, e isto será um desafio para o futuro. 
 
 
 
1.5 Estrutura da dissertação 
Este trabalho está organizado em cinco capítulos e duas partes complementares, sendo 
que o primeiro capítulo apresenta uma introdução com os principais conceitos dos temas 
abordados, e onde também é apresentado o problema de pesquisa, o objetivo geral, as 
hipóteses e a justificativa para a realização desta pesquisa. 
No segundo capítulo é apresentada a revisão da literatura, que por sua vez é 
subdividida em quatro constructos. O primeiro constructo realiza uma análise sobre a 
governança corporativa. O segundo aborda os aspectos conceituais da ética. O terceiro 
constructo aborda os dilemas morais e por fim, o quarto constructo apresenta os determinantes 
biológicos do comportamento. 
O terceiro capítulo, descreve a metodologia e os procedimentos metodológicos que 
irão nortear este estudo, incluindo o detalhamento sobre as amostras utilizadas e a técnica de 
coleta de dados. 
O quarto capítulo contempla a apresentação e discussão dos resultados encontrados, 
com base nas dimensões propostas, e que serão a base para a conclusão da pesquisa, seguida 
das referências. 
 O quinto capítulo apresenta as considerações finais e tem por objetivo responder ao 
problema proposto, as limitações e recomendações para estudos futuros. 
 
24 
 
Por fim, há duas partes complementares. O Anexo A, registra o questionário validado 
e utilizado na pesquisa, e os Apêndices A, B, C e D, registram o termo de consentimento livre 
esclarecido, o pré-teste – aplicados previamente à realização da pesquisa de campo, bem como 
os gabaritos dos respondentes. 
Na sequência, oferece-se uma revisão da literatura que fundamenta esta pesquisa. 
 
25 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
Para atender os objetivos propostos, a revisão da literatura está organizada em quatro 
subtópicos que visam apresentar os construtos, e relacionar a teoria do julgamento moral e 
determinantes biológicos com o comportamento ético nas organizações. O primeiro construto 
contextualiza as questões da governança corporativa (GC), à partir do princípio da 
transparência, apoiando-se no pilar da conduta e nas questões de conflitos de interesse – 
conforme estabelecido pelo IBGC, por meio dos pilares e princípios das boas práticas de GC 
(IBGC, 2015). O segundo construto aborda a ética sob uma perspectiva filosófica, abordando 
os conceitos da deontologia e da ciência dos deveres, à luz dos direitos e obrigações do ser 
humano. Já o terceiro construto define o dilema moral e como este é idealizado pelo ser humano. 
Por fim, são abordados os determinantes biológicos, que se originam a partir dos fatores sociais, 
ambientais e genéticos e que influenciam o comportamento humano. 
Inicialmente, procedeu-se a uma consulta nas seguintes bases de dados: Portal Brasileiro 
da Legislação para a consulta de leis; Periódicos da Capes; Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Administração – ANPAD, Scientific Electronic Library Online – 
Scielo, Web of Science – WoS (com foco nas publicações Q1 ou Q2), National Center for 
Biotechnology Information – NCBI; bases de dados do Pubmed e Pubmed Central, 
ResearchGate (rede social de profissionais e pesquisadores), PLOS ONE (jornal 
multidisciplinar, Q1), Frontiers in Psychology (jornal de psicologia, Q1) e ScienceDirect 
(editora Elsevier, Q1). Desta consulta foi obtido toda a referência bibliográfica utilizada nesta 
pesquisa. 
Na próxima seção, são apresentados os conceitos relacionados à Governança 
Corporativa, de modo a construir o quadro de referência necessário ao desenvolvimento da 
pesquisa. 
 
2.1 Governança Corporativa 
Para Tricker (2015), a GC é o sistema pelo qual as empresas deveriam ser administradas. 
Enquanto a gestão se preocupa com a atividade fim da empresa, a GC garante que os negócios 
aconteçam de forma honesta e transparente. Complementa o IBGC (2015), que o sistema da 
GC pode ir além das empresas, cobrindo quaisquer organizações que sejam administradas, 
monitoradas ou incentivadas, desde que haja partes interessadas – que envolvam, por exemplo, 
 
26 
 
o relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria e/ou órgãos de 
fiscalização. Nesse sentido, no cenário atual, nota-se uma crescente preocupação com questões 
relacionadas à governança corporativa, envolvendo diversos agentes em função dos diversos 
escândalos financeiros ao redor do mundo; conflitos de interesses e oportunismos de gestão; 
desregulação dos mercados globais e crises financeiras presentes nos mercados desenvolvidos 
e emergentes (SILVEIRA, 2010). Segundo Rossetti e Andrade (2016), os conflitos de agência 
formam a base da governança corporativa e são produtos do oportunismo de gestores, quando 
os acionistas não estão presentes ou quando os direitos de acionistas minoritários são 
expropriados em virtude das ações oportunistas de acionistas majoritários. 
Para Silveira (2010), a governança corporativa se caracteriza por uma abordagem 
multidisciplinar, ao representar a forma com que as sociedades são dirigidas e controladas; em 
outras palavras, ela se apoia em princípios e regras, explicitas ou implícitas. Nesse sentido, os 
principais atores são: a diretoria, conselho de administração e acionistas. Silva (2018), 
corrobora esta visão, ao definir que a GC é composta por um conjunto de práticas que têm por 
objetivo aperfeiçoar a execução das atividades das organizações, protegendo investidores, 
empregados e credores. Em contrapartida, Rossetti e Andrade (2016), postulam que a GC não 
pode ser reduzida a uma única definição, uma vez que ela incorpora diversas interpretações e 
conceitos, que podem variar de país para país. 
Ainda de acordo com Rossetti e Andrade (2016), justifica-se o desenvolvimento da GC 
em duas vertentes: Razões Essenciais e Razões Adicionais de ordem externa e interna. As 
Razões Essenciais estão organizadas em três grupos: 1- relacionamento acionistas-corporações, 
que aborda o tema da separação entre propriedade e gestão; 2- atuação da direção executiva, 
que aborda os problemas dos conflitos de interesses entre acionistas, gestores, ou acionistas 
minoritários, que por sua vez originou o tema do Conflito de Agência; e 3- constituição de 
Conselhos de Administração, que aborda a prática de constituir um conselho – colegiado que é 
o “guardião” dos interesses dos acionistas. 
Por seu turno, as razões adicionais estão organizadas em dois grupos, isto é, razões 
internas e razões externas. As razões internas estão classificadas em três partes: 1- as mudanças 
societárias que abordam a decorrência de extensas reestruturações societárias, novos acordos e 
novas práticas de GC; 2- os Realinhamentos estratégicos originados das mudanças societárias 
que demandam novos modelos de GC destinados ao direcionamento, homologação e 
monitoramento das estratégias das organizações; e 3- os reordenamentos organizacionais que 
 
27 
 
ocorreram devido as mudanças internas, de ordem sucessória ou organizacional, cuja principal 
consequência é a necessidade de profissionalização da gestão e a adoção de boas práticas de 
GC. 
Já as razões externas estão classificadas em três grupos: 1- mudanças no macroambiente 
que levaram ao rompimento das fronteiras de mercados e a criação de blocos econômicos; 2- 
mudanças no ambiente de negócios, impactados pelas mudanças no macroambiente, que 
definiram novas estruturas de competição etornaram os negócios menos seguros e mais 
sensíveis a variações originadas a partir das novas estruturações; 3- revisões institucionais, que 
foram estabelecidas pela regulação legal mais abrangente e severa, tal como a lei Sarbanes-
Oxley nos Estados Unidos, e o crescente interesse pelos códigos de GC. 
Para o IBGC (2015), a aderência aos princípios básicos da GC aumenta à confiança a 
um ambiente mais eficiente – independentemente do tipo da relação (interna ou com terceiros). 
Ainda segundo o IBGC (2015), os princípios da GC estão organizados em: Transparência, 
Equidade, Prestação de Contas e Responsabilidade Corporativa. O princípio da Transparência 
preconiza que sejam disponibilizadas às partes interessadas todas as informações pertinentes ao 
negócio. O princípio da Equidade assegura um tratamento justo e imparcial a todos os sócios e 
interessados. Já os fundamentos da Prestação de Contas, definem a necessidade de uma gestão 
de forma clara, concisa, compreensível e apropriada, e por fim, o princípio da Responsabilidade 
Corporativa, zela pela atenção à viabilidade econômico-financeira, cuidando dos fatores 
externos e internos a organização, e do seu modelo de negócio. 
Estes quatro princípios se estendem e contextualizam os fundamentos nos cinco pilares 
que reúnem as boas práticas de GC: Sócios, Conselhos de Administração, Diretoria, Órgãos de 
Fiscalização e Controle, e Conduta e Conflito de Interesses. O fundamento dos Sócios define 
parâmetros, como: alinhamento de interesses entre todos os sócios, formato de funcionamento 
da organização, mecanização da proteção da tomada de controle, garantia da mediação e 
arbitragem eficazes na resolução de divergências entre sócios e administradores, acordo entre 
sócios no interesse da organização, e o direito a prestação de contas e transparência. 
Já o conselho de administração define parâmetros, como: de atribuições, encarregado 
do processo de decisão a nível de estratégia organizacional, da composição de um conselho de 
administração que seja eficiente, as responsabilidades de seus conselheiros, o processo de 
avaliação dos conselheiros, diretor-presidente e diretoria executiva, e o plano de sucessão. 
 
28 
 
O fundamento da Diretoria, define parâmetros, como: de atribuições, que assegura a 
indicação de diretores, o cumprimento de objetivos estratégicos e sociais, relação com sócios e 
interessados, transparência por meio do emprego de políticas apropriadas, e foco na 
implementação de princípios éticos e socialmente responsáveis. Os Órgãos de Fiscalização e 
Controle, definem parâmetros, como: controle de qualidade nas demonstrações financeiras e 
controles internos, relacionamento organizacional, composição dos membros do conselho 
fiscal, auditoria independente (que assegura a integridade das demonstrações financeiras), 
auditoria interna (que assegura os controles internos e normas internas), e o gerenciamento de 
riscos operacionais, financeiros, regulatórios estratégicos, tecnológicos, sistêmicos, sociais e 
ambientais. 
Por fim, o fundamento da Conduta e Conflito de Interesses, define parâmetros, como: o 
código de conduta que promove os princípios básicos da ética, a cultura e identidade 
organizacional, instrumentos de denuncia que auxiliam no combate a fraudes e a corrupção, 
implementação de códigos de conduta, práticas que mitigam o conflito de interesses, e o uso 
privilegiado e ilegal de informações estratégicas (IBGC, 2015). 
Para o IBGC (2017), o combate à corrupção em conjunto com a evolução da governança 
corporativa propicia vantagem competitiva, e viabiliza critérios diferenciados na obtenção de 
investimentos, créditos e financiamentos. Na Figura 1, é apresentada de forma resumida esta 
cadeia de eventos na linha do tempo, evidenciando as principais contribuições que resultaram 
na evolução do compliance e das boas práticas de GC. No ambiente corporativo, o compliance 
é formado por princípios, códigos e parâmetros, que auxiliam os agentes de governança a 
desempenhar suas atividades com base na consistência da prática da ética, levando à efetiva 
aplicação das práticas de GC na organização (IBGC, 2017). 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Figura 1 – Linha do tempo dos principais eventos que contribuíram na evolução do compliance e da GC. 
 
Quebra da Bolsa de Nova York 1929 
 1934 Criação da SEC 
 (Securities and Exchange Commission) 
Código Penal Brasileiro 1940 
 
 1976 Criação da Comissão de 
 Valores Mobiliários (CVM) 
FCPA (Foreign Corrupt Practices Act) 1977 
 1985 Committee of Sponsoring Organizations 
Lei n. 7.492 (Lei do Colarinho Branco) 1986 of the Treadway Commission (COSO) 
 
 1990 Lei n. 8.137 (Crimes contra a ordem tributária) 
Lei n. 8.429 (Improbidade administrativa) 1992 
 1993 Lei n. 8.666 (Lei de Licitações) 
Fundação do IBGC 1995 Fundação da Transparência Internacional 
 
 1996 Convenção da OEA (Organização dos 
Convenção da OCDE (Organização para a 1997 Estados Americanos) 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) 
 1998 Lei n. 9.613 (Combate à lavagem de dinheiro) 
Convenção Penal do Conselho Europeu 1999 
contra Corrupção 2000 Lançamento do Novo Mercado (B3) 
Convenção Civil do Conselho Europeu 
contra Corrupção 
 
Lei Sarbanes-Oxley 2002 
 2003 Convenção da ONU / Criação da CGU 
 (Controladoria Geral da União) 
 
Dodd-Frank Act 2010 
 2011 Lei n. 12.529 (Lei do Cade) / UK Bribery Act 
Lei n. 12.683 (altera a Lei n. 9.613/98) 2012 
 2013 Lei n. 12.846 (Lei Anticorrupção) 
Decreto n. 8.420 (regulamenta a Lei n. 12.846) 2015 Lei n. 12.850 (Lei da Organização Criminosa) 
Programa Destaque em Governança de Estatais 
da BM&FBovespa (atualmente B3) 
 2016 Lei n. 13.303 (Lei das Estatais) 
Novo regulamento do Novo Mercado da B3 2017 
 
Fonte: Adaptado de IBGC (2017, p. 48). 
 
 
30 
 
À luz da pergunta de pesquisa – qual seja, identificar as conexões teóricas entre o 
julgamento moral e os determinantes biológicos na formação do comportamento ético 
organizacional, torna-se necessário explorar o princípio da transparência, o pilar da conduta e 
o conceito de conflito de interesses, com suas conexões com o julgamento moral e os 
determinantes biológicos. 
 
2.1.1 O Princípio da Transparência 
A transparência diz respeito ao processo estruturado de divulgação de todas as 
informações inerentes aos negócios que sejam de interesse dos diversos stakeholders no 
processo decisório do negócio; estes podem ser acionistas maioritários, minoritários e 
interessados no desenvolvimento sustentável da organização (IBGC, 2015; IBGC, 2017). 
Para Bizerra, Alves e Ribeiro (2012), os princípios da Transparência e da Prestação de 
Contas são essenciais às organizações públicas e privadas. Os códigos de boas práticas de GC 
são desenvolvidos com base nestes princípios, para permitir o controle social e a avaliação 
correta dos resultados empresariais. 
A Transparência e a Prestação de Contas são princípios preconizam ações conjuntas. 
Quando aplicados corretamente, elas permitem combater a corrupção e aumentar os índices de 
GC por meio da prestação de contas. A transparência não se refere apenas à divulgação de 
dados exigidos por leis, estatutos ou regimentos, indo além, ao promover a publicação de dados 
como: atividades e estratégias da gestão; mandatos, operações e desempenho organizacional 
(INTOSAI, 2010). Nesta linha, Empinotti, Jacobi e Fracalanza (2016), consideram que a 
transparência é um indicador de qualidade das práticas de GC, representando um valor 
instrumental na execução da prestação de contas. 
Segundo Egorov et al. (2015), a transparência é essencial nos negócios modernos e é 
preconizada pela regulamentação, a partir de tratados e leis internacionais. Por meio delas, a 
publicação de dados empresariais permitea divulgação do estado real do negócio. 
Ainda que a observância das leis não seja o objetivo deste estudo, cabe registrar que no 
Brasil há um conjunto de leis, decretos e deliberações que abordam diretamente a questão da 
transparência, tanto no âmbito público, como nas companhias abertas. A seguir, de forma breve, 
apresentam-se as principais leis, decretos e liberações em vigor no Brasil que tem por objetivo 
delimitar o comportamento esperado dos dirigentes e demais stakeholders. 
 
 
31 
 
 CVM 586/2017: 
A CVM 586 foi incorporada à instrução CVM 480/2009, sendo considerada uma 
referência de Governança Corporativa. Seu modelo “pratique ou explique” estabelece regras 
que conferem segurança e garantias ao investidor, ao mesmo tempo em que se colocam critérios 
obrigatórios às organizações abertas – de categoria “A” – de divulgação das práticas de GC. As 
informações prestadas devem seguir critérios específicos e incluem informações como: 
funcionamento de controles internos, riscos às quais estão sujeitos, códigos e regimentos de GC 
que são seguidos com o objetivo de prevenir fraudes e corrupção (CVM, 2009). 
 
 Leis 12.527/2011 e 131/2009: 
Esta lei (conhecida como Lei de Acesso à Informação), regulamenta o direito de acesso 
às informações públicas de qualquer pessoa natural ou da empresa. Resumidamente, as Leis se 
diferenciam em relação à passividade e atividade: a Lei 12.527/2011 garante o acesso as 
informações de forma passiva, conforme solicitação. Já a Lei Complementar 131/2009 
(conhecida como Lei da Transparência Pública) garante o acesso à informação de forma 
proativa, ao buscar alterar o texto da Lei de Responsabilidade Fiscal (que versa sobre a 
transparência da gestão fiscal); esta lei determina que sejam disponibilizados, em tempo real, 
informações sobre a execução orçamentária e financeira da União, Municípios, Estados e o 
Distrito Federal (BRASIL, 2009; BRASIL, 2011). 
 
 CVM 480/2009: 
Esta norma dispõe sobre as regras do registro dos emissores de valores imobiliários 
admitidos em negociação em mercados regulamentados, a fim de garantir que os direitos sejam 
idênticos aos emissores. Neste caso, consolidam-se as determinações processuais de registros, 
divulgação de informes, conversão, suspensão e cancelamentos. A norma vale para 
organizações abertas, securitizadoras e emissores de ações que lastreiam certificados de 
depósito de ações – BDR (CVM, 2009). 
 
 
 
 
 
32 
 
 CVM 560/2008: 
Esta norma regulamenta o Pronunciamento Técnico CPC 05 do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis, que torna obrigatória a divulgação dos dados das companhias 
abertas – notadamente, as demonstrações contábeis e a posição financeira que poderiam levar 
a algum impacto na existência de transações e saldos com outras partes relacionadas. Também 
estão incluídas informações de remunerações e benefícios. A divulgação deve ocorrer mesmo 
que não tenha ocorrido qualquer negócio entre as partes envolvidas no exercício. Vale notar 
que, neste contexto, entende-se por parte relacionada aquela que se relaciona com a entidade de 
forma direta ou indireta (por um ou mais intermediários), e que tal relação poderia causar 
impacto nos negócios da empresa (CVM, 2008). 
 
2.1.2 O Pilar da Conduta e Conflito de Interesses 
Neste pilar, são contempladas as recomendações e determinações que tratam sobre a 
aplicação de códigos de conduta e a questão do comportamento que leva ao possível conflito 
de interesse. Qualquer stakeholder, independentemente da posição e da natureza da empresa 
(pública ou privada) precisa agir em conformidade com as leis e a regulamentação vigente, bem 
como observar o código de conduta da empresa. Para produzir este resultado, em sua essência, 
a alta administração determina de maneira clara e manifesta a necessidade do cumprimento 
estrito e contínuo por parte de todos os seus colaboradores. De forma irrevogável, as leis, 
regimentos e códigos de conduta devem ser seguidos, sendo que, nenhuma infração ou desvio 
seja, tolerado (IBGC, 2017). 
Em linha com as boas práticas de GC do IBGC (2015), existem dez subtópicos que 
estipulam o que se busca a prevenir e a constatar, esses subtópicos fornecem respostas às 
práticas que envolvam o conflito de interesses ou desvios de conduta: 
 
 Código de Conduta: 
“A criação e o cumprimento de um código de conduta elevam o nível de confiança 
interno e externo na organização e, como resultado, o valor de dois de seus ativos mais 
importantes: sua reputação e imagem.” (IBGC, 2015, p. 93). 
A formulação do código de conduta permite definir os princípios éticos, em linha com 
a cultura organizacional. Seu cumprimento se inicia pelo exemplo dado pela alta direção. 
 
33 
 
Contudo, ele se aplica a qualquer nível hierárquico e sua aderência total deve ser exigida pelo 
conselho de administração. Primeiramente, o código precisa observar as leis e regimentos 
aplicáveis de modo a definir os compromissos e padrões de conduta aceitáveis pela organização, 
bem como das possíveis sanções cabíveis (IBGC, 2015). 
 
 Canal de denúncias: 
O canal de denúncias, previsto e regulamentado no código de conduta da organização, 
é instrumento relevante para acolher opiniões, críticas, reclamações e denúncias, 
contribuindo para o combate a fraudes e corrupção e para a efetividade e transparência 
na comunicação e no relacionamento da organização com as partes interessadas. 
(IBGC, 2015, p. 95). 
Os canais próprios e independentes, com diretrizes claras de comunicação, visam 
recepcionar as opiniões, críticas, reclamações e denúncias de todos os agentes interessados (que 
podem ser qualquer profissional, independentemente do nível hierárquico, acionistas, terceiros, 
fornecedores, parceiros de negócios e outros). (IBGC, 2015). 
 
 Comitê de Conduta: 
“É órgão executivo encarregado de implementação, disseminação, treinamento, revisão 
e atualização do código de conduta e dos canais de comunicação. O comitê é subordinado ao 
conselho de administração ou a quem este último delegar.” (IBGC, 2015, p. 96). 
O comitê tem independência e autonomia, e é formado por membros experientes e 
competentes com reputação e credibilidade. Esses membros serão responsáveis pela elaboração 
do regimento interno e definição das atividades pertinentes, incluindo o encaminhamento de 
questões mais delicadas e sensíveis ao conselho de administração. (IBGC, 2015). 
 
 Conflito de Interesses: 
Os conselheiros, assim como os executivos, têm dever de lealdade com a organização 
e não apenas com o sócio ou grupo de sócios que os indicaram ou elegeram. Há 
conflito de interesses quando alguém não é independente em relação à matéria em 
discussão e pode influenciar ou tomar decisões motivadas por interesses distintos 
daqueles da organização. (IBGC, 2015, p. 97). 
Para reduzir o potencial de conflitos de interesses, a organização deve estabelecer 
funções, alçadas de decisão e formas de avaliação para as situações que envolvam os agentes 
 
34 
 
responsáveis pela administração da GC. No caso de conflito, o agente deve ser afastado e as 
informações documentadas em documentos formais (IBGC, 2015). 
Para os acionistas, o art. 115 da Lei das Sociedades abertas por Ações, o § 4º prevê: 
§ 4º A deliberação tomada em decorrência do voto de acionista que tem interesse 
conflitante com o da companhia é anulável; o acionista responderá pelos danos 
causados e será obrigado a transferir para a companhia as vantagens que tiver auferido. 
(SILVA, 2018, p. 319). 
Segundo Rossetti e Andrade (2016), a intensidade dos interesses conflitantes que 
envolvem os gestores e os acionistas gera dificuldade de cooperação. Ao prevalecer a 
dificuldade, há um impacto negativo na tomada de decisão de negócios. 
 
 Transações entre partes relacionadas: 
Deve-se conduzir, controlar e monitorar qualquer transação que possa gerar conflitos de 
interesses, ou que envolva de forma direta ou indiretaas partes relacionadas, tais como: 
conselheiros, diretores e/ou sócios (IBGC, 2015). 
 
 Uso de Informações Privilegiadas: 
O uso de informações privilegiadas em benefício próprio ou de terceiros é ilegal, 
antiético e viola o princípio de equidade. Tal uso prejudica não só a integridade do 
mercado como também a organização envolvida e seus sócios. O responsável pela 
conduta ilícita sujeita-se a implicações nas esferas civil, criminal e administrativa 
(IBGC, 2015, p. 99). 
 
 Política de negociação de ações: 
A negociação de ações ou outros valores mobiliários de emissão da própria 
organização por sócios controladores, diretores, membros do conselho de 
administração e do conselho fiscal, de outros órgãos estatutários e executivos com 
acesso à informação deve ser pautada por princípios de transparência, equidade e ética 
(IBGC, 2015, p. 100). 
 
 Política de divulgação de informações: 
As práticas devem prever o tratamento imparcial entre sócios e investidores. O acesso 
às informações da organização deve ser realizado de forma objetiva, de forma a contemplar as 
informações relevantes, sejam elas positivas ou negativas (IBGC, 2015). 
 
35 
 
 Política sobre contribuições e doações: 
Independentemente do nível hierárquico, todos precisam conhecer e seguir os princípios 
que regulam as contribuições e doações de bens e valores. Neste sentido, é necessário definir 
políticas e ações que estejam em concordância com a atividade fim da empresa; elas devem ser 
claramente identificadas e justificadas frente à sua finalidade (IBGC, 2015). 
 
 Política de prevenção e detecção de atos de natureza ilícita: 
Além de violarem preceitos éticos, condutas ilícitas podem comprometer a imagem e 
reputação da organização e de seus colaboradores, deteriorar seu valor econômico e 
impactar sua sustentabilidade e longevidade. A prática de atos de natureza ilícita pode 
culminar na responsabilização civil, administrativa e criminal da organização e de 
seus responsáveis (IBGC, 2015, p. 102). 
Vale notar que os atos de natureza ilícita, antiética e fraudulenta precisam ser 
prevenidos, identificados e tratados por meio do emprego de políticas especificas. (IBGC, 
2015). De acordo com o Código Civil, artigo 186 – Título III / Dos atos Ilícitos, define-se o ato 
ilícito como sendo: “[...] ação ou omissão voluntária, negligência ou imperícia, violar direito 
ou causar prejuízo a outrem” (BRASIL, 2002). 
O conceito da culpabilidade, à luz do Código Penal, postula que o agente responderá 
pelo delito na circunstância em que comete a ação, com dolo ou culpa. As ações do agente 
deverão apresentar uma motivação ou intenção, um efeito, e uma finalidade. A motivação da 
ação define o dolo, se houver. O artigo 18 – Título II / Do Crime da lei 7.209/1984, preconiza 
duas classificações, quais sejam: dolo direto e indireto (ou eventual). Na ação dolosa direta, há 
intenção de cometer a infração, uma vez que o dolo deriva da consciência do agente, e sua 
conduta pode estar associada a um ato delituoso. Já na ação dolosa indireta, assume-se o risco 
que for produzido pela ação (BRASIL, 1984). 
Por outro lado, na ação culposa pode haver negligência, imperícia ou imprudência. O 
Código Penal postula que a ação do agente – mesmo se voluntária – não objetivava tal resultado. 
A negligência refere-se ao deixar de fazer o que era necessário, mesmo se desconhecido. Já a 
imperícia diz respeito ao desconhecimento para o desempenho de algo necessário, e a 
imprudência está associada a uma conduta arriscada, perigosa e precipitada (BRASIL, 1984; 
PICON, 2015). 
A aplicação da pena está alicerçada pelas circunstâncias e consequências do crime em 
questão. Neste sentido, o artigo 18 – Título III / Da Aplicação da Pena estabelece que: 
 
36 
 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, 
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime [...] (BRASIL, 1984). 
Segundo Greco (2015), frente ao suporte fático e à consequência jurídica, o artigo 59 
estipula que a conduta social e a personalidade do agente constituem critérios de reprovação e 
prevenção do crime (BRASIL, 1984). Neste sentido, analisa-se a conduta social do agente: 
Por conduta social quer a lei traduzir o comportamento do agente perante a sociedade. 
Verifica-se o seu relacionamento com seus pares, procura-se descobrir o seu 
temperamento, se calmo ou agressivo, se possui algum vício, a exemplo de jogos ou 
bebidas, enfim, tenta-se saber como é o seu comportamento social, que poderá ou não 
ter influenciado no cometimento da infração penal (GRECO, 2015, p. 634). 
Já a personalidade do agente não pode ser considerada para aplicar a sanção prevista na 
norma, pois tal conceito é derivado de outras ciências sociais: 
[...] a personalidade não é um conceito jurídico, mas do âmbito de outras ciências - da 
psicologia, psiquiatria, antropologia - e deve ser entendida como um complexo de 
características individuais próprias, adquiridas, que determinam ou influenciam o 
comportamento do sujeito. TELES apud (GRECO, 2015, p. 635). 
Em conclusão, Greco (2015), considera que a decisão do Juiz não deve passar pela 
personalidade do agente, pois tal análise demandaria uma construção mais aprofundada de todo 
o período de sua vida, a começar pela infância. 
Na sequência, será discutida a temática da Ética, considerada essencial para o 
entendimento das relações entre os construtos pesquisados. 
 
2.2 Ética 
A ética é um ramo da filosofia que tem por objetivo estudar os valores morais e a 
conduta humana em sociedade. Seu estudo permite investigar os padrões de comportamento, o 
caráter e costumes das pessoas. A ética e a moral possuem conceitos complementares; contudo, 
diferem em seus princípios. A palavra ética é derivada do grego Ethos, que significa morada, 
lugar que vivemos, mas na contemporaneidade passou a significar caráter ou modo de ser que 
uma pessoa ou um grupo adquire ao longo da vida. 
Portanto, ela está associada aos conceitos da cultura e da educação, na busca de uma 
sociedade justa. Já a palavra moral deriva do latim Mores ou Morus, que está relacionada aos 
 
37 
 
usos e costumes no contexto do comportamento em sociedade – ou seja, de se fazer o bem, ou 
o mal. 
O estudo da ética remonta a quatro principais escolas: Ética Grega, Ética Medieval, 
Ética Moderna e Ética Contemporânea (ROMEIRO, SILVA e BRISOLA, 2018). 
Para Kant citado por Pedrosa (2015), preconiza que a moral não é uma doutrina, e sim 
o proceder que torna o indivíduo digno da felicidade. Pedrosa (2015, p. 28), ainda cita Oscar 
Wilde ao definir: 
“Chamamos de Ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão 
olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos 
de Caráter”. 
Todorov (2013), preconiza que o comportamento é objeto de estudo do campo da 
psicologia. Ele considera que a pesquisa nesta área vai além das interações entre o indivíduo e 
o ambiente. Em outras palavras, para este autor, as diversas interações compõem um processo 
complexo envolto em estímulos e respostas interdependentes. Nesta linha, o comportamento 
dependerá de várias atividades subjacentes ao indivíduo, em associação com o ambiente. 
Gouveia (2015), corrobora este entendimento, ao considerar que o comportamento sofre 
alterações no tempo, como resposta aos impactos culturais e mudanças sociais em etapas que 
têm começo, meio e fim. 
Já o caráter não possui uma única definição universalmente aceita pela academia. 
Caráter e personalidade são termos semelhantes e intercambiáveis. O caráter pessoal pode ser 
entendido como a maneira habitual de agir, em função de um conjunto de traços individuais de 
personalidade e de ordem moral, que levam o indivíduo a adotar ações (sejamelas boas ou más) 
(BAUMGARTEN, 1954). 
Segundo Crozatti (1988), o costume é a manifestação de valores e crenças que se 
manifestam por meio de ações metódicas. Já Ribeiro (2017), considera que os costumes são 
adotados e seguidos pelo hábito. Para serem considerados costumes, precisam ser constituídos 
de características repetitivas e ser aceitos por força da tradição. 
Vale notar que os valores morais versam sobre a qualidade das relações humanas. Tal 
discussão é permeada por um conjunto de princípios e diretrizes, seguidos de forma livre e 
espontânea, que estabelecem a conduta individual, social e organizacional. De maneira distinta 
a ética e moral dependerão do país, da cultura, do pertencimento aos grupos sociais, das 
transferências familiares, e dos valores (OLIVEIRA, MEDEIROS, et al., 2016). Em um estudo 
 
38 
 
anterior, Ashley (2005), havia postulado que os processos que levam à adoção da moral não 
são impostos, pois quem a prática considera que é correta e desejável. 
Por fim, Durkheim (2012) postulou que a moral tem cunho restritivo, com objetivos 
específicos e demarcados que determinam a atividade individual. Segundo este autor, a moral 
deve conduzir a forma de agir da sociedade: 
[...], é um conjunto de regras muito precisas; são como moldes, com contornos bem 
definidos, nos quais temos que enquadrar a nossa ação. Essas regras não são 
elaboradas no momento em que devemos agir, deduzindo-as de princípios mais 
elevados; elas existem, já estão feitas, elas vivem e funcionam ao nosso redor. Elas 
são a realidade moral em sua forma concreta (DURKHEIM, 2012, p. 41). 
Para que se possa viver na sociedade em harmonia, torna-se necessário aceitar regras de 
convivência e seguir condutas que precisam ser respeitadas. O “ser” e o “dever ser” levarão a 
um entendimento de como se deve ou não agir. Nos casos de descumprimento, deve-se 
preconizar sansões adequadas, uma vez que se deve desestimular o comportamento indesejado. 
Define-se deontologia como a ciência do dever, responsável por investigar a origem e 
continuidade das normas que orientam os profissionais. Ela tem como base o alicerce dos 
valores morais, que atuam como agentes reguladores de uma determinada atividade. Cabe notar 
que os valores morais reúnem em seu bojo as normas sociais (SOARES, SHIMIZU e 
GARRAFA, 2017; SANTANA e NUNES, 2017). 
Neste contexto, o conceito da deontologia está estreitamente ligado aos conceitos da 
ética e da moral. A virtude exorta o indivíduo a agir conforme princípios e convicção. Quando 
a conduta apresenta elementos de natureza deontológica, as obrigações e deveres serão 
convertidos em virtudes. Neste processo, mitigam-se os distúrbios que induzem ao 
comportamento não condizente com ao comportamento aceito pela organização. Neste sentido, 
a análise dos códigos de ética alicerçada na deontologia dá os elementos necessários ao 
estabelecidos de condutas esperadas dos profissionais, que deverão atendê-los de forma plena, 
sob pena de sansões no caso de descumprimento (SOARES, SHIMIZU e GARRAFA, 2017). 
Face à profundidade e complexibilidade do tema, é relevante notar que uma discussão 
aprofundada do campo da ética foge ao escopo da pesquisa. Contudo, é necessário analisar suas 
principais características, uma vez que a ética condiciona as questões éticas do comportamento, 
caráter, costumes e valores morais à luz do objetivo precípuo deste estudo. 
Neste sentido, na sequência se oferece um relato das principais concepções éticas da 
antiguidade, por meio da análise dos problemas morais e políticos então enfrentados 
 
39 
 
(MENDES, SILVA, et al., 2018). Desde a antiguidade, buscava-se compreender o 
comportamento moral individual e social, seus limites, as virtudes humanas e a busca da 
felicidade (SILVA, 2010; MENDES, SILVA, et al., 2018). As principais preocupações não 
estavam direcionadas à religião, pois seus principais expoentes privilegiavam o pensamento 
racional e a busca da vida virtuosa, que prevaleciam sobre o naturalismo, e havia uma 
inseparabilidade entre a ética e a política (CORTINA e MARTINEZ, 2005; PAVIANI, 2011). 
 
2.2.1 Pensadores da Escola da Ética Grega 
Segundo Sócrates (470 a.C. a 399 a.C.) – mestre de Platão, a justiça era definida pela 
equivalência entre as ações do homem probo, e a maneira de pensar do indivíduo frente aos 
demais (SILVA, 2010; PEDRO, 2014). Ele foi pioneiro na discussão da ética, defendendo as 
questões do ser humano diante das questões naturais (que antes prevaleciam). Sócrates desejava 
uma verdade única que alicerçasse as questões do ser humano, na busca do bem coletivo 
(QUIROGA, 2013). Para ele, a democracia era uma inimiga (MENDES, SILVA, et al., 2018). 
Segundo Cortina e Martinez (2005), este pensador postulava o intelectualismo ético, que 
deveria ser suportado pelo conhecimento; em outras palavras, a perfeição humana viria por 
meio da busca pela verdade e do conhecimento. Consequentemente, as ações do indivíduo se 
distanciam das atitudes meramente formais, sem embasamento ou irracionais, no processo de 
busca da verdade que só pode ser encontrada em dentro de nós mesmos, por meio do diálogo e 
da reflexão. 
De forma contundente, Sócrates afirmava que o indivíduo que age com o bem é 
impulsionado a continuar a praticá-lo. Contudo, o indivíduo que é movido pelo mal, é ignorante 
e desprovido de conhecimento. Assim, Sócrates defendia o conceito do “conhece-te a ti mesmo” 
atribuído a Tales de Mileto (624 a.C. a 546 a.C.), que preconizava que a moralidade das ações 
do indivíduo está fundamentada na individualidade (ou seja, ela se refere às questões de 
personalidade, valores morais e atitudes) e no autoconhecimento (que se reporta à 
responsabilização das condutas). Posto de outra maneira, se somos capazes de realizar a 
autorreflexão e ter domínio próprio, podemos ser responsabilizados pelos atos por nós 
cometidos (SOUZA, 2007). 
Uma subsequente evolução do conhecimento da ética decorre do trabalho de Platão (427 
a.C. a 347 a.C.), discípulo de Sócrates e professor de Aristóteles. Ele acreditava que o homem 
ideal busca a felicidade, e que sozinho não seria possível alcançar a felicidade e a perfeição; tal 
 
40 
 
conceito possivelmente tenha recebido a influência do trabalho de Sócrates (PEDRO, 2014; 
MENDES, SILVA, et al., 2018). O ponto central do seu postulado estava na retórica da 
denominada “Sumo Bem”: a busca do bem e da convivência de acordo com as virtudes que 
compõem o funcionamento perfeito da alma do indivíduo. Em termos práticos, esta ideia 
promove a conjunção da busca da felicidade e da moralidade das ações, sendo a virtude uma 
forma de qualidade moral. Por meio da “Doutrina da Alma”, Platão considerava que a razão, a 
vontade e o desejo movem o homem. A ética de Platão postula que a razão elucida a ideia do 
bem, e define a conexão entre a razão e a política (MENDES, SILVA, et al., 2018). 
Segundo Mendes et al. (2018), as virtudes aproximam o indivíduo da perfeição e 
aproximam-no de Deus. Cortina e Martinez (2005), notam que as três virtudes são: 
Racionalidade (ou responsabilidade pela autonomia e capacidade de pensamento); 
Irascibilidade (prevalecendo a vontade e o conflito entre instinto e razão); e o Concupiscível 
que representa os desejos e paixões do indivíduo. Na esteira de sua contribuição, a teoria de 
Platão preconiza que o homem nasce escravo da ignorância; somente o conhecimento e a 
educação seriam capazes de libertar o homem, elevando sua perfeição por meio de quesitos 
morais e de sabedoria (PAVIANI, 2011). 
Por fim, se apresenta os conceitos da ética de Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.). Este 
filósofo versou sobre a “Teoria das Virtudes”, ao definir a ética e a busca da felicidade por meio 
da argumentação do que é ou não correto, do ponto de vista da sociedade e dos direitos 
(JÚNIOR, 2012; PEDRO, 2014). 
O estudo da ética, segundo este importante pensador, se reveste de uma perspectiva

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