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NOÇÕES BÁSICAS 
DA ORIENTAÇÃO 
EDUCACIONAL 
PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
NOÇÕES BÁSICAS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
 
2 
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SUMÁRIO 
 
 
 
INÍCIO DE CONVERSA ................................................................................... 03 
 
 
1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL .. 05 
 
 
2 O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL DIANTE DAS 
PERSPECTIVAS DA ESCOLA ........................................................................ 13 
 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ........... 20 
 
 
4 OS LIMITES E A INTEGRAÇÃO ENTRE SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO . 24 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ........................................... 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
NOÇÕES BÁSICAS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
 
3 
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INÍCIO DE CONVERSA 
 
Pascoal, Honorato e Albuquerque desenvolveram uma pesquisa em 
2006, publicada na “Educação em Revista” – Belo Horizonte (2008) onde 
mapearam a existência do Orientador Educacional na rede pública estadual 
brasileira, promovendo uma discussão crítica sobre a especificidade do 
trabalho do orientador educacional, apontando para a necessidade de sua 
presença em todas as escolas da rede escolar brasileira. 
Um trabalho pertinente e interessante que nos mostra uma realidade a 
qual merece atenção. 
Os pesquisadores ponderam que historicamente, os cursos de 
Pedagogia têm formado profissionais para o exercício de funções ligadas à 
gestão educacional: administradores escolares, orientadores educacionais e 
supervisores de ensino. 
Tais profissionais, muitas vezes, ao mudarem de estado, encontram 
realidades profissionais diferentes e, em muitas delas, o seu campo profissional 
apresenta-se restrito. O diretor de escola, por exemplo, no estado de São 
Paulo, é escolhido mediante concurso público e, para isso, deverá ser 
pedagogo, ao passo que no Mato Grosso, a escolha é feita pela administração 
superior, uma vez que é cargo de confiança que pode ser ocupado por um 
professor, que nem ao menos precisa ter o título de pedagogo (PASCOAL; 
HONORATO; ALBUQUERQUE, 2008). 
A realidade profissional diversa que o administrador escolar encontra 
também acontece com o orientador educacional. Em alguns estados 
brasileiros, na rede escolar estadual, o orientador faz parte da equipe de 
gestão escolar, como acontece com o Distrito Federal e os estados de Rio de 
Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, por exemplo, enquanto que, em outros, tal 
profissional não existe (PASCOAL; HONORATO; ALBUQUERQUE, 2008). 
A existência e a permanência do orientador educacional na rede escolar 
é bastante questionada e o enfoque dado às atividades que desempenha 
passa por modificações, de acordo com os estados, em suas regulamentações. 
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NOÇÕES BÁSICAS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
 
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Talvez pelos “paradigmas herdados”, hoje seja necessário que se 
construam parâmetros para a atuação desse profissional numa perspectiva 
crítica e emancipatória. Não há dúvida de que o orientador educacional seja 
necessário ao processo educacional. Existe uma ligação entre tal prática e a 
própria educação, uma vez que na raiz da palavra educação encontra-se 
“orientar, guiar, conduzir o aluno”. Em outras palavras, o papel do orientador 
educacional deve ser o de mediador entre o aluno, as situações de caráter 
didático-pedagógico e as situações socioculturais. Além disso, a razão de ser 
da escola e da própria educação é o aluno, centro dos estudos da orientação 
educacional (PASCOAL; HONORATO; ALBUQUERQUE, 2008). 
Um dos nossos objetivos é justamente mostrar a importância do 
Orientador Educacional no ambiente escolar que atua junto ao aluno, a escola, 
a família, a comunidade e a sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NOÇÕES BÁSICAS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
 
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1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL 
 
A Orientação Educacional surge em 1924, em São Paulo, no Liceu de 
Artes e Ofícios, criada pelo engenheiro suíço Roberto Lange. Pretende ser um 
serviço de seleção e orientação profissional para alunos do curso de mecânica. 
Sete anos depois, em 1931, o serviço de orientação é tornado oficial pelo 
professor Lourenço Filho, diretor do Departamento de Educação de São Paulo, 
surgindo assim o primeiro Serviço Público de Orientação Educacional e 
Profissional. A experiência, no entanto, teve duração efêmera sendo extinto o 
serviço em 1935. 
Esta primeira tentativa de implantar a Orientação Educacional, resultado 
de transplante de modelos americanos e europeus, se justificava como o 
necessário auxílio para que os alunos, até então entregues à própria “sorte” 
pudessem optar adequadamente por cursos e/ou ocupações. O instrumental 
básico de trabalho do Orientador consistia em baterias de testes de aptidão e 
desempenho na realização de tarefas. Baseando-se nesta metodologia, o 
Orientador Educacional deveria selecionar e encaminhar para treinamento os 
egressos da escola, que aspiravam por cursos universitários, ou os que 
procuravam trabalho. 
Duas questões são fundamentais para que se analisem os caminhos da 
Orientação no Brasil: 
1. Em que contexto sociopolítico se originam e ganham destaque as 
propostas de Orientação Educacional no Brasil? 
2. Que características apresentam em sua origem e como evoluem, face 
ao quadro político educacional do país? (MAIA, 1995). 
Segundo Pimenta (1988), no Brasil, a orientação educacional mostrou-
se válida na ordenação da sociedade brasileira em mudança na década de 
1940 e incluía a ajuda ao adolescente em suas escolhas profissionais. A autora 
mostra que a primeira menção a cargos de orientador nas escolas estaduais se 
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deu pelo Decreto n. 17.698, de 1947, referente às Escolas Técnicas e 
Industriais. 
As Leis Orgânicas do Ensino referentes ao período de 1942 a 1946 
fazem alusão à Orientação Educacional. Nesta época, não havia cursos 
especiais de orientação educacional, o que levou ao preenchimento dos cargos 
pelos chamados “técnicos de educação”, muitas vezes selecionados por 
critérios duvidosos. 
Pimenta menciona ainda que, até 1958, São Paulo contava com cinco 
faculdades que ministravam o curso superior de orientação educacional, tendo 
sido, o primeiro deles, o curso criado pela Pontífice Universidade de Campinas, 
PUC-Campinas, em 1945. 
Em 1958, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) regulamentou 
provisoriamente o exercício da função e o registro de Orientador Educacional, 
pela Portaria n. 105, de março de 1958, tendo ela permanecido provisória até 
1961, quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB 4.024 veio 
regulamentar a formação do Orientador Educacional. 
A Lei 5.564, de 21/12/68, demonstra, assim como a LDB em vigor 
naquela época, preocupação com a formação integral do adolescente, embora 
traga orientações também referentes ao ensino primário, como era naquela 
época designado o ensino fundamental. 
Art. 1º A Orientação Educacional se destina a assistir ao 
educando, individualmente ou em grupo, no âmbito das 
escolas e sistemas escolares de nível médio e primário, 
visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua 
personalidade, ordenando e integrando os elementos que 
exercem influência em sua formação e preparando-o para 
o exercício das opções básicas. 
A LDB que veio a seguir, a 5.692/71, diz, no artigo 10 que “será 
instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo 
aconselhamento vocacional em cooperação com osprofessores, a família e a 
comunidade”. 
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Segundo Pimenta (1981), a LDB dá um sentido novo ao ensino de 1º e 
2º graus: sondagem de aptidão e profissionalizante, por isso, a Orientação 
Educacional deveria se ocupar de aconselhamento vocacional. 
“Assim, o que era apenas uma área da Orientação Educacional passa a 
ser confundida com a própria” (PIMENTA, 1981, p. 99). 
Para atender às exigências da legislação, o Decreto 72.846 de 1973 veio 
a regulamentar a Lei 5.564, de 1968, por meio de onze artigos, mantendo, 
porém, o artigo 1º da Lei 5.564, apenas substituindo as expressões “no âmbito 
das escolas e sistemas escolares de nível médio e primário” por “no âmbito do 
ensino de 1º e 2º graus.” (PIMENTA, 1981, p. 101). 
Uma leitura crítica da legislação e dos contextos sociais em que foram 
promulgadas pode nos levar a entender que a orientação educacional no Brasil 
tem cumprido os papéis que dela eram esperados; muitas vezes a favor do 
sistema excludente e poucas vezes carregada de ousadia no sentido da 
emancipação das camadas populares. Isso se deve, principalmente, ao fato de 
estar atrelada às políticas educacionais vigentes nos diferentes momentos 
históricos (PASCOAL; HONORATO; ALBUQUERQUE, 2008). 
Os referenciais teóricos confusos e obscuros têm contribuído para a 
colocação da função do orientador no “baú” do esquecimento. 
Esteve ligada às relações de poder dentro da escola, às funções de 
comando, contribuindo para a divisão social do trabalho reproduzida dentro da 
escola. 
Prevendo conflitos, alguns autores já alertavam para a necessidade de 
definição das funções e campos de atuação do orientador educacional, como 
Brandão (1982) e Melo (1994), que tentavam mostrar a importância da 
construção de um elo entre a prática do orientador educacional e as variações 
da sociedade e cultura brasileiras, das ciências humanas e das teorias da 
educação. 
Pode-se dizer que o campo de atuação do orientador educacional era, 
inicialmente, apenas e tão somente focalizar o atendimento ao aluno, aos seus 
“problemas”, à sua família, aos seus “desajustes” escolares, etc., pouco ou 
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quase nada voltado à autonomia do aluno e à sua contextualização como 
cidadão. Depois, voltou-se à prestação de serviços, mas sempre com o objetivo 
de ajustamento ou prevenção. 
Na década de 1970, falou-se muito sobre a falta de compromisso da 
escola e de sua equipe pedagógica. Grinspun (2003, p. 20) diz que, nesse 
período “tenta-se resgatar a importância da escolaridade para as estratégias de 
vida das camadas populares, chamando a atenção para a estrutura interna da 
escola como um dado significativo para o desempenho dos alunos. A 
Orientação estava dentro da escola e não se deu conta do seu papel”. 
Balestro (2005, p. 19) complementa a autora dizendo que “os 
orientadores educacionais deixaram a banda passar sem dar a sua 
contribuição, isto é, sem fazer parte dela. Eles ficaram em cima do muro e 
calados. Perderam um espaço para demarcar o seu território na educação e a 
função social da profissão de Orientação Educacional”. 
Por tais motivos, a Orientação Educacional começa a ser questionada a 
partir de 1980. Assim, os pressupostos teóricos começam a ser repensados e 
rediscutidos. O orientador começa a participar de todos os momentos da 
escola, discutindo questões curriculares, como objetivos, procedimentos, 
critérios de avaliação, metodologias de ensino, demonstrando sua preocupação 
com os alunos e o processo de aprendizagem (PASCOAL; HONORATO; 
ALBUQUERQUE, 2008). 
Os cursos de reciclagem que foram oferecidos aos orientadores 
contribuíram para que a discussão fosse mais ampla, envolvendo as práticas, 
os valores que a norteavam, a realidade dos alunos, assim como o mundo do 
trabalho. 
Millet (1987, p. 43), numa atuação ousada para a época e 
incompreendida pelos profissionais da educação da escola onde ela mesma 
trabalhava, já apresentou, quase vinte anos atrás, uma mudança de enfoque 
no trabalho do orientador educacional. “É necessário pensar junto com os 
alunos sobre o ambiente que os circunda e as relações que estabelecem com 
esse ambiente, para que, tomando consciência da expropriação a que são 
submetidos, sintam-se fortalecidos para lutar por seus direitos de cidadãos.” 
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Segundo a autora, indisciplina, agressividade, desinteresse, dificuldades de 
aprendizagem (queixas mais comuns dos professores) não podem e não 
devem ser tratadas isoladamente e, sim, a partir de um estudo das relações 
“professor-aluno, aluno-conteúdo, aluno-aluno, alunos-estatutos escolares, 
aluno-comunidade, professor-comunidade”. 
Pela apresentação de um relato de experiência, a autora conclui 
alertando para o caráter político da atuação do orientador educacional que 
“ultrapassa os limites dos muros da escola” e se envolve com a comunidade. 
Origina-se aí uma nova visão de orientação educacional. 
A orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas e 
unicamente cuidar e ajudar os ‘alunos com problemas’. Para Grinspun (1994) 
hoje há necessidade do Orientador Educacional se inserir em uma nova 
abordagem de Orientação, voltada para a ‘construção’ de um cidadão que 
esteja mais comprometido com seu tempo e sua gente. Desloca-se, 
significativamente, o ‘onde chegar’, neste momento da Orientação Educacional, 
em termos do trabalho com os alunos. Pretende-se trabalhar com o aluno no 
desenvolvimento do seu processo de cidadania, trabalhando a subjetividade e 
a intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas relações estabelecidas. 
Villon (1994) diz que o trabalho do orientador educacional deve ser o de 
propiciar a aproximação entre a escola e a comunidade, desvelando os papéis 
e a influência que diversas instituições, tais como clubes, indústrias, comércios 
locais, associações, clubes, etc. exercem na comunidade. 
Preconiza a liberdade de extrapolar o espaço escolar indo rumo à 
comunidade escolar, evidenciando desta forma, que o campo de atuação do 
orientador educacional não se limita à microestrutura escolar. 
Assis (1994) apresenta a importância do papel do orientador educacional 
como co-responsável pela aprendizagem dos alunos. Questiona as práticas 
docentes envolvendo os aspectos didático-pedagógicos, tais como 
metodologia, avaliação, relação professor-aluno, objetivos, conteúdos, e mostra 
a necessidade de que os docentes conheçam e reflitam sobre o real significado 
da existência da escola e sua função social. Apresenta o papel do orientador 
educacional numa dimensão bastante ampla e fala também da escola como 
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locus privilegiado de participação. Questiona a formação profissional, 
mostrando que há necessidade do domínio de conteúdos necessários a uma 
nova atuação. A autora diz que a Filosofia ajuda o orientador educacional no 
sentido da práxis pedagógica e acrescenta: “Outros conhecimentos devem 
fundamentar a prática do orientador educacional, tais como: Psicologia, 
Sociologia, História da Educação e História do Brasil (até nossos dias), além de 
outros, oriundos da Antropologia, Ciências Políticas, Metodologia e Pesquisa 
em uma abordagem qualitativa” (ASSIS, 1994, p. 137). 
Placco (1994, p. 30) conceitua a orientação educacional como um 
processo social desencadeado dentro da escola, mobilizando todos os 
educadores que nela atuam – especialmente os professores – para que, na 
formação desse homem coletivo, auxiliem cada alunoa se construir, a 
identificar o processo de escolha por que passam, os fatores socioeconômico-
político-ideológicos e éticos que o permeiam e os mecanismos por meio dos 
quais ele possa superar a alienação proveniente de nossa organização social, 
tornando-se, assim, um elemento consciente e atuante dentro da organização 
social, contribuindo para sua transformação. 
Esse período referente à década de 1980, que Grinspun (1994) chama 
de “questionador”, foi marcado por estudos, congressos, lutas sindicais, que, 
articuladamente, transformaram-se em grandes conquistas para os 
orientadores educacionais. 
A FENOE – Federação Nacional dos Orientadores Educacionais – teve 
importante papel em defesa dos orientadores educacionais, sendo extinta na 
década de 1990, o que levou ao enfraquecimento da categoria profissional que 
representava. 
A AOERGS – Associação dos Orientadores Educacionais do Rio Grande 
do Sul – tem contribuído significativamente com a categoria profissional dos 
Orientadores Educacionais, sendo responsável pela publicação Prospectiva, 
que traz matéria sobre orientação no Brasil (PASCOAL; HONORATO; 
ALBUQUERQUE, 2008). 
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Grinspun (1994) diz que o período “orientador”, a partir da década de 
1990, foi cheio de incertezas e questionamentos. Não se sabia se a nova LDB 
traria ou não menções ao Orientador Educacional em seu texto. 
Tais incertezas foram dizimadas com a publicação da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), que em seu artigo 64 diz que a 
formação de profissionais de educação para administração, planejamento, 
inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será 
feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a 
critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum 
nacional. 
Embora pareça reconhecida a sua importância pela LDB, ao mesmo 
tempo deixa em aberto a formação profissional do orientador. 
Isso pode levar os cursos de Pedagogia a deixarem de formar o 
orientador educacional, relegando para a pós-graduação tal tarefa (PASCOAL; 
HONORATO; ALBUQUERQUE, 2008). 
Inicia-se um novo período nos anos 2000. As Diretrizes Curriculares 
Nacionais para o curso de graduação em Pedagogia, Licenciatura, em Parecer 
aprovado em 13/12/2005, reduzem a orientação educacional à área de serviços 
e apoio escolar, o que significa mais um passo para a extinção total desta 
função. Incoerentemente, o artigo 5º menciona que o egresso do curso de 
Pedagogia deverá estar apto para uma série de tarefas possíveis apenas a 
partir de um trabalho integrado com outros profissionais da educação. 
II - compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco 
anos, de forma a contribuir para o seu desenvolvimento 
nas dimensões, entre outras, física, psicológica, 
intelectual, social; 
VII - promover e facilitar relações de cooperação entre a 
instituição educativa, a família e a comunidade; 
XIV- realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, 
entre outros: sobre alunos e alunas e a realidade 
sociocultural em que estes desenvolvem suas 
experiências não escolares; sobre processos de ensinar e 
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de aprender, em diferentes meios ambiental-ecológicos; 
sobre propostas curriculares e sobre organização do 
trabalho educativo e práticas pedagógicas. 
 
É interessante observar que as tarefas apontadas são apenas algumas 
que podem ser realizadas pelo orientador educacional, em trabalho articulado 
com o gestor e o coordenador pedagógico (PASCOAL; HONORATO; 
ALBUQUERQUE, 2008). 
Não resta dúvida de que a gestão escolar que visa à emancipação 
necessita de apoio e trabalho conjunto de diferentes profissionais da educação, 
em suas diferentes frentes de atuação, que não podem ser relegadas a 
segundo plano. Toda escola realiza um trabalho pedagógico composto por 
situações de caráter burocrático-administrativo e situações de caráter 
pedagógico-administrativo. O primeiro grupo envolve, prioritariamente, a 
documentação escolar. Envolve, ainda, a organização e a divisão do trabalho 
propriamente dito: a divisão de funções, a determinação de horários a serem 
cumpridos pelos funcionários e horários de funcionamento dos diferentes 
setores; a divisão do pessoal nos diversos turnos e setores, abertura e 
fechamento de portões, merenda escolar, etc. Toda essa parte é importante 
porque, sem ela, a escola não pode caminhar. Ela representa a estrutura 
indispensável para que seja possível a realização do ato educativo. 
Não menos importantes são as situações de caráter pedagógico 
administrativo. Envolvem todas as iniciativas que a escola deve ter para que o 
ensino e a aprendizagem ocorram. Aliás, este é o coração do trabalho 
pedagógico. Aí se destacam duas ordens de necessidades diferentes: uma 
ligada ao professor e outra ligada ao aluno (PASCOAL; HONORATO; 
ALBUQUERQUE, 2008). 
O aluno, por sua vez, é a razão de ser da escola. Para colaborar com o 
aluno e com as suas necessidades, a escola precisa contar com o trabalho do 
orientador educacional. Esse é o profissional que trabalha diretamente com o 
aluno e se preocupa com a sua formação pessoal. A ele cabe desenvolver 
propostas que elevem o nível cultural do aluno e tudo fazer para que o 
ambiente escolar seja o melhor possível. 
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O orientador educacional diferencia-se do coordenador pedagógico, do 
professor e do diretor. O diretor ou gestor administra a escola como um todo; o 
professor cuida da especificidade de sua área do conhecimento; o coordenador 
fornece condições para que o docente realize a sua função da maneira mais 
satisfatória possível; e o orientador educacional cuida da formação de seu 
aluno, para a escola e para a vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL DIANTE DAS 
PERSPECTIVAS DA ESCOLA 
 
Analisar a Orientação Educacional diante das perspectivas atuais da 
escola requer considerar a trajetória histórica apresentada anteriormente 
porque no Brasil, a Orientação teve início num enfoque mais psicológico que 
ressaltava o ajustamento do aluno à escola, à família e à sociedade para se 
firmar, hoje, numa dimensão mais pedagógica com ênfase num conhecimento 
quem promova e possibilite a transformação dos sujeitos, da escola e da 
própria sociedade. 
Baseando em estudos de Grinspun (2003) mostraremos o sentido 
pedagógico da Orientação, identificando seu papel na Instituição, sua 
colaboração para superar junto com/ na Escola seus desafios no/ do cotidiano, 
e as possibilidades que temos para um trabalho articulado integrado, no qual a 
mediação é o eixo da realização das atividades na escola. 
A Orientação Educacional é parte de um todo, faz parte da escola que 
com ela interage permanentemente, assim como com a própria sociedade, 
como podemos observar na ilustração abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sociedade 
Educação 
Escola 
Orientação 
Educacional 
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A Orientação Educacional desenvolvida na Escola interfere, então, no 
seu projeto, enquanto dele participa sendo seu principal papel o da mediação, 
que deve ser percebido como a articulação / explicitação do desvelamento 
necessário entre o real e desejado, entre o contexto e a cultura escolar,entre o 
concreto e o simbólico, entre a realidade e as representações sociais que 
fazem os protagonistas da prática escolar. 
Toda esta gama de aspectos que se entrecruzam no papel da 
orientação, na verdade são os dados, as pistas para que possamos auxiliar, 
promover os meios, disponibilizar as condições para uma qualificação na 
construção da subjetividade. 
Nesse contexto podemos entrar nos inúmeros desafios que a escola 
hoje tem que enfrentar, pois, inúmeros são os desafios da própria sociedade, 
em ritmo crescente de mudança em todos os seus segmentos. 
Na sociedade contemporânea, as rápidas transformações devidas a uma 
série de fatores incidiram sobremaneira nas Instituições e, portanto, na escola, 
ampliaram ainda mais os seus desafios numa busca não só da democratização 
de seus meios para superar as questões da exclusão social, mas também, para 
efetivar a melhor qualidade do processo ensino aprendizagem no interior da 
mesma. À natureza filosófica da escola junta-se a natureza técnica 
administrativa que com toda sua dinâmica e relações produzem a sua cultura 
escolar, a sua história. O desafio maior é educar crianças, jovens num mundo 
em crise, com mudanças substanciais, hoje ampliadas por uma nova sociedade 
que é a virtual, onde entrecruzam redes, teias, valores diferenciados, 
exigências múltiplas (GRINSPUN, 2003). 
Não há dúvidas de que precisamos priorizar o enfretamento desses 
desafios, mas precisamos procurar entender porque e como esses desafios se 
apresentam. Em face desse quadro é comum encontrarmos perguntas que se 
fazem na escola em relação à Orientação Educacional, tais como as 
apresentadas no quadro abaixo: 
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NOÇÕES BÁSICAS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
 
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Por que? Para que? A quem? Como e quando se orienta? 
A Orientação Educacional deve ser oferecida para todos os 
alunos ou apenas para aqueles que apresentam mais 
dificuldades / desajustes na Escola? 
Como romper barreiras (com o aluno, para o aluno) dentro e 
fora da escola? 
Quem deve fazer Orientação Educacional na escola? 
Como trabalhar os aspectos pedagógicos quando se 
apresentam muitos aspectos psicológicos que deveriam ser 
atendidos? 
Como fazer numa escola em que há poucos orientadores 
para o número de alunos? 
É possível uma Orientação Educacional com pouco contato 
com os alunos? 
O professor pode fazer Orientação Educacional - afinal ele 
também não se relaciona com o aluno? 
Qual a “fórmula” de sucesso para uma Orientação 
Educacional bem-sucedida na escola? Quais os “ingredientes” 
dessa fórmula? 
Afinal, por que ainda se fala em Orientação Educacional na 
Escola? 
 
É evidente que as questões não se esgotam nas apresentadas; vamos 
aqui analisar o papel da Orientação Educacional, numa escola que é parte 
integrante de uma sociedade, que tem seu papel a desempenhar neste 
momento histórico, que teoricamente esteja comprometida com seu projeto 
político pedagógico onde além do processo ensino-aprendizagem ou, a partir 
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do processo ensino-aprendizagem esteja comprometida com a formação do 
sujeito, com a formação da cidadania. 
Pois bem, o campo da Orientação se redimensionou, sendo que sua 
concepção engloba desde a questão epistemológica - seu objeto de 
conhecimento - à questão filosófica, antropológica e social. 
O papel da orientação no contexto atual deslocou-se dos alunos-
problemas para todos os problemas dos alunos e da escola refletindo, 
analisando, interferindo sobre esses problemas em tempos de globalização e 
da pós-modernidade. 
Hoje o Orientador deve trabalhar com o aluno na possibilidade de sua 
totalidade, desenvolvendo o sentido da singularidade, da autonomia, da 
dimensão da solidariedade, no verdadeiro significado do humano. 
Para compreender o aluno, a escola e a sociedade, é preciso refletir 
sobre vários temas que não se esgotam no interior da realidade física e 
pedagógica da escola, mas que assumem um dado significativo se 
considerarmos a teia de relações que esta Instituição estabelece com a própria 
sociedade: ela interage com diferentes atores sociais aos quais nem sempre 
existe o compromisso formal com a tarefa de uma educação sistemática. 
A Escola envolve questões internas - pedagógicas / administrativas e 
questões externas - contexto social, político e econômico. Esta dimensão 
externa é que nos dá o retrato de toda a gama de Instituições da nossa 
sociedade que se organizam na contextualização dos fatos que a determinam. 
Nesta área podemos perceber três grandes campos (que evidentemente 
se cruzam e entrecruzam nos seus objetivos e interesses): 
 O primeiro é a própria sociedade com seus tempos / espaços históricos, 
sociais, políticos, econômicos, com a história de vida de seu povo, com 
o ideal que ela persegue; com as questões culturais; com a linguagem 
de sua gente, com seus recursos econômicos, com seu envolvimento 
com o meio ambiente; com a produção / resultado das tecnologias; com 
o nível de desenvolvimento social e de escolaridade; e tudo mais que 
existe na e para sociedade funcionar e se desenvolver. 
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 O segundo diz respeito à educação, propriamente dita, enquanto 
Instituição dessa sociedade que dela recebe os fluxos de suas 
agilização, mas que por outro lado também nela interfere com seus 
objetivos e metas a serem atingidos. Este campo é responsável pela 
política educacional e as legislações específicas, pelos recursos da 
educação, pela filosofia de educação, pelos valores que são 
implantados, pela formação dos professores, pela relação ciência e 
conhecimento; pelas carências existentes, pela avaliação educacional e 
institucional, pelas diferentes modalidades de educação; pela relação da 
educação formal com a educação informal veiculada pelo rádio, pela TV, 
pelos jornais e revistas etc. 
 O terceiro diz respeito à escola que enquanto uma organização social, 
tem uma estrutura própria, uma tessitura que é feita das normas 
exigidas e da própria cultura escolar que tece o seu dia-a-dia. Neste 
campo temos as relações de poder, as relações pedagógicas, a 
estrutura e funcionamento da escola, em si, desde a enturmação dos 
alunos, horário, matrícula etc., até a organização dos espaços físicos de 
sua realidade. Acresce a esta instituição um dado relevante que é a 
relação com a comunidade, a forma de gerir e gerar um ambiente bom/ 
saudável para se trabalhar em que se discuta e analise a violência, por 
exemplo, não para se achar culpados ou vencedores, mas para se saber 
como minimizar os índices altos e alarmantes de violência dentro e fora 
da escola (GRINSPUN, 2003). 
Cada escola tem dentro de si uma realidade própria e mesmo que 
tenhamos rótulos externos iguais (escola pública estadual, municipal, federal; 
escola particular) cada uma manterá sua diversidade na igualdade / identidade 
de suas características. O cotidiano escolar fala-nos da escola como se ela 
fosse única e onde fatos e atividades, mesmo que obedecendo a uma 
supervisão e coordenação, mantém-se sempre de forma singular na 
especificidade dos diferentes espaços da escola, em especial do mundo 
mágico e real (ao mesmo tempo) que se denomina sala de aula. Esta escola 
traz no seu contexto a história de vida de seu funcionamento; a filosofia que 
rege o seu regimento / estatuto e a que de fato existe na prática; os valores 
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econômicos, religiosos, culturais, sociais que a determinam; a visão de homem 
que ela quer formar, a relação professor/ aluno, etc. 
Nesse contexto não temos apenas professores e alunos no exercício do 
ensinar / aprender quase que num ritual sagrado de alguém que sabe e de 
alguém que não sabe, portanto vai aprender, etc. Toda esta gama de 
informações que nos levam a um determinado tipo de formação pontuam o que 
chamamos de cultura escolar. 
Grinspun (2003) acresce a esta análise a própria organização curricular 
da Escola, o seu projeto político-pedagógico, os quais por seus caminhos 
diferenciados, pelos seus protagonistas ajudam a educação nos seu sentido 
stricto sensu e contribui de forma significativa para a construção da 
subjetividade do indivíduo. 
O grande pano de fundo que está nesta ampla análise é a noção da 
diversidade, da complexidade deste mundo contemporâneo cujas ações / 
reações incidem na escola de forma consciente e até inconsciente. Para se 
falar de Orientação Educacional, hoje, na Escola, não se pode falar do que ela 
faz, porque faz, a quem interessa e como se desenvolve, sem se entender / dar 
conta desse caleidoscópio que é a realidade conjuntural na qual se inserem 
aluno e professor que buscam/ oferecem em especial a aprendizagem nesta 
escola. 
Enfim o contexto atual onde se encontra a escola e a educação ocorre 
de maneira formal, não é nem está estático, não é e nem está linear, mas 
complexo e existe uma teia, um emaranhado de atores os quais interferem no 
todo e ao mesmo tempo dilui nas partes. 
Assim, a escola deve: 
 Socializar o saber, a ciência, a técnica, a cultura; a escola deve estar 
envolvida na formação – tanto quanto possível integral - do aluno; 
 Deve estar comprometida com a formação do trabalhador, em tempos 
de globalização, quando a empregabilidade assume um aspecto 
significativo e preocupante; 
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 Deve estar comprometida com a formação do aluno em termos de 
cidadania, portanto o aspecto político é indispensável nesta formação; 
 Deve estar comprometida com os mecanismos que se impõem nas 
relações sociais, onde questões como liderança, poder, autoritarismo, 
assistencialismo etc. estão presentes; 
 Deve estar comprometida, também com os sonhos, as utopias e com a 
esperança que envolve a expectativa de um mundo melhor para si e 
para o outro. 
A Orientação Educacional vai em busca desse comprometimento, 
construindo coletivamente este projeto, nas múltiplas ações com as quais ela 
se defronta. 
O papel da Orientação não é o de justaposição de campos, áreas ou 
aspectos que estão presentes na escola. Este papel não se baseia num 
ecletismo de juntar partes fragmentadas - saber / conhecimento / razão; 
atitudes / valores / emoções; corpo / motricidade / ação em prol de um trabalho 
único. O papel da Orientação é de um dinamizador que procura trabalhar com 
esses campos de forma dialética e não aglomerando ou acumulando 
informações para depois devolver ou reproduzir fragmentariamente o que 
pesquisou (GRINSPUN, 2003). 
O Orientador valoriza a dinâmica das relações e nesse sentido estão 
presentes conflitos, tensões, divergências; estão presentes os saberes e as 
emoções; estão presentes as diferenças, as igualdades, os limites e as 
possibilidades. Podemos, então resumir este trabalho do orientador nesta 
perspectiva de mediador, dinamizador, com ações voltadas para a escola como 
Instituição, com ações voltadas para o projeto pedagógico desta Instituição, e 
com ações, e em especial para os alunos - principal protagonista do processo 
ensino-aprendizagem para quatro pontos: 
1. Incentivo / estímulo à aquisição de saberes / conhecimentos/ 
emoções; 
2. Discussão e análise da realidade histórica que vivemos; 
3. Discussão e análise do imaginário / das representações da realidade 
percebida; 
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4. Identificação e valorização de meios, propostas e estratégias para 
superar as dificuldades e criar novas perspectivas de ação. 
3 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
 
Trabalho, cidadania e ética dentre outras questões fundamentam o 
trabalho do Orientador Educacional, sobre os quais já discorremos nessa 
apostila. Existem dois campos teóricos que merecem destaque nesse 
momento: as Representações Sociais e a Pós-modernidade. 
A Teoria das representações sociais, inaugurada por Serge Moscovici e 
expandida para várias áreas do conhecimento como a educação, tem permitido 
a sua divulgação e constatação de sua relevância para a investigação dos 
fenômenos sociais vigentes. Seu conteúdo conceitual e estrutural permitem a 
compreensão da formação de uma ideia, noções ou conceitos acerca de 
determinado objeto e o apontamento de possíveis caminhos para soluções 
práticas aos problemas (GRINSPUN, 2003). 
Representação seria uma imaginação radical e ao mesmo tempo 
perceptiva. Na realidade as representações sociais trabalham não com o ser 
em si, mas com as configurações / atitudes / opiniões que dele emanam nas 
relações que ele estabelece. 
Elas podem ser entendidas como: 
a) conjunto de conceitos, proposições e explicações da vida no 
cotidiano; 
b) transmitem-se por comunicações interpessoais; 
c) equivalem aos mitos, estereótipos e crenças das sociedades; 
d) são entendidas como senso comum. 
Cabe aqui atentar para o cuidado de não se ater somente a uma destas 
noções para não incorrer no equívoco da fragmentação conceitual. Coisa que 
Moscovici e os adeptos de sua teoria sempre fazem ressalvas, em especial, 
quanto à falsa crença de que os fenômenos psíquicos podem expressar os 
fenômenos sociais de forma larga, e, não de interpretações coincidindo a 
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objetividade da análise histórica ou comparativa com a subjetividade da 
experiência vivida. 
De acordo com a obra de Moscovici (1989) representação social pode 
ser entendida como: 
a) noções e valores que corroboram para o indivíduo se orientar no meio 
ambiente; 
b) práticas para dominá-lo: 
c) assegurar a comunicação entre os indivíduos; 
d) estabelecer um código para as trocas; 
e) é uma forma de nomear e classificar as partes do seu mundo, de sua 
história individual ou coletiva. 
Para Jodelet e Madeira (1998), as representações sociais são 
configuradas de diferentes formas, sendo que as imagens, os sistemas, as 
categorias e as teorias nos permitem conhecer a representação em uma dada 
realidade social, resultando em um “conhecimento social”, construído pelo 
pensamento dos indivíduos, a fim de marcar posição em eventos, objetos, 
situações, e nas comunicações de sua competência. Portanto, é na junção de 
elementos psicológicos com os sociais que se emerge a representação social. 
Esses elementos teóricos nos levam a compreender que é na 
experiência concreta que o sujeito vai adquirindo informações para saber o que 
pode e o que não pode. 
As representações sociais abrem a perspectiva de que o modo como o 
sujeito se relaciona com a realidade é objeto que necessita e merece mais 
atenção na análise das formas como se está construindo a sociedade. Ela trata 
o produto e o processo de uma atividade mental pela qual um indivíduo ou um 
grupo reconstitui o real com que se confronta e lhe atribui uma significação 
específica. 
Como elas trabalham muito com a questão das imagens e fazendo uma 
relação com os valores e atitudes dos jovens, podemos inferir que ela trata da 
realidade e dos temas emergentes da sociedade como globalização, novas 
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tecnologias, pós-modernidade, por conseguinte, vão exercer influências, diretas 
ou não, naconcepção das representações sociais do professor em relação aos 
seus alunos. 
 Outro dado significativo percebido a cerca da matéria sobre juventude é 
a falta de ídolos no contexto atual fazendo com que os seus eleitos sejam 
aqueles que mais evidência/popularidade exercem no momento. Estas 
características compõem o universo de formação do sujeito e apontam a 
necessidade de um novo sentido à escola de assumir a sua função educativa 
que lhe compete, de apresentar as características de seus alunos, a fim de 
propor um programa que permita ensinar além dos conteúdos, as 
ações/intervenções interna e externa no sujeito (GRINSPUN, 2003). 
Este sentido foi percebido no modelo de ensino escolhido pelas escolas 
que está dividido entre o que professor imagina ser jovem e o que ele deseja 
como ser “bom” para o jovem, e onde a formação voltada para a autonomia 
está longe de acontecer (GRINSPUN, 2003). 
Autonomia nada mais seria do que a capacidade de deliberar sobre si 
mesmo criando suas próprias normas, em que a ideia de se fazer ser sem ser 
alienado ao mundo, ou seja, não criar normas que o isole como a um 
neuropatológico, mas ao contrário permita aproximações com a realidade de 
forma mais ativa e menos passiva. 
Ficou evidenciado que o imaginário social dos professores formou/ criou 
as representações que foram manifestadas no simbolismo dos sujeitos/ alunos, 
mas não determinaram as suas ações que estão sendo modeladas / criadas 
pelas representações que estes alunos, também, elaboram a respeito de seus 
professores. E, é este processo de interação que será trabalhado no tempo / 
criação deles, na construção da identidade de ambos os grupos (GRINSPUN, 
2003). 
O trabalho do Orientador, pelas representações sociais, vai possibilitar 
compreender o sentido que aluno, professor e pais conferem à realidade 
veiculada pela própria escola, levando-o também a compreender onde os 
problemas, conflitos, razões, emoções surgem na escola. 
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A outra fundamentação que falamos inicialmente refere-se às questões 
da pós-modernidade. A característica da época da sociedade moderna era a 
racionalidade, o espírito científico que hoje - pouco a pouco - na pós-
modernidade vai sendo substituída pela incerteza e por inúmeras outras 
probabilidades de verdades existentes no nosso cotidiano. 
A pós-modernidade se caracteriza por indeterminação, descontinuidade 
e pluralismos. Alguns autores fazem uma diferenciação entre pós-
modernidade, pensamento pós-moderno e pós-modernismo. A primeira 
categoria diz respeito à condição social própria da vida contemporânea, com 
algumas características econômicas, sociais e políticas bem determinadas por 
fatores como a globalização, as novas tecnologias e o próprio avanço da 
comunicação; o pensamento pós-moderno ou filosofia pós-moderna se refere 
ao pensamento filosófico e científico que se desenvolve tanto pela crítica 
histórica ao que está sendo desenvolvido pela modernidade, como pelas novas 
formas de alternativas e estratégias que existem e se buscam na sociedade 
atual – o pensamento hoje, enfatiza uma descontinuidade, pluralidade, 
diversidade e uma incerteza seja em que campo for da cultura social; o pós-
modernismo, por outro lado se refere à cultura e à ideologia social 
contemporâneas que vai legitimar as condições individuais e coletivas 
derivadas da condição pós-moderna (GRINSPUN, 2003). 
Enfim, a aprendizagem hoje tem que passar por esse contexto. É 
preciso construir o sujeito individual e coletivo e o Orientador Educacional tem 
mais essa missão na escola, ajudar o aluno a fazer as novas leituras que o 
mundo está a exigir de forma crítica, investigativa e reflexiva. 
Faz parte da sua especificidade, promover uma formação mais crítica do 
aluno enquanto cidadão. É um papel significativo e como diz Placco (1994) o 
Orientador atua junto com os demais professores da escola, participando de 
um projeto coletivo, de uma formação de um homem coletivo, procurando 
identificar as questões das relações de poder, das resistências dentro e fora da 
escola e do como e do porquê devemos agir juntos em prol de uma educação 
transformadora e, especialmente, junto aos alunos no desenvolvimento do que 
caracteriza sua subjetividade. 
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4 OS LIMITES E A INTEGRAÇÃO ENTRE SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO 
 
Segundo Rangel (2003) os limites demarcam os espaços de liberdade 
individual, de modo a preservar os espaços coletivos. Eles aproximam as 
pessoas em seus grupos e constituem referências de condutas que as 
qualificam, respeitam e compreendem em seus direitos e deveres. 
Os limites favorecem a superação de interesses pessoais, de 
individualismos solitários, por individualidades solidárias, da inconsequência do 
autoritarismo, pela competência da autoridade, da arbitrariedade, pela 
consciência da liberdade. 
Ao falar em limites nos reportamos a alguns critérios como justiça, ética, 
equidade, dignidade humana. Nos reportamos também à ideia de criar laços 
que fortalecem os valores de cidadania e estabelecem critérios e princípios de 
construção, preservação e realização desses valores. 
Na escola é importante observar os limites no contexto das ações e 
relações na escola, seus setores e serviços. 
Os limites na escola envolvem os aspectos das relações entre 
supervisores e orientadores, assim como entre professores, alunos, 
funcionários, envolvendo, também, as relações entre a escola e as famílias, a 
escola e a comunidade. 
Os limites que conduzem relações na escola pautam-se, 
essencialmente, pela qualificação, consideração, respeito, parceria e 
colaboração. Nesse sentido, existem limites para as palavras e as ações, com 
o especial intuito de que sejam para inclusão, evitando-se, portanto, no 
ambiente escolar, os (mesmos) processos de exclusão encontrados na 
sociedade, traduzindo-se em formas de violência, que se expressam por 
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discriminações, preconceitos, desqualificação, omissões, indiferenças 
(RANGEL, 2003). 
A palavra e a comunicação são próprias da escola, do ensino-
aprendizagem e do processo educativo que, na sua essência, é dialógico. 
Nesse diálogo, o ato de falar assume uma relevância especial, no equilíbrio 
entre assertividade, convicção, firmeza e flexibilidade. 
Aqui cabe falar sobre a ética da palavra, o que nos oportuniza rever o 
princípio de que falar é fazer uso do poder da palavra que pode, ou não, ser 
propulsora de vida, de aproximação, de realização, de inclusão. Palavra é 
responsabilidade de quem a emite; ela vem, primeiro, no pensamento e, 
depois, se expressa na escrita, na oralidade, nos gestos. Na origem da palavra 
– o pensamento - pode-se confirmar, ou não, o que se vai dizer, pode-se 
sustentar, ou não, as razões desse dizer e pode-se, refletindo mais fundo, 
prever os efeitos do que vai ser dito. Os limites, portanto, iniciam-se no 
pensamento e na consciência (RANGEL, 2003). 
Palavras geram ações e os seus limites são aqueles necessários a que 
o diálogo possa conduzir o debate, a discussão de ideias, preservando a 
consideração de quem as emite, e o fundamento do respeito à pluralidade, 
princípio e premissa da paz, cuja perda é fonte e processo de violência. 
Há muitas formas de perdas, assim como há muitas formas de violência, 
tanto quanto muitas formas de matar ou morrer, que impedem a paz. A todas 
essas formas, o homem, com a sabedoria e consciência ética, responde com o 
conhecimento de si, do mundo, dos valores e limites que sustentam a 
liberdade. Assim como há diversos níveis e tipos de perdas, hátambém 
diversos níveis e tipos de ganhos; um deles é o de pertencer a um grupo, a 
uma equipe, a um trabalho. 
O pertencimento a um grupo quer dizer exatamente ser e ter 
companheiros, é poder partilhar, plantar e colher juntos, é promover a inclusão. 
Toda essa argumentação tem uma razão de ser: levá-los a refletir sobre 
a importância da ética na formação e no cotidiano da escola e nesse ponto 
vamos abrir um parêntese para depois retomarmos nossas reflexões. 
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É extremamente válido lembrar que o trabalho do orientador 
educacional, assim como o trabalho pedagógico de modo geral, precisa estar 
revestido pelo comportamento ético. 
Em todos os campos em que o orientador educacional atua, ele estará 
sempre em contato com algumas informações que precisam ser sigilosas. Isso 
acontece, por exemplo, quando o profissional conversa com alunos e seus 
familiares, momentos em que, muitas vezes, toma conhecimento de situações 
complexas e delicadas. O bom senso, o sigilo e o cuidado na emissão de juízos 
de valor podem favorecer o trabalho do orientador. A confiança na pessoa do 
orientador é fundamental para o êxito de seu trabalho (PASCOAL; 
HONORATO; ALBURQUERQUE, 2007). 
Um fato que ocorre com muita frequência é a solicitação de informações 
sobre os alunos pelos professores. Neste caso, o orientador precisa tomar 
muito cuidado, fornecendo apenas informações que sejam relevantes, pois, 
como dizem Giacaglia e Penteado (2002, p. 10), há que se considerar razões 
de natureza psicológica para a não divulgação dos dados. Trata-se do “efeito 
Rosenthal” ou “profecia auto-realizável”, segundo a qual, quando um professor 
desenvolve expectativas de que um aluno ou grupo de alunos irá ter insucesso 
escolar, tais expectativas podem se transformar, inconscientemente, por parte 
do professor, em fator ou causa do respectivo fracasso daqueles alunos. 
 
Voltemos às nossas reflexões... 
Nesse contexto sugerimos a formulação de um código de ética porque 
este envolve as pessoas em reflexões e definições do que se faz e do que se 
pode fazer para aprimorar a convivência no ambiente de trabalho. 
Segundo Rangel, a formulação do código de ética poderá ser, então, um 
estímulo à aproximação de todos os segmentos da escola, em vista de um 
mesmo propósito de refinamento de princípios e critérios do “agir em comum”. 
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O código será também um estímulo à avaliação periódica desses princípios e 
critérios, suas definições e sua prática, no sentido de possíveis e necessários 
redirecionamentos. 
Entretanto, com ou sem a presença de um código, os valores éticos que 
perpassam o currículo e o integram podem ser também aqueles que 
aproximam a Supervisão Pedagógica e a Orientação Educacional em suas 
interações e projetos. 
Assim, a educação para a consciência de limites éticos encontra sentido 
e significado em critérios valorativos de conduta que auxiliam a aproximação 
das pessoas, o respeito às diferenças e à pluralidade, a consideração às 
circunstâncias do viver e conviver livres, que se consolidam pelo respeito e 
qualificação de si e do outro. 
Com esse sentido e significado, os limites não cerceiam, mas, ao 
contrário, ampliam as condições de autonomia, de iniciativa, de criação e 
criatividade, orientados por critérios de consciência de cidadania e, portanto, de 
direitos e deveres que se formulam coletivamente, para a vida em comunidade. 
Esperamos que essas ponderações sobre limites, ética, pertencimento 
tenham deixado claro que a proposta é a ênfase na mobilização de todos pela 
e para a construção e socialização de ideias, saberes e atitudes que formam o 
indivíduo, o cidadão crítico e, como diz Rangel, “as nações”. 
Sem dúvida, essa é uma das questões de fundo dos trabalhos 
integrados da Supervisão Pedagógica e a Orientação Educacional no projeto e 
processo de contribuir para que a escola se envolva com o restabelecimento da 
sensibilidade no mundo. 
Contextualizar e integrar questões e valores relacionados ao meio 
ambiente que acabam por refletir na vida e na convivência escolar é um bom 
exemplo de integração entre Supervisão Pedagógica e a Orientação 
Educacional 
Nesse mesmo processo e projeto, incluem-se as questões e valores do 
meio ambiente: mais um tema contextualizado e integrador, de reflexos 
significativos na vida e na convivência escolar. 
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Estudar a preservação do meio ambiente, a consciência da sua 
importância para a vida, e os seus problemas, que hoje se acentuam, por 
muitos fatores e vertentes, têm recebido expressiva divulgação na mídia e 
através de organizações e fóruns sociais, aliando formação de valores 
constitui-se sem dúvida um tema integrador entre Supervisão Pedagógica e a 
Orientação Educacional. 
Um projeto integrado de meio ambiente, em favor da vida e seus valores 
pode desenvolver estudos e atividades pelas quais se alcancem significados 
mais amplos do meio ambiente, pelo entendimento da relação entre os 
elementos naturais e os políticos, sociais e profissionais. 
Os valores da vida cidadã, a exemplo da saúde física, mental e social; a 
sexualidade em seus fatores orgânicos, psicológicos, existenciais, os valores 
éticos como o trabalho e sua garantia à dignidade humana; a ciência e 
tecnologia com a ampliação de oportunidades; a cultura e o reconhecimento e 
respeito pelas diferenças e a linguagem que proporciona qualificação e 
inclusão, são partes relevantes do meio ambiente a serem cuidadas e 
garantidas em níveis de qualidade de vida. 
Sem dúvida, são muitas as contribuições, no sentido de maior 
abrangência e profundidade de compreensão e de atitudes de maior alcance e 
consciência, em favor do meio ambiente e dos cuidados com a vida, que um 
projeto integrado da Supervisão Pedagógica e a Orientação Educacional pode 
oferecer, através de estudos que propiciem leituras, discussões e, também, 
produção de textos. 
Em relação ao cotidiano escolar, os temas que podem ser integrados, 
mantendo o princípio da contextualização são muitos, como por exemplo, 
analisar as diferenças no cotidiano escolar, as manifestações de lutas no e do 
cotidiano, a nova constituição familiar, fracasso e sucesso na escola, ensino-
aprendizagem. 
Essas reflexões nos levam a perceber que hoje estamos vivendo um 
mundo extremamente rico, mas complexo, abrangente, com problemas que 
vão da globalização à política neoliberal, da riqueza à miséria total, da rede de 
conhecimentos aos novos conhecimentos que estão sendo produzidos, dos 
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produtos tecnológicos já postos no mercado àqueles que ainda nem foram 
criados ou inventados, e assim por diante, mas a educação ainda está sendo 
analisada de forma muito mais discursiva do que prática e real. 
Sem entrar no mérito da questão de cada um desses fatores ou de cada 
uma dessas dimensões, Grinspun (2003) chama a atenção deste momento que 
vivemos com base em três grandes alicerces: 
1.O conhecimento, está cada vez mais globalizado, e a ação cada vez 
mais localizada. 
2. A educação que sistematicamente ocorre na escola, não acontece só 
dentro dela, como já se sabe, mas o que pouca importância se dá é que a 
comunicação e as novas formas de linguagem que existem no mundo, hoje, 
estão a exigir uma visão de educação que contemple essas novas formas, 
seus símbolos, suas representações; 
3. O indivíduo não deve ser visto / atendido apenas como indivíduo 
isolado, mas como um sujeitosocial e, portanto, neste contexto a subjetividade 
deve ser considerada um fator significativo da modernidade. 
Todos os docentes, professores e especialistas são 
importantes na escola, e assim como acho que todos nós 
sabemos a língua materna, sabemos fazer dados 
matemáticos no dia-a-dia, o professor de português e 
matemática, no caso explicitado, têm um conhecimento 
maior para ensinar as especificidades da área para as 
quais se habilitaram. Portanto, o Supervisor e o 
Orientador têm como os demais (e vice versa) o 
conhecimento da educação, da escola, dos professores 
(aqui entendendo as questões ligadas ao processo 
ensino-aprendizagem), dos alunos, eles possuem a 
especificidade de sua área para contribuir para a melhor 
organização e dinâmica da escola onde atuam através de 
relações significativas professor-aluno (GRINSPUN, 2003, 
p. 150). 
 
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Nesse sentido, totalmente a favor e defendendo, como Grinspun, os 
especialistas em educação - Orientador Educacional e Supervisor Escolar, 
fechamos nossos estudos com doze razões e argumentações para existência 
desses profissionais na escola, citadas por Grinspun: 
1. A complexidade da vida moderna que trouxe para escola também 
uma complexidade específica além de sua própria finalidade. 
2. A problemática dos conflitos sociais, dos dilemas que têm na escola - 
às vezes - como único lugar para resolvermos ou atenuarmos a problemática 
existente. 
3. Os novos conhecimentos e os meios para aquisição desses 
conhecimentos e saberes dispostos na sociedade. 
4. A necessidade de fazermos a formação voltada para um sujeito social 
e não apenas dotar um indivíduo de uma formação escolar, mas devemos 
ajudar o indivíduo na sua formação como cidadão. 
5. A educação tem princípios e valores na sua própria dimensão 
teleológica e, portanto, precisa ser percebida não como um rol de disciplinas e 
programas, mas como uma instituição que tem uma filosofia própria e 
específica. 
6. A dimensão da escola com uma dinâmica própria que precisa ser 
conhecida, compartilhada e entendida em termos de sua cultura escolar. 
7. A questão dos currículos em que dois dados são significativos: a 
interdisciplinaridade e a contextualização. 
8. O projeto político pedagógico da escola. 
9. As relações pedagógicas que ocorrem no interior da escola e nas 
suas implicações com os outros fatores da sociedade. 
10. A construção do conhecimento aliada à construção de valores e 
atitudes. 
11. A discussão dos dados colocados na sociedade em especial a 
questão do trabalho. 
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12. A dimensão da subjetividade fazendo com que indivíduo tenha 
condições de receber e vivenciar além de aspectos cognitivos os aspectos 
afetivos / emocionais necessários à sua formação como pessoa. 
Para ajudar neste processo amplo, os professores podem contar com os 
especialistas, não para separar o todo escolar em partes, mas para tentar 
ajudar a entender e dinamizar a escola, propiciando meios e condições para 
melhor formar o aluno, enquanto pessoa humana. Esta é uma tarefa em que 
Orientadores e Supervisores podem atuar / trabalhar, em conjunto beneficiando 
a Escola e seus protagonistas (GRINSPUN, 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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