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Tópico 4 - O homem como objeto do estudo da antropologia

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O homem como objeto do estudo da 
antropologia
Apresentação
A antropologia é uma ciência que tem como objeto de estudo o ser humano em todas as suas 
dimensões: biológica, social, histórica e cultural. Com isso, há diferentes ramos de pesquisa na área 
da antropologia, que variam de acordo com as especificidades do que se busca compreender, como: 
antropologia física, antropologia social, antropologia cultural e antropologia linguística.
O direito, assim como outras ciências, apresenta relação com a antropologia, uma vez que esta 
estuda o homem, e aquele, as normas e instituições jurídicas. Nesse sentido, a relação entre 
antropologia e direito constitui um tema cujo aprofundamento é fundamental, já que colabora no 
entendimento dos fatores culturais e sociais (assim como dos aspectos legais) que podem perpassar 
o mundo jurídico e a atuação dos operadores do direito.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o que é antropologia e quais são as diversas 
subdivisões dessa ciência. Além disso, vai compreender a relação entre antropologia e direito, com 
base nos estudos antropológicos e sociológicos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir o que é antropologia.•
Descrever os diversos ramos da antropologia.•
Identificar como a antropologia e o direito se relacionam.•
Desafio
A antropologia tem por objeto de estudo o homem. Por isso, relaciona-se direta e indiretamente 
com várias outras disciplinas de diversos ramos, como temas de ciências sociais e ciências 
biológicas. Do mesmo modo, a antropologia tem diferentes aplicações e considera a diversidade 
que compõe a sociedade, como os povos indígenas.
Confira a seguinte situação:
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para 
acessar.
Considerando o tema em discussão e pensando nas diferentes culturas e na relação entre a 
antropologia e o direito, responda:
A identidade étnica do indígena no Brasil vem sendo perdida com o passar do tempo na sociedade 
moderna? Para defender seu ponto de vista, apresente argumentos com base nos estudos 
antropológicos e na relação destes com o direito, especialmente com base na Constituição.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/555c6c55-0f22-4940-961d-8ac40cc13f3d/cba37d8f-d06b-41b1-a730-b317ff908794.jpg
Infográfico
A antropologia é uma ciência autônoma, que surge a partir do século XVIII, e tem como objeto de 
estudo o homem em sua totalidade. Trata-se, então, do estudo das manifestações humanas em 
suas dimensões biológicas, culturais e sociais, entre outras. Essa disciplina tem ramos de pesquisa 
em interação com diferentes ciências, como a antropologia física, cultural, social, pré-histórica, 
psicológica, linguística e jurídica.
No que concerne à relação entre antropologia e direito, há complementaridade e troca de 
conhecimentos. Afinal, a antropologia estuda o homem, e o direito, como ramo das ciências sociais 
aplicadas, tem por estudo as normas. Contudo, as normas estão inseridas em um contexto social, 
sendo produto da atividade humana aplicada em certo local e em determinado tempo, fruto de 
interações políticas, culturais, econômicas, religiosas, etc.
Neste Infográfico, você vai ver mais sobre as ramificações da antropologia.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/0b5c3084-597d-408f-b11a-b274e5d40470/9e0a9664-c0ea-4707-9e78-feb4b9067aa0.jpg
 
 
Conteúdo do livro
Em geral, a antropologia se divide em duas grandes áreas de estudo: antropologia biológica ou física 
e antropologia cultural. Porém, há diferentes formas de classificar os ramos e campos 
interdisciplinares dessa ciência, considerando os possíveis polos de atuação (antropologia simbólica, 
social, cultural, estrutural e sistêmica) e/ou a relação com outras ciências, como arte (antropologia 
da arte), medicina (antropologia da saúde), direito (antropologia jurídica), biologia e sociologia.
Desse modo, a antropologia pode se desdobrar em diferentes dimensões, como: antropologia física 
(dimensão biológica) — que estuda as mudanças evolutivas do homem e sua anatomia, ou seja, a 
natureza física do homem, procurando conhecer suas origens e seus processos fisiológicos; 
antropologia cultural (dimensão sociocultural) — que abrange o estudo do homem como ser 
cultural, que produz cultura, ritos e manifestações diversas, buscando investigar os 
comportamentos culturais adquiridos e manifestados por meio do aprendizado, dos diferentes 
grupos e processos históricos; antropologia social (dimensão social) — que abrange a inserção do 
homem na estrutura social, que envolve as diversas sociedades e instituições, considerando as 
diferenças existentes entre grupos humanos e as relações sociais travadas nos distintos âmbitos da 
vida social, como o familiar, o econômico, o político, o religioso e o jurídico; e antropologia 
linguística (dimensão linguística) — que estuda o ser humano a partir da linguagem com que se 
comunica e se expressa em um contexto social e cultural, seja ela verbal, escrita, artística, etc.
No capítulo O homem como objeto de estudo da antropologia, base teórica desta Unidade de 
Aprendizagem, você vai estudar o conceito de antropologia como ciência que estuda o homem e 
suas manifestações, incluindo seus ramos ou suas áreas de pesquisa. Além disso, você vai conhecer, 
também, a relação entre antropologia e direito e todos os ramos da antropologia.
Boa leitura.
FUNDAMENTOS DE 
SOCIOLOGIA E 
ANTROPOLOGIA 
Carolina Bessa Ferreira de Oliveira 
O homem como objeto do 
estudo da antropologia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir o que é antropologia.
  Descrever os diversos ramos da antropologia.
  Identificar como a antropologia e o Direito se relacionam. 
Introdução
A antropologia é uma ciência cujo objeto de estudo é o homem — no 
sentido do ser humano — em todas as suas dimensões, como a biológica, 
a social, a histórica e a cultural. Com isso, há diferentes ramos de estudo 
e pesquisa na área da antropologia, de acordo com as especificidades 
do que se busca compreender: 
  antropologia física;
  antropologia social;
  antropologia cultural; 
  antropologia linguística. 
O Direito, assim como outras ciências, apresenta relação com a antro-
pologia, uma vez que esta estuda o homem e o Direito estuda as normas 
e instituições jurídicas. Por isso, a relação entre antropologia e Direito é 
um tema fundamental, já que colabora para o entendimento dos fatores 
culturais e sociais que podem perpassar o mundo jurídico e a atuação 
dos operadores do Direito, além dos aspectos legais.
Neste capítulo, você vai ler sobre a antropologia, os diversos ramos 
dessa ciência e a relação entre antropologia e Direito, com base nos 
estudos antropológicos e sociológicos. 
C01_Homem_objeto_estudo.indd 1 22/03/2018 12:52:33
O que é antropologia?
Ao analisarmos o signifi cado da palavra antropologia, verifi camos que tem 
origem na língua grega: antropo signifi ca “homem” e o radical logia signifi ca 
“estudo”. A antropologia, portanto, é uma ciência cujo objeto de estudo é o 
homem na sua totalidade, ou seja, nos seus aspectos históricos, biológicos, 
sociais e culturais. 
Trata-se de uma ciência social recente, que surgiu entre os séculos XVIII 
e XIX. Assim, o campo de estudo e atuação da antropologia é vasto, pois 
inclui aspectos biopsicossociais e culturais da humanidade, visando analisar 
e compreender a diversidade e complexidade do ser humano.
O autor François Laplantine, antropólogo francês, na obra Aprender 
antropologia (1989), afirma que o conceito de homem e a fundação de uma 
ciência para estudar, não apenas especular, as questões e complexidades 
próprias da existência humana ocorreram somente a partir do século XVIII: 
Enquanto encontramos no século XVIelementos que permitem compreender 
a pré-história da antropologia, enquanto o século XVII (cujos discursos 
não nos são mais diretamente acessíveis hoje) interrompe nitidamente essa 
evolução, apenas no século XVIII é que entramos verdadeiramente, como 
mostrou Michel Foucault (1996), na modalidade. Apenas nessa época, e não 
antes, é que se pode apreender as lições históricas, culturais e epistemológicas 
de possibilidade daquilo que vai se tornar a antropologia (LAPLANTINE, 
1989, p. 54).
Nesse sentido, o autor coloca que o projeto de formulação de uma ciência 
antropológica supôs a construção de certo número de conceitos, começando 
pelo conceito de homem — como sujeito e objeto do saber —, bem como a 
constituição de um saber de observação, não só de reflexão, ou seja, um novo 
modo de acesso ao homem, na sua existência concreta — o que envolve as 
suas linguagens, relações e comportamentos.
Assim, a antropologia estuda, principalmente, costumes, crenças, hábitos 
e aspectos físicos dos diferentes povos que habitaram e habitam o planeta. 
Portanto, os antropólogos se dedicam ao estudo da diversidade humana, 
tanto de sociedades antigas quanto modernas, seus hábitos, rituais, crenças 
e mitos, por exemplo. Os aspectos da evolução humana também integram os 
temas da antropologia.
O homem como objeto do estudo da antropologia2
C01_Homem_objeto_estudo.indd 2 22/03/2018 12:52:33
A antropologia é uma ciência autônoma, mas que, como citado, relaciona-se com 
outras ciências, gerando novos conhecimentos e trocando experiências. Como ciência 
social, que também considera conhecimentos biológicos e psíquicos, intercambia 
saberes teóricos e metodológicos, por exemplo, da sociologia, geografia, história, 
psicologia, medicina, economia, arqueologia, ciência política, biologia, anatomia, 
genética, geologia, química e física. Com isso, diferentes ciências contribuem para 
o aprimoramento de estudos antropológicos e podem se desdobrar nos ramos da 
antropologia.
Uma das perguntas relativas ao estudo do homem é como coletar dados 
sobre os diferentes grupos. Não basta viajar, especular ou ter curiosidade, 
mas organizar, sistematizar, processar e interpretar dados e observações. 
Assim, como fontes de pesquisa, os antropólogos podem utilizar desde livros, 
documentos e objetos até depoimentos, vivências e observação.
Dessa forma, os principais métodos de estudo utilizados na antropologia 
envolvem pesquisas de campo, como a etnografia e a observação participante 
— que consiste basicamente em vivenciar experiências e práticas de outras 
culturas, com imersão, para entendê-las. Essas pesquisas foram desenvolvidas 
por importantes antropólogos ao longo da história, como:
  o antropólogo polaco Bronislaw Malinowski, que conviveu com povos 
nativos australianos no século XX e registrou os seus estudos etnográ-
ficos no livro Os argonautas do Pacífico Ocidental;
  o americano Franz Boas, que estudou povos nativos e esquimós 
norte-americanos;
  o francês Marcel Mauss, que estudou a reciprocidade entre sociedades, 
além de religiões e sociedades esquimós;
  o francês Claude Lévi-Strauss, que escreveu sobre antropologia es-
trutural, mitos e parentesco, além de ter vivido alguns anos no Brasil, 
considerado fundador do estruturalismo na antropologia;
  o estadunidense Clifford Geertz, da antropologia contemporânea, re-
alizou estudos de campo e publicou obras como O saber local: novos 
ensaios em antropologia interpretativa.
3O homem como objeto do estudo da antropologia
C01_Homem_objeto_estudo.indd 3 22/03/2018 12:52:33
No Brasil, importantes antropólogos são referências em estudos, pesquisas 
e obras, como Darcy Ribeiro, que escreveu sobre a formação do povo brasileiro 
e educação, Gilberto Freyre, Roberto DaMatta, Roberto Kant de Lima, Lilia 
Schwarcz, além de Alba Zaluar, entre outros. 
Leia, no link a seguir, um artigo com registros fotográficos sobre o antropólogo francês 
Lévi-Strauss no Brasil, da Revista de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo:
https://goo.gl/jL5ncT
Sobre a importante obra de Darcy Ribeiro, há diversos documentários e vídeos. 
Acesse o link para assistir ao vídeo O povo brasileiro: 
https://goo.gl/lriHTG
Tratando-se das principais tendências do pensamento antropológico 
contemporâneo, podemos verificar que as principais são: 
  antropologia americana; 
  antropologia britânica;
  antropologia francesa. 
Há autores que caracterizam diferentes escolas antropológicas, como: 
  evolucionismo social;
  escola antropológica (ou sociológica) francesa;
  funcionalismo;
  culturalismo norte-americano; 
  estruturalismo;
  antropologia interpretativa;
  antropologia pós-moderna. 
O quadro a seguir elucida as tendências gerais contemporâneas, com base 
em Laplantine (1989, p. 100).
O homem como objeto do estudo da antropologia4
C01_Homem_objeto_estudo.indd 4 22/03/2018 12:52:33
Fonte: Adaptado de Laplantine (1989).
Antropologia 
americana
Antropologia 
britânica
Antropologia 
francesa
Principais áreas 
de investigação
Estudo das 
personalidades 
culturais e 
dos processos 
de difusões, 
contatos e trocas 
interculturais.
Estudo da 
organização dos 
sistemas sociais.
Estudo dos 
sistemas de 
representações.
Modelos 
teóricos 
utilizados
Modelos 
históricos, 
geográfico, 
psicológico e 
psicanalítico.
Modelo 
sincrônico e 
funcionalista do 
estruturalismo 
inglês.
Tendência 
filosófica; 
modelos 
sociológico, 
estruturalista 
e marxista.
Pesquisadores 
influentes
Boas
Kroeber
Benedict
Malinowski
Radcliffe-Brown
Durkheim
Mauss
Quadro 1. Tendências do pensamento antropológico contemporâneo.
Ramos da antropologia 
A antropologia pode desenvolver análises, estudos e pesquisas relacionadas 
a diferentes temáticas:
  históricas;
  culturais; 
  biológicas;
  físicas; 
  psicológicas; 
  linguísticas;
  sociais.
O campo de estudo e investigação da antropologia compreende, portanto, 
todo e qualquer grupo social, manifestação cultural, bem como todo espaço 
habitado e tempo de existência humana.
5O homem como objeto do estudo da antropologia
C01_Homem_objeto_estudo.indd 5 22/03/2018 12:52:34
Nesse sentido, considerando que o objeto de estudo da antropologia é 
complexo e não há uma única forma de abordagem dos fenômenos e das obras 
humanas, há diferentes ramos na antropologia que podemos compreender 
como áreas específicas, isto é, como um conjunto de saberes e conhecimentos 
próprios relacionados a um tema. É importante observarmos que não se trata 
de uma classificação rígida, pois são áreas que podem dialogar entre si e 
estabelecer conexões com outras ciências.
Em geral, a antropologia divide-se em duas grandes áreas de estudo:
  antropologia biológica ou física;
  antropologia cultural.
Porém, há diferentes formas de classificar os ramos e campos interdisci-
plinares dessa ciência, considerando possíveis polos de atuação (antropologia 
simbólica, social, cultural, estrutural e sistêmica) e/ou a relação com outras 
ciências, como arte (antropologia da arte), medicina (antropologia da saúde), 
Direito (antropologia jurídica), biologia e sociologia. São exemplos:
Antropologia física — dimensão biológica; estuda as mudanças evolutivas 
do homem, sua anatomia, ou seja, sua natureza física, procurando conhecer 
suas origens e seus processos fi siológicos.
Antropologia cultural — dimensão sociocultural; abrange o estudo do homem 
como ser cultural, que produz cultura, ritos e manifestações diversas; busca 
investigar os comportamentos culturais, adquiridos e manifestos por meio do 
aprendizado, dos diferentes grupos e processos históricos.
Antropologia social — abrange a inserção do homem na estrutura social, 
que envolve as diferentes sociedades e instituições; considera as diferenças 
existentes entre grupos humanos e as relações sociais travadas nos diferentes 
âmbitos da vida social, como o familiar, o econômico, o político, o religioso 
e o jurídico. 
Antropologia linguística — estuda o serhumano a partir da linguagem 
com que se comunica e se expressa em um contexto social e cultural, seja ela 
verbal, escrita, artística, entre outras.
O homem como objeto do estudo da antropologia6
C01_Homem_objeto_estudo.indd 6 22/03/2018 12:52:34
O site da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) disponibiliza informações e 
publicações on-line sobre pesquisas e notícias dos ramos da antropologia:
 https://goo.gl/uHcH2K
Além disso, diferentes museus têm sites com acervos e informações diversificadas 
sobre a área, como: 
  Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo:
https://goo.gl/NdPDs4
  Museu Nacional de Antropologia do México:
https://goo.gl/uVpsL
Relação entre antropologia e Direito 
A partir de uma visão interdisciplinar e crítica, verifi camos que as diferen-
tes ciências e áreas do conhecimento se relacionam e, inclusive, podem se 
desdobrar em novas áreas. A relação entre a antropologia e o Direito é um 
dos exemplos desse fenômeno, diante, por exemplo, de estudos, análises 
e pesquisas que agregam saberes de ambas, desdobrando-se, entre outros 
aspectos, no campo de pesquisa e estudo chamado de antropologia jurídica 
ou antropologia do Direito — área que se ocupa do estudo das categorias 
jurídicas, instituições, rituais, contextos, grupos étnicos e coexistência de 
sistemas normativos (formais e não formais), entre outras questões.
Historicamente, o Direito se ocupou do estudo de normas e, muitas vezes, 
foi associado estritamente às leis estatais — regras de convivência obrigatória 
na sociedade, nas relações públicas e nas relações privadas. Porém, assim como 
em sua relação com outras ciências, como a sociologia e a filosofia, no caso da 
antropologia, uma salutar complementaridade e intercâmbio de conhecimentos 
vem se solidificando no campo do ensino e da pesquisa.
O Direito é, de todo modo, um fenômeno social, produto das relações 
humanas e sociais, ou seja, é um constructo do homem, que ao se relacionar 
produz normas, relações jurídicas e instituições. Assim, fica explícita sua 
relação com os estudos antropológicos, sobretudo, da antropologia social e 
cultural, centrados no estudo do homem no meio social e cultural.
7O homem como objeto do estudo da antropologia
C01_Homem_objeto_estudo.indd 7 22/03/2018 12:52:34
Diante disso, podemos identificar alguns aspectos fundamentais na relação 
entre antropologia e Direito:
  análise dos fatores culturais, políticos e sociais que perpassam o mundo 
jurídico e a atuação dos operadores do Direito, além dos aspectos legais;
  estudos empíricos, com diversas sociedades e grupos sociais, regras 
estatais e não estatais;
  abordagem pluralista do Direito, diante da diversidade cultural e social 
e da multiplicidade de manifestações do Direito na vida humana.
Nesse sentido, vejamos a contribuição reflexiva colocada na introdução 
da obra Antropologia e Direito: temas antropológicos para estudos jurídicos 
(LIMA, 2012, p. 12-14):
[...] como Clifford Geertz observou, a preocupação compartilhada pelas duas 
disciplinas em articular o geral com o particular sugere uma identidade de 
propósitos apenas aparente (Geertz, 1981). Importam aqui os pontos de partida 
de cada uma delas no exercício de articulação. Enquanto o jurista privilegia o 
exame de princípios gerais para avaliar aqueles que melhor iluminam a causa 
em questão, de modo a viabilizar uma solução imparcial, ou seja, não arbitrária, 
o antropólogo procura esmiuçar os sentidos das práticas e dos saberes locais, 
indagando se a singularidade da situação etnográfica pesquisada tem algo a 
nos dizer sobre o universal, em favor de uma interpretação não etnocêntrica 
e, portanto, também não arbitrária. [...] Assim, ainda que as perspectivas e 
os instrumentos interpretativos das duas disciplinas não sejam plenamente 
compreendidos de parte a parte, o diálogo iniciado tem tornado possíveis 
trocas significativas e uma melhor percepção da atuação do interlocutor na 
interseção entre antropologia e direito. O diálogo entre essas duas disciplinas 
também tem se manifestado, mesmo que timidamente, em busca da formulação 
de leis e da resolução de conflitos interpessoais, expressos em situações de 
violências de gênero, familiares e homofóbicas, bem como nas redefinições 
de família, adoção e reprodução.
No campo teórico, a relação entre antropologia e Direito e o ramo da an-
tropologia jurídica discutem diversos fatores culturais e sociais que permeiam 
os procedimentos e processos legais, normas que regulam o social (de modo 
formal ou informal). Assim, podemos dizer que, enquanto o Direito tem maior 
enfoque nos fenômenos legais instituídos, sem problematizá-los, questioná-
-los ou contextualizá-los, a antropologia contribui ao analisar criticamente e 
relativizar qualquer fenômeno, como a coexistência de normas estatais e não 
estatais, os direitos dos povos indígenas, os estudos de desvios das normas 
legais e a violência urbana, por exemplo, como fenômeno multifatorial. 
O homem como objeto do estudo da antropologia8
C01_Homem_objeto_estudo.indd 8 22/03/2018 12:52:34
Entre os temas que resultam da relação entre antropologia e Direito, há uma gama de 
possibilidades, como, por exemplo:
 direito à diferença;
 cidadania e religiosidades;
 violências e segurança pública; 
 direitos territoriais e grupos étnicos; 
 terras indígenas;
 terras quilombolas;
 direitos sexuais e reprodutivos; 
 identidade de gênero;
 saúde e doença. 
Uma visão panorâmica sobre esses temas pode ser encontrada na obra citada
Antropologia e Direito: temas antropológicos para estudos jurídicos (LIMA, 2012).
LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1989. 
LIMA, A. C. de S. (Coord.). Antropologia e direito: temas antropológicos para estudos 
jurídicos. 2012. Blumenau: Nova Letra, 2012. 
Leituras recomendadas
DESCOLA, P. Claude Lévi-Strauss, uma apresentação. Revista de Estudos Avançados, São 
Paulo, v. 23, n. 67, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
-40142009000300019&script=sci_arttext>. Acesso em: 16 mar. 2018.
GEERTZ, C. O saber local: fatos e leis em uma perspectiva comparativa. In: GEERTZ, C. 
O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
LIMA, R. K. de; BAPTISTA, B. G. L. B. Como a antropologia pode contribuir para a pes-
quisa jurídica?: um desafio metodológico. In: Anuário Antropológico, v. I, nov. 2013. 
Disponível em: <http://aa.revues.org/618>. Acesso em: 16 mar. 2018.
MALINOWSKI, B. Argonautas do pacífico ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1976.
SCHRITZMEYER, A. L. P. Etnografia dissonante dos tribunais do júri. Revista Tempo 
Social, v. 19, n. 2, p. 111-129, nov. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ts/
v19n2/a04v19n2.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2018.
SOUTO, C.; FALCÃO, J. Sociologia e Direito: textos básicos para a disciplina de sociologia 
jurídica. São Paulo: Pioneira, 1999. 
9O homem como objeto do estudo da antropologia
C01_Homem_objeto_estudo.indd 9 22/03/2018 12:52:34
Dica do professor
A antropologia é uma ciência com teorias, conceitos e métodos próprios. Contudo, compreendendo 
o estudo do homem nos mais variados aspectos, essa disciplina se beneficia muito de estudos 
interdisciplinares. Isso ocorre porque o conhecimento antropológico é de suma importância na 
compreensão das diferenças culturais e nos estudos empíricos, incluindo o campo do direito.
Nesta Dica do Professor, você vai encontrar aspectos relevantes da relação entre antropologia e 
direito, que tem como ponto comum análises críticas e interdisciplinares.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
 
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/aea42411e4b62cedec2e49501f5766d6
Exercícios
1) Para ramos do conhecimento serem reconhecidos como independentes, como verdadeiras 
ciências, precisam contar com um objeto definido, com conceitos ecom métodos essenciais.
Acerca do objeto de estudo da antropologia, é correto afirmar que:
A) a antropologia considera o ser humano no limite de sua dimensão biológica e histórica.
B) ainda faltam requisitos para reconhecer a antropologia como uma ciência no Brasil.
C) a antropologia surgiu como especulação, e não como ciência, entre os séculos XVIII e XIX.
D) a antropologia tem por objeto de estudo o espaço no qual o ser humano se insere.
E) a antropologia é uma ciência e estuda a existência humana em sua diversidade e 
complexidade.
2) A antropologia pode relacionar-se com outras ciências e áreas do conhecimento, 
desdobrando-se em diferentes ramos de estudo e se beneficiando dessa 
interdisciplinaridade.
A esse respeito, é correto afirmar que:
A) a antropologia física, também denominada de cultural, constitui um dos ramos da 
antropologia como ciência.
B) a partir de uma dimensão denominada biológica, a antropologia cultural estuda as mudanças 
evolutivas do homem.
C) a antropologia social considera as diferenças existentes entre grupos humanos e as relações 
sociais nos mais variados âmbitos.
D) a antropologia biológica não compara grupos sociais, mas considera suas diferenças culturais 
em determinado contexto.
E) a ramificação da antropologia linguística procura conhecer as origens e os processos 
fisiológicos do ser humano.
3) 
O pensamento antropológico tem diferentes tendências, que incluem modelos teóricos e 
áreas de investigação privilegiadas ao longo da história.
Sobre as principais tendências antropológicas contemporâneas, marque a alternativa 
correta.
A) A antropologia francesa tem como principal pesquisador Franz Boas, que estudou povos 
nativos.
B) O antropólogo Bronislaw Malinowski é um pesquisador influente da antropologia britânica.
C) O estudo dos sistemas de representações é a área de maior ênfase na antropologia norte-
americana.
D) Predominam os modelos históricos e psicológicos de matrizes teóricas na antropologia 
francesa.
E) A antropologia francesa se caracteriza por maior ênfase na investigação de trocas 
interculturais.
4) A antropologia e o direito são duas disciplinas que se beneficiam muito do estudo 
interdisciplinar, tanto entre elas quanto em conjunto com outras ciências.
Sobre os temas decorrentes dessa intersecção, é correto afirmar que:
A) a antropologia do direito consiste em uma área com delimitação específica, pois se destina ao 
estudo das regras de origem estatal.
B) estudos sobre direitos territoriais, identidade de gênero e direitos sexuais são exemplos de 
abordagens interdisciplinares entre antropologia e direito.
C) os instrumentos interpretativos do direito e da antropologia são plenos, dispensando análises 
mais teóricas aprofundadas.
D) as pesquisas de cunho empíricas não podem ser executadas pelo direito, pois utilizam os 
métodos antropológicos.
E) a análise dos fatores culturais, políticos e sociais perpassam o mundo jurídico, restringindo-se, 
contudo, aos aspectos legais.
"Todas as culturas, de um modo ou de outro, refletem necessidades humanas comuns”, essa 
frase é atribuída ao antropólogo Bronislaw Malinowski. "O antropólogo é o astrônomo das 
5) 
ciências sociais: ele está encarregado de descobrir um sentido para as configurações muito 
diferentes, por sua ordem de grandeza e seu afastamento, das que estão imediatamente 
próximas do observador", essa assertiva, por sua vez, é de autoria do antropólogo Claude 
Lévi-Strauss.
Com base nessas afirmações e considerando as fontes e os métodos de pesquisa 
antropológicos, marque a opção correta.
A) Na Antropologia, não há uma preocupação com a forma de coleta de dados, mas, sim, com a 
realização de viagens de descobrimento de novas culturas.
B) Os principais métodos de estudo utilizados na antropologia são aqueles que envolvem as 
pesquisas de cunho bibliográfico.
C) A etnografia e a observação participante são consideradas métodos antropológicos 
fundamentais e envolvem pesquisa de campo.
D) Os antropólogos utilizam, como fontes de pesquisa, livros e fósseis, analisando o que já foi 
coletado anteriormente, sem novos dados.
E) A pesquisa de campo é prescindível na antropologia, pois ao antropólogo cabe descobrir os 
livros e documentos que possibilitem comparar diferentes culturas.
Na prática
A partir da Constituição Federal de 1988, ocorreu o reconhecimento de direitos de grupos étnicos 
e a ampliação da compreensão de direitos para além do estritamente previsto e produzido pelo 
Estado, tendo como fulcro, entre outros aspectos, as teorias do pluralismo jurídico.
Confira, Na Prática, como essa mudança afetou diversos grupos étnicos e de que forma e o direito 
e a antropologia se relacionam nesses casos.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Antropologia e os direitos dos quilombolas
O trabalho em conjunto de antropólogos e juristas na questão de demarcação de terras 
quilombolas é fundamental. Neste artigo, você vai ver como essa interdisciplinaridade beneficia a 
sociedade, sendo um exemplo muito importante dessa atuação conjunta na prática.
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Revista Cadernos de Campo
Publicação feita por alunos da pós-graduação em antropologia da Universidade de São Paulo (USP), 
divulga trabalhos que versam sobre temas diversos, incluindo resultados de pesquisas e modelos 
teórico-metodológicos de interesse para o debate antropológico contemporâneo.
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Antropologia, etnografia e o Ministério Público
A atuação do Ministério Público, o fiscal da ordem jurídica, tem extrema importância em vários 
ramos do direito e pode ser beneficiada com o estudo etnográfico realizado por antropólogos. 
Neste artigo, você vai ver o resultado prático positivo dessa interdisciplinaridade.
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41985/30914 
http://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo
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https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistaconhecimentoonline/article/view/1303

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