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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS VESTIBULARES Exasiu Prof. Luana Signorelli Aula 00 – Conceitos Fundamentais O que é Literatura. História da Literatura. Os dois eixos temáticos: forma e conteúdo. A intertextualidade. Movimentos Literários. Gêneros literários: poesia, prosa e teatro. Interpretação de obras artísticas. estretegiavestibulares.com.br vestibulares.estrategia.com EXTENSIVO 2024 Exasi u ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 5 Metodologia 5 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 9 1.1. HISTÓRIA E FUNÇÃO DAS ARTES E DA LITERATURA 9 1.2. O CONTEXTO 11 1.3. VALORES, EXPRESSÃO E FORMAÇÃO SENTIMENTAL 13 1.4. FORMA E CONTEÚDO 13 1.5. TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO 17 1.6. INTERTEXTUALIDADE 19 2. HISTÓRIA DA LITERATURA: AS BELAS ARTES 22 2.1. MOVIMENTOS LITERÁRIOS 22 3. GÊNEROS LITERÁRIOS 29 3.1. POESIA 32 3.1.1 Características da poesia 32 3.2. PROSA 42 3.2.1 CARACTERÍSTICAS DA PROSA 44 3.3. TEATRO 46 3.2.1 CARACTERÍSTICAS DO TEATRO 47 4. INTERPRETAÇÃO DE OBRA DE ARTE 50 5. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 53 6. GRAMÁTICA APLICADA À LITERATURA 56 7. CRÍTICA LITERÁRIA 57 8. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 61 8.1GABARITO 96 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 9. QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 97 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 148 10.1. REFERÊNCIAS DAS IMAGENS DO QUADRO DOS MOVIMENTOS LITERÁRIOS 149 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 150 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Professora Luana Signorelli Luana Signorelli @luanasignorelli1 @profa.luana.signorel li Professora Luana Signorelli /luana.signorelli ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Lembrando que a aula de número 00 é demonstrativa e gratuita, sendo disponibilizada no nosso site: www.estrategiavestibulares.com.b APRESENTAÇÃO Quem Sou Eu? Olá, alunos. O meu nome é Luana. Sou Mestra em Literatura e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB) e Doutoranda em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), já qualificada. Tenho 11 anos de experiência com revisão e padronização textual e 10 anos em curso pré-vestibular, tendo passado por instituições conhecidas e renomadas. Assim, pode-se dizer que Literatura não é só a minha especialidade, como também minha paixão! Costumo dizer que faço o que amo e amo o que faço. Eu garanto que vocês terão todo o apoio de que necessitam e seus estudos estarão em mãos de pessoal qualificado e competente. Como diz o escritor russo Liév Tolstói em seu romance Anna Kariênina: “qualquer que seja ou venha a ser o nosso destino, somos nós que o fazemos”. Então, vamos tomar as rédeas de nossas vidas, a fim de construirmos juntos o seu sonho rumo à sua aprovação! Lembrem-se sempre de nosso lema: “O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. Hoje iniciamos nosso Curso Extensivo de Literatura para ENEM 2023. Logo abaixo, encontra-se a nossa metodologia e também como será organizado nosso plano de aulas. METODOLOGIA Essa é a nossa aula demonstrativa. Em relação ao Estratégia Vestibulares, veja como produtos o que oferecemos a você: • Livro digital completo (PDF) com muitos exercícios. A proposta é ter questões ao longo do material e ao final dele, com lista da instituição e uma lista de fixação de questões de outras instituições, pertinentes ao momento pedagógico. • Fórum de dúvidas: um canal de comunicação entre o aluno e o professor, disponível na área do aluno, junto com a ferramenta de notificação; • Sala VIP: outra via de comunicação. Costuma ser uma conversa semanal que dura 1 hora. Vocês podem me sugerir o que pretendem estudar, estou aberta a sugestões! ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS • Videoaulas gratuitas em todos os horários de todas as disciplinas no Canal do YouTube do Estratégia Vestibulares. Nesse ano, vamos reaproveitar as aulas anteriores e nos focar no PDF; • Webinários e eventos extras acerca do seu concurso no Canal do YouTube do Estratégia Vestibulares; • Simulados inéditos e gratuitos todo final de semana. Acesso fácil, simples e direto por meio dos links disponibilizados com antecedência nas redes sociais; • Blog do Estratégia Vestibulares, com artigos, informações e materiais gratuitos; Para cumprir a tarefa de ofertar um material suficiente para seu preparo, elaborei um curso no qual vocês encontrarão a seguinte base: Dessa maneira, vocês poderão contar com informações completas e apoio especializado rumo ao que vocês precisam. E o melhor de tudo – em um único local não físico, o que lhes permite flexibilidade nos estudos. Deixem o conteúdo por nossa conta e concentrem-se no que realmente é importante para vocês. Acreditem no nosso material a partir de nossas escolhas didáticas e metodológicas: LITERATURA Estudo da historiografia literária e dos movimentos Estudo de movimentos artísticos: Linguagens e Códigos Fornecimento de instrumentos críticos-teóricos e de interpretação Formação de repertório e bagagem cultural ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Agora, prestem atenção em algumas informações importantes! • Se a sua instituição cobrar lista obrigatória de livros, não se preocupem, corujinhas! O Estratégia Vestibulares irá fornecer cursos específicos no seu determinado momento. O cronograma de dos PDFs dos cursos de obras literárias será lançado assim que forem publicados os novos editais. Não se preocupem, pois o seu material será adequado, atualizado e adaptado para contemplar as suas necessidades, de acordo com as demandas de sua instituição. METODOLOGIA Teoria literária, focando no cânone (autores e obras mais importantes) e além dele Resolução de questões ao longo da teoria Vinculação do tema da aula a movimentos artísticos (Linguagem e Códigos) Seção da aula dedicada à Gramática e Interpretação de Texto Seção da aula dedicada à compreensão de textos de crítica literária Resolução de muitas questões de diversos níveis, para sedimentar o conhecimento APROVAÇÃO! CURSO REGULAR: na modalidade extensiva (ano inteiro) e intensiva (meio do ano) + carreira geral/medicina + Gigantes Paulistas. SPRINT: intensivo, perto da prova e focado em exercícios. Oferecemos SPRINT ENEM em 2020 e 2021. No primeiro, resolvemos todas as questões da banca; no segundo, questões inéditas e autorais JORNADAS: são os cursos de reta final, incluindo: hora da verdade, premonição, revisões de véspera, gabarito ao vivo, pós- prova, mapa de prova. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS • O curso de Literatura será ministrado por mim. Os cursos de obras literárias, quando for lançados, será dividido entre a Equipe de Português. Meus colegas de equipe são: Professora Celina Gil e Professor Wagner Santos (Gramática e Interpretação de Texto); Professor Fernando Andrade (Redação e Filosofia); Professora Bete Ana (Literatura e Obras Literárias) e Professora Marina Ferreira (Gramática; Interpretação de Texto e Obras Literárias). • As informações que precisarmos passar para vocês será feita via plataforma digital, principalmente mediante a ferramenta de notificação. Para além disso, para problemas técnicos de TI ou burocráticos, por exemplo, vocês também podem entrar em contato com o seguinte endereço de e-mail: vemsercoruja@estrategiavestibulares.com.br.ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS F o n te : P ix a b a y. 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS Para se preparar para Literatura, é importante que você entenda a lógica dessa área do conhecimento, pois isso pode ajudá-lo a prever o que será pedido na sua prova. Nesse primeiro momento, vamos discutir o sentido de Literatura, entendendo que ela compreende um caminho em direção à humanização. A Literatura é uma Ciência Humana produzida por seres humanos e para seres humanos. Isto quer dizer que seres humanos são tanto o sujeito produtor desse tipo de arte em particular quanto o seu público-alvo receptor. Muito possivelmente, a banca da sua prova, ao cobrar Literatura, pretende orientar os seus estudos rumo a uma capacidade crítica de raciocínio menos técnica e mais autônoma, subjetiva, sensível, refinada. 1.1. HISTÓRIA E FUNÇÃO DAS ARTES E DA LITERATURA Qual é a função da arte? Aparentemente nenhuma, dado que não produz nada que garanta a sobrevivência física do ser humano. Por outro lado, não se pode desvincular o homem da produção artística. Até mesmo hoje, numa sociedade profundamente marcada pelo valor monetário que reduz tudo a número, a representação através de música, pintura, vídeos, entre outros, constituiu também em formas lucrativas do sistema. No momento de seu surgimento, o ser humano já produzia representações de sua própria existência. É como se a vida fosse insuportável se ele não pudesse apreciá-la e condensá-la em imagens cheias de sentido e significado. Posto que a imagem vinha carregada de sentido, ela surge junto com os rituais mágicos, inspirando cuidados, terror e reverência. No Paleolítico Superior (aproximadamente 40.000 a. C.), os homens primitivos faziam desenhos de animais como se quisessem, a partir da imagem, evocar espíritos que pudessem determinar uma boa caçada. A partir da imagem que eles produziram, é possível entender a dinâmica da vida deles e sentir em nós próprios aquilo que há de humano em nós: o desejo de proteção, a admiração diante de um mundo hostil, a capacidade de extrair beleza daquilo que é efêmero etc. Isso é o que chamamos de expressão. Grandes artistas conseguem expressar medos, vontades e desejos de suas épocas tanto nas Artes Visuais quanto na Literatura. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS A partir da interpretação dessas obras, é possível perceber a forma de viver desses nossos ancestrais e manter vivo o canal de compreensão com aquilo que nos formou. Até o Renascimento, arte e religião caminharão lado a lado. Naquele momento, o campo artístico começa a se tornar independente. Contudo, a compreensão e o sentido da arte só será mais bem avaliado no Iluminismo. Iluminismo: movimento filosófico e literário do século XVIII, caracterizado por profunda crença no poder da razão humana e da ciência como forças propulsoras do progresso da humanidade; Ilustração; Século das Luzes (dicionário Aulete). O valor que damos a esse campo do mundo humano foi forjado dentro daquele movimento filosófico. Os Iluministas perceberam que o desenvolvimento da racionalidade científica deixava cada vez menos espaço para a religião. E qual era o problema disso? Ora, a religião sempre foi um guia ético e existencial importante para os homens. A fé nunca renegou os sentimentos e as angústias humanas, sempre deixou espaço para esse lado interior do homem que poderia ser discutido publicamente. O medo da morte, a frustração em não se conseguir alcançar um alvo, as desgraças que se abatem sobre os seres humanos, todos esses temas eram discutidos nos púlpitos das Igrejas. Isso tudo acontecia sob o signo da certeza proporcionada pela fé. O problema é que o mundo racionalizado não admite certezas (a ciência se funda na dúvida) e esse novo homem que estava sendo forjado teria que se preparar para as incertezas da vida terrena. Era preciso introduzir o indivíduo nessa nova forma de viver. Como? Os iluministas começaram a rever o campo das Artes em geral e da Literatura em particular. Essas áreas poderiam proporcionar uma nova educação sentimental. Como isso funcionaria? As obras seriam capazes de trazer experiências de indivíduos ficcionalizados (na Literatura) ou novas formas de representação (Artes) que expressariam os desafios de novos modos de vida. O efeito proposto seria fazer o leitor passar por esses dilemas e aprender a lidar com suas angústias e com novas formas de socialização. Observem o comentário de Antonio Candido, um dos mais importantes críticos literários do Brasil e um dos fundadores do Departamento de Teoria Literária da USP. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS “Seja como for, a sua função educativa é muito mais complexa do que pressupõe um ponto de vista estritamente pedagógico... A literatura pode formar; mas não segundo a pedagogia oficial, que costuma vê-la ideologicamente como um veículo da tríade famosa, — o Verdadeiro, o Bom, o Belo, definidos conforme os interesses dos grupos dominantes, para reforço da sua concepção de vida. Longe de ser um apêndice da instrução moral e cívica (esta apoteose matreira do óbvio, novamente em grande voga), ela age com o impacto indiscriminado da própria vida e educa como ela, — com altos e baixos, luzes e sombras.” (CANDIDO, 2002, p. 391). Nesse ponto, chegamos a um primeiro pressuposto que fundamenta as questões de Literatura. O texto literário e as expressões artísticas lidam com ideias e sentimentos que circulavam na época em que foi escrito. 1.2. O CONTEXTO Se um texto literário depende do tempo em que foi produzido, podem cair questões sobre as condições de sociabilidade que existiam na época e as ideias que serviram de contexto na produção da obra literária. Vejam, não cabe discutir se essas ideias são verdadeiras ou falsas; ou se os sentimentos são próprios ou impróprios. Antes procurem perceber quais polêmicas são representadas (ou reapresentadas) ao leitor. Sua capacidade interpretativa será posta à prova! A NOÇÃO DE CONTEXTO Primeiramente, vamos conceituar o que é o texto. Devemos pensar no texto sempre como uma costura, um todo coeso e costurado. Se tem uma palavra que paira sobre “texto” é “têxtil”, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS material tecido, qualidade daquilo que é testado com os dedos. E também “tecido”: é tudo aquilo que envolve essa habilidade técnica. Já o contexto significa abordar o texto na sua totalidade. Trata-se de um conjunto de circunstâncias ou fatos inter-relacionados que contribuem para o sentido global do texto e também o encadeamento das ideias do discurso. Identificar um contexto é a tentativa de perceber que um texto busca produzir significados e ele compõe uma unidade de sentido. A ele estão incorporados certos elementos que dão pistas de como interpretá-lo. Essa Interpretação do Texto e até do mundo só se concretiza com um conhecimento da época na qual o texto foi escrito e, nesse ponto, podemos destacar uma outra função da Literatura: ela estabelece um elo entre você e sua tradição cultural da qual vocês são herdeiros. A Literatura também pode abordar questões sociais. Nesse caso, muitas vezes, a questão acaba tendo um caráter interdisciplinar, em que se observa uma mistura entre Literatura e História. Nesse ponto, já podemos definir algumas tipologias de questão. APREENDER pegar, capturar, apanhar, captar, assimilar ideia, pensamento, conhecimento a noção geral que você tem do texto depois de lê-lo DEPREENDER alcançar com o raciocínio e a inteligência, perceber o sentido, assimilar com clareza entendimento mais aprofundado do texto, dos seus detalhes e de suas nuances. capacidade de operar o caminho dentro do texto para fora(além) dele Contexto Interno conjunto de elementos que compõem o mesmo texto e são relevantes para a sua apreensão. Externo está ligado à depreensão do texto, o modo como o lemos e os dados necessários para compreendê-lo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS F o n te : P ix a b a y A partir do momento em que formos avançando, vamos preenchendo melhor esse quando. Agora, vamos observar abaixo um exemplo de cobrança de questão que pede para interpretar o texto literário. Elas são a tipologia de questões que mais podem cair na sua prova! 1.3. VALORES, EXPRESSÃO E FORMAÇÃO SENTIMENTAL A tal da educação sentimental pela Literatura vai além de fazer circular ideias e formas de entender a realidade em uma dada época. Geralmente, a Literatura explora de tal forma os sentimentos que, para a maioria das pessoas, essa matéria é sinônimo de amor, tristeza ou mesmo angústia. Além disso, o estudo sistemático das obras de um autor passa pelo levantamento dos sentimentos e dos valores morais que animam os personagens ou a poesia. É comum ler que, em Carlos Drummond de Andrade, percebe-se o desencanto e a angústia; que, em Álvares de Azevedo, sobressai o erotismo; que, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, destaca-se o cinismo. Estes serão autores e obras que estudaremos no momento devido. Muitas vezes, essa análise do sentimento se mistura à questão da ética comportamental. De qualquer forma, essa é uma tipologia de questão que pode ser esperada. 1.4. FORMA E CONTEÚDO A forma ou estrutura configura um eixo lógico na interpretação do texto literário. Aliás, esse eixo não se restringe a questões de Literatura. Boa parte dos exercícios exige do candidato que ele perceba as ousadias linguísticas presentes no texto (em uma propaganda, em uma charge, em um artigo de jornal e, claro, em textos literários). Tudo isso para dizer o seguinte: fiquem atentos, pois uma questão aparentemente sobre Literatura pode se tornar mais complexa, abrangendo outros ramos. Questões que pedem para interpretar o texto literário reconhecer o contexto histórico-social Questões que pedem para nomear e definir que sentimento (melancolia, tristeza, angústia etc.) oculta-se por trás do fragmento dado ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Pode ser que a banca cobre questões sobre figuras de linguagem. Esse tipo de questão de estilística pura está mais para Interpretação de Texto do que para Literatura. Contudo, é possível que o idealizador da questão peça para que você reconheça um movimento literário por algum traço de estilo ou por algum recurso expressivo mais utilizado. Por exemplo, no Barroco, a antítese pode ser um elemento que justifique o reconhecimento do texto como pertencente àquele movimento, por causa de sua visão de mundo dualista. FIGURAS DE LINGUAGEM NA LITERATURA Prezados alunos, essa seção se dedica a fazer uma breve historiografia literária no que tange ao uso de figuras de linguagem. Não se preocupem, pois retomaremos estes assuntos ao longo do curso. Figuras de Palavra Catacrese, Comparação, Metáfora, Metonímia, Perífrase e Sinestesia. Figuras de Sintaxe Assíndeto, Polissíndeto, Elipse, Hipérbato, Pleonasmo, Silepse (número, gênero e pessoa), Zeugma Figuras de Pensamento Antítese, Eufemismo, Gradação, Hipérbole, Ironia, Paradoxo, Personificação (prosopopeia). Figuras de Som Aliteração, Assonância, Onomatopeia, Paronomásia. Figuras de Linguagem ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS •Carta de Pero Vaz de Caminha: hipérbato, metáfora, comparação, ironia. Quinhentismo •Dualidades: antíteses e paradoxos -> chiaroscuro •Rebuscamento formal: hipérbato, hipérbole Barroco •Assunção de uma identidade ficcional -> metáfora. Não é um movimento conhecido pelo excesso de figuras. Arcadismo • Indianismo, heroísmo e idealismo: hipérbole; metáfora; comparação •Arrebatamento; êxtase: hipérbole Romantismo •Denúncia de comportamentos sociais da burguesia: ironia Realismo •Patologias, grotesco: hipérbole •Homem como ser biológico e sensorial: sinestesia Naturalismo •Subjetivismo, antimaterialismo, sonho, loucura, mulher •Figuras de linguagem de som: aliterações e assonâncias Simbolismo •Objetividade, materialismo, vasos, descrição, cientificismo •Mitologia: metáfora Parnasianismo •Primeira geração: vanguardista; segunda: social; terceira: técnica • Ironia, metáfora Modernismo ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Estamos discutindo agora estes dois eixos: tema e estrutura, que aparecem nas provas com nomenclatura variada. Seguem alguns termos utilizados: “ideia” e “estilo”; “conteúdo” e “forma”; “tese” e “recursos linguísticos”. Sempre que o examinador inquirir sobre o que o escritor diz, suas ideias, teses etc., ele estará exigindo que vocês demonstrem compreensão sobre o tema. Quanto à estrutura, as questões podem variar de acordo com o gênero literário em questão. Na poesia, estrutura se refere à estrofação, a sílabas poéticas, à ausência ou presença de rima etc. Na prosa (romance, conto, crônica, sermão), a estrutura está associada ao tipo de frase, à forma da paragrafação, à escolha de palavras, à linearidade do enredo etc. Além desses fundamentos, a forma inclui ainda os elementos estilísticos (figuras de linguagem). FORMA CONTEÚDO Do latim, forma pode significar molde, imagem, figura. Equacionada sempre em relação ao vocábulo “conteúdo”, toma-se a acepção geral de gênero ou espécie, ou se materializa linguisticamente, por exemplo, no fato literário, como é o caso da poesia, que é organizada entre versos, estrofes, ritmo etc.; ou então a montagem de capítulos em um romance. Alguns teóricos defendem a supremacia da forma em detrimento do conteúdo, e chega a falar em “forma de apresentação” ou “técnica”. Historicamente, desde Pitágoras, “forma” apresenta significados diferentes, inclusive no terreno das artes: estrutura, aparência, ideal, arranjo, organização, arranjo harmonioso, modo de expressão Do latim, contenutus é tomado na acepção de essência, matéria, fundo, mensagem, doutrina, assunto, pensamento, ideologia. O vocábulo conteúdo encerra um sentido que, ambíguo por natureza, somente se caracteriza em função da forma: a rigor, os dois termos implicam-se mutuamente, de modo que delimitar o significado de um pressupõe considerar o do outro. Tendem a se confundir inextricavelmente, como uma unidade indissolúvel, o que alguns consideram como estrutura. Porém, estudá-los juntos ou separadamente depende do período e da escola, por exemplo, os formalistas russos preconizam o binômio forma-conteúdo e os parnasianos pré-modernistas defendem a forma pela forma. FONTE: MOISÉS, 2013, P. 194; 87. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS F o n te : D o m ín io P ú b lic o . 1.5. TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO Será que quando no território brasileiro só havia índios, havia Literatura? Por que não ouvimos falar de Literatura indígena, por exemplo? Ouvimos falar só de Literatura indianista, sobre o índio, mas não produzida por ele? Isso porque, para haver Literatura, é preciso haver uma cultura escrita, e a maioria das tribos indígenas eram ágrafas (não possuíam escrita). Para Fiorin e Savioli (1996), apesar de em certas épocas os textos privilegiarem alguns temas em relação a outros, isso por si só não serve de quesito para demarcar a fronteira entre o texto literário e o não literário. Alguns autores caracterizam o critério ficcional e não ficcional. Muitas vezes, em um texto, o importante não é o que é dito, mas simcomo se diz. TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO LITERÁRIO Função estética. Do grego, aesthesis (αισθηsις) significa sentidos, percepção, sensação, sensibilidade. Função utilitária: informar, convencer, explicar, documentar etc. CANÇÃO DO TAMOIO I Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar (GONÇALVES DIAS). Percebemos que este não é um texto convencional, escrito em forma de parágrafos, com os quais estamos acostumados. O primeiro aspecto que chama atenção no texto é a sua organização estrutural, em forma de linhas a que denominamos versos. Esse é um tipo de texto chamado de poesia, constituindo um gênero textual à parte. O que interessa para nós primeiramente é a maneira como esse texto é construído. Vários fatores são importantes nesse texto: o som, pois há rimas (terminações iguais dos termos – vida/renhida; combate/abate); há ritmo e métrica (pois todos os versos são redondilhas menores, isto é, apresentam 5 sílabas poéticas, com acento na segunda e na terceira sílaba poética – não-cho-res-meu-fi-lho); há figuras de linguagem (uma, por exemplo, é a anáfora, a repetição de termos no início do verso – não/não; que/que). E, no sentido mais global ou geral, o trecho é bonito, pois alude à luta na vida, que pode remeter à luta cotidiana de cada um, a qual pode tanto representar um índio no século XVIII quanto um brasileiro no século XXI. Ou seja, é universal. Agora, vamos entender – em contraposição ao poema – um exemplo de texto não literário. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Sabe-se pouco da história indígena: nem a origem nem as cifras de população são seguras, muito menos o que realmente aconteceu. Mas progrediu-se, no entanto: hoje está mais clara, pelo menos, a extensão do que não se sabe. Os estudos de casos existentes na Literatura são fragmentos de conhecimento que permitem imaginar, mas não preencher as lacunas de um quadro que gostaríamos que fosse global. Permitem também, e isso é importante, não incorrer em certas armadilhas. A maior dessas armadilhas é talvez a ilusão de primitivismo. Na segunda metade do século XIX, essa época de triunfo do evolucionismo, prosperou a ideia de que certas sociedades teriam ficado na estaca zero da evolução, e que eram portanto algo como fósseis vivos que testemunhavam o passado das sociedades ocidentais (...) (CUNHA, 2012, p. 11, adaptado). Cuidado: Literatura aqui está sendo utilizado em um outro sentido que não a de texto ficcional: é o conjunto das obras científicas, filosóficas etc., sobre determinada matéria ou questão; bibliografia (dicionário Houaiss). Notem a forma de tratamento desse texto e as estratégias textuais escolhidas pela autora (Manuela Cunha). Já desde o começo, o termo “sabe-se” indica o uso de um índice de indeterminação do sujeito, isto é, o uso da partícula “-se” que impessoaliza o texto e o torna objetivo. Isso é válido também para outra forma verbal, como “progrediu-se”. Quem progrediu? Aqui não importa o sujeito, mas sim a ação. Apesar de o conteúdo geral ser semelhante ao poema da "Canção do Tamoio", do escritor romântico Gonçalves Dias, a forma muda, pois no primeiro caso se tratava do gênero textual do poema, e, aqui, do discurso historiográfico. Se repararmos muito bem, a Gramática Normativa, ou seja, as regras gramaticais estão sendo seguidas no segundo texto. Por exemplo, há colocação pronominal correta em “do que não se sabe”, porque o advérbio negativo “não” atrai o pronome oblíquo “se”. As regras também são atendidas na regência verbal de “incorrer em”, ou seja, o uso correto da preposição exigida por esse verbo especificamente. Assim, a linguagem literária é menos rígida em relação à Gramática Normativa, e está mais preocupada em criar novos sentidos do que seguir veementemente as regras. E, para além da correção gramatical, aspectos temporais como “na segunda metade do século XIX” marcam historicidade, objetividade. Afinal, a História alude ao passado e o passado não muda. Um texto literário também pode demarcar o tempo, mas de modo diferente, e com funções diferentes: em um texto literário, geralmente, a demarcação do tempo é para contextualizar a história ou o enredo; já no discurso historiográfico, a menção a datas é extremamente importante para pontuar fatos, eventos e acontecimentos históricos. Para além da diferenciação de texto literário e não literário, pode ser cobrada a distinção entre texto verbal e não verbal. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Algumas bancas compreendem a Literatura dentro de uma perspectiva de Linguagens e Códigos. Isso quer dizer que a Literatura pode ser associada a outras Artes. 1.6. INTERTEXTUALIDADE Entende-se por intertextualidade a relação entre dois ou mais textos, entendendo qual a natureza dessa relação. Algumas vezes a intertextualidade é mais evidente; outras, não. Pode também aparecer entre textos de diferentes tipos, verbais e visuais. Também é um sistema linguístico com algumas características mais acentuadas. Um texto escolhido para compor o campo literário invariavelmente passa a se relacionar com os outros textos e autores modificando o significado deles ou ampliando-os. Se por um lado, a comparação entre obras literárias é um expediente muito importante dentro da crítica, por outro, é um campo que permite ao examinador avaliar a capacidade do aluno de comparar duas ou mais situações simultaneamente. Há algumas possiblidades nessa operação mental chamada comparação. A intertextualidade pode se tornar mais complexa se considerarmos os elementos que podem ser comparados: enredo, tema, forma, estilo, personagens, época etc. Trata-se de um exercício interpretativo que requer conhecimento da obra e dos pressupostos estilísticos para perceber semelhanças e diferenças. A complementariedade é um caso à parte, pois exige que o leitor perceba em que sentindo a obra ou aquele trecho dialoga com outro produzindo novos efeitos de sentido. TEXTO VERBAL Costuma usar linguagem escritar= a apresentar estrutura linear Utiliza predominantemente signos da escrita Exemplos: romances, poesias TEXTO NÃO VERBAL Intersemiótico e pode apresentar vários signos simultaneamente Pode mesclar elementos verbais ou ser intersemiótico Exemplos: a pintura, a mímica, a dança, a música Questões que pedem para reconhecer movimentos artísticos ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Nesse âmbito, também pode ser levada em consideração o que é chamado de Literatura Comparada. Questões que pedem para comparar dois ou mais textos • Nesse tipo de questão, vocês devem comparar textos, de naturezas iguais ou diferentes. Então, vocês devem aproximá-los ou contrastá-los. Eles ainda podem se complementar. QUAL É A OPERAÇÃO? • Dois ou mais, quantos a banca quiser. Quanto mais textos forem cobrados, maior tende a ser o grau de complexidade da questão. E ainda podem ser textos literários contrastados com textos não literários, textos verbais com não verbais etc. QUANTOS TEXTOS? • Podem ser comparados textos de um mesmo autor; de autores diferentes, mas de um mesmo contexto; de autores diferentes e de diferentes contextos; e ainda textos de nacionalidades/épocas diferentes. QUAIS TEXTOS? ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS (ENEM/2016) Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, donoda própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma outra não prevista. LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993. Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de o texto a) ressaltar a importância da intertextualidade. b) propor leituras diferentes das previsíveis. c) apresentar o ponto de vista da autora. d) discorrer sobre o ato de leitura. e) focar a participação do leitor. Comentários Questão de interpretação de texto. Alternativa A: incorreta. Intertexualidade significa diálogo entre obras, podendo estas ser do mesmo autor ou não e podendo ela estar explícita ou implítica. Alternativa B: incorreta. Cuidado: embora o texto aborde isso, não é esse elemento o principal caracterizador da metalinguagem. Alternativa C: incorreta. Não se sabe exatamente se é uma autora nem o texto é essencialmente opinativo, argumentativo. Alternativa D: correta – gabarito. A principal característica da função metalinguística é o fato de a mensagem estar centrada no próprio código como, por exemplo, nos dicionários, cujos verbetes explicam a própria palavra, no filme que tem por próprio tema o cinema, no teatro que tem por tema a própria dramaturgia, etc. No texto do enunciado, a autora chama a atenção do leitor para a importância do ato de ler. Alternativa E: incorreta. A função de linguagem não é voltada para o público-alvo. Gabarito: D. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS F o n te : P ix a b a y . 2. HISTÓRIA DA LITERATURA: AS BELAS ARTES Nesse ponto, vocês que já compreenderam que caráter de formação sentimental é importante para a Literatura devem estar questionando: ora, e por que considerar só esses textos difíceis e não outras obras? Afinal, uma série televisiva também apresenta ideias e faz com que experimentemos sentimentos ambíguos diante de uma realidade ficcional problemática muito próxima da que vivemos. Aqui entra um outro componente importante da história da Literatura. Quando os Iluministas revalorizaram as Artes em geral e a Literatura em particular, eles fizeram isso sobre uma tradição que vinha da Antiguidade. Em Roma, as artes da oratória e da poesia eram consideradas como o meio para se conseguir a imortalidade da memória. Os belos discursos ou as mais engenhosas poesias poderiam enaltecer os homens pela grandeza moral e política e, em contrapartida, tornavam os poetas imortais também. A Arte Poética era vista a partir da beleza da construção linguística, do uso de figuras de linguagem, da estrutura não usual de inversões frasais etc. Nesse sentido, outro traço vem se juntar ao já estudado: o tema ou o sentimento deve ser expresso numa linguagem não usual, através de criação de significados e do manejo individual dos recursos fônicos, sintáticos, semânticos para a criação de novas formas de expressão. Não é em metrificar ou não que diferem o historiador e o poeta (...) a diferença está em que um narra acontecimentos e o ouro, fatos quais poderiam acontecer. Por isso, a Poesia encerra mais filosofia e elevação do que a História; aquela enuncia verdades gerais; esta relata fatos particulares (ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Cultrix, 2014, p. 28). 2.1. MOVIMENTOS LITERÁRIOS As ideias que servem de contexto na produção de uma obra literária específica relacionam-se à escola literária ou artística. Outro termo utilizado é movimento literário. São sinônimos, mas eu – professora Luana – particularmente prefiro "movimento", para representar a ideia de dinâmica. O termo, na verdade, aponta para uma certa unidade de temas e forma de escrever que arrebata um número significativo de escritores(as) de uma mesma época e faz com que eles(as) escrevam de forma semelhante e troquem influências. Às vezes, isso ocorre de caso pensado. Por exemplo, os poetas que escrevem por volta de 1700 têm em comum o fato de se colocarem contra os exageros poéticos dos escritores mais antigos. Além disso, a moda de criar agremiações de escritores levou a uma uniformidade de critérios de escrita, os topos ou lugares comuns. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Em outros momentos, isso é inconsciente. Por exemplo, literalmente, não existiram poetas barrocos, eles não se autodenominavam assim. Eles se viam, em Portugal, como imitadores de Camões ou Gôngora. Contudo, dadas as semelhanças entre a produção deles, posteriormente foram denominados pela Crítica Literária assim, daí diz-se que pertencem à escola literária do Barroco. Vale a pena lembrar a divisão dos Movimentos. Grosso modo, distinguimos aqueles presos à tradição Medieval (Trovadorismo, Humanismo e Quinhentismo no Brasil); os Clássicos, por serem pautados por regras poéticas bem determinadas e pela referência à tradição greco-latina (Classicismo, Barroco e Arcadismo) e o período Moderno (do Romantismo até os dias de hoje). A estes agrupamentos maiores chamamos de eras; e aos menores, movimentos. Abaixo, vocês encontram uma tabela que resume as informações principais acerca dos movimentos literários as quais nos orientarão nas aulas futuras. Dica: para algumas bancas, fase e geração são sinônimos! É como a banca entende esses conceitos. E o termo “momento” já apareceu em provas também. Fiquem atentos! ERA Há 3 grandes eras: a medieval, a clássica e a moderna. Costumam durar mais de um século. MOVIMENTO Movimento literário ou escola literária consiste no esforço de reunir no mesmo período autores e obras com unidades temáticas e estilísticas. GERAÇÃO Geração costuma durar em torno de 30 anos, basta lembrar da diferença de idade entre nós e nossos pais. Movimentos literários separados por gerações são o Romantismo e o Modernismo. FASE Podemos ter várias fases na nossa própria vida. Então, fase costuma durar menos. Exemplo: Machado de Assis teve uma fase romântica e outra realista. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS MOVIMENTOS LITERÁRIOS: CÂNONE É fundamental dominar o cânone literário (autores e obras mais importantes da historiografia literária). Eis abaixo um resumo do que vamos trabalhar ao longo do curso. Não se preocupem, pois estes assuntos serão aprofundados posteriormente. Moderno Séculos: XIX até hoje Clássico Séculos: XVI -XIX Medieval Séculos: XII -XVI Origem das formas poéticas Vários Gêneros Predomínio da poesia Formas poéticas consagradas: soneto, poesia épica Grandiosidade Vários Gêneros Introdução do gênero Romance Mundo Prosaíco Trovadorismo E Quinhentismo Classicismo Barroco Arcadismo Romantismo Realismo Simbolismo Parnasianismo Modernismos Até hoje Renascimento Românico Gótico Bizantino Barroco Neo- Classicismo Romantismo Realismo Impresionismo Transição Vanguardas Abstracionismo Pop Arte • 2 tendências principais: literatura de informação e de catequese • Pero Vaz de Caminha; José de Anchieta e Manuel de Nóbrega Quinhentismo • Visão de mundo teocêntrica: obras religiosas • Poesia (Gregório de Matos) e prosa (Padre Antonio Vieira) Barroco • Retomada de valores clássicos: mitologia e latinismos • Poesia lírica (Tomás Antônio Gonzaga; Cláudio Manoel da Costa). Arcadismo ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS • 3 gerações na lírica + 4 tipos de romance romântico + teatro • Gonçalves Dias (1ª geração); Álvares de Azevedo (2ª geração); Castro Alves (3ª geração) + José de Alencar (prosa) Romantismo • Denúncia de comportamentos sociais da burguesia • Machado de Assise Raul Pompeia Realismo • Teorias do fim do século XIX (-ismos) + patologias, grotesco, minorias • Aluísio de Azevedo – “O cortiço” e “O mulato” Naturalismo • Subjetivismo, antimaterialismo, sonho, loucura, mulher • Cruz e Sousa + Alphonsus Guimaraens Simbolismo • Objetividade, materialismo, vasos, descrição, cientificismo • Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira Parnasianismo • Messianismo, linguagem popular, mistura de estilos • Prosa (Euclides da Cunha; Monteiro Lobato; Euclides da Cunha) e poesia (Augusto dos Anjos). Pré-Modernismo • Influência das vanguardas, experimentalista, inovadora • Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira Primeira geração modernista • Denúncia social (prosa – romance de 30) volta do rigor formal (poesia) • Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto Segunda geração modernista • Mistura das duas, aperfeiçoamento de técnicas, regionalismo/urbano • Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Mário Quintana Terceira geração modernista ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS MOVIMENTO AUTOR E OBRA PIONEIRA NA HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA BRASILEIRA Quinhentismo Carta de Pero Vaz de Caminha (1500) Barroco Prosopopeia de Bento Teixeira (1601) Arcadismo “Obras poéticas de Glauceste Satúrnio” (1768), pseudônimo de Cláudio Manoel da Costa Romantismo “Suspiros poéticos e saudades” de Gonçalves de Magalhães (1836) Realismo “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis (1881) Naturalismo “O mulato” de Aluísio de Azevedo (1881) Parnasianismo “Fanfarras” de Teófilo Dias (1882), embora "Poesias" de Olavo Bilac seja mais importante Simbolismo “Missal e Broquéis” de Cruz e Sousa (1893) Modernismo “Pauliceira desvairada” de Mário de Andrade (1922) Literatura Contemporânea A crítica literária considera que a partir de 1960 se inicia a Literatura Contemporânea. BIZU IMPORTANTE: um movimento literário não é uma prisão! Quer dizer que um movimento pode ser contemporâneo do outro, como é o caso do Naturalismo/Realismo. Ambos os movimentos foram introduzidos no mesmo ano no Brasil: 1881. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS MODALIDADES NARRATIVAS • CONTO. É um texto curto que pertence à Literatura. É condensado, tem poucas personagens e a descrição costuma se limitar ao essencial. Não faz rodeios: vai direto ao assunto. • CRÔNICA. Gênero mais breve ainda que o conto. Esse gênero textual oscila entre a Literatura (ficcional) e o Jornalismo (não ficcional). Os temas abordados costumam ser fatos circunstanciais, situações corriqueiras do cotidiano, episódios dispersos e acidentais. Quase sempre é um texto curto, imitando a técnica fotográfica, como se fosse uma lente de aumento. • FÁBULA. Conjunto de fatos e aventuras (reais ou imaginários) que servem de base à ação de personagens alegóricas. Geralmente, são histórias com lição de moral. • APÓLOGO. Narrativa que traz uma lição moral e geralmente tem como personagens animais ou objetos que agem e dialogam como seres humanos. • PARÁBOLA. Narrativa alegórica que evoca, por comparação, valores de ordem superior, encerra lições de vida e pode conter preceitos morais ou religiosos. • NOVELA. Gênero literário que consiste numa narrativa breve, de extensão entre o conto e o romance, sobre um acontecimento em torno do qual gira o enredo. POEMAS DE FORMA FIXA • ELEGIA. Trata de acontecimentos tristes, muitas vezes enfocando a morte de um ente querido. Contrário do epitalâmio, canção que comemora o casamento, a união. • HAICAI. O haicai é um poema de três versos em que o 1º verso possui 5 sílabas poéticas, o 2º verso possui 7 sílabas poéticas e o 3º verso possui 5 sílabas poéticas. Originário da poesia medieval japonesa do século XVI. • ODE. Poema originado na Grécia Antiga que exalta os valores nobres, caracterizando-se pelo tom de louvação. • RONDÓ. Poema de forma fixa, com duas rimas apenas e treze versos dispostos em três estrofes (uma quintilha, um terceto e uma quintilha, nesta ordem), no qual se repetem, como refrão, as primeiras palavras das segunda e terceira estrofes. • ÉCLOGA. Poesia pastoril e bucólica, especialmente quando dialogada. • SONETO. Inventado pelo italiano Jacopo da Lantini, a forma clássica tem 14 versos, organizados em 2 quartetos e 2 tercetos. Gêneros Prosa Texto escrito em parágrafos Poesia Texto escrito em versos ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Porém, também existe o soneto shakespeareano (William Shakespeare é o da caricatura ao lado), formado por três quartetos e um dístico. FORMA TRADICIONAL DE COBRAR LITERATURA Começa-se o estudo de Literatura, considerando os fatos históricos mais importantes e seus consequentes impactos na cultura. Passa-se aos traços mais importantes do movimento. Por fim, considera-se obras e autores (cânone). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS TIPOLOGIA DE QUESTÕES DE LITERATURA 3. GÊNEROS LITERÁRIOS No caso de Literatura, os gêneros exigidos podem ser divididos em prosa, poesia e teatro. Em Literatura, a maneira como se diz algo é tão importante quanto o conteúdo, ou seja, o formato do texto define gêneros diferentes e gera interpretações diferentes. Em linhas muito gerais, os gêneros textuais surgiram na Antiguidade, o que significa dizer que eles são históricos. Os gêneros servem para estratificar e classificar as obras. Questões que pedem para interpretar o texto literário reconhecer contexto histórico-social, relações sociais e ideias filosóficas por trás do diálogo, enredo ou expressão artística nomear e definir que sentimento (melancolia, tristeza, angústia etc) se oculta por trás do fragmento dado reconhecer movimentos artísticos comparar dois ou mais textos reconhecer o movimento literário ou característica do escritor ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Quando interagimos com outras pessoas por meio da linguagem, seja a linguagem oral, seja a linguagem escrita, produzimos certos tipos de texto, que, com poucas variações, se repetem no conteúdo, no tipo de linguagem e na estrutura. Constituindo os chamados gêneros textuais ou discursivos, esses gêneros foram historicamente criados pelo ser humano a fim de atender a determinadas necessidades de interação verbal. Por isso, de acordo com o momento histórico, pode nascer um gênero novo, podem desaparecer gêneros de pouco uso ou, ainda, um gênero pode sofrer mudanças até transformar-se em outro gênero (CEREJA; MAGALHÃES, 2005, p. 13). Agora, vamos ressaltar uma distinção importante, baseando-nos no que já estudamos: Gênero textual Pode ser qualquer texto, inclusive um não ficcional Gênero literário Necessariamente texto ficcional ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Gêneros literários A prosa é o texto organizado em parágrafos, sem a sujeição às convenções da poesia (rima, ritmo, métrica, sílabas, musicalidade); permite maior desenvolvimento da ideia; utilizado para narrativas em geral. A poesia é um texto composto em versos, cuja mensagem é resumida e densa; mais apropriado para expressar sentimentos. O teatro é um texto configurado em falas de personagens com algumas orientações do dramaturgo (rubricas). • Poemas que falam sobre os sentimentos e estados de espírito, direcionados diretamente ao leitor. • As emoções e opiniões do eu lírico são bastante evidentes e o seu conteúdo particularmente subjetivo e poético. GÊNERO LÍRICO • Geralmente, é objetivo e pode ser escrito em verso ou prosa. • Verso: canção de gesta; balada; epopeia ou poemaépico; poema burlesco. • Prosa: romance; novela; conto; crônica; anedota; fábula; parábola. O crítico literário húngaro György Lukács considera o romance como o épico moderno. • Poemas em que são narrados grandes feitos heroicos, reais ou mitológicos. • Os relatos são grandiosos e extensos, contando com muitas estrofes. • Ilíada e Odisseia (Homero), Eneida (Virgílio) e Os Lusíadas (Luís de Camões) são os poemas épicos mais conhecidos. GÊNERO NARRATIVO OU ÉPICO • Na poesia dramática, não há a figura de um narrador, ou seja, as personagens são responsáveis por contar a própria história. • Pode apresentar traços tanto épicos quanto líricos em seu conteúdo. • Nos moldes clássicos, é divida em: tragédia e comédia. Na Idade Média: milagres e autos. Um gênero híbrido é a tragicomédia. • É precursora do texto teatral. GÊNERO DRAMÁTICO ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 3.1. POESIA A poesia é um tipo de texto encadeado por versos. Um verso é uma linha de sentido e se opõe ao parágrafo na forma. É o principal elemento estrutural que diferencia a poesia da prosa. Um verso geralmente vem acompanhado de mais aspectos, como ritmo, metro, melodia. Melodia!? Isso mesmo. Na Antiguidade, a poesia estava associada a práticas de musicalidade. Isso pode ser cobrado: uma letra de música, por exemplo, é considerada poesia também. Na poesia, o conteúdo é subjetivo, isto é, gira em torno de um “eu”, que no caso é o eu lírico. Ela se preocupa com a estética (a beleza do texto) e a combinação de sons, geralmente atreladas a figuras de linguagem. Há uma que é essencial para o entendimento de poesia: a metáfora. A metáfora é uma comparação subentendida, na qual um termo é empregado numa relação de semelhança ou correspondência com outro. Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver” (Luís de Camões). A poesia é um conteúdo lírico e emotivo escrito em versos. Para entender melhor o que é poesia, devemos enquadrá-la dentro do gênero lírico. CATEGORIA DEFINIÇÃO EU LÍRICO É a voz do ser abstrato que fala no poema. Ele pode ser uma invenção do poeta ou pode coincidir com o poeta, mas nem sempre. Também é chamado de eu-lírico (com hífen), eu poético ou poemático. VERSO Sucessão de sílabas ou fonemas que formam uma unidade rítmica e melódica, correspondendo em geral a uma linha no poema. Livres: versos sem métrica; Brancos: versos sem rima. MÉTRICA É a medida dos versos, isto é, o número de sílabas poéticas apresentadas pelos versos. Cuidado: a sílaba poética não coincide com a sílaba gramatical. RIMA É um recurso musical baseado na semelhança sonora de palavras no final de versos (rima externa) e, às vezes, no interior de versos (rima interna). RITMO Alternância de sílabas acentuadas, variando quanto à sua intensidade. FORMAS FIXAS Formas de poema que têm estrutura fixa de construção. Entre tais, destacam-se: balada, canção, cantata, elegia, glosa, haicai, hino, lira, madrigal, noturno, ode, rondó, soneto, terça, trova, vilancete, versículo. 3.1.1 Características da poesia O metro é a medida do verso. O estudo dos metros se chama metrificação ou escansão. A escansão é a contagem dos sons e dos versos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS A contagem das sílabas métricas NÃO coincide com as sílabas gramaticais. Metrificação é sinônimo de escansão, ou seja, contagem dos versos poéticos. A regra principal é que se contam as sílabas ou sons até a tônica (mais forte) da última palavra de um verso. A sucessão do som das sílabas tônicas é o que confere ritmo ao texto poético. Exemplo: Tal a chuva Transparece Quando desce (Gonçalves Dias, romântico brasileiro). Tal-a-chu-va (3 sílabas poéticas) Trans-pa-re-ce (3 sílabas poéticas) Quan-do-des-ce (3 sílabas poéticas) Vamos ver os principais aspectos de diferenciação. ELISÃO Fenômeno no qual a vogal seguida de vogal em palavras contíguas é absorvida (inclui-se o “h” que não é um fonema, mas simples letra). Observem abaixo os versos de Alexandre Herculano, escritor romântico português. A-mo-te,-ó-cruz-no-vér-ti-ce-fir-ma-da (11 sílabas poéticas) De es-plên-di-das-i-gre-jas (6 sílabas poéticas) Na nossa análise, esse símbolo representa a elisão. Nesse caso, a vírgula entre “amo-te” e a interjeição “ó” marca uma pausa e, portanto, a contagem de uma nova sílaba poética. Quando a primeira vogal é forte, ou quando se trata de ditongo tônico, geralmente não se faz a elisão (TAVARES, 2002, p. 184). ESCANSÃO A escansão é a ação ou resultado de escandir, de decompor um verso em seus componentes métricos (dicionário Aulete). Observem abaixo os versos de Manuel Bandeira, poeta modernista brasileiro. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Lá-on-de-mais-den-sa (5 sílabas poéticas) A-noi-te in-fi-ni-ta (5 sílabas poéticas) Ves-te a-som-bra i-men-sa (5 sílabas poéticas) Do grego, crásis (κρᾶσις) significa ação de misturar, mistura. Essa união é representada graficamente pelo acento grave ( ` ). A diferença é mais escrita, pois, na pronúncia, a distinção é nula. Trata-se de um tipo específico de elisão: a de vogais iguais (na poesia, não só da vogal "a", mas também geralmente "e", "i" e "o"). TIPOS DE VERSOS MAIS COMUNS NOME DO VERSO QUANTIDADE DE SÍLABAS POÉTICAS Dissílabo Duas sílabas poéticas Trissílabo Três sílabas poéticas Tetrassílabo Quatro sílabas poéticas Pentassílabo ou redondilha menor Cinco sílabas poéticas Hexassílabo ou heroico quebrado Seis sílabas poéticas Heptassílabo ou redondilha maior Sete sílabas poéticas Octassílabo Oito sílabas poéticas Eneassílabo Nove sílabas poéticas Decassílabo ou heroico Dez sílabas poéticas Hendecassílabo Onze sílabas poéticas Dodecassílabo ou alexandrino Doze sílabas poéticas Bárbaro Treze ou mais sílabas poéticas • Os versos marcados de vermelho são os mais importantes e mais utilizados. • Também é possível haver versos monossílabos. Nesse caso, a contagem da sílaba poética coincide com a gramatical. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS APOIOS RITMÍCOS NOME DO VERSO NÚMEROS DAS SÍLABAS POÉTICAS DE APOIO Trissílabo 1; 1-3 Tetrassílabo 4; 1-4; 2-4 Pentassílabo ou redondilha menor 2-5; 3-5; 1-5; 1-3-5; 1-2-5 Hexassílabo ou heroico quebrado 2-4-6; 2-6; 1-3-6; 1-4-6; 1-6; 3-6 Heptassílabo ou redondilha maior 2-5-7; 2-4-7; 3-7; 4-7; 1-7 Octassílabo 1-4-8; 2-4-8; 4-6-8; 3-6-8; 2-4-6-8; 1-3-5-8 Eneassílabo 1-4-6-9; 1-4-9; 1-3-6-9; 3-6-9 Decassílabo ou heroico Heroico: 6-10; Sáfico: 4-6-10; Provençal: 4-7-10. Hendecassílabo 2-5-8-11; 3-5-9-11 Dodecassílabo ou alexandrino 4-8-12; 2-4-8-12; 1-4-8-12 • Os esquemas rítmicos apresentados na segunda coluna são os mais comuns. Não que não seja possível haver outras opções. Versos brancos sem rima livres sem métrica fixa ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS TIPOS DE ESTROFES NOME DA ESTROFE NÚMERO DE VERSOS Monóstico Estrofe formada por um único verso Dístico ou parelha Estrofe formada por 2 versos Terceto ou trístico Estrofe formada por 3 versos Quarteto ou quadra Estrofe formada por 4 versos Quintilha, quinteto ou pentástico Estrofe formada por 5 versos Sextilha, sexteto ou hexástico Estrofe formada por 6 versos Hepteto, Heptástico, Sétima ou Septena Estrofe formada por 7 versos Oitava ou Octástico Estrofe formada por 8 versos Nona Estrofe formada por 9 versos Décima ou década Estrofe formada por 10 versos • As estrofes marcadas de vermelho são as mais importantes e mais utilizadas. TIPOS DE RIMAS MAIS COMUNS CATEGORIA DEFINIÇÃO RIMA PERFEITA OU CONSOANTE Há repetição total e idêntica tanto de sonsvocálicos quanto consonantais. Exemplo: “E como isto lhe vem por geração/ (...) Morder os que provêm de outra nação” (Gregório de Matos – Ao mesmo assunto). RIMA IMPERFEITA Em que há apenas correspondência parcial de som. Classifica-se assim: Rima toante ou assonante: tipo de rima na qual há somente repetição de sons vocálicos. Exemplo: “A alta muralha das serras/ (...) Os diamantes entre as pedras” (Cecília Meireles – O Romanceiro da Inconfidência). Rima aliterante: tipo de rima na qual há somente repetição de sons consonantais. Dica: basta lembrar da figura de linguagem da aliteração. Exemplo: luta/luto. RIMA RICA Quando as palavras que rimam pertencem a classes gramaticais diferentes. Exemplo: já/dirá (o primeiro é um advérbio de tempo e o segundo o verbo “dizer” conjugado no futuro). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS RIMA POBRE Quando as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical. Exemplo: andar/conservar (ambos são verbos no infinitivo). RIMA RARA OU PRECIOSA Quando se atinge uma combinação incomum de rima, geralmente com classes gramaticais diferentes, como substantivos e pronomes. Exemplo: estrela/vê-la (o segundo verbo vem acompanhado de pronome oblíquo). RIMA AGUDA (OU MASCULINA) Que ocorre entre palavras oxítonas. Exemplo: céu/chapéu. RIMA GRAVE (OU FEMININA) Que ocorre entre palavras paroxítonas. Exemplo: cedo/medo. RIMA ESDRÚXULA Que ocorre entre palavras proparoxítonas. Exemplo: propósito/depósito. RIMA EXTERNA Que ocorre no fim do verso. Exemplo: “Silencioso e branco como a bruma/E das bocas unidas fez-se a espuma” (Vinicius de Moraes – Soneto da Separação). RIMA INTERNA Que ocorre no interior do verso. Exemplo: “No dia triste o meu coração mais triste que o dia” (Fernando Pessoa – Nuvens). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Toda vez que um termo tiver dois ou mais nomes na nomenclatura tradicional, procurem estudar todos possíveis, para evitar surpresa na hora da prova. Outra dica: a pontuação das barras indicam quebra de soneto (sonetos diferentes) na linguagem corrida. Rimas Som ou fonética Perfeita ou consoante Imperfeita Valor ou qualidade Rica Pobre Rara ou preciosa Acentuação ou intensidade Aguda ou masculina Grave ou feminina Esdrúxula Disposição ou posição no verso Externa Interna ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS CLASSIFICAÇÃO DOS ESQUEMAS DE RIMAS CATEGORIA DEFINIÇÃO RIMAS ALTERNADAS OU CRUZADAS Combinam-se alternadamente, seguindo o esquema ABAB. “Meu Amor, não é nada: – Sons marinhos (A) Numa concha vazia, choro errante... (B) Ah, olhos que não choram! Pobrezinhos... (A) Não há luz neste mundo que os levante! (B)” (Florbela Espanca – Filtro). RIMAS EMPARELHADAS OU PARALELAS Combinam-se de duas em duas, seguindo o esquema AABB. “Vagueio campos noturnos (A) Muros soturnos (A) paredes de solidão (B) sufocam minha canção (B)” (Ferreira Gullar – Sete poemas portugueses). RIMAS INTERPOLADAS OU INTERCALADAS Combinam-se numa ordem oposta, seguindo o esquema ABBA. “Eu, filho do carbono e do amoníaco, (A) Monstro de escuridão e rutilância (B) Sofro, desde a epigênese da infância, (B) A influência má dos signos do zodíaco (A)” (Augusto dos Anjos – Psicologia de um vencido). RIMAS ENCADEADAS Quando as palavras que rimam no fim do verso acabam por se repetir em outro lugar nos próximos versos. “Salve Bandeira do Brasil querida Toda tecida de esperança e luz Pálio sagrado sobre o qual palpita A alma bendita do país da Cruz” (Francisco de Aquino Correia). RIMAS MISTAS OU MISTURADAS Quando não têm esquema fixo. “Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura” (Manuel Bandeira – Vou-me embora pra Pasárgada). DIFERENÇA ENTRE POESIA CLÁSSICA E MODERNA Alternadas ou cruzadas ABAB Emparelhadas ou paralelas AABB Interpoladas ou intercaladas ABBA ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Primeiramente, cuidado com algumas terminologias. Quando o crítico diz que o poema é clássico ou que tem influência clássica, o que ele quer dizer? Isso pode significar o seguinte: Nesse sentido, quais são as características de um poema modernista? O Modernismo, movimento ocorrido no século XX, iniciado em 1915 em Portugal, em 1922 no Brasil, consolidou uma nova maneira de fazer poesia. A palavra-chave é LIBERDADE. Vale quase tudo. Isso significa que o escritor poderá se valer das regras antigas ou dos parâmetros inovadores. Ele decide. Considerem o quadro abaixo quanto à poesia moderna. COMO LER POESIA? •Quer dizer que a poesia foi produzida no período entre os séculos VIII a. C. – V d. C. Presença de poetas como Horário, Ovídio e Virgílio. ANTIGUIDADE CLÁSSICA •Foi produzida durante o movimento artístico-literário do Classicismo (século XVI), também chamado de Renascimento. Presença de poetas como Luís de Camões em Portugal e Dante Aliguieri e Francesco Petrarca na Itália. CLASSICISMO •Foi produzida no período do Neoclassicismo (século XVIII), sinônimo de Arcadismo. NEOCLASSICISMO •Uma poesia que, independentemente do período de sua produção, foi influenciada pela cultura greco-latina e resgata características formais dos poemas escritos nessa era áurea da Literatura. • Características da poesia "clássica" no sentido geral: rigor na metrificação; uso de formas clássicas, como soneto; uso dos versos mais consagrados: decassílabo (10 sílabas poéticas) ou alexandrino (12 sílabas poéticas); temas elevados ou grandiosos. SENTIDO LATO (GERAL) FORMA Verso livre (sem métrica definida) Prosaísmo linguístico (palavras do cotidiano, "não poéticas) Pontuação livre Desrespeito pelas regras gramaticais Desprezo pela sintaxe tradicional CONTEÚDO Imagens não-lógicas (justaposição de imagens, colagem) Prosaísmo (valorização do momento, do cotidiano) Automatismo psíquico Fragmentação Ironia e metalinguagem ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS (FUVEST/2000/1ª fase) Ossian o bardo é triste como a sombra Que seus cantos povoa. O Lamartine É monótono e belo como a noite, Como a lua no mar e o som das ondas... Mas pranteia uma eterna monodia, Tem na lira do gênio uma só corda; Fibra de amor e Deus que um sopro agita: Se desmaia de amor a Deus se volta, Se pranteia por Deus de amor suspira. Basta de Shakespeare. Vem tu agora, Fantástico alemão, poeta ardente Que ilumina o clarão das gotas pálidas Do nobre Johannisberg! Nos teus romances Meu coração deleita-se... Contudo, Parece-me que vou perdendo o gosto, (...) (Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos). Considerando-se este excerto no contexto do poema a que pertence (“Ideias íntimas”), é correto afirmar que, nele, a) o eu-lírico manifesta tanto seu apreço quanto sua insatisfação em relação aos escritores que evoca. b) a dispersão do eu-lírico, própria da ironia romântica, exprime-se na métrica irregular dos versos. c) o eu-lírico rejeita a literatura e os demais poetas porque se identifica inteiramente com a natureza. d) a recusa dos autores estrangeiros manifesta o projeto nacionalista típico da segunda geração romântica brasileira. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS e) Lamartine é criticado por sua irreverência para com Deus e a religião, muito respeitados pela segunda geração romântica. Comentários Questão de interpretação de texto literário/teoria literária. Mais informações sobre Álvares de Azevedo serão encontradas na aula 03. O poeta da segunda geração do Romantismo, Álvares de Azevedo, no trecho apresenta duas características principais: pessimismo(com “triste como a sombra”) e erudição, mencionando Lamartine, e Ossian, é o narrador e suposto autor de um ciclo de poemas épicos publicados pelo poeta escocês James Macpherson desde 1760. Alternativa A: correta – gabarito. É essa a função da intertextualidade nesse poema. Alternativa B: incorreta. Os versos são regulares, trata-se de decassílabos, mas a ironia romântica é um conceito inventado por Schlegel, filósofo e poeta alemão, filosofia que alia poesia à conhecimento e sabedoria, entre outras características. A dispersão do eu lírico não é reflexo disso, mas de sentimentalismo. Alternativa C: incorreta. Ele não a rejeita, pelo contrário, mas sim a incorpora. Alternativa D: incorreta. Não há recusa, mas menção, quase veneração, desejo de ser igual. Alternativa E: incorreta. Deus e religião são importantes para o movimento do Barroco, não para o Romantismo. Gabarito: A. 3.2. PROSA Nos primórdios da Literatura, a prosa não tinha o prestígio que foi adquirindo com o passar do tempo. Com a ascensão da burguesia, esse modelo de narrativa veio atender à necessidade da nova classe social em se reconhecer nas histórias. Os escritores começam a se valer desse padrão para apresentar histórias do cotidiano, nas quais o personagem, geralmente um burguês, enfrenta seus dilemas pessoais. Aos poucos, essa narrativa vai abarcando questões existenciais de uma sociedade que se transforma rapidamente a partir do século XVIII. As narrativas literárias ficcionais giram em torno de algum tipo de crise que o personagem deve resolver. Predominam verbos de ação, pois o protagonista (o personagem principal) vai se envolver em peripécias que acabam por revelar algo sobre ele ou sobre as circunstâncias em que vive. Vamos estudar algumas características que um texto comum desse tipo pode ter. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS CATEGORIA DEFINIÇÃO ENREDO A narrativa de acontecimentos cuja ênfase recai na relação de causa e efeito. Uma ação pode ser externa ou interna; intensa, densa. Sinônimo de "história" com letra minúscula, pois "História" com maiúscula consiste na disciplina. NARRADOR Voz que fala dentro da narrativa e acaba por assumir o ponto de vista. O narrador está para a prosa como o eu lírico está para a poesia. Classifica-se em: *Narrador em primeira pessoa: ele também é personagem, expressa sua visão de mundo própria de quem vivenciou a história. • Narrador ficcional: o escritor cria um personagem narrador com características e biografia totalmente diferentes da sua. • Narrador-testemunha: o escritor elege um protagonista, mas quem conta a história é um personagem secundário. • Alter ego: o escritor cria um narrador que conta uma experiência muito próxima da vivida pelo autor. Por exemplo, em O Ateneu, o protagonista Sérgio fala de suas vivências no internato em que passou parte da sua adolescência, situação vivida pelo próprio Raul Pompéia. *Narrador em terceira pessoa: ele se coloca acima da história como se fosse um deus observando seus personagens. • Narrador impessoal: aquele que nos dá a impressão de não existir, comporta-se como se fosse simplesmente um jornalista registrando com fidelidade a história; tipo de narrador frequentemente utilizado pelos realistas e naturalistas. • Narrador condescendente ou simpático: o escritor adota um ponto de vista que deixa claro quais são seus personagens preferidos, idealizando-os. Esse é o narrador típico do Romantismo. • Narrador crítico: ele conta a história comentando a ação e o enredo. PERSONAGENS Os seres fictícios construídos para figurarem dentro da história. TEMPO Os fatos apresentam relação com o tempo em dois níveis: cronológico (tempo real, numérico) e psicológico (as percepções subjetivas da personagem). ESPAÇO Lugar no qual se passa a história e o enredo (a ação) se articula. CONFLITO Uma oposição entre elementos da história da qual resulta numa tensão. CLÍMAX É o momento culminante da história, o momento de maior tensão. DESFECHO Desenlace ou conclusão. É a solução do conflito, a parte final. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Ponto de vista, foco narrativo e perspectiva são sinônimos. Trata-se de um conceito fundamental na Literatura. 3.2.1 CARACTERÍSTICAS DA PROSA O problema é que a depender do gênero do texto (um romance, um conto), pode haver várias personagens, mais de um espaço, mais de um tempo, mais de um conflito e por aí vai. Para entendermos um texto com profundidade, é preciso saber identificar todos esses elementos. PROSA POÉTICA No seu concurso, podem aparecer gêneros textuais híbridos, também chamado de mistos e conhecidos pela mistura de tendências de gêneros. PROSA POÉTICA A poesia pode estar contida numa linguagem versificada ou em prosa. Quando ocorre a segunda possibilidade, dá-se o poema em prosa ou prosa poética. De um modo geral, haverá prosa poética quando existem as seguintes características: *conteúdo lírico emotivo; *recriação lírica da realidade; *utilização artística do poético; *linguagem conotativa, (...) “carga lírica”, devido à capacidade dela mesma de criar ideias, visões, imagens, por meio de imitações sonoras, melódicas e rítmicas. Fonte: TAVARES, 2002, p. 162. Dicionário (linguagem literal) Conotativo: Coração (linguagem figurada) Linguagem Denotativa Dicionário Literal Sentido único Conotativa Coração Figurativa Vários sentidos, inclusive todos ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada ― erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dôr não dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos ― não dói sem precisar de se ter razão nem conhecimento? E as pessoas não nascem sempre? Ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demónio. Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver ― a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é porque quer um fim! mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução do senhor... (ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Companhia das Letras, 2019). Guimarães Rosa (1908-1967) foi um escritor modernista da segunda geração (1945) que se dedica à compreensão e descrição do interior. Suas obras são marcadas pela oralidade e por uma linguagem cheia de regionalismos e neologismos (palavras criadas que não existem originalmente no léxico de uma língua). O exemplo acima representa a prosa poética por causa da construção de imagens insólitas (incomuns): "presa encantoada"; pela repetição na linguagem imitando a fala coloquial; pelas reflexões filosóficas e místicas acerca de Deus e do Diabo. Guimarães Rosa é um escritor modernista. Iremos estudá-lo de fato na nossa aula de número 07. Ele apareceu hoje aqui a título de exemplificação de prosa poética. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS A PROSA MODERNA 3.3. TEATRO E não só de poesia e prosa se faz a Literatura. Um gênero menos explorado, mas que não obstante pode cair na sua banca, é o teatro. Gênero que surge na Antiguidade Clássica, sendo que seus principais representantes rivalizavam entre si em competições no século V a. C. – IV a. C.: Sófocles, Eurípides e Ésquilo. A concepção moderna que temos de palco e plateia por exemplo vem dessa época. O teatro grego nasceu de cultose rituais dedicados aos deuses de seu panteão; logo, ocupava um lugar de destaque na civilização. Eram encenados no teatro de arena. Vamos estudar abaixo as classificações acerca do gênero dramático. CATEGORIA DEFINIÇÃO DRAMA Do grego, δράμα significa ação. Texto de ficção, peça teatral ou filme de caráter sério, que apresenta um desenvolvimento de fatos e circunstâncias compatíveis com os da vida real. Um texto dramático se classifica como tragédia ou comédia. ATO O ato está para o teatro como o capítulo está para uma narrativa. Consiste na divisão geral da peça. CENA Subdivisões da peça, em que cabe uma unidade de ação. Geralmente, marca a entrada/saída de atores. Exemplo: ato III, cena 2: “Ser ou não ser, eis a questão” (Shakespeare – Hamlet). PERSONAGENS No teatro, as personagens são como personae, isto é, uma máscara, uma ficcionalização, uma teatralização. Elas vestem a indumentária, um vestuário específico que condiz com seu caráter, personalidade etc. FORMA Diálogo com o leitor Metalinguagem e intrusão do narrador Digressão e intertextualidade Narrativa não linear Mistura de gêneros (bilhetes, cartas diário etc. no corpo do romance) CONTEÚDO Pouca importância da ação e do enredo Análise psicológica e social Inclusão do inconsciente, sonho, fantasia Novas técnicas de apresentação Neologismos, fluxo de consciência etc. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS TEMPO O tempo pode ser cronológico (tempo real, numérico ou histórico) ou psicológico (as percepções subjetivas da personagem). O tempo ainda pode não ser caracterizado. ESPAÇO No teatro, o espaço é uma cenografia, um lugar criado. Lugar no qual se passa a história e o enredo (a ação) se articula. RUBRICA O teatro apresenta toda uma técnica diferenciada. No início, geralmente, há uma espécie de ficha catalográfica com algumas informações sobre a peça. Ao longo do texto, também há orientações sobre gestos, posturas etc., geralmente, em relação a personagens. São como intromissões do dramaturgo e normalmente vêm antes das falas entre parênteses. 3.2.1 CARACTERÍSTICAS DO TEATRO O melhor a se dizer, para além do quadro, é mostrando um exemplo de texto dramático. Uma peça teatral é estruturada basicamente por meio de falas de personagens e algumas intromissões ou orientações do dramaturgo que lhe servem para guiar as ações. DOROTÉA – Isso me parece contraproducente; vai fazer dele um herói e aumentar a venda do pasquim. Além do mais, o senhor teria que mandar surrar muita gente. A oposição está ganhando terreno dia a dia. E o que Neco escreveu n’A Trombeta é mais ou menos o que os nossos inimigos dizem por aí. ODORICO – Eu sei. É um movimento subversivo procurando me intrigar com a opinião pública e criar problemas à minha administração. Sei, sim. É uma conspiração! Eles não queriam o cemitério. Desde o princípio foram contra. E agora que o cemitério pronto caem de pau em cima de mim, me chamam de demagogo, de tudo, somentemente, porque aconteceu o que não devia acontecer. Ou melhor: só porque não aconteceu o que devia acontecer. Como se eu tivesse culpa! (GOMES, Dias. O bem-amado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014). Alfredo de Freitas Dias Gomes é um dramaturgo brasileiro que faleceu em 18 de maio de 1999. Nasceu em Salvador em uma família de classe média. Escreveu a primeira peça com 15 anos de idade. Sua obra “Pé de Cabra” (1942) sofreu censura na Ditadura Vargas por suposto conteúdo comunista. Também foi autor de radionovelas. Escreveu O pagador de promessas (1960) e O bem-amado, tendo ambos se tornado filmes. Teve várias produções televisivas também, como, por exemplo, a novela Roque Santeiro. Acima, há reprodução de um trecho de O bem-amado. Nessa peça, com subtítulo “farsa sociopolítico-patológica em nove quadros”, Odorico Paraguaçu é eleito prefeito sob a premissa de construir um cemitério na ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS cidade. Político corrupto, recorre a vários estratagemas ilícitos para a inauguração do local, mas nenhuma de suas armações teve sucesso. Acaba por ser morto por Zeca Diabo, contribuindo ironicamente para a inauguração, o que lhe traz elogios fúnebres da população que o reverencia como grande benfeitor da cidade. No trecho em particular, seu perfil de político está imitado no palavrório verborrágico, recorrendo inclusive a neologismos como "somentemente". O TEATRO MODERNO (UNESP/2021/1ª fase/2ª aplicaçãp) Para responder à próxima questão, leia o trecho da peça “A mais-valia vai acabar, seu Edgar”, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC). Coro dos desgraçados: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos, não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri — eu nunca ri — sempre trabalhei. Eu faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço vestido pra mulher, e nunca vi mulher desvestida. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. Há mil anos sem parar! (Apito longo. Um cartaz aparece: “Dois minutos de descanso e lamba as unhas.” FORMA Rompe com a quarta parede (ilusão de ficção) Os atores podem encenar dentro e fora do palco A plateia pode ser envolvida no espetáculo CONTEÚDO Pode beirar o absurdo (non sense: sem sentido) Monólogos e preocupação com a sondagem interior As peças podem ter duração variada ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Todos vão tentar sentar. Menos o Desgraçado 4 que fica de pé furioso.) Desgraçado 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me dá uma sentadinha. (Desgraçado 2 ri de tudo.) Desgraçado 3: Senta. (Desgraçado 1 vai pôr a cabeça no chão.) De assim, não. Acho que não é com a cabeça não. Desgraçado 1: Eu esqueci. Desgraçado 3: A bunda, põe ela no chão. A perna é que eu não sei. Desgraçado 2: A perna tira. (Desgraçado 3 e Desgraçado 2 desistem de descobrir. Se atiram no chão.) Desgraçado 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.) Desgraçado 2: Quero ver levantar. (Todos olham para Desgraçado 4, fazem sinais para que ele se sente.) Desgraçado 4: Não! Chega pra mim! Eu só trabalho, trabalho, trabalho… (Perde o fôlego.) Desgraçado 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho... Desgraçado 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite condensado, não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega! Slide: Quem canta seus males espanta. Desgraçado 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Você vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, não tem mais fome, não tem saudade, pinta o céu de cor de felicidade! (Peças do CPC, 2016. Adaptado.) O texto mostra-se crítico em relação ao conteúdo da seguinte citação: a) “O homem é o lobo do homem.” b) “O homem nasce livre, a sociedade o corrompe.” c) “O trabalho dignifica e enobrece o homem.” d) “Onde não há lei, não há liberdade.” e) “O trabalho não é vergonha, é só uma maldição.” Comentários Alternativa A: incorreta. Ditado que vem do latim "Lupus est homo homini lupus", mas que também foi utilizado por Thomas Hobbes (1588-1679),autor de "Leviatã" (1651). Significa que o homem se torna hostil a si mesmo, uma das ideias defendidas pela peça, e não criticadas. Alternativa B: incorreta. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um filósofo francês que defendia ideias como "O homem nasce livre, mas em toda parte se encontra preso em ferros" e "O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe". A peça indica a diferença entre classes sociais a partir da noção de trabalho e essa alternativa aborda valores que extrapolam diretamente as defesas e as críticas da peça. Alternativa C: correta - gabarito. Cuidado: a comando pedia para o texto da peça teatral ser associado criticamente em relação a um desses ditados populares. O que equivale a dizer que deveria se opor a seu sentido. No caso, as personagens da peça teatral são anônimas. Trabalham tanto que não mais se identificam, sendo chamadas de Desgraçado 1, 2, 3, 4 etc. Por falarem juntas, em forma de coro, seu sofrimento é amplificado. Lembrando que a presença do coro no teatro (personagem coletivo) é uma tradição que advém da Antiguidade Clássica e que está sendo reutilizada nessa peça brasileira contemporânea. Essa alternativa diz respeito ao lema protestante “O trabalho dignifica e enobrece o homem.” Ou seja, uma visão positiva do trabalho, sendo que o bordão motiva as pessoas a trabalharem. No caso, a peça teatral se mostra crítica quanto a esse ditado, porque os personagens estão desencorajados e têm consciência de que fazem um trabalho que se volta contra si. O trabalho dos desgraçados é hostil a eles próprios, o que é fruto de um processo histórico: "fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há mil anos sem parar!" Pelo acúmulo repetitivo de trabalho, os desgraçados se sentem exaustos: "somos tristes e cansados". ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Alternativa D: incorreta. A peça não propõe que leis sejam feitas. Os desgraçados são tão alienados que se esqueceram como se sentar, ou seja, nem mais lembravam como descansar. Desprovidos de raciocínio e coordenação básica, dificilmente conseguiriam se organizar para criar novas leis e refletir na sua própria liberdade. Alternativa E: incorreta. Tudo com que os desgraçados se preocupavam era o trabalho, o que dominava suas vidas. Julgavam o trabalho como condenação, pois tendiam a ser fatalistas, mas não como vergonha necessariamente. Gabarito: C. 4. INTERPRETAÇÃO DE OBRA DE ARTE Como já foi dito anteriormente, pode ser que a banca compreenda Literatura dentro da lógica de Linguagens e Códigos. Logo, fornecerei alguns métodos de interpretação de obras artísticas, o que pode lhes ser útil. Quais são os passos para interpretação de obra artística? Descreva para si o que a imagem desperta em você. A figura ao lado é bizantina. Como estamos acostumados com imagens em trigésima definição e cheias de efeito, a imagem nos parece pobre. Parece que estamos diante de uma obra feita por alguém que não sabe pintar ou desenhar, embora, a figura nos pareça agradável. Para compreendê-la, teríamos que seguir alguns passos. Bom, trata-se de uma figura religiosa. A expressão séria tanto da Virgem Maria quanto do Menino Jesus expressam seriedade e devoção. Provavelmente, você deve sentir essa seriedade e circunspecção. Observe aspetos técnicos: cores e tons; linhas (retas, circulares etc.). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS As cores são fortes e não são realistas. O critério nesse caso, provavelmente, não foi pintar as cores do jeito que são na realidade, mas escolher aquelas que chamem a atenção de quem as olha. Predomina o amarelo que lembra ouro. As linhas são suaves, mas também desnaturais, basta observar as dobras do pano. Observe a composição: se há perspectiva, o que há no fundo, o que há na frente, o jogo de claro e escuro. As imagens ocupam o campo central. Não há profundidade e não há nada de significativo atrás das figuras. A ideia é que o espectador da imagem não se distraia e olhe diretamente para a figura. As figuras são chapadas, com o mínimo de jogo de claro e escuro. O amarelo dourado do halo em torno do rosto da Virgem Maria e do Menino Jesus chama o olhar para as expressões das figuras. Até agora você levantou os elementos formais. Agora, deve analisar o tema. O que você reconhece na cena? Nesse caso, os personagens são bem conhecidos: a Virgem Maria e o Menino Jesus. Note que o rosto do menino parece ser de um homem e os traços da Virgem Maria são bastante simples. A imagem é bela como um todo, é bela pela composição de cores. Essa imagem é bizantina. Arte desenvolvida depois da conversão de Constantino ao Cristianismo no século IV. A Igreja tornou-se a religião oficial e deveria ostentar poder e glória do Império. A seriedade dos personagens revela isso. O gosto pela opulência e a referência à riqueza também. Agora junte todas as informações. A imagem tinha como função despertar os fiéis para a espiritualidade cristã. Deveria passar para o espectador acolhimento (o olhar da Virgem Maria) e poder (as cores e o trono em torno dos personagens expressam isso). O artista propositalmente rejeita o realismo, representa as figuras pelo jogo do que elas simbolizam socialmente, até porque o espiritual não pode ser mostrado de forma humana. Isso explica inclusive a falta de perspectiva e o aspecto frontal da obra. Para que você perceba a diferença, observe os três quadros abaixo, aparentemente sobre o mesmo tema (Madona, ou seja, o tema da Virgem Maria que carrega em seu colo o Menino Jesus). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS O primeiro quadro é de Rafael (1483-1520); portanto, a obra é renascentista. A figura humana é representada com todo realismo, marca da influência do antropocentrismo e da imitação das esculturas greco-latinas. A segunda obra é de Parmigianino (1503-1540) e manifesta outro estilo, o Maneirismo. Note o exagero na representação de pessoas, na dramaticidade da cena, na expressão da Virgem Maria. Todos esses elementos apontam para a influência de um movimento próximo ao do Barroco, em que a técnica passa a superar o equilíbrio que se observa no quadro anterior. Por fim, a última obra é a do pintor expressionista Edvard Munch (1863-1944). O nome da obra é Madona. Nela percebe-se a ausência de elementos sacros. A mulher aparece sensual e ao mesmo tempo enigmática. Não segura o menino ao colo e as pinceladas são bem marcadas. Isso significa que você precisa entender em linhas gerais os movimentos artísticos e como as ideias de cada época são traduzidas em temas e técnicas que expressam ideias e valores. Por conta disso, os PDFs aos quais vocês terão acesso sempre que possível apresentarão as características dos movimentos artísticos que se desenvolviam na mesma época em que os movimentos literários ocorriam. Essa abordagem, além de ampliar a nossa noção da realidade, faz aumentar nosso repertório cultural Atenção, alunos! Reproduzi para vocês imagens com boa qualidade, o que pode não acontecer no dia da prova. Caso no dia vocês não consigam ler ou entender algo, dirija-se ao fiscal da sala. Isso é importante em provas nas quais costumam cair obras de Artes Plásticas e Visuais coloridas e com detalhes, especialmente provas que cobram a tipologia de questão de linguagens e códigos. Para além das Artes Visuais, entendam como setores artísticos os seguintes: música, escultura, dança, esporte. Em suma, tudo o que no grego antigo era entendido como τέχνη (tékhne), isto é, técnica, envolve também a arte. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS F o n te d a i m a g e m : S h u tt e rs to c k . 5. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Muito do que a banca pode compreendercomo ser Literatura também perpassa a noção de Interpretação de Texto. Logo, ela pode ser uma ferramenta útil. Separei algumas técnicas que podem ajudá-los. Um texto geralmente representa uma dificuldade para o leitor por causa de sua multiplicidade: de formas, de significados, de temas etc. Por isso, reconheço que não é fácil para todo leitor encontrar a unidade por trás de tantas camadas e muitos param na superfície de um texto. Prezados alunos. Essa é uma nova seção no seu material que vai lhe servir como uma útil ferramenta. Para facilitar a vida, vamos explicar alguns conceitos. POEMA POESIA É o produto pronto, escrito em versos. É a forma pela qual se escreve. POESIA ≠ PROSA Versos Parágrafos Por todo o caos aparente de um texto, há ordem. Isso equivale a dizer que todo texto tem um fio condutor, uma lógica, a sua coerência interna. Assim, a partir da constatação dos dados da superfície, pode-se chegar à compreensão de significados abstratos, para além dos concretos, que ajudam a conferir unidade e organização ao texto. Vamos agora adotar um esquema de leitura por camadas. São os níveis de compreensão que um texto costuma exigir. 1ª camada Título, fonte, ponto de vista: quem está falando? O quê? Para quem? 2ª camada Texto em si: elementos morfossintáticos, palavras, pontuação 3ª camada O que exige mais de uma competência: gêneros híbridos, intertextualidade etc. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS ❖ Camadas de leituras = quantidade de vezes de leitura ❖ Caminho do mais óbvio para o subentendido: aprender a ler nas entrelinhas. Às vezes, é mais importante o que o(a) autor(a) NÃO diz do que aquilo que está dito. • 1ª camada: título, fonte, pessoas do discurso (primeira, segunda ou terceira do singular ou plural). • 2ª camada: classes morfológicas; pontuação; sintaxe mais simples ou mais rebuscada; registro formal ou informal da linguagem. • 3ª camada: - Gêneros híbridos: prosa poética; teatro em versos; tragicomédia; teatro psicológico; - Interdisciplinaridade: Gramática (figuras de linguagem, interpretação de texto); Biologia; Geografia; Física. ELEMENTOS INTERNOS ELEMENTOS EXTERNOS • Estilo do texto: se utiliza o registro formal ou informal da linguagem; • Gênero textual: romance, conto, crônica, poesia, reportagem, charge, tirinha etc. • A pessoa que escreve: voz do discurso (primeira, segunda ou terceira, do singular ou do plural): prosa: narrador; poesia: eu lírico. • Para quem o texto se destina: o seu público-alvo, se é adolescente ou idosos, homem ou mulher, se é um público mais abrangente etc. • Época em que o texto foi publicado (na prova, essa informação estará na nota de rodapé). • Biografia do autor: a sua história de vida (caso vocês saibam algo sobre isso ou algo seja divulgado na prova). • Meio em que o texto foi publicado ou veiculado: livro, revista etc. • O contexto cultural: por exemplo, as vanguardas no Pré-Modernismo. • Textos anteriores e posteriores que dialogam com o texto analisado em questão (intertextualidade). • Imagens que acompanham o texto. • As relações do texto com a Política, a História, a Sociologia etc. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS ANÁLISE LITERÁRIA Podemos desentranhar as fases que devem presidir à análise literária: Primeira: escolhida a obra ou fragmento dela, procede-se à sua leitura integral, leitura de contato, descontraída, lúdica, que deve fornecer uma impressão inicial. Segunda: releitura de análise (que pode e deve ser repetida tantas vezes quantas o texto requerer), com o lápis na mão, assinalando no texto as passagens que mais chamam atenção. Terceira: consulta do dicionário (ampliar o léxico), para resolver as dúvidas quanto à denotação das palavras e expressões. Quarta: releitura, tendo em vista compreender o índice (valor) conotativo das palavras e expressões. Quinta: apontar as constantes, repetições ou recorrências do texto, sobretudo no que toca à conotação. Sexta: interpretar tais constantes ou recorrências, que constituem a camada externa das forças motrizes, com base nos elementos do próprio texto e nas informações que o analista já possui. Sétima: consultar as fontes secundárias caso o texto reclame: história literária (características dos movimentos), biografia do autor, bibliografia (fortuna crítica) sobre o autor, o contexto sócio-econômico-social. Oitava: organizar em ordem hierárquica de importância as constantes ou recorrências, segundo o critério estatístico e qualitativo, ou seja, segundo a quantidade das constantes e sua qualidade emocional, sentimental e conceitual. Nona: interpretá-las e buscar depreender as deduções que comportam, à luz dos dados selecionados, tendo em vista as forças motrizes, isto é, a cosmovisão do escritor. Décima: conclusão do trabalho. Como a análise, via de regra, não caminha sozinha, dessa análise pode também surgir elementos que orientem para a crítica literária. Fonte: MOISÉS, 1974, p. 36-37, grifos meus. Repito a dica: no dia da prova, utilizem a caneta a seu favor. Utilizem-na para grifar elementos mais importantes do texto, sobretudo, para o caso de precisar retornar ao texto para procurar informações, a fim de responder às perguntas. Outra dica é ler o enunciado antes de ler o texto. Por outro lado, naturalmente no dia da prova não será possível realizar consultas e pesquisas à parte. É por isso que devemos estar o máximo preparados para evitar surpresas no dia. Outra questão: vocês foram ensinados a vida inteira a não repetir palavras na Redação e em outros contextos que envolvem Língua Portuguesa. Isso porque isso pode indicar pobreza de vocabulário, além de falta de domínio da linguagem. Portanto, quando houver repetição no texto literário, prestem atenção: ela foi usada intencionalmente, ela tem algum propósito ou intenção dentro do texto, geralmente apresentando função de ênfase. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 6. GRAMÁTICA APLICADA À LITERATURA Sempre que possível, além de encontram uma seção dedicada à leitura e interpretação de textos literários dos movimentos específicos, vocês também terão acesso à sua análise gramatical. Isso porque a banca pode compreender Literatura numa chave de interdisciplinaridade com o próprio Português (Gramática e Interpretação de Texto). Abaixo, vamos destrinchar alguns dos conceitos que podem nos ser úteis. Primeiramente, entre as partes da Gramática Normativa que mais nos interessam encontra-se a Morfologia. A Morfologia é o estudo da forma e suas classificações. Na Morfologia, há 10 classes de palavras. Dessas palavras, temos o seguinte quanto à sua capacidade de mudança: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS Substantivo, verbo, adjetivo, artigo, numeral e pronomes. Advérbio, conjunção, preposição e interjeição. MORFOLOGIA Substantivo Artigo Adjetivo Numeral Pronome Verbo Advérbio Preposição Conjunção Interjeição ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Já aprendemos que um texto é como um tecido. Isso equivale a dizer que ele tem uma coerência interna, um contexto que lhe é próprio, é permeado também por elementos extratextuais e agora iremos aprender que uma parte se liga à outra. • Se o texto for prosa, a ligação entre as suas partes se dá por parágrafos. • Se ele for poesia, essa ligação se dá entre estrofes. COESÃO TEXTUAL A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é fruto do acaso, mas das relações de sentidoque existem entre eles. Essas relações de sentido são manifestadas sobretudo por certa categoria de palavras, as quais são chamadas conectivos ou elementos de coesão. Sua função no texto é exatamente a de pôr em evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados. São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento de coesão: *as preposições: a, de, para, com, por; *as conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou; *os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual; *os advérbios: aqui, aí, lá, assim. Fonte: PLATÃO; FIORIN, 1996, p. 271-272. É assim que vai se formando a coerência e coesão de um texto literário, quer dizer, não só o seu sentido, como também a relação entre a Morfologia e Sintaxe. Não se preocupem. Quanto às classes gramaticais e os conceitos ainda não estudados, iremos abordá-los quando forem necessários em aulas futuras. 7. CRÍTICA LITERÁRIA A essa altura do campeonato vocês já devem ter percebido como será o formato de nossas aulas futuras e suas respectivas seções. Nessa seção em particular, vocês encontrarão, para além da literatura, análises de textos literários e seus movimentos, uma seção para abordarmos Crítica Literária. Atenção: isso é muito importante! Não subestimem o que eu chamo de cobrança indireta. Uma as maneiras por meio da qual a banca pode cobrar Literatura sem cobrá-la é por meio da cobrança indireta. Ela pode cair no formato, justamente, de Crítica Literária, por exemplo. O ideal é que a Crítica Literária dialogue com os termos abordados em cada aula. Nesse sentido e como essa é uma aula inicial, escolhi abordar os seguintes tópicos: • O conceito de literatura propriamente dito; • O conceito de foco narrativo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS QUE É LITERATURA? Um grito de dor é sinal da dor que o provoca. Mas um canto de dor é ao mesmo tempo a própria dor e uma coisa que não a dor. Ou seja, se quiser adotar o vocabulário existencialista, é uma dor que não existe mais, é uma dor que é. Mas, dirá você, e se o pintor fizer casas? Pois bem, precisamente, ele as faz, isto é, cria uma casa imaginária sobre a tela, e não um signo da casa. E a casa assim manifesta conserva toda a ambiguidade das casas reais. O escritor pode dirigir o leitor e, se descreve um casebre, mostrar nele o símbolo das injustiças sociais, provocar nossa indignação. Já o pintor é mudo: ele nos apresenta um casebre, só isso; você pode ver nele o que quiser. Essa choupana nunca será o símbolo da miséria; para isso seria preciso que ela fosse signo, mas ela é coisa. O mau pintor procura o tipo, pinta o Árabe, a Criança, a Mulher; o bom pintor sabe que o Árabe e o Proletário não existem, nem na realidade, nem na sua tela; ele propõe um operário – determinado operário. E o que pensar de um operário? Uma infinidade de coisas contraditórias. Todos os pensamentos, todos os sentimentos estão ali, aglutinados sobre a tela, em indiferenciação profunda; cabe a você escolher. Artistas bem-intencionados já tentaram comover; pintaram longas filas de operários aguardando na neve uma oferta de trabalho, os rostos esquálidos dos desempregados, os campos uma emoção irreconhecível, perdida, estranha para si mesma, esquartejada e espalhada pelos quatro cantos do espaço e, no entanto, presente. Não duvido que a caridade ou a cólera possam produzir outros objetos, mas neles elas ficarão atoladas da mesma forma; perderão seu significado, restarão apenas coisas habitadas por uma alma obscura. Não se pintam significados, não se transformam significados em música; sendo assim, quem ousaria exigir do pintor ou do músico que se engajem? O escritor, ao contrário, lida com os significados. Mas cabe distinguir: o império dos signos é a prosa; a poesia está lado a lado com a pintura, a escultura, a música. Acusam-me de detestar a poesia: a prova, dizem, é que Tempos Modernos raramente publica poemas. Ao contrário, isso prova que nós a amamos. Para se convencer disso, basta ver a produção contemporânea. “Pelo menos a ela”, dizem os críticos em triunfo, “você não pode nem sonhar em engajar”. De fato. Mas por que haveria eu de querer fazê-lo? Porque ela se serve de palavras, como a prosa? Mas ela não o faz da mesma maneira; na verdade, a poesia não se serve de palavras; eu diria antes que ela as serve. Os poetas são homens que se recusam a utilizar a linguagem. Ora, como é na linguagem e pela linguagem, concebida como uma espécie de instrumento, que se opera a busca da verdade, não se deve imaginar que os poetas pretendam discernir o verdadeiro, ou dá-lo a conhecer. Eles tampouco aspiram a nomear o mundo, e por isso não nomeiam nada, pois a nomeação implica um perpétuo sacrifício do nome ao objeto nomeado, ou, para falar como Hegel, o nome se revela inessencial diante da coisa – esta, sim, essencial. Os poetas não falam, nem se calam: trata- se de outra coisa. (...) Na verdade, o poeta se afastou por completo da linguagem-instrumento; escolheu de uma vez por todas a atitude poética que considera as palavras como coisas e não como signos. Pois a ambiguidade do signo implica que se possa, a seu bel-prazer, atravessá-lo como a uma vidraça, e visar através dele a coisa significada, ou voltar o olhar para a realidade do signo e considerá-lo como objeto. O homem que fala está além das palavras, perto do objeto; o poeta está aquém. Sartre, Jean-Paul. Que é a literatura? (Vozes de Bolso) (p. 17-19). Editora Vozes. Edição do Kindle. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Jean-Paul Sartre (1905-1980), junto com Albert Camus, foi um conhecido poeta francês do Existencialismo, um termo filosófico que expressa a corrente de pensamento que destaca a importância filosófica da existência individual como o foco da conceituação filosófica (e não os sistemas e conceitos abstratos) e segundo a qual o homem é livre e responsável por seu destino (dicionário Aulete). Nesse trecho em particular, ele retoma um ditado da Antiguidade Clássica: ut pictura poesis, expressão utilizada por Horácio em sua Arte Poética para dizer que a Literatura se assemelha a outras artes, sobretudo, à pintura, por causa da formação de imagens. AUTOR ONISCIENTE INTRUSO Esse tipo de NARRADOR tem a liberdade de narrar à vontade, de colocar-se acima, ou, por trás, adotando um PONTO DE VISTA divino para além dos limites de tempo e espaço. Pode também narrar da periferia dos acontecimentos, ou do centro deles, ou ainda limitar-se e narrar como se estivesse de fora, ou de frente, podendo, ainda, mudar e adotar sucessivamente várias posições. Como canais de informação, predominam suas próprias palavras, pensamentos e percepções. Seu traço característico é a intrusão, ou seja, seus comentários sobre a vida, os costumes, os caracteres, a moral, que podem ou não estar entrosados com a história narrada. Em Língua Portuguesa, podemos pensar até mesmo em Machado de Assis. Não, senhora minha, ainda não acabou este dia tão comprido; não sabemos o que se passou entre Sofia e o Palha, depois que todos se foram embora. Pode ser até que acheis aqui melhor sabor que no caso do enforcado. Tende paciência; é vir agora outra vez a Santa Tereza. A sala está ainda alumiada, mas por um bico de gás; apagaram-se os outros, e ia apagar-se o último, quando o Palha mandou que o criado esperasse um pouco lá dentro. A mulher ia sair, o marido deteve-a, ela estremeceu. Trata-se do capítulo L do livro Quincas Borba. Escrito em 1891, o romance narra a história de Rubião, herdeiro da fortuna de Quincas Borba. Quando este morre, deixa sua fortuna para o professor Rubião e impõe, como uma condição, que ele fique com seu cachorro, de nome Quincas Borba, como seu antigo dono. Rubião, agora rico, muda para o Rio de Janeiro, onde vem a apaixonar-sepor Sofia, mulher de seu sócio, Cristiano Palha. Como ambos dependem economicamente de Rubião, cria-se uma situação muito ambígua que Machado passa a explorar magistralmente: Palha tem ciúmes, mas atura as investidas de Rubião por conveniência. E Sofia vai equilibrando a situação, pois nem trai o marido nem desestimula o amor de Rubião. Pouco a pouco essa ambiguidade acaba levando-o à loucura e à ruína. Doente e pobre, os amigos deixam-no sozinho. Rubião, fugindo de um asilo, volta para Minas, onde morre, tendo como único companheiro seu cão. Nesse capítulo, Sofia conta a Palha que Rubião lhe declarara o seu amor (capítulo anterior). No trecho que destacamos, o narrador, onisciente intruso, procura fazer ligações entre diferentes momentos do livro, falando diretamente às leitoras (as mulheres eram, no século passado, o público mais visado pelos romancistas). Essa interferência do narrador – comentando os acontecimentos, freando a HISTÓRIA e procurando se colocar do ponto de vista das leitoras, para apreciar de fora as ações e reações das personagens – é típica de Machado. Com isso, consegue um certo distanciamento irônico que acaba chamando a atenção para os implícitos da HISTÓRIA, suas intenções últimas. Aqui, por exemplo, dizendo-nos que a cena da declaração de Rubião no capítulo anterior não tenha sido talvez o mais importante, Machado gera em nós a expectativa de grandes reações por parte do marido ciumento. O capítulo, na sua sequência, com Palha controlando perfeitamente o ciúme, ao ouvir o relato de Sofia, frustra essa expectativa e, por frustrá-la, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS aponta para o caráter de Palha e de Sofia, para o jogo de sedução desta, as ambições daquele, as possíveis significações filosóficas que podemos ir tirando a partir daí e que transcendem a mera historinha do tradicional triângulo amoroso, base da FÁBULA, no livro, como em tantos outros romances da época. Respondendo às questões: – quem narra? – um narrador onisciente intruso, um eu que tudo segue, tudo sabe e tudo comenta, analisa e critica, sem nenhuma neutralidade. – De que lugar? – provavelmente de cima, dominando tudo e todos, até mesmo puxando com pleno domínio as nossas reações de leitores e driblando-nos o tempo todo. Quem nos fala é esse eu. Os canais de que se utiliza são os mais variados, predominando a sua própria observação direta. Finalmente, somos colocados a uma DISTÂNCIA, ao mesmo tempo menor, do narrado – já que temos acesso até aos pensamentos das personagens –, e maior, porque a presença do narrador medeia sempre, ostensiva, entre nós e os fatos narrados, conservando-nos ironicamente afastados deles, impedindo nossa identificação com qualquer personagem bem como frustrando a absorção na sequência dos acontecimentos, com pausas frequentes para a reflexão crítica. Muito comum no século XVIII e no começo do século XIX, o NARRADOR ONISCIENTE INTRUSO saiu de moda a partir da metade desse século, com o predomínio da "neutralidade" naturalista ou com a invenção do INDIRETO LIVRE por Flaubert que preferia narrar como se não houvesse um narrador conduzindo as ações e as personagens, como se a história se narrasse a si mesma. Mas Machado, antecipando vertentes ultramodernas, utiliza esse narrador intruso como ruptura da verossimilhança. Seu leitor não se esquece de que está diante de uma FICÇÃO, de uma análise, da interpretação ficcional da realidade, um mero PONTO DE VISTA sobre pessoas, acontecimentos, sociedade, lugar e tempo. Fonte: CHIAPPINI, 2019, p. 26, grifo meu (adaptado). Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. É um escritor do movimento literário do Realismo e também um dos maiores da Literatura Brasileira. Filho de gente humilde, aos 15 anos publica os primeiros versos e é aprendiz de tipógrafo. Aos 27 anos, ingressa no serviço público, em que ficaria até o fim da vida. Aos 29 anos, atinge o auge da estabilização burguesa, quando casa com Carolina. Foi o fundador e presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), criada em 1897. Era atento à cena contemporânea, e não deixava nenhum detalhe passar. As suas obras representam com profundidade o Brasil. Nesse sentido, o trecho aborda um conceito-chave para a Literatura: a verossimilhança, que pode ser compreendida como sinônimo de mimese. Trata-se ainda da teoria do reflexo: intuito de representar a realidade de uma maneira mais fidedigna possível. Imitar é natural ao homem desde a infância – e nisso difere dos animais, em ser o mais capaz de imitar e de adquirir os primeiros conhecimentos por meio da imitação – e todos têm prazer em imitar" (ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Cultrix, 2014, p. 21-22). O trecho crítico alude a um romance específico de Machado de Assis: Quincas Borba (1891). Rubião é o protagonista, que recebe uma herança da qual não consegue cuidar e acaba a vida na maior ruína. Do ponto de vista da técnica de Machado de Assis, em Quincas Borba não há um narrador-protagonista, como em Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Cubas. Ou seja, um narrador na primeira pessoa do singular (eu), que participa dos fatos e por isso mesmo contamina o texto com as suas conjecturas e opiniões. Quincas Borba, porém, utiliza regularmente um narrador em terceira pessoa do singular (ele); porém, existe um narrador que está sempre se intrometendo na história, também com as suas conjecturas e opiniões, apesar de não participar diretamente dela. Frequentemente em Machado de Assis, o narrador se dirige ao leitor, e às vezes até mesmo se mostra como primeira pessoa (em verbos, pensamentos etc.). Assim, como diz o trecho crítico, há um jogo que perpassa o foco narrativo. 8. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS Prezados alunos, eis algumas informações práticas antes de começarem. A aula de hoje abordou muitos tópicos essenciais para a sua compreensão de texto. Vamos trazer exercícios variados para a sua fixação. Então, vamos resolver questões das seguintes fontes: • Essa aula 00 é demonstrativa. Então, trouxe questões da última prova, na tentativa de tornar o material o mais atualizado possível, pois o objetivo inicial é se atentar para as tipologias de questões variadas. Podem notar que eu sempre coloco antes da resolução a tipologia da questão para orientá-los, inclusive indicando onde cada assunto pode ser encontrado se for trabalhado em aulas futuras. Não se preocupe, pois, quando for assim, retomaremos os tópicos abordados nas suas aulas respectivas. • Outra dica: após fazer os exercícios da sua banca, procure fazer os de outra com cobrança parecida, o que se encontra na lista complementar de fixação que preparei para vocês. No caso, optei por questões interpretativas e de múltipla escolha. • Com honestidade, dificilmente os temas dessa aula caem de uma maneira pura e direta nos vestibulares. Tentei fazer uma seleção o mais adequada e pertinente possível quanto aos conteúdos abordados aqui hoje; porém, caso haja um conteúdo que ainda não estudamos, não se preocupem, pois ele será trabalhado com mais profundidade em aulas futuras. Então, aproveitem também o momento dos comentários e correções para aprenderem, pois os(as) autores do cânone devemos conhecer. Informações adicionais sobre os movimentos literários especificamente vocês encontrarão na videoaula. Para complementar seu estudo cada vez mais, vocês vão encontrar questões ao longo da teoria e no final dela, com e sem gabaritos. Além disso, também temos simulados inéditos e gratuitos todo fim de semana. Isso quer dizer que vamos focar bastante na prática! ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 01. (FUVEST/2021/1ª fase) Alferes, Ouro Preto em sombras Espera pelo batizado, Ainda quetarde sobre a morte do sonhador Ainda que tarde sobre as bocas do traidor. Raios de sol brilharão nos sinos: Dez vias dar; Ai Marília, as liras e o amor Não posso mais sufocar E a minha voz irá Pra muito além do desterro e do sal, Maior que a voz do rei. Aldir Blanc e João Bosco, trechos da música "Alferes", de 1973. A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas. b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes. c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditatura militar. d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas. e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro. 02. (FUVEST/2021/1ª fase) A psicanálise do açúcar O açúcar cristal, ou açúcar de usina, mostra a mais instável das brancuras: quem do Recife sabe direito o quanto, e o pouco desse quanto, que ela dura. Sabe o mínimo do pouco que o cristal se estabiliza cristal sobre o açúcar, por cima do fundo antigo, de mascavo, do mascavo barrento que se incuba; e sabe que tudo pode romper o mínimo em que o cristal é capaz de censura: pois o tal fundo mascavo logo aflora quer inverno ou verão mele o açúcar. Se os banguês* que-ainda purgam ainda o açúcar bruto com barro, de mistura; ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS a usina já não o purga: da infância, não só depois de adulto, ela o educa; em enfermarias, com vácuos e turbinas, em mãos de metal de gente indústria, a usina o leva a sublimar em cristal o pardo do xarope: não o purga, cura. Mas como a cana se cria ainda hoje, em mãos de barro de gente agricultura, o barrento da pré-infância logo aflora quer inverno ou verão mele o açúcar. *banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal. João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra. Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos entre a usina e o banguê, pois a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo. b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada. c) revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural. d) denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos. e) explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar. 03. (FUVEST/2021/1ª fase) Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já era conhecido. E ele me perguntava: "Então, por que você quer saber, se já sabe?" Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na verdade só queria me intimidar. As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: "O que você quer com o passado?". Repetia. E, diante da sua insistência bovina tive de me render à evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta. Bernardo Carvalho, Nove noites. Adaptado. Sem prejuízo de sentido e fazendo as adaptações necessárias, é possível substituir as expressões em destaque no texto, respectivamente, por a) incompreensão; armação; inofensivo; irredutível. b) altivez; brincadeira; ofendido; mansa. c) ignorância; mentira; prejudicado; alienada. d) complacência; invenção; bobo; cega. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS e) arrogância; entretenimento; incapaz; animalesca. 04. (FUVEST/2020/1ª fase) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES amora a palavra amora seria talvez menos doce e um pouco menos vermelha se não trouxesse em seu corpo (como um velado esplendor) a memória da palavra amor a palavra amargo seria talvez mais doce e um pouco menos acerba se não trouxesse em seu corpo (como uma sombra a espreitar) a memória da palavra amar Marco Catalão, Sob a face neutra. É correto afirmar que o poema a) aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna o ser humano menos amargo e sombrio. b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem expresso pela repetição da palavra “talvez”. c) apresenta natureza romântica, sendo as palavras “amora” e “amargo” metáforas do sentimento amoroso. d) possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada entre os termos “amor” e “amar”. e) ressalta os significados das palavras tal como se verificam no seu uso mais corrente. 05. (FUVEST/2020/1ª fase) Tal como se lê no poema, a) a palavra “amora” é substantivo, e “amargo”, adjetivo. b) o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra “amargo”. c) o substantivo “corpo” apresenta sentido denotativo. d) o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra “amora”. e) o verbo “amar” e o substantivo “amor” são intercambiáveis. 06. (FUVEST/2020/1ª fase) Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara se convenceram de que ela estava morta, menos eu. Se eu pudesse não deixaria enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a vovó, mas ela disse que não se pode fazer assim. Bela estava igualzinha à que ela era no dia em que chegou da Formação, só um pouquinho mais magra. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar do corpo. Eu perguntei a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o menor sofrimento, sem ela fazer uma caretinha que fosse?”. Vovó disse que tudo isso é mistério, que nunca a gente pode saber essas coisas com certeza. Uns sofrem muito quando a alma se despega do corpo, outros morrem de repente sem sofrer. Helena Morley, Minha Vida de Menina. Perguntas Numa incerta hora fria perguntei ao fantasma que força nos prendia, ele a mim, que presumo estar livre de tudo eu a ele, gasoso, (...) No voo que desfere silente e melancólico, rumo da eternidade, ele apenas responde (se acaso é responder a mistérios, somar‐lhes um mistério mais alto): Amar, depois de perder. Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma. As perguntas da menina e do poeta versam sobre a morte. É correto afirmar que a) ambos guardam uma dimensão transcendente e católica, de origem mineira. b) ambos ouvem respostas que lhes esclarecem em definitivo as dúvidas existenciais. c) a menina mostra curiosidade acerca da morte como episódio e o poeta especula o sentido filosófico da morte. d) a menina está inquieta por conhecer o destino das almas, enquanto o poeta critica o ceticismo. e) as duas respostas reforçam os mistérios da vida ao acolherem crenças populares. 07. (FUVEST/2017/1ª fase) Considere as imagens e o texto, para responder à próxima questão. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS II / São Francisco de Assis* Senhor, não mereço isto. Não creio em vós para vos amar. Trouxestes-me a São Francisco e me fazeis vosso escravo. Não entrarei, senhor, no templo, seu frontispício me basta. Vossas flores e querubins são matéria de muito amar. Dai-me,senhor, a só beleza destes ornatos. E não a alma. Pressente-se dor de homem, paralela à das cinco chagas. Mas entro e, senhor, me perco na rósea nave triunfal. Por que tanto baixar o céu? por que esta nova cilada? Senhor, os púlpitos mudos entretanto me sorriem. Mais que vossa igreja, esta sabe a voz de me embalar. Perdão, senhor, por não amarvos. Carlos Drummond de Andrade *O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012. Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob a estética do Barroco: ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo que o público não possa escapar. II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de maravilhamento. III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a preeminência da Igreja. A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa medida, as reações do eu lírico ao que se encontra registrado em a) I, apenas. b) II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. 08. (FUVEST/2011/1ª fase) A ROSA DE HIROXIMA 1Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas 5Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam 10Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida 15A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. (Vinicius de Moraes, Antologia poética.) Neste poema, a) a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a objetividade, suprime o teor lírico do texto. b) parte da força poética do texto provém da associação da imagem tradicionalmente positiva da rosa a atributos negativos, ligados à ideia de destruição. c) o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela sua despreocupação com a elaboração formal. d) o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi escrito originalmente como letra de canção popular. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS e) o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, em boa medida, pelo caráter concreto do texto e pelo vigor de sua mensagem. 09. (FUVEST/2011/1ª fase) Dentre os recursos expressivos presentes no poema, podem- se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos versos a) 2 e 17. b) 1 e 5. c) 8 e 15. d) 9 e 18. e) 14 e 3. 10. (FUVEST/2010/1ª fase) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES 1Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes 5olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos 10alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em meu entre dormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e olhei atônito para um tipo de 15chiru**, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma: Pois é! Não vê que eu sou o sereno... Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras. Glossário *estremunhado: mal acordado. **chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: sul do Brasil). No início do texto, o autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal tendência se manifesta na personificação dos seguintes elementos: a) Tia Tula, Justo e Getúlio. b) mormaço, clamor público, sereno. c) magro, arquejante, preto. d) colegas, jornalistas, presidentes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS e) vulto, chiru, crianças. 11. (FUVEST/2010/1ª fase) A caracterização ambivalente da “coletividade democrática” (L. 12-13), feita com humor pelo cronista, ocorre também na seguinte frase relativa à democracia: a) Meu ideal político é a democracia, para que todo homem seja respeitado como indivíduo, e nenhum, venerado (A. Einstein). b) A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais (W. Churchill). c) A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes (B. Shaw). d) É uma coisa santa a democracia praticada honestamente, regularmente, sinceramente (Machado de Assis). e) A democracia se estabelece quando os pobres, tendo vencido seus inimigos, massacram alguns, banem os outros e partilham igualmente com os restantes o governo e as magistraturas (Platão). 12. (FUVEST/2010/1ª fase) No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos” (L. 11 e 12) constitui a) recurso expressivo que produz incoerência, uma vez que não se usa o adjetivo “grande” no diminutivo. b) exemplo de linguagem regional, que se manifesta também em outras partes do texto, como na palavra “brandindo”. c) expressão de nonsense (linguagem surreal, ilógica), que, por sinal, ocorre também quando o autor afirma ouvir o M maiúsculo de “mormaço”. d) manifestação de humor irônico, o qual, aliás, corresponde ao tom predominante no texto. e) parte do sonho que está sendo narrado e que é revelado apenas no final do texto, principalmente no trecho “em meu entre dormir”. 13. (FUVEST/2008/1ª fase) A borboleta Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!” O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: – Ah!, sim, um lepidóptero... Mário Quintana, Caderno H. nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz. Depreende-se desse fragmento que, para Mário Quintana, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS a) a crítica de poesia é meticulosa e exata quando acolhe e valoriza uma imagem poética. b) uma imagem poética logo se converte, na visão de um crítico, em um referente prosaico. c) o leitor e o poeta relacionam-se de maneira antagônica com o fenômeno poético. d) o poeta e o crítico sabem reconhecer a poesia de uma expressão como “pedaço esvoaçante de vida”. e) palavras como “borboleta” ou “lepidóptero” mostram que há convergência entre as linguagens da ciência e da poesia. 14. (FUVEST/2007/1ª fase) DAS VÃS SUTILEZAS Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe trêsmedidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer tão nobre arte. É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si. Montaigne, Ensaios. O texto revela, em seu desenvolvimento, a seguinte estrutura: a) formulação de uma tese; ilustração dessa tese por meio de uma narrativa; reiteração e expansão da tese inicial. b) formulação de uma tese; refutação dessa tese por meio de uma narrativa; formulação de uma nova tese, inspirada pela narrativa. c) desenvolvimento de uma narrativa; formulação de tese inspirada nos fatos dessa narrativa; demonstração dessa tese. d) segmento narrativo introdutório; desenvolvimento da narrativa; formulação de uma hipótese inspirada nos fatos narrados. e) segmento dissertativo introdutório; desenvolvimento de uma descrição; rejeição da tese introdutória. 15. (ENEM IMPRESSO/2021) Introdução a Alda Dizem que ninguém mais a ama. Dizem que foi uma boa pessoa. Sua filha de doze anos não a visita nunca e talvez raramente se lembre dela. Puseram-na numa cidade triste de uniformes azuis e jalecos brancos, de onde não pôde mais sair. Lá, todos gritam-lhe irritados, mal se aproxima, ou lhe batem, como se faz com sacos de areia para treinar os músculos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Sei que para todos ele já não é, e ninguém lhe daria uma maçã cheirosa, bem vermelha. Mas não é verdade que alguém não a possa mais amar. Eu amo-a. Amo-a quando a vejo por trás das grades de um palácio, onde se refugiou princesa, chegada pelos caminhos da dor. Quando fora do reino sente o mundo de mil lanças, e selvagem prepara-se, posta no olhar. Amo-a quando criança brinca na areia sem medo. Uns pés descalços, uma mulher sem intenções. Cercada de mundo, às vezes sofrendo-o ainda. CANÇADO, M. L. O sofredor do ver. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. Ao descrever uma mulher internada em um hospital psiquiátrico, o narrador compõe um quadro que expressa sua percepção a) irônica quanto aos efeitos do abandono familiar. b) resignada em face dos métodos terapêuticos em vigor. c) alimentada pela imersão lírica no espaço da segregação. d) inspirada pelo universo pouco conhecido da mente humana. e) demarcada por uma linguagem alinhada à busca de lucidez. 16. (ENEM 2020/Reaplicação-PPL) Razão de ser Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê? LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2013. Ao abordar o próprio processo de criação, o poeta recorre a exemplificações com o propósito de representar a escrita como uma atividade que a) requer a criatividade do artista. b) dispensa explicações racionais. c) independe da curiosidade do leitor. d) pressupõe a observação da natureza. e) decorre da livre associação de imagens. 17. (ENEM 2020/Reaplicação-PPL) Epitáfio ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Devia ter amado mais Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais E até errado mais Ter feito o que eu queria fazer Queria ter aceitado As pessoas como elas são Cada um sabe a alegria E a dor que traz no coração [...] Devia ter complicado menos Trabalhado menos Ter visto o sol se pôr Devia ter me importado menos Com problemas pequenos Ter morrido de amor BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. Rio de Janeiro: Abril Music, 2001 (fragmento). O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a função social de homenagear os mortos. Nesse texto, a apropriação desse gênero no título da letra da canção cria o efeito de a) destacar a importância de uma pessoa falecida. b) expressar desejo de reversão de atitudes. c) registrar as características pessoais. d) homenagear as pessoas sepultadas. e) sugerir notações para lápides. 18. (UNESP/2022/1ª fase/2º dia) Para responder à próxima questão, leia o trecho inicial da crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em 1943. O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século, tinha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas muito finas. Vestia-se ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem da mesma forma – e chegou a mandar retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência do veredicto. Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta centímetros, exatos, apesar de barrocas¹ e degraus. A espinha não se curvava, embora descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na encadernação negra semelhante à do proprietário, empertigavam-se – e nenhum ousava deitar-se, inclinar-se, quebrar o alinhamento rigoroso. Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia-noite, fizesse frio ou calor, almoçava ao meio-dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava de seis em seis meses, pagava o aluguel da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas sentenças, linguagem arrevesada e arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares. Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas, e condenou o crime, infeliz consequência da paixão. Se atentássemos nas palavras emitidas por via oral, poderíamos afirmar que o Dr. França não pensava. Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com alguma frequência. Apenas o pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos pensamentos comuns. Operava, se não nos enganamos, deste modo: “considerando isto, considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda mais isto, considerando porém aquilo, concluo.” Tudo se formulava em obediência às regras – e era impossível qualquer desvio. Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, dividido em capítulos, títulos, artigos e parágrafos. E o que se distanciava desses parágrafos, artigos, títulos e capítulos não o comovia, porque Dr. França está livre dos tormentos da imaginação. (Graciliano Ramos. Viventes das Alagoas, 1976.) 1 barroca: monte de terra ou de barro. Na crônica, o Dr. França é caracterizado como a) irônico e arrogante. b) arrogante e dissimulado. c) introvertido e sarcástico. d) pedante e displicente. e) taciturno e metódico. 19. (UNESP/2020/1ª fase) Tal movimento distingue-se pela atenuação do sentimentalismo e da melancolia, a ausência quase completa de interesse político no contexto da obra (embora não na conduta) e (como os modelos franceses) pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico. O mito da pureza da língua, do casticismo vernacular abonado pela autoridade dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura brasileira e foi um critério de excelência. É possível mesmo perguntar se a visão luxuosa dos autores desse movimento não representava para as classes dominantes uma espécie de correlativo da prosperidade material e, para o comum dos leitores,uma miragem compensadora que dava conforto. (Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.) O texto refere-se ao movimento denominado a) Romantismo. b) Barroco. c) Parnasianismo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS d) Arcadismo. e) Realismo. 20. (UNESP/2016/1o semestre/1ª fase) Considere o poema do português Eugênio de Castro (1869-1944) para responder às próxima questão. MÃOS Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, o vosso gesto é como um balouçar de palma; o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso [gesto canta! Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, rolas à volta da negra torre da minh’alma. Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes, Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma, O vosso gesto é como um balouçar de palma, Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes... Mãos afiladas, mãos de insigne formosura, Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim, Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim, Duas velas à flor duma baía escura. Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas, Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos, Divinas mãos que me heis coroado de espinhos, Mas que depois me haveis coroado de rosas! Afilhadas do luar, mãos de rainha, Mãos que sois um perpétuo amanhecer, Alegrai, como dois netinhos, o viver Da minha alma, velha avó entrevadinha. (Obras poéticas, 1968.) Verifica-se certa liberdade métrica na construção do poema. Na primeira estrofe, tal liberdade comprova-se pela a) construção do hendecassílabo fora dos rígidos modelos clássicos. b) variedade do verso decassílabo e do verso alexandrino. c) presença de um verso com número menor de sílabas que os alexandrinos. d) desobediência aos padrões de pontuação tradicionais do decassílabo. e) presença de dois versos com número maior de sílabas que os alexandrinos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 21. (UNESP/2015/1o semestre/1ª fase) Para responder à próxima questão, leia o poema de Catulo da Paixão Cearense (1863-1946). O Azulão e os tico-ticos Do começo ao fim do dia, um belo Azulão cantava, e o pomar que atento ouvia o seus trilos de harmonia, cada vez mais se enflorava. Se um tico-tico e outras aves vaiavam sua canção... mais doce ainda se ouvia a flauta desse Azulão. Um papagaio, surpreso de ver o grande desprezo, do Azulão, que os desprezava, um dia em que ele cantava e um bando de tico-ticos numa algazarra o vaiava, lhe perguntou: “Azulão, olha, dize-me a razão por que, quando estás cantando e recebes uma vaia desses garotos joviais, tu continuas gorgeando e cada vez canta mais?!” Numas volatas sonoras, o Azulão lhe respondeu: “Caro Amigo! Eu prezo muito esta garganta sublime e esta voz maravilhosa... este dom que Deus me deu! Quando, há pouco, eu descantava, pensando não ser ouvido nestes matos por ninguém, um Sabiá*, que me escutava, num capoeirão, escondido, gritou de lá: — meu colega, bravos! Bravos... muito bem! Pergunto agora a você: quem foi um dia aplaudido pelo príncipe dos cantos de celestes harmonias, (irmão de Gonçalves Dias, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS um dos cantores mais ricos...) — que caso pode fazer das vaias dos tico-ticos?” *Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa está representado este Sabiá, pois foi a “Águia de Haia” um dos maiores admiradores de Catulo e prefaciador do seu livro “Poemas bravios”. (Poemas escolhidos, s/d.) Se, nos versos 32 e 33, as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas “sa-bi-á” e “ca-po-ei rão”, tais versos quebrariam o padrão e o ritmo dos demais, pois passariam a ser a) heptassílabos. b) octossílabos. c) eneassílabos. d) hexassílabos. e) decassílabos. 22. (UNESP/2014/1o semestre/1ª fase) Considere o poema de Raul de Leoni (1895-1926) para responder à próxima questão. A alma das cousas somos nós... Dentro do eterno giro universal Das cousas, tudo vai e volta à alma da gente, Mas, se nesse vaivém tudo parece igual Nada mais, na verdade, Nunca mais se repete exatamente... Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente Que no-las leva e traz, num círculo fatal; O que varia é o espírito que as sente Que é imperceptivelmente desigual, Que sempre as vive diferentemente, E, assim, a vida é sempre inédita, afinal... Estado de alma em fuga pelas horas, Tons esquivos e trêmulos, nuanças Suscetíveis, sutis, que fogem no Íris Da sensibilidade furta-cor... E a nossa alma é a expressão fugitiva das cousas E a vida somos nós, que sempre somos outros!... Homem inquieto e vão que não repousas! Para e escuta: Se as cousas têm espírito, nós somos Esse espírito efêmero das cousas, Volúvel e diverso, Variando, instante a instante, intimamente, E eternamente, Dentro da indiferença do Universo!... ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS (Luz mediterrânea, 1965.) Embora pareça constituído de versos livres modernistas, o poema em questão ainda segue a versificação medida, combinando versos de diferentes extensões, com predomínio dos de doze e dez sílabas métricas. Assinale a alternativa que indica, na primeira estrofe, pela ordem em que surgem, os versos de dez sílabas métricas, denominados decassílabos. a) 1 e 5. b) 3 e 4. c) 1, 2 e 3. d) 2 e 3. e) 1, 3 e 5. 23. (UNESP/2012/1o semestre/1ª fase) A próxima questão toma por base um poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810). 18 Não vês aquele velho respeitável, que à muleta encostado, apenas mal se move e mal se arrasta? Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, o tempo arrebatado, que o mesmo bronze gasta! Enrugaram-se as faces e perderam seus olhos a viveza: voltou-se o seu cabelo em branca neve; já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, nem tem uma beleza das belezas que teve. Assim também serei, minha Marília, daqui a poucos anos, que o ímpio tempo para todos corre. Os dentes cairão e os meus cabelos. Ah! sentirei os danos, que evita só quem morre. Mas sempre passarei uma velhice muito menos penosa. Não trarei a muleta carregada, descansarei o já vergado corpo na tua mão piedosa, na tua mão nevada. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS As frias tardes, em que negra nuvem os chuveiros não lance, irei contigo ao prado florescente: aqui me buscarás um sítio ameno, onde os membros descanse, e ao brando sol me aquente. Apenas me sentar, então, movendo os olhos por aquela vistosa parte, que ficar fronteira, apontando direi: — Ali falamos, ali, ó minha bela, te vi a vez primeira. Verterão os meus olhos duas fontes, nascidas de alegria; farão teus olhos ternos outro tanto; então darei, Marília, frios beijos na mão formosa e pia, que me limpar o pranto. Assim irá, Marília, docemente meu corpo suportando do tempo desumano a dura guerra. Contente morrerei, por ser Marília quem, sentida, chorando meus baços olhos cerra. (Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1982.) Assinale a alternativa que indica a ordem em que os versos de dez e de seis sílabas se sucedem nas oito estrofes do poema. a) 6, 10, 6, 6, 10, 10. b) 10, 6, 10, 10, 6, 6. c) 10, 10, 6, 10, 6, 6. d) 10, 6, 10, 6, 10, 6. e) 6, 10, 6, 10, 6, 6. 24. (UNICAMP/2022/1ª fase) Na ribeira do Eufrates assentado, Discorrendo me achei pela memória Aquele breve bem, aquela glória, Que em ti, doce Sião, tinha passado. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Da causa de meus males perguntado Me foi: Como não cantas a história De teu passado bem e da vitória Que semprede teu mal hás alcançado? Não sabes, que a quem canta se lhe esquece O mal, inda que grave e rigoroso? Canta, pois, e não chores dessa sorte. Respondi com suspiros: Quando cresce A muita saudade, o piedoso Remédio é não cantar senão a morte. (Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113). Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o poema retoma o dito popular a) “longe dos olhos, perto do coração”. b) “mais vale cantar mal que chorar bem”. c) “a cada canto seu Espírito Santo”. d) “quem canta seus males espanta”. 25. (UNICAMP/2020/1ª fase) O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de Arnaldo Antunes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de criação poética. É correto dizer que o autor se propõe a a) revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita das palavras. b) discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia” um substantivo. c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto. d) explorar o poder de representação da interjeição exclamativa “psiu!”. 26. (UNEMAT/2018) Texto 01 O tempo é O tempo é qualquer coisa que ninguém toma nas mãos e beija no mesmo instante (ou um instante depois). PERSONA, Lucinda Nogueira. Entre uma noite e outra. Cuiabá, MT: Entrelinhas, 2014. p. 33. A persistência da memória. Salvador Dali. Disponível em: noticias.universia.com/destaques/noticias/2012/01/07/903289/conhecaa-persistencia-da-memoria- salvador-dali.html Acesso em: fev. 2018. Comparando o que aborda o poema O tempo é, da poetisa Lucinda Nogueira Persona, e os sentidos presentes na tela A persistência da memória, do artista plástico Salvador Dali, assinale a alternativa correta. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS a) O poema traz uma definição clara e fixa sobre o tempo, contrariando o que aborda a tela, pois esta ao trazer relógios em estado de deformação, sugere que o tempo é algo que se modifica permanentemente. b) O poema traz elementos que nos permitem fazer reflexões sobre o tempo, enquanto a presença dos relógios na tela aborda o seu valor estético. c) A tela de Salvador Dali traz, sobretudo nos relógios, elementos que nos permitem fazer reflexões sobre a guerra, enquanto o poema diz da fixidez do tempo. d) Os dois textos trazem linguagens diferentes em suas composições, por este motivo não é possível correlacioná-los estilisticamente e fazer qualquer leitura comparativa entre eles. e) Ambos os textos fazem uma discussão sobre a efemeridade e a fugacidade do tempo. 27. (UEG/2020-Medicina) Leia o poema a seguir para responder às próximas duas questões. Ergue-se Marco Antônio de repente... Ouve-se um grito estrídulo, que soa O silêncio cortando, e longamente Pelo deserto acampamento ecoa. O olhar em fogo, os carregados traços Do rosto em contração, alto e direito O vulto enorme, – no ar levanta os braços, E nos braços aperta o próprio peito. Olha em torno e desvaira. Ergue a cortina, A vista alonga pela noite afora... Nada vê. Longe, à porta purpurina Do Oriente em chamas, vem raiando a aurora. E a noite foge. Em todo o firmamento Vão se fechando os olhos das estrelas: Só perturba a mudez do acampamento O passo regular das sentinelas. BILAC, Olavo. O sonho de Marco Antônio – parte III. In: Melhores poemas de Olavo Bilac. 4. ed. Global, 2003. p. 37. Quanto à forma, o fragmento citado apresenta versos a) irregulares e dodecassílabos b) assimétricos e alexandrinos c) regulares e decassílabos d) polimétricos e eneassílabos e) brancos e hendecassílabos ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 28. (UEG/2020-Medicina) Embora pertença ao gênero lírico, o excerto poético apresentado comporta características do gênero a) dramático, tendo em vista que o eu-lírico lança mão de uma estrutura dialógica para construir uma interação com os leitores. b) trágico, já que a personagem retratada realiza ações grandiosas e heroicas. c) cômico, pois o eu-lírico lança mão de um humor sutil para sensibilizar os leitores. d) narrativo, uma vez que o sujeito poético faz um relato de parte do que acontece em um acampamento militar durante a noite. e) descritivo, porque se notam descrições das personagens e da paisagem que as circunda. 29. (UEG/2020-Medicina) Em termos de conteúdo, o excerto poético apresentado é configurado por uma referência a elementos a) metapoéticos. b) nostálgicos. c) históricos. d) filosóficos. e) metafísicos. 30. (UEG/2018) Observe a imagem e leia o poema a seguir para responder à(s) questão(ões). A leitura, tanto da imagem quanto do poema apresentados, metaforiza o caráter a) recorrente da existência humana. b) efêmero das paixões humanas. c) linear de tudo que compõe a vida. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS d) duradouro das coisas e da vida. e) moroso dos entusiasmos existenciais. 31. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) Retrato Cecília Meireles Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face? Os versos acima são de autoria da escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964). O poema traça uma espécie de autorretrato, enfocando principalmente a questão da a) transitoriedade da vida. b) alegria de viver. c) partilha de pequenos momentos. d) felicidade de envelhecer. 32. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) O poema Retrato utiliza uma imagem poética recorrente nas poesias de Cecília Meireles: o espelho. Essa imagem está atrelada a questões existencialistas que, neste poema, são a) o bem e o mal. b) a fraqueza e a força. c) a vida e a morte. d) a juventude e a velhice. 33. (UECE/2018/1º semestre/1ª fase) Retrato do artista quando coisa ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS A maior riqueza do homem é sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito. Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai. Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas. BARROS, Manoel. O retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998. Levando em conta as relações de sentido presentes no texto de Manoel de Barros acima, é correto afirmar que o conteúdo temático geral do poema se estabelece na seguinte oposição semântica: a) humanização versus coisificação. b) riqueza versus pobreza. c) ação versus inércia. d) grandeza versus pequenez. 34. (UERJ/2021) Morro velho No sertão da minha terra, fazenda é o camarada que ao chão se deu. Fez a obrigação com força, parece até que tudo aquilo ali é seu. 5Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer. Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada. Filho do branco e do preto, correndo pela estrada atrás de passarinho. 10 Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos, sempre pequeninos. Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS dá pro fundo ver. Orgulhoso camarada conta histórias pra moçada. 15 Filhodo sinhô vai embora, tempo de estudos na cidade grande. Parte, tem os olhos tristes, deixando o companheiro na estação distante. “Não me esqueça, amigo, eu vou voltar.” 20 Some longe o trenzinho ao deus-dará. Quando volta já é outro, trouxe até sinhá-mocinha para apresentar. Linda como a luz da lua que em lugar nenhum rebrilha como lá. 25Já tem nome de doutor e agora na fazenda é quem vai mandar. E seu velho camarada já não brinca, mas trabalha. MILTON NASCIMENTO Adaptado de miltonnascimento.com.br. fazenda é o camarada que ao chão se deu. (l. 2) No verso da canção de Milton Nascimento, o poeta apresenta uma definição da palavra “fazenda”. Com base na primeira estrofe, essa definição destaca o seguinte elemento do contexto descrito: a) riqueza da propriedade b) expectativa de liberdade c) dedicação do trabalhador d) necessidade de autonomia 35. (UERJ/2020) PARA COMEÇAR Desejou ter a beleza de uma árvore frondosa tatuada nas costas, copa espraiada sobre os ombros. Temendo, porém, o longo sofrimento imposto pelas agulhas, mandou tatuar na base da coluna, bem na base, a mínima semente. Observe a imagem abaixo, que reproduz o quadro de René Magritte chamado “A Clarividência”. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS arteeblog.com O par “semente-árvore” do conto pode ser comparado ao par “ovo-ave” do quadro, devido a uma mesma relação existente entre os elementos de cada par. Essa relação expressa, no contexto das duas obras, a ideia de: a) simultaneidade b) possibilidade c) instabilidade d) uniformidade 36. (FAMECA/2013) Leia o poema “Ela canta, pobre ceifeira” do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) para responder à próxima questão. Ela canta, pobre ceifeira*, Julgando-se feliz talvez; Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia De alegre e anônima viuvez, Ondula como um canto de ar limpo como um limiar, E há curvas no enredo suave Do som que ela tem a cantar. Ouvi-la alegra e entristece, Na sua voz há o campo e a lida, E canta como se tivesse Mais razões p’ra cantar que a vida. Ah, canta, canta sem razão! O que em mim sente ’stá pensando. Derrama no meu coração A tua incerta voz ondeando! Ah, poder ser tu, sendo eu! ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Ter a tua alegre inconsciência, E a consciência disso! Ó céu! Ó campo! Ó canção! A ciência Pesa tanto e a vida é tão breve! Entrai por mim dentro! Tornai Minha alma a vossa sombra leve! Depois, levando-me, passai! (Fernando Pessoa. Obra poética, 1995.) *Ceifeira: mulher que trabalha no corte de cereais, utilizando foice ou outro instrumento apropriado. Todas as seis quadras do poema de Fernando Pessoa são compostas por versos _____ e obedecem ao esquema de rimas _____. As lacunas do texto são, correta e respectivamente, preenchidas por a) decassílabos – ABBA. b) octossílabos – ABBA. c) dodecassílabos – ABAB. d) decassílabos – ABAB. e) octossílabos – ABAB. 37. (FAMECA/2017) Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade para responder às próximas duas questões. Papel E tudo que eu pensei e tudo que eu falei e tudo que me contaram era papel. E tudo que descobri amei detestei: papel. Papel quanto havia em mim e nos outros, papel de jornal de parede de embrulho papel de papel papelão. (As impurezas do branco, 2012.) Quanto aos aspectos formais, o poema caracteriza-se pelo emprego de a) rimas raras. b) métrica irregular. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS c) versos decassílabos. d) rimas alternadas. e) linguagem rebuscada. 38. (UEA/2019) Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder às próximas duas questões. Nada nas mãos nem na cabeça, nada no estômago além da sensação vazia de haver ultrapassado toda sensação. É em estado assim que se descobre a verdade, que se cometem os grandes crimes, os gestos mais sublimes, ou então não se faz nada. É como as cobras. As mais silenciosas, de corpo mais esguio, de cor esmaecida, destilam o veneno mais perfeito. Assim também os poemas. Os mais contidos e lisos, os que menos coisa dizem, destilam o veneno mais perfeito. (Mínima lírica, 2013.) No trecho “que se descobre a verdade, / que se cometem os grandes crimes, os gestos / mais sublimes”, o eu lírico enumera a) eventos extremos que ocorrem durante o estado de vazio descrito na primeira estrofe. b) acontecimentos catastróficos que sucedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe. c) fatos impensáveis que causam o estado de vazio descrito na primeira estrofe. d) ações inconscientes que resultam do estado de vazio descrito na primeira estrofe. e) processos raros que precedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 39. (UEA/2019) Segundo as duas últimas estrofes, a) os melhores poemas são mais produto de inspiração do que de trabalho. b) o valor de um poema é medido pelos efeitos negativos que produz. c) os poemas mais inofensivos são os que parecem mais perigosos. d) a poesia é a arte de transformar algo discreto em algo significativo. e) os poemas mais discretos produzem os efeitos mais contundentes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 40. (UEA/2018) Nos anos em que atuaram estes escritores, a poesia brasileira percorreu os meandros do extremo subjetivismo, à Byron e à Musset. Alguns poetas adolescentes, mortos antes de tocarem a plena juventude, darão exemplo de toda uma temática emotiva de amor e morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio. (Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 2006. Adaptado.) O texto refere-se a) à segunda geração do Romantismo. b) ao Barroco. c) ao Arcadismo. d) à primeira geração do Modernismo. e) ao Condoreirismo. 41. (UEA/2014) Tapuia As florestas ergueram braços peludos para esconder-te com ciúmes do sol. E a tua carne triste se desabotoa nos seios, recém-chegados do fundo das selvas. Pararam no teu olhar as noites da Amazônia, mornas e imensas. No teu corpo longo ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro. O mato acorda no teu sangue sonhos de tribos desaparecidas – filha de raças anônimas que se misturaram em grandes adultérios! E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, que teus antepassados te deixaram de herança. O vento desarruma os teus cabelos soltos e modela um vestido na intimidade do teu corpo exato. À noite o rio te chama e então te entregas à água preguiçosamente, como uma flor selvagem ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS ante a curiosidade das estrelas. (Raul Bopp apud Mário da Silva Brito. “Tapuia”. In: Poesia do Modernismo, 1968.) No verso "E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio", a ideia expressa pelo verbo destacado está de acordo com a seguinte afirmação: a) Os indígenas erram ainda hoje, quando confiam nas promessas do homem branco. b) Explorados e expulsos de suas terras, os indígenas vagueiam pelas florestas que sobraram. c) Em função dos sucessivos ataques do homem branco, os indígenas lamentam os erros cometidos. d) Ao caminhar pelas margens do rio, os indígenas já não têm o senso de direção de seus antepassados. e) Remanescentes de tribos dizimadas, os indígenas continuam sofrendo pelos erros dos brancos. 42. (UEA/2014) A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro, em vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos. Essa figura ocorre no verso: a) que se misturaram em grandes adultérios! b) O vento desarruma os teus cabelos soltos c) As florestas ergueram braços peludospara esconder-te d) e então te entregas à água preguiçosamente, e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, 43. (UEA/2013) Leia o texto a seguir para responder às próximas duas questões. Não sei que jornal, há algum tempo, noticiou que a polícia ia tomar sob a sua proteção as crianças que aí vivem, às dezenas, exploradas por meia dúzia de bandidos. Quando li a notícia, rejubilei. Porque, há longo tempo, desde que comecei a escrever, venho repisando este assunto, pedindo piedade para essas crianças e cadeia para esses patifes. Mas os dias correram. As providências anunciadas não vieram. Parece que a piedade policial não se estende às crianças, e que a cadeia não foi feita para dar agasalho aos que prostituem corpos de sete a oito anos… E a cidade, à noite, continua a encher-se de bandos de meninas, que vagam de teatro em teatro e de hotel em hotel, vendendo flores e aprendendo a vender beijos. Anteontem, por horas mortas, quando saía de um teatro na rua central da cidade, vi sentada uma menina, a uma soleira de porta. Ao lado, a sua cesta de flores murchas estava atirada sobre a calçada. Pediu-me dez tostões, chorando... Só conseguira obter, ao cabo de toda uma tarde de caminhadas e de pena, esses dez tostões — perdidos ou furtados. E pelos seus olhos molhados passava o terror das bordoadas que a esperavam em casa… ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, sumir-se, dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma. Ora — nestes tempos singulares em que a gente já se habituou a ouvir sem espanto coisas capazes de horrorizar a alma de Deiber —, é possível que alguém, encolhendo os ombros diante disto, me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças que vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam para casa uma certa e determinada quantia. Tenho tudo, amigos meus! Não penseis que me iluda sobre a eficácia das providências que possa a polícia tomar, a fim de salvar das pancadas o corpo e da devassidão a alma de qualquer dessas meninas. Bem sei que, enquanto o mundo for mundo e enquanto houver meninas — proteja-as ou não as proteja a polícia —, haverá pais que as esbordoem, mães que as vendam, cadelas que as industriem, cães que as deflorem! (Olavo Bilac [Gazeta de Notícias, 14.08.1894]. www.consciencia.org. Adaptado.) Olavo Bilac, autor da crônica, é bastante conhecido no contexto da literatura brasileira como poeta do a) Romantismo, período do império da razão. b) Parnasianismo, escola literária que buscava a perfeição formal. c) Arcadismo, que aprofundou as características do Barroco. d) Modernismo, responsável pela volta dos valores clássicos. e) Simbolismo, estilo marcado pela experimentação. 44. (UEA/2013) De acordo com o texto, é correto afirmar que a) o narrador leu a notícia sobre as providências da polícia no jornal em que trabalha. b) a menina contou ao cronista que não conseguira vender nenhuma flor naquele dia. c) a cadeia do Rio de Janeiro, segundo depoimentos de testemunhas, não recebe aproveitadores de meninas. d) vários leitores perguntaram ao cronista por que ele se envolvia com um assunto desses. e) o narrador ficou muito tempo a olhar o vulto da menina que se perdia na escuridão da noite. 45. (UEMA/2020) O Último Poema encerra o livro Libertinagem, de Manuel Bandeira. O Último Poema Assim eu quereria o meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem explicação. BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013 O poema estabelece pelo título e pela posição que ocupa um valor metapoético, uma vez que o eu lírico a) transporta para a poesia a beleza da simplicidade. b) explicita seu dilema existencial. c) revela dramaticamente seus medos mais íntimos e secretos. d) incorpora na poesia o academicismo parnasiano. e) expressa em versos seu desejo poético. 46. (UFPR/2020) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa: Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva- de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões. – Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!... É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão. (GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.) O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada. a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta de Deus. b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza. c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região. d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto a condição humana. e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da valentia. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 47. (UFU/2016) Texto I Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável. Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois, sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu fraco o último fôlego. KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78. Texto II Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto do corpo como luzes. A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu. LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina.Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 37-38. Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e do conto “O grande passeio” têm em comum a a) a incapacidade de decisão ante as instabilidades sociais. b) o isolamento social devido ao descaso dos familiares. c) o devaneio filosófico a respeito dos fenômenos da natureza. d) a passividade diante das vicissitudes do curso da vida. 48. (UNCISAL/2017) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS A poesia de Augusto de Campos, conforme se pode ver no exemplo acima, propõe uma revisão nas estruturas tradicionais das artes poéticas. Isso quer dizer que esse formato proposto a) valoriza a métrica e a rima. b) abdica das interações com as diversas formas de artes visuais. c) valoriza o sentido hermético da poesia sem pluralidade semântica. d) expande-se para além da retórica pela valorização das múltiplas formas e sentidos. e) considera como material poético a ditadura retórica da palavra em seus vários desdobramentos. 49. (UNCISAL/2016) ANTUNES, Arnaldo. Rio: o ir. Disponível em:<http://www.arnaldoantunes.com.br/new/index.php?page=32>. Acesso em: 6 nov. 2015. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS O texto acima, um poema de Arnaldo Antunes, inscreve-se numa tradição de procedimentos poéticos também recuperáveis no a) Naturalismo, uma vez que o poema faz uso de recurso visual que se assemelha a uma rosa, o que remete à natureza. b) Arcadismo, uma vez que é perceptível que o poema se estrutura em torno da palavra “rio”, o que remete a uma supervalorização deste elemento natural. c) Concretismo, uma vez que o poema investe na materialidade visual da palavra, explorando um arranjo geométrico que, com poucos recursos, provoca diversas leituras e compreensões. d) Modernismo, uma vez que se percebe a estruturação do poema em torno da flexão de primeira pessoa do verbo “rir”, o que recupera o humor característico dos poetas modernistas. e) Parnasianismo, uma vez que a forma do poema se assemelha à de uma pedra preciosa, o que metaforiza a aproximação que os parnasianos estabelecem entre o fazer poético e o trabalho do ourives. 50. (UNITINS/2016.2) Leia o texto para responder à questão a seguir. “Movimento artístico e filosófico que surge com o conflito entre a Reforma Protestante e a Contra Reforma. Seu objetivo era propagar a religião por meio de uma arte de impacto, sinuosa, enfeitada ao extremo. Arte altamente contraditória.” (Disponível em: <http://questoesdevestibularnanet.blogspot.com.br/2013/09/caracteristicas-e representantes-do.html>. Acesso em: 4 nov. 2015) O texto se refere a uma escola literária brasileira, denominada ________, que tem as seguintes características _____________. a) Arcadismo – regido pelas filosofias do cultismo e do conceptismo. Cultismo é o jogo de palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas. Conceptismo são os jogos de raciocínio e de retórica que visam a melhor explicar o conflito dos opostos. b) Realismo – tem por temática assuntos que tratam da exaltação da beleza natural e consideram a existência humana como constante e paulatino morrer. c) Modernismo – expressa conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o prazer pagão e a fé religiosa; há detalhismo e rebuscamento, ou seja, extravagância e exagero nos detalhes. d) Barroco – linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo; uso de muitos recursos estilísticos, como figuras de linguagem, hipérboles, metáforas, antíteses e paradoxos, para melhor expressar a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna. e) Naturalismo – homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no céu; há contradição de sentimentos, em que é comum a ideia de opostos: bem X mal, pecado X perdão, homem X Deus. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 8.1GABARITO 1) C 2) C 3) D 4) D 5) D 6) C 7) E 8) B 9) C 10) B 11) B 12) D 13) B 14) A 15) C 16) B 17) B 18) E 19) C 20) E 21) B 22) A 23) B 24) D 25) C 26) E 27) C 28) D 29) C 30) A 31) A 32) D 33) A 34) C 35) B 36) E 37) B 38) E 39) D 40) A 41) A 42) C 43) B 44) E 45) E 46) D 47) D 48) D 49) C 50) D ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 97 9. QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 01. (FUVEST/2021/1ª fase) Alferes, Ouro Preto em sombras Espera pelo batizado, Ainda que tarde sobre a morte do sonhador Ainda que tarde sobre as bocas do traidor. Raios de sol brilharão nos sinos: Dez vias dar; Ai Marília, as liras e o amor Não posso mais sufocar E a minha voz irá Pra muito além do desterro e do sal, Maior que a voz do rei. Aldir Blanc e João Bosco, trechos da música "Alferes", de 1973. A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas. b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes. c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditatura militar. d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas. e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Mais informações sobre canção de protesto serão encontradas na aula 07. Alternativa A: incorreta. Em certo sentido, as opiniões expressas na música aderem a ligas engajadas, e não resistem a elas. Uso de verbos conjugados no futuro como "brilharão" e "irá" representam esperança num futuro melhor. Alternativa B: incorreta. Não minimizou essa importância. Pelo contrário. Tiradentes foi heroicizado e é considerado um mártir, pois no período da Inconfidência Mineira (1789-1792) ele foi perseguido, morto e esquartejado. Alternativa C: correta – gabarito. A dica central para entender o contexto histórico de produção desse poema era analisar sua fonte, presente no rodapé. Lá é dito que a música é de 1973, ano em que o Brasil passava pelo período da ditadura militar. Nesse sentido, as mesmas figuras do século XVIII utilizadas na obra de Cecília Meireles, como o Alferes Tiradentes e Marília de Dirceu, são usadas no poema acima; porém, ressignificadas. Se o comando pede uma alternativa que representa um discurso de resistência, trata-se de resistir contra a ditadura, expressão do autoritarismo e da repressão. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 98 *Alferes é uma patente militar. Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) era uma figura histórica. Na vida civil, foi dentista; porém, na carreira militar foi alferes. Por isso é constantemente referido assim, até para aludir ao seu papel de contribuição cívica. *Marília é a musa do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), que nomeia a obra Marília de Dirceu (1792). Maria Joaquina Dorotéia de Seixas (1767-1853) foi cantada em versos sob o nome de Marília (breve corruptela de seu nome, como se fosse um diminutivo carinhoso), pelo noivo Tomás Antônio Gonzaga, o qual se chamava poeticamente de Dirceu. Embora em sua obra lírica ela seja pintada como utopia, foi uma figura real. Alternativa D: incorreta. Muito embora o poema utilize tematicamente figuras árcades, não resiste a elas. Pelo contrário, costuma usá-las como exemplos. Nem todos os árcades escreveram apenas lírica amorosa. Tomás Antônio Gonzaga, por exemplo, escreveulírica satírica, como é o caso de Cartas chilenas Alternativa E: incorreta. Não era contra Portugal que se protestava na época da ditatura militar, mas sim contra a forma opressiva de poder que tinha se instalado no sistema. Gabarito: C. 02. (FUVEST/2021/1ª fase) A psicanálise do açúcar O açúcar cristal, ou açúcar de usina, mostra a mais instável das brancuras: quem do Recife sabe direito o quanto, e o pouco desse quanto, que ela dura. Sabe o mínimo do pouco que o cristal se estabiliza cristal sobre o açúcar, por cima do fundo antigo, de mascavo, do mascavo barrento que se incuba; e sabe que tudo pode romper o mínimo em que o cristal é capaz de censura: pois o tal fundo mascavo logo aflora quer inverno ou verão mele o açúcar. Se os banguês* que-ainda purgam ainda o açúcar bruto com barro, de mistura; a usina já não o purga: da infância, não só depois de adulto, ela o educa; em enfermarias, com vácuos e turbinas, em mãos de metal de gente indústria, a usina o leva a sublimar em cristal o pardo do xarope: não o purga, cura. Mas como a cana se cria ainda hoje, em mãos de barro de gente agricultura, o barrento da pré-infância logo aflora quer inverno ou verão mele o açúcar. *banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal. João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 99 Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos entre a usina e o banguê, pois a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo. b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada. c) revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural. d) denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos. e) explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar. Comentários Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de autores e obras do cânone. Alternativa A: incorreta. Não é a diferença química que está sendo discutida no texto, mas sim a diferença histórica: a usina representa as fábricas modernas, ou seja, o sujeito moderno e a sua tendência à mecanização dos processos humanos e econômicos, ao passo que o banguê, como indica a nota de rodapé no glossário, é uma forma primitiva de engenho do açúcar. Alternativa B: incorreta. Não é o tipo de cana cultivada o tema central desse poema. Alternativa C: correta – gabarito. A diferença central apontada ao longo do processo histórico na transposição do engenho de banguê para a usina é o tipo de força utilizada: antigamente, utilizava-se força animal e na usina utiliza-se força humana, o que se depreende a partir do termo "mãos de barro". Estas mãos só podem ser humanas, porque não são patas. Alternativa D: incorreta. Não necessariamente: a alusão à pré-infância no poema tem outro sentido, como já explicado. Se o trabalho é infantil ou não, isso não se sabe: trata-se de informação extratextual. Alternativa E: incorreta. Cuidado com os absolutismos, como é o caso do uso da expressão "qualquer processo". Gabarito: C. 03. (FUVEST/2021/1ª fase) Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar que o tom era amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era um romance. Eu tentava convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria saber já era conhecido. E ele me perguntava: "Então, por que você quer saber, se já sabe?" Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na verdade só queria me intimidar. As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não sabia se o idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: "O que você quer com o passado?". Repetia. E, diante da sua insistência bovina tive de me render à evidência de que eu não sabia responder à sua pergunta. Bernardo Carvalho, Nove noites. Adaptado. Sem prejuízo de sentido e fazendo as adaptações necessárias, é possível substituir as expressões em destaque no texto, respectivamente, por a) incompreensão; armação; inofensivo; irredutível. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 100 b) altivez; brincadeira; ofendido; mansa. c) ignorância; mentira; prejudicado; alienada. d) complacência; invenção; bobo; cega. e) arrogância; entretenimento; incapaz; animalesca. Comentários Questão de interpretação de texto literário/semântica. Para resolver a questão, bastava considerar a primeira palavra. O narrador, ao falar em paternalismo, dava a entender que se dirigia a Leusipo como um pai se dirige ao filho. O problema é que a banca escolheu como sinônimo de “paternalismo” a palavra “complacência”, que significa “gentileza”; palavra que nem todos conhecem. Alternativa A: incorreta. “Paternalismo” não poderia ser sinônimo de “incompreensão”, aliás, no texto, poderia ser substituído por “com compreensão”; forçando um pouco o significado, seria possível trocar “historinha” por “armação”; “fazia-se de desentendido” significa que ele fingia não estar entendendo, algo bem diferente de “inofensivo”; e o “bovino” refere-se a alguém que não se dispõem a compreender. Alternativa B: incorreta. O traço mais característico de um pai não é a “altivez”; “brincadeira” poderia substituir “historinha”; “fazer-se de desentendido” refere-se ao fingimento e à irritação provocada por uma ofensa; “mansa” poderia substituir “bovina”. Alternativa C: incorreta. Um pai não é considerado pelo senso comum como sendo ignorante; “mentira” poderia substituir “ historinha”; “prejudicado” não dá o sentido de alguém que finge que entendeu; até certo ponto, “bovina” poderia ser substituída por “alienada”. Alternativa D: correta – gabarito. Um pai deve ser conhecido por sua gentileza, ou seja, pela sua “complacência”; o uso do diminuitivo de história dá a entender que se trata de algo inventado; o “fazia- se de desentendido”, que se refere ao fingimento, pode ser trocado por “fazia-se de bobo”, sem problemas; e o termo “cega” não é tão apropriado para substituição, mas não alteraria substancialmente o sentido do texto, ressaltaria a teimosia de Leusipo. Alternativa E: incorreta. O “paternalismo” não tem como principal característica a “arrogância”; “historinha” dificilmente poderia ser substituída por “entretenimento”; no texto, não se discute se o rapaz era capaz ou não, portanto, “fazia-se de incapaz” não teria sentido; “bovina” até poderia ser “animalesca”, mas daí o texto teria uma conotação hiperbólica. Gabarito: D. 04. (FUVEST/2020/1ª fase) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES amora a palavra amora seria talvez menos doce e um pouco menos vermelha se não trouxesse em seu corpo (como um velado esplendor) a memória da palavra amor a palavra amargo seria talvez mais doce e um pouco menos acerba se não trouxesse em seu corpo (como uma sombra a espreitar) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 101 a memória da palavra amar Marco Catalão, Sob a face neutra. É correto afirmar que o poema a) aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna o ser humano menos amargo e sombrio. b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem expresso pela repetição da palavra “talvez”. c) apresenta natureza romântica, sendo as palavras “amora” e “amargo” metáforas do sentimento amoroso. d) possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada entre os termos “amor” e “amar”. e) ressalta os significadosdas palavras tal como se verificam no seu uso mais corrente. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Mais informações sobre a poesia contemporânea serão encontradas na aula 07. Alternativa A: incorreta. O tema principal do poema não é memória, é o amor. Alternativa B: incorreta. O eu lírico não hesita diante da palavra, hesita diante dos efeitos sensoriais evocados pelas palavras. Alternativa C: incorreta. O poema manifesta uma perspectiva não-romântica, pois não idealiza o amor. Na primeira estrofe, o poeta fala da doçura do amor, enquanto, na segunda estrofe, destaca a amargura do amor. Alternativa D: correta – gabarito. Há reiterações sonoras: a palavra “amora” contém “amor” e a palavra “amargo” contém o verbo “amar”. O amor da primeira estrofe é doce, a ação de amar da segunda estrofe é amarga. São opostos. O poema, implicitamente, defende a tese de que o amor como ideia é perfeito, mas no cotidiano, quando passa a ser ação, ele é amargo. Alternativa E: incorreta. As determinações atribuídas às palavras amor e a “amargo” são ressignificadas. Gabarito: D. 05. (FUVEST/2020/1ª fase) Tal como se lê no poema, a) a palavra “amora” é substantivo, e “amargo”, adjetivo. b) o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra “amargo”. c) o substantivo “corpo” apresenta sentido denotativo. d) o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra “amora”. e) o verbo “amar” e o substantivo “amor” são intercambiáveis. Comentários Questão de interpretação de texto literário/Gramática aplicada à Literatura. Alternativa A: incorreta. A palavra “amora” é realmente um substantivo, mesmo no poema, nomeia uma fruta. A palavra “amargo” no texto não é adjetivo, se fosse, ela teria que se flexionar, deveria ser “amarga” para acompanhar o substantivo “palavra”. Além disso, no poema, o “amargo” tem corpo, ou seja, a palavra foi elevada a substantivo (derivação imprópria) e passou a ser o núcleo da personificação. Alternativa B: incorreta. O texto diz que a palavra “amargo” seria mais doce se não fosse a “palavra amar”, ou seja, o verbo enfatiza o amargor da palavra. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 102 Alternativa C: incorreta. O “corpo” está relacionado ou a “amora” ou a “amargo”, tais elementos não têm corpo no sentido literal. Alternativa D: correta – gabarito. Ao dizer que “palavra amora” talvez fosse “menos doce” se não fosse a “palavra amor”, o eu lírico dá a entender que houve intensificação da doçura. Alternativa "e" está incorreta. O “amor” se refere ao sentimento, que é doce; “amar” se refere à ação, à efetivação do amor, que é algo amargo. Gabarito: D. 06. (FUVEST/2020/1ª fase) Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara se convenceram de que ela estava morta, menos eu. Se eu pudesse não deixaria enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a vovó, mas ela disse que não se pode fazer assim. Bela estava igualzinha à que ela era no dia em que chegou da Formação, só um pouquinho mais magra. Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar do corpo. Eu perguntei a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o menor sofrimento, sem ela fazer uma caretinha que fosse?”. Vovó disse que tudo isso é mistério, que nunca a gente pode saber essas coisas com certeza. Uns sofrem muito quando a alma se despega do corpo, outros morrem de repente sem sofrer. Helena Morley, Minha Vida de Menina. Perguntas Numa incerta hora fria perguntei ao fantasma que força nos prendia, ele a mim, que presumo estar livre de tudo eu a ele, gasoso, (...) No voo que desfere silente e melancólico, rumo da eternidade, ele apenas responde (se acaso é responder a mistérios, somar‐lhes um mistério mais alto): Amar, depois de perder. Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma. As perguntas da menina e do poeta versam sobre a morte. É correto afirmar que a) ambos guardam uma dimensão transcendente e católica, de origem mineira. b) ambos ouvem respostas que lhes esclarecem em definitivo as dúvidas existenciais. c) a menina mostra curiosidade acerca da morte como episódio e o poeta especula o sentido filosófico da morte. d) a menina está inquieta por conhecer o destino das almas, enquanto o poeta critica o ceticismo. e) as duas respostas reforçam os mistérios da vida ao acolherem crenças populares. Comentários ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 103 Questão de interpretação de texto literário/literatura comparada. Alternativa A: incorreta. Helena veio de uma família protestante, mas a sua religião é católica, frequentando bastante as missas, os cultos e as festas religiosas. Helena não aceita passivamente a religião católica, mas sim demonstra senso crítico em relação a ela. Certa vez ela questiona, por exemplo, por que as crianças precisavam rezar um tempão pela alma de pessoas mortas que elas sequer conheciam. Já a lírica de Drummond não tem dimensão religiosa, embora algumas vezes se valha de algumas metáforas religiosas, como Babilônia. Há inclusive um poema chamado “Morro de Babilônia”, mas que está em outro livro, Sentimento de mundo (1940). Alternativa B: incorreta. Nenhum deles recebe resposta totalmente satisfatória; a avó de Helena dá uma resposta voltada para a sabedoria popular, aspecto que inclusive marca bastante o diário. No poema de Drummond, por sua vez, há os versos “ele apenas responde /(se acaso é responder (...)”, o que gera hipótese quanto a essa resposta. Alternativa C: correta – gabarito. Enquanto pré-adolescente de espírito e personalidade em formação, ela demonstra a sua curiosidade. Já o eu lírico de Drummond é mais calejado na vida; já conhecendo a morte, sua dúvida em relação a ela é mais metafísica, filosófica. Alternativa D: incorreta. Segundo o dicionário Houaiss, ceticismo significa doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa ou absoluta do real. A primeira parte da alternativa até pode estar certa, mas de acordo com essa concepção, o poeta não critica o ceticismo. Alternativa E: incorreta. Cuidado: apenas no diário de Helena verifica-se a presença de crenças populares. Gabarito: C. 07. (FUVEST/2017/1ª fase) Considere as imagens e o texto, para responder à próxima questão. II / São Francisco de Assis* Senhor, não mereço isto. Não creio em vós para vos amar. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 104 Trouxestes-me a São Francisco e me fazeis vosso escravo. Não entrarei, senhor, no templo, seu frontispício me basta. Vossas flores e querubins são matéria de muito amar. Dai-me, senhor, a só beleza destes ornatos. E não a alma. Pressente-se dor de homem, paralela à das cinco chagas. Mas entro e, senhor, me perco na rósea nave triunfal. Por que tanto baixar o céu? por que esta nova cilada? Senhor, os púlpitos mudos entretanto me sorriem. Mais que vossa igreja, esta sabe a voz de me embalar. Perdão, senhor, por não amarvos. Carlos Drummond de Andrade *O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012. Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob a estética do Barroco: I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo que o público não possa escapar. II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de maravilhamento. III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a preeminência da Igreja. A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa medida, as reações do eu lírico ao que se encontra registradoem a) I, apenas. b) II, apenas. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. Comentários Questão de interpretação de texto literário; literatura comparada; linguagens e códigos e julgar itens. Mais informações sobre o Barroco serão encontradas na aula 02 e sobre Drummond na aula 07. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 105 Todas as proposições estão corretas, mas é uma questão complexa, que alia um poema modernista à teoria e crítica da arte. Parte-se do pressuposto que características básicas do barroco, como exagero e rebuscamento, fossem reconhecidas. O barroco mineiro foi marcado pelo predomínio da Igreja, no plano cultural e social, exercido sobre a população de Minas Gerais no século XVIII. Afirmação I: correta. A pessoa não pode escapar, pois está assoberbada diante de tanto luxo. Afirmação II: correta. O efeito encantatório é realmente uma das principais pretensões do artista. Afirmação III: correta. A Igreja era uma obra de arte não à toa, mas para ressaltar o poder e a influência, inclusive econômica, da Igreja. Gabarito: E. 08. (FUVEST/2011/1ª fase) A ROSA DE HIROXIMA 1Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas 5Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam 10Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida 15A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. (Vinicius de Moraes, Antologia poética.) Neste poema, a) a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a objetividade, suprime o teor lírico do texto. b) parte da força poética do texto provém da associação da imagem tradicionalmente positiva da rosa a atributos negativos, ligados à ideia de destruição. c) o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela sua despreocupação com a elaboração formal. d) o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi escrito originalmente como letra de canção popular. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 106 e) o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, em boa medida, pelo caráter concreto do texto e pelo vigor de sua mensagem. Comentários Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do contexto histórico. Nesse tipo de questão, parte-se do pressuposto que vocês, alunos, tenham certo conhecimento de mundo e conheçam esse episódio conhecido da Segunda Guerra Mundial (1939- 1945). Cuidado: pode haver uma interface interdisciplinar com a História. Quanto à análise do poema, a imagem da rosa é tradicionalmente associada à beleza em contextos nos quais se pretende acentuar impressões positivas. Todavia, ao associá-la à Hiroshima, cidade que protagonizou um dos episódios mais cruéis e destruidores da Segunda Guerra Mundial, o eu lírico subverte esse sentido; ao emprestar-lhe conotações negativas, aumenta a sua força poética e causa impacto no leitor pela estranheza que produz. Já em relação às alternativas, termos e expressões como “objetividade” (letra A), “despreocupação formal” (letra B), “originalmente letra de canção popular” (letra D) e “caráter concreto” (letra E) são improcedentes e eliminam todas as outras opções. A poesia é um gênero textual extremamente subjetivo e, apesar de partir de em evento histórico (objetivo e concreto) no poema há reelaboração do tema e preocupação com a forma e o gênero em questão. Gabarito: B. 09. (FUVEST/2011/1ª fase) Dentre os recursos expressivos presentes no poema, podem- se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos versos a) 2 e 17. b) 1 e 5. c) 8 e 15. d) 9 e 18. e) 14 e 3. Comentários Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de figuras de linguagem. A sinestesia é a mistura de sentidos e a aliteração é a repetição de sons consonantais. Ambas são figuras de linguagens (recursos expressivos). Alternativa A: incorreta. Cuidado: “mudas” é adjetivo e não substantivo. “Telepatia” não é uma sensação. Alternativa B: incorreta. Não há sinestesia no primeiro verso: “Pensem nas crianças”. Alternativa C: correta – gabarito. No verso 8, caracteriza-se a sinestesia em “rosa cálida”, figura de linguagem que funde sensações percebidas através de órgãos diferentes: visual e tátil, respectivamente. A aliteração está presente na paranomásia (figura de linguagem que aproxima palavras com som e grafias diferentes, mas parecidos), “rosa com cirrose”, através da repetição das consoantes “r” e “s”. Alternativa D: incorreta. Não há sinestesia no nono verso: “Mas oh não se esqueçam”. Alternativa E: incorreta. Não há aliteração no terceiro verso: “Pensem nas meninas”. Gabarito: C. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 107 10. (FUVEST/2010/1ª fase) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES 1Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes 5olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos 10alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em meu entre dormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e olhei atônito para um tipo de 15chiru**, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma: Pois é! Não vê que eu sou o sereno... Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras. Glossário *estremunhado: mal acordado. **chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: sul do Brasil). No início do texto, o autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal tendência se manifesta na personificação dos seguintes elementos: a) Tia Tula, Justo e Getúlio. b) mormaço, clamor público, sereno. c) magro, arquejante, preto. d) colegas, jornalistas, presidentes. e) vulto, chiru, crianças. Comentários Questão de interpretação de texto literário/semântica. Alternativa A: incorreta. Getúlio é uma pessoa; e não um ser irracional ou inanimado. Alternativa B: correta – gabarito. A personificação ou prosopopeia é uma figura de linguagem que quando se atribuem características humanas a seres inanimados ou irracionais. No caso, todos esses substantivos comuns são seres abstratos aos quais foram se agregando descrições e atributos humanos. Alternativa C: incorreta. Esses já são adjetivos. Alternativa D: incorreta. Essas são pessoas; e não seres irracionais ou inanimados. Alternativa E: incorreta. Crianças são pessoas; e não seres irracionais ou inanimados. Gabarito: B. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 108 11. (FUVEST/2010/1ª fase) A caracterização ambivalente da “coletividade democrática” (L. 12-13), feita com humor pelo cronista, ocorre também na seguinte frase relativa àdemocracia: a) Meu ideal político é a democracia, para que todo homem seja respeitado como indivíduo, e nenhum, venerado (A. Einstein). b) A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais (W. Churchill). c) A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes (B. Shaw). d) É uma coisa santa a democracia praticada honestamente, regularmente, sinceramente (Machado de Assis). e) A democracia se estabelece quando os pobres, tendo vencido seus inimigos, massacram alguns, banem os outros e partilham igualmente com os restantes o governo e as magistraturas (Platão). Comentários É uma questão sobre o gênero textual da crônica. Daqui, decorre um efeito textual: o humor. Alternativa A: incorreta. A questão do respeito e da veneração imprimem o registro formal da linguagem, a honorabilidade. Não decorre efeito de humor dessa sentença. Alternativa B: correta – gabarito. Há humor também na frase de Churchill: se todas as demais formas de governo são as piores, a democracia seria a pior entre as piores, sendo cômico pensar no “pior” como plural, uma vez que ele já é o mais ruim, numa relação de comparação. Curiosidade: percebam ainda que “chiru” é uma variação regional do sul do Brasil. Alternativa C: incorreta. Trata-se de uma observação crítica, mordente, e sagaz, mas não humorística. Alternativa D: incorreta. Registro formal da linguagem, sem efeito de humor. Alternativa E: incorreta. Igualmente, registro formal sem humor. Gabarito: B. 12. (FUVEST/2010/1ª fase) No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos” (L. 11 e 12) constitui a) recurso expressivo que produz incoerência, uma vez que não se usa o adjetivo “grande” no diminutivo. b) exemplo de linguagem regional, que se manifesta também em outras partes do texto, como na palavra “brandindo”. c) expressão de nonsense (linguagem surreal, ilógica), que, por sinal, ocorre também quando o autor afirma ouvir o M maiúsculo de “mormaço”. d) manifestação de humor irônico, o qual, aliás, corresponde ao tom predominante no texto. e) parte do sonho que está sendo narrado e que é revelado apenas no final do texto, principalmente no trecho “em meu entre dormir”. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Não se trata de incoerência, mas sim de outro tipo de recurso textual, o emprego do humor o que, pelo contrário, torna o texto coerente, sim. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 109 Alternativa B: incorreta. No caso, “brandindo”. Há uso de regionalismos sim, mas com outra palavra: “chiru” é uma variação regional do sul do Brasil. Alternativa C: incorreta. A linguagem não é surreal, porque isso faz sentido para a cabeça da criança. Trata-se de um medo infantil, associando palavras diferentes, estranhas, talvez desconhecidas, a personagens fictícias que ela mesma criava na sua própria cabeça. Trata-se da imaginação infantil. A transformação em personagens (pessoas) permite o uso da letra maiúscula, isto é, substantivo próprio. Alternativa D: correta – gabarito. O humor irônico predomina no texto, e também no trecho em questão, pois a palavra “grandezinho” nos sugere uma criança, porém, no contexto, trata-se de um homem de uns 30 anos de idade. Alternativa E: incorreta. O trecho revelado no final é o encontro com mais uma das chamadas “personagens fictícias”, dessa vez, o sereno. Gabarito: D. 13. (FUVEST/2008/1ª fase) A borboleta Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!” O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: – Ah!, sim, um lepidóptero... Mário Quintana, Caderno H. nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz. Depreende-se desse fragmento que, para Mário Quintana, a) a crítica de poesia é meticulosa e exata quando acolhe e valoriza uma imagem poética. b) uma imagem poética logo se converte, na visão de um crítico, em um referente prosaico. c) o leitor e o poeta relacionam-se de maneira antagônica com o fenômeno poético. d) o poeta e o crítico sabem reconhecer a poesia de uma expressão como “pedaço esvoaçante de vida”. e) palavras como “borboleta” ou “lepidóptero” mostram que há convergência entre as linguagens da ciência e da poesia. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. A crítica da poesia é capaz de tirar dela a sua vida mágica inerente ao, em vez de linguagem metafórica, utilizar linguagem técnica. Alternativa B: correta – gabarito. Prosaico no sentido de mundano e no caso do trecho até mesmo científico. Alternativa C: incorreta. É o poeta e o crítico, e não poeta e leitor. Alternativa D: incorreta. Só o poeta, o crítico não. Alternativa E: incorreta. Pelo contrário, há divergência. A linguagem poética parece mais encantada, ao passo que a científica, mais técnica. Gabarito: B. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 110 14. (FUVEST/2007/1ª fase) DAS VÃS SUTILEZAS Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção. (...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe três medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer tão nobre arte. É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si. Montaigne, Ensaios. O texto revela, em seu desenvolvimento, a seguinte estrutura: a) formulação de uma tese; ilustração dessa tese por meio de uma narrativa; reiteração e expansão da tese inicial. b) formulação de uma tese; refutação dessa tese por meio de uma narrativa; formulação de uma nova tese, inspirada pela narrativa. c) desenvolvimento de uma narrativa; formulação de tese inspirada nos fatos dessa narrativa; demonstração dessa tese. d) segmento narrativo introdutório; desenvolvimento da narrativa; formulação de uma hipótese inspirada nos fatos narrados. e) segmento dissertativo introdutório; desenvolvimento de uma descrição; rejeição da tese introdutória. Comentários filosóficos O filósofo francês renascentista Michel de Montaigne (1533-1592), retoma o tema do ceticismo. Na filosofia, trata-se da doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa ou absoluta do real. Na sua obra-prima, Ensaios (1580), analisa no gênero textual de pequenos ensaios, ora argumentativos, ora filosóficos e mais extensos, mas sempre críticos, a influência de temas diversos, como fatores pessoais, sociais e culturais na formação das opiniões. Montaigne inclusive diz que ele fez esse livro tanto quanto o livro o fez. Algumas vezes, até mesmo irônico, como no prefácio dos próprios Ensaios, em que faz elogio a si mesmo, construída a partir da modéstia afetada. Essa característica o aproxima da modernidade. Atenção: Montaigne já foi cobrado inclusive na segunda fase da FUVEST (2018) e na primeira fase (2007), com os fragmentos respectivamente “Da idade” e “Da amizade”. Comentários linguísticos Todos os “Ensaios” são construídos com uma particularidade estilística: eles são pensados e poéticos. Nesse em questão, verificamos a presença do narrador, que se coloca em expressões de primeira pessoa do singular, como em “Aprovo”, “a meu ver”e depois ele emprega a primeira pessoa do plural, para universalizar, generalizar a questão: “apaixonarmo-nos”. No fundo, ele faz a defesa, o elogio daquilo que é simples, sem dificuldade. É uma questão sobre a estratégia de construção textual: primeiro, o narrador formula uma tese, exatamente como vocês formulam uma num texto do gênero textual argumentativo. A tese ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 111 deve ser simples, concisa e objetiva. É ela: “os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção”. Depois, ele dá um exemplo, o que aqui também pode ser entendido no sentido de ilustração. Então, temos o exemplo do homem que fazia o grão de alpiste passar por um buraco de agulha e que exigia recompensa por isso, como se fosse uma grande proeza heroica. Por fim, ele comprova a tese dele, pois o exemplo serve para dialogar, afirmar, a tese principal. A reiteração e a expansão da tese inicial consiste no trecho: “é prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si”. Então, pode-se falar que esse ensaio – mesmo pequeno – é um texto bem construído, em três partes, com cabeça, tronco e pé. Gabarito: A. 15. (ENEM IMPRESSO/2021) Introdução a Alda Dizem que ninguém mais a ama. Dizem que foi uma boa pessoa. Sua filha de doze anos não a visita nunca e talvez raramente se lembre dela. Puseram-na numa cidade triste de uniformes azuis e jalecos brancos, de onde não pôde mais sair. Lá, todos gritam-lhe irritados, mal se aproxima, ou lhe batem, como se faz com sacos de areia para treinar os músculos. Sei que para todos ele já não é, e ninguém lhe daria uma maçã cheirosa, bem vermelha. Mas não é verdade que alguém não a possa mais amar. Eu amo-a. Amo-a quando a vejo por trás das grades de um palácio, onde se refugiou princesa, chegada pelos caminhos da dor. Quando fora do reino sente o mundo de mil lanças, e selvagem prepara-se, posta no olhar. Amo-a quando criança brinca na areia sem medo. Uns pés descalços, uma mulher sem intenções. Cercada de mundo, às vezes sofrendo-o ainda. CANÇADO, M. L. O sofredor do ver. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. Ao descrever uma mulher internada em um hospital psiquiátrico, o narrador compõe um quadro que expressa sua percepção a) irônica quanto aos efeitos do abandono familiar. b) resignada em face dos métodos terapêuticos em vigor. c) alimentada pela imersão lírica no espaço da segregação. d) inspirada pelo universo pouco conhecido da mente humana. e) demarcada por uma linguagem alinhada à busca de lucidez. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Não há ironia por parte do narrador. Para tal, ele deveria se mostrar numa atitude superior, o que não ocorre, já que ele ama sua personagem e a leva em consideração. Alternativa B: incorreta. Tais métodos não são abordados nem há representação da resignação nessa passagem. Pelo contrário: o narrador estipula um jeito de burlar o tédio e a ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 112 aparente sensação de abandono que costumam acompanhar pessoas em situação de confinamento psiquiátrico. Alternativa C: correta – gabarito. Lirismo é sinônimo de sentimentalidade, o que é expresso no amor que o narrador sente pela sua personagem. Mesmo ela estando no hospital, o narrador não abandona o lado lúdico, imaginando-a em um palácio e criando para ela um porto seguro fantástico. Alternativa D: incorreta. Não há informações suficientes no texto para afirmar que a mente humana é pouco conhecida. Pelo contrário: o narrador faz parecer que todo o universo maravilhoso descrito especialmente no segundo parágrafo se passa na cabeça da personagem Alda, internada no hospital psiquiátrico, mecanismo encontrado para contornar um cotidiano maçante. Alternativa E: incorreta. Não há necessariamente essa busca pela lucidez. Pelo contrário: uma forma de fugir da realidade é por meio da imaginação. Gabarito: C. 16. (ENEM 2020/Reaplicação-PPL) Razão de ser Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê? LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2013. Ao abordar o próprio processo de criação, o poeta recorre a exemplificações com o propósito de representar a escrita como uma atividade que a) requer a criatividade do artista. b) dispensa explicações racionais. c) independe da curiosidade do leitor. d) pressupõe a observação da natureza. e) decorre da livre associação de imagens. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Cuidado com informações extratextuais. O fazer poético é comparado a ações naturais, típicas de alguns animais como aranha e peixe. Não são ações necessariamente criativas, mas cujo resultado se revela criativo. Em todo caso, não é um requisito. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 113 Alternativa B: correta – gabarito. Paulo Leminski é um escritor que participou da Poesia Marginal da década de 1960. Nesse poema metalinguístico, ele insere o fazer poético numa lógica que prescinde de explicações racionais, o que se infere do último verso “Tem que ter por quê?” Alternativa C: incorreta. Quando o eu lírico diz: “Ninguém tem nada com isso”, não se refere à curiosidade do leitor necessariamente. O eu lírico apenas está justificando suas motivações. Alternativa D: incorreta. A natureza se insere no poema a título de comparação, mas não pressuposição. Alternativa E: incorreta. Livre associação de imagens ou ideias é um método psicanalítico para fazer com que algumas informações saiam do inconsciente e venham ao plano consciente. É um processo que deve ser provocado por gatilhos; porém, no poema, o eu lírico compara o fazer poético a ações naturais, ou seja, que ocorrem sem necessidade de estímulos. Gabarito: B. 17. (ENEM 2020/Reaplicação-PPL) Epitáfio Devia ter amado mais Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais E até errado mais Ter feito o que eu queria fazer Queria ter aceitado As pessoas como elas são Cada um sabe a alegria E a dor que traz no coração [...] Devia ter complicado menos Trabalhado menos Ter visto o sol se pôr Devia ter me importado menos Com problemas pequenos Ter morrido de amor BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. Rio de Janeiro: Abril Music, 2001 (fragmento). O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a função social de homenagear os mortos. Nesse texto, a apropriação desse gênero no título da letra da canção cria o efeito de a) destacar a importância de uma pessoa falecida. b) expressar desejo de reversão de atitudes. c) registrar as características pessoais. d) homenagear as pessoas sepultadas. e) sugerir notações para lápides. Comentários Questão de interpretação de texto literário (letra de música). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 114 Alternativa A: incorreta. O efeito é o de alertar para o risco de morrer sem ter vivido. É uma denúncia para as pessoas vivas, tentando motivá-las a viver mais e a ter experiências significativas antes de morrer. Alternativa B: correta – gabarito. Reversão no sentido de repensar certas ações que levamos na vida cotidiana, que de tão mecanizadas tornam-se vazias. Convém viver com consciência e plenitude, e não apenas estar à mercê de questões que não serão relevantes ao fim da vida. AlternativaC: incorreta. Não pessoais, mas sim generalizadas. O eu lírico aborda uma série de ações típicas do modo de vida contemporâneo, com as quais o leitor/ouvinte possivelmente irá se identificar. Alternativa D: incorreta. Cuidado: essa é literalmente a função do gênero epitáfio, mas no sentido conotativo do texto essa palavra antecipa o medo da morte, para que assim o usufruidor desse poema tome consciência e passe a mudar sua vida imediatamente. Alternativa E: incorreta. O poema se orienta para os viventes, como se fosse um conselho. Tanto é que o tempo verbal mais utilizado é o futuro do pretérito. Gabarito: B. 18. (UNESP/2022/1ª fase/2º dia) Para responder à próxima questão, leia o trecho inicial da crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em 1943. O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século, tinha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas muito finas. Vestia-se ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem da mesma forma – e chegou a mandar retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência do veredicto. Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta centímetros, exatos, apesar de barrocas¹ e degraus. A espinha não se curvava, embora descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam. Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na encadernação negra semelhante à do proprietário, empertigavam-se – e nenhum ousava deitar-se, inclinar-se, quebrar o alinhamento rigoroso. Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia-noite, fizesse frio ou calor, almoçava ao meio-dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava de seis em seis meses, pagava o aluguel da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas sentenças, linguagem arrevesada e arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares. Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas, e condenou o crime, infeliz consequência da paixão. Se atentássemos nas palavras emitidas por via oral, poderíamos afirmar que o Dr. França não pensava. Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com alguma frequência. Apenas o pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos pensamentos comuns. Operava, se não nos enganamos, deste modo: “considerando isto, considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda mais isto, considerando ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 115 porém aquilo, concluo.” Tudo se formulava em obediência às regras – e era impossível qualquer desvio. Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, dividido em capítulos, títulos, artigos e parágrafos. E o que se distanciava desses parágrafos, artigos, títulos e capítulos não o comovia, porque Dr. França está livre dos tormentos da imaginação. (Graciliano Ramos. Viventes das Alagoas, 1976.) 1 barroca: monte de terra ou de barro. Na crônica, o Dr. França é caracterizado como a) irônico e arrogante. b) arrogante e dissimulado. c) introvertido e sarcástico. d) pedante e displicente. e) taciturno e metódico. Comentários Questão de interpretação de texto literário/semântica. Mais informações sobre esse autor serão encontradas na aula 07. Alternativa A: incorreta. Dr. Franca não era cético nem se sentia necessariamente superior. Alternativa B: incorreta. O personagem em questão não era falso (nesse contexto, sinônimo de dissimulado). Alternativa C: incorreta. Pelos mesmos motivos da letra A, Dr. Franca não é irônico nem sarcástico. Alternativa D: incorreta. Pedante é sinônimo de esnobe e displicente significa negligente, descuidado. Pelo contrário: Dr. Franca era meticuloso. Alternativa E: correta – gabarito. Dr. Franca é descrito como sistemático, sério, grave e solene. Gabarito: E. 19. (UNESP/2020/1ª fase) Tal movimento distingue-se pela atenuação do sentimentalismo e da melancolia, a ausência quase completa de interesse político no contexto da obra (embora não na conduta) e (como os modelos franceses) pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico. O mito da pureza da língua, do casticismo vernacular abonado pela autoridade dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura brasileira e foi um critério de excelência. É possível mesmo perguntar se a visão luxuosa dos autores desse movimento não representava para as classes dominantes uma espécie de correlativo da prosperidade material e, para o comum dos leitores, uma miragem compensadora que dava conforto. (Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.) O texto refere-se ao movimento denominado a) Romantismo. b) Barroco. c) Parnasianismo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 116 d) Arcadismo. e) Realismo. Comentários Questão de teoria literária/conhecimento de movimentos literários. Alternativa A: incorreta. Pelo contrário: o Romantismo é reconhecido pelo seu sentimentalismo exacerbado e melancolia, especialmente na segunda geração, e não atenuação dos mesmos. A terceira geração (condoreira) foi social e política. Alternativa B: incorreta. O Barroco brasileiro se inspirou na Espanha (com Gôngora, por exemplo) e não na França (Rabelais). Alternativa C: correta – gabarito. As referências à ausência de sentimentalismo, distanciamento de temáticas sociais e políticas, assim como preocupação com a técnica da escrita e preciosismo vocabular permitem deduzir que o texto se refere ao movimento denominado de Parnasianismo. Alternativa D: incorreta. O Arcadismo não defendia “visão luxuosa”, mas sim o contrário: aurea mediocritas (medida do meio, meio-termo) e bucolismo, simplicidade. Alternativa E: incorreta. “A ausência quase completa de interesse político no contexto da obra” vai de encontro à proposta realista, que propunha denunciar problemas sociais. Gabarito: C. 20. (UNESP/2016/1o semestre/1ª fase) Considere o poema do português Eugênio de Castro (1869-1944) para responder às próxima questão. MÃOS Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, o vosso gesto é como um balouçar de palma; o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso [gesto canta! Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, rolas à volta da negra torre da minh’alma. Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes, Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma, O vosso gesto é como um balouçar de palma, Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes... Mãos afiladas, mãos de insigne formosura, Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim, Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim, Duas velas à flor duma baía escura. Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas, Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos, Divinas mãos que me heis coroado de espinhos, Mas que depois me haveis coroado de rosas! ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 117 Afilhadas do luar, mãos de rainha, Mãos que sois um perpétuo amanhecer, Alegrai, como dois netinhos, o viver Da minha alma, velha avó entrevadinha. (Obras poéticas, 1968.) Verifica-se certa liberdade métrica na construção do poema. Na primeira estrofe, tal liberdade comprova-se pela a) construção do hendecassílabo fora dos rígidos modelos clássicos. b) variedade do verso decassílabo e do verso alexandrino. c) presença de um verso com número menor de sílabas que os alexandrinos.d) desobediência aos padrões de pontuação tradicionais do decassílabo. e) presença de dois versos com número maior de sílabas que os alexandrinos. Comentários Questão de teoria literária. Mais informações sobre esse conteúdo especificamente serão encontradas na aula 05. Alternativa A: incorreta. Os versos clássicos tradicionais são o decassílabo e o dodecassílabo, mas o poema é construído por versos bárbaros e dodecassílabos e não hendecassílabos. Alternativa B: incorreta. Presença de versos bárbaros (com mais de doze sílabas) e não decassílabos. Alternativa C: incorreta. Verso alexandrino é o verso com 12 sílabas e os versos costumam apresentar mais do que 12 sílabas. Alternativa D: incorreta. Atenção: a métrica de um verso não está necessariamente associado à pontuação, mas sim à tonicidade das sílabas e ao ritmo. Alternativa E: correta – gabarito. Atendendo à escansão dos versos da primeira estrofe, verifica-se que apenas dois apresentam número maior de sílabas que o verso alexandrino (12): versos 3 e 5. Mãos/ de/ ve/ lu/ do, /mãos/ de /már/ tir /e /de /san/ (12) ta, o/ vo/ sso/ ges/to é /co/ mo um/ ba/ lou/ çar /de /pal/ (12) ma; o/ vo/ sso /ges/ to /cho/ ra, o / vo/ sso/ ges/ to / ge/ me, o / vo/ sso /ges/ to /can/ (23) ta! Mãos/ de /ve/ lu/ do, /mãos /de /már/ tir /e /de /san (12) ta, Ro/ las / à /vol/ ta /da /ne/ gra /to/ rre /da /mi/ nh’al/ (13) ma. Gabarito: E. 21. (UNESP/2015/1o semestre/1ª fase) Para responder à próxima questão, leia o poema de Catulo da Paixão Cearense (1863-1946). O Azulão e os tico-ticos Do começo ao fim do dia, um belo Azulão cantava, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 118 e o pomar que atento ouvia o seus trilos de harmonia, cada vez mais se enflorava. Se um tico-tico e outras aves vaiavam sua canção... mais doce ainda se ouvia a flauta desse Azulão. Um papagaio, surpreso de ver o grande desprezo, do Azulão, que os desprezava, um dia em que ele cantava e um bando de tico-ticos numa algazarra o vaiava, lhe perguntou: “Azulão, olha, dize-me a razão por que, quando estás cantando e recebes uma vaia desses garotos joviais, tu continuas gorgeando e cada vez canta mais?!” Numas volatas sonoras, o Azulão lhe respondeu: “Caro Amigo! Eu prezo muito esta garganta sublime e esta voz maravilhosa... este dom que Deus me deu! Quando, há pouco, eu descantava, pensando não ser ouvido nestes matos por ninguém, um Sabiá*, que me escutava, num capoeirão, escondido, gritou de lá: — meu colega, bravos! Bravos... muito bem! Pergunto agora a você: quem foi um dia aplaudido pelo príncipe dos cantos de celestes harmonias, (irmão de Gonçalves Dias, um dos cantores mais ricos...) — que caso pode fazer das vaias dos tico-ticos?” *Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa está representado este Sabiá, pois foi a “Águia de Haia” um dos maiores admiradores de Catulo e prefaciador do seu livro “Poemas bravios”. (Poemas escolhidos, s/d.) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 119 Se, nos versos 32 e 33, as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas “sa-bi-á” e “ca-po-ei rão”, tais versos quebrariam o padrão e o ritmo dos demais, pois passariam a ser a) heptassílabos. b) octossílabos. c) eneassílabos. d) hexassílabos. e) decassílabos. Comentários Questão de teoria literária. Considerando que a composição tem como base as redondilhas maiores, caso as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas seguindo o enunciado, os versos se tornariam octossílabos, uma vez que aumentaria uma sílaba poética em cada verso: Um Sa biá*, que me es cu ta (va,) 1 2 3 4 5 6 7 num ca poei rão, es con di (do,) 1 2 3 4 5 6 7 Gabarito: B. 22. (UNESP/2014/1o semestre/1ª fase) Considere o poema de Raul de Leoni (1895-1926) para responder à próxima questão. A alma das cousas somos nós... Dentro do eterno giro universal Das cousas, tudo vai e volta à alma da gente, Mas, se nesse vaivém tudo parece igual Nada mais, na verdade, Nunca mais se repete exatamente... Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente Que no-las leva e traz, num círculo fatal; O que varia é o espírito que as sente Que é imperceptivelmente desigual, Que sempre as vive diferentemente, E, assim, a vida é sempre inédita, afinal... Estado de alma em fuga pelas horas, Tons esquivos e trêmulos, nuanças Suscetíveis, sutis, que fogem no Íris Da sensibilidade furta-cor... ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 120 E a nossa alma é a expressão fugitiva das cousas E a vida somos nós, que sempre somos outros!... Homem inquieto e vão que não repousas! Para e escuta: Se as cousas têm espírito, nós somos Esse espírito efêmero das cousas, Volúvel e diverso, Variando, instante a instante, intimamente, E eternamente, Dentro da indiferença do Universo!... (Luz mediterrânea, 1965.) Embora pareça constituído de versos livres modernistas, o poema em questão ainda segue a versificação medida, combinando versos de diferentes extensões, com predomínio dos de doze e dez sílabas métricas. Assinale a alternativa que indica, na primeira estrofe, pela ordem em que surgem, os versos de dez sílabas métricas, denominados decassílabos. a) 1 e 5. b) 3 e 4. c) 1, 2 e 3. d) 2 e 3. e) 1, 3 e 5. Comentários Questão de teoria literária. Alternativa A: correta – gabarito. Somente o primeiro e último verso são decassílabos na primeira estrofe do poema. Alternativa B: incorreta. O verso três é um dodecassílabo (doze sílabas) e o verso quatro conta com seis sílabas poéticas. Alternativa C: incorreta. O verso 1 é decassílabo, porém os versos dois e três contam com doze sílabas poéticas (dodecassílabo). Alternativa D: incorreta. Versos dois e três são dodecassílabos. Alternativa E: incorreta. Versos um e cinco são decassílabos, mas o verso três contém doze sílabas poéticas. Gabarito: A. 23. (UNESP/2012/1o semestre/1ª fase) A próxima questão toma por base um poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810). 18 Não vês aquele velho respeitável, que à muleta encostado, apenas mal se move e mal se arrasta? Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 121 o tempo arrebatado, que o mesmo bronze gasta! Enrugaram-se as faces e perderam seus olhos a viveza: voltou-se o seu cabelo em branca neve; já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, nem tem uma beleza das belezas que teve. Assim também serei, minha Marília, daqui a poucos anos, que o ímpio tempo para todos corre. Os dentes cairão e os meus cabelos. Ah! sentirei os danos, que evita só quem morre. Mas sempre passarei uma velhice muito menos penosa. Não trarei a muleta carregada, descansarei o já vergado corpo na tua mão piedosa, na tua mão nevada. As frias tardes, em que negra nuvem os chuveiros não lance, irei contigo ao prado florescente: aqui me buscarás um sítio ameno, onde os membros descanse, e ao brando sol me aquente. Apenas me sentar, então, movendo os olhos por aquela vistosa parte, que ficar fronteira, apontando direi: — Ali falamos, ali, ó minha bela, te vi a vez primeira. Verterão os meus olhos duas fontes, nascidas de alegria; farão teus olhos ternos outro tanto; então darei, Marília, frios beijos na mão formosa e pia, que me limpar o pranto. Assim irá, Marília, docemente meu corpo suportando do tempo desumano a dura guerra. Contente morrerei, por ser Marília quem, sentida, chorando meus baços olhos cerra. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 122 (Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1982.) Assinale a alternativa que indica a ordem em que os versos de dez e de seis sílabas se sucedem nas oito estrofesdo poema. a) 6, 10, 6, 6, 10, 10. b) 10, 6, 10, 10, 6, 6. c) 10, 10, 6, 10, 6, 6. d) 10, 6, 10, 6, 10, 6. e) 6, 10, 6, 10, 6, 6. Comentários Questão de teoria literária. Mais informações sobre esse conteúdo especificamente serão encontradas na aula 02. A alternativa B apresenta a ordem em que os versos de dez e seis sílabas se sucedem nas estrofes do poema, conforme exemplificado no excerto abaixo. Não /vês /a/que/le /ve/lho /res/pei/tá/ (vel) -10 que à /mu/le/ta en/cos/ta/ (do) -6 a/pe/nas/ mal /se /mo/ve e /mal /se ar/ras/(ta) -10 Oh!/quan/to es/tra/go /não /lhe /fez/ o /tem/(po) -10 o /tem/po ar/re/ba/ta/(do) - 6 que o /mês/mo /bron/ze /gas/(ta)-6 Como a métrica é regular, o padrão tende a se manter. Gabarito: B. 24. (UNICAMP/2022/1ª fase) Na ribeira do Eufrates assentado, Discorrendo me achei pela memória Aquele breve bem, aquela glória, Que em ti, doce Sião, tinha passado. Da causa de meus males perguntado Me foi: Como não cantas a história De teu passado bem e da vitória Que sempre de teu mal hás alcançado? Não sabes, que a quem canta se lhe esquece O mal, inda que grave e rigoroso? Canta, pois, e não chores dessa sorte. Respondi com suspiros: Quando cresce A muita saudade, o piedoso ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 123 Remédio é não cantar senão a morte. (Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113). Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o poema retoma o dito popular a) “longe dos olhos, perto do coração”. b) “mais vale cantar mal que chorar bem”. c) “a cada canto seu Espírito Santo”. d) “quem canta seus males espanta”. Comentários Alternativa A: incorreta. Esse provérbio valoriza a memória: o mais importante é se lembrar, o que metaforicamente representa "estar perto do coração", mesmo estando longe dos olhos (longe fisicamente, de tal forma que não se pode ver). Alternativa B: incorreta. Não importa se o cantar é feito sem maestria ou habilidade, pois é melhor cantar do que sofrer (chorar) de qualquer maneira, bem ou mal. Alternativa C: incorreta. Esse ditado surge no contexto dos folguedos populares no Brasil, pois cada lugar faz a festa do seu jeito. Mesmo se referindo à festa do Divino Espírito Santo, o mesmo culto pode ser celebrado de formas diferentes, a depender do lugar. Em se tratando da poesia lírica filosófica camoniana, o eu lírico é pessimista, o que é indicado na chave de ouro (último verso do soneto). O poema é moderno em sua técnica prosaica, pois apresenta um diálogo entre o eu lírico e alguém externo, que lhe dá um conselho: levar a vida de modo mais leve, ao que o eu lírico retruca com seu pessimismo e apego à morte. Com isso, esse provérbio se aplica ao sentido geral do soneto, no sentido de que cada pessoa tem o seu modo de encarar a vida. O núcleo temático (o centro do poema) não é tão otimista quanto pretende a letra D como um todo, no geral. Portanto, defende-se que, como está escrito, a questão está vaga e abre margem para mais de uma interpretação. Alternativa D: correta – gabarito. Esse ditado popular transmite uma mensagem esperançosa, positiva, ao passo que o eu lírico se revela o contrário: taciturno. O conselho é dado por alguém que não é o eu lírico, mas está aludido explicitamente no primeiro terceto. Gabarito: D. 25. (UNICAMP/2020/1ª fase) O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de Arnaldo Antunes. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 124 Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de criação poética. É correto dizer que o autor se propõe a a) revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita das palavras. b) discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia” um substantivo. c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto. d) explorar o poder de representação da interjeição exclamativa “psiu!”. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. O poeta afirma que “Eu berro as palavras/ no microfone/ da mesma maneira com que as desenho...”, ou seja, não há primazia da comunicação oral. Alternativa B: incorreta. Ele não discute, não argumenta a favor do gênero feminino de Psiu, ele simplesmente afirma que “Psia” é feminino de “psiu!” Alternativa C: correta – gabarito. No poema, ele afirma isso, ele diz que berra para transformar as palavras “em coisas,/ em vez de substituírem/ as coisas”, e ele mostra como fazer isso, ao desmembrar “Psia” em “piscina” e “pia”. Alternativa D: incorreta. Ele discute a palavra “Psia” e não “psiu!”; ao falar na interjeição, ele a contrapõe para definir melhor “Psia”. Gabarito: C. 26. (UNEMAT/2018) Texto 01 O tempo é O tempo é qualquer coisa que ninguém toma nas mãos ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 125 e beija no mesmo instante (ou um instante depois). PERSONA, Lucinda Nogueira. Entre uma noite e outra. Cuiabá, MT: Entrelinhas, 2014. p. 33. A persistência da memória. Salvador Dali. Disponível em: noticias.universia.com/destaques/noticias/2012/01/07/903289/conhecaa-persistencia-da-memoria- salvador-dali.html Acesso em: fev. 2018. Comparando o que aborda o poema O tempo é, da poetisa Lucinda Nogueira Persona, e os sentidos presentes na tela A persistência da memória, do artista plástico Salvador Dali, assinale a alternativa correta. a) O poema traz uma definição clara e fixa sobre o tempo, contrariando o que aborda a tela, pois esta ao trazer relógios em estado de deformação, sugere que o tempo é algo que se modifica permanentemente. b) O poema traz elementos que nos permitem fazer reflexões sobre o tempo, enquanto a presença dos relógios na tela aborda o seu valor estético. c) A tela de Salvador Dali traz, sobretudo nos relógios, elementos que nos permitem fazer reflexões sobre a guerra, enquanto o poema diz da fixidez do tempo. d) Os dois textos trazem linguagens diferentes em suas composições, por este motivo não é possível correlacioná-los estilisticamente e fazer qualquer leitura comparativa entre eles. e) Ambos os textos fazem uma discussão sobre a efemeridade e a fugacidade do tempo. Comentários Questão de literatura comparada/linguagens e códigos. Alternativa A: incorreta. Nas duas obras, há uma reflexão sobre a transitoriedade do tempo e da memória. Alternativa B: incorreta. Na pintura de Dali, a deformação dos relógios questiona visualmente a rigidez do tempo, estabelecendo uma reflexão semelhante ao do poema. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 126 Alternativa C: incorreta. Não há referências na pintura que possa suscitar a ideia de um ambiente de guerra. Já no poema, a afirmação do eu lírico de que ninguém toma na mão o tempo indica a sua fluidez. Alternativa D: incorreta. A comparação e a intertextualidade entre diferentes linguagens artísticas é um aspecto recorrente na história das artes desde a antiguidade. Alternativa E: correta – gabarito. Nas duas obras, a ideia de tempo é transfigurada em imagens artísticas para discutir o seu caráter efêmero. Gabarito: E. 27. (UEG/2020-Medicina) Leia o poema a seguir para responder às próximas duas questões. Ergue-se Marco Antônio de repente... Ouve-se um grito estrídulo, que soa O silêncio cortando, e longamente Pelo deserto acampamento ecoa. O olhar em fogo, os carregados traços Do rosto em contração, alto e direito O vulto enorme, – no ar levanta os braços, E nos braços aperta o próprio peito. Olha em torno e desvaira. Ergue a cortina, A vista alonga pela noite afora... Nada vê. Longe, à porta purpurina Do Oriente em chamas, vem raiando a aurora. E a noite foge. Em todo o firmamento Vão se fechando os olhos das estrelas:Só perturba a mudez do acampamento O passo regular das sentinelas. BILAC, Olavo. O sonho de Marco Antônio – parte III. In: Melhores poemas de Olavo Bilac. 4. ed. Global, 2003. p. 37. Quanto à forma, o fragmento citado apresenta versos a) irregulares e dodecassílabos b) assimétricos e alexandrinos c) regulares e decassílabos d) polimétricos e eneassílabos e) brancos e hendecassílabos Comentários Questão de teoria literária. Alternativa A: incorreta. Os versos irregulares, também conhecidos como versos livres, não seguem um padrão métrico; dodecassílabos ou alexandrinos são os versos com doze sílabas poéticas. Alternativa B: incorreta. Versos assimétricos são aqueles que rompem com as regras tradicionais no número de sílabas poéticas; alexandrinos são os versos compostos por doze sílabas poéticas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 127 Alternativa C: correta. O poema apresenta uma estrutura regular em que a versificação é composta por um número constante de sílabas poéticas, dez sílabas (decassílabos): O/ pas/so/ re/gu/lar/ das/ sen/ti/ne/las Alternativa D: incorreta. Versos polimétricos são regulares, com sílabas fortes localizadas de acordo com as regras métricas; eneassílabos são versos compostos por nove sílabas poéticas. Alternativa E: incorreta. Versos brancos ou livres não seguem um sistema de metrificação; hendecassílabos são versos com onze sílabas poéticas. Gabarito: C. 28. (UEG/2020-Medicina) Embora pertença ao gênero lírico, o excerto poético apresentado comporta características do gênero a) dramático, tendo em vista que o eu-lírico lança mão de uma estrutura dialógica para construir uma interação com os leitores. b) trágico, já que a personagem retratada realiza ações grandiosas e heroicas. c) cômico, pois o eu-lírico lança mão de um humor sutil para sensibilizar os leitores. d) narrativo, uma vez que o sujeito poético faz um relato de parte do que acontece em um acampamento militar durante a noite. e) descritivo, porque se notam descrições das personagens e da paisagem que as circunda. Comentários Questão de teoria literária. Alternativa A: incorreta. Na estrutura do poema, não é possível identificar uma perspectiva dialógica. A voz poética relata um fato aos leitores. Alternativa B: incorreta. Nos textos trágicos, a catástrofe é um elemento central já que é por meio dela que as emoções do público são despertadas. Alternativa C: incorreta. Não é possível afirmar a existência do humor nos versos; O eu lírico parece manter certo distanciamento do fato observado. Alternativa D: correta – gabarito. Uma das características do gênero narrativo é a presença da figura do narrador que relata uma história ocorrida em um determinado tempo e espaço. Tal movimento é explorado pelo sujeito poético que enuncia uma sequência de fatos que ocorrem com um homem em um acampamento durante a noite. Alternativa E: incorreta. Não há foco na apresentação de detalhes da personagem ou do espaço. Gabarito: D. 29. (UEG/2020-Medicina) Em termos de conteúdo, o excerto poético apresentado é configurado por uma referência a elementos a) metapoéticos. b) nostálgicos. c) históricos. d) filosóficos. e) metafísicos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 128 Comentários Questão de interpretação de texto literário/semântico. Alternativa A: incorreta. Metapoesia seria a poesia falando dela mesma. Cuidado: por mais que a metalinguagem seja uma temática importante para o Parnasianismo, ela não se verifica no poema. Alternativa B: incorreta. Nostalgia é a saudade melancólica do passado e a personagem no poema está desesperada. Alternativa C: correta – gabarito. Marco Antônio (83-30 a. C. ) foi um político romano, tendo sido nomeado três vezes cônsul. Lembrando que os principais temas parnasianos são o cotidiano (tanto objetos quanto paisagens) e a cultura clássica (mitologia greco-latina), mas também fatos históricos. Alternativa D: incorreta. O principal sentimento de Marco Antônio no excerto é a cólera e não a reflexão racional. Alternativa E: incorreta. No seu devaneio, Marco Antônio não reza nem pensa em seres transcendentes, divinos ou superiores. Sente que é do Oriente que vai vir a ameaça iminente. Gabarito: C. 30. (UEG/2018) Observe a imagem e leia o poema a seguir para responder à(s) questão(ões). A leitura, tanto da imagem quanto do poema apresentados, metaforiza o caráter a) recorrente da existência humana. b) efêmero das paixões humanas. c) linear de tudo que compõe a vida. d) duradouro das coisas e da vida. e) moroso dos entusiasmos existenciais. Comentários Questão de literatura comparada/linguagens e códigos. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 129 Alternativa A: correta – gabarito. A recorrência da existência humana está metaforizada na imagem pela repetição das formas circulares e, no poema, pelo aspecto visual espiralado, dando voltas no mesmo centro, tal qual a vida do eu lírico, que afirma fazer “parte dessa circunferência”. Alternativa B: incorreta. A imagem é marcada pela repetição de uma forma geométrica; não há, portanto, referência às paixões humanas, tampouco a seu caráter transitório. Alternativa C: incorreta. O poema remete, metaforicamente, à forma espiralada da vida, ou seja, circular e recorrente, e não linear. Alternativa D: incorreta. O eu lírico afirma que “o mundo roda, roda”; metaforicamente, não há o aspecto duradouro das coisas e da vida. Gabarito: A. 31. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) Retrato Cecília Meireles Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face? Os versos acima são de autoria da escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964). O poema traça uma espécie de autorretrato, enfocando principalmente a questão da a) transitoriedade da vida. b) alegria de viver. c) partilha de pequenos momentos. d) felicidade de envelhecer. Comentários Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e conhecimento de autores e obras do cânone. Alternativa A: correta – gabarito. O que no texto é marcado pela insistência ao marcar o contraste temporal, especialmente no uso do verbo “tinha”, conjugado no pretérito imperfeito. Alternativa B: incorreta. O eu lírico parece entristecido ao constatar a passagem do tempo. Assombra-se com as mudanças. Alternativa C: incorreta. Não há tal partilha. O texto parece um desabafo. Alternativa D: incorreta. Pelo contrário: o eu lírico constata que o fenômeno é inexorável. Gabarito: A. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 130 32. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) O poema Retrato utiliza uma imagem poética recorrente nas poesias de Cecília Meireles: o espelho. Essa imagem está atrelada a questões existencialistas que, neste poema, são a) o bem e o mal. b) a fraqueza e a força. c) a vida e a morte. d) a juventude e a velhice. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Esses são julgamentos morais que não são questionados no poema. Alternativa B: incorreta. O texto é predominantemente descritivo. As mãos sem força são uma metáfora para uma pessoa que, com o envelhecimento, tornou-se passiva. Alternativa C: incorreta. Esses são questionamentos barrocos. Alternativa D: correta – gabarito. O espelho é o reflexo da vida tal qual ela é, mesmo com as agruras do processo natural do envelhecimento. Gabarito: D. 33. (UECE/2018/1º semestre/1ªfase) Retrato do artista quando coisa A maior riqueza do homem é sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito. Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai. Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 131 BARROS, Manoel. O retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998. Levando em conta as relações de sentido presentes no texto de Manoel de Barros acima, é correto afirmar que o conteúdo temático geral do poema se estabelece na seguinte oposição semântica: a) humanização versus coisificação. b) riqueza versus pobreza. c) ação versus inércia. d) grandeza versus pequenez. Comentários Questão de interpretação de texto literário.. Se o comando está cobrando “oposição semântica”, trata-se da relação de antonímia. Percebam que todas as alternativas inclusive se estruturam justamente assim: por meio da expressão latina versus, que significa literalmente contra; em comparação com; em relação a; alternativamente a. Além disso, o título do poema dialoga diretamente com o romance O retrato do artista quando jovem, do irlandês James Joyce. Alternativa A: correta – gabarito. A partir dos versos “Não aguento ser apenas/um sujeito que abre/portas, que puxa/válvulas, que olha o/relógio, que compra pão/às 6 da tarde, que vai/lá fora, que aponta lápis,/que vê a uva etc. etc./Perdoai. Mas eu/preciso ser Outros” (grifo meu), há uma crítica em relação à mecanização da vida dos e humano e à sua rotina enfadonha e repetitiva. Em reação a isso, o eu lírico determina a sua recusa em ser mais um. Alternativa B: incorreta. As relações financeiras, o dinheiro ou o poder aquisitivo não são mencionados aqui. Inclusive, os versos que abrem o poema indicam uma espécie de riqueza abstrata, isto é, não material. Alternativa C: incorreta. Embora “borboletas” no último verso indique movimento, mesmo uma rotina repetitiva pode ter lá seu movimento, porém, um movimento repetido e mecânico. Não é isso o que está em oposição aqui. Alternativa D: incorreta. O eu lírico utiliza elementos pequenos, tais como borboletas, ao par de grandes, como o homem. A relação está mais para equivalência (sinonímia) que antonímia. Gabarito: A. 34. (UERJ/2021) Morro velho No sertão da minha terra, fazenda é o camarada que ao chão se deu. Fez a obrigação com força, parece até que tudo aquilo ali é seu. 5Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer. Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada. Filho do branco e do preto, correndo pela estrada atrás de passarinho. 10 Pela plantação adentro, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 132 crescendo os dois meninos, sempre pequeninos. Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver. Orgulhoso camarada conta histórias pra moçada. 15 Filho do sinhô vai embora, tempo de estudos na cidade grande. Parte, tem os olhos tristes, deixando o companheiro na estação distante. “Não me esqueça, amigo, eu vou voltar.” 20 Some longe o trenzinho ao deus-dará. Quando volta já é outro, trouxe até sinhá-mocinha para apresentar. Linda como a luz da lua que em lugar nenhum rebrilha como lá. 25Já tem nome de doutor e agora na fazenda é quem vai mandar. E seu velho camarada já não brinca, mas trabalha. MILTON NASCIMENTO Adaptado de miltonnascimento.com.br. fazenda é o camarada que ao chão se deu. (l. 2) No verso da canção de Milton Nascimento, o poeta apresenta uma definição da palavra “fazenda”. Com base na primeira estrofe, essa definição destaca o seguinte elemento do contexto descrito: a) riqueza da propriedade b) expectativa de liberdade c) dedicação do trabalhador d) necessidade de autonomia Comentários Questão interdisciplinar de interpretação de letra de música. Alternativa A: incorreta. Não se trata de trabalhar por dinheiro. Alternativa B: incorreta. O valor da liberdade não é almejado. Alternativa C: correta – gabarito. Ao usar um termo metafórico, o eu lírico exprime que do suor da labuta advém o orgulho. Alternativa D: incorreta. Trabalha-se por necessidade. Gabarito: C. 35. (UERJ/2020) PARA COMEÇAR ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 133 Desejou ter a beleza de uma árvore frondosa tatuada nas costas, copa espraiada sobre os ombros. Temendo, porém, o longo sofrimento imposto pelas agulhas, mandou tatuar na base da coluna, bem na base, a mínima semente. Observe a imagem abaixo, que reproduz o quadro de René Magritte chamado “A Clarividência”. arteeblog.com O par “semente-árvore” do conto pode ser comparado ao par “ovo-ave” do quadro, devido a uma mesma relação existente entre os elementos de cada par. Essa relação expressa, no contexto das duas obras, a ideia de: a) simultaneidade b) possibilidade c) instabilidade d) uniformidade Comentários Atenção: questão de Linguagens e Códigos. Mais informações sobre esse conteúdo em particular serão encontradas nas aulas 06 e 07. Alternativa A: incorreta. Não se trata de ideias simultâneas, mas de diálogo entre elas. Alternativa B: correta – gabarito. Nas duas obras, temos a potência do vir a ser da semente e do “ovo-ave”. Assim o processo artístico se coloca como possibilidade de vida e existência. Alternativa C: incorreta. Os textos artísticos se distanciam da ideia de inconstância ao ressaltar o desejo de potência criadora. Alternativa D: incorreta. No conto e na pintura, a constância é apenas aparente, pois ambos projetam a iminência da transformação. Gabarito: B. 36. (FAMECA/2013) Leia o poema “Ela canta, pobre ceifeira” do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) para responder à próxima questão. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 134 Ela canta, pobre ceifeira*, Julgando-se feliz talvez; Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia De alegre e anônima viuvez, Ondula como um canto de ar limpo como um limiar, E há curvas no enredo suave Do som que ela tem a cantar. Ouvi-la alegra e entristece, Na sua voz há o campo e a lida, E canta como se tivesse Mais razões p’ra cantar que a vida. Ah, canta, canta sem razão! O que em mim sente ’stá pensando. Derrama no meu coração A tua incerta voz ondeando! Ah, poder ser tu, sendo eu! Ter a tua alegre inconsciência, E a consciência disso! Ó céu! Ó campo! Ó canção! A ciência Pesa tanto e a vida é tão breve! Entrai por mim dentro! Tornai Minha alma a vossa sombra leve! Depois, levando-me, passai! (Fernando Pessoa. Obra poética, 1995.) *Ceifeira: mulher que trabalha no corte de cereais, utilizando foice ou outro instrumento apropriado. Todas as seis quadras do poema de Fernando Pessoa são compostas por versos _____ e obedecem ao esquema de rimas _____. As lacunas do texto são, correta e respectivamente, preenchidas por a) decassílabos – ABBA. b) octossílabos – ABBA. c) dodecassílabos – ABAB. d) decassílabos – ABAB. e) octossílabos – ABAB. Comentários Questão de teoria literária. Como os versos são regulares (o que se infere do comando teórico, que diz “todas as seis quadras”), a análise pode ser feita tomando uma única estrofe como exemplo: ESCANSÃO Pe-sa-tan-toea-vi-daé-tão-bre-ve! (8 sílabas poéticas) En-trai-por-mim-den-tro!-Tor-nai (8 sílabas poéticas) Mi-nhaal-maa-vos-sa-som-bra-le-ve! (8 sílabas poéticas) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 135 De-pois,-le-van-do-me,-pas-sai! (8 sílabas poéticas) ESQUEMA DE RIMAS Pesa tanto e a vida é tão breve!(A) Entrai por mim dentro! Tornai (B) Minha alma a vossa sombra leve! (A) Depois, levando-me, passai! (B) Alternativa A: incorreta. Os versos não são decassílabos nem é este o esquema de rimas. Alternativa B: incorreta. Os versos são octassílabos, mas não é este de rimas. Alternativa C: incorreta. Os versos não são dodecassílabos, apesar de ser este o esquema de rimas. Alternativa D: incorreta. Os versos não são decassílabos, apesar de ser este o esquema de rimas. Alternativa E: correta – gabarito. É esta a sequência correta. Gabarito: E. 37. (FAMECA/2017) Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade para responder às próximas duas questões. Papel E tudo que eu pensei e tudo que eu falei e tudo que me contaram era papel. E tudo que descobri amei detestei: papel. Papel quanto havia em mim e nos outros, papel de jornal de parede de embrulho papel de papel papelão. (As impurezas do branco, 2012.) Quanto aos aspectos formais, o poema caracteriza-se pelo emprego de a) rimas raras. b) métrica irregular. c) versos decassílabos. d) rimas alternadas. e) linguagem rebuscada. Comentários ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 136 Questão de teoria literária. Alternativa A: incorreta. Essa sequer é uma classificação. Alternativa B: correta – gabarito. Por ser um poema moderno, os versos têm tamanhos diferentes. Alternativa C: incorreta. A métrica é irregular. Alternativa D: incorreta. Não há rimas claramente marcadas. Alternativa E: incorreta. A linguagem é prosaica. Gabarito: B. 38. (UEA/2019) Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder às próximas duas questões. Nada nas mãos nem na cabeça, nada no estômago além da sensação vazia de haver ultrapassado toda sensação. É em estado assim que se descobre a verdade, que se cometem os grandes crimes, os gestos mais sublimes, ou então não se faz nada. É como as cobras. As mais silenciosas, de corpo mais esguio, de cor esmaecida, destilam o veneno mais perfeito. Assim também os poemas. Os mais contidos e lisos, os que menos coisa dizem, destilam o veneno mais perfeito. (Mínima lírica, 2013.) No trecho “que se descobre a verdade, / que se cometem os grandes crimes, os gestos / mais sublimes”, o eu lírico enumera a) eventos extremos que ocorrem durante o estado de vazio descrito na primeira estrofe. b) acontecimentos catastróficos que sucedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe. c) fatos impensáveis que causam o estado de vazio descrito na primeira estrofe. d) ações inconscientes que resultam do estado de vazio descrito na primeira estrofe. e) processos raros que precedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Na primeira estrofe, o eu lírico tenta materializar no corpo poético o elemento desencadeador do fazer artístico. Alternativa B: incorreta. No poema, não há a presença de um acontecimento grave, mas de um estado que o eu lírico transforma em matéria de poesia. Alternativa C: incorreta. Não se trata de fatos impensáveis. Antes é uma tentativa de concretizar o desencadeamento da experiência poética. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 137 Alternativa D: incorreta. Assim como em “Psicologia da composição”, de João Cabral de Melo Neto, aqui a poesia não é fruto de ações inconscientes, mas de um trabalho consciente dos mecanismos poéticos. Alternativa E: correta – gabarito. O eu lírico procura elaborar, por meio dos versos em questão, uma pungente reflexão sobre o estado poético. Gabarito: E. 39. (UEA/2019) Segundo as duas últimas estrofes, a) os melhores poemas são mais produto de inspiração do que de trabalho. b) o valor de um poema é medido pelos efeitos negativos que produz. c) os poemas mais inofensivos são os que parecem mais perigosos. d) a poesia é a arte de transformar algo discreto em algo significativo. e) os poemas mais discretos produzem os efeitos mais contundentes. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Ao contrário do que é afirmado na questão, os melhores poemas são frutos de um trabalho meticuloso e intenso por parte do poeta. Alternativa B: incorreta. A imagem poética criada pelo processo de comparação em “como cobras” reforça o impacto que os melhores poemas podem revelar. Alternativa C: incorreta. Considerando a visão do eu lírico, não se pode restringir o trabalho poético à dualidade “inofensivo” e “perigoso”. Alternativa D: correta – gabarito. Usando o recurso da metalinguagem, o eu lírico coloca em questão a potencialidade da poesia de transcender os elementos referenciais do mundo e a sua capacidade de atribuir um caráter artístico a esses elementos. Alternativa E: incorreta. A reflexão poética não está centrada na forma poema, mas no trabalho com a poesia, ou seja, o uso artístico da palavra e outros recursos de linguagem. Gabarito: D. 40. (UEA/2018) Nos anos em que atuaram estes escritores, a poesia brasileira percorreu os meandros do extremo subjetivismo, à Byron e à Musset. Alguns poetas adolescentes, mortos antes de tocarem a plena juventude, darão exemplo de toda uma temática emotiva de amor e morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio. (Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 2006. Adaptado.) O texto refere-se a) à segunda geração do Romantismo. b) ao Barroco. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 138 c) ao Arcadismo. d) à primeira geração do Modernismo. e) ao Condoreirismo. Comentários Questão de crítica literária/conhecimento de movimentos literários. Alternativa A: correta – gabarito. O trecho faz referência à segunda geração romântica ou “geração ultrarromântica”. Como principais características desse período, pode-se destacar a fuga da realidade e o profundo subjetivismo. A produção romântica no Brasil foi influenciada pela obra do poeta britânico George Gordon Byron, mais conhecido como Lord Byron, e do poeta francês Alfred de Musset. Alternativa B: incorreta. A estética barroca traz em sua forma o raciocínio complexo e o conflito entre fé e razão, a partir de uma visão teocêntrica do mundo (Deus como centro de tudo). Alternativa C: incorreta. No arcadismo, há a retomada de temáticas greco-latinas, uso de temas pastoris e valorização da natureza. Alternativa D: incorreta. A primeira geração modernista, influenciada pelas vanguardas artísticas, propôs uma estética inovadora com a revisão crítica das heranças artísticas do passado. Alternativa E: incorreta. O condoreirismo é o nome dado à terceira geração romântica no Brasil. O termo é uma metáfora para a busca de liberdade por parte de seus representantes. As temáticas do abolicionismo e da justiça social são fortemente exploradas nos poemas dessa geração. Gabarito: A. 41. (UEA/2014) Tapuia As florestas ergueram braços peludos para esconder-te com ciúmes do sol. E a tua carne triste se desabotoa nos seios, recém-chegados do fundo das selvas. Pararam no teu olhar as noites da Amazônia, mornas e imensas. No teu corpo longo ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro. O mato acorda no teu sangue sonhos de tribos desaparecidas – filha de raças anônimas que se misturaram em grandes adultérios! E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, que teus antepassados te deixaram de herança. O vento desarruma os teus cabelos soltos e modela um vestido na intimidade do teu corpo exato. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 139 À noite o rio te chama e então te entregas à água preguiçosamente, como uma flor selvagem ante a curiosidade das estrelas. (Raul Bopp apud Mário da Silva Brito. “Tapuia”. In: Poesia do Modernismo, 1968.) No verso"E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio", a ideia expressa pelo verbo destacado está de acordo com a seguinte afirmação: a) Os indígenas erram ainda hoje, quando confiam nas promessas do homem branco. b) Explorados e expulsos de suas terras, os indígenas vagueiam pelas florestas que sobraram. c) Em função dos sucessivos ataques do homem branco, os indígenas lamentam os erros cometidos. d) Ao caminhar pelas margens do rio, os indígenas já não têm o senso de direção de seus antepassados. e) Remanescentes de tribos dizimadas, os indígenas continuam sofrendo pelos erros dos brancos. Comentários Questão de interpretação de texto literário. O verbo errar ao qual pertence o termo “erras” (presente do indicativo, segunda pessoa do singular) adquire, no contexto, o significado de perambular, vaguear, o que elimina as alternativas “a”, “c” e “e”. Também “d” é incorreta, pois o fato de vaguearem sem rumo pelas beiras dos rios não pode ser atribuído à falta de senso de direção, mas sim às agressões a que as tribos indígenas têm sido sujeitas. Assim, é correta apenas a alternativa “b”. Gabarito: A. 42. (UEA/2014) A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro, em vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos. Essa figura ocorre no verso: a) que se misturaram em grandes adultérios! b) O vento desarruma os teus cabelos soltos c) As florestas ergueram braços peludos para esconder-te d) e então te entregas à água preguiçosamente, e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Não é metáfora, mas sim adultérios. Alternativa B: incorreta. Não é metáfora, mas sim personificação. Alternativa C: correta – gabarito. Pois há comparação implícita dos ramos frondosos das árvores com “braços peludos” constitui uma metáfora. Alternativa D: incorreta. Não há figura de linguagem, mas sim descrição. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 140 Alternativa E: incorreta. Não há figura de linguagem, mas sim narração. Gabarito: C. 43. (UEA/2013) Leia o texto a seguir para responder às próximas duas questões. Não sei que jornal, há algum tempo, noticiou que a polícia ia tomar sob a sua proteção as crianças que aí vivem, às dezenas, exploradas por meia dúzia de bandidos. Quando li a notícia, rejubilei. Porque, há longo tempo, desde que comecei a escrever, venho repisando este assunto, pedindo piedade para essas crianças e cadeia para esses patifes. Mas os dias correram. As providências anunciadas não vieram. Parece que a piedade policial não se estende às crianças, e que a cadeia não foi feita para dar agasalho aos que prostituem corpos de sete a oito anos… E a cidade, à noite, continua a encher-se de bandos de meninas, que vagam de teatro em teatro e de hotel em hotel, vendendo flores e aprendendo a vender beijos. Anteontem, por horas mortas, quando saía de um teatro na rua central da cidade, vi sentada uma menina, a uma soleira de porta. Ao lado, a sua cesta de flores murchas estava atirada sobre a calçada. Pediu-me dez tostões, chorando... Só conseguira obter, ao cabo de toda uma tarde de caminhadas e de pena, esses dez tostões — perdidos ou furtados. E pelos seus olhos molhados passava o terror das bordoadas que a esperavam em casa… Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, sumir-se, dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma. Ora — nestes tempos singulares em que a gente já se habituou a ouvir sem espanto coisas capazes de horrorizar a alma de Deiber —, é possível que alguém, encolhendo os ombros diante disto, me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças que vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam para casa uma certa e determinada quantia. Tenho tudo, amigos meus! Não penseis que me iluda sobre a eficácia das providências que possa a polícia tomar, a fim de salvar das pancadas o corpo e da devassidão a alma de qualquer dessas meninas. Bem sei que, enquanto o mundo for mundo e enquanto houver meninas — proteja-as ou não as proteja a polícia —, haverá pais que as esbordoem, mães que as vendam, cadelas que as industriem, cães que as deflorem! (Olavo Bilac [Gazeta de Notícias, 14.08.1894]. www.consciencia.org. Adaptado.) Olavo Bilac, autor da crônica, é bastante conhecido no contexto da literatura brasileira como poeta do a) Romantismo, período do império da razão. b) Parnasianismo, escola literária que buscava a perfeição formal. c) Arcadismo, que aprofundou as características do Barroco. d) Modernismo, responsável pela volta dos valores clássicos. e) Simbolismo, estilo marcado pela experimentação. Comentários Questão de conhecimento de movimentos literários. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 141 Alternativa A: incorreta. Ao contrário do que é afirmado, no Romantismo, há o predomínio da subjetividade, do sentimentalismo exacerbado e individualismo. Alternativa B: correta – gabarito. Olavo Bilac é considerado o principal representante do Parnasianismo no Brasil. Em suas obras, as regras de composição são valorizadas, além de reconhecer o trabalho poético como uma tarefa árdua e complexa. Alternativa C: incorreta. O Arcadismo distancia-se dos excessos formais e estilísticos presentes na estética barroca em busca de uma linguagem clara e objetiva, em que há o equilíbrio da forma. Alternativa D: incorreta. Os poetas modernistas romperam com as regras clássicas de composição artística e realizaram experimentações com o intuito de descobrir novas formas expressivas. Alternativa E: incorreta. O estilo simbolista é marcado pela valorização da subjetividade humana e do mundo dos sonhos, assim como a negação dos valores realistas tão marcantes na literatura do século XIX. Gabarito: B. 44. (UEA/2013) De acordo com o texto, é correto afirmar que a) o narrador leu a notícia sobre as providências da polícia no jornal em que trabalha. b) a menina contou ao cronista que não conseguira vender nenhuma flor naquele dia. c) a cadeia do Rio de Janeiro, segundo depoimentos de testemunhas, não recebe aproveitadores de meninas. d) vários leitores perguntaram ao cronista por que ele se envolvia com um assunto desses. e) o narrador ficou muito tempo a olhar o vulto da menina que se perdia na escuridão da noite. Comentários Alternativa A: incorreta. Já no início do texto, o narrador afirma não se lembrar em que jornal leu a notícia. Alternativa B: incorreta. O cronista afirma que a menina “perdera toda a féria”, ou seja, ela perdeu o valor arrecadado com a venda das flores, “dez tostões”. Trata-se do valor que a garota solicita ao cronista para evitar punições. Alternativa C: incorreta. De maneira crítica, o narrador faz referência ao desinteresse da polícia em realizar ações efetivas para que autores de crimes contra as crianças, sobretudo as meninas, sejam punidos adequadamente. Alternativa D: incorreta. O cronista usa o recurso da pergunta retórica para justificar o seu interesse pelo tema: “[...] é possível que alguém, encolhendo os ombros diante disto, me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças que vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam para casa uma certa e determinada quantia”. Alternativa E: correta – gabarito. O narrador acompanhou o trajeto da menina na escuridão da noite conforme se verifica no seguinte trecho: “Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, sumir-se, dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma”. Gabarito:E. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 142 45. (UEMA/2020) O Último Poema encerra o livro Libertinagem, de Manuel Bandeira. O Último Poema Assim eu quereria o meu último poema Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem explicação. BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013 O poema estabelece pelo título e pela posição que ocupa um valor metapoético, uma vez que o eu lírico a) transporta para a poesia a beleza da simplicidade. b) explicita seu dilema existencial. c) revela dramaticamente seus medos mais íntimos e secretos. d) incorpora na poesia o academicismo parnasiano. e) expressa em versos seu desejo poético. Comentários Questão de interpretação de texto literário. “Metapoético” se refere a um poema que tematiza a escrita da própria poesia. Alternativa A: incorreta. É verdade que, nesse poema, o eu lírico “transporta para a poesia a beleza e simplicidade”, mas isso não se relaciona com o título, nem expressa um valor metapoético. Alternativa B: incorreta. No poema, ele exprime o que ele deseja para sua poesia, não explora seus dilemas existenciais. Alternativa C: incorreta. Não há referência a medos no poema. Alternativa D: incorreta. Se fosse parnasiano, o poeta deveria metrificar seu poema. Manuel Bandeira se vale do verso livre (sem métrica). Alternativa E: correta – gabarito. O seu desejo poético aparece no primeiro verso “Assim eu quereria o meu último poema” e esse tema é metapoético. Gabarito: E. 46. (UFPR/2020) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa: Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva- de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 143 – Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!... É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão. (GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.) O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada. a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta de Deus. b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza. c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região. d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto a condição humana. e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da valentia. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Embora o interior de Minas Gerais seja fortemente marcado pelas tradições católicas, o trecho selecionado ressalta aspectos da natureza. Alternativa B: incorreta. O trecho é marcado por um forte apelo imagético fruto da presença de adjetivos, assim como da aliteração dos fonemas fricativos e nasais. Alternativa C: incorreta. O deslumbramento diante da natureza gera uma relação mística com a natureza. Alternativa D: correta – gabarito. A relação entre personagem e natureza é recorrente nos contos. Os destinos traçados no livro, como se destaca em “Sarapalha”, parecem se fundir nas inconstâncias e durezas da paisagem sertaneja. Alternativa E: incorreta. Nos contos, é explorada uma visão mítica da relação entre o homem e a natureza, em que a astúcia e a sabedoria ganham destaque no desenrolar dos conflitos. Gabarito: D. 47. (UFU/2016) Texto I Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável. Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 144 desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois, sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu fraco o último fôlego. KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78. Texto II Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto do corpo como luzes. A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu. LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 37-38. Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e do conto “O grande passeio” têm em comum a a) a incapacidade de decisão ante as instabilidades sociais. b) o isolamento social devido ao descaso dos familiares. c) o devaneio filosófico a respeito dos fenômenos da natureza. d) a passividade diante das vicissitudes do curso da vida. Comentários Questão de interpretação de texto literário/literatura comparada. Alternativa: A: incorreta. Em “O grande passeio”, não há abordagem de instabilidades sociais, como há em A metamorfose. No conto, aborda-se uma questão humanista sobre a relação com idosos. Alternativa: B: incorreta. Em “O grande passeio”, a protagonista, Mocinha, é uma idosa já sem familiares. Em A metamorfose, mostra-se principalmente a ambiguidade dos familiares, uma vez que dependem da atividade de Gregor Samsa para que a aparência de família burguesa seja mantida. Alternativa: C: incorreta. Em ambos os textos, as personagens, na iminência da morte, atentam aos fenômenos na natureza nos trechos selecionados. No entanto, apenas Gregor demonstra abordagem filosófica ao ato contemplativo (“Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela”). Alternativa: D: correta – gabarito. Gregor mostra-se passivo diante dos problemas de sua existência; no trecho selecionado, já metamorfoseado, o narrador onisciente cita que “A maçã apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o incomodavam”. Mocinha, a idosa de “O grande passeio”, igualmentenão se revolta frente aos problemas enfrentados: mesmo sendo friamente enviada de uma cidade para outra por pessoas que, a princípio, tomariam conta dela, o narrador onisciente cita que “Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu”. Gabarito: D. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 145 48. (UNCISAL/2017) A poesia de Augusto de Campos, conforme se pode ver no exemplo acima, propõe uma revisão nas estruturas tradicionais das artes poéticas. Isso quer dizer que esse formato proposto a) valoriza a métrica e a rima. b) abdica das interações com as diversas formas de artes visuais. c) valoriza o sentido hermético da poesia sem pluralidade semântica. d) expande-se para além da retórica pela valorização das múltiplas formas e sentidos. e) considera como material poético a ditadura retórica da palavra em seus vários desdobramentos. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. Augusto de Campos é um dos fundadores da poesia concreta no Brasil. Seu projeto estético contemplava a ruptura com as formas clássicas da poesia e a necessidade de se criar uma revolução na linguagem poética. Alternativa B: incorreta. Ao contrário do que é afirmado, o projeto de Augusto de Campos, integrado às ideias concretistas, conecta-se a outras linguagens artísticas, especialmente as formas de artes visuais, como um recurso para repensar a escrita poética. Alternativa C: incorreta. A relação entre significante e significado é expandida na poesia de Augusto de Campos. Cada palavra é explorada em sua multiplicidade semântica, gerando uma síntese de ideias, tal como ocorre na formação do ideograma. Alternativa D: correta – gabarito. Augusto de Campos, ao lado de Haroldo de Campos e Décio Pignatari, criaram uma produção poética que dialoga diretamente com as outras linguagens artísticas e outros sistemas de comunicação a fim de transgredir a forma discursiva e permitir o surgimento de novas formas e sentidos no âmbito literário. Alternativa E: incorreta. A poesia de Augusto de Campos é marcada pelo experimentalismo formal, em que palavra e imagem estão em constante interação. Gabarito: D. 49. (UNCISAL/2016) ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 146 ANTUNES, Arnaldo. Rio: o ir. Disponível em:<http://www.arnaldoantunes.com.br/new/index.php?page=32>. Acesso em: 6 nov. 2015. O texto acima, um poema de Arnaldo Antunes, inscreve-se numa tradição de procedimentos poéticos também recuperáveis no a) Naturalismo, uma vez que o poema faz uso de recurso visual que se assemelha a uma rosa, o que remete à natureza. b) Arcadismo, uma vez que é perceptível que o poema se estrutura em torno da palavra “rio”, o que remete a uma supervalorização deste elemento natural. c) Concretismo, uma vez que o poema investe na materialidade visual da palavra, explorando um arranjo geométrico que, com poucos recursos, provoca diversas leituras e compreensões. d) Modernismo, uma vez que se percebe a estruturação do poema em torno da flexão de primeira pessoa do verbo “rir”, o que recupera o humor característico dos poetas modernistas. e) Parnasianismo, uma vez que a forma do poema se assemelha à de uma pedra preciosa, o que metaforiza a aproximação que os parnasianos estabelecem entre o fazer poético e o trabalho do ourives. Comentários Questão de interpretação de texto literário. Alternativa A: incorreta. O Naturalismo é uma tendência estética do final do século XIX que se caracteriza pela linguagem objetiva e a investigação científica no tratamento de seus temas. Alternativa B: incorreta. O Arcadismo é um movimento literário do século XVIII que retoma aspectos da cultura greco-latina e renascentista. A linguagem explorada em seus poemas privilegia a simplicidade do vocabulário e a clareza das ideias. Alternativa C: correta – gabarito. O Concretismo é um relevante movimento artístico e cultural surgido no Brasil em meados dos anos 1950. Os poetas concretos decretavam o fim do verso “histórico” e pregavam a necessidade de evoluir as formas literárias explorando o espaço gráfico. Alternativa D: incorreta. Embora o Modernismo seja o primeiro movimento artístico e literário no século XX a clamar por novas formas de expressão artística, suas experimentações estavam focadas no uso de versos livres, no humor expresso na linguagem e no abandono das formas fixas. Alternativa E: incorreta. O Parnasianismo é um movimento literário que ganhou força no final do século XIX. Seus principais representantes apreciavam aspectos da versificação, metrificação e o uso das formas fixas. Gabarito: C. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 147 50. (UNITINS/2016.2) Leia o texto para responder à questão a seguir. “Movimento artístico e filosófico que surge com o conflito entre a Reforma Protestante e a Contra Reforma. Seu objetivo era propagar a religião por meio de uma arte de impacto, sinuosa, enfeitada ao extremo. Arte altamente contraditória.” (Disponível em: <http://questoesdevestibularnanet.blogspot.com.br/2013/09/caracteristicas-e representantes-do.html>. Acesso em: 4 nov. 2015) O texto se refere a uma escola literária brasileira, denominada ________, que tem as seguintes características _____________. a) Arcadismo – regido pelas filosofias do cultismo e do conceptismo. Cultismo é o jogo de palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas. Conceptismo são os jogos de raciocínio e de retórica que visam a melhor explicar o conflito dos opostos. b) Realismo – tem por temática assuntos que tratam da exaltação da beleza natural e consideram a existência humana como constante e paulatino morrer. c) Modernismo – expressa conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o prazer pagão e a fé religiosa; há detalhismo e rebuscamento, ou seja, extravagância e exagero nos detalhes. d) Barroco – linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo; uso de muitos recursos estilísticos, como figuras de linguagem, hipérboles, metáforas, antíteses e paradoxos, para melhor expressar a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna. e) Naturalismo – homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no céu; há contradição de sentimentos, em que é comum a ideia de opostos: bem X mal, pecado X perdão, homem X Deus. Comentários Questão de preencher lacunas/conhecimento sobre movimentos literários. Alternativa A: incorreta. O Arcadismo não buscava propagar a religião através de uma arte de impacto. Além disso, o cultismo e o conceptismo são correntes pertencentes ao Barroco, e não ao Arcadismo. Alternativa B: incorreta. O Realismo não tem por temática a exaltação das belezas naturais. O movimento ocorreu no século XIX, tempos após a Contrarreforma. Alternativa C: incorreta. O Modernismo não tem por tema central o prazer pagão e a fé religiosa. Além disso, o movimento é do século XX, enquanto a Contrarreforma ocorreu somente entre os séculos XVI e XVII. Alternativa D: correta – gabarito. O Barroco surge a partir da empreitada da Igreja Católica de barrar o avanço do Protestantismo. Tem por características as antíteses e a temática do homem cindido entre polos opostos: prazer e disciplina, céu e inferno, vida e morte. Alternativa E: incorreta. O Naturalismo não apresenta as características descritas na alternativa. O movimento defende que as condições sociais, aliada ao fator de raça, determina o comportamento humano. O movimento ocorreu no século XIX, tempos após a Contrarreforma. Gabarito: D. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 148 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela Nogueira. Gramática – texto: análise e construção de sentido. São Paulo: Moderna,2006. ARISTÓTELES; HORÁCIO; LONGINO. A poética clássica. Trad. Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 2014. AUERBACH, Erich. Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: Dantas, Vinicius (Orgs.). Textos de intervenção. São Paulo: Duas cidades; Editora 34, 2002. CEREJA; William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. 4. ed. São Paulo: Atual, 2004 (v. 1). ______. Texto e interação: uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. 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