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Unidade 1 - Aspectos introdutórios da economia brasileira

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Objetivos 
Seção 2 de 6 
UNIDADE 1. 
Aspectos introdutórios da economia 
brasileira 
Valter Luciano Bispo Júnior 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
• bullet 
Apresentar fundamentos de economia, seus 
princípios e como mercados funcionam através dos 
conceitos principais; 
• bullet 
Abordar a relação entre economia e direito, 
evidenciando as práticas no mercado e na 
macroeconomia, além de verificar o papel do 
estado no bem-estar social; 
• bullet 
Observar o panorama da economia brasileira, 
verificando o desempenho macroeconômico, seus 
problemas e quais os desafios de recuperação; 
• bullet 
Observar os pressupostos utilizados para a 
formulação da política econômica brasileira e as 
principais contribuições teóricas para o cenário 
econômico atual. 
TÓPICOS DE ESTUDO 
Clique nos botões para saber mais 
Fundamentos da economia: noções 
– 
// Princípios econômicos 
// Funcionamento dos mercados 
Economia e direito 
– 
// Relação do direito com as teorias de mercado 
// Estrutura jurídica das políticas macroeconômicas 
// Papel do estado no bem-estar social 
Panorama da economia brasileira 
– 
// Desempenho recente da economia brasileira 
// Gargalos estruturais e desafios econômicos 
A economia política brasileira 
– 
// Nacional-desenvolvimentismo 
// Substituição de importações 
// Marxismo brasileiro e democracia burguesa 
// Subdesenvolvimento capitalista 
Fundamentos da economia: noções 
Seção 3 de 6 
 
No cotidiano e nos noticiários, uma 
série de questões econômicas são 
discutidas diariamente nos meios de 
comunicação, como o aumento de 
preços. Entretanto, mesmo em questões 
rotineiras, é função dos profissionais da 
área econômica conhecer e fornecer 
informações que solucionem os 
problemas econômicos e elevem a 
qualidade de vida da sociedade. 
A economia em si trata-se de uma ciência social que aponta a 
maneira como a sociedade escolhe empregar os recursos escassos 
de produção, a fim de satisfazer, ao máximo, as suas necessidades 
ilimitadas. Segundo Mankiw, na página 4 do livro Introdução à 
economia: princípios de micro e macroeconomia, de 2001, os 
recursos são alocados por meio da combinação de ações 
realizadas por famílias e empresas, nas quais se evidencia como as 
pessoas tomam decisões econômicas e interagem entre si. 
A ciência econômica não atua em intercorrência com diversas 
áreas do conhecimento, como a matemática e a estatística, por 
exemplo, utilizando modelos analíticos ou por meio de medidas 
ligadas à distribuição de renda e crescimento. Uma destas áreas é 
a economia política, que teve as suas primeiras teorias 
introduzidas em 1615, por Antoine de Montchrétien, para explicar 
as relações de produção da época. 
Este conceito foi aprimorado por Adam Smith, que utilizou a 
economia política para comprovar a teoria do valor – trabalho 
como fonte de riqueza da sociedade, se contrapondo aos 
pressupostos mercantilistas e fisiocratas abordados até então. 
Atualmente, a economia política indica como as instituições e os 
preceitos políticos influenciam no comportamento do mercado. Já 
que a economia apresenta uma série de perfis ou faces 
conceituais, é preciso centralizar as suas ideias. Baseada neste 
entendimento, a ciência econômica se fundamenta em princípios, 
abordando uma visão de como funciona o pensamento econômico 
de maneira prática. 
 
PRINCÍPIOS ECONÔMICOS 
O entendimento sobre economia não é tão complexo, ou seja, 
independentemente do local de residência e trabalho, a economia 
é compreendida genericamente. Sendo assim, é preciso 
estabelecer alguns princípios que regem a economia de acordo 
com o comportamento das pessoas e das suas decisões 
individuais. 
 
Clique nos botões para saber mais 
Enfrentando tradeoffs 
– 
Segundo Mankiw, na página 4 do livro publicado em 
2001, tradeoff é uma expressão que retrata uma situação onde há 
uma alternativa conflitante. A tomada de decisões, a busca por 
eficiência e a equidade dentro do ambiente econômico requer 
sacrifícios, isto é, se escolhe um determinado objetivo em 
detrimento do outro. É como um casal decidindo a maneira que vai 
utilizar a sua renda: bens de consumo ou poupança; 
Custo de oportunidade 
– 
Conforme as pessoas enfrentam tradeoffs, elas estabelecem uma 
comparação das vantagens e custos ao realizar uma determinada 
escolha. Neste contexto, o conceito de custo de oportunidade, 
segundo Mankiw, é tudo aquilo que o indivíduo abre mão para 
obter algo que julga ser mais importante. 
Pensando na margem 
– 
Numa determinada decisão já tomada, dificilmente as coisas são 
realizadas da maneira planejada, precisando de ajustes durante a 
execução. No campo econômico, isso é definido como mudanças 
marginais, que são os ajustes incrementais adotados num projeto 
em execução. 
Reação à incentivos 
– 
Sabendo que as decisões são tomadas levando em consideração os 
custos e benefícios, é compreensível que as decisões mudem junto 
com o cenário. Logo, as pessoas estão propensas a reagir diante de 
um determinado incentivo. Por exemplo, quando um produto sofre 
um aumento no seu preço, os consumidores são incentivados a 
procurar por outros produtos mais baratos. Em compensação, os 
produtores são incentivados a contratar mais empregados, pois 
seu preço se tornou atrativo. 
Os princípios até aqui abordados levam em consideração as 
decisões individuais. Entretanto, uma vez que a maioria da 
humanidade vive em sociedade, tais medidas afetam o cotidiano 
das outras pessoas. Observando a interação entre as pessoas, se 
visualizam outros princípios, como: 
Clique nos botões para saber mais 
Manter negócios em comum 
– 
Na busca pelas melhores oportunidades, existe uma concorrência 
comercial entre as pessoas ou entre as nações. Entretanto, num 
ambiente de negócios, é preciso desmistificar a ideia de 
ganhadores e perdedores, pois o negócio é benéfico para ambos 
os lados. De acordo com Mankiw, a comercialização permite que 
cada nação se especialize naquilo que faz de melhor e desfrute da 
diversidade dos bens e serviços oferecidos pelos outros. 
Organização da economia por meio dos mercados 
– 
Ao longo da história, algumas nações defenderam a ideia de que o 
planejamento econômico deveria estar centralizado num governo, 
cabendo a eles a decisão de produzir e distribuir bens e serviços. 
Com as mudanças econômicas ocorridas nesses países, as 
economias de mercado passaram a decidir a produção, enquanto 
as famílias determinam o consumo. 
Interferência do governo nos mercados 
– 
Mesmo com a importância do mercado para o funcionamento da 
economia, não é viável desprezar a presença do governo, que atua 
para protegê-lo, promovendo a eficiência e equidade das 
atividades econômicas, já que os mercados apresentam falhas na 
alocação dos recursos. 
Além desses princípios, há aqueles que tratam especificamente do 
funcionamento da economia: 
Clique nos botões para saber mais 
Capacidade de produção e padrão de vida 
– 
Ao redor mundo, há uma diferença imensa entre os padrões de 
vida das pessoas. Os indivíduos que moram em países 
desenvolvidos têm à sua disposição uma quantidade de bens e 
serviços mais ampla e diversificada em relação aos países 
emergentes. 
Emissão de moedas 
– 
Quando a economia passa por um período de aumento 
generalizado dos níveis de preço, este fenômeno é denominado 
inflação. Um dos principais vilões do aumento é a elevação da 
quantidade de moeda emitida por um governo, por meio da sua 
política monetária, muitas vezes mal elaborada. 
𝘛𝘳𝘢𝘥𝘦𝘰𝘧𝘧 entre inflação e desemprego 
– 
Com o aumento da inflação provocado pela emissão da quantidade 
de moeda, outro efeito percebido na economia em curto prazo é o 
desemprego. A curva de Phillips, por exemplo, afirma que na 
expansão de curto prazo da economia e havendo uma redução do 
desemprego, existe uma queda dos níveis de preços (inflação). Nos 
momentos de recessão,ocorre o contrário. 
 
FUNCIONAMENTO DOS MERCADOS 
 
A ideia de mercado estava relacionada aos locais nos quais bens e 
serviços eram negociados. Com a evolução e inovação, o conceito 
de mercado se torno algo abstrato, sem uma localização física. 
Sendo assim, o mercado é definido como a interação entre os 
fornecedores e consumidores de um serviço ou bem. 
O fornecedor é visto como a empresa responsável por produzir e 
ofertar a maioria dos bens e serviços produzidos na economia e os 
consumidores, por seu turno, são os que demandam e compram 
bens e serviços. Para compreender como funciona o mercado, é 
preciso identificar quais fatores influenciam no desempenho. A 
demanda é a quantidade de bens e serviços ao qual os 
consumidores estão dispostos e são capazes de conseguir a cada 
nível de preço, ao longo de um determinado período, levando em 
consideração aspectos como o nível de renda. 
Há uma relação inversa entre a quantidade demandada e o preço 
de um determinado produto (lei geral da procura): quando o preço 
do produto se retrai, aumenta a quantidade demandada e vice-
versa, mantendo constantes as outras variáveis (ceteris paribus). 
Essa relação inversa é compreendida por meio de outros fatores 
como o efeito substituição, em que o aumento do preço de um 
produto se eleva fazendo com que os consumidores busquem 
outros produtos para substituí-lo. 
O outro fator é o efeito renda, que considera a hipótese de que, se 
a renda permanecer sem alterações e o preço do produto se 
elevar, os consumidores podem demandar uma quantidade menor 
de produtos, já que o poder aquisitivo foi reduzido – lembrando 
que a ideia se inverte quando ocorre o contrário. A oferta é 
definida como a quantidade de bens e serviços que os 
fornecedores estão capacitados a disponibilizar a cada nível de 
preço, ao longo de um determinado período. 
Da mesma forma que ocorre com a demanda, o fator essencial que 
influencia no comportamento da oferta está relacionado ao 
próprio preço do produto. Existe uma relação direta entre a 
quantidade ofertada e o preço de um determinado produto (lei 
geral da oferta): quando o preço de um determinado bem ou 
serviço se eleva, a sua produção e comercialização se torna mais 
lucrativa, o que incentiva os produtores a ofertar uma quantidade 
maior deste produto (ceteris paribus). 
 
Vale ressaltar que outros pontos interferem na oferta, como os custos dos 
fatores de produção, que dependem da variação do preço pago pela sua 
utilização. Uma redução no preço dos fatores torna a produção mais lucrativa e 
impulsiona o aumento da oferta bens e serviço. De fato, o aumento do preço dos 
fatores de produção gera um efeito reverso. 
Outro fator diz respeito às melhorias tecnológicas que possibilitam 
uma redução de custos. Este insumo estimula a produção e eleva o 
nível de oferta de bens e serviços. Uma nova matéria prima 
(maquinário) que auxilia no aumento da produtividade pode gerar 
um efeito reverso no aumento dos custos. A variação no nível de 
lucratividade de outros bens e serviços exerce influência na oferta 
de um determinado bem. 
Diante deste contexto, existem bens substitutos, quando o 
produtor opta por produzir um bem (x), devido ao aumento do 
preço, o que o torna mais lucrativo em relação ao bem (y). É 
possível ter bens complementares, aqueles que alteram o nível de 
produção em função do preço dos outros bens, e outras variáveis 
capazes de exercer influência na quantidade ofertada. Uma 
alteração positiva na quantidade de produtores eleva a oferta de 
bens ou serviços. Fatores climáticos, como as geadas, influenciam 
na produção e na oferta de produtos agrícolas. 
Ao passo que decisões dos consumidores e produtores são 
tomadas, tomando como base os respectivos planos de consumo e 
produção, fica mais evidente qual o preço e a quantidade de bens 
ou serviços que equilibram o mercado, ao mesmo tempo que se 
promove uma compreensão das situações em que o equilíbrio é 
alterado. O ponto de equilíbrio vai ser encontrado no momento em 
que as curvas de demanda e oferta se interceptarem. 
Analisando os mercados competitivos, cabe ao mercado 
determinar o equilíbrio em razão da quantidade extensa de 
compradores e vendedores, os quais não conseguem, 
individualmente, exercer influência no preço ou na quantidade. O 
Gráfico 1 demonstra um exemplo da curva de oferta e demanda de 
mercado efetivamente juntas. 
 
Gráfico 1. Oferta e demanda. Fonte: MANKIW, 2001. 
É possível observar um ponto em que as curvas de oferta e 
demanda se cruzam, o qual é denominado de ponto equilíbrio. 
Nesse ponto, consta o preço de equilíbrio, que iguala a quantidade 
ofertada e demandada e a quantidade de equilíbrio, que 
representa a quantidade ofertada e demandada ao preço de 
equilíbrio. 
 
Gráfico 2. Excesso de oferta e demanda. Fonte: MANKIW, 2001. 
O Gráfico 2 retrata uma outra situação possível na relação da 
demanda com a oferta: os mercados em desequilíbrio. Tem-se um 
excesso de oferta, em que o preço de mercado do sorvete ($2,50) 
está acima do preço de equilíbrio ($2,00) e a quantidade de oferta 
(10) vai exceder ao da demanda (4). Assim, os fornecedores 
reduzem o preço do sorvete a fim de aumentar as suas vendas, 
conduzindo o preço novamente ao equilíbrio. 
O gráfico à direita retrata um excesso de demanda: o preço de 
mercado do sorvete ($1,50) está abaixo do preço de equilíbrio 
($2,00) e a quantidade de demanda (10) vai exceder ao da oferta 
(4). Consequentemente, os fornecedores tendem a elevar o preço 
do sorvete, a fim de aumentar a sua lucratividade, já que existe 
cenário de escassez de produtos ofertados para a demanda, o que 
conduz o preço ao nível de equilíbrio. 
 
DICA 
Há uma situação pertinente na economia, que é mudança 
de equilíbrio, ou seja, quando as curvas de demanda e 
oferta se deslocam para a esquerda (retração) ou direita 
(expansão), indicando, assim, que o equilíbrio de mercado 
pode mudar. 
 
Economia e direito 
Seção 4 de 6 
 
Alguns dos conceitos essenciais da 
economia estão atrelados ou 
dependem da normatização jurídica 
para serem executados. É preciso 
explicar que as normas jurídicas 
conseguem moldurar a área de 
avaliação econômica. Por sua vez, a 
questão econômica vem se renovando, 
o que leva a uma mudança constante 
da estruturação jurídica. 
É preciso lembrar que a economia mais recente vem se 
caracterizando pelo avanço significativo da chamada liberalização 
dos mercados, que, de acordo com Vasconcellos e Garcia, no do 
livro Fundamentos da Economia, de 2008, trata do aumento do 
comércio e das finanças internacionais ao mesmo tempo que a 
atividade econômica do estado vem sendo reduzida. Diante deste 
cenário, a figura do estado regulador passou a ter relevância, no 
sentido de atender duas frentes essenciais: o direito dos 
consumidores e a defesa da concorrência. 
Ao longo deste tópico, são apresentados os aspectos 
microeconômicos que trata da teoria dos mercados. Mais adiante, 
vem a parte macroeconômica, destacando a importância da 
estruturação jurídica, que serve de base para o uso de métodos na 
política econômica, além da função do estado no sentido ser o 
agente promotor do bem-estar social, seja sob o olhar econômico 
ou jurídico. 
 
RELAÇÃO DO DIREITO COM AS 
TEORIAS DE MERCADO 
 
Para entender a ligação existente entre o direito e as teorias de 
mercado, é necessária atenção para dois aspectos fundamentais: 
saber que este conceito está relacionado à microeconomia, que é a 
área responsável basicamente pela avaliação e formação dos 
preços no mercado, e que o outro aspecto trata dos enfoques que 
analisam o desempenho dos consumidores e produtores quanto à 
tomada de decisão de produção e consumo. 
De acordo com Vasconcellos e Garcia, é preciso cuidar dos agentes 
das relações de consumo, respeitando os diretos do consumidor 
diante das obrigações do fornecedor dos bens eserviços, 
conforme se visualiza no Código de Defesa do Consumidor. Sob o 
ponto de vista do empresário, que disponibiliza os bens e serviços, 
a visão econômica aborda o papel do administrador, como 
responsável por organizar os fatores de produção, e uma visão 
jurídica, que enfatiza o direito imbuído ao comerciante, cujo 
patrimônio é inserido na categoria de pessoa jurídica, 
possibilitando o exercício dos seus direitos e obrigações. 
Produtores e consumidores podem se inserir em vários mercados, 
como a própria história demonstra. Vasconcellos e Garcia citam 
Adam Smith como um economista defensor do pensamento 
liberal, em que o indivíduo busca o seu bem-estar de forma privada 
realizando aquilo que for mais apropriado para si. Este 
pensamento individual é a base para os mercados competitivos, 
cujo sistema de preços possibilita a extração máxima dos bens e 
serviços combinados com os recursos que a sociedade dispõe. 
Para os liberais, a figura do estado é vista como nociva e a sua 
intervenção deve ser a mínima possível, pois as empresas e os 
indivíduos são capazes de resolver os problemas econômicos 
básicos. 
Há outras correntes de pensamento econômico que defendem que 
o Estado precisa intervir na economia, sem esquecer das 
imperfeições de mercado, como as externalidades que indicam os 
possíveis efeitos sociais, econômicos e ambientais causados pela 
comercialização de um bem ou serviço, coisas que nem sempre se 
refletem nos preços de mercado. 
 
Além das externalidades, o poder do monopólio e as falhas de informação 
dificultam a tomada de decisão assertiva quando o mercado exigir. Sendo assim, 
cabe ao estado proteger os consumidores por meio da regulamentação de 
comercialização ou de normas jurídicas capazes de sanar as falhas. 
O Brasil, desde os anos 1960, apresenta uma legislação que trata 
da defesa da concorrência, por exemplo. A partir da Constituição 
de 1988, os princípios que norteiam a participação do estado na 
economia se tornaram mais expressivos, no sentido de proteção 
contra o abuso de poder econômico, fiscalização e planejamento. 
A constituição serviu de base, por exemplo, para a criação do 
Sistema Brasileiro de Defesa Econômica (SBDC), com a Lei 
8.884/94, além do Conselho Administrativo de Defesa Econômica 
(CADE), subordinado ao SBDC e transformado em autarquia a 
partir de 1994, cuja função é fiscalizar e apurar possíveis abusos de 
poder econômico. 
 
Quadro 1. Funções do SBDC e do CADE. Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA, 2008. 
As ações do governo são essenciais para a implantação de uma 
política que auxilie na defesa da concorrência, pois, por meio dela, 
é possível impedir abusos no mercado, induzindo o consumidor ao 
erro na tomada de decisão e causando prejuízo. Portanto, a defesa 
de concorrência busca, em essência, garantir o bem-estar social. 
 
ESTRUTURA JURÍDICA DAS 
POLÍTICAS MACROECONÔMICAS 
 
Como lembrado por Vasconcellos e 
Garcia, o arcabouço jurídico montado 
para estabelecer as políticas 
macroeconômicas evidencia a 
importância do estado como o seu 
principal agente. No Brasil, a União é o 
ente federal responsável pela 
implantação das políticas monetárias, 
cambiais, de crédito, dentre outros. 
No que se refere à política fiscal, que trata da arrecadação e das 
despesas públicas, compete às três esferas (federal, estadual e 
municipal) a função de executá-la, cabendo à Constituição delimitar 
o poder de tributação de cada ente federativo. O governo exerce 
um papel fundamental no que se refere à criação de emprego, 
produção e renda. Para tanto, ele realiza despesas por meio de 
investimentos em infraestrutura capazes de elevar 
significativamente a demanda agregada por bens e serviços. 
Segundo Blanchard, na no do livro Macroeconomia, editado em 
2007, a demanda por bens é representada pela equação: 
Z = C + I + G+ X – IM (1) 
Em que: 
Z = demanda por bens; 
C = consumo; 
I = investimentos; 
G = gastos do governo; 
X = exportações; 
IM = importações. 
A ideia é demonstrar que os gastos governamentais, em paralelo 
com a demanda privada, estão inseridos dentro de um modelo de 
consumo que auxilia no crescimento econômico de um país. Outro 
aspecto importante está relacionado ao processo de globalização 
que se caracteriza pela integração da economia internacional, 
baseada nos aspectos econômicos e jurídicos. 
Os países em desenvolvimento, como o Brasil, começaram a 
realizar reformas econômicas e institucionais após 1990. No caso 
brasileiro, após a abertura comercial da década de 1990, houve 
uma forte regulação dos mercados, aliada ao uso de bases 
contratuais que protegiam a produção de maneira geral. Desde 
então, foi e continua sendo fundamental o papel do Judiciário no 
sentido de assegurar o funcionamento da economia em sua 
plenitude. 
 
EXPLICANDO 
Regulação econômica é uma área que concentra os seus 
estudos na forma como o sistema econômico funciona, 
considerando a regularidade dos preços e da quantidades 
de fato geradas, disponibilizadas e demandadas por meio da 
interação entre os agentes econômicos. 
A regulação econômica é abordada por meio de duas visões: 
• bullet 
Visão normativa: se caracteriza pela possibilidade 
da autoridade governamental utilizar o poder 
coercitivo, adotando uma diversidade de 
instrumentos de controle direcionados aos agentes 
privados e apresentando um nível elevado de 
delegação de autoridade de forma discricionária e 
normativa; 
• bullet 
Visão positiva: a regulação tem a intenção de se 
contrapor aos grupos monopolizadores que agem 
para elevar as suas rendas de forma maximizada. A 
regulação é essencial porque os grupos podem se 
utilizar, de maneira ilegal, das prerrogativas do 
poder de coerção para distribuir a renda a seu 
favor. 
As ações de um Judiciário e de instituições regulatórias 
estruturadas asseguram o cumprimento de contratos dentro de 
um ambiente econômico, garantindo o direito de propriedade. 
PAPEL DO ESTADO NO BEM-ESTAR SOCIAL 
 
O objetivo da ação do Estado, nos aspectos econômicos e jurídicos, visa 
promover o bem-estar social. Desse modo, cabe ao direito definir as regras das 
relações entre indivíduos e governos. O estado do bem-estar social (welfare 
state) serve para definir sua função assistencial como um estado que garanta aos 
indivíduos padrões de saúde e educação, entre outros aspectos. 
Segundo Bonavides, no livro Teoria do estado, editado em 1999, 
o welfare state passou a ser idealizado em meio às críticas ao 
liberalismo econômico, começando a ser debatido mais 
intensivamente após a Primeira Guerra. O Quadro 2 apresenta as 
principais diferenças entre o pensamento liberal e a economia 
baseada no bem-estar social. 
 
Quadro 2. Diferenças entre Estado de bem-estar social x Estado liberal. 
Seguindo essa linha de pensamento, Vasconcellos e Garcia citam 
John Locke, que mesmo sendo um dos principais pensadores do 
liberalismo econômico, se mostrou um dos defensores do Estado 
como promotor do bem-estar social. Para Locke, os indivíduos 
transferiram uma parte dos seus direitos naturais para, fossem 
controlados pelo governo, cabendo a ele o dever de se 
responsabilizar pelo povo. Foi criado um acordo para instituir uma 
sociedade civil com o objetivo de ampliar os direitos naturais dos 
indivíduos, como a propriedade, a liberdade e a vida. 
Partindo dessa ideia, é possível observar que a Constituição 
promulgada em 1988 tem como base, em parte, os princípios 
defendidos por Locke, principalmente na promoção do bem-estar 
coletivo. O entendimento está previsto, de maneira específica, no 
artigo 170, que afirma que: “a ordem econômica, fundada na 
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim 
assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da 
justiça social”. 
A relação economia e direito é vista na avaliação de princípios 
gerais que envolvem a atividade econômicanas políticas 
monetárias, no meio ambiente e no comércio exterior, por 
exemplo. A fundamentação jurídica está na Constituição, que fixa 
as competências econômicas do governo. Portanto, cabe às 
normas jurídicas o dever de regular as atividades econômicas, 
executando a sua função alocativa, deixando os mercados com 
maior eficiência e a sua função distributiva elevando a qualidade 
de vida da população de uma maneira geral. 
Panorama da economia brasileira 
Seção 5 de 6 
 
Os debates dos assuntos econômicos tratam da ideia de 
crescimento e desenvolvimento. Crescimento está relacionado ao 
aumento de uma unidade econômica, de forma sustentada, 
durante um ou diversos períodos. Já o desenvolvimento econômico 
traz um conceito mais abrangente em relação ao crescimento, por 
tratar de questões relacionadas à qualidade de vida de uma 
sociedade, como a educação. 
Na economia brasileira, é possível criar perspectivas referentes ao 
crescimento e desenvolvimento futuro dada a conjuntura 
econômica. O ano de 2017, se tornou um marco para economia 
brasileira pois representou o começo da recuperação econômica 
(1% do PIB) após uma recessão severa. Tais perspectivas podem 
não se confirmar como um crescimento sustentável no futuro, já 
que o Brasil apresenta uma série de barreiras (gargalos) que o 
impedem de crescer sustentavelmente, sendo o principal desafio 
econômico atual. 
O Brasil apresenta uma limitação estrutural que abrange de um 
sistema tributário não funcional a índices baixos de qualificação de 
capital humano e educação. Outra barreira significativa está nas 
finanças públicas. Neste contexto, o comportamento da dívida 
pública nos últimos anos tem apresentado um crescimento 
percentual relevante, trazendo um risco fiscal. 
Alguns desses problemas estão sendo enfrentados à sua maneira, 
visto que o Congresso Nacional brasileiro, entre 2016 e 2019, 
adotou medidas que tendem a causar um impacto significativo na 
economia brasileira, como o teto de gastos públicos e a reforma 
previdenciária, cujos efeitos são discutidos entre os economistas. 
Portanto, é fundamental analisar algumas reflexões referentes à 
economia brasileira e qual seu comportamento nos últimos anos. 
 
 
DESEMPENHO RECENTE DA 
ECONOMIA BRASILEIRA 
 
A economia brasileira apresentou um período de recessão intensa 
após um momento vasto de crescimento econômico. O Gráfico 3 
mostra o crescimento do Produto Interno Bruto - PIB, no Brasil, e 
as taxas de crescimento econômico de 2003 a 2020. 
 
Gráfico 3. Crescimento do PIB acumulado em quatro semestres (2003 – 2020). Fonte: 
BRASIL, [s. d.]. (adaptado). 
Entre 2003 a 2008, as taxas de crescimento do PIB, em média, 
atingiram um crescimento em torno de 4,2% neste período. O 
mercado de trabalho melhorou devido à queda na taxa de 
desemprego do percentual de 10,2% (2002) para 8,1% (2008), 
segundo os dados apresentados em documento elaborado por 
Giambiagi e Tinoco, com base na Pesquisa Nacional por Amostra 
de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE). 
No período, o Brasil teve uma política expansionista em relação ao 
mercado de crédito, avançou na questão da produtividade do 
trabalho e na melhoria significativa da aplicação da sua política 
econômica. Parte desse desempenho econômico se deveu ao 
cenário externo, no qual o Brasil conseguiu ampliar o nível das 
relações comerciais com o resto do mundo. Paralelo a isso, houve 
o aumento do preço das commodities, o que trouxe inúmeros 
benefícios pelo fato Brasil ser um país exportador. 
Ao observar o segundo período, que compreende de 2009 a 2014, 
houve ainda uma elevação do produto, porém, num processo cada 
vez mais desacelerado. A exceção é o ano de 2010, que apresentou 
números de recuperação da economia em comparação a 2009, 
período em que houve uma grande recessão devido à crises 
internacional deflagrada no ano anterior. No período, o Brasil 
atingiu um crescimento, em média, de 2,8%. 
No período de 2011 a 2012, o Brasil adotou medidas visando 
estimular o aquecimento da economia renovando as suas políticas 
baseadas no estímulo monetário e fiscal. O aumento do crédito 
público é um exemplo destas medidas. O mercado de trabalho 
melhorou ainda mais devido à queda na taxa de desemprego do 
percentual de 8,1%, em 2008 para 6,8% em média no ano de 2014. 
Entretanto, o desequilíbrio da economia passou a ser visível, já que 
os níveis de inflação se mantiveram em alta, sem falar do aumento 
do déficit em conta corrente e uma queda vertiginosa 
no superávit primário médio 2009 e 2014. 
 
EXPLICANDO 
O superávit primário ocorre quando o cálculo das receitas e 
despesas governamentais geram um resultado positivo, 
exceto os gastos realizados com o pagamento dos juros. Já o 
déficit em transações correntes ocorre no momento em que 
a balança comercial e serviços são somadas às 
transferências unilaterais, que ocorrem no balanço de 
pagamentos e isto resulta num valor negativo. 
No panorama da economia brasileira, entre 2015 e 2016, o 
ambiente político e econômico estão imersos numa recessão. Há 
uma retração do PIB, em termos percentuais, de 3,5% (2015) e 
3,3%, em 2016, cenário que indica uma retração forte, uma vez que 
todos os trimestres analisados apresentaram queda no seu 
desempenho. 
O investimento, considerado um importante componente de 
demanda agregada, teve índices de queda em itens essenciais da 
sua composição: máquinas e construção civil. Segundo as análises 
de Giambiagi e Tinoco, vários fatores ajudam a explicar uma queda 
tão intensa do investimento: 
• Contas públicas deterioradas; 
• Preços administrados em descompressão; 
• Interferência negativa dos fatores institucionais. 
No ano de 2017, a economia brasileira dá sinais de recuperação e 
interrompe uma sequência negativa de dois anos seguidos de 
queda no PIB. A política monetária mais expansionista, a safra 
agrícola em alta e o consumo das famílias são alguns dos fatores 
que colaboram para a mudança de comportamento da economia. 
Em 2018, o Brasil apresentou uma recuperação econômica lenta 
muito por conta da elevada taxa de desemprego e informalidade. A 
inflação se manteve controlada apesar do aumento dos custos de 
transportes neste período. 
 
 
Já em 2019, após o terceiro trimestre, a economia cresceu de forma 
mais rápida, devido ao aumento do consumo das famílias e à 
expansão do investimento. Porém, a indústria brasileira tem 
recuado de maneira significativa a sua participação no PIB, o que 
vem causando preocupação entre os economistas. 
Em 2020, a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) impôs 
medidas severas de isolamento social ao redor do mundo a fim de 
diminuir a curva de contágio. Apesar do primeiro trimestre de 2020 
apresentar um crescimento nas variações do PIB, a situação em 
que o mundo vive dificulta qualquer projeção ou tendência 
econômica, já que o nível de incerteza ainda é muito elevado. 
GARGALOS ESTRUTURAIS E 
DESAFIOS ECONÔMICOS 
 
A produtividade da economia brasileira é um fator discutível desde 
meados dos anos 1980. Desde esse período, os economistas 
consideram o desempenho da produtividade do trabalho como 
decepcionante, tanto em termos absolutos como relativos. O 
Gráfico 4 demonstra o quanto a produtividade do Brasil 
(comparando-a com a dos Estados Unidos) decresceu a partir de 
1980 e como os outros países, comparáveis em termo de 
produtividade, conseguiram avançar neste mesmo período. 
 
Gráfico 4. Produtividade brasileira. Fonte: GIAMBIAGI; TINOCO, 2018, p. 22. 
(adaptado). 
O panorama da economia brasileira indica a existência de uma 
série de ações capazes de elevar a nossa capacidade de 
produtividade. Todavia, existem barreiras estruturais que impedem 
o crescimento econômico de maneira mais consistente. O nível de 
abertura comercial do Brasil indica um mercado ainda muito 
fechado com o restante domundo, apesar do processo ter iniciado 
nos anos 1990. As taxas de importação elevadas justificam o grau 
reduzido de abertura. 
Um segundo ponto de estrangulamento está ligado à dificuldade 
que o Brasil enfrenta para criar um ambiente de negócios de 
qualidade, muito aquém do ideal. Giambiagi e Tinoco 
apresentaram um anuário da pesquisa Doing Business, formulado 
pelo Banco Mundial que evidencia essa situação. 
 
Quadro 3. Posição do Brasil nos ambientes de negócio. Fonte: THE WORLD BANK, 
2018. 
Outro gargalo econômico se encontra na estrutura tributária 
brasileira, formulada em 1965, e que se encontra defasada e 
causadora de distorções, com uma alocação de recursos deficitária 
e uma elevada insegurança jurídica que limita a competitividade 
das empresas brasileiras. O nível da infraestrutura brasileira e o 
baixo investimento é mais uma barreira impeditiva do crescimento 
econômico, sendo um setor muito deficitário, interferindo 
negativamente no custo de transportes, limitando a produtividade 
da economia. A Tabela 1 demonstra os gastos históricos em 
infraestrutura praticados pelo Brasil, o que comprovam este baixo 
investimento. 
 
Tabela 1. Gastos em infraestrutura no Brasil (% do PIB). Fonte: GIAMBIAGI; TINOCO, 
2018. 
O capital humano é mais um gargalo econômico do Brasil, dado o 
baixo nível educacional da população. Houve uma elevação nos 
gastos com educação, em consideração às últimas décadas, nas 
quais o Brasil chegou a estar acima das médias mundiais. 
Entretanto, segundo dados do Programa Internacional de Avaliação 
de Estudantes (PISA), os montantes disponibilizados foram 
insuficientes para melhorar os índices relacionados à qualidade do 
ensino. 
O Brasil é um país que se caracteriza pelas oscilações econômicas 
ao longo da formação histórica. A crises inflacionária presente nos 
anos 1980 e meados dos anos 1990 evidencia um dos problemas 
macroeconômicos, impactando nas finanças e no comportamento 
da sociedade brasileira da época. 
 
ASSISTA 
O Brasil apresentou uma instabilidade macroeconômica que 
só foi sanada em meados dos anos 1990 com o Plano Real. 
O documentário Uma história de estabilidade – 25 anos do 
Plano Real, explica o plano sob a ótica dos servidores do 
Banco Central. 
 
A situação inflacionária atual está mais estabilizada, mas outras 
questões passaram a ser debatidas com ênfase, como a questão 
fiscal, vista como um desafio devido ao seu agravamento, 
indicando sucessíveis déficits primários. O Gráfico 5 demonstra o 
panorama das finanças públicas brasileiras, expondo a Dívida 
Líquida do Setor Público - DLSP e a Dívida Bruta do Governo Geral - 
DBGG. 
 
Gráfico 5. Evolução da DBGG e da DLSP. Fonte: GIAMBIAGI; TINOCO, 2018. 
Diante deste cenário, em 2016 foi aprovada uma emenda 
constitucional limitando os gastos públicos durante 20 anos. Os 
mecanismos adotados para impor esta limitação são discutíveis 
entre os agentes públicos governamentais, contudo, o objetivo é 
reequilibrar os gastos públicos a longo prazo. Outro fator que 
colaborou para que as contas públicas atingissem um patamar de 
desequilíbrio foram as despesas previdenciárias, conforme o 
Gráfico 6. 
 
Gráfico 6. Evolução dos gastos com os benefícios do INSS. Fonte: GIAMBIAGI; TINOCO, 
2018. 
Houve uma evolução da despesa com benefícios do Instituto 
Nacional do Seguro Social - INSS entre 2002 e 2017, além do seu 
impacto no PIB. Paralelo a isso, é possível comparar tal gasto com o 
total das despesas primárias (acrescidos dos outros benefícios 
assistenciais), já retirados os envios realizados aos estados e 
municípios. 
Em 2019, foi aprovada outra emenda constitucional com objetivo 
de alterar as principais diretrizes da Previdência Social brasileira 
nos próximos anos. Pressupostos adotados na nova previdência 
são confrontáveis e discutíveis pela população brasileira, mesmo 
que o objetivo seja, assim como o teto de gastos, reequilibrar os 
gastos públicos a longo prazo. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
A pandemia do COVID-19 vai desencadear em futuros 
desafios para gestores e a sociedade. A retomada do nível 
do emprego, que já era o principal problema econômico 
recente, tende a se agravar em várias perspectivas, por 
conta das consequências da pandemia no futuro. 
 
A economia política brasileira 
Seção 6 de 6 
 
O livro, A economia política brasileira, 
escrito pelo ex-ministro Guido Mantega 
e publicado em 1984, lista uma série de 
economistas que ajudam a entender 
particularidades econômicas do Brasil. 
De acordo com Mantega, o 
pensamento econômico brasileiro 
começa a ser formulado a partir das 
ideias abordadas por Celso Furtado, na 
sua obra, Formação Econômica do 
Brasil, publicada em 1959, que 
sintetizaram os principais aspectos do 
sistema econômico até aquele 
momento e serviram de base para a 
formação da economia política 
brasileira. 
Nos anos 1950 e 1960, tal pensamento era debatido graças à 
polarização ideológica denominada de controvérsia sobre o 
desenvolvimento econômico, que marcava o antagonismo entre o 
liberalismo agroexportador e o desenvolvimentismo que apontava 
o estado, como o indutor da industrialização no Brasil. Neste 
embate entre o liberalismo e desenvolvimentismo, os aspectos 
desenvolvimentistas ganharam uma hegemonia graças à ascensão 
da Comissão Econômica para a América Latina – CEPAL, que se 
configurava como o grande laboratório de ideias direcionadas para 
a industrialização e o planejamento econômico, responsável pelo 
surgimento do nacional-desenvolvimentismo no Brasil. 
Dessa forma, o pensamento nacional desenvolvimentista trouxe 
uma interpretação sobre a importância do capitalismo industrial e 
como seria o caminho para a transição da economia cafeeira para 
a industrial. Uma outra corrente de interpretação, mais ligada aos 
intelectuais do Partido Comunista Brasileiro (PCB), desejava 
implantar uma ideia marxista no panorama brasileiro. 
Essa corrente de pensamento serviu de base para o surgimento do 
modelo democrático burguês. Fazendo um contraponto, segundo 
Mantega, se constatou que a tese de modelo democrático burguês 
poderia ser contestada, como fez Caio Prado Jr., em sua obra A 
Revolução Brasileira, de 1966, que dizia que o Brasil apresentava 
um subdesenvolvimento capitalista. 
NACIONAL-DESENVOLVIMENTISMO 
 
O movimento nacional desenvolvimentista influenciou o 
pensamento econômico latino-americano entre os anos 1940 e 
1950 graças à corrente keynesiana, em oposição ao liberalismo 
neoclássico, e respondeu às cser_educacionals do capitalismo, que 
indicou ineficiências ao longo do século XX. A ideia era transformar 
as economias periféricas em nações mais desenvolvidas através da 
participação do estado no planejamento global facilitando o 
desenvolvimento da indústria nacional. 
No Brasil, o ideário cepalino norteou as ações econômicas 
desenvolvimentistas durante os anos 1950. É notório que tais 
ideias surgiram para confrontar o liberalismo oligárquico 
agroexportador da época através da expansão urbano industrial 
pautadas no suporte estatal, o que mostrava um novo perfil 
econômico da sociedade brasileira. 
Tal conceito foi defendido por Mantega, que apontava a CEPAL 
como principal centro ideológico do desenvolvimento da economia 
política surgida na América Latina. O modelo cepalino colaborou 
para a formação das diretrizes da Comissão Mista Brasil – Estados 
Unidos, base para as metas do governo de Juscelino Kubitschek. 
 
O principal objetivo da CEPAL era explicar o atraso da América 
Latina em relação aos países desenvolvidos baseado nas 
diferenças estruturais e nas transações comerciais exploratórias 
entre estes países. A CEPAL, segundo Mantega, apontou algumas 
soluções baseadas em três pilares: 
Clique nas abas para saber mais 
INDUSTRIALIZAÇÃO INTERVENÇÃO ESTATALNACIONALISMO 
A CEPAL defendia a ideia de desenvolvimento industrial para o 
mercadointerno, aliado à implementação de uma reforma agrária 
e uma alocação de recursos que garantisse um determinado nível 
de produtividade. 
INTERVENÇÃO ESTATALNACIONALISMO 
Na visão cepalina, o Estado assume a condição de agente principal 
da economia, responsável por promover uma infraestrutura para a 
expansão industrial e o direcionamento dos recursos internos. 
NACIONALISMO 
Segundo as teorias do pensamento cepalino, o processo de 
industrialização passa a ser nacionalizado, pois visa substituir as 
importações custosas, primeiro buscando o capital estrangeiro 
para incentivar o setor e, posteriormente, se desenvolvendo de 
maneira autônoma. 
Observando a economia política brasileira, as ideias 
desenvolvimentistas da CEPAL, do ponto de vista econômico, 
consolidaram uma estrutura econômica capitalista sólida através 
da expansão industrial depois dos anos 50. Sob o olhar social, o 
pensamento cepalino não teorizou nem resolveu as desigualdades 
sociais e a concentração de renda, presentes até os dias atuais. 
 
UBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES 
 
Os modelos que auxiliaram na 
formação da economia política 
brasileira se pautaram num aspecto 
muito marcante: a acumulação 
capitalista. A teoria desenvolvimentista 
tinha a intenção de explicar a realidade 
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%201/scormcontent/index.html
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da economia brasileira. As 
transformações do modelo 
agroexportador para o industrial 
apontavam que a estrutura econômica 
da época precisava ser analisada de 
maneira mais abrangente. 
Após a introdução do pensamento desenvolvimentista, ao final dos 
anos 1950, notou-se que a economia política brasileira não seguia 
o mesmo caminho percorrido pelo capitalismo avançado. Segundo 
Mantega, os teóricos estudaram e compreenderam as 
características do capitalismo retardatário brasileiro e as relações 
sociais existentes, concluindo que era preciso avançá-lo por meio 
de um processo de substituição de importações. 
Celso Furtado evidenciou todo o processo de transformação da 
economia brasileira, do modelo escravista para o trabalho 
assalariado. Mantega menciona que Celso Furtado indicava o 
assalariamento da mão de obra como o gerador de uma demanda 
por bens de consumo interno. Diante desse cenário, havia um 
pensamento de que era preciso desenvolver a indústria local e 
direcioná-la para o consumo interno, o que substituiria as 
importações. 
Outro importante pensador do modelo de substituição das 
importações foi Ignácio Rangel. Suas ideias convergiam com as de 
Furtado no sentido de que ambos concordavam que a economia 
brasileira estava pautada num modelo capitalista retrógado e 
pouco eficiente. Porém, ele indicava que o problema econômico 
brasileiro, não estava no assalariamento da mão de obra, mas na 
estrutura exploratória capitalista aliada a um ambiente de alta 
inflacionária, que encarecia os preços dos produtos internos e 
estagnava o mercado consumidor. 
O modelo de substituição de importações foi amplamente 
defendido por outros economistas, como Maria da Conceição 
Tavares. Ela defendia que os investimentos industriais eram a 
essência para solucionar cser_educacionals do mercado externo. 
Mantega aponta que Tavares acreditava, por exemplo, num ciclo 
de expansão do mercado interno de bens de consumo e capital 
através do desenvolvimento da industrialização local. 
Paul Singer, também citado por Mantega, é outro colaborador do 
modelo de substituição de importações, porém apresentando uma 
nova interpretação, devido às cser_educacionals econômicas 
presentes no Brasil na década de 60. Singer indicava que o Brasil 
tinha problemas cíclicos muito característicos do sistema 
capitalista, mas sem capacidade de autogestão, como o modelo de 
substituição de importações exigia naquele, o que gerou uma 
interpretação errada do modelo por outros economistas 
Este modelo também foi fonte de estudo do economista Bresser 
Pereira, que afirmava que o modelo de expansão industrial local 
colaborou para ascensão da classe média brasileira. Assim como já 
havia ocorrido nas outras economias capitalistas após a Segunda 
Guerra Mundial, a industrialização brasileira se disseminou em 
larga escala, o que exigiu o surgimento de postos de trabalho mais 
sofisticados, além de uma crescente acumulação de capital. 
 
MARXISMO BRASILEIRO E DEMOCRACIA 
BURGUESA 
 
O pensamento marxista, formado pela 
esquerda, colaborou de maneira 
significativa para formação da 
economia política brasileira e surgiu 
como uma crítica à teoria 
desenvolvimentista. Baseados no 
ideário da Revolução Russa (Lenin, 
Trotsky) e da Revolução Chinesa (Mao 
Tsé-Tung), os marxistas brasileiros 
realizavam as suas interpretações sobre 
as relações e forças de produção 
utilizadas até então. 
Os ideários leninista e trotskista divergiam entre si, o que trouxe 
uma certa polarização da esquerda marxista brasileira, 
representada pelo PCB. A corrente de pensamento alinhada a 
Lenin entendia que o Brasil se estruturava numa economia 
praticamente feudal e imperialista, atendendo apenas ao mercado 
externo. 
Nestas condições, o socialismo só seria alcançado caso houvesse, 
de imediato, uma revolução democrático-burguesa no Brasil, capaz 
de desenvolver o capitalismo e criar um terreno político e 
econômico propício para futuramente inserir as práticas 
socialistas. O modelo democrático burguês teve sua ascensão ao 
longo dos anos 1950 disputando, junto com o modelo de 
substituição de importações, a preferência entre os progressistas 
brasileiros da época, além de indicar a tarefa de propor à 
burguesia industrial uma mudança no cenário econômico. 
Por volta dos anos 1960, outro setor da esquerda brasileira mais 
alinhado ao pensamento de Trotsky, criticava a ideia de revolução 
democrático–burguesa. A corrente de pensamento refutava a ideia 
de que o Brasil adotou um modelo feudal ao longo da sua história, 
e sim que estabeleceu uma prática capitalista retardatária criando 
relações de produção baseadas em subdesenvolvimento 
estrutural. Em condições como estas, a revolução socialista deveria 
ser implantada de forma imediata, descartando a ideia de 
transição gradual defendida pelo modelo democrático-burguês. 
O modelo democrático-burguês não conseguiu atingir êxito na 
economia brasileira, apesar de todo o seu ideário teórico, dada a 
consistência teórica, o nível de eficácia nas análises e a capacidade 
de compreensão do panorama social do Brasil, entre os anos 1950 
e 1960. Há críticas ao modelo pelo fato de não comprovar que o 
Brasil vivia sob um sistema feudal antes da transição da 
agroexportação para a industrialização. A outra crítica se deve ao 
fato de que a democracia burguesa não é necessariamente uma 
luta porsociedade socialista. 
 
SUBDESENVOLVIMENTO CAPITALISTA 
 
As teorias debatidas estão inseridas num período posterior à 
Segunda Guerra Mundial, caracterizado por disputas políticas e 
ideológicas entre capitalismo e socialismo. A ideia 
desenvolvimentista, disseminada após as guerras mundiais e a 
crises de 1929, trouxe um otimismo para os países 
subdesenvolvidos e a possibilidade de inseri-los num processo de 
modernização e desenvolvimento. 
Entretanto, é preciso considerar que a partir do momento em que 
os países centrais começaram a retornar, de forma dinâmica, aos 
seus níveis de desenvolvimento capitalista, os países emergentes 
voltaram a um modelo de subserviência. A partir deste 
entendimento, surgiram as teorias que serão abordadas aqui. Um 
dos teóricos mais importantes no que se refere ao 
subdesenvolvimento capitalista é Paul A. Baran, que debateu e 
inseriu uma visão desenvolvimentista alternativa aos outros 
teóricos da época. 
Ele entendeu, por exemplo, ser inviável que países emergentes 
conseguissem atingir um avanço econômico e social considerando 
o modelo capitalista mundial, que se baseia em monopólios 
chancelados pelo estado. 
Uma das formas de explicar o nível de subdesenvolvimento de um 
pais, segundo Baran, na página 47 do livro A economia política do 
desenvolvimento, de 1986, é por meio do excedente econômico 
(diferença entre a produtividade e o consumo da sociedade de um 
país), que permite uma avaliação mais abrangente das limitações e 
possibilidades de um país se desenvolver. 
Caio Prado Júnior, outro autor mencionado por Mantega, foi um 
teórico importante para explicar o modelo de subdesenvolvimento 
capitalista, graças à sua avaliação das relações produtivas da 
agricultura praticadas no Brasil desde a era colonial. Entretanto, 
diferente do que a maioria dos teóricos deste modelo defendia, 
Caio Prado não concordava com a ideia de que uma revolução 
socialista era uma alternativa viável para sociedade brasileira. 
 
André G. Frank é outro colaborador importante para a teoria do 
subdesenvolvimento econômico, através de artigos econômicos que buscavam 
confrontar as teses de feudalismo. Segundo Mantega, Frank explicava que o 
subdesenvolvimento do Brasil, por exemplo, era definido pelas relações sociais 
moldadas pelo sistema capitalista mundial, e não pelos preceitos do feudalismo, 
como defendia o pensamento marxista do PCB. 
Por fim, temos as concepções de Ruy M. Marini que, como 
abordado por Mantega, complementava o modelo de 
subdesenvolvimento capitalista através da análise dos métodos de 
produção e expropriação da mais-valia em países emergentes. Ele 
faz críticas ao modelo de superexploração da força de trabalho, 
que ajuda a explicar como o sistema imperialista mundial funciona. 
 
Agora é a hora de sintetizar tudo 
o que aprendemos nesta 
unidade. Vamos lá?! 
SINTETIZANDO 
A economia indica como a sociedade emprega os recursos 
escassos de produção para atender às necessidades humanas 
ilimitadas combinando as ações das famílias com as empresas e a 
interação entre eles. Neste contexto, a economia política 
estabelece a relação entre o processo econômico, ligado à 
produção e ao consumo com a vida em sociedade. 
Outro aspecto importante é que a ciência econômica se relaciona 
com o direito, já que precisa da normatização jurídica para 
executar e regular as suas atividades. Além disso, é possível 
observar a constante renovação dos pressupostos econômicos, o 
que indica a necessidade de mudança constante à qual a 
estruturação jurídica está sujeita. 
O panorama econômico brasileiro está relacionado ao nível de 
crescimento e à elevação econômica sustentada ao longo de um 
determinado período de desenvolvimento e aborda questões 
relacionadas à qualidade de vida de uma sociedade. O Brasil, ao 
longo dos últimos 20 anos, se caracterizou por períodos de 
crescimento e recessão econômica, que possibilitou a formulação 
de políticas voltadas para o controle e organização da sua 
economia. 
Por fim, é possível concluir que, diante destes aspectos, a 
economia política praticada no Brasil atualmente é fruto das teses 
e formulações econômicas implementadas ao longo da história, 
principalmente após o confronto ideológico do liberalismo, do 
marxismo e das ideias cepalinas desenvolvimentistas no sentido de 
discutir os principais aspectos para a formação de um sistema 
econômico mais equitativo e eficiente.

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