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10 22 (Filosofia - Caderno 5) [TARDE e NOITE]

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Prof. Maria Helena 
Filosofia & Sociologia 
 
Página 1 de 20 
Filosofia – Caderno 5 
 
SEMANA 1: Teoria Crítica – pensadores da Escola de 
Frankfurt 
 
Escola de Frankfurt 
Instituto de Pesquisa Social, fundado em Frankfurt no 
ano de 1923. Tinha como principal intuito estudar a obra do 
Marx em uma perspectiva interdisciplinar, agregada às 
contribuições da sociologia weberiana e da psicanálise de 
Freud, e relacionada aos problemas da sociedade vigente. Em 
1933, Horkheimer, então reitor da instituição, é exonerado e as 
instalações são depredadas pelo Nazismo. Em 1939, muitos 
pensadores frankfurteanos emigram para os Estados Unidos, 
onde é fundada uma nova sede na Universidade de Columbia, 
em Nova York. A revista “Estudos de Filosofia e Ciência Social” 
volta a ser publicada nos EUA. Em 1950, a Escola é 
reinaugurada em Frankfurt. 
No pós-guerra, os pensadores passam a discutir as 
causas e efeitos do nazismo, assim como os problemas do 
capitalismo e a formação do bloco soviético. Também 
dedicam-se ao estudo das novas formas de produção cultural 
vinculadas ao capitalismo industrial. 
A produção teórica vinculada à Escola de Frankfurt é 
conhecida como teoria crítica: um corpo de estudos voltado 
para a produção de um diagnóstico sobre o tempo presente e 
um prognóstico sobre o rumo do desenvolvimento histórico. 
Volta-se para a prática transformadora das relações sociais 
vigentes. 
 
Principais pensadores: 
Max Horkheimer (1895 – 1973); 
Theodor Adorno (1903 – 1969); 
Walter Benjamin (1892 – 1940); 
Herbert Marcuse (1898 – 1978); 
Jürgen Habermas (1929 - ); 
 
Questão central que perpassa a obra dos pensadores 
frankfurteanos: 
 
Por que as revoluções sociais propostas pelo Iluminismo 
e posteriormente pelo marxismo não haviam se 
consolidado? Por que, ao invés de melhorarmos como 
civilização, estamos entrando em uma nova barbárie? 
Por meio de tais questionamentos, a discussão apresentada 
pelos pensadores vinculados à Escola de Frankfurt relaciona-
se à possibilidade de compreendermos a barbárie (guerras 
mundiais, Holocausto, alienação das massas) no âmago da 
própria civilização. Barbárie e civilização sempre foram 
consideradas forças opostas, mas ao longo do século XX 
encontram-se profundamente conectadas. Como entender 
esse fenômeno e superá-lo? 
 
Adorno e Horkheimer: Dialética do Esclarecimento 
Considerada uma das obras basilares do pensamento da 
Escola de Frankfurt, a Dialética do Esclarecimento foi 
publicada no ano de 1944 com o objetivo de analisar um 
mundo dominado pelo capital e caracterizado pela alienação. 
Adorno e Horkheimer partem da tese de que a razão, outrora 
entendida, nos moldes iluministas, como autonomia e 
esclarecimento, estaria agora asfixiada pelo desenvolvimento 
do capitalismo. 
Os movimentos científicos do século XIX, tais como as teorias 
sobre eugenia e darwinismo social, colocam a ciência a serviço 
dos interesses soberanos das potências. A razão científica 
perde seu conteúdo questionador e torna-se a “verdade” que 
justifica conquistas, guerras e atrocidades. Uma racionalidade 
fria, justificada pelo cientificismo do século XIX, emerge e 
transforma as relações sociais. Seus desdobramentos seriam 
desde o nazifascismo à alienação consumista. 
 
CRÍTICA À RAZÃO INSTRUMENTAL 
 
O projeto de progresso e desenvolvimento social 
evocado pelos iluministas não se concretizou. A razão que 
seria emancipatória torna-se totalitária, pois tem como base o 
controle da natureza comprometido com uma noção de 
progresso material. Utilidade e lucro tornam-se critérios, 
assumidos como racionais, que justificam medidas 
desumanas. Com isso, a razão vai se tornando operacional e 
utilitária, engendrando amplos processos de alienação 
pragmática. Nas mãos da classe dominante, um discurso 
racional tecnicista passa a ser instrumento de controle do ser 
humano. Com isso, Adorno e Horkheirmer apontam que a 
razão instrumental legitima a autoridade do mundo burguês, 
tendo como respaldo o discurso cientificista. 
 
Há uma percepção de que a ciência se encontra 
desprovida de ética, uma vez que as invenções e descobertas 
são legitimadas pelos critérios de utilidade, ou seja, pelo seu 
caráter técnico. O discurso racional científico permite a criação 
da bomba atômica e fornece respaldo ao nazifascismo. 
Acompanhando esse processo, Adorno e Horkheimer 
constatam que há um agravamento dos níveis de alienação 
das massas e uma total ausência de consciência 
revolucionária do proletariado, que se submete à ideologia 
dominante e que se massifica nas relações de consumo. 
 
CRÍTICA À INDÚSTRIA CULTURAL 
 
“Hoje, a obra de arte não transcende o mundo dado, é arte 
sem sonho, e por isso é o mesmo que sono, pois 
adormece a criatividade, a consciência, a sensibilidade, a 
imaginação, o pensamento.” 
 
O Renascimento marca o início de um processo de 
autonomização da esfera artística que gradativamente liberta 
a arte de sua função religiosa e sagrada, atrelada à tradição. 
Ser artista aos poucos torna-se uma profissão. Com o advento 
do mundo burguês, o artista passa a produzir para o mercado. 
No século XV, o surgimento da imprensa marca o início de um 
processo de disseminação do conhecimento e replicação do 
produto cultural. Com a urbanização e os novos meios de 
comunicação de massa, há uma ampliação significativa desse 
processo. 
 
Refletindo esse amplo processo histórico de 
transformações, no século XX desenvolve-se um ramo da 
indústria voltado ao entretenimento, informação e propagação 
das artes e da cultura. 
Indústria Cultural: tal expressão, presente na Dialética do 
Esclarecimento, designa a apropriação das manifestações 
artísticas e culturais pelo mercado. Adorno e Horkheimer 
afirmavam que a máquina capitalista de reprodução e 
distribuição da cultura estaria apagando, aos poucos, a 
autonomia das artes erudita e popular. Isso aconteceria porque 
o valor crítico dessas formas artísticas seria neutralizado no 
momento em que elas se vinculam estritamente ao mercado e 
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Arte_erudita&action=edit&redlink=1
 
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já não possibilitam a participação intelectual dos seus 
espectadores na criação e no fruir consciente das obras. 
 
A indústria cultural seria responsável, assim, por um amplo 
processo de massificação das experiências culturais e pelo 
agravamento dos níveis de alienação. Comprometida com o 
consumo rápido e com o entretenimento fácil, abre caminho ao 
surgimento de novos produtos culturais voltados muito mais 
para a distração do que para o fazer consciente. Por isso, 
Adorno e Horkheimer identificam que as artes se encontram 
submetidas às regras do mercado capitalista e à lógica dessa 
indústria cultural, que alimenta uma prática de consumo de 
ideias e produtos fabricados em série. As obras de arte 
convertem-se em mercadorias, pois deixam de ser 
instigadoras de conhecimento para reduzirem-se à divulgação 
rápida e simples de ideias cuja complexidade e importância 
ficaram perdidas. 
 
Segundo os pensadores frankefurteanos, há uma série de 
problemas relacionados ao surgimento da indústria cultural: 
- ela faz e desfaz “modas” para alimentar a expectativa do 
mercado; 
- ela padroniza os gostos e comportamentos; 
- ela reduz o poder contestador das artes, ao converter a 
produção cultural em entretenimento; 
- ela cria a ilusão de que temos acesso aos bens culturais e de 
que a escolha é livre, mas na verdade somos induzidos a um 
consumo constante que favorece a alienação das 
consciências; 
- ela trabalha, na forma de uma mídia jornalística, com 
informações fragmentadas, muitas vezes sem embasamento, 
conteúdo ou história; 
- a TV muda a capacidade de concentração humana; 
- a publicidade gera uma INFANTILIZAÇÃO: o intervalo de 
tempo entre o desejo e a satisfação é intolerável; 
 
Massa: aglomerado sem forma, sem identidade e sem pleno 
direito à cultura. 
Cultura de massa: cultura padronizada para consumo rápidono mercado da moda e nos meios de comunicação, tornando-
se entretenimento. 
 
Walter Benjamin: a obra de arte na era de sua 
reprodutibilidade técnica 
 
Modernidade 
 
A modernidade percebida por Benjamin é o tempo 
marcado pelo desenvolvimento do capitalismo, pelo progresso 
da técnica, pela industrialização e pela vida nas grandes 
cidades, em que o transitar em meio à multidão e o ritmo 
acelerado da vida tornam-se marcos de uma nova forma de 
percepção que se desenvolve no indivíduo moderno por meio 
do choque com um número cada vez maior de estímulos 
sensórios. O incessantemente novo é alegoria dessa 
modernidade descrita por Benjamin: o novo se cria, mas no 
instante seguinte já se torna obsoleto. Nada, portanto, pode ser 
fixado, não há tempo para experiências efetivas, somente 
vivências fluidas no ritmo alucinante da novidade. Através da 
observação do pensamento de Benjamin, percebemos que o 
autor constrói um posicionamento crítico diante da 
modernidade ao mesmo tempo em que busca alternativas, no 
âmbito da própria modernidade, para novas formas de embate 
com o presente, de modo que os indivíduos possam construir 
experiências mais efetivas e orientarem-se na luta contra a 
opressão política. 
 
Metamorfose da percepção 
 
O desenvolvimento da técnica impõe ao sistema 
sensorial humano um treinamento complexo. Um treinamento 
para que ele possa se adaptar às percepções oriundas do 
choque, que se fazem cada vez mais constantes na grande 
cidade moderna, através das experiências táteis do confronto 
na multidão, do mover-se no tráfego. Benjamin identifica uma 
tendência histórica de mudança nas formas de percepção: “no 
interior de grandes períodos históricos, a forma de percepção 
das coletividades humanas se transforma ao mesmo tempo 
que seu modo de existência. O modo pelo qual se organiza a 
percepção humana, o meio em que ela se dá, não é apenas 
condicionado naturalmente mas historicamente”. Na 
modernidade, segundo Benjamin, há um desses processos de 
metamorfose da percepção, que ele associa historicamente 
aos progressos da técnica e do capitalismo. As formas 
contemporâneas de arte correspondem a essas profundas 
mudanças no aparelho perceptivo. 
As mudanças perceptivas que ocorrem na 
modernidade estão relacionadas à vivência de choque, que se 
torna norma nas grandes cidades, dado o ritmo vertiginoso do 
tempo do progresso. Esse tema, que o preocupa desde seus 
primeiros escritos, torna-se, no decorrer dos anos 30, uma 
parte inerente de sua reflexão sobre as transformações 
estéticas que chegam à maturação no início do século XX e 
subvertem a produção cultural, artística e política. 
 
Declínio da aura 
 
Na modernidade, as obras de arte tornam-se por 
essência reprodutíveis. Com a reprodução, a obra se priva de 
sua existência única, de sua autenticidade, algo que a mantém 
vinculada à tradição. O que se atrofia na era da 
reprodutibilidade técnica da obra de arte é, portanto, a sua 
aura; pois ela destaca a obra do domínio da tradição em que 
ela é produzida, privando-a de sua essência. Segundo 
Benjamin, na modernidade se configura um declínio da aura, o 
que ele associa à crescente intensidade dos movimentos de 
massa. As massas querem possuir os objetos, querem tê-los 
mesmo que sejam cópias, reproduções; querem poder, através 
da imagem dos objetos, fixar sua própria imagem. Essa 
tendência das massas de retirar o objeto de seu invólucro 
acaba por destituir-lhes da aura. Eis uma tendência que se 
propaga no universo cultural do capitalismo, através dos 
movimentos de massificação, através do fetiche que se cria em 
torno da mercadoria. 
Com a reprodução, ao mesmo tempo, a obra de arte 
se emancipa. Ela cada vez mais é criada para ser reproduzida, 
desvinculando-se, assim, da tradição e de seu valor de culto. 
Assim é o caso da fotografia, ou o do cinema, em que a 
reprodução é um processo inerente à própria produção da 
obra. Na medida em que é irrecuperável, tal como a narrativa, 
a discussão sobre autenticidade perde um pouco do sentido. 
Resta saber quais funções podem se criar para essas novas 
linguagens artísticas. 
No cinema, onde a difusão em massa da obra 
reproduzida é obrigatória, Benjamin enxerga grandes 
possibilidades. Diz ele: “O filme serve para exercitar o homem 
nas novas percepções e reações exigidas por um aparelho 
técnico cujo papel cresce cada vez mais em sua vida cotidiana. 
Fazer do gigantesco aparelho técnico do nosso tempo o objeto 
 
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das inervações humanas - é essa a tarefa histórica cuja 
realização dá ao cinema o seu verdadeiro sentido”. Esta 
afirmação vincula o cinema à possibilidade da ação política. A 
montagem, procedimento de construção da realidade fílmica, 
que caracteriza o cinema em sua essência, faz do cinema um 
instrumento importante para o posicionamento revolucionário 
do proletariado no combate à ordem social vigente capitalista; 
e para a luta contra o fascismo. Pois a montagem permite a 
construção e porque o cinema fala necessariamente às 
massas. Para a utilização política do cinema, contudo, é 
preciso que ele se liberte da exploração pelo capitalismo, que 
o faz instrumento de culto ao estrelato, de culto à mercadoria, 
“que estimula a consciência corrupta das massa que o 
fascismo tenta pôr no lugar de sua consciência de classe”.1 
Os procedimentos técnicos de filmagem permitem ao 
cinema penetrar no âmago da realidade (os grandes planos, a 
ênfase nos pormenores ocultos dos objetos, a investigação 
minuciosa dos ambientes, o universo que se cria nos décimos 
de segundo; a possibilidade de ampliar o espaço perceptível, 
de tornar o tempo mais vagaroso com a câmera lenta). “É 
evidente, pois, que a natureza que se dirige à câmera não é a 
mesma que se dirige ao olhar. A diferença está principalmente 
no fato de que o espaço que o homem age conscientemente é 
substituído por outro em que sua ação é inconsciente. (...) O 
gesto de pegar um isqueiro ou uma colher nos é 
aproximadamente familiar, mas nada sabemos sobre o que se 
passa verdadeiramente entre a mão e o metal (...) Aqui 
intervém a câmera com seus inúmeros recursos auxiliares, sua 
imersões e emersões, sua interrupções e isolamentos, sua 
extensões e suas acelerações, suas ampliações e suas 
miniaturizações. Ela nos abre, pela primeira vez, a experiência 
do inconsciente ótico”. Benjamin, através dessa afirmação, 
atribui ao cinema uma característica construtiva fundamental. 
Através de seus procedimentos técnicos, que penetram no 
âmago da realidade, a realização de uma experiência faz-se 
possível. Uma experiência adequada às profundas 
modificações da estrutura perceptiva do homem 
contemporâneo, pois as imagens cinematográficas são 
percebidas através de choques, tal como se dá a vivência na 
modernidade. 
A experiência que o cinema é capaz de fixar deve 
orientar-se para um despertar histórico: é preciso utilizar o 
cinema, enquanto linguagem artística relacionada a um tipo de 
percepção que se desenvolve na modernidade, como veículo 
de luta contra o fascismo. Assim, na visão de Benjamin, 
experiência do cinema requer um posicionamento 
revolucionário orientado pela necessidade de transformação 
da ordem social vigente. 
 
Herbert Marcuse: necessidade x possibilidade 
 
Sua obra é marcada significativamente pelas teorias de Marx 
e Freud. 
 
Na obra “Eros e Civilização”, Marcuse afirma que há 
uma necessidade de repressão de instintos para que se 
configure a vida civilizada. Inspirado por Freud, destaca que a 
história do ser humano é a história de sua repressão, do 
combate ao livre prazer em prol do trabalho, do adiamento do 
princípio do prazer para atender o princípio da realidade. Para 
Marcuse, contudo, essa repressão é parte da constituição da 
vida social, não sendo característica de um momento histórico 
específico, mas ela se potencializa com a racionalidade 
 
 
moderna, uma vez que no capitalismo há uma falsa sensação 
de liberdade vinculadaao prazer proporcionado pelas relações 
de consumo. Essa sensação é ilusória, pois trocamos nosso 
tempo de vida, mediante relações alienadas de trabalho, para 
atender tais demandas de consumo. O consumismo, assim, se 
alimenta de nossos instintos e desejos mais primitivos ao 
mesmo tempo em que nos prende numa espécie de ciclo 
vicioso. A alienação e a massificação têm como consequência 
a formação de um “homem unidimensional”, incapaz de criticar 
a opressão e construir alternativas futuras. Preso ao eterno 
ciclo consumo-trabalho, o homem unidimensional tem a 
impressão de desfrutar de algum grau de liberdade, mas reduz 
sua existência às instâncias materiais, tornando-se mais e 
mais alienado e infantilizado. 
O problema da sociedade moderna seria, então, a 
invasão da mentalidade mercantilista e quantificadora a todos 
os domínios do pensamento. Essa mentalidade se representa 
economicamente pelo valor de troca, ligado de modo íntimo 
aos processos de alienação do homem. As necessidades são 
forjadas e não há possibilidade para que o sujeito as alcance, 
dado o ritmo acelerado das transformações tecnológicas, 
vinculadas a novos produtos que são oferecidos ao consumo. 
Cada produto vincula-se a uma nova necessidade, que se 
torna mobilizadora de outros desejos e frustrações. A ausência 
de dinheiro é um inibidor das possibilidades, mas o dinheiro 
não deixa de ser parte de todo um jogo fictício. O que separa, 
de fato, o indivíduo daquilo que deseja? Do que realmente ele 
necessita? Na modernidade capitalista, o próprio indivíduo 
desconhece de fato quais são suas necessidades e reais 
possibilidades, porém vende sua força de trabalho e tempo de 
vida para obter dinheiro e consumir mais e mais. 
A construção de uma sociedade menos repressiva 
estaria vinculada ao aumento do tempo livre, capaz de 
potencializar outras esferas da vida além do trabalho e 
consumo imediato. Marcuse entende que o tempo livre seria 
consequência do próprio desenvolvimento tecnológico (uma 
vez que com a informatização seriam necessárias menos 
horas de trabalho) e que poderia levar o indivíduo a uma 
condição de emancipação, quando superadas as amarras do 
trabalho alienado e da reificação. No entanto, para isso 
acontecer o indivíduo precisaria desfrutar de suas experiências 
sociais e culturais de modo mais autônomo e crítico, tornando-
se apto a fazer um uso criativo e, portanto, mais significativo 
de seu tempo. 
 
Habermas: teoria da ação comunicativa 
 
Jurgen Habermas é um dos principais expoentes da 
segunda geração da Escola de Frankfurt. Ele dá continuidade 
às discussões sobre a racionalidade instrumental, agora 
inserida no contexto da segunda metade do século XX, 
caracterizada (após queda do Muro de Berlim) pela hegemonia 
do capitalismo tardio, pelo desenvolvimento tecnológico 
avançado e pela formação das democracias contemporâneas. 
Para Habermas, a linguagem funciona como 
interpretação e significação do mundo. Numa sociedade 
emancipatória, predominam as ações comunicativas, nas 
quais os grupos sociais adquirem autonomia e passam a 
intervir nos rumos políticos e sociais, tendo como base as 
discussões racionais em espaços que antes eram dominados 
pelo agir instrumental. O filósofo valoriza as ações dos 
movimentos sociais que fortalecem os grupos minoritários e 
 
Prof. Maria Helena 
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ampliam o debate político, favorecendo a consolidação dos 
governos democráticos. 
Sua preocupação não é romper a lógica instrumental 
do capitalismo, que considera eficiente em termos produtivos, 
mas fortalecer a ação comunicativa e o debate democrático de 
grupos que possam impedir que a razão instrumental tome 
conta da política, da educação, da cultura e de esferas da vida 
que, em uma sociedade livre, deveriam ser moldadas por uma 
racionalidade mais comunicativa, ética e humanitária. 
Dessa forma, Habermas defende medidas que 
incrementem a interação social e o debate racional em um 
mundo tomado pela racionalidade instrumental. Tais medidas, 
em sua ideia, poderiam fortalecer as democracias 
contemporâneas. 
 
Texto complementar: 
 
Kant, Descartes e Locke (como Francis Bacon, antes 
deles) foram todos movidos pelo sonho de uma humanidade 
magistral (quer dizer, coletivamente livre de restrições) – única 
condição na qual, acreditavam, a dignidade humana pode ser 
respeitada e preservada. A soberania da pessoa humana era 
a preocupação declarada e subjetivamente autêntica desses 
filósofos; foi em nome dessa soberania que eles quiseram 
elevar a razão ao cargo de suprema legisladora. E, no entanto, 
havia certa afinidade eletiva entre a estratégia da razão 
legisladora e a prática do poder estatal empenhado em impor 
a ordem desejada sobre a realidade rebelde. Independe dos 
propósitos conscientes dos pensadores, a razão legislativa da 
filosofia moderna e da moderna mentalidade científica em 
geral repercutia as tarefas práticas postuladas pelo Estado 
moderno. (...) 
Muitos cientistas (de meados século XIX ao princípio 
do século XX) eram guiados unicamente por uma 
compreensão adequada e incontestada do papel e da missão 
da ciência – e por um sentimento de dever face à visão da boa 
sociedade, uma sociedade sadia, ordeira. Em especial, eram 
guiados pela convicção nada idiossincrática e tipicamente 
moderna de que o caminho para essa sociedade passa pela 
domesticação final das forças naturais inerentemente caóticas 
e pela execução sistemática, se necessário impiedosa, de um 
plano racional cientificamente concebido. (...) Seguiam as 
regras imparciais da descoberta científica dos fatos e dos 
meios mais racionais para atingir determinados fins (e a 
racionalidade instrumental é, como todos cremos, política e 
moralmente neutra); eles com efeito trabalharam para 
melhorar a condição da raça humana, não inteiramente segura 
quando entregue à espontaneidade da natureza; eles com 
efeito queriam construir um mundo melhor, mais limpo e 
ordenado, mais apropriado ao que quer que se considere vida 
humana adequada. 
Os casos mais extremos e bem documentados de 
“engenharia social” foram produto legítimo do espírito 
moderno, daquela ânsia de auxiliar e expressar o progresso da 
humanidade rumo à perfeição que foi por toda parte a mais 
eminente marca da era moderna – daquela “visão otimista de 
que o progresso científico e industrial removia em princípio 
todas as restrições sobre a passível aplicação do 
planejamento, da educação e da reforma social na vida 
cotidiana”. (...) 
Uma vez assentadas as questões de que a ordem era 
desejável e de que era dever dos governantes administrar sua 
instauração, o resto era questão de frio cálculo de custos e 
efeitos – arte em que o espírito moderno também se 
destacava. Os nazistas não podem reivindicar nenhum crédito 
pela invenção e codificação dessa arte. Se existiu uma 
organização que realmente expressava o temperamento 
moderno, foi a Liga Monista Alemã, de Häckel, com seu 
espírito e programa radicalmente científicos e positivistas. 
Coube ao próprio Häckel enunciar as conclusões lógicas: “pela 
destruição indiscriminada de todos os criminosos incorrigíveis, 
não apenas se tornaria mais fácil a luta pela vida entre as 
melhores parcelas da humanidade, como também um 
vantajoso processo artificial de seleção seria colocado em 
prática, uma vez que a possibilidade de transmitir as qualidade 
prejudiciais seria subtraída àqueles párias”. À medida que a 
cadeia de “genes ruins” diminui raças à combinação de 
“medidas científicas” de destruição física e manipulação 
reprodutiva, a nação conta os benefícios – “redução de custos 
judiciais e de prisão, de gastos e despesas, em favor dos 
pobres”. 
A ciência moderna nasceu dessa esmagadora 
ambição de conquistar a Natureza e subordiná-la às 
necessidades humanas. A insensibilidade da natureza e a 
loquacidade da ciência são atadas num laço de legitimação 
recíproca que não pode se desfazer. Como outro do humano, 
o natural é o oposto do sujeitodotado de vontade e capacidade 
moral. É a poderosa vontade da humanidade como “maestra 
do universo”. Os objetos podem ser rios correndo sem sentido 
na direção errada, “onde não são necessários”. Ou plantas que 
nascem em lugares “onde comprometem a harmonia”. Ou 
animais que não põem o número de ovos ou não desenvolvem 
úberes grandes o bastante para “torná-los úteis”. Ou 
criminosos e bêbados ou débeis mentais que não funcionam 
para nenhuma utilidade significativa e são portanto 
“renaturalizados” em degenerados “ex-humanos”. Ou criaturas 
com cor de pele, forma corporal ou comportamento 
“estranhos”, envolvidas em atividades “sem sentido”, cuja 
presença “não pode servir a nenhum propósito útil”. Qualquer 
coisa que compromete a ordem, a harmonia, o plano, 
rejeitando assim um propósito e um significado, é Natureza. E, 
sendo Natureza, deve ser tratado como tal. 
 
Zygmunt Bauman. Modernidade e Ambivalência. Rio de 
Janeiro: Zahar, 1999. Pp. 34 – 52. 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. (UEM 2012) “Jürgen Habermas (1929) é um dos principais 
representantes da chamada segunda geração da Escola de 
Frankfurt”. Este filósofo elaborou “uma teoria social baseada 
no conceito de racionalidade comunicativa, que se contrapõe 
à razão instrumental” 
 
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena 
Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. revista. São 
Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.200). 
 
Segundo o pensamento de Jürgen Habermas, assinale o que 
for correto. 
 
01) Jürgen Habermas critica a filosofia de René Descartes, por 
considerá-la uma filosofia metafísica fundada em uma 
reflexão solitária, centrada no sujeito. 
02) O positivismo é, para Jürgen Habermas, a teoria e o 
método mais seguro para alcançar um conhecimento 
preciso da realidade social. 
04) O uso da razão instrumental é, para Jürgen Habermas, 
válido, quando se trata de agir sobre objetos ou sobre 
natureza, a fim de suprir as necessidades do homem. 
 
Prof. Maria Helena 
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08) A razão discursiva, que fundamenta a teoria da ação 
comunicativa de Jürgen Habermas, tem como princípio 
que a verdade só pode ser alcançada na relação 
intersubjetiva entre indivíduos que se dispõem a chegar a 
um consenso. 
16) Para Jürgen Habermas, o princípio da situação ideal de 
fala, mesmo sendo contrafactual, é necessário para evitar 
que relações de poder possam desviar a linguagem de seu 
objetivo, isto é, alcançar o entendimento. 
 
2. (UEL 2012) Leia o texto a seguir. 
 
Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está 
ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência única, 
no lugar em que ela se encontra. É nessa existência única, e 
somente nela, que se desdobra a história da obra. Essa 
história compreende não apenas as transformações que ela 
sofreu, com a passagem do tempo, em sua estrutura física, 
como as relações de propriedade em que ela ingressou. Os 
vestígios das primeiras só podem ser investigados por análises 
químicas ou físicas, irrealizáveis na reprodução; os vestígios 
das segundas são o objeto de uma tradição, cuja 
reconstituição precisa partir do lugar em que se achava o 
original. 
 
(BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua 
reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas, Vol. 1: magia 
e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da 
cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 
1994. p.167.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos acerca de Walter 
Benjamin, explique por que as técnicas de reprodução 
provocam a destruição das condições de autenticidade da obra 
de arte. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
 
 
3. (UEL 2012) Leia o texto a seguir. 
 
Os homens sempre tiveram de escolher entre submeter-se à 
natureza ou submeter a natureza ao eu. 
 
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do 
Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio 
de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. p.43.) 
 
Com base no texto, é correto afirmar que a análise de Adorno 
e Horkheimer estabeleceu a ideia de que o homem 
 
I. interage com a natureza de maneira pacífica, assimilando a 
de forma idílica. 
II. age com astúcia diante dos fenômenos naturais, ao forjar 
uma relação de instrumentalidade com a natureza. 
III. esclarecido e com pleno domínio da natureza promove a 
sua autoconsciência. 
IV. apreende a natureza visando controlá-la, o que resulta na 
submissão dela. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
 
 
4. (UEL 2012) Leia o texto a seguir. 
 
O ser humano, no decorrer da sua existência na face da terra 
e graças à sua capacidade racional, tem desenvolvido formas 
de explicação do que há no intuito de estabelecer um nexo de 
sentido entre os fenômenos e as experiências por ele 
vivenciados. Essas vivências, à medida que são passíveis de 
expressão através das construções simbólicas contidas na 
linguagem, apresentam um caráter eminentemente social. 
 
(HANSEN, Gilvan. Modernidade, Utopia e Trabalho. Londrina: 
Edições Cefil, 1999. p.13.) 
 
Com base na obra Molhe Espiral, no texto e nos 
conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, assinale a 
alternativa correta. 
 
a) A linguagem, em razão de sua dimensão material, inviabiliza 
a (re)produção simbólica da sociedade. 
b) As construções simbólicas se valem do apreço instrumental 
e do valor mercantil. 
c) A importância do simbólico na sociedade decorre de sua 
adequação aos parâmetros funcionais e técnicos. 
d) A dimensão simbólica da sociedade é inerente à forma como 
o homem assegura sentido à realidade. 
e) A forma de expressão dos elementos simbólicos na arena 
social deve atender a uma utilidade prática. 
 
5. (UFPA 2011) “Adorno e Horkheimer (os primeiros, na 
década de 1940, a utilizar a expressão “indústria cultural” tal 
como hoje a entendemos) acreditam que esta indústria 
desempenha as mesmas funções de um estado fascista (...) 
na medida em que o individuo é levado a não meditar sobre si 
mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante, 
transformando-se em mero joguete e em simples produto 
alimentador do sistema que o envolve.” 
 
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(COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São Paulo, 
Editora Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado) 
 
Adorno e Horkeimer consideram que a indústria cultural e o 
Estado fascista têm funções similares, pois em ambos ocorre 
 
a) um processo de democratização da cultura ao colocá-la ao 
alcance das massas o que possibilita sua conscientização. 
b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de julgar o valor 
das obras artísticas e bens culturais, assim como de 
conviver em harmonia com seus semelhantes. 
c) o aprimoramento do gosto estético por meio da indústria do 
entretenimento, em detrimento da capacidade de reflexão. 
d) um processo de alienação do homem, que leva o indivíduo 
a perder ou a não formar uma imagem de si e da sociedade 
em que vive. 
e) o aprimoramento da formação cultural do individuo e a 
melhoria do seu convívio social pela inculcação de valores, 
de atitudes conformistas e pela eliminação do debate, na 
medida em que este produz divergências no âmbito da 
sociedade. 
 
6. (UNESP 2011) “Em troca dos artigos que enriquecem sua 
vida, os indivíduos vendem não só seu trabalho, mas também 
seu tempo livre. As pessoas residem em concentrações 
habitacionais e possuem automóveis particulares com os quais 
já não podem escapar para um mundo diferente. Têm 
gigantescas geladeiras repletas de alimentos congelados. Têm 
dúzias de jornais e revistas que esposam os mesmos ideais. 
Dispõem de inúmeras opções e inúmeros inventos que sãotodos da mesma espécie, que as mantêm ocupadas e distraem 
sua atenção do verdadeiro problema, que é a consciência de 
que poderiam trabalhar menos e determinar suas próprias 
necessidades e satisfações”. 
 
(Herbert Marcuse, filósofo alemão, 1955.) 
 
Caracterize a noção de liberdade presente no texto de 
Marcuse, considerando a relação estabelecida pelo autor entre 
liberdade, progresso técnico e sociedade de consumo. 
 
7. (UEL 2011) Leia o texto a seguir. 
 
 Em Técnica e Ciência como “ideologia”, Habermas 
apresenta uma reformulação do conceito weberiano de 
racionalização pela qual lança as bases conceptuais de sua 
teoria da sociedade. Neste sentido, postula a distinção 
irredutível entre trabalho ou agir instrumental e interação ou 
agir comunicativo, bem como a pertinência da conexão 
dialética entre essas categorias, das quais deriva a 
diferenciação entre o quadro institucional de uma sociedade e 
os subsistemas do agir racional com respeito a fins. Segundo 
Habermas, uma análise mais pormenorizada da primeira parte 
da Ideologia Alemã revela que “Marx não explicita 
efetivamente a conexão entre interação e trabalho, mas sob o 
título nada específico da práxis social reduz um ao outro, a 
saber, a ação comunicativa à instrumental”. 
 
(Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como 
“ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento 
de Habermas, é correto afirmar: 
 
a) O crescimento das forças produtivas e a eficiência 
administrativa conduzem à organização das relações 
sociais baseadas na comunicação livre de quaisquer formas 
de dominação. 
b) A liberação do potencial emancipatório do desenvolvimento 
da técnica e da ciência depende da prevenção das 
disfuncionalidades sistêmicas que entravam a reprodução 
material da vida e suas respectivas formas interativas. 
c) O desenvolvimento da ciência e da técnica, enquanto forças 
produtivas, permite estabelecer uma nova forma de 
legitimação que, por sua vez, nega as estruturas da ação 
instrumental, assimilando-as à ação comunicativa. 
d) Com base na irredutibilidade entre trabalho e interação, a 
luta pela emancipação diz respeito tanto ao agir 
comunicativo, contra as restrições impostas pela 
dominação, quanto ao agir instrumental, contra as restrições 
materiais pela escassez econômica. 
e) A racionalização na dimensão da interação social submetida 
à racionalização na dimensão do trabalho na práxis social 
determina o caráter emancipatório do desenvolvimento das 
forças produtivas e do bem-estar da vida humana. 
 
8. (UEL 2011) Leia o texto a seguir. 
 
 Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida, imagina 
uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento humano poderia 
ser removido pelo desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento do 
conhecimento científico, o qual permitiria uma crescente 
dominação da natureza e um suposto afastamento do mito. Na 
obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer 
defendem que o projeto iluminista de afastamento do mito foi 
convertido, ele próprio, em mito, caindo no dogmatismo e em 
numa forma de mitologia. O progresso técnico-científico 
consiste, para Adorno e Horkeheimer, no avanço crescente da 
racionalidade instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas 
que afrontam a moral, como foram, por exemplo, os campos 
de concentração nazistas. 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o 
desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar: 
 
a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade 
instrumental aliviaria as causas do sofrimento humano, 
apesar de a razão, a longo prazo, sucumbir novamente ao 
mito. 
b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso 
científico não consegue superar o mito, mas se torna um tipo 
de concepção mítica incapaz de discriminar o que é certo 
do que é errado moralmente. 
c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente avanço 
da racionalidade instrumental consistia num incremento da 
capacidade humana de avaliar moralmente. 
d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de domínio 
do homem sobre a natureza conduziria os seres humanos a 
uma forma de dogmatismo. 
e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o progresso 
técnico e científico como a solução para os sofrimentos 
humanos e para as incertezas morais humanas. 
 
9. (UEL 2010) Leia o texto a seguir: 
 
 “A ideia de progresso manifesta-se inicialmente, à 
época do Renascimento, como consciência de ruptura. [...] No 
século XVIII tal ideia associa-se à consciência do caráter 
progressivo da civilização, e é assim que a encontramos em 
 
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Voltaire. Tal como para Bacon, no início do século XVII, o 
progresso também é uma espécie de objeto de fé para os 
iluministas. [...] A certeza do progresso permite encarar o futuro 
com otimismo”. 
 
(Adaptado de: FALCON, F. J. C. Iluminismo. 2. ed. São 
Paulo: Ática, 1989, p. 61-62.) 
 
Na primeira metade do século XX, a ideia de progresso 
também se transformou em objeto de análise do grupo de 
pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social vinculado à 
Universidade de Frankfurt. 
 
Tendo como referência a obra de Adorno e Horkheimer, é 
correto afirmar: 
 
a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os autores 
entendem que a superação do modelo de racionalidade 
inerente aos conflitos do século XX depende do justo 
equilíbrio entre uso público e uso privado da razão. 
b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do iluminismo 
de libertar os homens do medo, da magia e do mito e torná-
los senhores autônomos e livres mediante o uso da ciência 
e da técnica, foi atingido. 
c) Os autores propõem como alternativa às catástrofes da 
primeira metade do século XX um novo entendimento da 
noção de progresso tendo como referência o conceito de 
racionalidade comunicativa. 
d) Como demonstra a análise feita pelos autores no texto “O 
autor como produtor”, o ideal de progresso consolidado ao 
longo da modernidade foi rompido com as guerras do século 
XX. 
e) Em obras como a Dialética do esclarecimento, os autores 
questionam a compreensão da noção de progresso 
consolidada ao longo da trajetória da razão por ela estar 
vinculada a um modelo de racionalidade de cunho 
instrumental. 
 
10. (UEL 2010) Leia o seguinte texto de Adorno e Horkheimer: 
 
O esclarecimento, porém, reconheceu as antigas 
potências no legado platônico e aristotélico da metafísica e 
instaurou um processo contra a pretensão de verdade dos 
universais, acusando-a de superstição. Na autoridade dos 
conceitos universais ele crê enxergar ainda o medo pelos 
demônios, cujas imagens eram o meio, de que se serviam os 
homens, no ritual mágico, para tentar influenciar a natureza. 
Doravante, a matéria deve ser dominada sem o recurso ilusório 
a forças soberanas ou imanentes, sem a ilusão de qualidades 
ocultas. O que não se submete ao critério da calculabilidade e 
da utilidade torna-se suspeito para o esclarecimento. 
 
(ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do 
Esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Tradução de Guido 
Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985, p. 
21.) 
 
Com base no texto e no conceito de esclarecimento de Adorno 
e Horkheimer, é correto afirmar: 
 
a) O esclarecimento representa, em oposição ao modelo 
matemático, a base do conhecimento técnico-científico que 
sustenta o modo de produção capitalista na viabilização da 
emancipação social. 
b) O esclarecimento demonstra o domínio substancial da razão 
sobre a natureza interna e externa e a realização da 
emancipação social levada adiante pelo capitalismo. 
c) O esclarecimento compreende a realização romântica da 
racionalidade que acentuou, de forma intensa, a interação 
harmônica entre homem e natureza. 
d) O esclarecimento abrange a racionalização das diversas 
formas e condições da vida humana com o objetivo de tornar 
o ser humano mais feliz, quando da realização de práticas 
rituais ereligiosas. 
e) O esclarecimento concebe o abandono gradual dos 
pressupostos metafísicos e a operacionalização do 
conhecimento por meio da calculabilidade e da utilidade, 
redundando num modelo próprio de razão instrumental. 
 
11. (UEM 2010) “Etimologicamente a palavra alienação vem 
do latim alienare, alienus, ‘que pertence a um outro’. Alius é o 
outro. Portanto, sob determinado aspecto, alienar é tornar 
alheio, transferir para outrem o que é seu”. 
 
(ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: 
introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 
45). 
 
Em relação à citação, assinale o que for correto. 
01) Karl Marx considera que a alienação acontece numa forma 
de divisão social do trabalho em que o produto do trabalho 
deixa de pertencer a quem o produziu. 
02) Para Ludwig Feuerbach, o homem aliena-se na religião, 
pois o homem religioso confere ao ente sobrenatural sua 
própria essência e qualidades, como se fossem atributos 
do ser sobrenatural. 
04) Autores expoentes da teoria crítica, tais como Theodor W. 
Adorno e Herbert Marcuse, afirmam que, na sociedade 
capitalista, as necessidades são artificialmente 
estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de 
massa, os quais levam os indivíduos a consumirem de 
maneira alienada. 
08) A arte abstrata é alienada, pois perpetua os paradigmas da 
concepção estética clássica, fundamentada nos princípios 
aristotélicos da mímesis. 
16) O taylorismo e o fordismo são formas de organizar o 
processo de trabalho que permitem acabar com a 
alienação do trabalhador. 
 
12. (UEL 2009) Texto 
 
“Se você é o que você come, e consome comida 
industrializada, você é milho”, escreveu Michael Pollan no livro 
O Dilema do Onívoro, lançado este ano no Brasil. Ele estima 
que 25% da comida industrializada nos EUA contenha milho 
de alguma forma: do refrigerante, passando pelo Ketchup, até 
as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso 
se não contarmos vacas e galinhas que são alimentadas quase 
exclusivamente com o grão. 
O milho foi escolhido como bola da vez ao seu baixo preço no 
mercado e também porque os EUA produzem mais da metade 
do milho distribuído no mundo. 
 
(Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida 
agora vira combustível. 
Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p.33.) 
 
 
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Com base no texto e nos conhecimentos sobre o 
desenvolvimento do capitalismo e a indústria cultural, 
considere as afirmativas. 
 
I. O capitalismo contemporâneo tornou a globalização um 
fenômeno que intensificou a padronização e a 
homogeneização como formas de reprodução técnica 
criadas a partir da revolução industrial. 
II. A abertura comercial dos portos das colônias americanas 
resultou no cercamento dos campos, facilitando o comércio 
pelo acúmulo de capitais e, em consequência, a revolução 
industrial. 
III. A crítica filosófica à instrumentalização cultural constata que 
o predomínio da racionalidade técnica permitiu o resgate do 
potencial emancipatório da razão sonhado pelo projeto 
iluminista. 
IV. Com o avanço tecnológico, a racionalidade técnica penetra 
todos os aspectos da vida cotidiana, subjugando o homem 
a um processo de instrumentalização cultural e 
homogenização de comportamentos. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
13. (UEL 2009) O debate nascido nos anos 80 sobre a crise da 
modernidade tem como pano de fundo a consciência do 
esgotamento da razão, no que se refere a sua incapacidade de 
encontrar perspectivas para o prometido progresso humano. O 
pensamento de Habermas situa-se no contexto dessa crítica. 
A racionalidade ocidental, desde Descartes, pretendeu a 
autonomia da razão, baseada no sujeito que solitariamente 
representa o mundo. [...] A racionalidade prevalente na 
modernidade é a instrumental[...]. 
 
(HERMANN, N. O pensamento de Habermas. In: Filosofia. 
Sociedade e Educação. Ano I, n.I. Marília: UNESP, 1997. p. 
122-1 23.) 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Teoria Crítica 
de Adorno e Horkheimer e sobre o pensamento de Jürgen 
Habermas, é correto afirmar que a racionalidade Instrumental 
constitui 
 
I. um conhecimento que se processa a partir das condições 
especificas da objetividade empírica do fato em si. 
II. o processo de entendimento entre os sujeitos acerca do uso 
racional dos instrumentos técnicos para o controle da 
natureza. 
III. uma forma de uso amplo da razão, que torna o homem livre 
para compreender a si mesmo a partir do domínio do 
conhecimento científico. 
IV. um saber orientado para a dominação e o controle técnico 
sobre a natureza e sobre o próprio ser humano. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
 
14. (UEL 2009) Com base no pensamento estético de Adorno 
e Benjamin, considere as afirmativas a seguir. 
 
I. Apesar de terem o mesmo ponto de partida, a saber, a 
análise crítica das técnicas de reprodução, Adorno e 
Benjamin chegam a conclusões distintas. Adorno entende 
que a reprodutibilidade das obras de arte é algo negativo, 
pois transforma esta última em mercadoria; para Benjamin, 
apesar de a reprodutibilidade ter aspectos negativos, uma 
forma de arte como o cinema pode ser usada potencialmente 
em favor da classe operária. 
II. Para Adorno, o discurso revolucionário na arte torna esta 
forma de expressão humana instrumentalista, e isto significa 
abolir a própria arte. Por seu turno, Benjamin considerava 
que os novos meios de comunicação não deveriam ser 
substituídos, mas sim transformados ou subvertidos 
segundo os interesses da comunicação burguesa. 
III. Para Adorno, a noção de aura na obra de arte preservava 
a consciência de que a realidade poderia ser melhor, mas 
o processo de massificação da arte dissolveu tal noção e, 
com ela, a dimensão critica da arte. Para Benjamin, a perda 
da aura destruiu a unicidade e a singularidade da obra de 
arte, que perde o seu valor de culto e se torna acessível. 
IV. Adorno vê positivamente a reprodutibilidade da arte, já que 
a obra de arte se transforma em mercadoria padronizada 
que possibilita a todos o acesso e o desenvolvimento do 
gosto estético autônomo; para Benjamin, a reprodução tem 
como dimensão negativa essencial o fato de impossibilitar 
às massas o acesso às obras. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e III são corretas. 
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
 
15. (UEL 2009) Sobre a crítica frankfurtiana à concepção 
positivista de ciência e técnica, é correto afirmar que a 
racionalidade técnica 
 
I. dissocia meios e fins e redunda na adoração fetichista de 
seus próprios meios. 
II. constitui um saber instrumental cujo critério de verdade é o 
seu valor operativo na dominação do homem e da natureza. 
III. aprimora a ação do ser humano sobre a natureza e resgata 
o sentido da destinação humana. 
IV. incorpora a reflexão sobre o significado e sobre os fins da 
ciência no contexto social. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.16. (UEL 2008) Sobre a “indústria cultural”, segundo Adorno e 
Horkheimer, é correto afirmar: 
 
a) Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus 
consumidores. 
 
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b) Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das 
massas. 
c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na recepção 
da arte. 
d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus 
consumidores. 
e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus 
consumidores. 
 
17. (UEM 2008) A expressão indústria cultural foi empregada 
pela primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento, escrito 
por Horkheimer e Adorno, filósofos de tendência marxista 
pertencentes à Escola de Frankfurt. Designa-se com essa 
expressão uma cultura produzida em série, para o mercado de 
consumo em massa, na qual a realização cultural deixa de ser 
um instrumento de crítica do conhecimento para transformar-
se em uma mercadoria qualquer cujo valor é, antes de tudo, 
monetário. Assinale o que for correto. 
 
01) A origem da indústria cultural pode ser encontrada na 
prática dos mecenas, particularmente italianos, que 
financiavam, durante o Renascimento, a produção das 
grandes obras de arte. 
02) Na indústria cultural, o consumidor não é rei, como ela 
gostaria de o fazer crer, o consumidor não é o sujeito da 
produção cultural, mas seu objeto. 
04) A indústria cultural eleva o nível cultural da maioria da 
população e aprimora a apreciação da qualidade estética 
do universo das artes. 
08) A indústria cultural é expressão da ideologia capitalista; 
sob seu poderio, as obras de arte foram esvaziadas de seu 
caráter criador e crítico, alienaram-se para tornarem-se 
puro entretenimento, isto é, objetos de consumo para um 
espectador cuja ausência de reflexão o torna passivo. 
16) A partir da segunda revolução industrial no século XIX, as 
artes usufruem uma fase de produção autônoma; com o 
advento da indústria cultural, tornam-se dependentes das 
necessidades mercadológicas do capital. 
 
18. (UEL 2007) “Em suma, o que é a aura? É uma figura 
singular, composta de elementos espaciais e temporais: a 
aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela 
esteja. Observar, em repouso, numa tarde de verão, uma 
cadeia de montanhas no horizonte, ou um galho, que projeta 
sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas 
montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil 
identificar os fatores sociais específicos que condicionam o 
declínio atual da aura. Ele deriva de duas circunstâncias, 
estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade dos 
movimentos de massas. Fazer as coisas ‘ficarem mais 
próximas’ é uma preocupação tão apaixonada das massas 
modernas como sua tendência a superar o caráter único de 
todos os fatos através da sua reprodutibilidade”. 
 
Fonte: BENJAMIN, W. “A obra de arte na era de sua 
reprodutibilidade técnica”. In: Magia e Técnica, Arte e Política. 
Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São 
Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170. 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre Benjamin, 
assinale a alternativa correta: 
 
a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra de arte 
perdeu sua aura. 
b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte perderam sua 
qualidade aurática. 
c) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a distância 
e a transcendência dos objetos artísticos. 
d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a 
reprodutibilidade técnica. 
e) O declínio da aura não tem relação com as transformações 
contemporâneas. 
 
19. (UEL 2005) Analise a figura a seguir. 
 
 
 
“Parece que enquanto o conhecimento técnico expande o 
horizonte da atividade e do pensamento humanos, a 
autonomia do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade 
de opor resistência ao crescente mecanismo de manipulação 
das massas, o seu poder de imaginação e o seu juízo 
independente sofreram aparentemente uma redução. O 
avanço dos recursos técnicos de informação se acompanha de 
um processo de desumanização. Assim, o progresso ameaça 
anular o que se supõe ser o seu próprio objetivo: a ideia de 
homem”. 
 
(HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Trad. de Sebastião 
Uchôa Leite. Rio de Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1976. 
p. 6.) 
 
Com base no texto, na imagem e nos conhecimentos sobre 
racionalidade instrumental, é correto afirmar: 
 
a) A imagem de Chaplin está de acordo com a crítica de 
Horkheimer: ao invés de o progresso e da técnica servirem 
ao homem, este se torna cada vez mais escravo dos 
mecanismos criados para tornar a sua vida melhor e mais 
livre. 
b) A imagem e o texto remetem à ideia de que o 
desenvolvimento tecnológico e o extraordinário progresso 
permitiram ao homem atingir a autonomia plena. 
c) Imagem e texto apresentam o conceito de racionalidade que 
está na estrutura da sociedade industrial como viabilizador 
da emancipação do homem em relação a todas as formas 
de opressão. 
d) Enquanto a imagem de Chaplin apresenta a autonomia dos 
trabalhadores nas sociedades contemporâneas, o texto de 
Horkheimer mostra que, quanto maior o desenvolvimento 
tecnológico, maior o grau de humanização. 
e) Tanto a imagem quanto o texto enaltecem a inevitável 
instrumentalização das relações humanas nas sociedades 
contemporâneas. 
 
GABARITO: 
 
1. 29 3. [B] 4. [D] 5. [D] 6. [D] 
7. [B] 8. [E] 9. [E] 10. 07 11. [B] 
12. [B] 13. [B] 14. [A] 15. [D] 16. 26 
17. [C] 18. [A] 
 
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SEMANA 2: Schopenhauer e Nietzsche 
 
1. Schopenhauer (1788 – 1860) 
 
Arthur Schopenhauer descende de uma família rica e 
cosmopolita em Danzing (atualmente Polônia), que 
posteriormente transfere-se para Hamburgo. Esperava-se que 
Arthur se tornasse um notório comerciante, como seu pai. 
Após o falecimento de seu pai, possivelmente em decorrência 
de um suicídio, Schopenhauer resolve abandonar o comércio 
e inicia seus estudos de Filosofia. Mantém uma relação 
problemática com a mãe ao longo de toda a vida, 
frequentemente culpando-a pela morte do pai. Torna-se 
professor na Universidade de Berlim e vive seus últimos anos 
em isolamento, apenas com a companhia de seus cachorros, 
na cidade de Frankfurt. 
Schopenhauer foi influenciado pelas ideias de Kant, 
particularmente em relação à sua concepção fenomenológica. 
Isso significa que, para ele, o mundo não passa de uma 
REPRESENTAÇÃO, em que temos de um lado o objeto 
definido pelo tempo e espaço e de outro a consciência 
subjetiva, essencial para que o mundo exista. O que 
percebemos do mundo não transcende os limites do próprio 
campo de visão subjetivo. Nossa subjetividade é muito mais 
ampla e contundente do que nossa racionalidade, uma vez que 
somos movidos por uma força maior, que rege toda a natureza, 
a qual o filósofo chama de VONTADE. 
 
A vontade – querer irracional e inconsciente – é a força que 
movimenta as ações humanas. O homem, egoísta, vive a 
ilusão de que é o centro de tudo. A vontade manifesta-se na 
forma de nossos desejos mais básicos, induzindo-nos a viver 
em constante desapontamento e frustação na tentativa de 
aliviar tais anseios. O indivíduo busca sua própria conservação 
e satisfação das necessidades físicas e psicológicas e 
concebe o mundo sempre a partir de si mesmo. Alteram-se 
momentos de dor e frustação a momentos de tédio, numa 
dinâmica que tem como substrato maior a insatisfação e o 
sofrimento. 
O ser é o próprio desejo. Por isso, o sofrimento é o 
substrato de toda a vida. Desejo é sofrimento, pois nasce de 
uma falta. O prazer é apenas uma supressão momentânea da 
dor. O “pessimismo” de Schopenhauer nasce dessa visão do 
sofrimento como parte da natureza humana. 
 
Crítica a Hegel: não há um princípio de racionalidade 
organizando, regendo o mundo físico. A realidade não é um 
plano racional dotado de sentido, mas fruto de uma Vontade 
irracional e sem propósito. As coisas apenasbuscam se 
preservar e, por isso, muitas vezes se põem em conflito. 
A moral da sociedade é apenas uma repressão do 
desejo e, diferente de Kant, não resulta de uma concepção 
racional acerca do bem. Somente por meio da experiência de 
compaixão o indivíduo pode superar o seu egocentrismo, uma 
vez que passaria a reconhecer o outro como alguém igual a si. 
A consciência ética resultaria, portanto, de uma negação da 
vontade (influência do Budismo). 
 
A contemplação estética – especialmente da música – e a 
expressão artística (que leva o sujeito ao autoconhecimento) 
também podem levar ao alívio dessa condição miserável em 
que se encontra. 
“A partir dessa impossibilidade de satisfação, dessa 
perpétua condenação ao desejo, Schopenhauer estabelece a 
célebre fórmula: 'A vida oscila, portanto, como um pêndulo, da 
direita para a esquerda, da dor ao tédio. O movimento da vida 
está submetido ao movimento do desejo, e o desejo tem por 
princípio uma necessidade, uma falta, logo uma dor'. A alegria 
do homem é apenas uma felicidade negativa, a alegria de se 
recusar à vontade e, assim, evitar os aborrecimentos. 
Enquanto dominado pela vontade, ele conhece apenas a 
oscilação entre tédio e dor. Portanto, para Schopenhauer, o 
sofrimento é o substrato de toda a vida. (…) 
Da experiência de compaixão – reconhecimento de 
que todos os seres são, na verdade, um mesmo ser – surgem 
na consciência moral os valores de justiça e da caridade e, 
portanto, a superação do egoísmo. Por estar baseada num 
sentimento, a moral não recebe uma forma imperativa: 
Schopenhauer condena toda a moral prescritiva, que se 
baseia numa noção de dever”. 
(Flamarion Caldeira Ramos. Schopenhauer: uma visão 
desencantada da existência. IN: Revista Mente, Cérebro e 
Filosofia, volume 4: O Outro Lado da Racionalidade, 2005) 
2. Nietzsche (1844 – 1900) 
 
Friedrich Nietzsche nasceu na Prússia, numa família 
luterana. Desde cedo pensou em seguir a carreira de pastor, 
entretanto, rejeitou a crença religiosa durante sua 
adolescência e o seu contato com a filosofia afastou-o da 
carreira teológica. Iniciou seus estudos em filologia clássica e 
teologia evangélica na Universidade de Bonn. Aos 24 anos 
tornou-se professor na Universidade de Basel, onde conheceu 
Richard Wagner, que o influenciou fortemente – até o 
antissemitismo do músico levar Nietzsche a romper a amizade. 
Sofreu muitos problemas de saúde ao longo da vida e, por 
conta disso, foi forçado a deixar o cargo de professor em 1879. 
Após muitas viagens pela Europa, sofreu uma espécie de 
colapso mental em 1889, do qual nunca se recuperou. Passou 
seus últimos anos sob os cuidados de sua mãe e de sua irmã 
mais nova. 
A obra filosófica de Nietzsche, sempre muito enigmática e 
complexa, centra-se em torno de uma contundente crítica aos 
parâmetros morais (religiosos) e de racionalidade que 
fundamentam a cultura ocidental. Tais parâmetros teriam 
aniquilado qualquer possibilidade de afirmação da vida, 
tornando-se sua própria negação. O filósofo atrela tais 
parâmetros ao que chama de “espírito apolíneo”, que 
compreende a postura filosófico-científica. Essa postura nos 
afasta da natureza e das forças vitais, sendo antagônica ao 
que chama de “espírito dionisíaco”, que simboliza o aspecto 
não racional da vida humana. 
O Cristianismo surge nesse contexto apolíneo como uma 
espécie de popularização de ideais já presentes na filosofia de 
Sócrates e de Platão: negar tudo o que se relaciona ao corpo 
em prol de uma racionalidade maior capaz de conduzir o 
homem ao Bem, à verdade. A moral do cristianismo seria a 
própria negação da vida, uma vez que submete tudo o que 
corpóreo à noção de pecado e orienta o sujeito a uma salvação 
após a morte. Seria, portanto, uma moral de rebanho, centrada 
em valores como resignação, autopiedade, controle dos 
instintos e submissão. 
Nietzsche opõe essa “moralidade dos fracos” a uma moral 
de senhor. Resgata a noção de vontade schopenhauriana, 
mas não a valora negativamente. Acredita que o sujeito deva 
derrubar os parâmetros morais que o aprisionam e realizar sua 
vontade de potência. Assim, afirmar a vida, para Nietzsche, 
significa superar a moral vigente. Por isso, deve-se “matar 
Deus”: superar a fase de reverência a um ser superior (criação 
discursiva do próprio homem) e passar a cultuar a vida, por 
meio de uma nova ética – equilíbrio entre a razão e os desejos. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Bonn
 
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“Dado que se tenha compreendido o caráter hediondo 
dessa revolta contra a vida, que se tornou quase sacrossanta 
na moral cristã, compreendeu-se também, felizmente, uma 
outra coisa: uma condenação da vida por parte do vivente é 
apenas um sintoma de uma determinada espécie de vida. 
Disto se segue que também que essa antinatureza de moral, 
que concebe deus como antítese e condenação da vida, é 
apenas um juízo de valor da vida - de qual vida? de qual 
espécie de vida? - Já dei a resposta: da vida declinante, 
enfraquecida, cansada, condenada. A moral – tal como até 
hoje foi entendida – tal como formulada também por 
Schopenhauer enfim, como “negação da vontade de vida” - é 
o instinto mesmo de decadência que se converte em 
imperativo: ela diz “pereça” - ela é o juízo dos condenados... 
(Nietzsche, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos ou como se 
filosofa com o martelo. São Paulo: Cia das Letras, 2006; pp. 
33-38) 
 
O homem é uma corda estendida entre o animal e o além 
homem: uma corda sobre um abismo. Esta afirmação marca 
um de seus mais famosos livros, chamado Assim Falou 
Zaratustra, em que Nietzsche debate a condição humana e 
afirma a necessidade da superação de uma fase de reverência 
a um ser superior. Para o filósofo, não há verdades em nossas 
crenças, em nossas filosofias, tampouco em nossos 
parâmetros morais. Tudo o que usamos para nos embasar são 
unidades discursivas que carregam ideias, mas não verdades. 
Assim, não podemos reverenciar nossa vida em muletas 
metafísicas, noções parcas que usamos para atribuir algum 
sentido ao caos, se essas próprias muletas nos impedem de 
viver. Nietzsche evoca, assim, o além homem, capaz de 
superar tal fase de reverência a deus (matar deus) e afirmar a 
vida, mesmo que não consiga atribuir um sentido metafísico a 
suas experiências. 
“Nietzsche acreditava que certos conceitos tornam-se 
indissociavelmente emaranhados: humanidade, moralidade, 
Deus. Quando seus personagem Zaratustra diz que Deus está 
morto, não apenas lançou um ataque contra a religião, mas fez 
algo muito mais audacioso. Deus, aqui, não significa aqui o 
deus sobre o qual os filósofos falam ou para o qual os 
religiosos rezam: ele significa a soma total dos valores mais 
elevados que podemos ter. A morte de Deus não é apenas a 
morte de uma deidade. É também a morte detodos os valores 
ditos elevados que herdamos. 
Um dos objetivos centrais da filosofia de Nietzsche é o que ele 
chamou de revaloração de todos os valores, uma tentativa 
de questionar todas as maneiras habituais de pensar sobre 
ética e sobre os sentidos e objetivos da vida. Nietzsche insistiu 
que, ao fazer isso, estava inaugurando uma filosofia da alegria 
– que, embora subverta tudo o que imaginamos até agora 
sobre bem e mal, procura afirmar a vida.” 
(O Livro da Filosofia – Ed. Globo, 2011) 
 
“Pensamento 283 – Principal defeito dos homens de ação 
Aos homens de ação falta geralmente a atividade 
superior: refiro-me à individual. 
Eles agem como funcionários, comerciantes, eruditos, 
dito de outro modo, como representantes de uma espécie, mas 
não como homens determinados, individualizados e únicos; 
nesse aspecto, são preguiçosos. 
A infelicidade dos homens de ação é que sua atividade 
é quase sempre um pouco irracional. Não se pode, por 
exemplo, perguntar ao banqueiro que acumula dinheiro qual o 
objetivo de sua incansável atividade: ela é irracional.Os 
homens de ação rolam como rola a pedra, seguindo a lei bruta 
da mecânica. 
Todos os homens se dividem, como em todos os 
tempos até nossos dias, em escravos e livres; pois quem não 
tiver para si dois terços do seu dia é um escravo, seja ele, de 
resto, o que quiser: político, comerciante, funcionário, erudito.” 
(Friederich Nietzsche, Humano, demasiado humano - 1878) 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. (UEG 2011) No século XIX, o filósofo alemão Friedrich 
Nietzsche vislumbrou o advento do “super-homem” em reação 
ao que para ele era a crise cultural da época. Na década de 
1930, foi criado nos Estados Unidos o Super-Homem, um dos 
mais conhecidos personagens das histórias em quadrinhos. A 
diferença entre os dois “super-homens” está no fato de 
Nietzsche defender que o super-homem 
 
a) agiria de modo coerente com os valores pacifistas, 
repudiando o uso da força física e da violência na consecução 
de seus objetivos. 
b) expressaria os princípios morais do protestantismo, em 
contraposição ao materialismo presente no herói dos 
quadrinhos. 
c) abdicar-se-ia das regras morais vigentes, desprezando as 
noções de “bem”, “mal”, “certo” e “errado”, típicas do 
cristianismo. 
d) representaria os valores políticos e morais alemães, e não 
o individualismo pequeno burguês norte-americano. 
 
2. (UEM 2010) A Filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900) 
é marcada por uma nova relação entre o racional e o irracional, 
na medida em que o irracional adquire validade por 
corresponder à necessidade de um movimento de afirmação 
da vida. Com base nessa afirmação, assinale o que for correto. 
01) Para Nietzsche, o Iluminismo não libertou os homens de 
seus prejuízos, mas reforçou ainda mais seus mitos, como a 
crença na razão e no conhecimento científico. 
02) O recurso metodológico proposto por Nietzsche é a 
genealogia, isto é, movimento teórico que recorre à gênese de 
um discurso, conceito ou prática, apontando suas 
arbitrariedades e interesses. 
04) Para Nietzsche, o conhecimento é fruto de um lento 
processo de acumulação e comprovação empírica, cuja 
finalidade é salvar os fenômenos. 
08) Contra a moral dos aristocratas e nobres, Nietzsche 
defende os fracos, isto é, a moral dos escravos. 
16) A “vontade de potência” é a afirmação do 
nacionalsocialismo alemão, expresso na doutrina do super-
homem e no antissemitismo nietzscheano. 
 
3. (UNICENTRO 2010) O fragmento de texto, logo abaixo, é de 
Friedrich Nietzsche (1844-1900). Analise-o, tendo como 
referência seus conhecimentos sobre o tema, e julgue as 
assertivas que o seguem, apontando a(s) correta(s). 
 
“Todo filosofar moderno está política e policialmente limitado à 
aparência erudita, por governos, igrejas, academias, 
costumes, modas, covardias dos homens: ele permanece no 
suspiro: ‘mas se...’ ou no reconhecimento: ‘era uma vez...’ A 
filosofia não tem direitos; por isso, o homem moderno, se pelo 
menos fosse corajoso e consciencioso, teria de repudiá-la e 
bani-la. Mas a ela poderia restar uma réplica e dizer: ‘Povo 
miserável! É culpa minha se em vosso meio vagueio como uma 
 
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cigana pelos campos e tenho de me esconder e disfarçar, 
como se eu fosse a pecadora e vós, meus juízes? Vede minha 
irmã, a arte! Ela está como eu: caímos entre bárbaros e não 
sabemos mais nos salvar.” 
 
(NIETZSCHE, F. A Filosofia na época trágica dos gregos. – 
aforismo 3. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 32 (Col. Os 
Pensadores). 
 
I. Nietzsche critica a filosofia de sua época, afirmando que ela 
afastou-se da vida, refugiando-se num universo de abstração 
e deduções lógicas, criando falsos dualismos, como o de corpo 
e alma, mundo e Deus, mundo aparente e mundo verdadeiro. 
II. Em Sócrates, Nietzsche encontra o ideal de humanismo que 
irá definir sua filosofia como “estética de si”. O par conceitual, 
dionisíaco (Dionísio é o Deus da embriaguez da música e do 
caos) e apolíneo (Apolo é o Deus da luz, da forma, da harmonia 
e da ordem), mostra a herança socrática. Da luta e do equilíbrio 
final desses dois elementos opostos, surge o pensamente 
nietzschiano como saber da vida e da morte, como expressão 
do enigma da existência. 
III. Kant e sua moral são alvos do “filosofar com o martelo” 
nietzschiano: o “imperativo categórico”, isto é, a lei universal 
que deve guiar as ações humanas, é para Nietzsche uma 
ficção que provém do domínio da razão sobre os instintos 
humanos, sendo a lei de um homem descarnado e 
cristianizado. 
IV. A vontade de potência é um conceito-chave na obra de 
Nietzsche. Indica-nos as relações de força que se desenrolam 
em todo acontecer, assinalando seu método histórico. Assim, 
Nietzsche pensa o tempo de acordo com uma concepção 
própria, um tempo não linear, que se desenvolve em ciclos que 
se repetem – é o pensamento do eterno retorno, outro 
conceito-chave de sua obra. 
 
a) Apenas IV. 
b) Apenas II e III. 
c) Apenas II, III e IV. 
d) Apenas I, II e IV. 
e) Apenas I, III e IV. 
 
4. (UFU 2010) Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) opõe à moral 
tradicional, herdeira do pensamento socrático-platônico e da 
religião judaica-cristã, a transvaloração de todos os valores. 
Conforme Aranha e Arruda (2000): “Ao fazer a crítica da moral 
tradicional, Nietzsche preconiza a ‘transvaloração de todos os 
valores’. Denuncia a falsa moral, ‘decadente’, ‘de rebanho’, ‘de 
escravos’, cujos valores seriam a bondade, a humildade, a 
piedade e o amor ao próximo”. Desta forma, opõe a moral do 
escravo à moral do senhor, a nova moral. 
 
(ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: 
introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2000, p. 286.) 
 
Assinale a alternativa que contenha a descrição da “moral do 
senhor” para Nietzsche. 
 
a) É caracterizada pelo ódio aos instintos; negação da alegria. 
b) É negativa, baseada na negação dos instintos vitais. 
c) É transcendental; seus valores estão no além-mundo. 
d) É positiva, baseada no sim à vida. 
 
5. (UENP 2010) Nietzsche foi um dos mais importantes críticos 
da modernidade. Na obra A vontade de poder, o filósofo afirma 
textualmente que: “Não é verdade que o homem procure o 
prazer e fuja da dor. São de tomar em conta os preconceitos 
contra os quais invisto. O prazer e a dor são consequências, 
fenômenos concomitantes. O que o homem quer, o que a 
menor partícula de um organismo vivo quer, é o aumento de 
poder: é em consequência do esforço em consegui-lo que o 
prazer e a dor se efetivam; é por causa dessa mesma vontade 
que a resistência a ela é procurada, o que indica a busca de 
alguma coisa que manifeste oposição. A dor, sendo entrave à 
vontade de poder do homem, é, portanto, um acontecimento 
normal - a componente normal de qualquer fenômeno 
orgânico. E o homem não procura evitá-la, pois tem 
necessidade dela, já que qualquer vitória implica uma 
resistência vencida.” 
 
Sobre o pensamento do autor julgue as assertivas abaixo: 
 
I. A tragédia grega, diz Nietzsche, depois de ter atingido sua 
perfeição pela reconciliação da “embriaguez e da forma”, de 
Dionísio e Apolo, começou a declinar quando, aos poucos, foi 
invadida pelo racionalismo, sob a influência “decadente” de 
Sócrates. Assim, Nietzsche estabeleceu uma distinção entre o 
apolíneo e o dionisíaco: Apolo é o deus da clareza, da 
harmonia e da ordem; Dionísio, o deus da exuberância, da 
desordem e da música. Segundo Nietzsche, o apolíneo e o 
dionisíaco, complementares entre si, foram separados pela 
civilização. 
II. Nietzsche enriqueceu a filosofia moderna com meios de 
expressão: o aforismo e o poema. Isso trouxe como 
consequência uma nova concepção da filosofia e do filósofo: 
não se trata mais de procurar o ideal de um conhecimento 
verdadeiro, mas sim de interpretar e avaliar. 
III. Segundo Nietzsche, o cristianismo concebe o mundo 
terrestre como um vale de lágrimas, em oposição ao mundo da 
felicidade eterna do além. Essa concepção constitui uma 
metafísica que, a luz das ideiasdo outro mundo, autêntico e 
verdadeiro, entende o terrestre, o sensível, o corpo, como o 
provisório, o inautêntico e o aparente. Trata-se, portanto, diz 
Nietzsche, de “um platonismo para o povo”, de uma 
vulgarização da metafísica, que é preciso desmistificar. 
 
Assinale a alternativa correta: 
 
a) são verdadeiras as afirmações I e II. 
b) apenas a afirmação III é verdadeira. 
c) todas as afirmações são falsas. 
d) apenas a afirmação I é falsa. 
e) todas as afirmações são verdadeiras. 
 
6. (UEM 2009) Friedrich Nietzsche critica o pensamento 
socrático-platônico e a tradição da religião judaico-cristã por 
terem desenvolvido uma razão e uma moral que subjugaram 
as forças instintivas e vitais do ser humano, a ponto de 
domesticar a vontade de potência do homem e de transformá-
lo em um ser fraco e doentio. Assinale o que for correto. 
 
01) Ao criticar a moral tradicional racionalista, considerada 
hipócrita e decadente, Nietzsche propõe uma moral não-
repressiva, que permite o livre curso dos instintos, de modo 
que o homem forte possa, ao mesmo tempo, acompanhar e 
superar o movimento contraditório e antagônico da vida. 
02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a missão de 
criar uma raça capaz de dominar a humanidade, sendo, por 
isso, necessário aniquilar os mais fracos. 
04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando esse afirma 
que a história da humanidade é a história das lutas de classes, 
 
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e considera que o socialismo é a única forma de organização 
social aceitável. 
08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, isto é, a 
moral aristocrática de senhores e a moral plebeia de escravos. 
A moral de escravos é caracterizada pelo ressentimento, pela 
inveja e pelo sentimento de vingança; é uma moral que nega 
os valores vitais e nutre a impotência. 
16) Os valores que constituem a moral aristocrática de 
senhores são, para Nietzsche, eternos e invioláveis. Devem 
orientar a humanidade com uma força dogmática, de modo que 
o homem não se perca. 
 
7. (ENEM 2016) Sentimos que toda satisfação de nossos 
desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que 
mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua 
fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna 
herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as 
preocupações. 
 
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. 
São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
 
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição 
filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra 
indissociavelmente ligada à 
 
a) consagração de relacionamentos afetivos. 
b) administração da independência interior. 
c) fugacidade do conhecimento empírico. 
d) liberdade de expressão religiosa. 
e) busca de prazeres efêmeros. 
 
8. (ENEM 2016) Vi os homens sumirem-se numa grande 
tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. 
Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: 
Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi 
inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado 
amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, 
e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam 
em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes 
secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se 
querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar! 
 
NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra, Rio de Janeiro. 
Ediouro, 1977. 
 
O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um 
entendimento da doutrina niilista, uma vez que 
 
a) reforça a liberdade do cidadão. 
b) desvela os valores do cotidiano. 
c) exorta as relações de produção. 
d) destaca a decadência da cultura. 
e) amplifica o sentimento de ansiedade 
 
 
GABARITO: 
 
1: [C] 2: 03 3: [E] 4: [D] 
5: [E] 6: 09 7: [B] 8: [D] 
 
 
SEMANA 3: Filosofia no século XX: Existencialismo e Michel 
Foucault 
 
Existencialismo 
 
O filósofo Sartre é certamente o mais famoso 
expoente de uma corrente filosófica que ganhou o mundo na 
segunda metade do século XX, e que ficou conhecida como 
Existencialismo. Seus antecedentes filosóficos encontram-se 
nos pensamentos de Kant, Kierkegaard e Husserl. Os 
principais expoentes do Existencialismo, por usa vez, são: 
Heidegger, Sartre, Simone de Beuavoir e Albert Camus. 
Como vemos no trecho seguir, o Existencialismo não 
fica restrito ao círculo intelectual, mas adentra a sociedade civil 
e incorpora-se aos movimentos de contracultura de seu tempo, 
tornando-se uma vertente de pensamento bastante peculiar. 
“Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, 
numa Europa mergulhada nas seqüelas do conflito, sufocada 
numa crise geral (política,social, econômica, moral, financeira, 
etc.), irradia-se do continente europeu, espraiando-se por todo 
o mundo, o movimento filosófico existencialista. A experiência 
traumática da guerra gerou um ambiente de desânimo e 
desespero, sentimentos que atingiram particularmente a 
juventude, descrente dos valores burgueses tradicionais e da 
capacidade do homem solucionar racionalmente as 
contradições da sociedade. O existencialismo surge e se 
desenvolve justamente em meio a essa crise, repercutindo à 
medida que suas teses correspondiam e esclareciam o 
momento histórico sobrevindo à guerra. Daí, certamente, o 
motivo por que o existencialismo se propagou tão rapidamente. 
Sua repercussão não se limitou às discussões acadêmicas 
nem aos debates nas páginas das publicações especializadas. 
Tanto quanto uma doutrina filosófica, o existencialismo passou 
também a ser identificado como um estilo de vida, uma forma 
de comportamento, a designar toda a atitude excêntrica, que 
os meios de comunicação divulgavam com estardalhaço, 
criando uma autêntica mitologia em torno do movimento e seus 
adeptos.” (João da Penha – O que é o existencialismo, Ed 
Brasiliense) 
 
Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) 
 
 
 
Nascido em Paris, criado pela mãe e pelo avô, devido à morte 
do pai, graduou-se e Filosofia na École Normale Supérieure, 
onde também conheceu sua companheira Simone de 
Beauvoir. Tornou-se professor universitário e ao longo de sua 
vida destacou-se também por uma importante produção 
literária. Após 1945, sua obra assumiu uma vertente bastante 
politizada. A experiência filosófica de Sartre nunca se restringiu 
ao ambiente exclusivamente acadêmico, tendo sido uns 
intelectuais mais ativos em causas sociais e também um dos 
mais conhecidos de sua geração. Ganhou o Prêmio Nobel de 
Literatura em 1964, o qual acabou recusando. Publicou 
importantes obras como A Náusea (1938); O Ser e o Nada 
(1943); O Existencialismo é um Humanismo (1945) e Crítica da 
Razão Dialética (1960). 
 
 
Prof. Maria Helena 
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“(...) não encontramos, já prontos, valores ou ordens que 
possam legitimar a nossa conduta. Assim, não teremos nem 
atrás de nós, nem na nossa frente, no reino luminoso dos 
valores, nenhuma justificativa e nenhuma desculpa. Estamos 
sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o 
homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se 
criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi 
lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz”. 
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. 
São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9.) 
 
Existencialismo: 
“a existência precede a essência”, o que significa que a 
consciência não possui nenhuma essência em si; é sempre a 
consciência de algo (para si). 
 
Ou seja, antes de existir, o ser humano é nada. Tudo o que ele 
virá a ser depende de como viverá a sua existência. 
 
O atributo fundamental do indivíduo é a liberdade. É por meio 
de suas ações que ele se constrói como sujeito. “O ser humano 
está condenado a ser livre”. A consciência da liberdade, por 
sua vez, gera angústia, já que leva o sujeito a perceber que 
está abandonado a si mesmo (não há Deus, nem destino e a 
moralidade é uma convenção humana). 
 
As situações (natureza, condições físicas

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