Logo Passei Direto
Buscar

Aula_00_-_Conceitos_Fundamentais_-_Extensivo_2024 (1)

User badge image
Marco Antonio

em

Ferramentas de estudo

Questões resolvidas

Qual é o movimento literário que representa a produção literária do período colonial brasileiro?

a) Quinhentismo, Barroco, Arcadismo
b) Classicismo, Barroco, Romantismo
c) Quinhentismo, Barroco, Realismo

Arcadismo “Obras poéticas de Glauceste Satúrnio” (1768), pseudônimo de Cláudio Manoel da Costa
Romantismo “Suspiros poéticos e saudades” de Gonçalves de Magalhães (1836)
Realismo “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis (1881)
Naturalismo “O mulato” de Aluísio de Azevedo (1881)
Parnasianismo “Fanfarras” de Teófilo Dias (1882), embora "Poesias" de Olavo Bilac seja mais importante
Simbolismo “Missal e Broquéis” de Cruz e Sousa (1893)
Modernismo “Pauliceira desvairada” de Mário de Andrade (1922)
Literatura Contemporânea
A crítica literária considera que a partir de 1960 se inicia a Literatura Contemporânea.
BIZU IMPORTANTE: um movimento literário não é uma prisão! Quer dizer que um movimento pode ser contemporâneo do outro, como é o caso do Naturalismo/Realismo. Ambos os movimentos foram introduzidos no mesmo ano no Brasil: 1881.

a) Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo, Literatura Contemporânea.
b) Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo, Literatura Contemporânea.
c) Arcadismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo, Literatura Contemporânea.

Quais são as características da poesia?
A poesia é um tipo de texto encadeado por versos.
O verso é uma linha de sentido e se opõe ao parágrafo na forma.
A poesia está associada a práticas de musicalidade.
O conteúdo da poesia é subjetivo e gira em torno de um eu lírico.

Qual é a função da intertextualidade nesse poema?
A: correta – gabarito. É essa a função da intertextualidade nesse poema.
B: incorreta. Os versos são regulares, trata-se de decassílabos, mas a ironia romântica é um conceito inventado por Schlegel, filósofo e poeta alemão, filosofia que alia poesia à conhecimento e sabedoria, entre outras características. A dispersão do eu lírico não é reflexo disso, mas de sentimentalismo.
C: incorreta. Ele não a rejeita, pelo contrário, mas sim a incorpora.
D: incorreta. Não há recusa, mas menção, quase veneração, desejo de ser igual.
E: incorreta. Deus e religião são importantes para o movimento do Barroco, não para o Romantismo.
Gabarito: A.

Nessa peça, com subtítulo “farsa sociopolítico-patológica em nove quadros”, Odorico Paraguaçu é eleito prefeito sob a premissa de construir um cemitério na cidade. Político corrupto, recorre a vários estratagemas ilícitos para a inauguração do local, mas nenhuma de suas armações teve sucesso. Acaba por ser morto por Zeca Diabo, contribuindo ironicamente para a inauguração, o que lhe traz elogios fúnebres da população que o reverencia como grande benfeitor da cidade. No trecho em particular, seu perfil de político está imitado no palavrório verborrágico, recorrendo inclusive a neologismos como "somentemente".

a) O texto apresentado é um exemplo de teatro moderno, caracterizado pela quebra da quarta parede e pela preocupação com a sondagem interior.
b) O trecho apresentado pertence à peça “O bem-amado”, escrita por Dias Gomes, um dramaturgo brasileiro.
c) A peça “A mais-valia vai acabar, seu Edgar” é um exemplo de teatro grego, caracterizado pela encenação em teatro de arena e pela representação de cultos e rituais dedicados aos deuses.

O texto mostra-se crítico em relação ao conteúdo da seguinte citação: a) “O homem é o lobo do homem.” b) “O homem nasce livre, a sociedade o corrompe.” c) “O trabalho dignifica e enobrece o homem.” d) “Onde não há lei, não há liberdade.” e) “O trabalho não é vergonha, é só uma maldição.”

a) “O homem é o lobo do homem.”
b) “O homem nasce livre, a sociedade o corrompe.”
c) “O trabalho dignifica e enobrece o homem.”
d) “Onde não há lei, não há liberdade.”
e) “O trabalho não é vergonha, é só uma maldição.”

Quais são os passos para interpretação de obra artística?

Podemos desentranhar as fases que devem presidir à análise literária: Primeira: escolhida a obra ou fragmento dela, procede-se à sua leitura integral, leitura de contato, descontraída, lúdica, que deve fornecer uma impressão inicial. Segunda: releitura de análise (que pode e deve ser repetida tantas vezes quantas o texto requerer), com o lápis na mão, assinalando no texto as passagens que mais chamam atenção. Terceira: consulta do dicionário (ampliar o léxico), para resolver as dúvidas quanto à denotação das palavras e expressões. Quarta: releitura, tendo em vista compreender o índice (valor) conotativo das palavras e expressões. Quinta: apontar as constantes, repetições ou recorrências do texto, sobretudo no que toca à conotação. Sexta: interpretar tais constantes ou recorrências, que constituem a camada externa das forças motrizes, com base nos elementos do próprio texto e nas informações que o analista já possui. Sétima: consultar as fontes secundárias caso o texto reclame: história literária (características dos movimentos), biografia do autor, bibliografia (fortuna crítica) sobre o autor, o contexto sócio-econômico-social. Oitava: organizar em ordem hierárquica de importância as constantes ou recorrências, segundo o critério estatístico e qualitativo, ou seja, segundo a quantidade das constantes e sua qualidade emocional, sentimental e conceitual. Nona: interpretá-las e buscar depreender as deduções que comportam, à luz dos dados selecionados, tendo em vista as forças motrizes, isto é, a cosmovisão do escritor. Décima: conclusão do trabalho. Como a análise, via de regra, não caminha sozinha, dessa análise pode também surgir elementos que orientem para a crítica literária.

Que é literatura?

a) Um grito de dor é sinal da dor que o provoca.
b) Mas um canto de dor é ao mesmo tempo a própria dor e uma coisa que não a dor.
c) O escritor pode dirigir o leitor e, se descreve um casebre, mostrar nele o símbolo das injustiças sociais, provocar nossa indignação.

AUTOR ONISCIENTE INTRUSO

a) Esse tipo de NARRADOR tem a liberdade de narrar à vontade, de colocar-se acima, ou, por trás, adotando um PONTO DE VISTA divino para além dos limites de tempo e espaço.
b) Pode também narrar da periferia dos acontecimentos, ou do centro deles, ou ainda limitar-se e narrar como se estivesse de fora, ou de frente, podendo, ainda, mudar e adotar sucessivamente várias posições.
c) Trata-se do capítulo L do livro Quincas Borba. Escrito em 1891, o romance narra a história de Rubião, herdeiro da fortuna de Quincas Borba.

Dentre os recursos expressivos presentes no poema, podem-se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos versos
2 e 17.
a) 2 e 17.
b) 1 e 5.
c) 8 e 15.
d) 9 e 18.
e) 14 e 3.

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

Questões resolvidas

Qual é o movimento literário que representa a produção literária do período colonial brasileiro?

a) Quinhentismo, Barroco, Arcadismo
b) Classicismo, Barroco, Romantismo
c) Quinhentismo, Barroco, Realismo

Arcadismo “Obras poéticas de Glauceste Satúrnio” (1768), pseudônimo de Cláudio Manoel da Costa
Romantismo “Suspiros poéticos e saudades” de Gonçalves de Magalhães (1836)
Realismo “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis (1881)
Naturalismo “O mulato” de Aluísio de Azevedo (1881)
Parnasianismo “Fanfarras” de Teófilo Dias (1882), embora "Poesias" de Olavo Bilac seja mais importante
Simbolismo “Missal e Broquéis” de Cruz e Sousa (1893)
Modernismo “Pauliceira desvairada” de Mário de Andrade (1922)
Literatura Contemporânea
A crítica literária considera que a partir de 1960 se inicia a Literatura Contemporânea.
BIZU IMPORTANTE: um movimento literário não é uma prisão! Quer dizer que um movimento pode ser contemporâneo do outro, como é o caso do Naturalismo/Realismo. Ambos os movimentos foram introduzidos no mesmo ano no Brasil: 1881.

a) Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo, Literatura Contemporânea.
b) Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo, Literatura Contemporânea.
c) Arcadismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo, Literatura Contemporânea.

Quais são as características da poesia?
A poesia é um tipo de texto encadeado por versos.
O verso é uma linha de sentido e se opõe ao parágrafo na forma.
A poesia está associada a práticas de musicalidade.
O conteúdo da poesia é subjetivo e gira em torno de um eu lírico.

Qual é a função da intertextualidade nesse poema?
A: correta – gabarito. É essa a função da intertextualidade nesse poema.
B: incorreta. Os versos são regulares, trata-se de decassílabos, mas a ironia romântica é um conceito inventado por Schlegel, filósofo e poeta alemão, filosofia que alia poesia à conhecimento e sabedoria, entre outras características. A dispersão do eu lírico não é reflexo disso, mas de sentimentalismo.
C: incorreta. Ele não a rejeita, pelo contrário, mas sim a incorpora.
D: incorreta. Não há recusa, mas menção, quase veneração, desejo de ser igual.
E: incorreta. Deus e religião são importantes para o movimento do Barroco, não para o Romantismo.
Gabarito: A.

Nessa peça, com subtítulo “farsa sociopolítico-patológica em nove quadros”, Odorico Paraguaçu é eleito prefeito sob a premissa de construir um cemitério na cidade. Político corrupto, recorre a vários estratagemas ilícitos para a inauguração do local, mas nenhuma de suas armações teve sucesso. Acaba por ser morto por Zeca Diabo, contribuindo ironicamente para a inauguração, o que lhe traz elogios fúnebres da população que o reverencia como grande benfeitor da cidade. No trecho em particular, seu perfil de político está imitado no palavrório verborrágico, recorrendo inclusive a neologismos como "somentemente".

a) O texto apresentado é um exemplo de teatro moderno, caracterizado pela quebra da quarta parede e pela preocupação com a sondagem interior.
b) O trecho apresentado pertence à peça “O bem-amado”, escrita por Dias Gomes, um dramaturgo brasileiro.
c) A peça “A mais-valia vai acabar, seu Edgar” é um exemplo de teatro grego, caracterizado pela encenação em teatro de arena e pela representação de cultos e rituais dedicados aos deuses.

O texto mostra-se crítico em relação ao conteúdo da seguinte citação: a) “O homem é o lobo do homem.” b) “O homem nasce livre, a sociedade o corrompe.” c) “O trabalho dignifica e enobrece o homem.” d) “Onde não há lei, não há liberdade.” e) “O trabalho não é vergonha, é só uma maldição.”

a) “O homem é o lobo do homem.”
b) “O homem nasce livre, a sociedade o corrompe.”
c) “O trabalho dignifica e enobrece o homem.”
d) “Onde não há lei, não há liberdade.”
e) “O trabalho não é vergonha, é só uma maldição.”

Quais são os passos para interpretação de obra artística?

Podemos desentranhar as fases que devem presidir à análise literária: Primeira: escolhida a obra ou fragmento dela, procede-se à sua leitura integral, leitura de contato, descontraída, lúdica, que deve fornecer uma impressão inicial. Segunda: releitura de análise (que pode e deve ser repetida tantas vezes quantas o texto requerer), com o lápis na mão, assinalando no texto as passagens que mais chamam atenção. Terceira: consulta do dicionário (ampliar o léxico), para resolver as dúvidas quanto à denotação das palavras e expressões. Quarta: releitura, tendo em vista compreender o índice (valor) conotativo das palavras e expressões. Quinta: apontar as constantes, repetições ou recorrências do texto, sobretudo no que toca à conotação. Sexta: interpretar tais constantes ou recorrências, que constituem a camada externa das forças motrizes, com base nos elementos do próprio texto e nas informações que o analista já possui. Sétima: consultar as fontes secundárias caso o texto reclame: história literária (características dos movimentos), biografia do autor, bibliografia (fortuna crítica) sobre o autor, o contexto sócio-econômico-social. Oitava: organizar em ordem hierárquica de importância as constantes ou recorrências, segundo o critério estatístico e qualitativo, ou seja, segundo a quantidade das constantes e sua qualidade emocional, sentimental e conceitual. Nona: interpretá-las e buscar depreender as deduções que comportam, à luz dos dados selecionados, tendo em vista as forças motrizes, isto é, a cosmovisão do escritor. Décima: conclusão do trabalho. Como a análise, via de regra, não caminha sozinha, dessa análise pode também surgir elementos que orientem para a crítica literária.

Que é literatura?

a) Um grito de dor é sinal da dor que o provoca.
b) Mas um canto de dor é ao mesmo tempo a própria dor e uma coisa que não a dor.
c) O escritor pode dirigir o leitor e, se descreve um casebre, mostrar nele o símbolo das injustiças sociais, provocar nossa indignação.

AUTOR ONISCIENTE INTRUSO

a) Esse tipo de NARRADOR tem a liberdade de narrar à vontade, de colocar-se acima, ou, por trás, adotando um PONTO DE VISTA divino para além dos limites de tempo e espaço.
b) Pode também narrar da periferia dos acontecimentos, ou do centro deles, ou ainda limitar-se e narrar como se estivesse de fora, ou de frente, podendo, ainda, mudar e adotar sucessivamente várias posições.
c) Trata-se do capítulo L do livro Quincas Borba. Escrito em 1891, o romance narra a história de Rubião, herdeiro da fortuna de Quincas Borba.

Dentre os recursos expressivos presentes no poema, podem-se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos versos
2 e 17.
a) 2 e 17.
b) 1 e 5.
c) 8 e 15.
d) 9 e 18.
e) 14 e 3.

Prévia do material em texto

ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VESTIBULARES 
Exasiu 
Prof. Luana Signorelli 
Aula 00 – Conceitos Fundamentais 
O que é Literatura. História da Literatura. Os dois eixos 
temáticos: forma e conteúdo. A intertextualidade. Movimentos 
Literários. Gêneros literários: poesia, prosa e teatro. 
Interpretação de obras artísticas. 
estretegiavestibulares.com.br vestibulares.estrategia.com 
EXTENSIVO 
2024 
Exasi
u 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO 5 
Metodologia 5 
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 9 
1.1. HISTÓRIA E FUNÇÃO DAS ARTES E DA LITERATURA 9 
1.2. O CONTEXTO 11 
1.3. VALORES, EXPRESSÃO E FORMAÇÃO SENTIMENTAL 13 
1.4. FORMA E CONTEÚDO 13 
1.5. TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO 17 
1.6. INTERTEXTUALIDADE 19 
2. HISTÓRIA DA LITERATURA: AS BELAS ARTES 22 
2.1. MOVIMENTOS LITERÁRIOS 22 
3. GÊNEROS LITERÁRIOS 29 
3.1. POESIA 32 
3.1.1 Características da poesia 32 
3.2. PROSA 42 
3.2.1 CARACTERÍSTICAS DA PROSA 44 
3.3. TEATRO 46 
3.2.1 CARACTERÍSTICAS DO TEATRO 47 
4. INTERPRETAÇÃO DE OBRA DE ARTE 50 
5. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 53 
6. GRAMÁTICA APLICADA À LITERATURA 56 
7. CRÍTICA LITERÁRIA 57 
8. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 61 
8.1GABARITO 96 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
9. QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 97 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 148 
10.1. REFERÊNCIAS DAS IMAGENS DO QUADRO DOS MOVIMENTOS LITERÁRIOS 149 
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 150 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Professora Luana Signorelli 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luana Signorelli @luanasignorelli1 
@profa.luana.signorel
li 
Professora 
Luana Signorelli 
/luana.signorelli 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Lembrando que a aula de número 00 é demonstrativa e gratuita, sendo disponibilizada 
no nosso site: www.estrategiavestibulares.com.b 
APRESENTAÇÃO 
 
Quem Sou Eu? 
Olá, alunos. 
O meu nome é Luana. Sou Mestra em Literatura e 
Práticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB) e 
Doutoranda em Teoria e História Literária pela 
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), já 
qualificada. Tenho 11 anos de experiência com revisão 
e padronização textual e 10 anos em curso pré-vestibular, 
tendo passado por instituições conhecidas e renomadas. 
Assim, pode-se dizer que Literatura não é só a 
minha especialidade, como também minha paixão! 
Costumo dizer que faço o que amo e amo o que faço. Eu 
garanto que vocês terão todo o apoio de que necessitam 
e seus estudos estarão em mãos de pessoal qualificado 
e competente. 
Como diz o escritor russo Liév Tolstói em seu romance Anna Kariênina: “qualquer que 
seja ou venha a ser o nosso destino, somos nós que o fazemos”. Então, vamos tomar as rédeas 
de nossas vidas, a fim de construirmos juntos o seu sonho rumo à sua aprovação! 
Lembrem-se sempre de nosso lema: 
 
 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. 
 
Hoje iniciamos nosso Curso Extensivo de Literatura para ENEM 2023. Logo abaixo, 
encontra-se a nossa metodologia e também como será organizado nosso plano de aulas. 
 
METODOLOGIA 
 
Essa é a nossa aula demonstrativa. Em relação ao Estratégia Vestibulares, veja como 
produtos o que oferecemos a você: 
• Livro digital completo (PDF) com muitos exercícios. A proposta é ter questões ao longo 
do material e ao final dele, com lista da instituição e uma lista de fixação de questões 
de outras instituições, pertinentes ao momento pedagógico. 
• Fórum de dúvidas: um canal de comunicação entre o aluno e o professor, disponível 
na área do aluno, junto com a ferramenta de notificação; 
• Sala VIP: outra via de comunicação. Costuma ser uma conversa semanal que dura 1 
hora. Vocês podem me sugerir o que pretendem estudar, estou aberta a sugestões! 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
• Videoaulas gratuitas em todos os horários de todas as disciplinas no Canal do 
YouTube do Estratégia Vestibulares. Nesse ano, vamos reaproveitar as aulas 
anteriores e nos focar no PDF; 
• Webinários e eventos extras acerca do seu concurso no Canal do YouTube do 
Estratégia Vestibulares; 
• Simulados inéditos e gratuitos todo final de semana. Acesso fácil, simples e direto por 
meio dos links disponibilizados com antecedência nas redes sociais; 
• Blog do Estratégia Vestibulares, com artigos, informações e materiais gratuitos; 
 
Para cumprir a tarefa de ofertar um material suficiente para seu preparo, elaborei um curso 
no qual vocês encontrarão a seguinte base: 
 
 
 
Dessa maneira, vocês poderão contar com informações completas e apoio especializado 
rumo ao que vocês precisam. E o melhor de tudo – em um único local não físico, o que lhes 
permite flexibilidade nos estudos. Deixem o conteúdo por nossa conta e concentrem-se no que 
realmente é importante para vocês. Acreditem no nosso material a partir de nossas escolhas 
didáticas e metodológicas: 
 
LITERATURA
Estudo da 
historiografia 
literária e dos 
movimentos
Estudo de 
movimentos 
artísticos: 
Linguagens e 
Códigos
Fornecimento de 
instrumentos 
críticos-teóricos e 
de interpretação
Formação de 
repertório e 
bagagem cultural
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
Agora, prestem atenção em algumas informações importantes! 
• Se a sua instituição cobrar lista obrigatória de livros, não se preocupem, corujinhas! 
O Estratégia Vestibulares irá fornecer cursos específicos no seu determinado 
momento. O cronograma de dos PDFs dos cursos de obras literárias será lançado 
assim que forem publicados os novos editais. Não se preocupem, pois o seu material 
será adequado, atualizado e adaptado para contemplar as suas necessidades, de 
acordo com as demandas de sua instituição. 
METODOLOGIA
Teoria literária, 
focando no 
cânone (autores 
e obras mais 
importantes) e 
além dele
Resolução de 
questões ao 
longo da teoria
Vinculação do 
tema da aula a 
movimentos 
artísticos 
(Linguagem e 
Códigos)
Seção da aula 
dedicada à 
Gramática e 
Interpretação de 
Texto
Seção da aula 
dedicada à 
compreensão de 
textos de crítica 
literária
Resolução de 
muitas questões 
de diversos 
níveis, para 
sedimentar o 
conhecimento
APROVAÇÃO!
CURSO REGULAR: na modalidade 
extensiva (ano inteiro) e intensiva (meio do 
ano) + carreira geral/medicina + Gigantes 
Paulistas.
SPRINT: intensivo, perto da prova e focado 
em exercícios. Oferecemos SPRINT ENEM 
em 2020 e 2021. No primeiro, resolvemos 
todas as questões da banca; no segundo, 
questões inéditas e autorais
JORNADAS: são os cursos de reta final, 
incluindo: hora da verdade, premonição, 
revisões de véspera, gabarito ao vivo, pós-
prova, mapa de prova.
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
• O curso de Literatura será ministrado por mim. Os cursos de obras literárias, quando 
for lançados, será dividido entre a Equipe de Português. Meus colegas de equipe são: 
Professora Celina Gil e Professor Wagner Santos (Gramática e Interpretação de 
Texto); Professor Fernando Andrade (Redação e Filosofia); Professora Bete Ana 
(Literatura e Obras Literárias) e Professora Marina Ferreira (Gramática; Interpretação 
de Texto e Obras Literárias). 
• As informações que precisarmos passar para vocês será feita via plataforma digital, 
principalmente mediante a ferramenta de notificação. Para além disso, para problemas 
técnicos de TI ou burocráticos, por exemplo, vocês também podem entrar em contato 
com o seguinte endereço de e-mail: vemsercoruja@estrategiavestibulares.com.br.ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
F
o
n
te
: 
P
ix
a
b
a
y.
 
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
Para se preparar para Literatura, é importante que você entenda a lógica dessa área do 
conhecimento, pois isso pode ajudá-lo a prever o que será pedido na sua prova. Nesse primeiro 
momento, vamos discutir o sentido de Literatura, entendendo que ela compreende um caminho 
em direção à humanização. 
 
A Literatura é uma Ciência Humana produzida por seres humanos e para seres humanos. 
Isto quer dizer que seres humanos são tanto o sujeito produtor desse tipo de arte em 
particular quanto o seu público-alvo receptor. Muito possivelmente, a banca da sua prova, 
ao cobrar Literatura, pretende orientar os seus estudos rumo a uma capacidade crítica de 
raciocínio menos técnica e mais autônoma, subjetiva, sensível, refinada. 
1.1. HISTÓRIA E FUNÇÃO DAS ARTES E DA LITERATURA 
Qual é a função da arte? Aparentemente nenhuma, dado que não produz nada que 
garanta a sobrevivência física do ser humano. Por outro lado, não se pode desvincular o homem 
da produção artística. Até mesmo hoje, numa sociedade profundamente marcada pelo valor 
monetário que reduz tudo a número, a representação através de música, pintura, vídeos, entre 
outros, constituiu também em formas lucrativas do sistema. 
 
 
No momento de seu surgimento, o ser humano já produzia representações de sua própria 
existência. É como se a vida fosse insuportável se ele não pudesse apreciá-la e condensá-la em 
imagens cheias de sentido e significado. Posto que a imagem vinha carregada de sentido, ela 
surge junto com os rituais mágicos, inspirando cuidados, terror e reverência. 
No Paleolítico Superior (aproximadamente 40.000 a. C.), os homens primitivos faziam 
desenhos de animais como se quisessem, a partir da imagem, evocar espíritos que pudessem 
determinar uma boa caçada. A partir da imagem que eles produziram, é possível entender a 
dinâmica da vida deles e sentir em nós próprios aquilo que há de humano em nós: o desejo de 
proteção, a admiração diante de um mundo hostil, a capacidade de extrair beleza daquilo que é 
efêmero etc. 
 
 
 
Isso é o que chamamos de expressão. Grandes artistas conseguem expressar medos, 
vontades e desejos de suas épocas tanto nas Artes Visuais quanto na Literatura. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
A partir da interpretação dessas obras, é possível perceber a forma de viver desses nossos 
ancestrais e manter vivo o canal de compreensão com aquilo que nos formou. 
 
Até o Renascimento, arte e religião caminharão lado a lado. Naquele momento, o campo 
artístico começa a se tornar independente. Contudo, a compreensão e o sentido da arte só será 
mais bem avaliado no Iluminismo. 
 
Iluminismo: movimento filosófico e literário do século XVIII, caracterizado por profunda 
crença no poder da razão humana e da ciência como forças propulsoras do progresso 
da humanidade; Ilustração; Século das Luzes (dicionário Aulete). 
 
O valor que damos a esse campo do mundo humano foi forjado dentro daquele movimento 
filosófico. Os Iluministas perceberam que o desenvolvimento da racionalidade científica 
deixava cada vez menos espaço para a religião. E qual era o problema disso? Ora, a religião 
sempre foi um guia ético e existencial importante para os homens. 
 
 
 
 
A fé nunca renegou os sentimentos e as angústias humanas, sempre deixou espaço para 
esse lado interior do homem que poderia ser discutido publicamente. O medo da morte, a 
frustração em não se conseguir alcançar um alvo, as desgraças que se abatem sobre os seres 
humanos, todos esses temas eram discutidos nos púlpitos das Igrejas. Isso tudo acontecia sob 
o signo da certeza proporcionada pela fé. 
O problema é que o mundo racionalizado não admite certezas (a ciência se funda na 
dúvida) e esse novo homem que estava sendo forjado teria que se preparar para as incertezas 
da vida terrena. Era preciso introduzir o indivíduo nessa nova forma de viver. Como? 
Os iluministas começaram a rever o campo das Artes em geral e da Literatura em 
particular. Essas áreas poderiam proporcionar uma nova educação sentimental. Como isso 
funcionaria? As obras seriam capazes de trazer experiências de indivíduos ficcionalizados (na 
Literatura) ou novas formas de representação (Artes) que expressariam os desafios de novos 
modos de vida. O efeito proposto seria fazer o leitor passar por esses dilemas e aprender a lidar 
com suas angústias e com novas formas de socialização. 
Observem o comentário de Antonio Candido, um dos mais importantes críticos literários 
do Brasil e um dos fundadores do Departamento de Teoria Literária da USP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
“Seja como for, a sua função educativa é muito 
mais complexa do que pressupõe um ponto de 
vista estritamente pedagógico... A literatura pode 
formar; mas não segundo a pedagogia oficial, que 
costuma vê-la ideologicamente como um veículo 
da tríade famosa, — o Verdadeiro, o Bom, o Belo, 
definidos conforme os interesses dos grupos 
dominantes, para reforço da sua concepção de 
vida. Longe de ser um apêndice da instrução 
moral e cívica (esta apoteose matreira do óbvio, 
novamente em grande voga), ela age com o 
impacto indiscriminado da própria vida e educa 
como ela, — com altos e baixos, luzes e 
sombras.” (CANDIDO, 2002, p. 391). 
 
Nesse ponto, chegamos a um primeiro pressuposto que fundamenta as questões de 
Literatura. 
 
 
 
 
 
 
 
O texto literário e as expressões artísticas lidam com ideias e sentimentos que 
circulavam na época em que foi escrito. 
1.2. O CONTEXTO 
 
Se um texto literário depende do tempo em que foi produzido, podem cair questões sobre 
as condições de sociabilidade que existiam na época e as ideias que serviram de contexto na 
produção da obra literária. Vejam, não cabe discutir se essas ideias são verdadeiras ou falsas; 
ou se os sentimentos são próprios ou impróprios. Antes procurem perceber quais polêmicas são 
representadas (ou reapresentadas) ao leitor. Sua capacidade interpretativa será posta à 
prova! 
 
A NOÇÃO DE CONTEXTO 
Primeiramente, vamos conceituar o que é o texto. Devemos pensar no texto sempre como 
uma costura, um todo coeso e costurado. Se tem uma palavra que paira sobre “texto” é “têxtil”, 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
material tecido, qualidade daquilo que é testado com os dedos. E também “tecido”: é tudo aquilo 
que envolve essa habilidade técnica. 
Já o contexto significa abordar o texto na sua totalidade. Trata-se de um conjunto de 
circunstâncias ou fatos inter-relacionados que contribuem para o sentido global do texto e 
também o encadeamento das ideias do discurso. 
Identificar um contexto é a tentativa de perceber que um texto busca produzir significados 
e ele compõe uma unidade de sentido. A ele estão incorporados certos elementos que dão 
pistas de como interpretá-lo. 
 
 
 
 
 
Essa Interpretação do Texto e até do mundo só se concretiza com um conhecimento da 
época na qual o texto foi escrito e, nesse ponto, podemos destacar uma outra função da 
Literatura: ela estabelece um elo entre você e sua tradição cultural da qual vocês são 
herdeiros. 
A Literatura também pode abordar questões sociais. Nesse caso, muitas vezes, a 
questão acaba tendo um caráter interdisciplinar, em que se observa uma mistura entre Literatura 
e História. 
Nesse ponto, já podemos definir algumas tipologias de questão. 
 
APREENDER
pegar, capturar, apanhar, 
captar, assimilar 
ideia, pensamento, conhecimento
a noção geral que você tem do texto 
depois de lê-lo
DEPREENDER
alcançar com o raciocínio e a 
inteligência, perceber o sentido, 
assimilar com clareza
entendimento mais aprofundado do 
texto, dos seus detalhes e de suas 
nuances.
capacidade de operar o caminho 
dentro do texto para fora(além) dele
Contexto
Interno
conjunto de elementos que 
compõem o mesmo texto e 
são relevantes para a sua 
apreensão.
Externo
está ligado à depreensão do 
texto, o modo como o lemos e 
os dados necessários para 
compreendê-lo.
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
F
o
n
te
: 
P
ix
a
b
a
y
 
 
A partir do momento em que formos avançando, vamos preenchendo melhor esse 
quando. Agora, vamos observar abaixo um exemplo de cobrança de questão que pede para 
interpretar o texto literário. Elas são a tipologia de questões que mais podem cair na sua prova! 
 
 
1.3. VALORES, EXPRESSÃO E FORMAÇÃO SENTIMENTAL 
A tal da educação sentimental pela Literatura vai além de fazer 
circular ideias e formas de entender a realidade em uma dada época. 
Geralmente, a Literatura explora de tal forma os sentimentos que, para 
a maioria das pessoas, essa matéria é sinônimo de amor, tristeza ou 
mesmo angústia. 
Além disso, o estudo sistemático das obras de um autor passa 
pelo levantamento dos sentimentos e dos valores morais que animam 
os personagens ou a poesia. É comum ler que, em Carlos Drummond 
de Andrade, percebe-se o desencanto e a angústia; que, em Álvares de 
Azevedo, sobressai o erotismo; que, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, destaca-se o 
cinismo. Estes serão autores e obras que estudaremos no momento devido. Muitas vezes, essa 
análise do sentimento se mistura à questão da ética comportamental. De qualquer forma, essa 
é uma tipologia de questão que pode ser esperada. 
 
 
 
1.4. FORMA E CONTEÚDO 
A forma ou estrutura configura um eixo lógico na interpretação do texto literário. Aliás, 
esse eixo não se restringe a questões de Literatura. Boa parte dos exercícios exige do candidato 
que ele perceba as ousadias linguísticas presentes no texto (em uma propaganda, em uma 
charge, em um artigo de jornal e, claro, em textos literários). 
 
Tudo isso para dizer o seguinte: fiquem atentos, pois uma 
questão aparentemente sobre Literatura pode se tornar 
mais complexa, abrangendo outros ramos. 
 
Questões que 
pedem para
interpretar o texto literário 
reconhecer o contexto histórico-social
Questões que 
pedem para
nomear e definir que sentimento (melancolia, tristeza, angústia 
etc.) oculta-se por trás do fragmento dado
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Pode ser que a banca cobre questões sobre figuras de linguagem. Esse tipo de questão 
de estilística pura está mais para Interpretação de Texto do que para Literatura. Contudo, é 
possível que o idealizador da questão peça para que você reconheça um movimento literário por 
algum traço de estilo ou por algum recurso expressivo mais utilizado. Por exemplo, no Barroco, 
a antítese pode ser um elemento que justifique o reconhecimento do texto como pertencente 
àquele movimento, por causa de sua visão de mundo dualista. 
 
 
FIGURAS DE LINGUAGEM NA LITERATURA 
 
Prezados alunos, essa seção se dedica a fazer uma breve historiografia literária no que 
tange ao uso de figuras de linguagem. Não se preocupem, pois retomaremos estes assuntos ao 
longo do curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figuras de Palavra
Catacrese, Comparação, Metáfora, 
Metonímia, Perífrase e Sinestesia. 
Figuras de Sintaxe 
Assíndeto, Polissíndeto, Elipse, 
Hipérbato, Pleonasmo, Silepse 
(número, gênero e pessoa), Zeugma
Figuras de Pensamento
Antítese, Eufemismo, Gradação, 
Hipérbole, Ironia, Paradoxo, 
Personificação (prosopopeia). 
Figuras de Som
Aliteração, Assonância, 
Onomatopeia, Paronomásia. 
Figuras de 
Linguagem
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
•Carta de Pero Vaz de Caminha: hipérbato, metáfora, 
comparação, ironia.
Quinhentismo
•Dualidades: antíteses e paradoxos -> chiaroscuro
•Rebuscamento formal: hipérbato, hipérbole
Barroco
•Assunção de uma identidade ficcional -> metáfora. Não é 
um movimento conhecido pelo excesso de figuras.
Arcadismo
• Indianismo, heroísmo e idealismo: hipérbole; metáfora; 
comparação
•Arrebatamento; êxtase: hipérbole
Romantismo
•Denúncia de comportamentos sociais da burguesia: ironia
Realismo
•Patologias, grotesco: hipérbole
•Homem como ser biológico e sensorial: sinestesia
Naturalismo
•Subjetivismo, antimaterialismo, sonho, loucura, mulher
•Figuras de linguagem de som: aliterações e assonâncias
Simbolismo
•Objetividade, materialismo, vasos, descrição, cientificismo
•Mitologia: metáfora
Parnasianismo
•Primeira geração: vanguardista; segunda: social; terceira: 
técnica
• Ironia, metáfora
Modernismo
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 Estamos discutindo agora estes dois eixos: tema e estrutura, que aparecem nas provas 
com nomenclatura variada. Seguem alguns termos utilizados: “ideia” e “estilo”; “conteúdo” e 
“forma”; “tese” e “recursos linguísticos”. Sempre que o examinador inquirir sobre o que o 
escritor diz, suas ideias, teses etc., ele estará exigindo que vocês demonstrem compreensão 
sobre o tema. 
 Quanto à estrutura, as questões podem variar de acordo com o gênero literário em 
questão. Na poesia, estrutura se refere à estrofação, a sílabas poéticas, à ausência ou 
presença de rima etc. Na prosa (romance, conto, crônica, sermão), a estrutura está associada 
ao tipo de frase, à forma da paragrafação, à escolha de palavras, à linearidade do enredo etc. 
Além desses fundamentos, a forma inclui ainda os elementos estilísticos (figuras de 
linguagem). 
 
FORMA CONTEÚDO 
 Do latim, forma pode significar 
molde, imagem, figura. Equacionada 
sempre em relação ao vocábulo 
“conteúdo”, toma-se a acepção geral de 
gênero ou espécie, ou se materializa 
linguisticamente, por exemplo, no fato 
literário, como é o caso da poesia, que é 
organizada entre versos, estrofes, ritmo 
etc.; ou então a montagem de capítulos em 
um romance. Alguns teóricos defendem a 
supremacia da forma em detrimento do 
conteúdo, e chega a falar em “forma de 
apresentação” ou “técnica”. 
 Historicamente, desde Pitágoras, 
“forma” apresenta significados diferentes, 
inclusive no terreno das artes: estrutura, 
aparência, ideal, arranjo, organização, 
arranjo harmonioso, modo de expressão 
 Do latim, contenutus é tomado na 
acepção de essência, matéria, fundo, 
mensagem, doutrina, assunto, pensamento, 
ideologia. O vocábulo conteúdo encerra um 
sentido que, ambíguo por natureza, somente 
se caracteriza em função da forma: a rigor, 
os dois termos implicam-se mutuamente, de 
modo que delimitar o significado de um 
pressupõe considerar o do outro. 
 Tendem a se confundir 
inextricavelmente, como uma unidade 
indissolúvel, o que alguns consideram como 
estrutura. Porém, estudá-los juntos ou 
separadamente depende do período e da 
escola, por exemplo, os formalistas russos 
preconizam o binômio forma-conteúdo e os 
parnasianos pré-modernistas defendem a 
forma pela forma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: MOISÉS, 2013, P. 194; 87. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
F
o
n
te
: 
D
o
m
ín
io
 
P
ú
b
lic
o
. 
1.5. TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO 
Será que quando no território brasileiro só havia índios, havia Literatura? Por que não 
ouvimos falar de Literatura indígena, por exemplo? Ouvimos falar só de Literatura indianista, 
sobre o índio, mas não produzida por ele? Isso porque, para haver Literatura, é preciso haver 
uma cultura escrita, e a maioria das tribos indígenas eram ágrafas (não possuíam escrita). 
Para Fiorin e Savioli (1996), apesar de em certas épocas os textos privilegiarem alguns 
temas em relação a outros, isso por si só não serve de quesito para demarcar a fronteira entre o 
texto literário e o não literário. Alguns autores caracterizam o critério ficcional e não ficcional. 
 
Muitas vezes, em um texto, o importante não é o que é dito, mas simcomo se diz. 
 
TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO LITERÁRIO 
Função estética. Do grego, aesthesis 
(αισθηsις) significa sentidos, percepção, 
sensação, sensibilidade. 
Função utilitária: informar, convencer, 
explicar, documentar etc. 
 
 
CANÇÃO DO TAMOIO 
 I 
 Não chores, meu filho; 
 Não chores, que a vida 
 É luta renhida: 
 Viver é lutar. 
 A vida é combate, 
 Que os fracos abate, 
 Que os fortes, os bravos 
 Só pode exaltar (GONÇALVES DIAS). 
 
Percebemos que este não é um texto convencional, escrito em forma de parágrafos, com 
os quais estamos acostumados. O primeiro aspecto que chama atenção no texto é a sua 
organização estrutural, em forma de linhas a que denominamos versos. Esse é um tipo de texto 
chamado de poesia, constituindo um gênero textual à parte. 
O que interessa para nós primeiramente é a maneira como esse texto é construído. Vários 
fatores são importantes nesse texto: o som, pois há rimas (terminações iguais dos termos – 
vida/renhida; combate/abate); há ritmo e métrica (pois todos os versos são redondilhas 
menores, isto é, apresentam 5 sílabas poéticas, com acento na segunda e na terceira sílaba 
poética – não-cho-res-meu-fi-lho); há figuras de linguagem (uma, por exemplo, é a anáfora, a 
repetição de termos no início do verso – não/não; que/que). 
E, no sentido mais global ou geral, o trecho é bonito, pois alude à luta na vida, que pode 
remeter à luta cotidiana de cada um, a qual pode tanto representar um índio no século XVIII 
quanto um brasileiro no século XXI. Ou seja, é universal. 
Agora, vamos entender – em contraposição ao poema – um exemplo de texto não literário. 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Sabe-se pouco da história indígena: nem a origem nem as cifras de população são seguras, 
muito menos o que realmente aconteceu. Mas progrediu-se, no entanto: hoje está mais clara, 
pelo menos, a extensão do que não se sabe. Os estudos de casos existentes na Literatura 
são fragmentos de conhecimento que permitem imaginar, mas não preencher as lacunas de 
um quadro que gostaríamos que fosse global. Permitem também, e isso é importante, não 
incorrer em certas armadilhas. A maior dessas armadilhas é talvez a ilusão de primitivismo. 
Na segunda metade do século XIX, essa época de triunfo do evolucionismo, prosperou a ideia 
de que certas sociedades teriam ficado na estaca zero da evolução, e que eram portanto algo 
como fósseis vivos que testemunhavam o passado das sociedades ocidentais (...) (CUNHA, 
2012, p. 11, adaptado). 
 
Cuidado: Literatura aqui está sendo utilizado em um outro sentido que não a de texto 
ficcional: é o conjunto das obras científicas, filosóficas etc., sobre determinada matéria ou 
questão; bibliografia (dicionário Houaiss). 
Notem a forma de tratamento desse texto e as estratégias textuais escolhidas pela 
autora (Manuela Cunha). Já desde o começo, o termo “sabe-se” indica o uso de um índice de 
indeterminação do sujeito, isto é, o uso da partícula “-se” que impessoaliza o texto e o torna 
objetivo. Isso é válido também para outra forma verbal, como “progrediu-se”. Quem progrediu? 
Aqui não importa o sujeito, mas sim a ação. Apesar de o conteúdo geral ser semelhante 
ao poema da "Canção do Tamoio", do escritor romântico Gonçalves Dias, a forma muda, pois 
no primeiro caso se tratava do gênero textual do poema, e, aqui, do discurso historiográfico. 
Se repararmos muito bem, a Gramática Normativa, ou seja, as regras gramaticais estão 
sendo seguidas no segundo texto. Por exemplo, há colocação pronominal correta em “do que 
não se sabe”, porque o advérbio negativo “não” atrai o pronome oblíquo “se”. As regras também 
são atendidas na regência verbal de “incorrer em”, ou seja, o uso correto da preposição exigida 
por esse verbo especificamente. 
 
 
 
Assim, a linguagem literária é menos rígida em relação à Gramática 
Normativa, e está mais preocupada em criar novos sentidos do que 
seguir veementemente as regras. 
 
 
E, para além da correção gramatical, aspectos temporais como “na segunda metade do 
século XIX” marcam historicidade, objetividade. Afinal, a História alude ao passado e o passado 
não muda. 
Um texto literário também pode demarcar o tempo, mas de modo diferente, e com 
funções diferentes: em um texto literário, geralmente, a demarcação do tempo é para 
contextualizar a história ou o enredo; já no discurso historiográfico, a menção a datas é 
extremamente importante para pontuar fatos, eventos e acontecimentos históricos. 
Para além da diferenciação de texto literário e não literário, pode ser cobrada a distinção 
entre texto verbal e não verbal. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
Algumas bancas compreendem a Literatura dentro 
de uma perspectiva de Linguagens e Códigos. Isso 
quer dizer que a Literatura pode ser associada a 
outras Artes. 
 
 
 
1.6. INTERTEXTUALIDADE 
Entende-se por intertextualidade a relação entre dois ou mais textos, entendendo qual a 
natureza dessa relação. Algumas vezes a intertextualidade é mais evidente; outras, não. Pode 
também aparecer entre textos de diferentes tipos, verbais e visuais. 
Também é um sistema linguístico com algumas características mais acentuadas. Um texto 
escolhido para compor o campo literário invariavelmente passa a se relacionar com os outros 
textos e autores modificando o significado deles ou ampliando-os. 
Se por um lado, a comparação entre obras literárias é um expediente muito importante 
dentro da crítica, por outro, é um campo que permite ao examinador avaliar a capacidade do 
aluno de comparar duas ou mais situações simultaneamente. Há algumas possiblidades 
nessa operação mental chamada comparação. 
A intertextualidade pode se tornar mais complexa se considerarmos os elementos que 
podem ser comparados: enredo, tema, forma, estilo, personagens, época etc. Trata-se de um 
exercício interpretativo que requer conhecimento da obra e dos pressupostos estilísticos para 
perceber semelhanças e diferenças. 
A complementariedade é um caso à parte, pois exige que o leitor perceba em que sentindo 
a obra ou aquele trecho dialoga com outro produzindo novos efeitos de sentido. 
 
 
TEXTO VERBAL
Costuma usar linguagem escritar= 
a apresentar estrutura linear
Utiliza predominantemente signos da 
escrita
Exemplos: romances, poesias
TEXTO NÃO VERBAL
Intersemiótico e pode apresentar vários 
signos simultaneamente
Pode mesclar elementos verbais ou ser 
intersemiótico
Exemplos: a pintura, a mímica, a dança, a 
música 
Questões que 
pedem para
reconhecer movimentos artísticos
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Nesse âmbito, também pode ser levada em consideração o que é chamado de 
Literatura Comparada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questões que 
pedem para
comparar dois ou mais textos 
• Nesse tipo de questão, vocês devem comparar textos, de naturezas iguais ou 
diferentes. Então, vocês devem aproximá-los ou contrastá-los. Eles ainda podem se 
complementar.
QUAL É A OPERAÇÃO?
• Dois ou mais, quantos a banca quiser. Quanto mais textos forem cobrados, maior 
tende a ser o grau de complexidade da questão. E ainda podem ser textos literários 
contrastados com textos não literários, textos verbais com não verbais etc.
QUANTOS TEXTOS?
• Podem ser comparados textos de um mesmo autor; de autores diferentes, mas de um 
mesmo contexto; de autores diferentes e de diferentes contextos; e ainda textos de 
nacionalidades/épocas diferentes.
QUAIS TEXTOS?
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(ENEM/2016) 
 
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, 
ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos 
significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, 
donoda própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma 
outra não prevista. 
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993. 
 
Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, 
valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de o 
texto 
a) ressaltar a importância da intertextualidade. 
b) propor leituras diferentes das previsíveis. 
c) apresentar o ponto de vista da autora. 
d) discorrer sobre o ato de leitura. 
e) focar a participação do leitor. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto. 
 Alternativa A: incorreta. Intertexualidade significa diálogo entre obras, podendo estas ser 
do mesmo autor ou não e podendo ela estar explícita ou implítica. 
 Alternativa B: incorreta. Cuidado: embora o texto aborde isso, não é esse elemento o 
principal caracterizador da metalinguagem. 
 Alternativa C: incorreta. Não se sabe exatamente se é uma autora nem o texto é 
essencialmente opinativo, argumentativo. 
 Alternativa D: correta – gabarito. A principal característica da função metalinguística é o 
fato de a mensagem estar centrada no próprio código como, por exemplo, nos dicionários, 
cujos verbetes explicam a própria palavra, no filme que tem por próprio tema o cinema, no 
teatro que tem por tema a própria dramaturgia, etc. No texto do enunciado, a autora chama a 
atenção do leitor para a importância do ato de ler. 
 Alternativa E: incorreta. A função de linguagem não é voltada para o público-alvo. 
Gabarito: D. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
F
o
n
te
: 
P
ix
a
b
a
y
. 
2. HISTÓRIA DA LITERATURA: AS BELAS ARTES 
 
 Nesse ponto, vocês que já compreenderam que 
caráter de formação sentimental é importante para a 
Literatura devem estar questionando: ora, e por que 
considerar só esses textos difíceis e não outras obras? 
Afinal, uma série televisiva também apresenta ideias e faz 
com que experimentemos sentimentos ambíguos diante 
de uma realidade ficcional problemática muito próxima da 
que vivemos. 
Aqui entra um outro componente importante da 
história da Literatura. Quando os Iluministas 
revalorizaram as Artes em geral e a Literatura em particular, eles fizeram isso sobre uma tradição 
que vinha da Antiguidade. 
Em Roma, as artes da oratória e da poesia eram consideradas como o meio para se 
conseguir a imortalidade da memória. Os belos discursos ou as mais engenhosas poesias 
poderiam enaltecer os homens pela grandeza moral e política e, em contrapartida, tornavam os 
poetas imortais também. 
A Arte Poética era vista a partir da beleza da construção linguística, do uso de figuras de 
linguagem, da estrutura não usual de inversões frasais etc. Nesse sentido, outro traço vem se 
juntar ao já estudado: o tema ou o sentimento deve ser expresso numa linguagem não usual, 
através de criação de significados e do manejo individual dos recursos fônicos, sintáticos, 
semânticos para a criação de novas formas de expressão. 
 
Não é em metrificar ou não que diferem o historiador e o poeta (...) a 
diferença está em que um narra acontecimentos e o ouro, fatos quais 
poderiam acontecer. Por isso, a Poesia encerra mais filosofia e 
elevação do que a História; aquela enuncia verdades gerais; esta 
relata fatos particulares (ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Cultrix, 
2014, p. 28). 
 
2.1. MOVIMENTOS LITERÁRIOS 
 
As ideias que servem de contexto na produção de uma obra literária específica 
relacionam-se à escola literária ou artística. Outro termo utilizado é movimento literário. São 
sinônimos, mas eu – professora Luana – particularmente prefiro "movimento", para representar 
a ideia de dinâmica. 
O termo, na verdade, aponta para uma certa unidade de temas e forma de escrever que 
arrebata um número significativo de escritores(as) de uma mesma época e faz com que eles(as) 
escrevam de forma semelhante e troquem influências. 
Às vezes, isso ocorre de caso pensado. Por exemplo, os poetas que escrevem por volta 
de 1700 têm em comum o fato de se colocarem contra os exageros poéticos dos escritores mais 
antigos. 
Além disso, a moda de criar agremiações de escritores levou a uma uniformidade de 
critérios de escrita, os topos ou lugares comuns. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Em outros momentos, isso é inconsciente. Por exemplo, literalmente, não existiram poetas 
barrocos, eles não se autodenominavam assim. Eles se viam, em Portugal, como imitadores de 
Camões ou Gôngora. Contudo, dadas as semelhanças entre a produção deles, posteriormente 
foram denominados pela Crítica Literária assim, daí diz-se que pertencem à escola literária do 
Barroco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vale a pena lembrar a divisão dos Movimentos. Grosso modo, distinguimos aqueles 
presos à tradição Medieval (Trovadorismo, Humanismo e Quinhentismo no Brasil); os 
Clássicos, por serem pautados por regras poéticas bem determinadas e pela referência à 
tradição greco-latina (Classicismo, Barroco e Arcadismo) e o período Moderno (do Romantismo 
até os dias de hoje). A estes agrupamentos maiores chamamos de eras; e aos menores, 
movimentos. 
 
 
 
Abaixo, vocês encontram uma tabela que resume as informações principais acerca dos 
movimentos literários as quais nos orientarão nas aulas futuras. Dica: para algumas bancas, 
fase e geração são sinônimos! É como a banca entende esses conceitos. E o termo “momento” 
já apareceu em provas também. Fiquem atentos! 
 
 
ERA
Há 3 grandes eras: a 
medieval, a clássica e 
a moderna. 
Costumam durar mais 
de um século.
MOVIMENTO
Movimento literário ou 
escola literária 
consiste no esforço 
de reunir no mesmo 
período autores e 
obras com unidades 
temáticas e 
estilísticas. 
GERAÇÃO
Geração costuma 
durar em torno de 30 
anos, basta lembrar 
da diferença de idade 
entre nós e nossos 
pais. Movimentos 
literários separados 
por gerações são o 
Romantismo e o 
Modernismo. 
FASE
Podemos ter várias 
fases na nossa 
própria vida. Então, 
fase costuma durar 
menos. Exemplo: 
Machado de Assis 
teve uma fase 
romântica e outra 
realista. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
MOVIMENTOS LITERÁRIOS: CÂNONE 
 
É fundamental dominar o cânone literário (autores e obras mais importantes da 
historiografia literária). Eis abaixo um resumo do que vamos trabalhar ao longo do curso. Não se 
preocupem, pois estes assuntos serão aprofundados posteriormente. 
 
 
 
Moderno 
Séculos: XIX até hoje 
Clássico 
Séculos: XVI -XIX 
Medieval 
Séculos: XII 
-XVI 
Origem das 
formas 
poéticas 
Vários Gêneros 
 
Predomínio da poesia 
Formas poéticas consagradas: 
soneto, poesia épica 
Grandiosidade 
Vários Gêneros 
Introdução do gênero 
Romance 
Mundo Prosaíco 
Trovadorismo 
E 
Quinhentismo 
Classicismo Barroco Arcadismo Romantismo 
Realismo 
Simbolismo 
Parnasianismo 
 
Modernismos 
Até hoje 
Renascimento 
Românico 
Gótico 
Bizantino 
 
Barroco 
Neo-
Classicismo 
Romantismo
Realismo 
Impresionismo 
Transição 
 
Vanguardas 
Abstracionismo 
Pop Arte 
• 2 tendências principais: literatura de informação e de catequese
• Pero Vaz de Caminha; José de Anchieta e Manuel de Nóbrega
Quinhentismo
• Visão de mundo teocêntrica: obras religiosas
• Poesia (Gregório de Matos) e prosa (Padre Antonio Vieira)
Barroco
• Retomada de valores clássicos: mitologia e latinismos
• Poesia lírica (Tomás Antônio Gonzaga; Cláudio Manoel da Costa).
Arcadismo
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
• 3 gerações na lírica + 4 tipos de romance romântico + teatro
• Gonçalves Dias (1ª geração); Álvares de Azevedo (2ª geração); Castro Alves 
(3ª geração) + José de Alencar (prosa)
Romantismo
• Denúncia de comportamentos sociais da burguesia
• Machado de Assise Raul Pompeia
Realismo
• Teorias do fim do século XIX (-ismos) + patologias, grotesco, minorias
• Aluísio de Azevedo – “O cortiço” e “O mulato”
Naturalismo
• Subjetivismo, antimaterialismo, sonho, loucura, mulher
• Cruz e Sousa + Alphonsus Guimaraens
Simbolismo
• Objetividade, materialismo, vasos, descrição, cientificismo
• Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira
Parnasianismo
• Messianismo, linguagem popular, mistura de estilos
• Prosa (Euclides da Cunha; Monteiro Lobato; Euclides da Cunha) e poesia 
(Augusto dos Anjos).
Pré-Modernismo
• Influência das vanguardas, experimentalista, inovadora
• Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira
Primeira geração modernista
• Denúncia social (prosa – romance de 30) volta do rigor formal (poesia)
• Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto
Segunda geração modernista
• Mistura das duas, aperfeiçoamento de técnicas, regionalismo/urbano
• Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Mário Quintana
Terceira geração modernista
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
MOVIMENTO AUTOR E OBRA PIONEIRA NA 
HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA BRASILEIRA 
Quinhentismo Carta de Pero Vaz de Caminha (1500) 
Barroco Prosopopeia de Bento Teixeira (1601) 
Arcadismo “Obras poéticas de Glauceste Satúrnio” (1768), pseudônimo 
de Cláudio Manoel da Costa 
Romantismo “Suspiros poéticos e saudades” de Gonçalves de Magalhães 
(1836) 
Realismo “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis 
(1881) 
Naturalismo “O mulato” de Aluísio de Azevedo (1881) 
Parnasianismo “Fanfarras” de Teófilo Dias (1882), embora "Poesias" de 
Olavo Bilac seja mais importante 
Simbolismo “Missal e Broquéis” de Cruz e Sousa (1893) 
Modernismo “Pauliceira desvairada” de Mário de Andrade (1922) 
Literatura 
Contemporânea 
A crítica literária considera que a partir de 1960 se inicia a 
Literatura Contemporânea. 
 
 
BIZU IMPORTANTE: um movimento literário não é uma 
prisão! Quer dizer que um movimento pode ser 
contemporâneo do outro, como é o caso do 
Naturalismo/Realismo. Ambos os movimentos foram 
introduzidos no mesmo ano no Brasil: 1881. 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
MODALIDADES NARRATIVAS 
 
• CONTO. É um texto curto que pertence à Literatura. É condensado, tem poucas 
personagens e a descrição costuma se limitar ao essencial. Não faz rodeios: vai direto ao 
assunto. 
• CRÔNICA. Gênero mais breve ainda que o conto. Esse gênero textual oscila entre a 
Literatura (ficcional) e o Jornalismo (não ficcional). Os temas abordados costumam ser 
fatos circunstanciais, situações corriqueiras do cotidiano, episódios dispersos e 
acidentais. Quase sempre é um texto curto, imitando a técnica fotográfica, como se fosse 
uma lente de aumento. 
• FÁBULA. Conjunto de fatos e aventuras (reais ou imaginários) que servem de base à 
ação de personagens alegóricas. Geralmente, são histórias com lição de moral. 
• APÓLOGO. Narrativa que traz uma lição moral e geralmente tem como personagens 
animais ou objetos que agem e dialogam como seres humanos. 
• PARÁBOLA. Narrativa alegórica que evoca, por comparação, valores de ordem superior, 
encerra lições de vida e pode conter preceitos morais ou religiosos. 
• NOVELA. Gênero literário que consiste numa narrativa breve, de extensão entre o conto 
e o romance, sobre um acontecimento em torno do qual gira o enredo. 
 
POEMAS DE FORMA FIXA 
 
• ELEGIA. Trata de acontecimentos tristes, muitas vezes enfocando a morte de um ente 
querido. Contrário do epitalâmio, canção que comemora o casamento, a união. 
• HAICAI. O haicai é um poema de três versos em que o 1º verso possui 5 sílabas poéticas, 
o 2º verso possui 7 sílabas poéticas e o 3º verso possui 5 sílabas poéticas. Originário da 
poesia medieval japonesa do século XVI. 
• ODE. Poema originado na Grécia Antiga que exalta os valores nobres, caracterizando-se 
pelo tom de louvação. 
• RONDÓ. Poema de forma fixa, com duas rimas apenas e treze versos dispostos em três 
estrofes (uma quintilha, um terceto e uma quintilha, nesta ordem), no qual se repetem, 
como refrão, as primeiras palavras das segunda e terceira 
estrofes. 
• ÉCLOGA. Poesia pastoril e bucólica, especialmente quando 
dialogada. 
• SONETO. Inventado pelo italiano Jacopo da Lantini, a forma 
clássica tem 14 versos, organizados em 2 quartetos e 2 tercetos. 
Gêneros
Prosa
Texto escrito 
em parágrafos
Poesia
Texto escrito 
em versos
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Porém, também existe o soneto shakespeareano (William Shakespeare é o da caricatura 
ao lado), formado por três quartetos e um dístico. 
 
 
FORMA TRADICIONAL DE COBRAR LITERATURA 
 
 
 
 
 
Começa-se o estudo de Literatura, considerando os fatos 
históricos mais importantes e seus consequentes impactos 
na cultura. 
Passa-se aos traços mais importantes do movimento. 
Por fim, considera-se obras e autores (cânone).
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
TIPOLOGIA DE QUESTÕES DE LITERATURA 
 
 
3. GÊNEROS LITERÁRIOS 
 
No caso de Literatura, os gêneros exigidos podem ser divididos em prosa, poesia e 
teatro. Em Literatura, a maneira como se diz algo é tão importante quanto o conteúdo, ou seja, 
o formato do texto define gêneros diferentes e gera interpretações diferentes. 
Em linhas muito gerais, os gêneros textuais surgiram na Antiguidade, o que significa dizer 
que eles são históricos. Os gêneros servem para estratificar e classificar as obras. 
 
Questões que 
pedem para
interpretar o texto literário 
reconhecer contexto histórico-social, relações 
sociais e ideias filosóficas por trás do diálogo, 
enredo ou expressão artística
nomear e definir que sentimento (melancolia, 
tristeza, angústia etc) se oculta por trás do 
fragmento dado
reconhecer movimentos artísticos
comparar dois ou mais textos
reconhecer o movimento literário ou 
característica do escritor
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
Quando interagimos com outras pessoas por meio da 
linguagem, seja a linguagem oral, seja a linguagem escrita, 
produzimos certos tipos de texto, que, com poucas 
variações, se repetem no conteúdo, no tipo de linguagem e 
na estrutura. Constituindo os chamados gêneros textuais ou 
discursivos, esses gêneros foram historicamente criados 
pelo ser humano a fim de atender a determinadas 
necessidades de interação verbal. Por isso, de acordo com 
o momento histórico, pode nascer um gênero novo, podem 
desaparecer gêneros de pouco uso ou, ainda, um gênero 
pode sofrer mudanças até transformar-se em outro gênero 
(CEREJA; MAGALHÃES, 2005, p. 13). 
 
Agora, vamos ressaltar uma distinção importante, baseando-nos no que já estudamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gênero textual
Pode ser qualquer 
texto, inclusive um não 
ficcional
Gênero literário
Necessariamente 
texto ficcional
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
Gêneros literários
A prosa é o texto organizado em parágrafos, sem a sujeição às 
convenções da poesia (rima, ritmo, métrica, sílabas, 
musicalidade); permite maior desenvolvimento da ideia; 
utilizado para 
narrativas em geral.
A poesia é um texto composto em versos, cuja mensagem é 
resumida e densa; mais apropriado para expressar 
sentimentos.
O teatro é um texto configurado em falas de personagens com 
algumas orientações do dramaturgo (rubricas).
• Poemas que falam sobre os sentimentos e estados de espírito, direcionados 
diretamente ao leitor. 
• As emoções e opiniões do eu lírico são bastante evidentes e o seu conteúdo
particularmente subjetivo e poético.
GÊNERO LÍRICO
• Geralmente, é objetivo e pode ser escrito em verso ou prosa.
• Verso: canção de gesta; balada; epopeia ou poemaépico; poema burlesco.
• Prosa: romance; novela; conto; crônica; anedota; fábula; parábola. O crítico
literário húngaro György Lukács considera o romance como o épico moderno.
• Poemas em que são narrados grandes feitos heroicos, reais ou mitológicos.
• Os relatos são grandiosos e extensos, contando com muitas estrofes.
• Ilíada e Odisseia (Homero), Eneida (Virgílio) e Os Lusíadas (Luís de Camões)
são os poemas épicos mais conhecidos.
GÊNERO NARRATIVO OU ÉPICO
• Na poesia dramática, não há a figura de um narrador, ou seja, as personagens 
são responsáveis por contar a própria história.
• Pode apresentar traços tanto épicos quanto líricos em seu conteúdo.
• Nos moldes clássicos, é divida em: tragédia e comédia. Na Idade Média:
milagres e autos. Um gênero híbrido é a tragicomédia.
• É precursora do texto teatral.
GÊNERO DRAMÁTICO
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
3.1. POESIA 
 
A poesia é um tipo de texto encadeado por versos. Um verso é uma linha de sentido e se 
opõe ao parágrafo na forma. É o principal elemento estrutural que diferencia a poesia da prosa. 
Um verso geralmente vem acompanhado de mais aspectos, como ritmo, metro, melodia. 
Melodia!? Isso mesmo. Na Antiguidade, a poesia estava associada a práticas de 
musicalidade. Isso pode ser cobrado: uma letra de música, por exemplo, é considerada poesia 
também. 
Na poesia, o conteúdo é subjetivo, isto é, gira em torno de um “eu”, que no caso é o eu 
lírico. Ela se preocupa com a estética (a beleza do texto) e a combinação de sons, geralmente 
atreladas a figuras de linguagem. Há uma que é essencial para o entendimento de poesia: a 
metáfora. 
A metáfora é uma comparação subentendida, na qual um termo é empregado numa 
relação de semelhança ou correspondência com outro. Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se 
ver” (Luís de Camões). 
A poesia é um conteúdo lírico e emotivo escrito em versos. Para entender melhor o que é 
poesia, devemos enquadrá-la dentro do gênero lírico. 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
EU LÍRICO 
É a voz do ser abstrato que fala no poema. Ele pode ser uma invenção 
do poeta ou pode coincidir com o poeta, mas nem sempre. Também é 
chamado de eu-lírico (com hífen), eu poético ou poemático. 
VERSO 
Sucessão de sílabas ou fonemas que formam uma unidade rítmica e 
melódica, correspondendo em geral a uma linha no poema. 
 Livres: versos sem métrica; 
 Brancos: versos sem rima. 
MÉTRICA 
É a medida dos versos, isto é, o número de sílabas poéticas 
apresentadas pelos versos. Cuidado: a sílaba poética não coincide 
com a sílaba gramatical. 
RIMA 
É um recurso musical baseado na semelhança sonora de palavras no 
final de versos (rima externa) e, às vezes, no interior de versos (rima 
interna). 
RITMO Alternância de sílabas acentuadas, variando quanto à sua intensidade. 
FORMAS 
FIXAS 
Formas de poema que têm estrutura fixa de construção. Entre tais, 
destacam-se: balada, canção, cantata, elegia, glosa, haicai, hino, lira, 
madrigal, noturno, ode, rondó, soneto, terça, trova, vilancete, 
versículo. 
 
3.1.1 Características da poesia 
O metro é a medida do verso. O estudo dos metros se chama metrificação ou escansão. 
A escansão é a contagem dos sons e dos versos. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
A contagem das sílabas métricas NÃO coincide com as sílabas gramaticais. Metrificação é 
sinônimo de escansão, ou seja, contagem dos versos poéticos. 
A regra principal é que se contam as sílabas ou sons até a tônica (mais forte) da última 
palavra de um verso. A sucessão do som das sílabas tônicas é o que confere ritmo ao texto 
poético. Exemplo: 
Tal a chuva 
Transparece 
Quando desce (Gonçalves Dias, romântico brasileiro). 
 
 
 
Tal-a-chu-va (3 sílabas poéticas) 
Trans-pa-re-ce (3 sílabas poéticas) 
Quan-do-des-ce (3 sílabas poéticas) 
 
Vamos ver os principais aspectos de diferenciação. 
 
 
ELISÃO 
Fenômeno no qual a vogal seguida de vogal em palavras contíguas é absorvida (inclui-se 
o “h” que não é um fonema, mas simples letra). Observem abaixo os versos de Alexandre 
Herculano, escritor romântico português. 
A-mo-te,-ó-cruz-no-vér-ti-ce-fir-ma-da (11 sílabas poéticas) 
De es-plên-di-das-i-gre-jas (6 sílabas poéticas) 
 
 
 
 Na nossa análise, esse símbolo representa a elisão. 
Nesse caso, a vírgula entre “amo-te” e a interjeição “ó” marca uma pausa e, portanto, a 
contagem de uma nova sílaba poética. 
Quando a primeira vogal é forte, ou quando se trata de ditongo tônico, geralmente não se 
faz a elisão (TAVARES, 2002, p. 184). 
 
ESCANSÃO 
 
 A escansão é a ação ou resultado de escandir, de decompor um verso 
em seus componentes métricos (dicionário Aulete). Observem abaixo os 
versos de Manuel Bandeira, poeta modernista brasileiro. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Lá-on-de-mais-den-sa (5 sílabas poéticas) 
A-noi-te in-fi-ni-ta (5 sílabas poéticas) 
 
Ves-te a-som-bra i-men-sa (5 sílabas poéticas) 
 
 
 
Do grego, crásis (κρᾶσις) significa ação de misturar, mistura. 
Essa união é representada graficamente pelo acento grave ( ` 
). A diferença é mais escrita, pois, na pronúncia, a distinção é 
nula. Trata-se de um tipo específico de elisão: a de vogais 
iguais (na poesia, não só da vogal "a", mas também geralmente 
"e", "i" e "o"). 
 
TIPOS DE VERSOS MAIS COMUNS 
 
NOME DO VERSO 
QUANTIDADE DE SÍLABAS 
POÉTICAS 
Dissílabo Duas sílabas poéticas 
Trissílabo Três sílabas poéticas 
Tetrassílabo Quatro sílabas poéticas 
Pentassílabo ou redondilha 
menor 
Cinco sílabas poéticas 
Hexassílabo ou heroico quebrado Seis sílabas poéticas 
Heptassílabo ou redondilha maior Sete sílabas poéticas 
Octassílabo Oito sílabas poéticas 
Eneassílabo Nove sílabas poéticas 
Decassílabo ou heroico Dez sílabas poéticas 
Hendecassílabo Onze sílabas poéticas 
Dodecassílabo ou alexandrino Doze sílabas poéticas 
Bárbaro Treze ou mais sílabas poéticas 
 
 
• Os versos marcados de vermelho são os mais importantes e mais utilizados. 
• Também é possível haver versos monossílabos. Nesse caso, a contagem da sílaba 
poética coincide com a gramatical. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
APOIOS RITMÍCOS 
 
NOME DO VERSO 
NÚMEROS DAS SÍLABAS POÉTICAS DE 
APOIO 
Trissílabo 1; 1-3 
Tetrassílabo 4; 1-4; 2-4 
Pentassílabo ou redondilha menor 2-5; 3-5; 1-5; 1-3-5; 1-2-5 
Hexassílabo ou heroico quebrado 2-4-6; 2-6; 1-3-6; 1-4-6; 1-6; 3-6 
Heptassílabo ou redondilha maior 2-5-7; 2-4-7; 3-7; 4-7; 1-7 
Octassílabo 1-4-8; 2-4-8; 4-6-8; 3-6-8; 2-4-6-8; 1-3-5-8 
Eneassílabo 1-4-6-9; 1-4-9; 1-3-6-9; 3-6-9 
Decassílabo ou heroico 
Heroico: 6-10; 
Sáfico: 4-6-10; 
Provençal: 4-7-10. 
Hendecassílabo 2-5-8-11; 3-5-9-11 
Dodecassílabo ou alexandrino 4-8-12; 2-4-8-12; 1-4-8-12 
 
 
 
 
 
 
 
• Os esquemas rítmicos apresentados na segunda coluna são os mais comuns. Não que 
não seja possível haver outras opções. 
Versos
brancos sem rima
livres
sem 
métrica fixa
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
TIPOS DE ESTROFES 
NOME DA ESTROFE NÚMERO DE VERSOS 
Monóstico Estrofe formada por um único verso 
Dístico ou parelha Estrofe formada por 2 versos 
Terceto ou trístico Estrofe formada por 3 versos 
Quarteto ou quadra Estrofe formada por 4 versos 
Quintilha, quinteto ou pentástico Estrofe formada por 5 versos 
Sextilha, sexteto ou hexástico Estrofe formada por 6 versos 
Hepteto, Heptástico, Sétima ou Septena Estrofe formada por 7 versos 
Oitava ou Octástico Estrofe formada por 8 versos 
Nona Estrofe formada por 9 versos 
Décima ou década Estrofe formada por 10 versos 
 
• As estrofes marcadas de vermelho são as mais importantes e mais utilizadas. 
 
 TIPOS DE RIMAS MAIS COMUNS 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
RIMA PERFEITA 
OU 
CONSOANTE 
Há repetição total e idêntica tanto de sonsvocálicos quanto consonantais. 
Exemplo: “E como isto lhe vem por geração/ (...) Morder os que provêm 
de outra nação” (Gregório de Matos – Ao mesmo assunto). 
RIMA 
IMPERFEITA 
Em que há apenas correspondência parcial de som. Classifica-se assim: 
Rima toante ou assonante: tipo de rima na qual há somente 
repetição de sons vocálicos. Exemplo: “A alta muralha das serras/ 
(...) Os diamantes entre as pedras” (Cecília Meireles – O 
Romanceiro da Inconfidência). 
Rima aliterante: tipo de rima na qual há somente repetição de sons 
consonantais. Dica: basta lembrar da figura de linguagem da 
aliteração. 
 Exemplo: luta/luto. 
RIMA RICA 
Quando as palavras que rimam pertencem a classes gramaticais 
diferentes. Exemplo: já/dirá (o primeiro é um advérbio de tempo e o 
segundo o verbo “dizer” conjugado no futuro). 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
RIMA POBRE 
Quando as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical. 
Exemplo: andar/conservar (ambos são verbos no infinitivo). 
RIMA RARA OU 
PRECIOSA 
Quando se atinge uma combinação incomum de rima, geralmente com 
classes gramaticais diferentes, como substantivos e pronomes. Exemplo: 
estrela/vê-la (o segundo verbo vem acompanhado de pronome oblíquo). 
RIMA AGUDA 
(OU 
MASCULINA) 
Que ocorre entre palavras oxítonas. Exemplo: céu/chapéu. 
RIMA GRAVE 
(OU FEMININA) 
Que ocorre entre palavras paroxítonas. Exemplo: cedo/medo. 
RIMA 
ESDRÚXULA 
Que ocorre entre palavras proparoxítonas. Exemplo: propósito/depósito. 
RIMA EXTERNA 
Que ocorre no fim do verso. Exemplo: “Silencioso e branco como a 
bruma/E das bocas unidas fez-se a espuma” (Vinicius de Moraes – Soneto 
da Separação). 
RIMA INTERNA 
Que ocorre no interior do verso. Exemplo: “No dia triste o meu coração 
mais triste que o dia” (Fernando Pessoa – Nuvens). 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
Toda vez que um termo tiver dois ou mais nomes na nomenclatura 
tradicional, procurem estudar todos possíveis, para evitar surpresa na 
hora da prova. Outra dica: a pontuação das barras indicam quebra de 
soneto (sonetos diferentes) na linguagem corrida. 
 
Rimas
Som ou 
fonética
Perfeita ou 
consoante
Imperfeita
Valor ou 
qualidade
Rica
Pobre
Rara ou 
preciosa
Acentuação 
ou 
intensidade
Aguda ou 
masculina
Grave ou 
feminina
Esdrúxula
Disposição ou 
posição no 
verso
Externa
Interna
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 CLASSIFICAÇÃO DOS ESQUEMAS DE RIMAS 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
RIMAS 
ALTERNADAS OU 
CRUZADAS 
Combinam-se alternadamente, seguindo o esquema ABAB. 
“Meu Amor, não é nada: – Sons marinhos (A) 
Numa concha vazia, choro errante... (B) 
Ah, olhos que não choram! Pobrezinhos... (A) 
Não há luz neste mundo que os levante! (B)” (Florbela Espanca – 
Filtro). 
RIMAS 
EMPARELHADAS 
OU PARALELAS 
Combinam-se de duas em duas, seguindo o esquema AABB. 
“Vagueio campos noturnos (A) 
Muros soturnos (A) 
paredes de solidão (B) 
sufocam minha canção (B)” (Ferreira Gullar – Sete poemas 
portugueses). 
RIMAS 
INTERPOLADAS 
OU 
INTERCALADAS 
Combinam-se numa ordem oposta, seguindo o esquema ABBA. 
“Eu, filho do carbono e do amoníaco, (A) 
Monstro de escuridão e rutilância (B) 
Sofro, desde a epigênese da infância, (B) 
A influência má dos signos do zodíaco (A)” (Augusto dos Anjos – 
Psicologia de um vencido). 
 
RIMAS 
ENCADEADAS 
Quando as palavras que rimam no fim do verso acabam por se repetir 
em outro lugar nos próximos versos. 
“Salve Bandeira do Brasil querida 
 
Toda tecida de esperança e luz 
 Pálio sagrado sobre o qual palpita 
 A alma bendita do país da Cruz” (Francisco de Aquino Correia). 
RIMAS MISTAS OU 
MISTURADAS 
Quando não têm esquema fixo. 
“Vou-me embora pra Pasárgada 
 Vou-me embora pra Pasárgada 
 Aqui eu não sou feliz 
 Lá a existência é uma aventura” (Manuel Bandeira – Vou-me embora 
pra Pasárgada). 
 
 
 DIFERENÇA ENTRE 
POESIA CLÁSSICA E 
MODERNA 
 
 
 
 
 
Alternadas ou cruzadas 
ABAB 
Emparelhadas ou paralelas 
AABB 
Interpoladas ou intercaladas 
ABBA 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Primeiramente, cuidado com algumas terminologias. 
Quando o crítico diz que o poema é clássico ou que tem influência clássica, o que ele quer 
dizer? Isso pode significar o seguinte: 
 
 
 
Nesse sentido, quais são as características de um poema modernista? O Modernismo, 
movimento ocorrido no século XX, iniciado em 1915 em Portugal, em 1922 no Brasil, consolidou 
uma nova maneira de fazer poesia. A palavra-chave é LIBERDADE. Vale quase tudo. Isso 
significa que o escritor poderá se valer das regras antigas ou dos parâmetros inovadores. Ele 
decide. 
Considerem o quadro abaixo quanto à poesia moderna. 
 
 
 
COMO LER POESIA? 
•Quer dizer que a poesia foi produzida no período entre os séculos VIII a. C. – V 
d. C. Presença de poetas como Horário, Ovídio e Virgílio.
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
•Foi produzida durante o movimento artístico-literário do Classicismo (século 
XVI), também chamado de Renascimento. Presença de poetas como Luís de 
Camões em Portugal e Dante Aliguieri e Francesco Petrarca na Itália.
CLASSICISMO
•Foi produzida no período do Neoclassicismo (século XVIII), sinônimo de 
Arcadismo.
NEOCLASSICISMO
•Uma poesia que, independentemente do período de sua produção, foi 
influenciada pela cultura greco-latina e resgata características formais dos 
poemas escritos nessa era áurea da Literatura. 
• Características da poesia "clássica" no sentido geral: rigor na metrificação; uso
de formas clássicas, como soneto; uso dos versos mais consagrados:
decassílabo (10 sílabas poéticas) ou alexandrino (12 sílabas poéticas); temas
elevados ou grandiosos.
SENTIDO LATO (GERAL)
FORMA
Verso livre (sem métrica definida)
Prosaísmo linguístico (palavras do 
cotidiano, "não poéticas)
Pontuação livre
Desrespeito pelas regras 
gramaticais
Desprezo pela sintaxe 
tradicional
CONTEÚDO
Imagens não-lógicas (justaposição de 
imagens, colagem)
Prosaísmo (valorização do momento, 
do cotidiano)
Automatismo psíquico
Fragmentação
Ironia e metalinguagem
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
(FUVEST/2000/1ª fase) 
 
Ossian o bardo é triste como a sombra 
Que seus cantos povoa. O Lamartine 
É monótono e belo como a noite, 
Como a lua no mar e o som das ondas... 
Mas pranteia uma eterna monodia, 
Tem na lira do gênio uma só corda; 
Fibra de amor e Deus que um sopro agita: 
Se desmaia de amor a Deus se volta, 
Se pranteia por Deus de amor suspira. 
Basta de Shakespeare. Vem tu agora, 
Fantástico alemão, poeta ardente 
Que ilumina o clarão das gotas pálidas 
Do nobre Johannisberg! Nos teus romances 
Meu coração deleita-se... Contudo, 
Parece-me que vou perdendo o gosto, 
(...) 
(Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos). 
 
Considerando-se este excerto no contexto do poema a que pertence (“Ideias íntimas”), é 
correto afirmar que, nele, 
a) o eu-lírico manifesta tanto seu apreço quanto sua insatisfação em relação aos escritores 
que evoca. 
b) a dispersão do eu-lírico, própria da ironia romântica, exprime-se na métrica irregular dos 
versos. 
c) o eu-lírico rejeita a literatura e os demais poetas porque se identifica inteiramente com a 
natureza. 
d) a recusa dos autores estrangeiros manifesta o projeto nacionalista típico da segunda 
geração romântica brasileira. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
e) Lamartine é criticado por sua irreverência para com Deus e a religião, muito respeitados 
pela segunda geração romântica. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/teoria literária. Mais informações sobre Álvares 
de Azevedo serão encontradas na aula 03. 
 O poeta da segunda geração do Romantismo, Álvares de Azevedo, no trecho apresenta 
duas características principais: pessimismo(com “triste como a sombra”) e erudição, 
mencionando Lamartine, e Ossian, é o narrador e suposto autor de um ciclo de poemas épicos 
publicados pelo poeta escocês James Macpherson desde 1760. 
Alternativa A: correta – gabarito. É essa a função da intertextualidade nesse poema. 
 Alternativa B: incorreta. Os versos são regulares, trata-se de decassílabos, mas a ironia 
romântica é um conceito inventado por Schlegel, filósofo e poeta alemão, filosofia que alia 
poesia à conhecimento e sabedoria, entre outras características. A dispersão do eu lírico não 
é reflexo disso, mas de sentimentalismo. 
 Alternativa C: incorreta. Ele não a rejeita, pelo contrário, mas sim a incorpora. 
 Alternativa D: incorreta. Não há recusa, mas menção, quase veneração, desejo de ser 
igual. 
 Alternativa E: incorreta. Deus e religião são importantes para o movimento do Barroco, não 
para o Romantismo. 
Gabarito: A. 
 
3.2. PROSA 
 
Nos primórdios da Literatura, a prosa não tinha o prestígio que foi adquirindo com o passar 
do tempo. Com a ascensão da burguesia, esse modelo de narrativa veio atender à necessidade 
da nova classe social em se reconhecer nas histórias. Os escritores começam a se valer desse 
padrão para apresentar histórias do cotidiano, nas quais o personagem, geralmente um burguês, 
enfrenta seus dilemas pessoais. Aos poucos, essa narrativa vai abarcando questões existenciais 
de uma sociedade que se transforma rapidamente a partir do século XVIII. 
As narrativas literárias ficcionais giram em torno de algum tipo de crise que o personagem 
deve resolver. Predominam verbos de ação, pois o protagonista (o personagem principal) vai 
se envolver em peripécias que acabam por revelar algo sobre ele ou sobre as circunstâncias em 
que vive. 
Vamos estudar algumas características que um texto comum desse tipo pode ter. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ENREDO 
A narrativa de acontecimentos cuja ênfase recai na relação de causa e 
efeito. Uma ação pode ser externa ou interna; intensa, densa. Sinônimo 
de "história" com letra minúscula, pois "História" com maiúscula consiste 
na disciplina. 
NARRADOR 
Voz que fala dentro da narrativa e acaba por assumir o ponto de vista. 
O narrador está para a prosa como o eu lírico está para a poesia. 
Classifica-se em: 
*Narrador em primeira pessoa: ele também é personagem, expressa 
sua visão de mundo própria de quem vivenciou a história. 
• Narrador ficcional: o escritor cria um personagem narrador com 
características e biografia totalmente diferentes da sua. 
• Narrador-testemunha: o escritor elege um protagonista, mas quem 
conta a história é um personagem secundário. 
• Alter ego: o escritor cria um narrador que conta uma experiência 
muito próxima da vivida pelo autor. Por exemplo, em O Ateneu, o 
protagonista Sérgio fala de suas vivências no internato em que 
passou parte da sua adolescência, situação vivida pelo próprio 
Raul Pompéia. 
*Narrador em terceira pessoa: ele se coloca acima da história como se 
fosse um deus observando seus personagens. 
• Narrador impessoal: aquele que nos dá a impressão de não existir, 
comporta-se como se fosse simplesmente um jornalista 
registrando com fidelidade a história; tipo de narrador 
frequentemente utilizado pelos realistas e naturalistas. 
• Narrador condescendente ou simpático: o escritor adota um ponto 
de vista que deixa claro quais são seus personagens preferidos, 
idealizando-os. Esse é o narrador típico do Romantismo. 
• Narrador crítico: ele conta a história comentando a ação e o 
enredo. 
PERSONAGENS Os seres fictícios construídos para figurarem dentro da história. 
TEMPO 
Os fatos apresentam relação com o tempo em dois níveis: cronológico 
(tempo real, numérico) e psicológico (as percepções subjetivas da 
personagem). 
ESPAÇO Lugar no qual se passa a história e o enredo (a ação) se articula. 
CONFLITO Uma oposição entre elementos da história da qual resulta numa tensão. 
CLÍMAX É o momento culminante da história, o momento de maior tensão. 
DESFECHO Desenlace ou conclusão. É a solução do conflito, a parte final. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
Ponto de vista, foco narrativo e perspectiva são sinônimos. Trata-se de um conceito 
fundamental na Literatura. 
3.2.1 CARACTERÍSTICAS DA PROSA 
 
O problema é que a depender do gênero do texto (um romance, um conto), pode haver 
várias personagens, mais de um espaço, mais de um tempo, mais de um conflito e por aí vai. 
Para entendermos um texto com profundidade, é preciso saber identificar todos esses 
elementos. 
 
 PROSA POÉTICA 
 
No seu concurso, podem aparecer gêneros textuais híbridos, também chamado de 
mistos e conhecidos pela mistura de tendências de gêneros. 
 
 PROSA POÉTICA 
A poesia pode estar contida numa linguagem versificada ou em prosa. Quando ocorre a 
segunda possibilidade, dá-se o poema em prosa ou prosa poética. De um modo geral, haverá 
prosa poética quando existem as seguintes características: 
*conteúdo lírico emotivo; 
*recriação lírica da realidade; 
*utilização artística do poético; 
*linguagem conotativa, (...) “carga lírica”, devido à capacidade dela mesma de criar ideias, 
visões, imagens, por meio de imitações sonoras, melódicas e rítmicas. 
Fonte: TAVARES, 2002, p. 162. 
Dicionário (linguagem literal) 
Conotativo: Coração (linguagem figurada) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Linguagem
Denotativa Dicionário Literal Sentido único
Conotativa Coração Figurativa
Vários sentidos, 
inclusive todos
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! 
Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada ― erra rumo, 
dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. Dôr não 
dói até em criancinhas e bichos, e nos doidos ― não dói sem precisar de 
se ter razão nem conhecimento? E as pessoas não nascem sempre? Ah, 
medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O 
senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demónio. Deus existe 
mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver 
― a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O 
inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é 
porque quer um fim! mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se 
eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci 
para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução 
do senhor... (ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: 
Companhia das Letras, 2019). 
 
 
 
Guimarães Rosa (1908-1967) foi um 
escritor modernista da segunda geração (1945) 
que se dedica à compreensão e descrição do 
interior. Suas obras são marcadas pela 
oralidade e por uma linguagem cheia de 
regionalismos e neologismos (palavras criadas 
que não existem originalmente no léxico de uma 
língua). O exemplo acima representa a prosa 
poética por causa da construção de imagens 
insólitas (incomuns): "presa encantoada"; pela 
repetição na linguagem imitando a fala coloquial; 
pelas reflexões filosóficas e místicas acerca de 
Deus e do Diabo. 
 
 
 
Guimarães Rosa é um escritor modernista. Iremos estudá-lo de fato na nossa aula de 
número 07. Ele apareceu hoje aqui a título de exemplificação de prosa poética. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
A PROSA MODERNA 
 
 
 
3.3. TEATRO 
 
E não só de poesia e prosa se faz a Literatura. Um gênero menos explorado, mas que 
não obstante pode cair na sua banca, é o teatro. Gênero que surge na Antiguidade Clássica, 
sendo que seus principais representantes rivalizavam entre si em competições no século V a. C. 
– IV a. C.: Sófocles, Eurípides e Ésquilo. 
A concepção moderna que temos de palco e plateia por exemplo vem dessa época. O 
teatro grego nasceu de cultose rituais dedicados aos deuses de seu panteão; logo, ocupava 
um lugar de destaque na civilização. Eram encenados no teatro de arena. 
Vamos estudar abaixo as classificações acerca do gênero dramático. 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
DRAMA 
Do grego, δράμα significa ação. Texto de ficção, peça teatral ou filme 
de caráter sério, que apresenta um desenvolvimento de fatos e 
circunstâncias compatíveis com os da vida real. Um texto dramático 
se classifica como tragédia ou comédia. 
ATO 
O ato está para o teatro como o capítulo está para uma narrativa. 
Consiste na divisão geral da peça. 
CENA 
Subdivisões da peça, em que cabe uma unidade de ação. Geralmente, 
marca a entrada/saída de atores. Exemplo: ato III, cena 2: “Ser ou não 
ser, eis a questão” (Shakespeare – Hamlet). 
PERSONAGENS 
No teatro, as personagens são como personae, isto é, uma máscara, 
uma ficcionalização, uma teatralização. Elas vestem a indumentária, 
um vestuário específico que condiz com seu caráter, personalidade 
etc. 
FORMA
Diálogo com o leitor 
Metalinguagem e intrusão do narrador
Digressão e intertextualidade
Narrativa não linear
Mistura de gêneros (bilhetes, cartas 
diário etc. no corpo do romance)
CONTEÚDO
Pouca importância da ação e do 
enredo
Análise psicológica e social
Inclusão do inconsciente, sonho, 
fantasia
Novas técnicas de apresentação
Neologismos, fluxo de consciência 
etc.
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
TEMPO 
O tempo pode ser cronológico (tempo real, numérico ou histórico) ou 
psicológico (as percepções subjetivas da personagem). O tempo ainda 
pode não ser caracterizado. 
ESPAÇO 
No teatro, o espaço é uma cenografia, um lugar criado. Lugar no qual 
se passa a história e o enredo (a ação) se articula. 
RUBRICA 
O teatro apresenta toda uma técnica diferenciada. No início, 
geralmente, há uma espécie de ficha catalográfica com algumas 
informações sobre a peça. Ao longo do texto, também há orientações 
sobre gestos, posturas etc., geralmente, em relação a personagens. 
São como intromissões do dramaturgo e normalmente vêm antes das 
falas entre parênteses. 
 
3.2.1 CARACTERÍSTICAS DO TEATRO 
 
O melhor a se dizer, para além do quadro, é mostrando um exemplo de texto dramático. 
Uma peça teatral é estruturada basicamente por meio de falas de personagens e algumas 
intromissões ou orientações do dramaturgo que lhe servem para guiar as ações. 
 
DOROTÉA – Isso me parece contraproducente; vai fazer dele 
um herói e aumentar a venda do pasquim. Além do mais, o 
senhor teria que mandar surrar muita gente. A oposição está 
ganhando terreno dia a dia. E o que Neco escreveu n’A 
Trombeta é mais ou menos o que os nossos inimigos dizem por 
aí. 
ODORICO – Eu sei. É um movimento subversivo procurando me 
intrigar com a opinião pública e criar problemas à minha 
administração. Sei, sim. É uma conspiração! Eles não queriam o 
cemitério. Desde o princípio foram contra. E agora que o 
cemitério pronto caem de pau em cima de mim, me chamam de 
demagogo, de tudo, somentemente, porque aconteceu o que 
não devia acontecer. Ou melhor: só porque não aconteceu o que 
devia acontecer. Como se eu tivesse culpa! (GOMES, Dias. O 
bem-amado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014). 
Alfredo de Freitas Dias Gomes é um dramaturgo brasileiro 
que faleceu em 18 de maio de 1999. Nasceu em Salvador em 
uma família de classe média. Escreveu a primeira peça com 15 
anos de idade. Sua obra “Pé de Cabra” (1942) sofreu censura na 
Ditadura Vargas por suposto conteúdo comunista. Também foi 
autor de radionovelas. Escreveu O pagador de promessas (1960) 
e O bem-amado, tendo ambos se tornado filmes. Teve várias 
produções televisivas também, como, por exemplo, a novela 
Roque Santeiro. 
 
Acima, há reprodução de um trecho de O bem-amado. 
Nessa peça, com subtítulo “farsa sociopolítico-patológica em 
nove quadros”, Odorico Paraguaçu é eleito prefeito sob a premissa de construir um cemitério na 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
cidade. Político corrupto, recorre a vários estratagemas ilícitos para a inauguração do local, mas 
nenhuma de suas armações teve sucesso. Acaba por ser morto por Zeca Diabo, contribuindo 
ironicamente para a inauguração, o que lhe traz elogios fúnebres da população que o reverencia 
como grande benfeitor da cidade. No trecho em particular, seu perfil de político está imitado no 
palavrório verborrágico, recorrendo inclusive a neologismos como "somentemente". 
 
 
O TEATRO MODERNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(UNESP/2021/1ª fase/2ª aplicaçãp) 
 
Para responder à próxima questão, leia o trecho da peça “A mais-valia vai acabar, seu Edgar”, 
de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade 
de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização 
resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC). 
 
Coro dos desgraçados: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada 
precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que 
nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos 
apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos, 
não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil 
anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos 
tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri — eu nunca ri — sempre trabalhei. Eu 
faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço vestido pra mulher, e 
nunca vi mulher desvestida. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com 
seu Joaquim. Há mil anos sem parar! 
(Apito longo. Um cartaz aparece: 
“Dois minutos de descanso e lamba as unhas.” 
FORMA
Rompe com a quarta parede 
(ilusão de ficção)
Os atores podem encenar dentro e fora 
do palco
A plateia pode ser envolvida no 
espetáculo
CONTEÚDO
Pode beirar o absurdo (non sense: sem 
sentido)
Monólogos e preocupação com a 
sondagem interior
As peças podem ter duração variada
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Todos vão tentar sentar. 
Menos o Desgraçado 4 que fica de pé furioso.) 
Desgraçado 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me dá uma sentadinha. 
(Desgraçado 2 ri de tudo.) 
Desgraçado 3: Senta. (Desgraçado 1 vai pôr a cabeça no chão.) De assim, não. Acho que 
não é com a cabeça não. 
Desgraçado 1: Eu esqueci. 
Desgraçado 3: A bunda, põe ela no chão. A perna é que eu não sei. 
Desgraçado 2: A perna tira. 
(Desgraçado 3 e Desgraçado 2 
desistem de descobrir. Se atiram no chão.) 
Desgraçado 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.) 
Desgraçado 2: Quero ver levantar. 
(Todos olham para Desgraçado 4, 
fazem sinais para que ele se sente.) 
Desgraçado 4: Não! Chega pra mim! Eu só trabalho, trabalho, trabalho… (Perde o fôlego.) 
Desgraçado 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho... 
Desgraçado 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite condensado, 
não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na 
hora de trabalhar! Chega! 
Slide: Quem canta seus males espanta. 
Desgraçado 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Você vira um anjo todo 
branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, não tem mais fome, não tem 
saudade, pinta o céu de cor de felicidade! 
(Peças do CPC, 2016. Adaptado.) 
 
O texto mostra-se crítico em relação ao conteúdo da seguinte citação: 
a) “O homem é o lobo do homem.” 
b) “O homem nasce livre, a sociedade o corrompe.” 
c) “O trabalho dignifica e enobrece o homem.” 
d) “Onde não há lei, não há liberdade.” 
e) “O trabalho não é vergonha, é só uma maldição.” 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. Ditado que vem do latim "Lupus est homo homini lupus", mas que 
também foi utilizado por Thomas Hobbes (1588-1679),autor de "Leviatã" (1651). Significa que 
o homem se torna hostil a si mesmo, uma das ideias defendidas pela peça, e não criticadas. 
 Alternativa B: incorreta. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foi um filósofo francês que 
defendia ideias como "O homem nasce livre, mas em toda parte se encontra preso em ferros" 
e "O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe". A peça indica a diferença entre 
classes sociais a partir da noção de trabalho e essa alternativa aborda valores que extrapolam 
diretamente as defesas e as críticas da peça. 
 Alternativa C: correta - gabarito. Cuidado: a comando pedia para o texto da peça teatral 
ser associado criticamente em relação a um desses ditados populares. O que equivale a dizer 
que deveria se opor a seu sentido. No caso, as personagens da peça teatral são anônimas. 
Trabalham tanto que não mais se identificam, sendo chamadas de Desgraçado 1, 2, 3, 4 etc. 
Por falarem juntas, em forma de coro, seu sofrimento é amplificado. Lembrando que a 
presença do coro no teatro (personagem coletivo) é uma tradição que advém da Antiguidade 
Clássica e que está sendo reutilizada nessa peça brasileira contemporânea. 
 Essa alternativa diz respeito ao lema protestante “O trabalho dignifica e enobrece o 
homem.” Ou seja, uma visão positiva do trabalho, sendo que o bordão motiva as pessoas a 
trabalharem. No caso, a peça teatral se mostra crítica quanto a esse ditado, porque os 
personagens estão desencorajados e têm consciência de que fazem um trabalho que se volta 
contra si. O trabalho dos desgraçados é hostil a eles próprios, o que é fruto de um processo 
histórico: "fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há 
mil anos sem parar!" Pelo acúmulo repetitivo de trabalho, os desgraçados se sentem 
exaustos: "somos tristes e cansados". 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 Alternativa D: incorreta. A peça não propõe que leis sejam feitas. Os desgraçados são tão 
alienados que se esqueceram como se sentar, ou seja, nem mais lembravam como 
descansar. Desprovidos de raciocínio e coordenação básica, dificilmente conseguiriam se 
organizar para criar novas leis e refletir na sua própria liberdade. 
 Alternativa E: incorreta. Tudo com que os desgraçados se preocupavam era o trabalho, o 
que dominava suas vidas. Julgavam o trabalho como condenação, pois tendiam a ser 
fatalistas, mas não como vergonha necessariamente. 
Gabarito: C. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. INTERPRETAÇÃO DE OBRA DE ARTE 
 
Como já foi dito anteriormente, pode ser que a banca compreenda Literatura dentro da 
lógica de Linguagens e Códigos. Logo, fornecerei alguns métodos de interpretação de obras 
artísticas, o que pode lhes ser útil. 
 
 
Quais são os passos para interpretação de obra artística? 
 
Descreva para si o que a imagem desperta em você. 
 
A figura ao lado é bizantina. Como estamos acostumados com 
imagens em trigésima definição e cheias de efeito, a imagem nos 
parece pobre. Parece que estamos diante de uma obra feita por 
alguém que não sabe pintar ou desenhar, embora, a figura nos pareça 
agradável. Para compreendê-la, teríamos que seguir alguns passos. 
Bom, trata-se de uma figura religiosa. A expressão séria tanto da Virgem Maria quanto do 
Menino Jesus expressam seriedade e devoção. Provavelmente, você deve sentir essa seriedade 
e circunspecção. 
 
Observe aspetos técnicos: cores e tons; linhas (retas, circulares etc.). 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
As cores são fortes e não são realistas. O critério nesse caso, provavelmente, não foi 
pintar as cores do jeito que são na realidade, mas escolher aquelas que chamem a atenção de 
quem as olha. Predomina o amarelo que lembra ouro. As linhas são suaves, mas também 
desnaturais, basta observar as dobras do pano. 
 
Observe a composição: se há perspectiva, o que há no fundo, o que há na 
frente, 
o jogo de claro e escuro. 
 
As imagens ocupam o campo central. Não há profundidade e não há nada de significativo 
atrás das figuras. A ideia é que o espectador da imagem não se distraia e olhe diretamente para 
a figura. As figuras são chapadas, com o mínimo de jogo de claro e escuro. O amarelo dourado 
do halo em torno do rosto da Virgem Maria e do Menino Jesus chama o olhar para as expressões 
das figuras. 
 
 
 
Até agora você levantou os elementos formais. Agora, deve analisar o tema. O que você 
reconhece na cena? 
Nesse caso, os personagens são bem conhecidos: a Virgem Maria e o Menino Jesus. 
Note que o rosto do menino parece ser de um homem e os traços da Virgem Maria são bastante 
simples. A imagem é bela como um todo, é bela pela composição de cores. 
Essa imagem é bizantina. Arte desenvolvida depois da conversão de Constantino ao 
Cristianismo no século IV. A Igreja tornou-se a religião oficial e deveria ostentar poder e glória 
do Império. A seriedade dos personagens revela isso. O gosto pela opulência e a referência à 
riqueza também. 
Agora junte todas as informações. A imagem tinha como função despertar os fiéis para a 
espiritualidade cristã. Deveria passar para o espectador acolhimento (o olhar da Virgem Maria) 
e poder (as cores e o trono em torno dos personagens expressam isso). O artista propositalmente 
rejeita o realismo, representa as figuras pelo jogo do que elas simbolizam socialmente, até 
porque o espiritual não pode ser mostrado de forma humana. Isso explica inclusive a falta de 
perspectiva e o aspecto frontal da obra. 
Para que você perceba a diferença, observe os três quadros abaixo, aparentemente sobre 
o mesmo tema (Madona, ou seja, o tema da Virgem Maria que carrega em seu colo o Menino 
Jesus). 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
O primeiro quadro é de Rafael (1483-1520); portanto, a obra é renascentista. A figura 
humana é representada com todo realismo, marca da influência do antropocentrismo e da 
imitação das esculturas greco-latinas. 
A segunda obra é de Parmigianino (1503-1540) e manifesta outro estilo, o Maneirismo. 
Note o exagero na representação de pessoas, na dramaticidade da cena, na expressão da 
Virgem Maria. Todos esses elementos apontam para a influência de um movimento próximo ao 
do Barroco, em que a técnica passa a superar o equilíbrio que se observa no quadro anterior. 
Por fim, a última obra é a do pintor expressionista Edvard Munch (1863-1944). O nome da 
obra é Madona. Nela percebe-se a ausência de elementos sacros. A mulher aparece sensual e 
ao mesmo tempo enigmática. Não segura o menino ao colo e as pinceladas são bem marcadas. 
Isso significa que você precisa entender em linhas gerais os movimentos artísticos e como 
as ideias de cada época são traduzidas em temas e técnicas que expressam ideias e 
valores. Por conta disso, os PDFs aos quais vocês terão acesso sempre que possível 
apresentarão as características dos movimentos artísticos que se desenvolviam na mesma 
época em que os movimentos literários ocorriam. Essa abordagem, além de ampliar a nossa 
noção da realidade, faz aumentar nosso repertório cultural 
Atenção, alunos! Reproduzi para vocês imagens com boa qualidade, o que pode não 
acontecer no dia da prova. Caso no dia vocês não consigam ler ou entender algo, dirija-se ao 
fiscal da sala. Isso é importante em provas nas quais costumam cair obras de Artes Plásticas e 
Visuais coloridas e com detalhes, especialmente provas que cobram a tipologia de questão de 
linguagens e códigos. 
 
Para além das Artes Visuais, entendam como setores artísticos os 
seguintes: música, escultura, dança, esporte. Em suma, tudo o que no 
grego antigo era entendido como τέχνη (tékhne), isto é, técnica, envolve 
também a arte. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
F
o
n
te
 d
a
 i
m
a
g
e
m
: 
S
h
u
tt
e
rs
to
c
k
. 
5. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
 
Muito do que a banca pode compreendercomo ser Literatura também perpassa a noção 
de Interpretação de Texto. Logo, ela pode ser uma ferramenta útil. Separei algumas técnicas que 
podem ajudá-los. 
Um texto geralmente representa uma dificuldade para o leitor por causa de sua 
multiplicidade: de formas, de significados, de temas etc. Por isso, reconheço que não é fácil 
para todo leitor encontrar a unidade por trás de tantas camadas e muitos param na superfície de 
um texto. 
Prezados alunos. Essa é uma nova seção no seu material que vai lhe servir como uma 
útil ferramenta. Para facilitar a vida, vamos explicar alguns conceitos. 
 
 
POEMA POESIA 
É o produto pronto, escrito em versos. É a forma pela qual se escreve. 
POESIA ≠ PROSA 
 
 Versos Parágrafos 
 
 
 
Por todo o caos aparente de um texto, há ordem. Isso equivale 
a dizer que todo texto tem um fio condutor, uma lógica, a sua 
coerência interna. Assim, a partir da constatação dos dados da 
superfície, pode-se chegar à compreensão de significados 
abstratos, para além dos concretos, que ajudam a conferir 
unidade e organização ao texto. 
Vamos agora adotar um esquema de leitura por camadas. São os níveis de compreensão 
que um texto costuma exigir. 
 
 1ª camada 
Título, fonte, ponto de vista: 
quem está falando? O quê? 
Para quem? 
 
 2ª camada 
Texto em si: elementos 
morfossintáticos, palavras, 
pontuação 
 
 3ª camada 
O que exige mais de uma 
competência: gêneros 
híbridos, intertextualidade 
etc. 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Camadas de leituras = quantidade de vezes de leitura 
 
❖ Caminho do mais óbvio para o subentendido: aprender a ler nas entrelinhas. Às vezes, 
é mais importante o que o(a) autor(a) NÃO diz do que aquilo que está dito. 
• 1ª camada: título, fonte, pessoas do discurso (primeira, segunda ou terceira do singular 
ou plural). 
• 2ª camada: classes morfológicas; pontuação; sintaxe mais simples ou mais 
rebuscada; registro formal ou informal da linguagem. 
• 3ª camada: 
- Gêneros híbridos: prosa poética; teatro em versos; tragicomédia; teatro psicológico; 
- Interdisciplinaridade: Gramática (figuras de linguagem, interpretação de texto); 
Biologia; Geografia; Física. 
 
ELEMENTOS INTERNOS ELEMENTOS EXTERNOS 
• Estilo do texto: se utiliza o registro formal 
ou informal da linguagem; 
• Gênero textual: romance, conto, crônica, 
poesia, reportagem, charge, tirinha etc. 
• A pessoa que escreve: voz do discurso 
(primeira, segunda ou terceira, do 
singular ou do plural): 
 prosa: narrador; 
 poesia: eu lírico. 
• Para quem o texto se destina: o seu 
público-alvo, se é adolescente ou idosos, 
homem ou mulher, se é um público mais 
abrangente etc. 
• Época em que o texto foi publicado (na prova, 
essa informação estará na nota de rodapé). 
• Biografia do autor: a sua história de vida (caso 
vocês saibam algo sobre isso ou algo seja 
divulgado na prova). 
• Meio em que o texto foi publicado ou veiculado: 
livro, revista etc. 
• O contexto cultural: por exemplo, as vanguardas 
no Pré-Modernismo. 
• Textos anteriores e posteriores que dialogam 
com o texto analisado em questão 
(intertextualidade). 
• Imagens que acompanham o texto. 
• As relações do texto com a Política, a História, a 
Sociologia etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
ANÁLISE LITERÁRIA 
 Podemos desentranhar as fases que devem presidir à análise literária: 
 Primeira: escolhida a obra ou fragmento dela, procede-se à sua leitura integral, leitura de 
contato, descontraída, lúdica, que deve fornecer uma impressão inicial. 
 Segunda: releitura de análise (que pode e deve ser repetida tantas vezes quantas o texto 
requerer), com o lápis na mão, assinalando no texto as passagens que mais chamam 
atenção. 
 Terceira: consulta do dicionário (ampliar o léxico), para resolver as dúvidas quanto à 
denotação das palavras e expressões. 
 Quarta: releitura, tendo em vista compreender o índice (valor) conotativo das palavras e 
expressões. 
 Quinta: apontar as constantes, repetições ou recorrências do texto, sobretudo no 
que toca à conotação. 
 Sexta: interpretar tais constantes ou recorrências, que constituem a camada externa das 
forças motrizes, com base nos elementos do próprio texto e nas informações que o analista 
já possui. 
 Sétima: consultar as fontes secundárias caso o texto reclame: história literária 
(características dos movimentos), biografia do autor, bibliografia (fortuna crítica) sobre o autor, 
o contexto sócio-econômico-social. 
 Oitava: organizar em ordem hierárquica de importância as constantes ou recorrências, 
segundo o critério estatístico e qualitativo, ou seja, segundo a quantidade das constantes e 
sua qualidade emocional, sentimental e conceitual. 
 Nona: interpretá-las e buscar depreender as deduções que comportam, à luz dos dados 
selecionados, tendo em vista as forças motrizes, isto é, a cosmovisão do escritor. 
 Décima: conclusão do trabalho. Como a análise, via de regra, não caminha sozinha, 
dessa análise pode também surgir elementos que orientem para a crítica literária. 
Fonte: MOISÉS, 1974, p. 36-37, grifos meus. 
 
Repito a dica: no dia da prova, utilizem a caneta a seu favor. Utilizem-na para grifar 
elementos mais importantes do texto, sobretudo, para o caso de precisar retornar ao texto para 
procurar informações, a fim de responder às perguntas. Outra dica é ler o enunciado antes de 
ler o texto. 
Por outro lado, naturalmente no dia da prova não será possível realizar consultas e 
pesquisas à parte. É por isso que devemos estar o máximo preparados para evitar surpresas no 
dia. 
 
Outra questão: vocês foram ensinados a vida inteira a 
não repetir palavras na Redação e em outros contextos 
que envolvem Língua Portuguesa. Isso porque isso 
pode indicar pobreza de vocabulário, além de falta de 
domínio da linguagem. Portanto, quando houver 
repetição no texto literário, prestem atenção: ela foi 
usada intencionalmente, ela tem algum propósito ou 
intenção dentro do texto, geralmente apresentando 
função de ênfase. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
6. GRAMÁTICA APLICADA À LITERATURA 
 
Sempre que possível, além de encontram uma seção dedicada à leitura e interpretação 
de textos literários dos movimentos específicos, vocês também terão acesso à sua análise 
gramatical. Isso porque a banca pode compreender Literatura numa chave de 
interdisciplinaridade com o próprio Português (Gramática e Interpretação de Texto). 
Abaixo, vamos destrinchar alguns dos conceitos que podem nos ser úteis. Primeiramente, 
entre as partes da Gramática Normativa que mais nos interessam encontra-se a Morfologia. A 
Morfologia é o estudo da forma e suas classificações. Na Morfologia, há 10 classes de palavras. 
Dessas palavras, temos o seguinte quanto à sua capacidade de mudança: 
 
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS 
Substantivo, verbo, adjetivo, artigo, numeral e 
pronomes. 
Advérbio, conjunção, preposição e 
interjeição. 
 
 
 
MORFOLOGIA
Substantivo
Artigo
Adjetivo
Numeral
Pronome
Verbo
Advérbio
Preposição
Conjunção
Interjeição
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Já aprendemos que um texto é como um tecido. Isso equivale a dizer que ele tem uma 
coerência interna, um contexto que lhe é próprio, é permeado também por elementos 
extratextuais e agora iremos aprender que uma parte se liga à outra. 
• Se o texto for prosa, a ligação entre as suas partes se dá por parágrafos. 
• Se ele for poesia, essa ligação se dá entre estrofes. 
 
 
COESÃO TEXTUAL 
 A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é 
fruto do acaso, mas das relações de sentidoque existem entre eles. Essas relações de sentido 
são manifestadas sobretudo por certa categoria de palavras, as quais são chamadas 
conectivos ou elementos de coesão. Sua função no texto é exatamente a de pôr em evidência 
as várias relações de sentido que existem entre os enunciados. 
 São várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento 
de coesão: 
*as preposições: a, de, para, com, por; 
*as conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou; 
*os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual; 
*os advérbios: aqui, aí, lá, assim. 
Fonte: PLATÃO; FIORIN, 1996, p. 271-272. 
 
É assim que vai se formando a coerência e coesão de um texto literário, quer dizer, não 
só o seu sentido, como também a relação entre a Morfologia e Sintaxe. 
Não se preocupem. Quanto às classes gramaticais e os conceitos ainda não estudados, 
iremos abordá-los quando forem necessários em aulas futuras. 
 
7. CRÍTICA LITERÁRIA 
 
A essa altura do campeonato vocês já devem ter percebido como será o formato de 
nossas aulas futuras e suas respectivas seções. Nessa seção em particular, vocês encontrarão, 
para além da literatura, análises de textos literários e seus movimentos, uma seção para 
abordarmos Crítica Literária. Atenção: isso é muito importante! 
 
Não subestimem o que eu chamo de cobrança indireta. 
Uma as maneiras por meio da qual a banca pode cobrar 
Literatura sem cobrá-la é por meio da cobrança indireta. 
Ela pode cair no formato, justamente, de Crítica Literária, 
por exemplo. 
 
O ideal é que a Crítica Literária dialogue com os termos abordados em cada aula. Nesse 
sentido e como essa é uma aula inicial, escolhi abordar os seguintes tópicos: 
• O conceito de literatura propriamente dito; 
• O conceito de foco narrativo. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUE É LITERATURA? 
Um grito de dor é sinal da dor que o provoca. 
Mas um canto de dor é ao mesmo tempo a própria dor e uma coisa que não a dor. Ou 
seja, se quiser adotar o vocabulário existencialista, é uma dor que não existe mais, é uma dor 
que é. Mas, dirá você, e se o pintor fizer casas? Pois bem, precisamente, ele as faz, isto é, 
cria uma casa imaginária sobre a tela, e não um signo da casa. E a casa assim manifesta 
conserva toda a ambiguidade das casas reais. O escritor pode dirigir o leitor e, se descreve 
um casebre, mostrar nele o símbolo das injustiças sociais, provocar nossa indignação. Já o 
pintor é mudo: ele nos apresenta um casebre, só isso; você pode ver nele o que quiser. Essa 
choupana nunca será o símbolo da miséria; para isso seria preciso que ela fosse signo, mas 
ela é coisa. O mau pintor procura o tipo, pinta o Árabe, a Criança, a Mulher; o bom pintor sabe 
que o Árabe e o Proletário não existem, nem na realidade, nem na sua tela; ele propõe um 
operário – determinado operário. E o que pensar de um operário? Uma infinidade de coisas 
contraditórias. Todos os pensamentos, todos os sentimentos estão ali, aglutinados sobre a 
tela, em indiferenciação profunda; cabe a você escolher. Artistas bem-intencionados já 
tentaram comover; pintaram longas filas de operários aguardando na neve uma oferta de 
trabalho, os rostos esquálidos dos desempregados, os campos uma emoção irreconhecível, 
perdida, estranha para si mesma, esquartejada e espalhada pelos quatro cantos do espaço 
e, no entanto, presente. Não duvido que a caridade ou a cólera possam produzir outros 
objetos, mas neles elas ficarão atoladas da mesma forma; perderão seu significado, restarão 
apenas coisas habitadas por uma alma obscura. Não se pintam significados, não se 
transformam significados em música; sendo assim, quem ousaria exigir do pintor ou do músico 
que se engajem? O escritor, ao contrário, lida com os significados. Mas cabe distinguir: o 
império dos signos é a prosa; a poesia está lado a lado com a pintura, a escultura, a música. 
Acusam-me de detestar a poesia: a prova, dizem, é que Tempos Modernos raramente publica 
poemas. Ao contrário, isso prova que nós a amamos. Para se convencer disso, basta ver a 
produção contemporânea. “Pelo menos a ela”, dizem os críticos em triunfo, “você não pode 
nem sonhar em engajar”. De fato. Mas por que haveria eu de querer fazê-lo? Porque ela se 
serve de palavras, como a prosa? Mas ela não o faz da mesma maneira; na verdade, a poesia 
não se serve de palavras; eu diria antes que ela as serve. Os poetas são homens que se 
recusam a utilizar a linguagem. Ora, como é na linguagem e pela linguagem, concebida como 
uma espécie de instrumento, que se opera a busca da verdade, não se deve imaginar que os 
poetas pretendam discernir o verdadeiro, ou dá-lo a conhecer. Eles tampouco aspiram a 
nomear o mundo, e por isso não nomeiam nada, pois a nomeação implica um perpétuo 
sacrifício do nome ao objeto nomeado, ou, para falar como Hegel, o nome se revela 
inessencial diante da coisa – esta, sim, essencial. Os poetas não falam, nem se calam: trata-
se de outra coisa. (...) 
Na verdade, o poeta se afastou por completo da linguagem-instrumento; escolheu de uma 
vez por todas a atitude poética que considera as palavras como coisas e não como signos. 
Pois a ambiguidade do signo implica que se possa, a seu bel-prazer, atravessá-lo como a 
uma vidraça, e visar através dele a coisa significada, ou voltar o olhar para a realidade do 
signo e considerá-lo como objeto. O homem que fala está além das palavras, perto do objeto; 
o poeta está aquém. 
Sartre, Jean-Paul. Que é a literatura? (Vozes de Bolso) (p. 17-19). Editora Vozes. Edição do Kindle. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
Jean-Paul Sartre (1905-1980), junto com Albert Camus, 
foi um conhecido poeta francês do Existencialismo, um termo 
filosófico que expressa a corrente de pensamento que destaca a 
importância filosófica da existência individual como o foco da 
conceituação filosófica (e não os sistemas e conceitos abstratos) 
e segundo a qual o homem é livre e responsável por seu destino 
(dicionário Aulete). 
Nesse trecho em particular, ele retoma um ditado da 
Antiguidade Clássica: ut pictura poesis, expressão utilizada por 
Horácio em sua Arte Poética para dizer que a Literatura se 
assemelha a outras artes, sobretudo, à pintura, por causa da 
formação de imagens. 
 
 
AUTOR ONISCIENTE INTRUSO 
 Esse tipo de NARRADOR tem a liberdade de narrar à vontade, de colocar-se acima, ou, 
por trás, adotando um PONTO DE VISTA divino para além dos limites de tempo e espaço. 
Pode também narrar da periferia dos acontecimentos, ou do centro deles, ou ainda limitar-se 
e narrar como se estivesse de fora, ou de frente, podendo, ainda, mudar e adotar 
sucessivamente várias posições. Como canais de informação, predominam suas próprias 
palavras, pensamentos e percepções. Seu traço característico é a intrusão, ou seja, seus 
comentários sobre a vida, os costumes, os caracteres, a moral, que podem ou não estar 
entrosados com a história narrada. 
 Em Língua Portuguesa, podemos pensar até mesmo em Machado de Assis. 
 
Não, senhora minha, ainda não acabou este dia tão comprido; não sabemos o que se passou entre 
Sofia e o Palha, depois que todos se foram embora. Pode ser até que acheis aqui melhor sabor que no 
caso do enforcado. Tende paciência; é vir agora outra vez a Santa Tereza. A sala está ainda alumiada, 
mas por um bico de gás; apagaram-se os outros, e ia apagar-se o último, quando o Palha mandou que 
o criado esperasse um pouco lá dentro. A mulher ia sair, o marido deteve-a, ela estremeceu. 
 
 Trata-se do capítulo L do livro Quincas Borba. Escrito em 1891, o romance narra a 
história de Rubião, herdeiro da fortuna de Quincas Borba. Quando este morre, deixa sua 
fortuna para o professor Rubião e impõe, como uma condição, que ele fique com seu cachorro, 
de nome Quincas Borba, como seu antigo dono. Rubião, agora rico, muda para o Rio de 
Janeiro, onde vem a apaixonar-sepor Sofia, mulher de seu sócio, Cristiano Palha. Como 
ambos dependem economicamente de Rubião, cria-se uma situação muito ambígua que 
Machado passa a explorar magistralmente: Palha tem ciúmes, mas atura as investidas de 
Rubião por conveniência. E Sofia vai equilibrando a situação, pois nem trai o marido nem 
desestimula o amor de Rubião. Pouco a pouco essa ambiguidade acaba levando-o à loucura 
e à ruína. Doente e pobre, os amigos deixam-no sozinho. Rubião, fugindo de um asilo, volta 
para Minas, onde morre, tendo como único companheiro seu cão. 
 Nesse capítulo, Sofia conta a Palha que Rubião lhe declarara o seu amor (capítulo 
anterior). No trecho que destacamos, o narrador, onisciente intruso, procura fazer ligações 
entre diferentes momentos do livro, falando diretamente às leitoras (as mulheres eram, no 
século passado, o público mais visado pelos romancistas). Essa interferência do narrador – 
comentando os acontecimentos, freando a HISTÓRIA e procurando se colocar do ponto de 
vista das leitoras, para apreciar de fora as ações e reações das personagens – é típica de 
Machado. Com isso, consegue um certo distanciamento irônico que acaba chamando a 
atenção para os implícitos da HISTÓRIA, suas intenções últimas. 
 Aqui, por exemplo, dizendo-nos que a cena da declaração de Rubião no capítulo anterior 
não tenha sido talvez o mais importante, Machado gera em nós a expectativa de grandes 
reações por parte do marido ciumento. O capítulo, na sua sequência, com Palha controlando 
perfeitamente o ciúme, ao ouvir o relato de Sofia, frustra essa expectativa e, por frustrá-la, 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
aponta para o caráter de Palha e de Sofia, para o jogo de sedução desta, as ambições 
daquele, as possíveis significações filosóficas que podemos ir tirando a partir daí e que 
transcendem a mera historinha do tradicional triângulo amoroso, base da FÁBULA, no livro, 
como em tantos outros romances da época. 
 Respondendo às questões: – quem narra? – um narrador onisciente intruso, um eu que 
tudo segue, tudo sabe e tudo comenta, analisa e critica, sem nenhuma neutralidade. – De que 
lugar? – provavelmente de cima, dominando tudo e todos, até mesmo puxando com pleno 
domínio as nossas reações de leitores e driblando-nos o tempo todo. Quem nos fala é esse 
eu. Os canais de que se utiliza são os mais variados, predominando a sua própria observação 
direta. Finalmente, somos colocados a uma DISTÂNCIA, ao mesmo tempo menor, do narrado 
– já que temos acesso até aos pensamentos das personagens –, e maior, porque a presença 
do narrador medeia sempre, ostensiva, entre nós e os fatos narrados, conservando-nos 
ironicamente afastados deles, impedindo nossa identificação com qualquer personagem bem 
como frustrando a absorção na sequência dos acontecimentos, com pausas frequentes para 
a reflexão crítica. 
 Muito comum no século XVIII e no começo do século XIX, o NARRADOR ONISCIENTE 
INTRUSO saiu de moda a partir da metade desse século, com o predomínio da "neutralidade" 
naturalista ou com a invenção do INDIRETO LIVRE por Flaubert que preferia narrar como se 
não houvesse um narrador conduzindo as ações e as personagens, como se a história se 
narrasse a si mesma. 
 Mas Machado, antecipando vertentes ultramodernas, utiliza esse narrador intruso 
como ruptura da verossimilhança. Seu leitor não se esquece de que está diante de uma 
FICÇÃO, de uma análise, da interpretação ficcional da realidade, um mero PONTO DE VISTA 
sobre pessoas, acontecimentos, sociedade, lugar e tempo. 
Fonte: CHIAPPINI, 2019, p. 26, grifo meu (adaptado). 
 
Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio 
de Janeiro. É um escritor do movimento literário do Realismo e 
também um dos maiores da Literatura Brasileira. Filho de gente 
humilde, aos 15 anos publica os primeiros versos e é aprendiz de 
tipógrafo. Aos 27 anos, ingressa no serviço público, em que ficaria 
até o fim da vida. Aos 29 anos, atinge o auge da estabilização 
burguesa, quando casa com Carolina. Foi o fundador e presidente 
da Academia Brasileira de Letras (ABL), criada em 1897. Era 
atento à cena contemporânea, e não deixava nenhum detalhe 
passar. As suas obras representam com profundidade o Brasil. 
 
Nesse sentido, o trecho aborda um conceito-chave para a Literatura: a verossimilhança, 
que pode ser compreendida como sinônimo de mimese. Trata-se ainda da teoria do reflexo: 
intuito de representar a realidade de uma maneira mais fidedigna possível. 
 
Imitar é natural ao homem desde a infância – e nisso difere dos animais, em ser o mais capaz 
de imitar e de adquirir os primeiros conhecimentos por meio da imitação – e todos têm prazer 
em imitar" (ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Cultrix, 2014, p. 21-22). 
O trecho crítico alude a um romance específico de Machado de Assis: Quincas Borba 
(1891). Rubião é o protagonista, que recebe uma herança da qual não consegue cuidar e acaba 
a vida na maior ruína. Do ponto de vista da técnica de Machado de Assis, em Quincas Borba 
não há um narrador-protagonista, como em Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Cubas. Ou seja, um narrador na primeira pessoa do singular (eu), que participa dos fatos e por 
isso mesmo contamina o texto com as suas conjecturas e opiniões. 
Quincas Borba, porém, utiliza regularmente um narrador em terceira pessoa do singular 
(ele); porém, existe um narrador que está sempre se intrometendo na história, também com as 
suas conjecturas e opiniões, apesar de não participar diretamente dela. 
Frequentemente em Machado de Assis, o narrador se dirige ao leitor, e às vezes até 
mesmo se mostra como primeira pessoa (em verbos, pensamentos etc.). Assim, como diz o 
trecho crítico, há um jogo que perpassa o foco narrativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 
 
Prezados alunos, eis algumas informações práticas antes de começarem. 
A aula de hoje abordou muitos tópicos essenciais para a sua compreensão de texto. 
Vamos trazer exercícios variados para a sua fixação. Então, vamos resolver questões das 
seguintes fontes: 
• Essa aula 00 é demonstrativa. Então, trouxe questões da última prova, na tentativa 
de tornar o material o mais atualizado possível, pois o objetivo inicial é se atentar para 
as tipologias de questões variadas. Podem notar que eu sempre coloco antes da 
resolução a tipologia da questão para orientá-los, inclusive indicando onde cada 
assunto pode ser encontrado se for trabalhado em aulas futuras. Não se preocupe, 
pois, quando for assim, retomaremos os tópicos abordados nas suas aulas 
respectivas. 
• Outra dica: após fazer os exercícios da sua banca, procure fazer os de outra com 
cobrança parecida, o que se encontra na lista complementar de fixação que preparei 
para vocês. No caso, optei por questões interpretativas e de múltipla escolha. 
• Com honestidade, dificilmente os temas dessa aula caem de uma maneira pura e direta 
nos vestibulares. Tentei fazer uma seleção o mais adequada e pertinente possível 
quanto aos conteúdos abordados aqui hoje; porém, caso haja um conteúdo que ainda 
não estudamos, não se preocupem, pois ele será trabalhado com mais profundidade 
em aulas futuras. Então, aproveitem também o momento dos comentários e 
correções para aprenderem, pois os(as) autores do cânone devemos conhecer. 
Informações adicionais sobre os movimentos literários especificamente vocês 
encontrarão na videoaula. 
 
 
Para complementar seu estudo cada vez mais, vocês vão encontrar 
questões ao longo da teoria e no final dela, com e sem gabaritos. Além 
disso, também temos simulados inéditos e gratuitos todo fim de semana. 
Isso quer dizer que vamos focar bastante na prática! 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
01. (FUVEST/2021/1ª fase) 
 
Alferes, Ouro Preto em sombras 
Espera pelo batizado, 
Ainda quetarde sobre a morte do sonhador 
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor. 
Raios de sol brilharão nos sinos: 
Dez vias dar; 
 
Ai Marília, as liras e o amor 
Não posso mais sufocar 
E a minha voz irá 
Pra muito além do desterro e do sal, 
Maior que a voz do rei. 
Aldir Blanc e João Bosco, trechos da música "Alferes", de 1973. 
 
A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa 
expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra 
feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários 
momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo 
contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso 
a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas. 
b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes. 
c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditatura militar. 
d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas. 
e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro. 
 
 
02. (FUVEST/2021/1ª fase) 
A psicanálise do açúcar 
O açúcar cristal, ou açúcar de usina, 
mostra a mais instável das brancuras: 
quem do Recife sabe direito o quanto, 
e o pouco desse quanto, que ela dura. 
Sabe o mínimo do pouco que o cristal 
se estabiliza cristal sobre o açúcar, 
por cima do fundo antigo, de mascavo, 
do mascavo barrento que se incuba; 
e sabe que tudo pode romper o mínimo 
em que o cristal é capaz de censura: 
pois o tal fundo mascavo logo aflora 
quer inverno ou verão mele o açúcar. 
 
Se os banguês* que-ainda purgam ainda 
o açúcar bruto com barro, de mistura; 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
a usina já não o purga: da infância, 
não só depois de adulto, ela o educa; 
em enfermarias, com vácuos e turbinas, 
em mãos de metal de gente indústria, 
a usina o leva a sublimar em cristal 
o pardo do xarope: não o purga, cura. 
Mas como a cana se cria ainda hoje, 
em mãos de barro de gente agricultura, 
o barrento da pré-infância logo aflora 
quer inverno ou verão mele o açúcar. 
*banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal. 
João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra. 
 
Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos entre a usina e 
o banguê, pois 
a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo. 
b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada. 
c) revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural. 
d) denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos. 
e) explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar. 
 
 
03. (FUVEST/2021/1ª fase) 
Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar que o tom era 
amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era um romance. 
Eu tentava convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria 
saber já era conhecido. E ele me perguntava: 
"Então, por que você quer saber, se já sabe?" Tentei lhe explicar que pretendia 
escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de ficção (e 
mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência 
na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na verdade só queria 
me intimidar. As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, 
para os brancos que não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o 
equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não sabia se o 
idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: "O que você quer com o passado?". 
Repetia. E, diante da sua insistência bovina tive de me render à evidência de que eu não 
sabia responder à sua pergunta. 
Bernardo Carvalho, Nove noites. Adaptado. 
 
Sem prejuízo de sentido e fazendo as adaptações necessárias, é possível substituir as 
expressões em destaque no texto, respectivamente, por 
a) incompreensão; armação; inofensivo; irredutível. 
b) altivez; brincadeira; ofendido; mansa. 
c) ignorância; mentira; prejudicado; alienada. 
d) complacência; invenção; bobo; cega. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
e) arrogância; entretenimento; incapaz; animalesca. 
 
04. (FUVEST/2020/1ª fase) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES 
 
amora 
a palavra amora 
seria talvez menos doce 
e um pouco menos vermelha 
se não trouxesse em seu corpo 
(como um velado esplendor) 
a memória da palavra amor 
a palavra amargo 
seria talvez mais doce 
e um pouco menos acerba 
se não trouxesse em seu corpo 
(como uma sombra a espreitar) 
a memória da palavra amar 
Marco Catalão, Sob a face neutra. 
 
É correto afirmar que o poema 
a) aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna o ser humano menos 
amargo e sombrio. 
b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem expresso pela repetição da 
palavra “talvez”. 
c) apresenta natureza romântica, sendo as palavras “amora” e “amargo” metáforas do 
sentimento amoroso. 
d) possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada entre os termos “amor” e 
“amar”. 
e) ressalta os significados das palavras tal como se verificam no seu uso mais corrente. 
 
 
05. (FUVEST/2020/1ª fase) Tal como se lê no poema, 
a) a palavra “amora” é substantivo, e “amargo”, adjetivo. 
b) o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra “amargo”. 
c) o substantivo “corpo” apresenta sentido denotativo. 
d) o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra “amora”. 
e) o verbo “amar” e o substantivo “amor” são intercambiáveis. 
 
 
06. (FUVEST/2020/1ª fase) 
 
Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara se convenceram de que ela estava 
morta, menos eu. Se eu pudesse não deixaria enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a vovó, 
mas ela disse que não se pode fazer assim. Bela estava igualzinha à que ela era no dia em 
que chegou da Formação, só um pouquinho mais magra. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar do corpo. Eu 
perguntei a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o menor sofrimento, sem ela fazer 
uma caretinha que fosse?”. Vovó disse que tudo isso é mistério, que nunca a gente pode 
saber essas coisas com certeza. Uns sofrem muito quando a alma se despega do corpo, 
outros morrem de repente sem sofrer. 
Helena Morley, Minha Vida de Menina. 
 
Perguntas 
Numa incerta hora fria 
perguntei ao fantasma 
que força nos prendia, 
ele a mim, que presumo 
estar livre de tudo 
eu a ele, gasoso, 
(...) 
No voo que desfere 
silente e melancólico, 
rumo da eternidade, 
ele apenas responde 
(se acaso é responder 
a mistérios, somar‐lhes 
um mistério mais alto): 
Amar, depois de perder. 
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma. 
 
As perguntas da menina e do poeta versam sobre a morte. É correto afirmar que 
a) ambos guardam uma dimensão transcendente e católica, de origem mineira. 
b) ambos ouvem respostas que lhes esclarecem em definitivo as dúvidas existenciais. 
c) a menina mostra curiosidade acerca da morte como episódio e o poeta especula o sentido 
filosófico da morte. 
d) a menina está inquieta por conhecer o destino das almas, enquanto o poeta critica o ceticismo. 
e) as duas respostas reforçam os mistérios da vida ao acolherem crenças populares. 
 
 
07. (FUVEST/2017/1ª fase) Considere as imagens e o texto, para responder à próxima questão. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
II / São Francisco de Assis* 
Senhor, não mereço isto. 
Não creio em vós para vos amar. 
Trouxestes-me a São Francisco 
e me fazeis vosso escravo. 
 
Não entrarei, senhor, no templo, 
seu frontispício me basta. 
Vossas flores e querubins 
são matéria de muito amar. 
 
Dai-me,senhor, a só beleza 
destes ornatos. E não a alma. 
Pressente-se dor de homem, 
paralela à das cinco chagas. 
 
Mas entro e, senhor, me perco 
na rósea nave triunfal. 
Por que tanto baixar o céu? 
por que esta nova cilada? 
 
Senhor, os púlpitos mudos 
entretanto me sorriem. 
Mais que vossa igreja, esta 
sabe a voz de me embalar. 
 
Perdão, senhor, por não amarvos. 
Carlos Drummond de Andrade 
*O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de 
Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012. 
 
 
Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob a estética do 
Barroco: 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo 
que o público não possa escapar. 
II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de 
maravilhamento. 
III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a 
preeminência da Igreja. 
 
A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa medida, as 
reações do eu lírico ao que se encontra registrado em 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) II e III, apenas. 
d) I e III, apenas. 
e) I, II e III. 
 
 
08. (FUVEST/2011/1ª fase) 
 
A ROSA DE HIROXIMA 
1Pensem nas crianças 
Mudas telepáticas 
Pensem nas meninas 
Cegas inexatas 
5Pensem nas mulheres 
Rotas alteradas 
Pensem nas feridas 
Como rosas cálidas 
Mas oh não se esqueçam 
10Da rosa da rosa 
Da rosa de Hiroxima 
A rosa hereditária 
A rosa radioativa 
Estúpida e inválida 
15A rosa com cirrose 
A antirrosa atômica 
Sem cor sem perfume 
Sem rosa sem nada. 
(Vinicius de Moraes, Antologia poética.) 
 
Neste poema, 
a) a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a objetividade, suprime o teor lírico 
do texto. 
b) parte da força poética do texto provém da associação da imagem tradicionalmente positiva da 
rosa a atributos negativos, ligados à ideia de destruição. 
c) o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela sua despreocupação com a 
elaboração formal. 
d) o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi escrito originalmente como letra 
de canção popular. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
e) o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, em boa medida, pelo caráter 
concreto do texto e pelo vigor de sua mensagem. 
 
 
09. (FUVEST/2011/1ª fase) Dentre os recursos expressivos presentes no poema, podem-
se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos versos 
a) 2 e 17. 
b) 1 e 5. 
c) 8 e 15. 
d) 9 e 18. 
e) 14 e 3. 
 
 
 
 
 
 
10. (FUVEST/2010/1ª fase) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES 
 
1Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava 
que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas 
eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava 
crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo 
clamor público, vejo com estes 5olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, 
brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no 
excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar 
uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da 
pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com 
os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos 10alojados os do 
meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do 
Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas 
e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos 
de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em 
meu entre dormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e olhei atônito 
para um tipo de 15chiru**, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido 
sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida 
calma: Pois é! Não vê que eu sou o sereno... 
Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras. 
Glossário 
*estremunhado: mal acordado. 
**chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: sul do Brasil). 
 
No início do texto, o autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal 
tendência se manifesta na personificação dos seguintes elementos: 
a) Tia Tula, Justo e Getúlio. 
b) mormaço, clamor público, sereno. 
c) magro, arquejante, preto. 
d) colegas, jornalistas, presidentes. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
e) vulto, chiru, crianças. 
 
 
11. (FUVEST/2010/1ª fase) A caracterização ambivalente da “coletividade democrática” (L. 
12-13), feita com humor pelo cronista, ocorre também na seguinte frase relativa à 
democracia: 
a) Meu ideal político é a democracia, para que todo homem seja respeitado como indivíduo, e 
nenhum, venerado (A. Einstein). 
b) A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais (W. Churchill). 
c) A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes (B. 
Shaw). 
d) É uma coisa santa a democracia praticada honestamente, regularmente, sinceramente 
(Machado de Assis). 
e) A democracia se estabelece quando os pobres, tendo vencido seus inimigos, massacram 
alguns, banem os outros e partilham igualmente com os restantes o governo e as magistraturas 
(Platão). 
 
 
12. (FUVEST/2010/1ª fase) No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente 
grandezinho, pois devia contar uns trinta anos” (L. 11 e 12) constitui 
a) recurso expressivo que produz incoerência, uma vez que não se usa o adjetivo “grande” no 
diminutivo. 
b) exemplo de linguagem regional, que se manifesta também em outras partes do texto, 
como na palavra “brandindo”. 
c) expressão de nonsense (linguagem surreal, ilógica), que, por sinal, ocorre também quando o 
autor afirma ouvir o M maiúsculo de “mormaço”. 
d) manifestação de humor irônico, o qual, aliás, corresponde ao tom predominante no texto. 
e) parte do sonho que está sendo narrado e que é revelado apenas no final do texto, 
principalmente no trecho “em meu entre dormir”. 
 
 
13. (FUVEST/2008/1ª fase) 
 
A borboleta 
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!” 
O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: – Ah!, 
sim, um lepidóptero... 
Mário Quintana, Caderno H. 
nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz. 
 
Depreende-se desse fragmento que, para Mário Quintana, 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
a) a crítica de poesia é meticulosa e exata quando acolhe e valoriza uma imagem poética. 
b) uma imagem poética logo se converte, na visão de um crítico, em um referente prosaico. 
c) o leitor e o poeta relacionam-se de maneira antagônica com o fenômeno poético. 
d) o poeta e o crítico sabem reconhecer a poesia de uma expressão como “pedaço esvoaçante 
de vida”. 
e) palavras como “borboleta” ou “lepidóptero” mostram que há convergência entre as linguagens 
da ciência e da poesia. 
 
 
14. (FUVEST/2007/1ª fase) 
 
DAS VÃS SUTILEZAS 
Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção. 
(...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com 
tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma 
agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa 
por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a 
meu ver, mandando entregar-lhe trêsmedidas de alpiste a fim de que pudesse continuar 
a exercer tão nobre arte. É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento 
apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque 
apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si. 
Montaigne, Ensaios. 
 
O texto revela, em seu desenvolvimento, a seguinte estrutura: 
a) formulação de uma tese; ilustração dessa tese por meio de uma narrativa; reiteração e 
expansão da tese inicial. 
b) formulação de uma tese; refutação dessa tese por meio de uma narrativa; formulação de uma 
nova tese, inspirada pela narrativa. 
c) desenvolvimento de uma narrativa; formulação de tese inspirada nos fatos dessa narrativa; 
demonstração dessa tese. 
d) segmento narrativo introdutório; desenvolvimento da narrativa; formulação de uma hipótese 
inspirada nos fatos narrados. 
e) segmento dissertativo introdutório; desenvolvimento de uma descrição; rejeição da tese 
introdutória. 
 
 
15. (ENEM IMPRESSO/2021) 
Introdução a Alda 
 Dizem que ninguém mais a ama. Dizem que foi uma boa pessoa. Sua filha de doze 
anos não a visita nunca e talvez raramente se lembre dela. Puseram-na numa cidade triste 
de uniformes azuis e jalecos brancos, de onde não pôde mais sair. Lá, todos gritam-lhe 
irritados, mal se aproxima, ou lhe batem, como se faz com sacos de areia para treinar os 
músculos. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 Sei que para todos ele já não é, e ninguém lhe daria uma maçã cheirosa, bem 
vermelha. Mas não é verdade que alguém não a possa mais amar. Eu amo-a. Amo-a 
quando a vejo por trás das grades de um palácio, onde se refugiou princesa, chegada 
pelos caminhos da dor. Quando fora do reino sente o mundo de mil lanças, e selvagem 
prepara-se, posta no olhar. Amo-a quando criança brinca na areia sem medo. Uns pés 
descalços, uma mulher sem intenções. Cercada de mundo, às vezes sofrendo-o ainda. 
CANÇADO, M. L. O sofredor do ver. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. 
 
Ao descrever uma mulher internada em um hospital psiquiátrico, o narrador compõe um 
quadro que expressa sua percepção 
a) irônica quanto aos efeitos do abandono familiar. 
b) resignada em face dos métodos terapêuticos em vigor. 
c) alimentada pela imersão lírica no espaço da segregação. 
d) inspirada pelo universo pouco conhecido da mente humana. 
e) demarcada por uma linguagem alinhada à busca de lucidez. 
 
 
16. (ENEM 2020/Reaplicação-PPL) 
 
Razão de ser 
Escrevo. E pronto. 
Escrevo porque preciso, 
preciso porque estou tonto. 
Ninguém tem nada com isso. 
Escrevo porque amanhece, 
E as estrelas lá no céu 
Lembram letras no papel, 
Quando o poema me anoitece. 
A aranha tece teias. 
O peixe beija e morde o que vê. 
Eu escrevo apenas. 
Tem que ter por quê? 
LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2013. 
 
Ao abordar o próprio processo de criação, o poeta recorre a exemplificações com o 
propósito de representar a escrita como uma atividade que 
a) requer a criatividade do artista. 
b) dispensa explicações racionais. 
c) independe da curiosidade do leitor. 
d) pressupõe a observação da natureza. 
e) decorre da livre associação de imagens. 
 
 
17. (ENEM 2020/Reaplicação-PPL) 
Epitáfio 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Devia ter amado mais 
Ter chorado mais 
Ter visto o sol nascer 
Devia ter arriscado mais 
E até errado mais 
Ter feito o que eu queria fazer 
Queria ter aceitado 
As pessoas como elas são 
Cada um sabe a alegria 
E a dor que traz no coração 
[...] 
Devia ter complicado menos 
Trabalhado menos 
Ter visto o sol se pôr 
Devia ter me importado menos 
Com problemas pequenos 
Ter morrido de amor 
BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. 
Rio de Janeiro: Abril Music, 2001 (fragmento). 
 
O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a 
função social de homenagear os mortos. Nesse texto, a apropriação desse gênero no título 
da letra da canção cria o efeito de 
a) destacar a importância de uma pessoa falecida. 
b) expressar desejo de reversão de atitudes. 
c) registrar as características pessoais. 
d) homenagear as pessoas sepultadas. 
e) sugerir notações para lápides. 
 
 
18. (UNESP/2022/1ª fase/2º dia) Para responder à próxima questão, leia o trecho inicial da 
crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em 
1943. 
 
O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século, 
tinha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas 
muito finas. Vestia-se ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem 
da mesma forma – e chegou a mandar retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de 
roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência 
do veredicto. 
Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios 
gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta 
centímetros, exatos, apesar de barrocas¹ e degraus. A espinha não se curvava, embora 
descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as 
duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na 
encadernação negra semelhante à do proprietário, empertigavam-se – e nenhum ousava 
deitar-se, inclinar-se, quebrar o alinhamento rigoroso. 
Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia-noite, fizesse frio ou 
calor, almoçava ao meio-dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava 
de seis em seis meses, pagava o aluguel da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com 
a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas sentenças, linguagem arrevesada e 
arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares. 
Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas, 
e condenou o crime, infeliz consequência da paixão. 
Se atentássemos nas palavras emitidas por via oral, poderíamos afirmar que o Dr. 
França não pensava. Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com 
alguma frequência. Apenas o pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos 
pensamentos comuns. Operava, se não nos enganamos, deste modo: “considerando isto, 
considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda mais isto, considerando 
porém aquilo, concluo.” Tudo se formulava em obediência às regras – e era impossível 
qualquer desvio. 
Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, 
dividido em capítulos, títulos, artigos e parágrafos. E o que se distanciava desses 
parágrafos, artigos, títulos e capítulos não o comovia, porque Dr. França está livre dos 
tormentos da imaginação. 
(Graciliano Ramos. Viventes das Alagoas, 1976.) 
1 barroca: monte de terra ou de barro. 
 
Na crônica, o Dr. França é caracterizado como 
a) irônico e arrogante. 
b) arrogante e dissimulado. 
c) introvertido e sarcástico. 
d) pedante e displicente. 
e) taciturno e metódico. 
 
 
19. (UNESP/2020/1ª fase) 
Tal movimento distingue-se pela atenuação do sentimentalismo e da melancolia, a 
ausência quase completa de interesse político no contexto da obra (embora não na 
conduta) e (como os modelos franceses) pelo cuidado da escrita, aspirando a uma 
expressão de tipo plástico. O mito da pureza da língua, do casticismo vernacular abonado 
pela autoridade dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura brasileira e foi 
um critério de excelência. É possível mesmo perguntar se a visão luxuosa dos autores 
desse movimento não representava para as classes dominantes uma espécie de 
correlativo da prosperidade material e, para o comum dos leitores,uma miragem 
compensadora que dava conforto. 
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.) 
 
O texto refere-se ao movimento denominado 
a) Romantismo. 
b) Barroco. 
c) Parnasianismo. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
d) Arcadismo. 
e) Realismo. 
 
 
20. (UNESP/2016/1o semestre/1ª fase) Considere o poema do português Eugênio de Castro 
(1869-1944) para responder às próxima questão. 
 
MÃOS 
 
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, 
o vosso gesto é como um balouçar de palma; 
o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso 
 [gesto canta! 
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, 
rolas à volta da negra torre da minh’alma. 
 
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes, 
Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma, 
O vosso gesto é como um balouçar de palma, 
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes... 
 
Mãos afiladas, mãos de insigne formosura, 
Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim, 
Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim, 
Duas velas à flor duma baía escura. 
 
Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas, 
Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos, 
Divinas mãos que me heis coroado de espinhos, 
Mas que depois me haveis coroado de rosas! 
 
Afilhadas do luar, mãos de rainha, 
Mãos que sois um perpétuo amanhecer, 
Alegrai, como dois netinhos, o viver 
Da minha alma, velha avó entrevadinha. 
(Obras poéticas, 1968.) 
 
Verifica-se certa liberdade métrica na construção do poema. Na primeira estrofe, tal 
liberdade comprova-se pela 
a) construção do hendecassílabo fora dos rígidos modelos clássicos. 
b) variedade do verso decassílabo e do verso alexandrino. 
c) presença de um verso com número menor de sílabas que os alexandrinos. 
d) desobediência aos padrões de pontuação tradicionais do decassílabo. 
e) presença de dois versos com número maior de sílabas que os alexandrinos. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
21. (UNESP/2015/1o semestre/1ª fase) Para responder à próxima questão, leia o poema de 
Catulo da Paixão Cearense (1863-1946). 
 
O Azulão e os tico-ticos 
Do começo ao fim do dia, 
um belo Azulão cantava, 
e o pomar que atento ouvia 
o seus trilos de harmonia, 
cada vez mais se enflorava. 
 
Se um tico-tico e outras aves 
vaiavam sua canção... 
mais doce ainda se ouvia 
a flauta desse Azulão. 
 
Um papagaio, surpreso 
de ver o grande desprezo, 
do Azulão, que os desprezava, 
um dia em que ele cantava 
e um bando de tico-ticos 
numa algazarra o vaiava, 
lhe perguntou: “Azulão, 
olha, dize-me a razão 
por que, quando estás cantando 
e recebes uma vaia 
desses garotos joviais, 
tu continuas gorgeando 
e cada vez canta mais?!” 
 
Numas volatas sonoras, 
o Azulão lhe respondeu: 
 “Caro Amigo! Eu prezo muito 
esta garganta sublime 
e esta voz maravilhosa... 
este dom que Deus me deu! 
 
Quando, há pouco, eu descantava, 
pensando não ser ouvido 
nestes matos por ninguém, 
um Sabiá*, que me escutava, 
num capoeirão, escondido, 
gritou de lá: — meu colega, 
bravos! Bravos... muito bem! 
Pergunto agora a você: 
quem foi um dia aplaudido 
pelo príncipe dos cantos 
de celestes harmonias, 
(irmão de Gonçalves Dias, 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
um dos cantores mais ricos...) 
— que caso pode fazer 
das vaias dos tico-ticos?” 
*Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa está representado este Sabiá, pois foi a “Águia de 
Haia” um dos maiores admiradores de Catulo e prefaciador do seu livro “Poemas bravios”. 
(Poemas escolhidos, s/d.) 
 
Se, nos versos 32 e 33, as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas “sa-bi-á” 
e “ca-po-ei rão”, tais versos quebrariam o padrão e o ritmo dos demais, pois passariam a 
ser 
a) heptassílabos. 
b) octossílabos. 
c) eneassílabos. 
d) hexassílabos. 
e) decassílabos. 
 
 
22. (UNESP/2014/1o semestre/1ª fase) Considere o poema de Raul de Leoni (1895-1926) 
para responder à próxima questão. 
 
A alma das cousas somos nós... 
Dentro do eterno giro universal 
Das cousas, tudo vai e volta à alma da gente, 
Mas, se nesse vaivém tudo parece igual 
Nada mais, na verdade, 
Nunca mais se repete exatamente... 
 
Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente 
Que no-las leva e traz, num círculo fatal; 
O que varia é o espírito que as sente 
Que é imperceptivelmente desigual, 
Que sempre as vive diferentemente, 
E, assim, a vida é sempre inédita, afinal... 
 
Estado de alma em fuga pelas horas, 
Tons esquivos e trêmulos, nuanças 
Suscetíveis, sutis, que fogem no Íris 
Da sensibilidade furta-cor... 
E a nossa alma é a expressão fugitiva das cousas 
E a vida somos nós, que sempre somos outros!... 
Homem inquieto e vão que não repousas! 
Para e escuta: 
Se as cousas têm espírito, nós somos 
Esse espírito efêmero das cousas, 
Volúvel e diverso, 
Variando, instante a instante, intimamente, 
E eternamente, 
Dentro da indiferença do Universo!... 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
(Luz mediterrânea, 1965.) 
 
Embora pareça constituído de versos livres modernistas, o poema em questão ainda 
segue a versificação medida, combinando versos de diferentes extensões, com 
predomínio dos de doze e dez sílabas métricas. Assinale a alternativa que indica, na 
primeira estrofe, pela ordem em que surgem, os versos de dez sílabas métricas, 
denominados decassílabos. 
a) 1 e 5. 
b) 3 e 4. 
c) 1, 2 e 3. 
d) 2 e 3. 
e) 1, 3 e 5. 
 
 
23. (UNESP/2012/1o semestre/1ª fase) A próxima questão toma por base um poema de 
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810). 
 
18 
Não vês aquele velho respeitável, 
que à muleta encostado, 
apenas mal se move e mal se arrasta? 
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, 
o tempo arrebatado, 
que o mesmo bronze gasta! 
 
Enrugaram-se as faces e perderam 
seus olhos a viveza: 
voltou-se o seu cabelo em branca neve; 
já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, 
nem tem uma beleza 
das belezas que teve. 
 
Assim também serei, minha Marília, 
daqui a poucos anos, 
que o ímpio tempo para todos corre. 
Os dentes cairão e os meus cabelos. 
Ah! sentirei os danos, 
que evita só quem morre. 
 
Mas sempre passarei uma velhice 
muito menos penosa. 
Não trarei a muleta carregada, 
descansarei o já vergado corpo 
na tua mão piedosa, 
na tua mão nevada. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
As frias tardes, em que negra nuvem 
os chuveiros não lance, 
irei contigo ao prado florescente: 
aqui me buscarás um sítio ameno, 
onde os membros descanse, 
e ao brando sol me aquente. 
 
Apenas me sentar, então, movendo 
os olhos por aquela 
vistosa parte, que ficar fronteira, 
apontando direi: — Ali falamos, 
ali, ó minha bela, 
te vi a vez primeira. 
 
Verterão os meus olhos duas fontes, 
nascidas de alegria; 
farão teus olhos ternos outro tanto; 
então darei, Marília, frios beijos 
na mão formosa e pia, 
que me limpar o pranto. 
 
Assim irá, Marília, docemente 
meu corpo suportando 
do tempo desumano a dura guerra. 
Contente morrerei, por ser Marília 
quem, sentida, chorando 
meus baços olhos cerra. 
(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 
1982.) 
 
Assinale a alternativa que indica a ordem em que os versos de dez e de seis sílabas se 
sucedem nas oito estrofes do poema. 
a) 6, 10, 6, 6, 10, 10. 
b) 10, 6, 10, 10, 6, 6. 
c) 10, 10, 6, 10, 6, 6. 
d) 10, 6, 10, 6, 10, 6. 
e) 6, 10, 6, 10, 6, 6. 
 
 
24. (UNICAMP/2022/1ª fase) 
 
Na ribeira do Eufrates assentado, 
Discorrendo me achei pela memória 
Aquele breve bem, aquela glória, 
Que em ti, doce Sião, tinha passado. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
Da causa de meus males perguntado 
Me foi: Como não cantas a história 
De teu passado bem e da vitória 
Que semprede teu mal hás alcançado? 
 
Não sabes, que a quem canta se lhe esquece 
O mal, inda que grave e rigoroso? 
Canta, pois, e não chores dessa sorte. 
 
Respondi com suspiros: Quando cresce 
A muita saudade, o piedoso 
Remédio é não cantar senão a morte. 
(Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113). 
 
Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o 
poema retoma o dito popular 
a) “longe dos olhos, perto do coração”. 
b) “mais vale cantar mal que chorar bem”. 
c) “a cada canto seu Espírito Santo”. 
d) “quem canta seus males espanta”. 
 
 
25. (UNICAMP/2020/1ª fase) O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de 
Arnaldo Antunes. 
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de criação poética. É correto 
dizer que o autor se propõe a 
a) revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita das palavras. 
b) discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia” um substantivo. 
c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto. 
d) explorar o poder de representação da interjeição exclamativa “psiu!”. 
 
 
26. (UNEMAT/2018) 
 
Texto 01 
O tempo é 
O tempo é qualquer coisa 
que ninguém toma nas mãos 
e beija no mesmo instante 
 (ou um instante depois). 
 
PERSONA, Lucinda Nogueira. Entre uma noite e outra. Cuiabá, MT: Entrelinhas, 2014. p. 33. 
 
 
A persistência da memória. Salvador Dali. Disponível em: 
noticias.universia.com/destaques/noticias/2012/01/07/903289/conhecaa-persistencia-da-memoria-
salvador-dali.html Acesso em: fev. 2018. 
 
Comparando o que aborda o poema O tempo é, da poetisa Lucinda Nogueira Persona, e 
os sentidos presentes na tela A persistência da memória, do artista plástico Salvador Dali, 
assinale a alternativa correta. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
a) O poema traz uma definição clara e fixa sobre o tempo, contrariando o que aborda a tela, pois 
esta ao trazer relógios em estado de deformação, sugere que o tempo é algo que se modifica 
permanentemente. 
b) O poema traz elementos que nos permitem fazer reflexões sobre o tempo, enquanto a 
presença dos relógios na tela aborda o seu valor estético. 
c) A tela de Salvador Dali traz, sobretudo nos relógios, elementos que nos permitem fazer 
reflexões sobre a guerra, enquanto o poema diz da fixidez do tempo. 
d) Os dois textos trazem linguagens diferentes em suas composições, por este motivo não é 
possível correlacioná-los estilisticamente e fazer qualquer leitura comparativa entre eles. 
e) Ambos os textos fazem uma discussão sobre a efemeridade e a fugacidade do tempo. 
 
 
27. (UEG/2020-Medicina) Leia o poema a seguir para responder às próximas duas 
questões. 
Ergue-se Marco Antônio de repente... 
Ouve-se um grito estrídulo, que soa 
O silêncio cortando, e longamente 
Pelo deserto acampamento ecoa. 
 
O olhar em fogo, os carregados traços 
Do rosto em contração, alto e direito 
O vulto enorme, – no ar levanta os braços, 
E nos braços aperta o próprio peito. 
 
Olha em torno e desvaira. Ergue a cortina, 
A vista alonga pela noite afora... 
Nada vê. Longe, à porta purpurina 
Do Oriente em chamas, vem raiando a aurora. 
 
E a noite foge. Em todo o firmamento 
Vão se fechando os olhos das estrelas: 
Só perturba a mudez do acampamento 
O passo regular das sentinelas. 
BILAC, Olavo. O sonho de Marco Antônio – parte III. In: Melhores poemas de Olavo Bilac. 4. ed. Global, 
2003. p. 37. 
 
Quanto à forma, o fragmento citado apresenta versos 
a) irregulares e dodecassílabos 
b) assimétricos e alexandrinos 
c) regulares e decassílabos 
d) polimétricos e eneassílabos 
e) brancos e hendecassílabos 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
28. (UEG/2020-Medicina) Embora pertença ao gênero lírico, o excerto poético apresentado 
comporta características do gênero 
a) dramático, tendo em vista que o eu-lírico lança mão de uma estrutura dialógica para construir 
uma interação com os leitores. 
b) trágico, já que a personagem retratada realiza ações grandiosas e heroicas. 
c) cômico, pois o eu-lírico lança mão de um humor sutil para sensibilizar os leitores. 
d) narrativo, uma vez que o sujeito poético faz um relato de parte do que acontece em um 
acampamento militar durante a noite. 
e) descritivo, porque se notam descrições das personagens e da paisagem que as circunda. 
 
 
29. (UEG/2020-Medicina) Em termos de conteúdo, o excerto poético apresentado é 
configurado por uma referência a elementos 
a) metapoéticos. 
b) nostálgicos. 
c) históricos. 
d) filosóficos. 
e) metafísicos. 
 
 
 
 
30. (UEG/2018) Observe a imagem e leia o poema a seguir para responder à(s) 
questão(ões). 
 
 
A leitura, tanto da imagem quanto do poema apresentados, metaforiza o caráter 
a) recorrente da existência humana. 
b) efêmero das paixões humanas. 
c) linear de tudo que compõe a vida. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
d) duradouro das coisas e da vida. 
e) moroso dos entusiasmos existenciais. 
 
 
31. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) 
Retrato 
Cecília Meireles 
Eu não tinha este rosto de hoje, 
Assim calmo, assim triste, assim magro, 
Nem estes olhos tão vazios, 
Nem o lábio amargo. 
 
Eu não tinha estas mãos sem força, 
Tão paradas e frias e mortas; 
Eu não tinha este coração 
Que nem se mostra. 
 
Eu não dei por esta mudança, 
Tão simples, tão certa, tão fácil: 
— Em que espelho ficou perdida 
a minha face? 
 
Os versos acima são de autoria da escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964). O poema 
traça uma espécie de autorretrato, enfocando principalmente a questão da 
a) transitoriedade da vida. 
b) alegria de viver. 
c) partilha de pequenos momentos. 
d) felicidade de envelhecer. 
 
 
32. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) O poema Retrato utiliza uma imagem poética 
recorrente nas poesias de Cecília Meireles: o espelho. Essa imagem está atrelada a 
questões existencialistas que, neste poema, são 
a) o bem e o mal. 
b) a fraqueza e a força. 
c) a vida e a morte. 
d) a juventude e a velhice. 
 
 
33. (UECE/2018/1º semestre/1ª fase) 
 
Retrato do artista quando coisa 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
A maior riqueza 
do homem 
é sua incompletude. 
Nesse ponto 
sou abastado. 
Palavras que me aceitam 
como sou 
— eu não aceito. 
Não aguento ser apenas 
um sujeito que abre 
portas, que puxa 
válvulas, que olha o 
relógio, que compra pão 
às 6 da tarde, que vai 
lá fora, que aponta lápis, 
que vê a uva etc. etc. 
Perdoai. Mas eu 
preciso ser Outros. 
Eu penso 
renovar o homem 
usando borboletas. 
BARROS, Manoel. O retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998. 
 
Levando em conta as relações de sentido presentes no texto de Manoel de Barros acima, 
é correto afirmar que o conteúdo temático geral do poema se estabelece na seguinte 
oposição semântica: 
a) humanização versus coisificação. 
b) riqueza versus pobreza. 
c) ação versus inércia. 
d) grandeza versus pequenez. 
 
 
34. (UERJ/2021) 
 
Morro velho 
No sertão da minha terra, 
fazenda é o camarada que ao chão se deu. 
Fez a obrigação com força, 
parece até que tudo aquilo ali é seu. 
5Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, 
lindo a crescer. 
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada. 
 
Filho do branco e do preto, 
correndo pela estrada atrás de passarinho. 
10 Pela plantação adentro, 
crescendo os dois meninos, sempre pequeninos. 
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
dá pro fundo ver. 
Orgulhoso camarada conta histórias pra moçada. 
15 Filhodo sinhô vai embora, 
tempo de estudos na cidade grande. 
Parte, tem os olhos tristes, 
deixando o companheiro na estação distante. 
“Não me esqueça, amigo, eu vou voltar.” 
20 Some longe o trenzinho ao deus-dará. 
 
Quando volta já é outro, 
trouxe até sinhá-mocinha para apresentar. 
Linda como a luz da lua 
que em lugar nenhum rebrilha como lá. 
25Já tem nome de doutor 
e agora na fazenda é quem vai mandar. 
E seu velho camarada 
já não brinca, mas trabalha. 
MILTON NASCIMENTO 
Adaptado de miltonnascimento.com.br. 
 
fazenda é o camarada que ao chão se deu. (l. 2) 
No verso da canção de Milton Nascimento, o poeta apresenta uma definição da palavra 
“fazenda”. Com base na primeira estrofe, essa definição destaca o seguinte elemento do 
contexto descrito: 
a) riqueza da propriedade 
b) expectativa de liberdade 
c) dedicação do trabalhador 
d) necessidade de autonomia 
 
 
35. (UERJ/2020) 
 
PARA COMEÇAR 
Desejou ter a beleza de uma árvore frondosa tatuada nas costas, copa espraiada sobre os 
ombros. Temendo, porém, o longo sofrimento imposto pelas agulhas, mandou tatuar na base 
da coluna, bem na base, a mínima semente. 
Observe a imagem abaixo, que reproduz o quadro de René Magritte chamado “A 
Clarividência”. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
arteeblog.com 
 
O par “semente-árvore” do conto pode ser comparado ao par “ovo-ave” do quadro, devido 
a uma mesma relação existente entre os elementos de cada par. Essa relação expressa, 
no contexto das duas obras, a ideia de: 
a) simultaneidade 
b) possibilidade 
c) instabilidade 
d) uniformidade 
 
 
36. (FAMECA/2013) Leia o poema “Ela canta, pobre ceifeira” do poeta português Fernando 
Pessoa (1888-1935) para responder à próxima questão. 
 
Ela canta, pobre ceifeira*, 
Julgando-se feliz talvez; 
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia 
De alegre e anônima viuvez, 
 
Ondula como um canto de 
ar limpo como um limiar, 
E há curvas no enredo suave 
Do som que ela tem a cantar. 
 
Ouvi-la alegra e entristece, 
Na sua voz há o campo e a lida, 
E canta como se tivesse 
Mais razões p’ra cantar que a vida. 
Ah, canta, canta sem razão! 
O que em mim sente ’stá pensando. 
Derrama no meu coração 
A tua incerta voz ondeando! 
 
Ah, poder ser tu, sendo eu! 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Ter a tua alegre inconsciência, 
E a consciência disso! Ó céu! 
Ó campo! Ó canção! A ciência 
 
Pesa tanto e a vida é tão breve! 
Entrai por mim dentro! Tornai 
Minha alma a vossa sombra leve! 
Depois, levando-me, passai! 
(Fernando Pessoa. Obra poética, 1995.) 
*Ceifeira: mulher que trabalha no corte de cereais, utilizando foice ou outro 
instrumento apropriado. 
 
Todas as seis quadras do poema de Fernando Pessoa são compostas por versos 
_____ e obedecem ao esquema de rimas _____. 
 
As lacunas do texto são, correta e respectivamente, preenchidas por 
a) decassílabos – ABBA. 
b) octossílabos – ABBA. 
c) dodecassílabos – ABAB. 
d) decassílabos – ABAB. 
e) octossílabos – ABAB. 
 
 
37. (FAMECA/2017) Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade para responder às 
próximas duas questões. 
 
Papel 
E tudo que eu pensei 
e tudo que eu falei 
e tudo que me contaram 
era papel. 
E tudo que descobri 
amei 
detestei: 
papel. 
Papel quanto havia em mim 
e nos outros, papel 
de jornal 
de parede 
de embrulho 
papel de papel 
papelão. 
(As impurezas do branco, 2012.) 
 
Quanto aos aspectos formais, o poema caracteriza-se pelo emprego de 
a) rimas raras. 
b) métrica irregular. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
c) versos decassílabos. 
d) rimas alternadas. 
e) linguagem rebuscada. 
 
 
38. (UEA/2019) Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder às próximas duas 
questões. 
Nada nas mãos nem na cabeça, nada 
no estômago além da sensação vazia 
de haver ultrapassado toda sensação. 
 
É em estado assim que se descobre a verdade, 
que se cometem os grandes crimes, os gestos 
mais sublimes, ou então não se faz nada. 
 
É como as cobras. As mais silenciosas, 
de corpo mais esguio, de cor esmaecida, 
destilam o veneno mais perfeito. 
 
Assim também os poemas. Os mais contidos 
e lisos, os que menos coisa dizem, 
destilam o veneno mais perfeito. 
(Mínima lírica, 2013.) 
 
No trecho “que se descobre a verdade, / que se cometem os grandes crimes, os gestos / 
mais sublimes”, o eu lírico enumera 
a) eventos extremos que ocorrem durante o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
b) acontecimentos catastróficos que sucedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
c) fatos impensáveis que causam o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
d) ações inconscientes que resultam do estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
e) processos raros que precedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
 
 
39. (UEA/2019) Segundo as duas últimas estrofes, 
a) os melhores poemas são mais produto de inspiração do que de trabalho. 
b) o valor de um poema é medido pelos efeitos negativos que produz. 
c) os poemas mais inofensivos são os que parecem mais perigosos. 
d) a poesia é a arte de transformar algo discreto em algo significativo. 
e) os poemas mais discretos produzem os efeitos mais contundentes. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
40. (UEA/2018) 
Nos anos em que atuaram estes escritores, a poesia brasileira percorreu os meandros 
do extremo subjetivismo, à Byron e à Musset. Alguns poetas adolescentes, mortos antes 
de tocarem a plena juventude, darão exemplo de toda uma temática emotiva de amor e 
morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio. 
(Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 2006. Adaptado.) 
 
O texto refere-se 
a) à segunda geração do Romantismo. 
b) ao Barroco. 
c) ao Arcadismo. 
d) à primeira geração do Modernismo. 
e) ao Condoreirismo. 
 
 
41. (UEA/2014) 
Tapuia 
 
As florestas ergueram braços peludos para esconder-te 
com ciúmes do sol. 
 
E a tua carne triste se desabotoa nos seios, 
recém-chegados do fundo das selvas. 
 
Pararam no teu olhar as noites da Amazônia, mornas e imensas. 
 
No teu corpo longo 
ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro. 
 
O mato acorda no teu sangue 
sonhos de tribos desaparecidas 
– filha de raças anônimas 
que se misturaram em grandes adultérios! 
 
E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, 
que teus antepassados te deixaram de herança. 
 
O vento desarruma os teus cabelos soltos 
e modela um vestido na intimidade do teu corpo exato. 
À noite o rio te chama 
e então te entregas à água preguiçosamente, 
como uma flor selvagem 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
ante a curiosidade das estrelas. 
(Raul Bopp apud Mário da Silva Brito. “Tapuia”. In: Poesia do Modernismo, 1968.) 
 
No verso "E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio", a ideia expressa pelo verbo 
destacado está de acordo com a seguinte afirmação: 
a) Os indígenas erram ainda hoje, quando confiam nas promessas do homem branco. 
b) Explorados e expulsos de suas terras, os indígenas vagueiam pelas florestas que sobraram. 
c) Em função dos sucessivos ataques do homem branco, os indígenas lamentam os erros 
cometidos. 
d) Ao caminhar pelas margens do rio, os indígenas já não têm o senso de direção de seus 
antepassados. 
e) Remanescentes de tribos dizimadas, os indígenas continuam sofrendo pelos erros dos 
brancos. 
 
 
42. (UEA/2014) A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro, 
em vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos. 
Essa figura ocorre no verso: 
a) que se misturaram em grandes adultérios! 
b) O vento desarruma os teus cabelos soltos 
c) As florestas ergueram braços peludospara esconder-te 
d) e então te entregas à água preguiçosamente, 
e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, 
 
 
43. (UEA/2013) Leia o texto a seguir para responder às próximas duas questões. 
Não sei que jornal, há algum tempo, noticiou que a polícia ia tomar sob a sua proteção 
as crianças que aí vivem, às dezenas, exploradas por meia dúzia de bandidos. Quando li 
a notícia, rejubilei. Porque, há longo tempo, desde que comecei a escrever, venho 
repisando este assunto, pedindo piedade para essas crianças e cadeia para esses patifes. 
Mas os dias correram. As providências anunciadas não vieram. Parece que a piedade 
policial não se estende às crianças, e que a cadeia não foi feita para dar agasalho aos que 
prostituem corpos de sete a oito anos… E a cidade, à noite, continua a encher-se de 
bandos de meninas, que vagam de teatro em teatro e de hotel em hotel, vendendo flores 
e aprendendo a vender beijos. 
Anteontem, por horas mortas, quando saía de um teatro na rua central da cidade, vi 
sentada uma menina, a uma soleira de porta. Ao lado, a sua cesta de flores murchas estava 
atirada sobre a calçada. Pediu-me dez tostões, chorando... Só conseguira obter, ao cabo 
de toda uma tarde de caminhadas e de pena, esses dez tostões — perdidos ou furtados. 
E pelos seus olhos molhados passava o terror das bordoadas que a esperavam em casa… 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível 
na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, sumir-se, 
dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma. 
Ora — nestes tempos singulares em que a gente já se habituou a ouvir sem espanto 
coisas capazes de horrorizar a alma de Deiber —, é possível que alguém, encolhendo os 
ombros diante disto, me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças que 
vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam para casa uma certa e 
determinada quantia. 
Tenho tudo, amigos meus! Não penseis que me iluda sobre a eficácia das providências 
que possa a polícia tomar, a fim de salvar das pancadas o corpo e da devassidão a alma 
de qualquer dessas meninas. Bem sei que, enquanto o mundo for mundo e enquanto 
houver meninas — proteja-as ou não as proteja a polícia —, haverá pais que as 
esbordoem, mães que as vendam, cadelas que as industriem, cães que as deflorem! 
(Olavo Bilac [Gazeta de Notícias, 14.08.1894]. www.consciencia.org. Adaptado.) 
 
Olavo Bilac, autor da crônica, é bastante conhecido no contexto da literatura brasileira 
como poeta do 
a) Romantismo, período do império da razão. 
b) Parnasianismo, escola literária que buscava a perfeição formal. 
c) Arcadismo, que aprofundou as características do Barroco. 
d) Modernismo, responsável pela volta dos valores clássicos. 
e) Simbolismo, estilo marcado pela experimentação. 
 
 
44. (UEA/2013) De acordo com o texto, é correto afirmar que 
a) o narrador leu a notícia sobre as providências da polícia no jornal em que trabalha. 
b) a menina contou ao cronista que não conseguira vender nenhuma flor naquele dia. 
c) a cadeia do Rio de Janeiro, segundo depoimentos de testemunhas, não recebe aproveitadores 
de meninas. 
d) vários leitores perguntaram ao cronista por que ele se envolvia com um assunto desses. 
e) o narrador ficou muito tempo a olhar o vulto da menina que se perdia na escuridão da noite. 
 
 
45. (UEMA/2020) O Último Poema encerra o livro Libertinagem, de Manuel Bandeira. 
 
O Último Poema 
Assim eu quereria o meu último poema 
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais 
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas 
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos 
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação. 
BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013 
 
O poema estabelece pelo título e pela posição que ocupa um valor metapoético, uma vez 
que o eu lírico 
a) transporta para a poesia a beleza da simplicidade. 
b) explicita seu dilema existencial. 
c) revela dramaticamente seus medos mais íntimos e secretos. 
d) incorpora na poesia o academicismo parnasiano. 
e) expressa em versos seu desejo poético. 
 
 
46. (UFPR/2020) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa: 
 
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-
de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, 
sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de 
folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A 
pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, 
entrando em convulsões. 
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se 
acabar!... É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão. 
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.) 
 
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, 
exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale 
a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada. 
a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza 
a partir da ação direta de Deus. 
b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar 
a aridez da natureza. 
c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística 
da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região. 
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como 
elemento tão reversível quanto a condição humana. 
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo 
uso da força física e da valentia. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
47. (UFU/2016) 
Texto I 
Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com 
esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se 
movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável. 
Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez 
mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas 
e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o 
incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava 
desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse 
estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da 
manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois, 
sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu 
fraco o último fôlego. 
KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78. 
 
Texto II 
Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas 
violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto 
do corpo como luzes. A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de 
Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, 
para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito 
passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre 
um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da 
árvore e morreu. 
LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina.Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 
p. 37-38. 
 
Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e do 
conto “O grande passeio” têm em comum a 
a) a incapacidade de decisão ante as instabilidades sociais. 
b) o isolamento social devido ao descaso dos familiares. 
c) o devaneio filosófico a respeito dos fenômenos da natureza. 
d) a passividade diante das vicissitudes do curso da vida. 
 
 
48. (UNCISAL/2017) 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
A poesia de Augusto de Campos, conforme se pode ver no exemplo acima, propõe uma 
revisão nas estruturas tradicionais das artes poéticas. Isso quer dizer que esse formato 
proposto 
a) valoriza a métrica e a rima. 
b) abdica das interações com as diversas formas de artes visuais. 
c) valoriza o sentido hermético da poesia sem pluralidade semântica. 
d) expande-se para além da retórica pela valorização das múltiplas formas e sentidos. 
e) considera como material poético a ditadura retórica da palavra em seus vários 
desdobramentos. 
 
 
49. (UNCISAL/2016) 
 
 
ANTUNES, Arnaldo. Rio: o ir. Disponível 
em:<http://www.arnaldoantunes.com.br/new/index.php?page=32>. Acesso em: 6 nov. 2015. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
O texto acima, um poema de Arnaldo Antunes, inscreve-se numa tradição de 
procedimentos poéticos também recuperáveis no 
a) Naturalismo, uma vez que o poema faz uso de recurso visual que se assemelha a uma rosa, 
o que remete à natureza. 
b) Arcadismo, uma vez que é perceptível que o poema se estrutura em torno da palavra “rio”, o 
que remete a uma supervalorização deste elemento natural. 
c) Concretismo, uma vez que o poema investe na materialidade visual da palavra, explorando 
um arranjo geométrico que, com poucos recursos, provoca diversas leituras e compreensões. 
d) Modernismo, uma vez que se percebe a estruturação do poema em torno da flexão de primeira 
pessoa do verbo “rir”, o que recupera o humor característico dos poetas modernistas. 
e) Parnasianismo, uma vez que a forma do poema se assemelha à de uma pedra preciosa, o 
que metaforiza a aproximação que os parnasianos estabelecem entre o fazer poético e o trabalho 
do ourives. 
 
 
50. (UNITINS/2016.2) Leia o texto para responder à questão a seguir. 
 
“Movimento artístico e filosófico que surge com o conflito entre a Reforma Protestante e 
a Contra Reforma. Seu objetivo era propagar a religião por meio de uma arte de impacto, 
sinuosa, enfeitada ao extremo. Arte altamente contraditória.” 
(Disponível em: <http://questoesdevestibularnanet.blogspot.com.br/2013/09/caracteristicas-e 
representantes-do.html>. Acesso em: 4 nov. 2015) 
 
O texto se refere a uma escola literária brasileira, denominada ________, que tem as 
seguintes características _____________. 
a) Arcadismo – regido pelas filosofias do cultismo e do conceptismo. Cultismo é o jogo de 
palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas. Conceptismo são os jogos 
de raciocínio e de retórica que visam a melhor explicar o conflito dos opostos. 
b) Realismo – tem por temática assuntos que tratam da exaltação da beleza natural e consideram 
a existência humana como constante e paulatino morrer. 
c) Modernismo – expressa conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o 
prazer pagão e a fé religiosa; há detalhismo e rebuscamento, ou seja, extravagância e exagero 
nos detalhes. 
d) Barroco – linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo; uso de muitos recursos estilísticos, 
como figuras de linguagem, hipérboles, metáforas, antíteses e paradoxos, para melhor expressar 
a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna. 
e) Naturalismo – homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no 
céu; há contradição de sentimentos, em que é comum a ideia de opostos: bem X mal, pecado X 
perdão, homem X Deus. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
AULA 00 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
8.1GABARITO 
 
 
 
 
 
 
 
1) C 
2) C 
3) D 
4) D 
5) D 
6) C 
7) E 
8) B 
9) C 
10) B 
11) B 
12) D 
13) B 
14) A 
15) C 
16) B 
17) B 
18) E 
19) C 
20) E 
21) B 
22) A 
23) B 
24) D 
25) C 
26) E 
27) C 
28) D 
29) C 
30) A 
31) A 
32) D 
33) A 
34) C 
35) B 
36) E 
37) B 
38) E 
39) D 
40) A 
41) A 
42) C 
43) B 
44) E 
45) E 
46) D 
47) D 
48) D 
49) C 
50) D
 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 97 
9. QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 
 
01. (FUVEST/2021/1ª fase) 
 
Alferes, Ouro Preto em sombras 
Espera pelo batizado, 
Ainda que tarde sobre a morte do sonhador 
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor. 
Raios de sol brilharão nos sinos: 
Dez vias dar; 
 
Ai Marília, as liras e o amor 
Não posso mais sufocar 
E a minha voz irá 
Pra muito além do desterro e do sal, 
Maior que a voz do rei. 
Aldir Blanc e João Bosco, trechos da música "Alferes", de 1973. 
 
A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa 
expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra 
feita em Ouro Preto - torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários 
momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo 
contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso 
a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas. 
b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes. 
c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditatura militar. 
d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas. 
e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. Mais informações sobre canção de protesto 
serão encontradas na aula 07. 
Alternativa A: incorreta. Em certo sentido, as opiniões expressas na música aderem a ligas 
engajadas, e não resistem a elas. Uso de verbos conjugados no futuro como "brilharão" e "irá" 
representam esperança num futuro melhor. 
Alternativa B: incorreta. Não minimizou essa importância. Pelo contrário. Tiradentes foi 
heroicizado e é considerado um mártir, pois no período da Inconfidência Mineira (1789-1792) ele foi 
perseguido, morto e esquartejado. 
Alternativa C: correta – gabarito. A dica central para entender o contexto histórico de produção 
desse poema era analisar sua fonte, presente no rodapé. Lá é dito que a música é de 1973, ano em que o 
Brasil passava pelo período da ditadura militar. Nesse sentido, as mesmas figuras do século XVIII utilizadas 
na obra de Cecília Meireles, como o Alferes Tiradentes e Marília de Dirceu, são usadas no poema acima; 
porém, ressignificadas. Se o comando pede uma alternativa que representa um discurso de resistência, 
trata-se de resistir contra a ditadura, expressão do autoritarismo e da repressão. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 98 
*Alferes é uma patente militar. Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) era uma figura histórica. 
Na vida civil, foi dentista; porém, na carreira militar foi alferes. Por isso é constantemente referido assim, 
até para aludir ao seu papel de contribuição cívica. 
*Marília é a musa do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), que nomeia a obra 
Marília de Dirceu (1792). Maria Joaquina Dorotéia de Seixas (1767-1853) foi cantada em versos sob o 
nome de Marília (breve corruptela de seu nome, como se fosse um diminutivo carinhoso), pelo noivo 
Tomás Antônio Gonzaga, o qual se chamava poeticamente de Dirceu. Embora em sua obra lírica ela seja 
pintada como utopia, foi uma figura real. 
 Alternativa D: incorreta. Muito embora o poema utilize tematicamente figuras árcades, não resiste 
a elas. Pelo contrário, costuma usá-las como exemplos. Nem todos os árcades escreveram apenas lírica 
amorosa. Tomás Antônio Gonzaga, por exemplo, escreveulírica satírica, como é o caso de Cartas chilenas 
 Alternativa E: incorreta. Não era contra Portugal que se protestava na época da ditatura militar, 
mas sim contra a forma opressiva de poder que tinha se instalado no sistema. 
Gabarito: C. 
 
 
02. (FUVEST/2021/1ª fase) 
A psicanálise do açúcar 
O açúcar cristal, ou açúcar de usina, 
mostra a mais instável das brancuras: 
quem do Recife sabe direito o quanto, 
e o pouco desse quanto, que ela dura. 
Sabe o mínimo do pouco que o cristal 
se estabiliza cristal sobre o açúcar, 
por cima do fundo antigo, de mascavo, 
do mascavo barrento que se incuba; 
e sabe que tudo pode romper o mínimo 
em que o cristal é capaz de censura: 
pois o tal fundo mascavo logo aflora 
quer inverno ou verão mele o açúcar. 
 
Se os banguês* que-ainda purgam ainda 
o açúcar bruto com barro, de mistura; 
a usina já não o purga: da infância, 
não só depois de adulto, ela o educa; 
em enfermarias, com vácuos e turbinas, 
em mãos de metal de gente indústria, 
a usina o leva a sublimar em cristal 
o pardo do xarope: não o purga, cura. 
Mas como a cana se cria ainda hoje, 
em mãos de barro de gente agricultura, 
o barrento da pré-infância logo aflora 
quer inverno ou verão mele o açúcar. 
*banguê: engenho de açúcar primitivo movido a força animal. 
João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 99 
Os últimos quatro versos do poema rompem com a série de contrapontos entre a usina e 
o banguê, pois 
a) negam haver diferença química entre o açúcar cristal e o açúcar mascavo. 
b) esclarecem que a aparência do açúcar varia com a espécie de cana cultivada. 
c) revelam que na base de toda empresa açucareira está o trabalhador rural. 
d) denunciam a exploração do trabalho infantil nos canaviais nordestinos. 
e) explicam que a estação do ano define em qualquer processo o tipo de açúcar. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de autores e obras do cânone. 
Alternativa A: incorreta. Não é a diferença química que está sendo discutida no texto, mas sim a 
diferença histórica: a usina representa as fábricas modernas, ou seja, o sujeito moderno e a sua tendência 
à mecanização dos processos humanos e econômicos, ao passo que o banguê, como indica a nota de 
rodapé no glossário, é uma forma primitiva de engenho do açúcar. 
Alternativa B: incorreta. Não é o tipo de cana cultivada o tema central desse poema. 
Alternativa C: correta – gabarito. A diferença central apontada ao longo do processo histórico na 
transposição do engenho de banguê para a usina é o tipo de força utilizada: antigamente, utilizava-se 
força animal e na usina utiliza-se força humana, o que se depreende a partir do termo "mãos de barro". 
Estas mãos só podem ser humanas, porque não são patas. 
 Alternativa D: incorreta. Não necessariamente: a alusão à pré-infância no poema tem outro 
sentido, como já explicado. Se o trabalho é infantil ou não, isso não se sabe: trata-se de informação 
extratextual. 
 Alternativa E: incorreta. Cuidado com os absolutismos, como é o caso do uso da expressão 
"qualquer processo". 
Gabarito: C. 
 
 
03. (FUVEST/2021/1ª fase) 
Leusipo perguntou o que eu tinha ido fazer na aldeia. Preferi achar que o tom era 
amistoso e, no meu paternalismo ingênuo, comecei a lhe explicar o que era um romance. 
Eu tentava convencê-lo de que não havia motivo para preocupação. Tudo o que eu queria 
saber já era conhecido. E ele me perguntava: 
"Então, por que você quer saber, se já sabe?" Tentei lhe explicar que pretendia 
escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de ficção (e 
mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência 
na realidade. Ele seguia incrédulo. Fazia-se de desentendido, mas na verdade só queria 
me intimidar. As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, 
para os brancos que não acreditam em deuses, a ficção servia de mitologia, era o 
equivalente dos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não sabia se o 
idiota era ele ou eu. Ele não dizia nada a não ser: "O que você quer com o passado?". 
Repetia. E, diante da sua insistência bovina tive de me render à evidência de que eu não 
sabia responder à sua pergunta. 
Bernardo Carvalho, Nove noites. Adaptado. 
 
Sem prejuízo de sentido e fazendo as adaptações necessárias, é possível substituir as 
expressões em destaque no texto, respectivamente, por 
a) incompreensão; armação; inofensivo; irredutível. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 100 
b) altivez; brincadeira; ofendido; mansa. 
c) ignorância; mentira; prejudicado; alienada. 
d) complacência; invenção; bobo; cega. 
e) arrogância; entretenimento; incapaz; animalesca. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/semântica. Para resolver a questão, bastava 
considerar a primeira palavra. O narrador, ao falar em paternalismo, dava a entender que se dirigia a 
Leusipo como um pai se dirige ao filho. O problema é que a banca escolheu como sinônimo de 
“paternalismo” a palavra “complacência”, que significa “gentileza”; palavra que nem todos conhecem. 
Alternativa A: incorreta. “Paternalismo” não poderia ser sinônimo de “incompreensão”, aliás, no 
texto, poderia ser substituído por “com compreensão”; forçando um pouco o significado, seria possível 
trocar “historinha” por “armação”; “fazia-se de desentendido” significa que ele fingia não estar 
entendendo, algo bem diferente de “inofensivo”; e o “bovino” refere-se a alguém que não se dispõem a 
compreender. 
Alternativa B: incorreta. O traço mais característico de um pai não é a “altivez”; “brincadeira” 
poderia substituir “historinha”; “fazer-se de desentendido” refere-se ao fingimento e à irritação 
provocada por uma ofensa; “mansa” poderia substituir “bovina”. 
Alternativa C: incorreta. Um pai não é considerado pelo senso comum como sendo ignorante; 
“mentira” poderia substituir “ historinha”; “prejudicado” não dá o sentido de alguém que finge que 
entendeu; até certo ponto, “bovina” poderia ser substituída por “alienada”. 
Alternativa D: correta – gabarito. Um pai deve ser conhecido por sua gentileza, ou seja, pela sua 
“complacência”; o uso do diminuitivo de história dá a entender que se trata de algo inventado; o “fazia-
se de desentendido”, que se refere ao fingimento, pode ser trocado por “fazia-se de bobo”, sem 
problemas; e o termo “cega” não é tão apropriado para substituição, mas não alteraria substancialmente 
o sentido do texto, ressaltaria a teimosia de Leusipo. 
Alternativa E: incorreta. O “paternalismo” não tem como principal característica a “arrogância”; 
“historinha” dificilmente poderia ser substituída por “entretenimento”; no texto, não se discute se o rapaz 
era capaz ou não, portanto, “fazia-se de incapaz” não teria sentido; “bovina” até poderia ser “animalesca”, 
mas daí o texto teria uma conotação hiperbólica. 
Gabarito: D. 
 
 
04. (FUVEST/2020/1ª fase) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES 
 
amora 
a palavra amora 
seria talvez menos doce 
e um pouco menos vermelha 
se não trouxesse em seu corpo 
(como um velado esplendor) 
a memória da palavra amor 
a palavra amargo 
seria talvez mais doce 
e um pouco menos acerba 
se não trouxesse em seu corpo 
(como uma sombra a espreitar) 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 101 
a memória da palavra amar 
Marco Catalão, Sob a face neutra. 
 
É correto afirmar que o poema 
a) aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna o ser humano menos 
amargo e sombrio. 
b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem expresso pela repetição da 
palavra “talvez”. 
c) apresenta natureza romântica, sendo as palavras “amora” e “amargo” metáforas do sentimento 
amoroso. 
d) possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada entre os termos “amor” e 
“amar”. 
e) ressalta os significadosdas palavras tal como se verificam no seu uso mais corrente. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. Mais informações sobre a poesia 
contemporânea serão encontradas na aula 07. 
Alternativa A: incorreta. O tema principal do poema não é memória, é o amor. 
Alternativa B: incorreta. O eu lírico não hesita diante da palavra, hesita diante dos efeitos 
sensoriais evocados pelas palavras. 
Alternativa C: incorreta. O poema manifesta uma perspectiva não-romântica, pois não 
idealiza o amor. Na primeira estrofe, o poeta fala da doçura do amor, enquanto, na segunda 
estrofe, destaca a amargura do amor. 
Alternativa D: correta – gabarito. Há reiterações sonoras: a palavra “amora” contém “amor” 
e a palavra “amargo” contém o verbo “amar”. O amor da primeira estrofe é doce, a ação de amar 
da segunda estrofe é amarga. São opostos. O poema, implicitamente, defende a tese de que o 
amor como ideia é perfeito, mas no cotidiano, quando passa a ser ação, ele é amargo. 
Alternativa E: incorreta. As determinações atribuídas às palavras amor e a “amargo” são 
ressignificadas. 
Gabarito: D. 
 
 
05. (FUVEST/2020/1ª fase) Tal como se lê no poema, 
a) a palavra “amora” é substantivo, e “amargo”, adjetivo. 
b) o verbo “amar” ameniza o amargor da palavra “amargo”. 
c) o substantivo “corpo” apresenta sentido denotativo. 
d) o substantivo “amor” intensifica o dulçor da palavra “amora”. 
e) o verbo “amar” e o substantivo “amor” são intercambiáveis. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/Gramática aplicada à Literatura. 
Alternativa A: incorreta. A palavra “amora” é realmente um substantivo, mesmo no poema, 
nomeia uma fruta. A palavra “amargo” no texto não é adjetivo, se fosse, ela teria que se flexionar, 
deveria ser “amarga” para acompanhar o substantivo “palavra”. Além disso, no poema, o 
“amargo” tem corpo, ou seja, a palavra foi elevada a substantivo (derivação imprópria) e passou 
a ser o núcleo da personificação. 
Alternativa B: incorreta. O texto diz que a palavra “amargo” seria mais doce se não fosse 
a “palavra amar”, ou seja, o verbo enfatiza o amargor da palavra. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 102 
Alternativa C: incorreta. O “corpo” está relacionado ou a “amora” ou a “amargo”, tais 
elementos não têm corpo no sentido literal. 
Alternativa D: correta – gabarito. Ao dizer que “palavra amora” talvez fosse “menos doce” 
se não fosse a “palavra amor”, o eu lírico dá a entender que houve intensificação da doçura. 
Alternativa "e" está incorreta. O “amor” se refere ao sentimento, que é doce; “amar” se 
refere à ação, à efetivação do amor, que é algo amargo. 
Gabarito: D. 
 
 
06. (FUVEST/2020/1ª fase) 
 
Hoje fizeram o enterro de Bela. Todos na Chácara se convenceram de que ela estava 
morta, menos eu. Se eu pudesse não deixaria enterrá‐la ainda. Disse isso mesmo a vovó, 
mas ela disse que não se pode fazer assim. Bela estava igualzinha à que ela era no dia em 
que chegou da Formação, só um pouquinho mais magra. 
Todos dizem que o sofrimento da morte é a luta da alma para se largar do corpo. Eu 
perguntei a vovó: “Como é que a alma dela saiu sem o menor sofrimento, sem ela fazer 
uma caretinha que fosse?”. Vovó disse que tudo isso é mistério, que nunca a gente pode 
saber essas coisas com certeza. Uns sofrem muito quando a alma se despega do corpo, 
outros morrem de repente sem sofrer. 
Helena Morley, Minha Vida de Menina. 
 
Perguntas 
Numa incerta hora fria 
perguntei ao fantasma 
que força nos prendia, 
ele a mim, que presumo 
estar livre de tudo 
eu a ele, gasoso, 
(...) 
No voo que desfere 
silente e melancólico, 
rumo da eternidade, 
ele apenas responde 
(se acaso é responder 
a mistérios, somar‐lhes 
um mistério mais alto): 
Amar, depois de perder. 
Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma. 
 
As perguntas da menina e do poeta versam sobre a morte. É correto afirmar que 
a) ambos guardam uma dimensão transcendente e católica, de origem mineira. 
b) ambos ouvem respostas que lhes esclarecem em definitivo as dúvidas existenciais. 
c) a menina mostra curiosidade acerca da morte como episódio e o poeta especula o sentido 
filosófico da morte. 
d) a menina está inquieta por conhecer o destino das almas, enquanto o poeta critica o ceticismo. 
e) as duas respostas reforçam os mistérios da vida ao acolherem crenças populares. 
Comentários 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 103 
Questão de interpretação de texto literário/literatura comparada. 
Alternativa A: incorreta. Helena veio de uma família protestante, mas a sua religião é 
católica, frequentando bastante as missas, os cultos e as festas religiosas. Helena não aceita 
passivamente a religião católica, mas sim demonstra senso crítico em relação a ela. Certa vez 
ela questiona, por exemplo, por que as crianças precisavam rezar um tempão pela alma de 
pessoas mortas que elas sequer conheciam. 
Já a lírica de Drummond não tem dimensão religiosa, embora algumas vezes se valha de 
algumas metáforas religiosas, como Babilônia. Há inclusive um poema chamado “Morro de 
Babilônia”, mas que está em outro livro, Sentimento de mundo (1940). 
 Alternativa B: incorreta. Nenhum deles recebe resposta totalmente satisfatória; a avó de 
Helena dá uma resposta voltada para a sabedoria popular, aspecto que inclusive marca bastante 
o diário. No poema de Drummond, por sua vez, há os versos “ele apenas responde /(se acaso é 
responder (...)”, o que gera hipótese quanto a essa resposta. 
 Alternativa C: correta – gabarito. Enquanto pré-adolescente de espírito e personalidade 
em formação, ela demonstra a sua curiosidade. Já o eu lírico de Drummond é mais calejado na 
vida; já conhecendo a morte, sua dúvida em relação a ela é mais metafísica, filosófica. 
 Alternativa D: incorreta. Segundo o dicionário Houaiss, ceticismo significa doutrina 
segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade, o 
que resulta em um procedimento intelectual de dúvida permanente e na abdicação, por inata 
incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa ou absoluta do real. A primeira parte 
da alternativa até pode estar certa, mas de acordo com essa concepção, o poeta não critica o 
ceticismo. 
 Alternativa E: incorreta. Cuidado: apenas no diário de Helena verifica-se a presença de 
crenças populares. 
Gabarito: C. 
 
 
07. (FUVEST/2017/1ª fase) Considere as imagens e o texto, para responder à próxima questão. 
 
 
II / São Francisco de Assis* 
Senhor, não mereço isto. 
Não creio em vós para vos amar. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 104 
Trouxestes-me a São Francisco 
e me fazeis vosso escravo. 
 
Não entrarei, senhor, no templo, 
seu frontispício me basta. 
Vossas flores e querubins 
são matéria de muito amar. 
 
Dai-me, senhor, a só beleza 
destes ornatos. E não a alma. 
Pressente-se dor de homem, 
paralela à das cinco chagas. 
 
Mas entro e, senhor, me perco 
na rósea nave triunfal. 
Por que tanto baixar o céu? 
por que esta nova cilada? 
 
Senhor, os púlpitos mudos 
entretanto me sorriem. 
Mais que vossa igreja, esta 
sabe a voz de me embalar. 
 
Perdão, senhor, por não amarvos. 
Carlos Drummond de Andrade 
*O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de 
Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012. 
 
 
Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob a estética do 
Barroco: 
I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo 
que o público não possa escapar. 
II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de 
maravilhamento. 
III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a 
preeminência da Igreja. 
 
A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa medida, as 
reações do eu lírico ao que se encontra registradoem 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) II e III, apenas. 
d) I e III, apenas. 
e) I, II e III. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário; literatura comparada; linguagens e códigos e 
julgar itens. Mais informações sobre o Barroco serão encontradas na aula 02 e sobre Drummond 
na aula 07. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 105 
Todas as proposições estão corretas, mas é uma questão complexa, que alia um poema 
modernista à teoria e crítica da arte. Parte-se do pressuposto que características básicas do 
barroco, como exagero e rebuscamento, fossem reconhecidas. 
 O barroco mineiro foi marcado pelo predomínio da Igreja, no plano cultural e social, 
exercido sobre a população de Minas Gerais no século XVIII. 
Afirmação I: correta. A pessoa não pode escapar, pois está assoberbada diante de tanto 
luxo. 
Afirmação II: correta. O efeito encantatório é realmente uma das principais pretensões do 
artista. 
Afirmação III: correta. A Igreja era uma obra de arte não à toa, mas para ressaltar o poder 
e a influência, inclusive econômica, da Igreja. 
Gabarito: E. 
 
 
08. (FUVEST/2011/1ª fase) 
 
A ROSA DE HIROXIMA 
1Pensem nas crianças 
Mudas telepáticas 
Pensem nas meninas 
Cegas inexatas 
5Pensem nas mulheres 
Rotas alteradas 
Pensem nas feridas 
Como rosas cálidas 
Mas oh não se esqueçam 
10Da rosa da rosa 
Da rosa de Hiroxima 
A rosa hereditária 
A rosa radioativa 
Estúpida e inválida 
15A rosa com cirrose 
A antirrosa atômica 
Sem cor sem perfume 
Sem rosa sem nada. 
(Vinicius de Moraes, Antologia poética.) 
 
Neste poema, 
a) a referência a um acontecimento histórico, ao privilegiar a objetividade, suprime o teor lírico 
do texto. 
b) parte da força poética do texto provém da associação da imagem tradicionalmente positiva da 
rosa a atributos negativos, ligados à ideia de destruição. 
c) o caráter politicamente engajado do texto é responsável pela sua despreocupação com a 
elaboração formal. 
d) o paralelismo da construção sintática revela que o texto foi escrito originalmente como letra 
de canção popular. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 106 
e) o predomínio das metonímias sobre as metáforas responde, em boa medida, pelo caráter 
concreto do texto e pelo vigor de sua mensagem. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento do contexto histórico. Nesse tipo 
de questão, parte-se do pressuposto que vocês, alunos, tenham certo conhecimento de mundo 
e conheçam esse episódio conhecido da Segunda Guerra Mundial (1939- 1945). Cuidado: pode 
haver uma interface interdisciplinar com a História. 
 Quanto à análise do poema, a imagem da rosa é tradicionalmente associada à beleza em 
contextos nos quais se pretende acentuar impressões positivas. Todavia, ao associá-la à 
Hiroshima, cidade que protagonizou um dos episódios mais cruéis e destruidores da Segunda 
Guerra Mundial, o eu lírico subverte esse sentido; ao emprestar-lhe conotações negativas, 
aumenta a sua força poética e causa impacto no leitor pela estranheza que produz. 
Já em relação às alternativas, termos e expressões como “objetividade” (letra A), 
“despreocupação formal” (letra B), “originalmente letra de canção popular” (letra D) e “caráter 
concreto” (letra E) são improcedentes e eliminam todas as outras opções. 
A poesia é um gênero textual extremamente subjetivo e, apesar de partir de em evento 
histórico (objetivo e concreto) no poema há reelaboração do tema e preocupação com a forma e 
o gênero em questão. 
Gabarito: B. 
 
 
09. (FUVEST/2011/1ª fase) Dentre os recursos expressivos presentes no poema, podem-
se apontar a sinestesia e a aliteração, respectivamente, nos versos 
a) 2 e 17. 
b) 1 e 5. 
c) 8 e 15. 
d) 9 e 18. 
e) 14 e 3. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de figuras de linguagem. A 
sinestesia é a mistura de sentidos e a aliteração é a repetição de sons consonantais. Ambas são 
figuras de linguagens (recursos expressivos). 
 Alternativa A: incorreta. Cuidado: “mudas” é adjetivo e não substantivo. “Telepatia” não é 
uma sensação. 
 Alternativa B: incorreta. Não há sinestesia no primeiro verso: “Pensem nas crianças”. 
 Alternativa C: correta – gabarito. No verso 8, caracteriza-se a sinestesia em “rosa cálida”, 
figura de linguagem que funde sensações percebidas através de órgãos diferentes: visual e tátil, 
respectivamente. A aliteração está presente na paranomásia (figura de linguagem que aproxima 
palavras com som e grafias diferentes, mas parecidos), “rosa com cirrose”, através da repetição 
das consoantes “r” e “s”. 
 Alternativa D: incorreta. Não há sinestesia no nono verso: “Mas oh não se esqueçam”. 
 Alternativa E: incorreta. Não há aliteração no terceiro verso: “Pensem nas meninas”. 
Gabarito: C. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 107 
10. (FUVEST/2010/1ª fase) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES 
 
1Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava 
que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas 
eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho que pegava 
crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo 
clamor público, vejo com estes 5olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, 
brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que se abaixa e levanta no 
excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar 
uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da 
pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com 
os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos 10alojados os do 
meu grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do 
Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as camas 
e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos 
de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em 
meu entre dormir, um vulto junto à minha cama, sentei-me estremunhado* e olhei atônito 
para um tipo de 15chiru**, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido 
sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida 
calma: Pois é! Não vê que eu sou o sereno... 
Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras. 
Glossário 
*estremunhado: mal acordado. 
**chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: sul do Brasil). 
 
No início do texto, o autor declara sua “tendência para personificar as coisas”. Tal 
tendência se manifesta na personificação dos seguintes elementos: 
a) Tia Tula, Justo e Getúlio. 
b) mormaço, clamor público, sereno. 
c) magro, arquejante, preto. 
d) colegas, jornalistas, presidentes. 
e) vulto, chiru, crianças. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/semântica. 
Alternativa A: incorreta. Getúlio é uma pessoa; e não um ser irracional ou inanimado. 
 Alternativa B: correta – gabarito. A personificação ou prosopopeia é uma figura de 
linguagem que quando se atribuem características humanas a seres inanimados ou irracionais. 
No caso, todos esses substantivos comuns são seres abstratos aos quais foram se agregando 
descrições e atributos humanos. 
 Alternativa C: incorreta. Esses já são adjetivos. 
 Alternativa D: incorreta. Essas são pessoas; e não seres irracionais ou inanimados. 
 Alternativa E: incorreta. Crianças são pessoas; e não seres irracionais ou inanimados. 
Gabarito: B. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 108 
11. (FUVEST/2010/1ª fase) A caracterização ambivalente da “coletividade democrática” (L. 
12-13), feita com humor pelo cronista, ocorre também na seguinte frase relativa àdemocracia: 
a) Meu ideal político é a democracia, para que todo homem seja respeitado como indivíduo, e 
nenhum, venerado (A. Einstein). 
b) A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as demais (W. Churchill). 
c) A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes (B. 
Shaw). 
d) É uma coisa santa a democracia praticada honestamente, regularmente, sinceramente 
(Machado de Assis). 
e) A democracia se estabelece quando os pobres, tendo vencido seus inimigos, massacram 
alguns, banem os outros e partilham igualmente com os restantes o governo e as magistraturas 
(Platão). 
Comentários 
 É uma questão sobre o gênero textual da crônica. Daqui, decorre um efeito textual: o 
humor. 
 Alternativa A: incorreta. A questão do respeito e da veneração imprimem o registro formal 
da linguagem, a honorabilidade. Não decorre efeito de humor dessa sentença. 
Alternativa B: correta – gabarito. Há humor também na frase de Churchill: se todas as 
demais formas de governo são as piores, a democracia seria a pior entre as piores, sendo cômico 
pensar no “pior” como plural, uma vez que ele já é o mais ruim, numa relação de comparação. 
Curiosidade: percebam ainda que “chiru” é uma variação regional do sul do Brasil. 
Alternativa C: incorreta. Trata-se de uma observação crítica, mordente, e sagaz, mas não 
humorística. 
Alternativa D: incorreta. Registro formal da linguagem, sem efeito de humor. 
Alternativa E: incorreta. Igualmente, registro formal sem humor. 
Gabarito: B. 
 
 
12. (FUVEST/2010/1ª fase) No contexto em que ocorre, a frase “estava devidamente 
grandezinho, pois devia contar uns trinta anos” (L. 11 e 12) constitui 
a) recurso expressivo que produz incoerência, uma vez que não se usa o adjetivo “grande” no 
diminutivo. 
b) exemplo de linguagem regional, que se manifesta também em outras partes do texto, 
como na palavra “brandindo”. 
c) expressão de nonsense (linguagem surreal, ilógica), que, por sinal, ocorre também quando o 
autor afirma ouvir o M maiúsculo de “mormaço”. 
d) manifestação de humor irônico, o qual, aliás, corresponde ao tom predominante no texto. 
e) parte do sonho que está sendo narrado e que é revelado apenas no final do texto, 
principalmente no trecho “em meu entre dormir”. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Não se trata de incoerência, mas sim de outro tipo de recurso 
textual, o emprego do humor o que, pelo contrário, torna o texto coerente, sim. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 109 
Alternativa B: incorreta. No caso, “brandindo”. Há uso de regionalismos sim, mas com 
outra palavra: “chiru” é uma variação regional do sul do Brasil. 
Alternativa C: incorreta. A linguagem não é surreal, porque isso faz sentido para a cabeça 
da criança. Trata-se de um medo infantil, associando palavras diferentes, estranhas, talvez 
desconhecidas, a personagens fictícias que ela mesma criava na sua própria cabeça. Trata-se 
da imaginação infantil. A transformação em personagens (pessoas) permite o uso da letra 
maiúscula, isto é, substantivo próprio. 
Alternativa D: correta – gabarito. O humor irônico predomina no texto, e também no trecho 
em questão, pois a palavra “grandezinho” nos sugere uma criança, porém, no contexto, trata-se 
de um homem de uns 30 anos de idade. 
Alternativa E: incorreta. O trecho revelado no final é o encontro com mais uma das 
chamadas “personagens fictícias”, dessa vez, o sereno. 
Gabarito: D. 
 
 
13. (FUVEST/2008/1ª fase) 
 
A borboleta 
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!” 
O crítico ajusta os nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: – Ah!, 
sim, um lepidóptero... 
Mário Quintana, Caderno H. 
nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz. 
 
Depreende-se desse fragmento que, para Mário Quintana, 
a) a crítica de poesia é meticulosa e exata quando acolhe e valoriza uma imagem poética. 
b) uma imagem poética logo se converte, na visão de um crítico, em um referente prosaico. 
c) o leitor e o poeta relacionam-se de maneira antagônica com o fenômeno poético. 
d) o poeta e o crítico sabem reconhecer a poesia de uma expressão como “pedaço esvoaçante 
de vida”. 
e) palavras como “borboleta” ou “lepidóptero” mostram que há convergência entre as linguagens 
da ciência e da poesia. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. A crítica da poesia é capaz de tirar dela a sua vida mágica inerente 
ao, em vez de linguagem metafórica, utilizar linguagem técnica. 
 Alternativa B: correta – gabarito. Prosaico no sentido de mundano e no caso do trecho até 
mesmo científico. 
 Alternativa C: incorreta. É o poeta e o crítico, e não poeta e leitor. 
 Alternativa D: incorreta. Só o poeta, o crítico não. 
 Alternativa E: incorreta. Pelo contrário, há divergência. A linguagem poética parece mais 
encantada, ao passo que a científica, mais técnica. 
Gabarito: B. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 110 
14. (FUVEST/2007/1ª fase) 
 
DAS VÃS SUTILEZAS 
Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção. 
(...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem que com 
tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia passar pelo buraco de uma 
agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe desse uma recompensa 
por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado, de maneira prazenteira e justa a 
meu ver, mandando entregar-lhe três medidas de alpiste a fim de que pudesse continuar 
a exercer tão nobre arte. É prova irrefutável da fraqueza de nosso julgamento 
apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou ainda porque 
apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em si. 
Montaigne, Ensaios. 
 
O texto revela, em seu desenvolvimento, a seguinte estrutura: 
a) formulação de uma tese; ilustração dessa tese por meio de uma narrativa; reiteração e 
expansão da tese inicial. 
b) formulação de uma tese; refutação dessa tese por meio de uma narrativa; formulação de uma 
nova tese, inspirada pela narrativa. 
c) desenvolvimento de uma narrativa; formulação de tese inspirada nos fatos dessa narrativa; 
demonstração dessa tese. 
d) segmento narrativo introdutório; desenvolvimento da narrativa; formulação de uma hipótese 
inspirada nos fatos narrados. 
e) segmento dissertativo introdutório; desenvolvimento de uma descrição; rejeição da tese 
introdutória. 
Comentários filosóficos 
 O filósofo francês renascentista Michel de Montaigne (1533-1592), retoma o tema do 
ceticismo. Na filosofia, trata-se da doutrina segundo a qual o espírito humano não pode atingir 
nenhuma certeza a respeito da verdade, o que resulta em um procedimento intelectual de dúvida 
permanente e na abdicação, por inata incapacidade, de uma compreensão metafísica, religiosa 
ou absoluta do real. 
 Na sua obra-prima, Ensaios (1580), analisa no gênero textual de pequenos ensaios, ora 
argumentativos, ora filosóficos e mais extensos, mas sempre críticos, a influência de temas 
diversos, como fatores pessoais, sociais e culturais na formação das opiniões. Montaigne 
inclusive diz que ele fez esse livro tanto quanto o livro o fez. 
Algumas vezes, até mesmo irônico, como no prefácio dos próprios Ensaios, em que faz 
elogio a si mesmo, construída a partir da modéstia afetada. Essa característica o aproxima da 
modernidade. 
Atenção: Montaigne já foi cobrado inclusive na segunda fase da FUVEST (2018) e na 
primeira fase (2007), com os fragmentos respectivamente “Da idade” e “Da amizade”. 
 
Comentários linguísticos 
 Todos os “Ensaios” são construídos com uma particularidade estilística: eles são 
pensados e poéticos. Nesse em questão, verificamos a presença do narrador, que se coloca em 
expressões de primeira pessoa do singular, como em “Aprovo”, “a meu ver”e depois ele emprega 
a primeira pessoa do plural, para universalizar, generalizar a questão: “apaixonarmo-nos”. 
 No fundo, ele faz a defesa, o elogio daquilo que é simples, sem dificuldade. 
 É uma questão sobre a estratégia de construção textual: primeiro, o narrador formula uma 
tese, exatamente como vocês formulam uma num texto do gênero textual argumentativo. A tese 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 111 
deve ser simples, concisa e objetiva. É ela: “os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e 
vãs para atrair nossa atenção”. 
 Depois, ele dá um exemplo, o que aqui também pode ser entendido no sentido de 
ilustração. Então, temos o exemplo do homem que fazia o grão de alpiste passar por um buraco 
de agulha e que exigia recompensa por isso, como se fosse uma grande proeza heroica. 
 Por fim, ele comprova a tese dele, pois o exemplo serve para dialogar, afirmar, a tese 
principal. A reiteração e a expansão da tese inicial consiste no trecho: “é prova irrefutável da 
fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só porque são raras e inéditas, ou 
ainda porque apresentam alguma dificuldade, muito embora não sejam nem boas nem úteis em 
si”. 
 Então, pode-se falar que esse ensaio – mesmo pequeno – é um texto bem construído, em 
três partes, com cabeça, tronco e pé. 
Gabarito: A. 
 
 
 
15. (ENEM IMPRESSO/2021) 
Introdução a Alda 
 Dizem que ninguém mais a ama. Dizem que foi uma boa pessoa. Sua filha de doze 
anos não a visita nunca e talvez raramente se lembre dela. Puseram-na numa cidade triste 
de uniformes azuis e jalecos brancos, de onde não pôde mais sair. Lá, todos gritam-lhe 
irritados, mal se aproxima, ou lhe batem, como se faz com sacos de areia para treinar os 
músculos. 
 Sei que para todos ele já não é, e ninguém lhe daria uma maçã cheirosa, bem 
vermelha. Mas não é verdade que alguém não a possa mais amar. Eu amo-a. Amo-a 
quando a vejo por trás das grades de um palácio, onde se refugiou princesa, chegada 
pelos caminhos da dor. Quando fora do reino sente o mundo de mil lanças, e selvagem 
prepara-se, posta no olhar. Amo-a quando criança brinca na areia sem medo. Uns pés 
descalços, uma mulher sem intenções. Cercada de mundo, às vezes sofrendo-o ainda. 
CANÇADO, M. L. O sofredor do ver. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. 
 
Ao descrever uma mulher internada em um hospital psiquiátrico, o narrador compõe um 
quadro que expressa sua percepção 
a) irônica quanto aos efeitos do abandono familiar. 
b) resignada em face dos métodos terapêuticos em vigor. 
c) alimentada pela imersão lírica no espaço da segregação. 
d) inspirada pelo universo pouco conhecido da mente humana. 
e) demarcada por uma linguagem alinhada à busca de lucidez. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Não há ironia por parte do narrador. Para tal, ele deveria se 
mostrar numa atitude superior, o que não ocorre, já que ele ama sua personagem e a leva em 
consideração. 
 Alternativa B: incorreta. Tais métodos não são abordados nem há representação da 
resignação nessa passagem. Pelo contrário: o narrador estipula um jeito de burlar o tédio e a 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 112 
aparente sensação de abandono que costumam acompanhar pessoas em situação de 
confinamento psiquiátrico. 
 Alternativa C: correta – gabarito. Lirismo é sinônimo de sentimentalidade, o que é expresso 
no amor que o narrador sente pela sua personagem. Mesmo ela estando no hospital, o narrador 
não abandona o lado lúdico, imaginando-a em um palácio e criando para ela um porto seguro 
fantástico. 
 Alternativa D: incorreta. Não há informações suficientes no texto para afirmar que a mente 
humana é pouco conhecida. Pelo contrário: o narrador faz parecer que todo o universo 
maravilhoso descrito especialmente no segundo parágrafo se passa na cabeça da personagem 
Alda, internada no hospital psiquiátrico, mecanismo encontrado para contornar um cotidiano 
maçante. 
 Alternativa E: incorreta. Não há necessariamente essa busca pela lucidez. Pelo contrário: 
uma forma de fugir da realidade é por meio da imaginação. 
Gabarito: C. 
 
 
16. (ENEM 2020/Reaplicação-PPL) 
 
Razão de ser 
Escrevo. E pronto. 
Escrevo porque preciso, 
preciso porque estou tonto. 
Ninguém tem nada com isso. 
Escrevo porque amanhece, 
E as estrelas lá no céu 
Lembram letras no papel, 
Quando o poema me anoitece. 
A aranha tece teias. 
O peixe beija e morde o que vê. 
Eu escrevo apenas. 
Tem que ter por quê? 
LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2013. 
 
Ao abordar o próprio processo de criação, o poeta recorre a exemplificações com o 
propósito de representar a escrita como uma atividade que 
a) requer a criatividade do artista. 
b) dispensa explicações racionais. 
c) independe da curiosidade do leitor. 
d) pressupõe a observação da natureza. 
e) decorre da livre associação de imagens. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Cuidado com informações extratextuais. O fazer poético é comparado a 
ações naturais, típicas de alguns animais como aranha e peixe. Não são ações necessariamente criativas, 
mas cujo resultado se revela criativo. Em todo caso, não é um requisito. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 113 
Alternativa B: correta – gabarito. Paulo Leminski é um escritor que participou da Poesia Marginal 
da década de 1960. Nesse poema metalinguístico, ele insere o fazer poético numa lógica que prescinde 
de explicações racionais, o que se infere do último verso “Tem que ter por quê?” 
Alternativa C: incorreta. Quando o eu lírico diz: “Ninguém tem nada com isso”, não se refere à 
curiosidade do leitor necessariamente. O eu lírico apenas está justificando suas motivações. 
Alternativa D: incorreta. A natureza se insere no poema a título de comparação, mas não 
pressuposição. 
Alternativa E: incorreta. Livre associação de imagens ou ideias é um método psicanalítico para 
fazer com que algumas informações saiam do inconsciente e venham ao plano consciente. É um processo 
que deve ser provocado por gatilhos; porém, no poema, o eu lírico compara o fazer poético a ações 
naturais, ou seja, que ocorrem sem necessidade de estímulos. 
Gabarito: B. 
 
 
17. (ENEM 2020/Reaplicação-PPL) 
Epitáfio 
Devia ter amado mais 
Ter chorado mais 
Ter visto o sol nascer 
Devia ter arriscado mais 
E até errado mais 
Ter feito o que eu queria fazer 
Queria ter aceitado 
As pessoas como elas são 
Cada um sabe a alegria 
E a dor que traz no coração 
[...] 
Devia ter complicado menos 
Trabalhado menos 
Ter visto o sol se pôr 
Devia ter me importado menos 
Com problemas pequenos 
Ter morrido de amor 
BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. 
Rio de Janeiro: Abril Music, 2001 (fragmento). 
 
O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a 
função social de homenagear os mortos. Nesse texto, a apropriação desse gênero no título 
da letra da canção cria o efeito de 
a) destacar a importância de uma pessoa falecida. 
b) expressar desejo de reversão de atitudes. 
c) registrar as características pessoais. 
d) homenagear as pessoas sepultadas. 
e) sugerir notações para lápides. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário (letra de música). 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 114 
Alternativa A: incorreta. O efeito é o de alertar para o risco de morrer sem ter vivido. É uma 
denúncia para as pessoas vivas, tentando motivá-las a viver mais e a ter experiências significativas antes 
de morrer. 
Alternativa B: correta – gabarito. Reversão no sentido de repensar certas ações que levamos na 
vida cotidiana, que de tão mecanizadas tornam-se vazias. Convém viver com consciência e plenitude, e 
não apenas estar à mercê de questões que não serão relevantes ao fim da vida. 
AlternativaC: incorreta. Não pessoais, mas sim generalizadas. O eu lírico aborda uma série de 
ações típicas do modo de vida contemporâneo, com as quais o leitor/ouvinte possivelmente irá se 
identificar. 
Alternativa D: incorreta. Cuidado: essa é literalmente a função do gênero epitáfio, mas no sentido 
conotativo do texto essa palavra antecipa o medo da morte, para que assim o usufruidor desse poema 
tome consciência e passe a mudar sua vida imediatamente. 
Alternativa E: incorreta. O poema se orienta para os viventes, como se fosse um conselho. Tanto 
é que o tempo verbal mais utilizado é o futuro do pretérito. 
Gabarito: B. 
 
 
18. (UNESP/2022/1ª fase/2º dia) Para responder à próxima questão, leia o trecho inicial da 
crônica “Está aberta a sessão do júri”, de Graciliano Ramos, publicada originalmente em 
1943. 
 
O Dr. França, Juiz de Direito numa cidadezinha sertaneja, andava em meio século, 
tinha gravidade imensa, verbo escasso, bigodes, colarinhos, sapatos e ideias de pontas 
muito finas. Vestia-se ordinariamente de preto, exigia que todos na justiça procedessem 
da mesma forma – e chegou a mandar retirar-se do Tribunal um jurado inconveniente, de 
roupa clara, ordenar-lhe que voltasse razoável e fúnebre, para não prejudicar a decência 
do veredicto. 
Não via, não sorria. Quando parava numa esquina, as cavaqueiras dos vadios 
gelavam. Ao afastar-se, mexia as pernas matematicamente, os passos mediam setenta 
centímetros, exatos, apesar de barrocas¹ e degraus. A espinha não se curvava, embora 
descesse ladeiras, as mãos e os braços executavam os movimentos indispensáveis, as 
duas rugas horizontais da testa não se aprofundavam nem se desfaziam. 
Na sua biblioteca digna e sábia, volumes bojudos, tratados majestosos, severos na 
encadernação negra semelhante à do proprietário, empertigavam-se – e nenhum ousava 
deitar-se, inclinar-se, quebrar o alinhamento rigoroso. 
Dr. França levantava-se às sete horas e recolhia-se à meia-noite, fizesse frio ou 
calor, almoçava ao meio-dia e jantava às cinco, ouvia missa aos domingos, comungava 
de seis em seis meses, pagava o aluguel da casa no dia 30 ou no dia 31, entendia-se com 
a mulher, parcimonioso, na linguagem usada nas sentenças, linguagem arrevesada e 
arcaica das ordenações. Nunca julgou oportuno modificar esses hábitos salutares. 
Não amou nem odiou. Contudo exaltou a virtude, emanação das existências calmas, 
e condenou o crime, infeliz consequência da paixão. 
Se atentássemos nas palavras emitidas por via oral, poderíamos afirmar que o Dr. 
França não pensava. Vistos os autos, etc., perceberíamos entretanto que ele pensava com 
alguma frequência. Apenas o pensamento de Dr. França não seguia a marcha dos 
pensamentos comuns. Operava, se não nos enganamos, deste modo: “considerando isto, 
considerando isso, considerando aquilo, considerando ainda mais isto, considerando 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 115 
porém aquilo, concluo.” Tudo se formulava em obediência às regras – e era impossível 
qualquer desvio. 
Dr. França possuía um espírito, sem dúvida, espírito redigido com circunlóquios, 
dividido em capítulos, títulos, artigos e parágrafos. E o que se distanciava desses 
parágrafos, artigos, títulos e capítulos não o comovia, porque Dr. França está livre dos 
tormentos da imaginação. 
(Graciliano Ramos. Viventes das Alagoas, 1976.) 
1 barroca: monte de terra ou de barro. 
 
Na crônica, o Dr. França é caracterizado como 
a) irônico e arrogante. 
b) arrogante e dissimulado. 
c) introvertido e sarcástico. 
d) pedante e displicente. 
e) taciturno e metódico. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/semântica. Mais informações sobre esse autor 
serão encontradas na aula 07. 
Alternativa A: incorreta. Dr. Franca não era cético nem se sentia necessariamente 
superior. 
Alternativa B: incorreta. O personagem em questão não era falso (nesse contexto, 
sinônimo de dissimulado). 
Alternativa C: incorreta. Pelos mesmos motivos da letra A, Dr. Franca não é irônico nem 
sarcástico. 
Alternativa D: incorreta. Pedante é sinônimo de esnobe e displicente significa negligente, 
descuidado. Pelo contrário: Dr. Franca era meticuloso. 
Alternativa E: correta – gabarito. Dr. Franca é descrito como sistemático, sério, grave e 
solene. 
Gabarito: E. 
 
 
19. (UNESP/2020/1ª fase) 
Tal movimento distingue-se pela atenuação do sentimentalismo e da melancolia, a 
ausência quase completa de interesse político no contexto da obra (embora não na 
conduta) e (como os modelos franceses) pelo cuidado da escrita, aspirando a uma 
expressão de tipo plástico. O mito da pureza da língua, do casticismo vernacular abonado 
pela autoridade dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura brasileira e foi 
um critério de excelência. É possível mesmo perguntar se a visão luxuosa dos autores 
desse movimento não representava para as classes dominantes uma espécie de 
correlativo da prosperidade material e, para o comum dos leitores, uma miragem 
compensadora que dava conforto. 
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.) 
 
O texto refere-se ao movimento denominado 
a) Romantismo. 
b) Barroco. 
c) Parnasianismo. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 116 
d) Arcadismo. 
e) Realismo. 
Comentários 
 Questão de teoria literária/conhecimento de movimentos literários. 
Alternativa A: incorreta. Pelo contrário: o Romantismo é reconhecido pelo seu 
sentimentalismo exacerbado e melancolia, especialmente na segunda geração, e não atenuação 
dos mesmos. A terceira geração (condoreira) foi social e política. 
 Alternativa B: incorreta. O Barroco brasileiro se inspirou na Espanha (com Gôngora, por 
exemplo) e não na França (Rabelais). 
 Alternativa C: correta – gabarito. As referências à ausência de sentimentalismo, 
distanciamento de temáticas sociais e políticas, assim como preocupação com a técnica da 
escrita e preciosismo vocabular permitem deduzir que o texto se refere ao movimento 
denominado de Parnasianismo. 
 Alternativa D: incorreta. O Arcadismo não defendia “visão luxuosa”, mas sim o contrário: 
aurea mediocritas (medida do meio, meio-termo) e bucolismo, simplicidade. 
 Alternativa E: incorreta. “A ausência quase completa de interesse político no contexto da 
obra” vai de encontro à proposta realista, que propunha denunciar problemas sociais. 
Gabarito: C. 
 
 
20. (UNESP/2016/1o semestre/1ª fase) Considere o poema do português Eugênio de Castro 
(1869-1944) para responder às próxima questão. 
 
MÃOS 
 
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, 
o vosso gesto é como um balouçar de palma; 
o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso 
 [gesto canta! 
Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa, 
rolas à volta da negra torre da minh’alma. 
 
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes, 
Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma, 
O vosso gesto é como um balouçar de palma, 
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes... 
 
Mãos afiladas, mãos de insigne formosura, 
Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim, 
Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim, 
Duas velas à flor duma baía escura. 
 
Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas, 
Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos, 
Divinas mãos que me heis coroado de espinhos, 
Mas que depois me haveis coroado de rosas! 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 117 
 
Afilhadas do luar, mãos de rainha, 
Mãos que sois um perpétuo amanhecer, 
Alegrai, como dois netinhos, o viver 
Da minha alma, velha avó entrevadinha. 
(Obras poéticas, 1968.) 
 
Verifica-se certa liberdade métrica na construção do poema. Na primeira estrofe, tal 
liberdade comprova-se pela 
a) construção do hendecassílabo fora dos rígidos modelos clássicos. 
b) variedade do verso decassílabo e do verso alexandrino. 
c) presença de um verso com número menor de sílabas que os alexandrinos.d) desobediência aos padrões de pontuação tradicionais do decassílabo. 
e) presença de dois versos com número maior de sílabas que os alexandrinos. 
Comentários 
 Questão de teoria literária. Mais informações sobre esse conteúdo especificamente serão 
encontradas na aula 05. 
Alternativa A: incorreta. Os versos clássicos tradicionais são o decassílabo e o 
dodecassílabo, mas o poema é construído por versos bárbaros e dodecassílabos e não 
hendecassílabos. 
 Alternativa B: incorreta. Presença de versos bárbaros (com mais de doze sílabas) e não 
decassílabos. 
 Alternativa C: incorreta. Verso alexandrino é o verso com 12 sílabas e os versos costumam 
apresentar mais do que 12 sílabas. 
 Alternativa D: incorreta. Atenção: a métrica de um verso não está necessariamente 
associado à pontuação, mas sim à tonicidade das sílabas e ao ritmo. 
Alternativa E: correta – gabarito. Atendendo à escansão dos versos da primeira estrofe, 
verifica-se que apenas dois apresentam número maior de sílabas que o verso alexandrino (12): 
versos 3 e 5. 
 
Mãos/ de/ ve/ lu/ do, /mãos/ de /már/ tir /e /de /san/ (12) ta, 
o/ vo/ sso/ ges/to é /co/ mo um/ ba/ lou/ çar /de /pal/ (12) ma; 
o/ vo/ sso /ges/ to /cho/ ra, o / vo/ sso/ ges/ to / ge/ me, o / vo/ sso /ges/ to /can/ (23) ta! 
Mãos/ de /ve/ lu/ do, /mãos /de /már/ tir /e /de /san (12) ta, 
Ro/ las / à /vol/ ta /da /ne/ gra /to/ rre /da /mi/ nh’al/ (13) ma. 
 
Gabarito: E. 
 
 
21. (UNESP/2015/1o semestre/1ª fase) Para responder à próxima questão, leia o poema de 
Catulo da Paixão Cearense (1863-1946). 
 
O Azulão e os tico-ticos 
Do começo ao fim do dia, 
um belo Azulão cantava, 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 118 
e o pomar que atento ouvia 
o seus trilos de harmonia, 
cada vez mais se enflorava. 
 
Se um tico-tico e outras aves 
vaiavam sua canção... 
mais doce ainda se ouvia 
a flauta desse Azulão. 
 
Um papagaio, surpreso 
de ver o grande desprezo, 
do Azulão, que os desprezava, 
um dia em que ele cantava 
e um bando de tico-ticos 
numa algazarra o vaiava, 
lhe perguntou: “Azulão, 
olha, dize-me a razão 
por que, quando estás cantando 
e recebes uma vaia 
desses garotos joviais, 
tu continuas gorgeando 
e cada vez canta mais?!” 
 
Numas volatas sonoras, 
o Azulão lhe respondeu: 
 “Caro Amigo! Eu prezo muito 
esta garganta sublime 
e esta voz maravilhosa... 
este dom que Deus me deu! 
 
Quando, há pouco, eu descantava, 
pensando não ser ouvido 
nestes matos por ninguém, 
um Sabiá*, que me escutava, 
num capoeirão, escondido, 
gritou de lá: — meu colega, 
bravos! Bravos... muito bem! 
Pergunto agora a você: 
quem foi um dia aplaudido 
pelo príncipe dos cantos 
de celestes harmonias, 
(irmão de Gonçalves Dias, 
um dos cantores mais ricos...) 
— que caso pode fazer 
das vaias dos tico-ticos?” 
*Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa está representado este Sabiá, pois foi a “Águia de 
Haia” um dos maiores admiradores de Catulo e prefaciador do seu livro “Poemas bravios”. 
(Poemas escolhidos, s/d.) 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 119 
Se, nos versos 32 e 33, as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas “sa-bi-á” 
e “ca-po-ei rão”, tais versos quebrariam o padrão e o ritmo dos demais, pois passariam a 
ser 
a) heptassílabos. 
b) octossílabos. 
c) eneassílabos. 
d) hexassílabos. 
e) decassílabos. 
Comentários 
 Questão de teoria literária. Considerando que a composição tem como base as 
redondilhas maiores, caso as palavras “Sabiá” e “capoeirão” fossem pronunciadas seguindo o 
enunciado, os versos se tornariam octossílabos, uma vez que aumentaria uma sílaba poética em 
cada verso: 
 
Um Sa biá*, que me es cu ta (va,) 
1 2 3 4 5 6 7 
 
num ca poei rão, es con di (do,) 
1 2 3 4 5 6 7 
 
Gabarito: B. 
 
 
 
22. (UNESP/2014/1o semestre/1ª fase) Considere o poema de Raul de Leoni (1895-1926) 
para responder à próxima questão. 
 
A alma das cousas somos nós... 
Dentro do eterno giro universal 
Das cousas, tudo vai e volta à alma da gente, 
Mas, se nesse vaivém tudo parece igual 
Nada mais, na verdade, 
Nunca mais se repete exatamente... 
 
Sim, as cousas são sempre as mesmas na corrente 
Que no-las leva e traz, num círculo fatal; 
O que varia é o espírito que as sente 
Que é imperceptivelmente desigual, 
Que sempre as vive diferentemente, 
E, assim, a vida é sempre inédita, afinal... 
 
Estado de alma em fuga pelas horas, 
Tons esquivos e trêmulos, nuanças 
Suscetíveis, sutis, que fogem no Íris 
Da sensibilidade furta-cor... 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 120 
E a nossa alma é a expressão fugitiva das cousas 
E a vida somos nós, que sempre somos outros!... 
Homem inquieto e vão que não repousas! 
Para e escuta: 
Se as cousas têm espírito, nós somos 
Esse espírito efêmero das cousas, 
Volúvel e diverso, 
Variando, instante a instante, intimamente, 
E eternamente, 
Dentro da indiferença do Universo!... 
(Luz mediterrânea, 1965.) 
 
Embora pareça constituído de versos livres modernistas, o poema em questão ainda 
segue a versificação medida, combinando versos de diferentes extensões, com 
predomínio dos de doze e dez sílabas métricas. Assinale a alternativa que indica, na 
primeira estrofe, pela ordem em que surgem, os versos de dez sílabas métricas, 
denominados decassílabos. 
a) 1 e 5. 
b) 3 e 4. 
c) 1, 2 e 3. 
d) 2 e 3. 
e) 1, 3 e 5. 
Comentários 
 Questão de teoria literária. 
Alternativa A: correta – gabarito. Somente o primeiro e último verso são decassílabos na 
primeira estrofe do poema. 
Alternativa B: incorreta. O verso três é um dodecassílabo (doze sílabas) e o verso quatro 
conta com seis sílabas poéticas. 
Alternativa C: incorreta. O verso 1 é decassílabo, porém os versos dois e três contam com 
doze sílabas poéticas (dodecassílabo). 
Alternativa D: incorreta. Versos dois e três são dodecassílabos. 
Alternativa E: incorreta. Versos um e cinco são decassílabos, mas o verso três contém 
doze sílabas poéticas. 
Gabarito: A. 
 
 
23. (UNESP/2012/1o semestre/1ª fase) A próxima questão toma por base um poema de 
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810). 
 
18 
Não vês aquele velho respeitável, 
que à muleta encostado, 
apenas mal se move e mal se arrasta? 
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 121 
o tempo arrebatado, 
que o mesmo bronze gasta! 
 
Enrugaram-se as faces e perderam 
seus olhos a viveza: 
voltou-se o seu cabelo em branca neve; 
já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, 
nem tem uma beleza 
das belezas que teve. 
 
Assim também serei, minha Marília, 
daqui a poucos anos, 
que o ímpio tempo para todos corre. 
Os dentes cairão e os meus cabelos. 
Ah! sentirei os danos, 
que evita só quem morre. 
 
Mas sempre passarei uma velhice 
muito menos penosa. 
Não trarei a muleta carregada, 
descansarei o já vergado corpo 
na tua mão piedosa, 
na tua mão nevada. 
 
As frias tardes, em que negra nuvem 
os chuveiros não lance, 
irei contigo ao prado florescente: 
aqui me buscarás um sítio ameno, 
onde os membros descanse, 
e ao brando sol me aquente. 
 
Apenas me sentar, então, movendo 
os olhos por aquela 
vistosa parte, que ficar fronteira, 
apontando direi: — Ali falamos, 
ali, ó minha bela, 
te vi a vez primeira. 
 
Verterão os meus olhos duas fontes, 
nascidas de alegria; 
farão teus olhos ternos outro tanto; 
então darei, Marília, frios beijos 
na mão formosa e pia, 
que me limpar o pranto. 
 
Assim irá, Marília, docemente 
meu corpo suportando 
do tempo desumano a dura guerra. 
Contente morrerei, por ser Marília 
quem, sentida, chorando 
meus baços olhos cerra. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 122 
(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 
1982.) 
 
Assinale a alternativa que indica a ordem em que os versos de dez e de seis sílabas se 
sucedem nas oito estrofesdo poema. 
a) 6, 10, 6, 6, 10, 10. 
b) 10, 6, 10, 10, 6, 6. 
c) 10, 10, 6, 10, 6, 6. 
d) 10, 6, 10, 6, 10, 6. 
e) 6, 10, 6, 10, 6, 6. 
Comentários 
 Questão de teoria literária. Mais informações sobre esse conteúdo especificamente serão 
encontradas na aula 02. 
A alternativa B apresenta a ordem em que os versos de dez e seis sílabas se sucedem 
nas estrofes do poema, conforme exemplificado no excerto abaixo. 
 
Não /vês /a/que/le /ve/lho /res/pei/tá/ (vel) -10 
que à /mu/le/ta en/cos/ta/ (do) -6 
a/pe/nas/ mal /se /mo/ve e /mal /se ar/ras/(ta) -10 
Oh!/quan/to es/tra/go /não /lhe /fez/ o /tem/(po) -10 
o /tem/po ar/re/ba/ta/(do) - 6 
que o /mês/mo /bron/ze /gas/(ta)-6 
 
 Como a métrica é regular, o padrão tende a se manter. 
Gabarito: B. 
 
 
24. (UNICAMP/2022/1ª fase) 
 
Na ribeira do Eufrates assentado, 
Discorrendo me achei pela memória 
Aquele breve bem, aquela glória, 
Que em ti, doce Sião, tinha passado. 
 
Da causa de meus males perguntado 
Me foi: Como não cantas a história 
De teu passado bem e da vitória 
Que sempre de teu mal hás alcançado? 
 
Não sabes, que a quem canta se lhe esquece 
O mal, inda que grave e rigoroso? 
Canta, pois, e não chores dessa sorte. 
 
Respondi com suspiros: Quando cresce 
A muita saudade, o piedoso 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 123 
Remédio é não cantar senão a morte. 
(Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113). 
 
Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o 
poema retoma o dito popular 
a) “longe dos olhos, perto do coração”. 
b) “mais vale cantar mal que chorar bem”. 
c) “a cada canto seu Espírito Santo”. 
d) “quem canta seus males espanta”. 
Comentários 
Alternativa A: incorreta. Esse provérbio valoriza a memória: o mais importante é se 
lembrar, o que metaforicamente representa "estar perto do coração", mesmo estando longe dos 
olhos (longe fisicamente, de tal forma que não se pode ver). 
Alternativa B: incorreta. Não importa se o cantar é feito sem maestria ou habilidade, pois 
é melhor cantar do que sofrer (chorar) de qualquer maneira, bem ou mal. 
Alternativa C: incorreta. Esse ditado surge no contexto dos folguedos populares no Brasil, 
pois cada lugar faz a festa do seu jeito. Mesmo se referindo à festa do Divino Espírito Santo, o 
mesmo culto pode ser celebrado de formas diferentes, a depender do lugar. Em se tratando da 
poesia lírica filosófica camoniana, o eu lírico é pessimista, o que é indicado na chave de 
ouro (último verso do soneto). O poema é moderno em sua técnica prosaica, pois apresenta 
um diálogo entre o eu lírico e alguém externo, que lhe dá um conselho: levar a vida de modo 
mais leve, ao que o eu lírico retruca com seu pessimismo e apego à morte. Com isso, esse 
provérbio se aplica ao sentido geral do soneto, no sentido de que cada pessoa tem o seu modo 
de encarar a vida. O núcleo temático (o centro do poema) não é tão otimista quanto pretende a 
letra D como um todo, no geral. Portanto, defende-se que, como está escrito, a questão está 
vaga e abre margem para mais de uma interpretação. 
Alternativa D: correta – gabarito. Esse ditado popular transmite uma mensagem 
esperançosa, positiva, ao passo que o eu lírico se revela o contrário: taciturno. O conselho é 
dado por alguém que não é o eu lírico, mas está aludido explicitamente no primeiro terceto. 
Gabarito: D. 
 
 
25. (UNICAMP/2020/1ª fase) O poema abaixo vem impresso na orelha do livro Psia, de 
Arnaldo Antunes. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 124 
 
 
Na orelha do livro, Antunes apresenta ao leitor seu processo de criação poética. É correto 
dizer que o autor se propõe a 
a) revelar a primazia da comunicação oral sobre a escrita das palavras. 
b) discutir a flexão de gênero, que torna a palavra “psia” um substantivo. 
c) defender a conversão das palavras em coisas, mudando seu estatuto. 
d) explorar o poder de representação da interjeição exclamativa “psiu!”. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. O poeta afirma que “Eu berro as palavras/ no microfone/ da 
mesma maneira com que as desenho...”, ou seja, não há primazia da comunicação oral. 
Alternativa B: incorreta. Ele não discute, não argumenta a favor do gênero feminino de 
Psiu, ele simplesmente afirma que “Psia” é feminino de “psiu!” 
Alternativa C: correta – gabarito. No poema, ele afirma isso, ele diz que berra para 
transformar as palavras “em coisas,/ em vez de substituírem/ as coisas”, e ele mostra como fazer 
isso, ao desmembrar “Psia” em “piscina” e “pia”. 
Alternativa D: incorreta. Ele discute a palavra “Psia” e não “psiu!”; ao falar na interjeição, 
ele a contrapõe para definir melhor “Psia”. 
Gabarito: C. 
 
 
26. (UNEMAT/2018) 
 
Texto 01 
O tempo é 
O tempo é qualquer coisa 
que ninguém toma nas mãos 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 125 
e beija no mesmo instante 
 (ou um instante depois). 
 
PERSONA, Lucinda Nogueira. Entre uma noite e outra. Cuiabá, MT: Entrelinhas, 2014. p. 33. 
 
 
A persistência da memória. Salvador Dali. Disponível em: 
noticias.universia.com/destaques/noticias/2012/01/07/903289/conhecaa-persistencia-da-memoria-
salvador-dali.html Acesso em: fev. 2018. 
 
Comparando o que aborda o poema O tempo é, da poetisa Lucinda Nogueira Persona, e 
os sentidos presentes na tela A persistência da memória, do artista plástico Salvador Dali, 
assinale a alternativa correta. 
a) O poema traz uma definição clara e fixa sobre o tempo, contrariando o que aborda a tela, pois 
esta ao trazer relógios em estado de deformação, sugere que o tempo é algo que se modifica 
permanentemente. 
b) O poema traz elementos que nos permitem fazer reflexões sobre o tempo, enquanto a 
presença dos relógios na tela aborda o seu valor estético. 
c) A tela de Salvador Dali traz, sobretudo nos relógios, elementos que nos permitem fazer 
reflexões sobre a guerra, enquanto o poema diz da fixidez do tempo. 
d) Os dois textos trazem linguagens diferentes em suas composições, por este motivo não é 
possível correlacioná-los estilisticamente e fazer qualquer leitura comparativa entre eles. 
e) Ambos os textos fazem uma discussão sobre a efemeridade e a fugacidade do tempo. 
Comentários 
Questão de literatura comparada/linguagens e códigos. 
Alternativa A: incorreta. Nas duas obras, há uma reflexão sobre a transitoriedade do tempo 
e da memória. 
Alternativa B: incorreta. Na pintura de Dali, a deformação dos relógios questiona 
visualmente a rigidez do tempo, estabelecendo uma reflexão semelhante ao do poema. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 126 
Alternativa C: incorreta. Não há referências na pintura que possa suscitar a ideia de um 
ambiente de guerra. Já no poema, a afirmação do eu lírico de que ninguém toma na mão o tempo 
indica a sua fluidez. 
Alternativa D: incorreta. A comparação e a intertextualidade entre diferentes linguagens 
artísticas é um aspecto recorrente na história das artes desde a antiguidade. 
Alternativa E: correta – gabarito. Nas duas obras, a ideia de tempo é transfigurada em 
imagens artísticas para discutir o seu caráter efêmero. 
Gabarito: E. 
 
 
27. (UEG/2020-Medicina) Leia o poema a seguir para responder às próximas duas 
questões. 
Ergue-se Marco Antônio de repente... 
Ouve-se um grito estrídulo, que soa 
O silêncio cortando, e longamente 
Pelo deserto acampamento ecoa. 
 
O olhar em fogo, os carregados traços 
Do rosto em contração, alto e direito 
O vulto enorme, – no ar levanta os braços, 
E nos braços aperta o próprio peito. 
 
Olha em torno e desvaira. Ergue a cortina, 
A vista alonga pela noite afora... 
Nada vê. Longe, à porta purpurina 
Do Oriente em chamas, vem raiando a aurora. 
 
E a noite foge. Em todo o firmamento 
Vão se fechando os olhos das estrelas:Só perturba a mudez do acampamento 
O passo regular das sentinelas. 
BILAC, Olavo. O sonho de Marco Antônio – parte III. In: Melhores poemas de Olavo Bilac. 4. ed. Global, 
2003. p. 37. 
 
Quanto à forma, o fragmento citado apresenta versos 
a) irregulares e dodecassílabos 
b) assimétricos e alexandrinos 
c) regulares e decassílabos 
d) polimétricos e eneassílabos 
e) brancos e hendecassílabos 
Comentários 
Questão de teoria literária. 
Alternativa A: incorreta. Os versos irregulares, também conhecidos como versos livres, 
não seguem um padrão métrico; dodecassílabos ou alexandrinos são os versos com doze 
sílabas poéticas. 
Alternativa B: incorreta. Versos assimétricos são aqueles que rompem com as regras 
tradicionais no número de sílabas poéticas; alexandrinos são os versos compostos por doze 
sílabas poéticas. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 127 
Alternativa C: correta. O poema apresenta uma estrutura regular em que a versificação é 
composta por um número constante de sílabas poéticas, dez sílabas (decassílabos): O/ pas/so/ 
re/gu/lar/ das/ sen/ti/ne/las 
Alternativa D: incorreta. Versos polimétricos são regulares, com sílabas fortes localizadas 
de acordo com as regras métricas; eneassílabos são versos compostos por nove sílabas 
poéticas. 
Alternativa E: incorreta. Versos brancos ou livres não seguem um sistema de metrificação; 
hendecassílabos são versos com onze sílabas poéticas. 
Gabarito: C. 
 
 
28. (UEG/2020-Medicina) Embora pertença ao gênero lírico, o excerto poético apresentado 
comporta características do gênero 
a) dramático, tendo em vista que o eu-lírico lança mão de uma estrutura dialógica para construir 
uma interação com os leitores. 
b) trágico, já que a personagem retratada realiza ações grandiosas e heroicas. 
c) cômico, pois o eu-lírico lança mão de um humor sutil para sensibilizar os leitores. 
d) narrativo, uma vez que o sujeito poético faz um relato de parte do que acontece em um 
acampamento militar durante a noite. 
e) descritivo, porque se notam descrições das personagens e da paisagem que as circunda. 
Comentários 
Questão de teoria literária. 
Alternativa A: incorreta. Na estrutura do poema, não é possível identificar uma perspectiva 
dialógica. A voz poética relata um fato aos leitores. 
Alternativa B: incorreta. Nos textos trágicos, a catástrofe é um elemento central já que é por meio 
dela que as emoções do público são despertadas. 
Alternativa C: incorreta. Não é possível afirmar a existência do humor nos versos; O eu lírico parece 
manter certo distanciamento do fato observado. 
Alternativa D: correta – gabarito. Uma das características do gênero narrativo é a presença da 
figura do narrador que relata uma história ocorrida em um determinado tempo e espaço. Tal movimento 
é explorado pelo sujeito poético que enuncia uma sequência de fatos que ocorrem com um homem em 
um acampamento durante a noite. 
Alternativa E: incorreta. Não há foco na apresentação de detalhes da personagem ou do espaço. 
Gabarito: D. 
 
 
29. (UEG/2020-Medicina) Em termos de conteúdo, o excerto poético apresentado é 
configurado por uma referência a elementos 
a) metapoéticos. 
b) nostálgicos. 
c) históricos. 
d) filosóficos. 
e) metafísicos. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 128 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/semântico. 
Alternativa A: incorreta. Metapoesia seria a poesia falando dela mesma. Cuidado: por 
mais que a metalinguagem seja uma temática importante para o Parnasianismo, ela não se 
verifica no poema. 
Alternativa B: incorreta. Nostalgia é a saudade melancólica do passado e a personagem 
no poema está desesperada. 
Alternativa C: correta – gabarito. Marco Antônio (83-30 a. C. ) foi um político romano, tendo 
sido nomeado três vezes cônsul. Lembrando que os principais temas parnasianos são o cotidiano 
(tanto objetos quanto paisagens) e a cultura clássica (mitologia greco-latina), mas também fatos 
históricos. 
Alternativa D: incorreta. O principal sentimento de Marco Antônio no excerto é a cólera e 
não a reflexão racional. 
Alternativa E: incorreta. No seu devaneio, Marco Antônio não reza nem pensa em seres 
transcendentes, divinos ou superiores. Sente que é do Oriente que vai vir a ameaça iminente. 
Gabarito: C. 
 
 
30. (UEG/2018) Observe a imagem e leia o poema a seguir para responder à(s) 
questão(ões). 
 
 
A leitura, tanto da imagem quanto do poema apresentados, metaforiza o caráter 
a) recorrente da existência humana. 
b) efêmero das paixões humanas. 
c) linear de tudo que compõe a vida. 
d) duradouro das coisas e da vida. 
e) moroso dos entusiasmos existenciais. 
Comentários 
Questão de literatura comparada/linguagens e códigos. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 129 
Alternativa A: correta – gabarito. A recorrência da existência humana está metaforizada na 
imagem pela repetição das formas circulares e, no poema, pelo aspecto visual espiralado, dando voltas 
no mesmo centro, tal qual a vida do eu lírico, que afirma fazer “parte dessa circunferência”. 
Alternativa B: incorreta. A imagem é marcada pela repetição de uma forma geométrica; não há, 
portanto, referência às paixões humanas, tampouco a seu caráter transitório. 
Alternativa C: incorreta. O poema remete, metaforicamente, à forma espiralada da vida, ou seja, 
circular e recorrente, e não linear. 
Alternativa D: incorreta. O eu lírico afirma que “o mundo roda, roda”; metaforicamente, não há o 
aspecto duradouro das coisas e da vida. 
Gabarito: A. 
 
 
31. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) 
Retrato 
Cecília Meireles 
Eu não tinha este rosto de hoje, 
Assim calmo, assim triste, assim magro, 
Nem estes olhos tão vazios, 
Nem o lábio amargo. 
 
Eu não tinha estas mãos sem força, 
Tão paradas e frias e mortas; 
Eu não tinha este coração 
Que nem se mostra. 
 
Eu não dei por esta mudança, 
Tão simples, tão certa, tão fácil: 
— Em que espelho ficou perdida 
a minha face? 
 
Os versos acima são de autoria da escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964). O poema 
traça uma espécie de autorretrato, enfocando principalmente a questão da 
a) transitoriedade da vida. 
b) alegria de viver. 
c) partilha de pequenos momentos. 
d) felicidade de envelhecer. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário; conhecimento do movimento literário e 
conhecimento de autores e obras do cânone. 
 Alternativa A: correta – gabarito. O que no texto é marcado pela insistência ao marcar o 
contraste temporal, especialmente no uso do verbo “tinha”, conjugado no pretérito imperfeito. 
 Alternativa B: incorreta. O eu lírico parece entristecido ao constatar a passagem do tempo. 
Assombra-se com as mudanças. 
 Alternativa C: incorreta. Não há tal partilha. O texto parece um desabafo. 
 Alternativa D: incorreta. Pelo contrário: o eu lírico constata que o fenômeno é inexorável. 
Gabarito: A. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 130 
 
 
32. (UECE/2021/1o semestre/1ª fase) O poema Retrato utiliza uma imagem poética 
recorrente nas poesias de Cecília Meireles: o espelho. Essa imagem está atrelada a 
questões existencialistas que, neste poema, são 
a) o bem e o mal. 
b) a fraqueza e a força. 
c) a vida e a morte. 
d) a juventude e a velhice. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário. 
 Alternativa A: incorreta. Esses são julgamentos morais que não são questionados no 
poema. 
 Alternativa B: incorreta. O texto é predominantemente descritivo. As mãos sem força são 
uma metáfora para uma pessoa que, com o envelhecimento, tornou-se passiva. 
 Alternativa C: incorreta. Esses são questionamentos barrocos. 
 Alternativa D: correta – gabarito. O espelho é o reflexo da vida tal qual ela é, mesmo com 
as agruras do processo natural do envelhecimento. 
Gabarito: D. 
 
 
33. (UECE/2018/1º semestre/1ªfase) 
 
Retrato do artista quando coisa 
A maior riqueza 
do homem 
é sua incompletude. 
Nesse ponto 
sou abastado. 
Palavras que me aceitam 
como sou 
— eu não aceito. 
Não aguento ser apenas 
um sujeito que abre 
portas, que puxa 
válvulas, que olha o 
relógio, que compra pão 
às 6 da tarde, que vai 
lá fora, que aponta lápis, 
que vê a uva etc. etc. 
Perdoai. Mas eu 
preciso ser Outros. 
Eu penso 
renovar o homem 
usando borboletas. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 131 
BARROS, Manoel. O retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998. 
 
Levando em conta as relações de sentido presentes no texto de Manoel de Barros acima, 
é correto afirmar que o conteúdo temático geral do poema se estabelece na seguinte 
oposição semântica: 
a) humanização versus coisificação. 
b) riqueza versus pobreza. 
c) ação versus inércia. 
d) grandeza versus pequenez. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário.. Se o comando está cobrando “oposição semântica”, 
trata-se da relação de antonímia. Percebam que todas as alternativas inclusive se estruturam justamente 
assim: por meio da expressão latina versus, que significa literalmente contra; em comparação com; em 
relação a; alternativamente a. Além disso, o título do poema dialoga diretamente com o romance O 
retrato do artista quando jovem, do irlandês James Joyce. 
Alternativa A: correta – gabarito. A partir dos versos “Não aguento ser apenas/um sujeito que 
abre/portas, que puxa/válvulas, que olha o/relógio, que compra pão/às 6 da tarde, que vai/lá fora, que 
aponta lápis,/que vê a uva etc. etc./Perdoai. Mas eu/preciso ser Outros” (grifo meu), há uma crítica em 
relação à mecanização da vida dos e humano e à sua rotina enfadonha e repetitiva. Em reação a isso, o 
eu lírico determina a sua recusa em ser mais um. 
Alternativa B: incorreta. As relações financeiras, o dinheiro ou o poder aquisitivo não são 
mencionados aqui. Inclusive, os versos que abrem o poema indicam uma espécie de riqueza abstrata, isto 
é, não material. 
Alternativa C: incorreta. Embora “borboletas” no último verso indique movimento, mesmo uma 
rotina repetitiva pode ter lá seu movimento, porém, um movimento repetido e mecânico. Não é isso o 
que está em oposição aqui. 
Alternativa D: incorreta. O eu lírico utiliza elementos pequenos, tais como borboletas, ao par de 
grandes, como o homem. A relação está mais para equivalência (sinonímia) que antonímia. 
Gabarito: A. 
 
 
34. (UERJ/2021) 
 
Morro velho 
No sertão da minha terra, 
fazenda é o camarada que ao chão se deu. 
Fez a obrigação com força, 
parece até que tudo aquilo ali é seu. 
5Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, 
lindo a crescer. 
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada. 
 
Filho do branco e do preto, 
correndo pela estrada atrás de passarinho. 
10 Pela plantação adentro, 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 132 
crescendo os dois meninos, sempre pequeninos. 
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, 
dá pro fundo ver. 
Orgulhoso camarada conta histórias pra moçada. 
15 Filho do sinhô vai embora, 
tempo de estudos na cidade grande. 
Parte, tem os olhos tristes, 
deixando o companheiro na estação distante. 
“Não me esqueça, amigo, eu vou voltar.” 
20 Some longe o trenzinho ao deus-dará. 
 
Quando volta já é outro, 
trouxe até sinhá-mocinha para apresentar. 
Linda como a luz da lua 
que em lugar nenhum rebrilha como lá. 
25Já tem nome de doutor 
e agora na fazenda é quem vai mandar. 
E seu velho camarada 
já não brinca, mas trabalha. 
MILTON NASCIMENTO 
Adaptado de miltonnascimento.com.br. 
 
fazenda é o camarada que ao chão se deu. (l. 2) 
No verso da canção de Milton Nascimento, o poeta apresenta uma definição da palavra 
“fazenda”. Com base na primeira estrofe, essa definição destaca o seguinte elemento do 
contexto descrito: 
a) riqueza da propriedade 
b) expectativa de liberdade 
c) dedicação do trabalhador 
d) necessidade de autonomia 
Comentários 
Questão interdisciplinar de interpretação de letra de música. 
Alternativa A: incorreta. Não se trata de trabalhar por dinheiro. 
Alternativa B: incorreta. O valor da liberdade não é almejado. 
Alternativa C: correta – gabarito. Ao usar um termo metafórico, o eu lírico exprime que do 
suor da labuta advém o orgulho. 
Alternativa D: incorreta. Trabalha-se por necessidade. 
Gabarito: C. 
 
 
35. (UERJ/2020) 
 
PARA COMEÇAR 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 133 
Desejou ter a beleza de uma árvore frondosa tatuada nas costas, copa espraiada sobre os 
ombros. Temendo, porém, o longo sofrimento imposto pelas agulhas, mandou tatuar na base 
da coluna, bem na base, a mínima semente. 
Observe a imagem abaixo, que reproduz o quadro de René Magritte chamado “A 
Clarividência”. 
 
 
 
 
arteeblog.com 
 
O par “semente-árvore” do conto pode ser comparado ao par “ovo-ave” do quadro, devido 
a uma mesma relação existente entre os elementos de cada par. Essa relação expressa, 
no contexto das duas obras, a ideia de: 
a) simultaneidade 
b) possibilidade 
c) instabilidade 
d) uniformidade 
Comentários 
Atenção: questão de Linguagens e Códigos. Mais informações sobre esse conteúdo em 
particular serão encontradas nas aulas 06 e 07. 
Alternativa A: incorreta. Não se trata de ideias simultâneas, mas de diálogo entre elas. 
Alternativa B: correta – gabarito. Nas duas obras, temos a potência do vir a ser da semente 
e do “ovo-ave”. Assim o processo artístico se coloca como possibilidade de vida e existência. 
Alternativa C: incorreta. Os textos artísticos se distanciam da ideia de inconstância ao 
ressaltar o desejo de potência criadora. 
Alternativa D: incorreta. No conto e na pintura, a constância é apenas aparente, pois 
ambos projetam a iminência da transformação. 
Gabarito: B. 
 
 
36. (FAMECA/2013) Leia o poema “Ela canta, pobre ceifeira” do poeta português Fernando 
Pessoa (1888-1935) para responder à próxima questão. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 134 
 
Ela canta, pobre ceifeira*, 
Julgando-se feliz talvez; 
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia 
De alegre e anônima viuvez, 
 
Ondula como um canto de 
ar limpo como um limiar, 
E há curvas no enredo suave 
Do som que ela tem a cantar. 
 
Ouvi-la alegra e entristece, 
Na sua voz há o campo e a lida, 
E canta como se tivesse 
Mais razões p’ra cantar que a vida. 
Ah, canta, canta sem razão! 
O que em mim sente ’stá pensando. 
Derrama no meu coração 
A tua incerta voz ondeando! 
 
Ah, poder ser tu, sendo eu! 
Ter a tua alegre inconsciência, 
E a consciência disso! Ó céu! 
Ó campo! Ó canção! A ciência 
 
Pesa tanto e a vida é tão breve! 
Entrai por mim dentro! Tornai 
Minha alma a vossa sombra leve! 
Depois, levando-me, passai! 
(Fernando Pessoa. Obra poética, 1995.) 
*Ceifeira: mulher que trabalha no corte de cereais, utilizando foice ou outro 
instrumento apropriado. 
 
Todas as seis quadras do poema de Fernando Pessoa são compostas por versos 
_____ e obedecem ao esquema de rimas _____. 
 
As lacunas do texto são, correta e respectivamente, preenchidas por 
a) decassílabos – ABBA. 
b) octossílabos – ABBA. 
c) dodecassílabos – ABAB. 
d) decassílabos – ABAB. 
e) octossílabos – ABAB. 
Comentários 
 Questão de teoria literária. Como os versos são regulares (o que se infere do comando teórico, 
que diz “todas as seis quadras”), a análise pode ser feita tomando uma única estrofe como exemplo: 
 
 ESCANSÃO 
 Pe-sa-tan-toea-vi-daé-tão-bre-ve! (8 sílabas poéticas) 
 En-trai-por-mim-den-tro!-Tor-nai (8 sílabas poéticas) 
 Mi-nhaal-maa-vos-sa-som-bra-le-ve! (8 sílabas poéticas) 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 135 
 De-pois,-le-van-do-me,-pas-sai! (8 sílabas poéticas) 
 
 ESQUEMA DE RIMAS 
 Pesa tanto e a vida é tão breve!(A) 
 Entrai por mim dentro! Tornai (B) 
 Minha alma a vossa sombra leve! (A) 
 Depois, levando-me, passai! (B) 
 
 Alternativa A: incorreta. Os versos não são decassílabos nem é este o esquema de rimas. 
 Alternativa B: incorreta. Os versos são octassílabos, mas não é este de rimas. 
 Alternativa C: incorreta. Os versos não são dodecassílabos, apesar de ser este o esquema de 
rimas. 
 Alternativa D: incorreta. Os versos não são decassílabos, apesar de ser este o esquema de rimas. 
 Alternativa E: correta – gabarito. É esta a sequência correta. 
Gabarito: E. 
 
 
37. (FAMECA/2017) Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade para responder às 
próximas duas questões. 
 
Papel 
E tudo que eu pensei 
e tudo que eu falei 
e tudo que me contaram 
era papel. 
E tudo que descobri 
amei 
detestei: 
papel. 
Papel quanto havia em mim 
e nos outros, papel 
de jornal 
de parede 
de embrulho 
papel de papel 
papelão. 
(As impurezas do branco, 2012.) 
 
Quanto aos aspectos formais, o poema caracteriza-se pelo emprego de 
a) rimas raras. 
b) métrica irregular. 
c) versos decassílabos. 
d) rimas alternadas. 
e) linguagem rebuscada. 
Comentários 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 136 
Questão de teoria literária. 
Alternativa A: incorreta. Essa sequer é uma classificação. 
Alternativa B: correta – gabarito. Por ser um poema moderno, os versos têm tamanhos diferentes. 
Alternativa C: incorreta. A métrica é irregular. 
Alternativa D: incorreta. Não há rimas claramente marcadas. 
Alternativa E: incorreta. A linguagem é prosaica. 
Gabarito: B. 
 
 
38. (UEA/2019) Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder às próximas duas 
questões. 
Nada nas mãos nem na cabeça, nada 
no estômago além da sensação vazia 
de haver ultrapassado toda sensação. 
 
É em estado assim que se descobre a verdade, 
que se cometem os grandes crimes, os gestos 
mais sublimes, ou então não se faz nada. 
 
É como as cobras. As mais silenciosas, 
de corpo mais esguio, de cor esmaecida, 
destilam o veneno mais perfeito. 
 
Assim também os poemas. Os mais contidos 
e lisos, os que menos coisa dizem, 
destilam o veneno mais perfeito. 
(Mínima lírica, 2013.) 
 
No trecho “que se descobre a verdade, / que se cometem os grandes crimes, os gestos / 
mais sublimes”, o eu lírico enumera 
a) eventos extremos que ocorrem durante o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
b) acontecimentos catastróficos que sucedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
c) fatos impensáveis que causam o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
d) ações inconscientes que resultam do estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
e) processos raros que precedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Na primeira estrofe, o eu lírico tenta materializar no corpo poético o 
elemento desencadeador do fazer artístico. 
Alternativa B: incorreta. No poema, não há a presença de um acontecimento grave, mas de um 
estado que o eu lírico transforma em matéria de poesia. 
Alternativa C: incorreta. Não se trata de fatos impensáveis. Antes é uma tentativa de concretizar 
o desencadeamento da experiência poética. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 137 
Alternativa D: incorreta. Assim como em “Psicologia da composição”, de João Cabral de Melo Neto, 
aqui a poesia não é fruto de ações inconscientes, mas de um trabalho consciente dos mecanismos 
poéticos. 
Alternativa E: correta – gabarito. O eu lírico procura elaborar, por meio dos versos em questão, 
uma pungente reflexão sobre o estado poético. 
Gabarito: E. 
 
 
39. (UEA/2019) Segundo as duas últimas estrofes, 
a) os melhores poemas são mais produto de inspiração do que de trabalho. 
b) o valor de um poema é medido pelos efeitos negativos que produz. 
c) os poemas mais inofensivos são os que parecem mais perigosos. 
d) a poesia é a arte de transformar algo discreto em algo significativo. 
e) os poemas mais discretos produzem os efeitos mais contundentes. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Ao contrário do que é afirmado na questão, os melhores poemas são 
frutos de um trabalho meticuloso e intenso por parte do poeta. 
Alternativa B: incorreta. A imagem poética criada pelo processo de comparação em “como cobras” 
reforça o impacto que os melhores poemas podem revelar. 
Alternativa C: incorreta. Considerando a visão do eu lírico, não se pode restringir o trabalho poético 
à dualidade “inofensivo” e “perigoso”. 
Alternativa D: correta – gabarito. Usando o recurso da metalinguagem, o eu lírico coloca em 
questão a potencialidade da poesia de transcender os elementos referenciais do mundo e a sua 
capacidade de atribuir um caráter artístico a esses elementos. 
Alternativa E: incorreta. A reflexão poética não está centrada na forma poema, mas no trabalho 
com a poesia, ou seja, o uso artístico da palavra e outros recursos de linguagem. 
Gabarito: D. 
 
 
40. (UEA/2018) 
Nos anos em que atuaram estes escritores, a poesia brasileira percorreu os meandros 
do extremo subjetivismo, à Byron e à Musset. Alguns poetas adolescentes, mortos antes 
de tocarem a plena juventude, darão exemplo de toda uma temática emotiva de amor e 
morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio. 
(Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 2006. Adaptado.) 
 
O texto refere-se 
a) à segunda geração do Romantismo. 
b) ao Barroco. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 138 
c) ao Arcadismo. 
d) à primeira geração do Modernismo. 
e) ao Condoreirismo. 
Comentários 
Questão de crítica literária/conhecimento de movimentos literários. 
Alternativa A: correta – gabarito. O trecho faz referência à segunda geração romântica ou “geração 
ultrarromântica”. Como principais características desse período, pode-se destacar a fuga da realidade e o 
profundo subjetivismo. A produção romântica no Brasil foi influenciada pela obra do poeta britânico 
George Gordon Byron, mais conhecido como Lord Byron, e do poeta francês Alfred de Musset. 
Alternativa B: incorreta. A estética barroca traz em sua forma o raciocínio complexo e o conflito 
entre fé e razão, a partir de uma visão teocêntrica do mundo (Deus como centro de tudo). 
Alternativa C: incorreta. No arcadismo, há a retomada de temáticas greco-latinas, uso de temas 
pastoris e valorização da natureza. 
Alternativa D: incorreta. A primeira geração modernista, influenciada pelas vanguardas artísticas, 
propôs uma estética inovadora com a revisão crítica das heranças artísticas do passado. 
Alternativa E: incorreta. O condoreirismo é o nome dado à terceira geração romântica no Brasil. O 
termo é uma metáfora para a busca de liberdade por parte de seus representantes. As temáticas do 
abolicionismo e da justiça social são fortemente exploradas nos poemas dessa geração. 
Gabarito: A. 
 
 
41. (UEA/2014) 
Tapuia 
 
As florestas ergueram braços peludos para esconder-te 
com ciúmes do sol. 
 
E a tua carne triste se desabotoa nos seios, 
recém-chegados do fundo das selvas. 
 
Pararam no teu olhar as noites da Amazônia, mornas e imensas. 
 
No teu corpo longo 
ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro. 
 
O mato acorda no teu sangue 
sonhos de tribos desaparecidas 
– filha de raças anônimas 
que se misturaram em grandes adultérios! 
 
E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, 
que teus antepassados te deixaram de herança. 
 
O vento desarruma os teus cabelos soltos 
e modela um vestido na intimidade do teu corpo exato. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 139 
À noite o rio te chama 
e então te entregas à água preguiçosamente, 
como uma flor selvagem 
ante a curiosidade das estrelas. 
(Raul Bopp apud Mário da Silva Brito. “Tapuia”. In: Poesia do Modernismo, 1968.) 
 
No verso"E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio", a ideia expressa pelo verbo 
destacado está de acordo com a seguinte afirmação: 
a) Os indígenas erram ainda hoje, quando confiam nas promessas do homem branco. 
b) Explorados e expulsos de suas terras, os indígenas vagueiam pelas florestas que sobraram. 
c) Em função dos sucessivos ataques do homem branco, os indígenas lamentam os erros 
cometidos. 
d) Ao caminhar pelas margens do rio, os indígenas já não têm o senso de direção de seus 
antepassados. 
e) Remanescentes de tribos dizimadas, os indígenas continuam sofrendo pelos erros dos 
brancos. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. O verbo errar ao qual pertence o termo “erras” 
(presente do indicativo, segunda pessoa do singular) adquire, no contexto, o significado de perambular, 
vaguear, o que elimina as alternativas “a”, “c” e “e”. Também “d” é incorreta, pois o fato de vaguearem 
sem rumo pelas beiras dos rios não pode ser atribuído à falta de senso de direção, mas sim às agressões 
a que as tribos indígenas têm sido sujeitas. Assim, é correta apenas a alternativa “b”. 
Gabarito: A. 
 
 
42. (UEA/2014) A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro, 
em vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos. 
Essa figura ocorre no verso: 
a) que se misturaram em grandes adultérios! 
b) O vento desarruma os teus cabelos soltos 
c) As florestas ergueram braços peludos para esconder-te 
d) e então te entregas à água preguiçosamente, 
e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, 
e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio, 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Não é metáfora, mas sim adultérios. 
Alternativa B: incorreta. Não é metáfora, mas sim personificação. 
Alternativa C: correta – gabarito. Pois há comparação implícita dos ramos frondosos das árvores 
com “braços peludos” constitui uma metáfora. 
Alternativa D: incorreta. Não há figura de linguagem, mas sim descrição. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 140 
Alternativa E: incorreta. Não há figura de linguagem, mas sim narração. 
Gabarito: C. 
 
 
43. (UEA/2013) Leia o texto a seguir para responder às próximas duas questões. 
Não sei que jornal, há algum tempo, noticiou que a polícia ia tomar sob a sua proteção 
as crianças que aí vivem, às dezenas, exploradas por meia dúzia de bandidos. Quando li 
a notícia, rejubilei. Porque, há longo tempo, desde que comecei a escrever, venho 
repisando este assunto, pedindo piedade para essas crianças e cadeia para esses patifes. 
Mas os dias correram. As providências anunciadas não vieram. Parece que a piedade 
policial não se estende às crianças, e que a cadeia não foi feita para dar agasalho aos que 
prostituem corpos de sete a oito anos… E a cidade, à noite, continua a encher-se de 
bandos de meninas, que vagam de teatro em teatro e de hotel em hotel, vendendo flores 
e aprendendo a vender beijos. 
Anteontem, por horas mortas, quando saía de um teatro na rua central da cidade, vi 
sentada uma menina, a uma soleira de porta. Ao lado, a sua cesta de flores murchas estava 
atirada sobre a calçada. Pediu-me dez tostões, chorando... Só conseguira obter, ao cabo 
de toda uma tarde de caminhadas e de pena, esses dez tostões — perdidos ou furtados. 
E pelos seus olhos molhados passava o terror das bordoadas que a esperavam em casa… 
Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia já, pequenino, quase invisível 
na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, sumir-se, 
dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma. 
Ora — nestes tempos singulares em que a gente já se habituou a ouvir sem espanto 
coisas capazes de horrorizar a alma de Deiber —, é possível que alguém, encolhendo os 
ombros diante disto, me pergunte o que é que eu tenho com a vida das crianças que 
vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam para casa uma certa e 
determinada quantia. 
Tenho tudo, amigos meus! Não penseis que me iluda sobre a eficácia das providências 
que possa a polícia tomar, a fim de salvar das pancadas o corpo e da devassidão a alma 
de qualquer dessas meninas. Bem sei que, enquanto o mundo for mundo e enquanto 
houver meninas — proteja-as ou não as proteja a polícia —, haverá pais que as 
esbordoem, mães que as vendam, cadelas que as industriem, cães que as deflorem! 
(Olavo Bilac [Gazeta de Notícias, 14.08.1894]. www.consciencia.org. Adaptado.) 
 
Olavo Bilac, autor da crônica, é bastante conhecido no contexto da literatura brasileira 
como poeta do 
a) Romantismo, período do império da razão. 
b) Parnasianismo, escola literária que buscava a perfeição formal. 
c) Arcadismo, que aprofundou as características do Barroco. 
d) Modernismo, responsável pela volta dos valores clássicos. 
e) Simbolismo, estilo marcado pela experimentação. 
Comentários 
Questão de conhecimento de movimentos literários. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 141 
Alternativa A: incorreta. Ao contrário do que é afirmado, no Romantismo, há o predomínio da 
subjetividade, do sentimentalismo exacerbado e individualismo. 
Alternativa B: correta – gabarito. Olavo Bilac é considerado o principal representante do 
Parnasianismo no Brasil. Em suas obras, as regras de composição são valorizadas, além de reconhecer o 
trabalho poético como uma tarefa árdua e complexa. 
Alternativa C: incorreta. O Arcadismo distancia-se dos excessos formais e estilísticos presentes na 
estética barroca em busca de uma linguagem clara e objetiva, em que há o equilíbrio da forma. 
Alternativa D: incorreta. Os poetas modernistas romperam com as regras clássicas de composição 
artística e realizaram experimentações com o intuito de descobrir novas formas expressivas. 
Alternativa E: incorreta. O estilo simbolista é marcado pela valorização da subjetividade humana e 
do mundo dos sonhos, assim como a negação dos valores realistas tão marcantes na literatura do século 
XIX. 
Gabarito: B. 
 
 
44. (UEA/2013) De acordo com o texto, é correto afirmar que 
a) o narrador leu a notícia sobre as providências da polícia no jornal em que trabalha. 
b) a menina contou ao cronista que não conseguira vender nenhuma flor naquele dia. 
c) a cadeia do Rio de Janeiro, segundo depoimentos de testemunhas, não recebe aproveitadores 
de meninas. 
d) vários leitores perguntaram ao cronista por que ele se envolvia com um assunto desses. 
e) o narrador ficou muito tempo a olhar o vulto da menina que se perdia na escuridão da noite. 
Comentários 
Alternativa A: incorreta. Já no início do texto, o narrador afirma não se lembrar em que jornal leu 
a notícia. 
Alternativa B: incorreta. O cronista afirma que a menina “perdera toda a féria”, ou seja, ela perdeu 
o valor arrecadado com a venda das flores, “dez tostões”. Trata-se do valor que a garota solicita ao 
cronista para evitar punições. 
Alternativa C: incorreta. De maneira crítica, o narrador faz referência ao desinteresse da polícia 
em realizar ações efetivas para que autores de crimes contra as crianças, sobretudo as meninas, sejam 
punidos adequadamente. 
Alternativa D: incorreta. O cronista usa o recurso da pergunta retórica para justificar o seu 
interesse pelo tema: “[...] é possível que alguém, encolhendo os ombros diante disto, me pergunte o que 
é que eu tenho com a vida das crianças que vendem flores e são amassadas a sopapos, quando não levam 
para casa uma certa e determinada quantia”. 
Alternativa E: correta – gabarito. O narrador acompanhou o trajeto da menina na escuridão da 
noite conforme se verifica no seguinte trecho: “Fiquei parado, longo tempo, a olhá-la. O seu vulto fugia 
já, pequenino, quase invisível na escuridão. Ainda de longe o vi, fracamente alumiado por um lampião, 
sumir-se, dobrando uma esquina. Segui o meu caminho, com a morte na alma”. 
Gabarito:E. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 142 
 
45. (UEMA/2020) O Último Poema encerra o livro Libertinagem, de Manuel Bandeira. 
 
O Último Poema 
Assim eu quereria o meu último poema 
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais 
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas 
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume 
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos 
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação. 
BANDEIRA, M. Libertinagem. 2 ed. São Paulo: Global, 2013 
 
O poema estabelece pelo título e pela posição que ocupa um valor metapoético, uma vez 
que o eu lírico 
a) transporta para a poesia a beleza da simplicidade. 
b) explicita seu dilema existencial. 
c) revela dramaticamente seus medos mais íntimos e secretos. 
d) incorpora na poesia o academicismo parnasiano. 
e) expressa em versos seu desejo poético. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. “Metapoético” se refere a um poema que 
tematiza a escrita da própria poesia. 
 Alternativa A: incorreta. É verdade que, nesse poema, o eu lírico “transporta para a poesia 
a beleza e simplicidade”, mas isso não se relaciona com o título, nem expressa um valor 
metapoético. 
 Alternativa B: incorreta. No poema, ele exprime o que ele deseja para sua poesia, não 
explora seus dilemas existenciais. 
 Alternativa C: incorreta. Não há referência a medos no poema. 
 Alternativa D: incorreta. Se fosse parnasiano, o poeta deveria metrificar seu poema. 
Manuel Bandeira se vale do verso livre (sem métrica). 
 Alternativa E: correta – gabarito. O seu desejo poético aparece no primeiro verso “Assim 
eu quereria o meu último poema” e esse tema é metapoético. 
Gabarito: E. 
 
 
46. (UFPR/2020) Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa: 
 
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-
de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, 
sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de 
folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A 
pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, 
entrando em convulsões. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 143 
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se 
acabar!... É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão. 
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.) 
 
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, 
exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale 
a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada. 
a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza 
a partir da ação direta de Deus. 
b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar 
a aridez da natureza. 
c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística 
da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região. 
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como 
elemento tão reversível quanto a condição humana. 
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo 
uso da força física e da valentia. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Embora o interior de Minas Gerais seja fortemente marcado pelas 
tradições católicas, o trecho selecionado ressalta aspectos da natureza. 
Alternativa B: incorreta. O trecho é marcado por um forte apelo imagético fruto da presença 
de adjetivos, assim como da aliteração dos fonemas fricativos e nasais. 
Alternativa C: incorreta. O deslumbramento diante da natureza gera uma relação mística 
com a natureza. 
Alternativa D: correta – gabarito. A relação entre personagem e natureza é recorrente nos 
contos. Os destinos traçados no livro, como se destaca em “Sarapalha”, parecem se fundir nas 
inconstâncias e durezas da paisagem sertaneja. 
Alternativa E: incorreta. Nos contos, é explorada uma visão mítica da relação entre o 
homem e a natureza, em que a astúcia e a sabedoria ganham destaque no desenrolar dos 
conflitos. 
Gabarito: D. 
 
 
47. (UFU/2016) 
Texto I 
Logo descobriu que não podia absolutamente mais se mexer. Não se admirou com 
esse fato, pareceu-lhe antes um pouco natural que até agora tivesse conseguido se 
movimentar com aquelas perninhas finas. No restante sentia-se relativamente confortável. 
Na realidade tinha dores no corpo, mas para ele era como se elas fossem ficar cada vez 
mais fracas e finalmente desaparecer por completo. A maçã apodrecida nas suas costas 
e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira mole, quase não o 
incomodavam. Recordava-se da família com emoção e amor. Sua opinião de que precisava 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 144 
desaparecer era, se possível, ainda mais decidida que a da irmã. Permaneceu nesse 
estado de meditação vazia e pacífica até que o relógio da torre bateu a terceira hora da 
manhã. Ele vivenciou o início do clarear geral do dia lá do lado de fora da janela. Depois, 
sem intervenção da sua vontade, a cabeça afundou completamente e das suas ventas fluiu 
fraco o último fôlego. 
KAFKA, Franz. A metamorfose. Trad. Modesto Carone. São Paulo: Cia das Letras, 1997. p. 78. 
 
Texto II 
Saciada, espantada, continuou a passear com os olhos mais abertos, em atenção às voltas 
violentas que a água pesada dava no estômago, acordando pequenos reflexos pelo resto 
do corpo como luzes. A estrada subia muito. A estrada era mais bonita que o Rio de 
Janeiro, e subia muito. Mocinha sentou-se numa pedra que havia junto de uma árvore, 
para poder apreciar. O céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muito 
passarinho que voava do abismo para a estrada. A estrada branca de sol estendia sobre 
um abismo verde. Então, como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da 
árvore e morreu. 
LISPECTOR, Clarice. O grande passeio. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 
p. 37-38. 
 
Embora de épocas e nacionalidades distintas, os protagonistas de A metamorfose e do 
conto “O grande passeio” têm em comum a 
a) a incapacidade de decisão ante as instabilidades sociais. 
b) o isolamento social devido ao descaso dos familiares. 
c) o devaneio filosófico a respeito dos fenômenos da natureza. 
d) a passividade diante das vicissitudes do curso da vida. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/literatura comparada. 
Alternativa: A: incorreta. Em “O grande passeio”, não há abordagem de instabilidades 
sociais, como há em A metamorfose. No conto, aborda-se uma questão humanista sobre a 
relação com idosos. 
Alternativa: B: incorreta. Em “O grande passeio”, a protagonista, Mocinha, é uma idosa já 
sem familiares. Em A metamorfose, mostra-se principalmente a ambiguidade dos familiares, uma 
vez que dependem da atividade de Gregor Samsa para que a aparência de família burguesa seja 
mantida. 
Alternativa: C: incorreta. Em ambos os textos, as personagens, na iminência da morte, 
atentam aos fenômenos na natureza nos trechos selecionados. No entanto, apenas Gregor 
demonstra abordagem filosófica ao ato contemplativo (“Ele vivenciou o início do clarear geral do 
dia lá do lado de fora da janela”). 
Alternativa: D: correta – gabarito. Gregor mostra-se passivo diante dos problemas de sua 
existência; no trecho selecionado, já metamorfoseado, o narrador onisciente cita que “A maçã 
apodrecida nas suas costas e a região inflamada em volta, inteiramente cobertas por uma poeira 
mole, quase não o incomodavam”. Mocinha, a idosa de “O grande passeio”, igualmentenão se 
revolta frente aos problemas enfrentados: mesmo sendo friamente enviada de uma cidade para 
outra por pessoas que, a princípio, tomariam conta dela, o narrador onisciente cita que “Então, 
como estava cansada, a velha encostou a cabeça no tronco da árvore e morreu”. 
Gabarito: D. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 145 
48. (UNCISAL/2017) 
 
A poesia de Augusto de Campos, conforme se pode ver no exemplo acima, propõe uma 
revisão nas estruturas tradicionais das artes poéticas. Isso quer dizer que esse formato 
proposto 
a) valoriza a métrica e a rima. 
b) abdica das interações com as diversas formas de artes visuais. 
c) valoriza o sentido hermético da poesia sem pluralidade semântica. 
d) expande-se para além da retórica pela valorização das múltiplas formas e sentidos. 
e) considera como material poético a ditadura retórica da palavra em seus vários 
desdobramentos. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. Augusto de Campos é um dos fundadores da poesia concreta no 
Brasil. Seu projeto estético contemplava a ruptura com as formas clássicas da poesia e a 
necessidade de se criar uma revolução na linguagem poética. 
Alternativa B: incorreta. Ao contrário do que é afirmado, o projeto de Augusto de Campos, 
integrado às ideias concretistas, conecta-se a outras linguagens artísticas, especialmente as 
formas de artes visuais, como um recurso para repensar a escrita poética. 
Alternativa C: incorreta. A relação entre significante e significado é expandida na poesia 
de Augusto de Campos. Cada palavra é explorada em sua multiplicidade semântica, gerando 
uma síntese de ideias, tal como ocorre na formação do ideograma. 
Alternativa D: correta – gabarito. Augusto de Campos, ao lado de Haroldo de Campos e 
Décio Pignatari, criaram uma produção poética que dialoga diretamente com as outras 
linguagens artísticas e outros sistemas de comunicação a fim de transgredir a forma discursiva 
e permitir o surgimento de novas formas e sentidos no âmbito literário. 
Alternativa E: incorreta. A poesia de Augusto de Campos é marcada pelo 
experimentalismo formal, em que palavra e imagem estão em constante interação. 
Gabarito: D. 
 
 
 
 
 
49. (UNCISAL/2016) 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 146 
 
ANTUNES, Arnaldo. Rio: o ir. Disponível 
em:<http://www.arnaldoantunes.com.br/new/index.php?page=32>. Acesso em: 6 nov. 2015. 
 
O texto acima, um poema de Arnaldo Antunes, inscreve-se numa tradição de 
procedimentos poéticos também recuperáveis no 
a) Naturalismo, uma vez que o poema faz uso de recurso visual que se assemelha a uma rosa, 
o que remete à natureza. 
b) Arcadismo, uma vez que é perceptível que o poema se estrutura em torno da palavra “rio”, o 
que remete a uma supervalorização deste elemento natural. 
c) Concretismo, uma vez que o poema investe na materialidade visual da palavra, explorando 
um arranjo geométrico que, com poucos recursos, provoca diversas leituras e compreensões. 
d) Modernismo, uma vez que se percebe a estruturação do poema em torno da flexão de primeira 
pessoa do verbo “rir”, o que recupera o humor característico dos poetas modernistas. 
e) Parnasianismo, uma vez que a forma do poema se assemelha à de uma pedra preciosa, o 
que metaforiza a aproximação que os parnasianos estabelecem entre o fazer poético e o trabalho 
do ourives. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário. 
Alternativa A: incorreta. O Naturalismo é uma tendência estética do final do século XIX 
que se caracteriza pela linguagem objetiva e a investigação científica no tratamento de seus 
temas. 
Alternativa B: incorreta. O Arcadismo é um movimento literário do século XVIII que retoma 
aspectos da cultura greco-latina e renascentista. A linguagem explorada em seus poemas 
privilegia a simplicidade do vocabulário e a clareza das ideias. 
Alternativa C: correta – gabarito. O Concretismo é um relevante movimento artístico e 
cultural surgido no Brasil em meados dos anos 1950. Os poetas concretos decretavam o fim do 
verso “histórico” e pregavam a necessidade de evoluir as formas literárias explorando o espaço 
gráfico. 
Alternativa D: incorreta. Embora o Modernismo seja o primeiro movimento artístico e 
literário no século XX a clamar por novas formas de expressão artística, suas experimentações 
estavam focadas no uso de versos livres, no humor expresso na linguagem e no abandono das 
formas fixas. 
Alternativa E: incorreta. O Parnasianismo é um movimento literário que ganhou força no 
final do século XIX. Seus principais representantes apreciavam aspectos da versificação, 
metrificação e o uso das formas fixas. 
Gabarito: C. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 147 
 
50. (UNITINS/2016.2) Leia o texto para responder à questão a seguir. 
 
“Movimento artístico e filosófico que surge com o conflito entre a Reforma Protestante e 
a Contra Reforma. Seu objetivo era propagar a religião por meio de uma arte de impacto, 
sinuosa, enfeitada ao extremo. Arte altamente contraditória.” 
(Disponível em: <http://questoesdevestibularnanet.blogspot.com.br/2013/09/caracteristicas-e 
representantes-do.html>. Acesso em: 4 nov. 2015) 
 
O texto se refere a uma escola literária brasileira, denominada ________, que tem as 
seguintes características _____________. 
a) Arcadismo – regido pelas filosofias do cultismo e do conceptismo. Cultismo é o jogo de 
palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas. Conceptismo são os jogos 
de raciocínio e de retórica que visam a melhor explicar o conflito dos opostos. 
b) Realismo – tem por temática assuntos que tratam da exaltação da beleza natural e consideram 
a existência humana como constante e paulatino morrer. 
c) Modernismo – expressa conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o 
prazer pagão e a fé religiosa; há detalhismo e rebuscamento, ou seja, extravagância e exagero 
nos detalhes. 
d) Barroco – linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo; uso de muitos recursos estilísticos, 
como figuras de linguagem, hipérboles, metáforas, antíteses e paradoxos, para melhor expressar 
a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna. 
e) Naturalismo – homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no 
céu; há contradição de sentimentos, em que é comum a ideia de opostos: bem X mal, pecado X 
perdão, homem X Deus. 
Comentários 
 Questão de preencher lacunas/conhecimento sobre movimentos literários. 
 Alternativa A: incorreta. O Arcadismo não buscava propagar a religião através de uma arte 
de impacto. Além disso, o cultismo e o conceptismo são correntes pertencentes ao Barroco, e 
não ao Arcadismo. 
 Alternativa B: incorreta. O Realismo não tem por temática a exaltação das belezas 
naturais. O movimento ocorreu no século XIX, tempos após a Contrarreforma. 
Alternativa C: incorreta. O Modernismo não tem por tema central o prazer pagão e a fé 
religiosa. Além disso, o movimento é do século XX, enquanto a Contrarreforma ocorreu somente 
entre os séculos XVI e XVII. 
Alternativa D: correta – gabarito. O Barroco surge a partir da empreitada da Igreja Católica 
de barrar o avanço do Protestantismo. Tem por características as antíteses e a temática do 
homem cindido entre polos opostos: prazer e disciplina, céu e inferno, vida e morte. 
Alternativa E: incorreta. O Naturalismo não apresenta as características descritas na 
alternativa. O movimento defende que as condições sociais, aliada ao fator de raça, determina o 
comportamento humano. O movimento ocorreu no século XIX, tempos após a Contrarreforma. 
Gabarito: D. 
 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 148 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela Nogueira. Gramática – texto: análise e construção 
de sentido. São Paulo: Moderna,2006. 
ARISTÓTELES; HORÁCIO; LONGINO. A poética clássica. Trad. Jaime Bruna. São Paulo: 
Cultrix, 2014. 
AUERBACH, Erich. Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. 6. ed. São 
Paulo: Perspectiva, 2015. 
CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: Dantas, Vinicius (Orgs.). Textos de 
intervenção. São Paulo: Duas cidades; Editora 34, 2002. 
CEREJA; William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. 4. ed. São 
Paulo: Atual, 2004 (v. 1). 
______. Texto e interação: uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. 
São Paulo: Atual, 2005. 
CHIAPPINI, Ligia. O foco narrativo. 10. ed. São Paulo: Ática, Digital source. Disponível em: 
https://tinyurl.com/y5vcupmk. Acesso em: 06 set. 2020. 
CUNHA, Manuela Carneiro da. Índios no Brasil: história, direitos e cidadania. São Paulo: Claro 
Enigma, 2012 (Coleção Agenda Brasileira). 
GOMES, Dias. O bem-amado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. 
DIAS, Gonçalves. Canção do Tamoio. Disponível em: https://tinyurl.com/yxuzvedn. Acesso em: 
06 set. 2020. 
DICIONÁRIO Aulete Digital. Disponível em: http://www.aulete.com.br/. Acesso em: 05 set. 2020. 
DICIONÁRIO eletrônico Houaiss. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 
ESCRITAS.ORG. Disponível em: https://www.escritas.org/pt. Acesso em: 06 set. 2020. 
FIORIN, Luiz José; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 13. ed. 
São Paulo: Ática, 1996. 
LUKÁCS, György. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da 
grande épica. 2. ed. Trad. José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Duas Cidades; Editora 
24, 2009. 
MOISÉS, Massaud. Guia prático de análise literária. São Paulo: Cultrix, 1974. 
______. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 2013. 
NORMA CULTA. Classificação de rimas. Disponível em: https://tinyurl.com/yxjl56xt. Acesso 
em: 06 set. 2020. 
ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. 
SARTRE, Jean-Paul. Que é a literatura? Trad. Carlos Felipe Moisés. Petrópolis: Vozes, 2019. 
TAVARES, Hênio. Teoria literária. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002. 
TODA MATÉRIA. Estrofe. Disponível em: https://tinyurl.com/y3gg5kkw. Acesso em: 06 set. 
2020. 
TOLSTÓI, Liév. Anna Kariênina. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo: Cosac Naify, 2005. 
UNICAMP – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Comvest amplia em uma hora o 
tempo de prova na primeira fase do Vestibular Unicamp. Disponível em: 
https://tinyurl.com/46nn6a8r. Acesso em: 08 nov. 2021. 
UNICAMP – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Logotipo. Disponível em: 
https://www.unicamp.br/unicamp/logotipo. Acesso em: 08 nov. 2021. 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 149 
10.1. REFERÊNCIAS DAS IMAGENS DO QUADRO DOS 
MOVIMENTOS LITERÁRIOS 
ARTE BIZANTINA. Imagem bizantina de Cristo. Disponível em: https://tinyurl.com/v6zex2f. 
Acesso em: 3 jun. 2019. 
ARTE DO RENASCIMENTO. David de Michelangelo. Disponível em: https://tinyurl.com/rhnoejq. 
Acesso em: 3 jun. 2019. 
ARTE DO BARROCO. Aleijadinho. Disponível em: https://tinyurl.com/s8exrds. Acesso em: 3 jun. 
2019. 
ARTE DO ARCADISMO. Pastoral de Outono de Francois Boucher. Disponível em: 
https://tinyurl.com/uqpeno8. Acessado em: 3 jun. 2019. 
ARTE DO ROMANTISMO. Viajante sobre o mar de névoa de Caspar David Friedrich. Disponível 
em: https://tinyurl.com/qbnh9a9. Acesso em: 3 jun. 2019. 
ARTE DO REALISMO. O trem de terceira classe de Daumier. disponível em 
https://tinyurl.com/s8j78b5. Acesso em: 3 jun. 2019. 
ARTE DO MODERNISMO. Tempos modernos de Charles Chaplin. Disponível em: 
https://tinyurl.com/vfjv9b2. Acesso em: 3 jun. 2019. 
 
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA 
 
AULA 0 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS 150 
Professora Luana Signorelli 
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
 
 
 
 
Eu me coloco à disposição de vocês para sanar eventuais dúvidas. 
Tenho a meta de responder ao Fórum de Dúvidas, com a qualidade e profundidade 
exigidas, assim como podem me encontrar em redes sociais. E agora também temos Sala VIP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luana Signorelli @luanasignorelli1 
@profa.luana.signorel
li 
Professora 
Luana Signorelli 
/luana.signorelli

Mais conteúdos dessa disciplina