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04 16 (Lista - Aula 7)

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Profª. Natália 
Interpretação de Texto 
 
Página 1 de 1 
 
Aula 7 – Figuras de Linguagem Fonéticas 
 
 
TEXTO I 
 
Leia o poema “Sonetilho do falso Fernando Pessoa”, de 
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que integra o 
livro Claro Enigma, publicado em 1951. 
 
Onde nasci, morri. 
Onde morri, existo. 
E das peles que visto 
muitas há que não vi. 
 
Sem mim como sem ti 
posso durar. Desisto 
de tudo quanto é misto 
e que odiei ou senti. 
 
Nem Fausto1 nem Mefisto2, 
à deusa que se ri 
deste nosso oaristo3, 
 
eis-me a dizer: assisto 
além, nenhuma, aqui, 
mas não sou eu, nem isto. 
 
(Claro enigma, 2012.) 
 
1Fausto: personagem alemão que fez um pacto com o 
diabo. 
2Mefisto: personagem alemão considerando a 
personificação do diabo. 
3oaristo: conversa carinhosa e familiar 
 
 
 
TEXTO II 
 
O mito é o nada que é tudo. 
O mesmo sol que abre os céus 
É um mito brilhante e o mudo – 
O corpo morto de Deus, 
Vivo e desnudo. 
 
Este, que aqui aportou, 
Foi por não ser existindo. 
Sem existir nos bastou. 
Por não ter vindo foi vindo 
E nos criou. 
 
Assim a lenda se escorre 
A entrar na realidade, 
E a fecunda-la decorre. 
Em baixo, a vida, metade 
De nada, morre. 
 
Fernando Pessoa, Mensagem. 
 
 
 
 
TEXTO III 
 
Mulher Proletária - Jorge de Lima 
 
Mulher proletária — única fábrica 
que o operário tem, (fabrica filhos) 
tu 
na tua superprodução de máquina humana 
forneces anjos para o Senhor Jesus, 
forneces braços para o senhor burguês. 
 
Mulher proletária, 
o operário, teu proprietário 
há de ver, há de ver: 
a tua produção, 
a tua superprodução, 
ao contrário das máquinas burguesas 
salvar o teu proprietário. 
 
 
 
TEXTO IV 
 
“Depois viajávamos até ao grande lago onde 
nosso pequeno rio desaguava. Aquele era o lugar das 
interditas criaturas. Tudo o que ali se exibia, afinal, se 
inventava de existir. Pois, aquele lugar se perdia a 
fronteira entre água e terra. Naquelas inquietas calmarias, 
sobre as águas nenufarfalhudas, nós éramos os únicos 
que preponderávamos. Nosso barquito ficava ali, quieto, 
sonecando no suave embalo. O avô, calado, espiava as 
longínquas margens. Tudo em volta mergulhava em 
cacimbações, sombras feitas da própria luz, fosse ali a 
manhã ternamente ensonada. Ficávamos assim, como em 
reza, tão quietos que parecíamos perfeitos.” 
 
Mia Couto, Nas águas do tempo.

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