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Unidade 3 - A evolução do pensamento econômico e os principais aspectos do mercado UNIDADE 3. A evolução do pensamento econômico e os principais aspectos do mercado Valter Luciano Bispo Júnior OBJETIVOS DA UNIDADE • bullet Apresentar conceitos referentes à produção, funcionamento de um sistema econômico e a escassez de recursos como problema econômico fundamental apresentando como a sociedade se organiza para suprir este aspecto; • bullet Visualizar como os mercados são constituídos e quais os seus modelos estruturais mais relevantes, evidenciando o comportamento da demanda e da oferta e como esses agentes estabelecem equilíbrio. TÓPICOS DE ESTUDO Clique nos botões para saber mais História do pensamento econômico – // Rápido passeio pela história do pensamento econômico: escolas econômicas // O mercantilismo // A fisiocracia // O liberalismo // O socialismo // O keynesianismo // Para uma economia política do Estado brasileiro // Financiamento do desenvolvimento econômico O mercado: conceito, tipologia e estruturas – // O mercado: estruturas e mecanismos básicos // Principais estruturas de mercado // A procura: conceito, lei econômica, curva e elasticidade-preço // A oferta: conceito, lei econômica, curva e elasticidade-preço // O equilíbrio da procura e da oferta História do pensamento econômico Seção 2 de 3 Considerando a sua importância e necessidade, podemos entender que a História do Pensamento Econômico (HPE) é uma área do conhecimento que exige constante atualização e comprovação teórica. Não podemos deixar de frisar que seu estudo é aceito pelos economistas, desde que sirva como um relato que envolva aspectos preestabelecidos, científicos e muitas vezes teológicos, indicando o conhecimento verdadeiro em seu estado atual. Isso indica que todas as ações realizadas pelas gerações anteriores evidenciam que as imperfeições ocorridas no passado contribuíram para que o caminho do progresso científico fosse traçado e inserido no estado atual em que se encontra a ciência. Como você pode notar, a HPE não precisa ser vista como uma ratificação incontestável da teoria econômica, e sim como uma maneira de demonstrar os confrontos, dúvidas e possibilidades teóricas que surgiram ao longo da história e que contribuíram para a formação do pensamento econômico. Além de demonstrar como cada pensador da ciência econômica colaborou para a formação do estado atual do conhecimento, a história evidencia a relevância de cada teoria formulada, os seus prováveis desdobramentos e limitações. A função e a importância da HPE, portanto, vai além da mera curiosidade histórica ou do processo de experimentação das ciências econômicas. É necessário estabelecer uma construção análoga entre as mais diversas teorias econômicas e o seu efetivo funcionamento prático, evidenciando o que chamamos de “pluralismo” em economia. Este conjunto de teorias serve de base para o surgimento das escolas econômicas e a sua contribuição para a evolução do processo econômico, o qual observaremos ao longo desta unidade. RÁPIDO PASSEIO PELA HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO: ESCOLAS ECONÔMICAS Como já observamos, o pensamento econômico ultrapassou uma diversidade de etapas, marcadas por amplas distorções e oposições. Entretanto, o processo evolutivo deste modelo de pensamento pode ser subdividido em duas grandes fases: a fase pré-científica e a fase científica econômica. A fase pré-científica é formada por três subperíodos: a Antiguidade Grega, que foi marcada pelo elevado nível de desenvolvimento nos estudos políticos e filosóficos; a Idade Média, que foi abarcada por doutrinas teológicas e filosóficas, caracterizando-se pela tentativa de moralização da economia; e o mercantilismo, marcado pela expansão dos mercados consumidores e do comércio. A fase científica, por sua vez, é formada pelos seguintes subperíodos: Clique nas abas para saber mais FisiocraciaEscola clássicaPensamento marxista Defendia a existência da chamada "ordem natural", em que o Estado deveria se manter isento em relação às intervenções na economia; Escola clássicaPensamento marxista A doutrina clássica defendia, dentre outros aspectos, a livre inciativa como forma de estabelecer um equilíbrio no mercado e uma participação mínima do Estado; Pensamento marxista https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%203/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%203/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%203/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%203/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%203/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%203/scormcontent/index.html Criticava os preceitos que defendiam a ideia de "ordem natural" e "harmonização de interesses", indicando que estes ideários eram resultados obtidos através da renda concentrada e da exploração trabalhista. Importante ressaltar que mesmo inseridos na fase científica, a escola neoclássica (responsável por expor a teoria subjetiva do valor) e o keynesianismo (que trouxe explicações profundas sobre as flutuações de mercado) são teorias econômicas diferenciadas, que trouxeram modelos teóricos essenciais, capazes de revolucionar o pensamento econômico. Mas como essas escolas conseguiram, efetivamente, revolucionar o pensamento econômico praticado até os dias atuais? Ao longo dos nossos estudos, vamos observar com maior detalhamento como essas escolas econômicas formularam os seus principais preceitos, e quais foram as suas contribuições para a evolução do pensamento econômico. O MERCANTILISMO O que foi o mercantilismo? Quais as suas principais características? Bem, o mercantilismo é compreendido como uma série de práticas inseridas na economia bastante utilizadas pelas nações da Europa, entre os séculos XV e o XVIII. Importante ressaltar que para diversos historiadores e economistas, o mercantilismo é visto como o momento de transição entre o feudalismo e o capitalismo. Sendo assim, o mercantilismo não pode ser efetivamente considerado como um sistema econômico complexo, com modos de produção definidos, como ocorria no período feudal e acontece no sistema capitalista. Se consultarmos os acontecimentos históricos, vamos perceber que o mercantilismo contraiu aspectos diferentes conforme o perfil de cada país, e foi adotado durante o período das chamadas Grandes Navegações, que colaborou de maneira significativa para a formação do sistema colonial, muito presente nos países do continente americano, como no Brasil. Como você pode perceber, o mercantilismo representa o fim do feudalismo e o surgimento dos Estados Nacionais Modernos, que foi um conjunto de nações que surgiu no período de centralização do poder na figura de um monarca. Paralelo a isso, foi montado toda uma estrutura burocrática responsável por administrar questões políticas e socioeconômicas em cada nação. Neste contexto, podemos entender que o surgimento dos Estados Modernosestava pautado na burguesia, cujo objetivo era extinguir os benefícios que a nobreza feudal usufruía. É de fundamental importância compreender que a burguesia foi a grande responsável pelo desenvolvimento manufatureiro e comercial, o que posteriormente acabou estruturando as bases para a introdução das indústrias. Sendo assim, podemos entender que o mercantilismo foi consolidado através de um contexto que envolvia uma intervenção estatal importante na economia, a expansão comercial obtida através da exploração colonial; e o aumento na quantidade de manufaturas. Tais praticas colaboraram para o surgimento do capitalismo comercial, considerado como a primeira fase do sistema capitalista. O mercantilismo ocorreu de diferentes maneiras, a depender da realidade de cada país. Mesmo assim, é possível enumerar algumas características importantes, observadas no Quadro 1. A FISIOCRACIA Corrente teórica fruto do Iluminismo e que se opunha ao mercantilismo, a fisiocracia é considerada uma escola científica pioneira, ou seja, anterior ao pensamento clássico defendido por Adam Smith, baseando-se na tese de que toda a riqueza provém da terra, mais especificamente, da agricultura. Etimologicamente o termo “fisiocracia” é constituído por dois radicais gregos: physis (natureza) e kratos (governo, ordem). Sendo assim, os fisiocratas entendiam a economia como um “governo da natureza” e acreditavam na existência da ciência da ordem natural, em que era estabelecida uma ligação entre a natureza e a sociedade. O seu principal idealizador foi o médico francês François Quesnay, que através da sua obra Tableau Économique, escrita em 1758, defendia a existência da ordem natural da sociedade e que nenhuma norma ou regulamentação estatal seria capaz de alterá-la. Quesnay era um grande defensor do chamado Estado do laissez faire, ou seja, da não intervenção do Estado na economia. Se por um lado o pensamento mercantilista defendia a ideia de acumulação de metais, a fisiocracia defendia o direito à propriedade privada e à liberdade no mercado, além de apontar a agricultura como a única maneira de criar riquezas, já que a terra conseguia gerar altas taxas de lucratividade e exigia um nível baixo de investimentos, o que justificava a sua valorização. Neste contexto, segundo os fisiocratas, deveria haver a cobrança de um único imposto direcionado aos proprietários da terra, livrando a sociedade de uma elevada carga tributária. É essencial entender, portanto, que a fisiocracia confrontava de maneira ferrenha o mercantilismo. Sendo assim, um dos pontos mais defendidos por esta corrente ideológica era o despotismo esclarecido. Mas o que seria isto? Os fisiocratas acreditavam que o absolutismo monárquico defendido pelo mercantilismo deveria se abster de determinados pressupostos políticos fundamentais, mas que promoveriam mais liberdade aos seus súditos, principalmente no que se refere ao direito à propriedade e liberdade. CURIOSIDADE Em 1774, o então ministro das finanças Anne Robert Jacques Turgot tentou inserir os preceitos fisiocratas na economia francesa; uma tentativa fracassada, já que houve resistência dos proprietários de terras. Mesmo assim, é importante frisar que, embora a fisiocracia apresentasse várias restrições, ela foi fundamental para a economia científica, pois serviu de base para a criação da teoria clássica de Adam Smith. O LIBERALISMO Defender os valores relacionados à liberdade e à igualdade: esses são os fundamentos que servem de base para o liberalismo como uma teoria política e social. O pensamento liberal defende a ideia de que todo indivíduo possui direitos humanos congênitos e cabe ao governo a responsabilidade de respeitá-los e solucioná-los quando houver choque de interesses entre as pessoas. Vamos compreender o seguinte: a filosofia política liberal, que prioriza o indivíduo sobre o coletivo, diz que tanto a sociedade quanto o Estado precisam assegurar e promover a liberdade do indivíduo, o que requer a extinção de qualquer restrição ou constrangimento nas suas ações. Neste contexto, a variedade e multipluralidade de ideias precisam ser efetivamente incentivadas, aliadas a um modelo de sociedade igualitária no que se refere à distribuição de oportunidades e dos recursos disponíveis. Mas como surgiu o liberalismo? Bem, o pensamento liberal clássico é fruto do movimento iluminista europeu aliado às revoluções burguesas ocorridas a partir do século XVII, como uma forma de oposição ao Estado Absolutista que vigorava naquele momento. Trata-se de uma teoria que busca, dentre outros aspectos, a representatividade das instituições, uma sociedade civil mais autônoma, uma economia de mercado e a não intervenção do Estado na economia. Nesse sentido, como você pode notar, o liberalismo tem uma estreita relação com a democracia nos países ocidentais. A participação política baseada no liberalismo, entretanto, não é consensual entre os seus formuladores. Uma corrente ideológica, defendida por John Locke, dentre outros pensadores, apoiava a participação dos cidadãos por meio de eleições e cargos representativos. Já a outra corrente, que teve Alexis do Tocqueville com um de seus expoentes, defendia que a ética liberal somente se concretizaria na execução da atividade política ativa ou até mesmo no associativismo. Além disso, há um aspecto que precisa ser evidenciado em relação ao pensamento liberal ocidental: o grau de liberdade observado em cada nação que adotou esse sistema. Se o liberalismo clássico defende a ideia de que os direitos civis são essenciais aos indivíduos, o liberalismo igualitário argumenta que o governo e a sociedade intervirão em áreas essenciais, como a saúde ou a educação, por exemplo. Nesse sentido, o liberalismo atua basicamente em duas frentes ideológicas: Liberalismo político Doutrina que defende a proteção da liberdade das pessoas. No geral, os pensadores liberais dessa frente defendem que a presença do Estado não pode prejudicar a liberdade do indivíduo, mas que o Estado deve preservar a igualdade ao extinguir possíveis privilégios entre as pessoas. Vale frisar, ainda, que o liberalismo político foi expresso inicialmente em 1776, por Thomas Paine, através da obra Senso Comum, em que ele defende que as instituições são os instrumentos necessários para assegurar a liberdade individual; Liberalismo econômico Doutrina inserida a partir do século XVIII e que teve como principal expoente o economista Adam Smith (1723 -1790). A livre concorrência, assim como o direito à propriedade privada são alguns dos preceitos defendidos pelo liberalismo econômico. Este modelo de liberalismo foi inserido assim que os Estados Nacionais se formaram, refutando os conceitos do mercantilismo e da fisiocracia, que se destacavam pela defesa do controle do Estado na economia, por meio de monopólios ou cobranças de altos impostos. O SOCIALISMO Dentro do cenário econômico, a grande “utopia” do século XX foi certamente a do socialismo, por ser considerado um arranjo social capaz de reunir forças opositoras ao pensamento capitalista e pré-capitalista inseridos em diversos países. Neste contexto, é preciso observar o panorama da economia política para compreender o que de fato é o socialismo e quais são as bandeiras defendidas por esse sistema. Segundo Singer (1983, p. 157), para entendermos o conceito referente ao socialismo é preciso buscar compreender os seus pensadores clássicos, como Marx e Engels, que defendiam, dentre outros aspectos, que o socialismo era uma corrente ideológica superior ao capitalismo, por ser capaz de superar as contradições próprias do sistema causadas ao longo do tempo. Esta superioridade está pautada em três aspectos, discutidos no Diagrama 1. É preciso deixar claro que esse era o ideário socialista básico, ou seja, o paísque desejasse implantar esse sistema deveria buscar atender a essas características. Entretanto, a partir de 1917, as revoluções proletárias se tornaram vitoriosas, dando origem a uma série de regimes, o que fez com que esse sistema passasse a ser observado não mais por seus fundamentos doutrinários, mas sim pelo seu contexto histórico, diante de suas práticas em diferentes países. Para o pensamento socialista, o capitalismo tinha a função histórica de desenvolver as forças produtivas para que o socialismo fosse implementado posteriormente. Entretanto, na prática, os países que resolveram abolir o sistema capitalista (como a antiga URSS e a China, por exemplo) para adotar um regime socialista, não haviam cumprido esse aspecto, ou seja, encontravam-se ainda na condição de países agrários, apesar do planejamento centralizado ter sido responsável pelo desenvolvimento acelerado dessas regiões. Diante disto, quais conclusões podemos delinear? Bom, a industrialização centralizada e planejada do socialismo não se mostrou, de imediato, superior à do sistema capitalista, já que países que não adotaram esse sistema (como Brasil e México) também conseguiram desenvolver sua estrutura industrial em ritmos similares aos países de economia planejada e centralizada. É visível, entretanto, que os modelos de desenvolvimento econômico são diferentes, já que os privilégios e as diferenças de classes nos países de economia planificada foram basicamente abolidas (SINGER, 1983, p. 160). O KEYNESIANISMO Em um determinado momento histórico, mais precisamente após a crise de 1929, ocorrida nos Estados Unidos, o sistema capitalista clássico (liberal) passou por uma crise estrutural e precisou ser reformulado. Neste contexto, podemos entender que houve a emersão de uma nova teoria econômica, denominada keynesianismo, em alusão ao seu formulador, o economista John Maynard Keynes (1883 - 1946). Essa nova corrente de pensamento econômico defendia, entre outros aspectos, que o Estado deveria agir nas políticas econômicas de um país, visando o pleno emprego e o equilíbrio das atividades. Importante deixar claro que Keynes passou a formular sua teoria ao longo do século XX, em uma época em que a sociedade se pautava no princípio do laissez-faire como a única maneira de se recuperar de um período recessivo, ou seja: a economia teria a capacidade de se recuperar de uma crise sem qualquer tipo de intervenção estatal. A crise de 1929, evidenciada pela quebra da bolsa de valores da época, provocou um efeito devastador nos EUA e em outros países ao redor do mundo. É preciso compreender que essa crise representou a retração do poder de compra da população, graças ao aumento do desemprego e da redução dos níveis de salário. Sabendo que a produção se manteve estável, esse efeito provocou um colapso econômico. Foi diante desse cenário que Keynes passou a entender que os preceitos econômicos defendidos pelo liberalismo eram insuficientes para solucionar a reestruturação da economia norte americana. Segundo o entendimento keynesiano, os Estados Unidos, epicentro da crise de 1929, se reestruturaria economicamente no momento em que novas despesas governamentais fossem criadas, com o objetivo de criar novas oportunidades de emprego, o que reativaria o ciclo do consumo e levaria a economia a um nível maior de expansão, ou seja, o Estado passaria a ser o principal agente da economia. Além disso, a teoria keynesiana também está baseada no produto interno bruto (PIB), que em pleno equilíbrio no momento em que a: Oferta agregada (Y) = procura agregada (PA) ou despesa agregada Vale ressaltar que a procura agregada (PA) é constituída pelo consumo da população (C), pelos investimentos (I), pelas despesas governamentais (G), pelas exportações (X) e pelas importações (Q). A relação entre oferta e demanda agregada, nesse sentido, é um índice importante para mensurar se um país está em crise. Importante lembrar que o keynesianismo foi adotado para estruturar o acordo New Deal, utilizado para a reestruturação da economia norte-americana. Como é possível perceber, o pensamento keynesiano exerceu um papel preponderante na economia americana e acabou sendo difundido por outros países no mundo. O Quadro 2 apresenta outras características essenciais dessa teoria econômica. PARA UMA ECONOMIA POLÍTICA DO ESTADO BRASILEIRO A aplicação das políticas públicas no Brasil é pautada na orientação intervencionista ou desenvolvimentista do Estado, que sempre exerceu uma função essencial na criação de diretrizes aplicadas à economia, direcionadas para tornar o capitalismo industrial e financeiro mais viável. Coube ao Estado também o papel de criar uma infraestrutura adequada para que a iniciativa privada atue, além de disponibilizar uma série de insumos primordiais para os empreendimentos atuantes no processo desenvolvimentista. Existem dois períodos da atuação do Estado brasileiro: o primeiro se caracterizou pelo Estado desenvolvimentista, entre os anos 1930 até o fim dos anos 1960; e o segundo momento se caracterizou por ações mais intervencionistas que perduraram até o fim dos anos 1980. Este período de intervenção deu início a uma série de mudanças políticas e econômicas no Brasil que resultaram em um Estado neoliberal nos anos 1990. É possível notar que o contexto histórico da política econômica adotada pelo Estado brasileiro, desde 1930, apresentou oscilação entre duas correntes teóricas: a estratégia de desenvolvimento nacionalista, que se pautava na formação de um capitalismo desenvolvido internamente; e uma estratégia de desenvolvimento associada, que indicava a aceitação das exigências realizadas pela interdependência das nações capitalistas. O que podemos perceber é que desde os anos 1950 o Estado exerce um conjunto de funções que vão desde a execução da gestão, passando pela coordenação até a geração de investimentos. Este ciclo, que tem sido desenvolvido ao longo dos anos, vem criando uma estrutura burocrática para que a gestão dos setores e seu planejamento sejam efetivamente implantados. A presença do Estado também foi essencial para agir sobre a legislação do trabalho, determinando ou praticando ações dentro do mercado, o que acabou inibindo as ações sindicais ou até mesmo a evolução dos salários. Outro ponto que precisa ser observado se refere ao fato de que até meados dos anos 1960 não houve qualquer inferência ao uso do planejamento, seja ele urbano ou territorial, como um fator importante para o desenvolvimento, limitando-se apenas ao provimento dos serviços urbanos. Chegada à década de 1970, passamos a observar um Brasil com aspectos “colossais” naquilo que se refere, por exemplo, à produção de energia como um insumo fundamental para a expansão do desenvolvimento da indústria de base. Entretanto, é possível notar que os investimentos estrangeiros utilizados no período não foram direcionados para a infraestrutura. Chegando à década de 1980, marcada principalmente pela crise inflacionária, foi possível notar um certo nível de defasagem em relação à atuação do Estado em uma linha mais desenvolvimentista. Diante deste contexto, foi preciso trazer e debater um modelo novo em relação à ação do Estado e quais suas relações mercadológicas. É neste período que as privatizações de empresas públicas começam a ganhar relevância como uma fonte de retração de custos, além do refinanciamento da máquina estatal como uma maneira viável de revitalizar a economia ao sanear as finanças nacionais. No início da década de 1990 houve mudanças no âmbito político, econômico, social e, consequentemente, nas novas atribuições do Estado. No começo da década, a inflação se encontrava em um nível crescente, o que fez com que novos programas econômicos de estabilização fossem adotados, como o Plano Collor, que inseriu medidas que restringirama circulação de moeda. Outro aspecto relevante está relacionado aos setores sociais e à infraestrutura, que apresentou um nível descendente no final dos anos 1980 até meados dos anos 1990, o que resultou em um processo de deterioração das estruturas vigentes, como o sistema de telecomunicações e de energia elétrica, além de uma significativa retração nos níveis de qualidade da educação básica e saúde pública. Na segunda metade dos anos 1990 ocorreu uma ampla recuperação no que se refere às políticas sociais, que passaram a focar na escolha de programas direcionados para a produção e a descentralização de recursos. Já nos anos 2000, foi possível notar que o desenvolvimento econômico trouxe equidade à população brasileira, período em que foi possível visualizar, por exemplo, um crescimento econômico mais rápido e descentralizado. FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Uma das principais fontes para elevar o nível do crescimento econômico de um país é o investimento público. Ele é essencial em setores importantes, como a educação, saúde ou infraestrutura. Por sua vez, a iniciativa privada se caracteriza por alocar os seus recursos em áreas com altos índices de rentabilidade. Neste contexto, é fundamental a inserção de um planejamento eficiente em áreas sensíveis, sendo que isso dependerá do nível de agilidade e da gestão dos recursos utilizados. Para que uma economia cresça, é preciso, dentre outras ações, interferir em uma variável importante: na taxa de investimento, que hoje tem um nível alto de estagnação. É preciso deixar claro que, quando os investimentos se elevam, os gastos das organizações empresariais também se elevarão com a aquisição de bens de capital, que são aqueles que servem para a produção de outros bens. Uma das principais metas de um governo é atingir, por meio dos investimentos, a expansão do PIB (produto interno bruto) de maneira consistente e rápida; no entanto, existem uma série de barreiras e restrições que impedem essa expansão, principalmente a disponibilidade de recursos financeiros, provenientes das instituições públicas ou privadas. No Brasil, um dos órgãos mais importantes para a execução de políticas econômicas é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Através dele, o governo consegue ampliar a produção das empresas nacionais, mas o panorama atual da economia brasileira indica que manter essa expansão é um processo complexo, devido à escassez de recursos, dentre outros aspectos. Vale ressaltar, também, que a transição das fontes de recursos é uma fonte de debate referente aos custos. É preciso deixar claro que nesse ambiente os créditos concedidos para as empresas são realizados normalmente com taxas reduzidas, ou seja, cabe ao BNDES o papel de subsidiar os setores importantes da economia, evitando que a geração de recursos se torne limitada. Importante mencionar que outras instituições, como o Banco do Brasil e a Caixa exercem um papel semelhante ao BNDES. Nós podemos notar que essas instituições atuam por meio de políticas anticíclicas, com o objetivo de estimular o desenvolvimento. Neste contexto, é preciso deixar claro a relevância do setor público brasileiro para formar a taxa de investimento do país, apesar da importante atuação do setor privado. Mesmo havendo mais disponibilidade para investir por parte do setor público, há um conjunto de limitações que dificultam esse processo. Uma dessas dificuldades está, por exemplo, na Lei de Licitação (Lei 8.666 da Constituição Federal), que apresenta uma série de mecanismos que tornam a execução dos investimentos mais lenta. O crescimento econômico de um país indica a expansão do produto interno bruto, que simboliza a disponibilidade de bens e serviços dentro de um país. Sendo assim, é possível afirmar que uma das fontes essenciais para elevar o crescimento econômico é: Investimento público. Correctly selected Investimento retroativo. Correctly unselected Investimento misto. Correctly unselected Correta Muito bem, a resposta está correta! Uma das principais fontes para elevar o nível do crescimento econômico de um país é o investimento público. Ele é fundamental em setores importantes como a educação, saúde ou infraestrutura. Já a iniciativa privada se caracteriza por alocar os recursos em áreas com alto índice de rentabilidade. O mercado: conceito, tipologia e estruturas Seção 3 de 3 Podemos entender que o mercado apresenta diferentes estruturas pautadas na quantidade de firmas produtoras, na diferenciação dos produtos, ou na existência de barreiras à entrada de novas organizações empresariais. Importante frisar que o mercado de bens e serviços ou de fatores e produção possuem características que podem indicar uma concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística ou mesmo um oligopólio. Estudaremos, nesse sentido, a importância dos mercados e suas principais formas e estruturas. O MERCADO: ESTRUTURAS E MECANISMOS BÁSICOS O mercado é fundamental para o desenvolvimento econômico, tanto para a sociedade quanto para as instituições, porque é onde são executadas as transações econômicas, ou seja, a troca de bens e serviços entre os agentes econômicos (particulares, governo, empresas, dentre outros). Sabemos que isoladamente os agentes econômicos são incapazes de suprir suas próprias necessidades, sendo assim, é fundamental que eles estabeleçam conexões com o objetivo de compartilhar bens e serviços excedentes. Nesse contexto, é possível verificar que o mercado se baseia em duas correntes ideológicas de comercialização: a primeira delas é a das vantagens absolutas, que determinam o livre comércio como a alternativa mais viável para os países, em que uma nação pode disponibilizar determinado bem ou serviço, apresentando uma série de preços inferiores em relação aos seus concorrentes. A segunda corrente, por sua vez, são as vantagens comparativas inseridas na produção de um bem ou serviço, que levam em consideração um custo de oportunidade da produção mais baixo de um país em relação aos outros. Esses custos podem estar relacionados, por exemplo, à produtividade do trabalho, às inovações tecnológicas ou às economias de escala. O mercado: conceito econômico Se considerarmos um modelo de economia clássica, os mercados podem se distinguir diante de dois tipos de circunstâncias: os mercados perfeitamente competitivos e os imperfeitamente competitivos. Os mercados perfeitamente competitivos são aqueles em que há uma quantidade imensa de compradores e ofertantes, sendo que o preço dos bens e serviços comercializados são determinados pelas forças do mercado. Já o mercado imperfeitamente competitivo é marcado pela existência de oligopólios, que ditam os preços a serem praticados e disponibilizam uma quantidade reduzida de bens e serviços. DICA As empresas são capazes de produzir inovações para obter vantagens em relação às concorrentes, elevando o seu nível de renda e diferenciando o seu bem ou serviço. Tais inovações são revoluções técnicas que podem alterar a sociedade, por meio da redução dos custos ou da criação de algum benefício. Ao longo de nossos estudos, observaremos com maiores detalhes a estrutura e as características do mercado, além de estudarmos a relação entre oferta e demanda. PRINCIPAIS ESTRUTURAS DE MERCADO A demanda e a oferta de bens e serviços são influenciadas por um conjunto de variáveis, sendo que o mercado é condicionado ao seu equilíbrio. Segundo Vasconcellos e Garcia (2008, p. 70) as estruturas de mercado dependem basicamente de três aspectos fundamentais: • 1 1 A quantidade de empresas que formam este mercado; • 2 2 Tipos de produtos; • 3 3 Barreiras comerciais. A maximização do lucro total é vista como o principal objetivo da maioria das organizaçõesempresariais. Nesse sentido, se observarmos de maneira específica as estruturas oligopolistas de mercado, perceberemos outros mecanismos para que a lucratividade seja maximizada. Desse modo, as principais estruturas de mercado são: Clique nos botões para saber mais Concorrência perfeita – Caracteriza-se pelo grande volume de empresas e consumidores que agem de maneira conjunta e utilizam produtos homogêneos. Nesse contexto, o mercado é considerado o principal responsável por estabelecer os preços, e se caracteriza por não impor barreiras aos novos entrantes. Ademais, o funcionamento transparente em relação às informações pertinentes, como a lucratividade, por exemplo, também está presente nesse tipo de estrutura. O modelo de concorrência perfeita não pode ser aplicado de maneira exata, já que ele apresenta distorções, como ocorre em qualquer mercado. Apesar disso, é possível visualizar graficamente o seu funcionamento teórico. Equilíbrio do mercado e da empresa Como é possível notar, a curva da demanda, levando em consideração a visão da organização empresarial, é configurada no Gráfico B como uma reta, demonstrando o preço estabelecido pelo mercado, conforme se observa no Gráfico A. Observe que as empresas que formam esse mercado são as formadoras de preço. Nesse sentido, as empresas não conseguem modificar os níveis ou estipularem um preço acima daquele praticado pelo mercado, mas elas terão condições de vender a quantidade que estiverem dispostas, limitando-se apenas à sua estrutura de custos definida. A longo prazo, verificamos que, em um mercado de concorrência perfeita, não existe lucratividade extraordinária, e sim a chamada “lucratividade normal”, que simboliza a remuneração implícita do empresário, ou seja, o seu custo de oportunidade. A explicação para isso pode ser observada no Diagrama 2. Monopólio – Trata-se de um mercado que tem diretrizes opostas às da concorrência perfeita. Basicamente, é composto por uma empresa que consegue exercer domínio totalitário da oferta e, consequentemente, dos consumidores. Age sem concorrência ou produto substituto, obrigando os consumidores a aceitarem suas condições determinadas. Graficamente você vai notar que no monopólio a curva da demanda da organização empresarial simboliza a própria curva do mercado. Por conta dessa exclusividade, a empresa monopolista consegue estabelecer o preço de equilíbrio, levando em consideração a sua capacidade produtiva. Se na concorrência perfeita a demanda é algo dado para a empresa, representada por uma reta paralela ao eixo das quantidades, no monopólio, a empresa enfrenta uma curva de demanda inclinada de maneira negativa, como se observa no Gráfico 2. Importante frisar que a demanda tenderá à inelasticidade, ou seja, quando o preço se elevar, a queda no consumo será irrisória e pouco impactará na receita total da empresa. A empresa monopolista, entretanto, não poderá elevar os níveis de preços de maneira indefinida, pois possivelmente a demanda tenderá a reduzir o nível de consumo. Os monopólios surgem, principalmente, por conta das barreiras impostas que impedem a entrada de novas firmas no mercado. Elas podem ser oriundas, por exemplo, de um monopólio puro, quando o mercado exige um nível considerável de capital, o que acaba sendo um impedimento para a entrada de novos concorrentes; das patentes, que condicionam uma empresa a deter a tecnologia apropriada para a produção de bem; do controle de matérias-primas básicas ou até do monopólio institucional em setores estratégicos. Oligopólio – Podemos definir oligopólio como um modelo estrutural formado por um conjunto reduzido de empresas que exercem domínio sobre o mercado. A indústria automobilística ou a indústria de bebidas são bons exemplos de oligopólios, pois representam uma quantidade limitada de organizações empresariais ou um conjunto maior de empresas presentes no mercado com poucas organizações dominantes. Se observarmos o setor produtivo brasileiro notaremos um alto nível de oligopólios, em que as quantidades disponibilizadas e os preços são definidos por meio de cartéis. O cartel, segundo Vasconcellos e Garcia (2008, p. 64) é visto como uma organização de produtores que estabelece uma política de preços para as organizações que compõem um setor específico. Importante frisar que em um modelo oligopolista as empresas podem assumir papéis distintos: uma organização pode ser líder, quando é responsável por estabelecer preços ou satélites. Outras empresas são tomadoras dos preços estabelecidos pelos líderes, considerando toda a estrutura de custos estabelecidos pelas empresas participantes, formando um modelo denominado liderança de preços. Além disso, as empresas que atuam no mercado oligopolista também podem seguir uma corrente voltada para a maximização dos lucros (Teoria Neoclássica) ou para a maximização do markup (Teoria da Organização Industrial). Concorrência monopolista – Caracteriza-se por ser uma estrutura de mercado que atua de maneira intermediária entre o monopólio e a concorrência perfeita. Diferencia-se do oligopólio basicamente por conta de dois fatores: por possuir uma margem de manobra de fixação de preço limitada e por ter um número reduzido de empresas envolvidas. Tais aspectos oferecem um determinado poder de monopólio inserido nos preços, mesmo havendo uma certa competitividade no mercado. É um mercado sem barreiras de entrada, por isso os chamados lucros extraordinários auferidos a curto prazo são fontes atrativas para novas empresas. Apesar disso, esses lucros cessam a longo prazo e somente os chamados lucros normais permanecem. Outro ponto que devemos mencionar é o fato de que o mercado de fatores produtivos (Diagrama 3) também disponibiliza estruturas diferentes. Elas estão diretamente relacionadas à demanda de insumos pelos setores produtores de bens e serviços. EXPLICANDO É importante estabelecer uma taxa de markup fixa que consiga cobrir os custos diretos e fixos, além de suprir a taxa de rentabilidade almejada pelos acionistas de uma organização empresarial. A PROCURA: CONCEITO, LEI ECONÔMICA, CURVA E ELASTICIDADE-PREÇO Podemos entender a demanda como a quantidade de bens ou serviços que os consumidores estão dispostos a adquirir durante um determinado período. Certamente, a demanda dependerá de uma série de variáveis, como o preço, a renda ou mesmo a preferência dos compradores, que pode ser estudada de maneira isolada para esclarecer futuras decisões de compra. Nesse sentido, é preciso evidenciar que a demanda e o preço de um bem mantêm uma relação inversamente proporcional: é o que chamamos de Lei Geral da Demanda. O Gráfico 3 mostra como essa relação pode ser representada. Entendendo que o eixo vertical simboliza os preços (P) e o horizontal as quantidades demandadas (Q), observaremos uma relação inversa em que, à medida que o preço se eleva, a quantidade demandada reduz. Como percebemos, a curva de demanda será inclinada de cima para baixo, da esquerda para a direita, indicando que a quantidade procurada dos produtos varia inversamente ao seu preço, sendo que tudo o mais permanece constante (coeteris paribus). A análise econômica indica a curva ou a escala que representa as preferências dos consumidores, levando em consideração que sua utilidade está sendo maximizada. Essa relação pode ser simbolizada pela função demanda: Qd = f(P) - quantidade demandada é uma função do preço Onde: Qd: quantidade demandada P: preço do bem ou serviço Como já vimos, a curva de demanda é inclinada negativamente graças ao efeito conjunto de dois fatores: Clique nas abas para saber mais EFE ITO DE SUBSTITUIÇÃ O Caso um determinado bem ou serviço possua um bemsubstituto, a seguinte situação pode ocorrer: a elevação do preço de um bem faz com que o consumidor busque um substituto e reduza a demanda desse bem; EFE ITO DE RENDA Quando preço de um bem ou serviço permanece constante, mas a renda é alterada, duas situações podem ocorrer: uma variação negativa na renda indica que o consumidor reduziu o seu poder aquisitivo e que consequentemente a demanda por um bem ou serviço diminuirá (bens inferiores). Caso a variação da renda seja positiva e o consumo de um determinado bem ou serviço se eleve, podemos classificá-los como bens superiores. A demanda sofre influência de uma diversidade de variáveis, como a renda dos consumidores, seus hábitos ou mesmo o preço dos bens e serviços. Além disso, um aumento na renda dos consumidores pode elevar a demanda por um determinado produto (bens normais). É possível observar também que os bens inferiores sofrem com as variações da renda, ou seja, uma diminuição na renda do consumidor reduz o consumo de um determinado bem ou serviço. De maneira análoga, temos os bens superiores, simbolizados pelo aumento da qualificação, em que a elevação na renda do consumidor aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço. Já os bens de consumo saciados, por sua vez, são aqueles que não são influenciados pela renda dos consumidores, embora alguns possam ser afetados por fatores ligados à sazonalidade ou às perspectivas econômicas. Também é importante ressaltar que a demanda e a quantidade demandada são conceitos distintos: demanda é a curva ou a escala que interliga os preços e as quantidades determinadas; enquanto a quantidade demandada é exatamente o ponto específico dentro da https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%203/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ECONOMIA%20POL%C3%8DTICA/UNIDADE%203/scormcontent/index.html curva, estabelecendo uma relação entre o preço e a quantidade demandada. Vasconcellos e Garcia (2008, p. 34) apresentam, no Gráfico 4, que a demanda é representada pela letra D. Por sua vez, a quantidade demandada se dá pela relação entre o preço e a quantidade inicial (P0 e Q0, que resultarão no ponto específico A). Qualquer variação positiva no preço (P1) resultará na redução da quantidade demandada (Q1, que resultará no ponto específico B) mas sem alterações, o que significa afirmar que tais variações ocorrerão ao longo da curva de demanda. Para deixar mais evidente, vamos imaginar uma situação hipotética em que a curva de demanda inicial fosse representada pela letra D0. Considerando o nosso bem como um bem normal, é possível afirmar que no caso de uma variação positiva na renda do consumidor, a curva de procura se deslocará para a direita, indicando que, se forem mantidas as mesmas condições de preço, o consumidor poderá adquirir uma quantidade abundante de bens, conforme o Gráfico 5. A OFERTA: CONCEITO, LEI ECONÔMICA, CURVA E ELASTICIDADE-PREÇO A oferta pode ser definida como as quantidades que os produtores almejam disponibilizar por um período no mercado. Trata-se de um agente que depende de um conjunto de fatores, como o próprio preço. Importante deixar claro que a função oferta apresenta uma relação direta entre os preços aplicados e a quantidade ofertada, tudo o mais se mantendo constante. É possível constatar essa relação ao observar o Gráfico 6. Essa relação direta existente entre a quantidade disponibilizada e o seu preço, mantendo as outras variáveis constantes, indica que as variações positivas nos preços atraem novas organizações empresariais e o aumento da produção. Vale ressaltar que a função que representa a oferta é oferecida pela expressão: Q0 = f(P) Em que: a quantidade ofertada está em função do preço do bem ou serviço. Certamente, a elevação da quantidade de empresas, as mudanças na tecnologia e os custos produtivos são fundamentais na oferta de bens e serviços, além do seu preço. Por exemplo, uma elevação nos salários pode impactar na oferta, reduzindo–a, o que demonstra a relação inversamente proporcional entre a oferta e os custos produtivos. Por sua vez, a tecnologia e a quantidade ofertada são diretamente proporcionais, já que o avanço tecnológico certamente permite progressos nos níveis de produtividade e no uso dos fatores produtivos, o que eleva o nível de oferta. Vale ressaltar que a oferta é a curva ou a escala que interliga os preços e as quantidades determinadas. Já a quantidade demandada é exatamente o ponto específico dentro da curva. Sendo assim, a elevação no preço dos bens ou serviços gerará uma elevação na quantidade disponibilizada (Gráfico A) e uma alteração nas demais variáveis deslocarão a curva de oferta de maneira retrativa (Gráfico B) ou positiva (Gráfico C), como se visualiza no Gráfico 7. O EQUILÍBRIO DA PROCURA E DA OFERTA O preço e a quantidade de equilíbrio de um determinado bem ou serviço em um dado mercado são determinados através da interação existente entre as curvas de demanda e de oferta (Gráfico 8). É importante observar que o preço e a quantidade que suprem as necessidades dos consumidores e dos produtores de maneira simultânea podem ser visualizadas por meio da intersecção das curvas (ponto E), indicando o equilíbrio entre elas. A escassez de produção ocorrerá quando a quantidade disponibilizada for menor que a quantidade de equilíbrio. Nessa condição, existirá concorrência entre os consumidores, o que resultará na formação de filas e indicará o aumento dos preços até um nível de equilíbrio. Analogamente, o excesso de produção ocorrerá quando a quantidade disponibilizada for maior que a quantidade de equilíbrio. Nessa condição, existirá concorrência entre os produtores, o que resultará no acúmulo de estoques não programáveis, o que inevitavelmente indicará a redução dos preços até um nível de equilíbrio. Você consegue observar que, se não houver impedimentos, o próprio mercado, na condição de concorrência perfeita, se ajusta para atingir o nível almejado pelos consumidores e ofertantes? Nessas condições, defende-se a ideia da não intervenção estatal ou até mesmo da imposição de forças oligopolistas, que visam afetar o preço praticado no mercado. No mundo real, entretanto, o Estado acaba intervindo através de uma diversidade de ações, como na fixação de impostos, no reajuste do salário mínimo, na interferência dos preços agrícolas ou através de tabelamentos, por exemplo. É interessante verificar também, através do olhar microeconômico, a questão da aplicação da tributação. A empresa recolhe o tributo, porém o ônus efetivamente é transferido para o mercado consumidor, o que é um ponto importante na análise dos mercados. Um dos principais tributos cobrados são os impostos que, segundo Vasconcellos e Garcia (2008, p. 38) são classificados em: Impostos indiretos Aplicados sobre o consumo ou vendas; Impostos diretos Aplicados sobre a renda e o patrimônio; Imposto específico Aplicados de maneira fixa, independentemente do valor vendido; Imposto ad valorem Aplicado sobre o valor da venda. ASSISTA A maioria dos impostos cobrados no Brasil são do tipo ad valorem, o que significa que há poucos impostos específicos. Para saber mais sobre tributação, assista ao vídeo Tributação Brasileira do consumo é o pior do mundo, por Eurico de Santi. Nesse contexto, é possível tratar da incidência tributária, que demonstra quem de fato tem a responsabilidade de assumir o ônus do imposto. Certamente, o produtor vai desejar transferir ao máximo o custo do imposto ao consumidor final; entretanto,é preciso perceber o nível de sensibilidade (elasticidade) que essas alterações causam no preço do bem ou no serviço oferecido no mercado. Você notará que, à medida que o mercado se apresenta como competitivo ou com a oferta de vários bens substitutos, cabe ao produtor assumir boa parte do imposto pago, já que o mercado se mostra sensível a qualquer aumento no produto. Por sua vez, à medida que o mercado se mostra mais concentrado, tendendo ao oligopólio, observaremos um nível mais elevado de transferência dos impostos direcionados aos consumidores finais. É importante frisar que existe uma distinção da incidência de tributos, a depender do conceito adotado. Através do aspecto legal (jurídico) essa incidência indica quem é o responsável por recolher os impostos dos cofres públicos; sob o aspecto econômico, observaremos quem de fato assume o ônus desses impostos. Geralmente, os impostos considerados indiretos são recolhidos pelas organizações empresariais, que repassam uma parte desses, elevando o nível de preço dos produtos, o que impacta no consumo final. Analisando a interferência estatal nos preços agrícolas, notaremos que se trata de uma política que assegura os preços aos produtores desse ramo e os protege de possíveis variações dos preços incidentes no mercado. Segundo Vasconcellos e Garcia (2008, p. 38) cabe ao governo assegurar, a priori, o preço que ele pagará após a colheita do produto. Quais as situações possíveis diante de um cenário como esse? Caso a colheita apresente os preços de mercado em um nível superior aos preços considerados mínimos, o produtor preferirá comercializar no mercado. Entretanto, se os preços mínimos forem maiores aos praticados no mercado, o produtor vai preferir comercializar com o valor fixado pelo governo. Vamos notar que, à medida que o preço mínimo se encontrar superior ao preço de equilíbrio de mercado, haverá um excedente de produto que será adquirido pelo governo e que consequentemente será utilizado como estoque regulador em situações posteriores (Gráfico 9). O governo certamente escolherá a alternativa menos custosa, desde que consiga restringir os abusos, o controle preços de bens ou os limites no processo inflacionário. Os impostos fazem parte do mercado e da vida das empresas. Relacione cada imposto com sua respectiva cobrança: • • • • Imposto ad valorem • Imposto indireto • Imposto direto • de valor da venda • de consumo ou venda • de renda e patrimônio ENVIAR Correta 👍 Muito bem, a resposta está correta! A maioria dos impostos no Brasil são ad valorem, isto é, são aplicados sobre as vendas. Imposto direto já é aquele aplicado sobre rendas e patrimônios, enquanto o imposto indireto recaí sobre o consumo e as vendas. Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! SINTETIZANDO A História do Pensamento Econômico (HPE) é uma área do conhecimento que exige constante atualização e comprovação teórica. Essa área é vista, portanto, como uma maneira de demonstrar os confrontos, as dúvidas e as possibilidades teóricas que surgiram ao longo da história e que contribuíram para a formação do pensamento econômico. Nesse sentido, a importância da HPE vai além do processo de experimentação das ciências econômicas. Ela visa estabelecer uma construção análoga entre as mais diversas teorias econômicas e seu efetivo funcionamento prático, evidenciando aquilo que chamamos de “pluralismo” em economia. Podemos entender, nesse contexto, a importância dos agentes de mercado, como a demanda, que é a quantidade de bens ou serviços que os consumidores estão dispostos a adquirir durante um determinado período. Confrontando a demanda, temos a oferta, que é a diversidade da quantidade que os produtores almejam disponibilizar por um período no mercado. Sendo assim, o principal objetivo dessas grandezas é atingir um equilíbrio em que os consumidores e ofertantes consigam suprir suas respectivas necessidades.
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