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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gêneros Modelares 
 
AULA 01 – Gêneros Modelares 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNICAMP 
Exasiu 
Prof. Fernando Andrade 
Aula 01 – Gêneros modelares 
Gêneros modelares: resumo, carta argumentativa e artigo de opinião; 
Outros gêneros: Editorial, Carta Aberta, Carta de Solicitação, 
Manifesto etc 
. 
. 
estretegiavestibulares.com.br vestibulares.estrategia.com 
EXTENSIVO 
2024 
Exasi
u 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gêneros Modelares 
 
AULA 01 – Gêneros Modelares 2 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO 3 
1. GÊNEROS RELACIONADOS À PRÁTICA ACADÊMICA 3 
1.1 Resumo 3 
1.2 Resenha crítica 14 
1.3 Texto de divulgação científica 17 
2. TEXTOS ASSOCIADOS À OPINIÃO 21 
2.1 Comentário crítico interpretativo 21 
2.2 O artigo contra-argumentativo 26 
2.3 O artigo de opinião 33 
2.4 Editorial 38 
3. O GÊNERO HÍBRIDO: CARTA 40 
3.1 Carta Pessoal 41 
3.2 Carta do leitor ou Carta argumentativa 44 
3.3 Carta Aberta 48 
3.4 Carta de reclamação 54 
3.5 Carta de Solicitação 55 
4. GÊNEROS ASSOCIADOS À NARRAÇÃO 57 
4.1 Notícia de Jornal 57 
5. OUTROS GÊNEROS 61 
5.1 Manifesto 61 
5.2 Abaixo-assinado 65 
5.3 Palestra 67 
6.PROPOSTAS DE REDAÇÃO 70 
6.1Propostas comentadas 72 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 77 
 
 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gêneros Modelares 
 
AULA 01 – Gêneros Modelares 3 
Introdução 
 
Salve aluno, 
Seja bem-vindo! 
 Esse é segundo pdf do curso de redação por gêneros para a UNICAMP/. Como provavelmente, 
você está ansioso por começar a escrever de acordo com os gêneros, resolvi propor esse pdf para dar 
instruções gerais de gêneros que considero modelares. Assim, você já pode ir treinando. 
Nos próximos pdfs, vou considerar questões mais básicas, mas essenciais: a estrutura de tipos 
textuais que devem servir de base para a escrita. Em todo caso, em cada pdf eu discuto gêneros diferentes. 
Além disso, no caderno de propostas, você encontra outro tanto de gêneros possíveis. 
 A minha sugestão é que você treine sua habilidade de escrita em cada um dos gêneros principais 
e naqueles que você considera mais difíceis. 
 Bom estudo, boas redações! 
1. Gêneros relacionados à prática acadêmica 
 Alguns gêneros estão associados à prática de pesquisa. Entre eles destacam-se, o resumo, a 
resenha crítica e o artigo de divulgação científica. 
 
1.1 Resumo 
 O domínio de técnicas de resumo é base para de qualquer produção escrita. Na verdade, esse 
gênero pode estar associado à narração ou a textos expositivos ou opinativos. Na prática acadêmica, 
porém, raramente há necessidade de resumos de texto narrativos, daí porque as bancas não exigem essa 
modalidade, e também por esse motivo, esse gênero será estudado associado à dissertação. 
 Vamos começar de forma prática. A UFPR costuma solicitar aos alunos que façam resumos. Em 
2018, a proposta era a que segue. 
Leia o texto abaixo. 
Em final de 2014, uma aluna de pós-doutorado da Universidade de Yale-EUA, a astrônoma 
americana Tabetha Boyajian, identificou flutuações inexplicáveis no brilho de uma estrela 
monitorada pelo telescópio espacial caça-planetas Kepler, da Nasa. As flutuações em nada 
lembravam o que se vê quando um planeta passa entre a estrela e o telescópio. 
Das mais de 150 mil estrelas observadas pelo Kepler, apenas uma – a estrela de Boyajian 
(EdB) – exibia uma curva de luz que desafia a lógica. O gráfico do brilho da estrela ao longo do 
tempo é chamado de curva de luz. O que acontece é que a curva da EdB mostrava depressões 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gêneros Modelares 
 
AULA 01 – Gêneros Modelares 4 
similares a trânsitos aparentemente aleatórios, sendo que algumas duravam horas e outras 
persistiam por dias ou semanas. 
A EdB ainda guardaria mais surpresas. Outro astrônomo americano, Bradley Schaefer, 
afirmou que o brilho do astro tinha diminuído em mais de 15% no último século. A afirmação 
gerou polêmica, porque uma queda no brilho durante várias décadas parece quase impossível. 
O brilho das estrelas segue quase constante por bilhões de anos depois de seu nascimento e só 
sofre mudanças rápidas pouco antes de a estrela morrer. E as mudanças “rápidas” ocorrem 
numa escala temporal de milhões (ou bilhões) de anos, sendo acompanhadas de marcadores 
claros que não se veem na EdB. Segundo várias outras medidas, a estrela está na meia-idade. 
Não há evidências de que seja uma estrela variável, que pulsa num ritmo regular. 
Precisamos explicar então dois fenômenos incompreensíveis relacionados à EdB: 
depressões profundas e irregulares com duração de dias ou semanas e um escurecimento ao 
longo de pelo menos quatro anos (e possivelmente por todo o século passado). Embora os 
astrônomos prefiram uma única explicação para os dois fenômenos, se cada um é difícil de 
explicar, imagine como é difícil explicar os dois juntos. Alguns cenários propostos. 
Disco de gás e poeira 
As depressões irregulares e a redução de brilho da EdB por longos períodos são observadas 
em outras situações – em estrelas muito jovens, com planetas ainda em formação. Elas são 
rodeadas por discos de ar e poeira aquecidos pela luz da estrela que, no processo de formarem 
planetas, geram caroços, anéis e arcos. Nos discos observados de lado, esses aspectos podem 
reduzir a luz da estrela por curtos períodos, e discos ondulantes podem bloquear quantidades 
crescentes do brilho da estrela por décadas e séculos. Mas a estrela é de meia-idade, não jovem, 
e não parece conter nenhum disco. 
Buracos negros 
Alguns membros do projeto em Yale sugerem que um buraco negro poderia estar envolvido. 
Ou seja, um buraco negro de uma massa estelar numa órbita próxima em torno da EdB poderia 
bloquear a luz da estrela. Mas essa hipótese é falha, porque o buraco negro arrastaria a estrela 
para um lado e para o outro, criando um movimento oscilante detectável, algo que a equipe 
buscou e não achou. Megaestruturas alienígenas 
Uma sociedade alienígena teria construído uma quantidade absurda de painéis coletores 
de energia solar com uma grande variedade de tamanhos e órbitas em torno da estrela. O efeito 
combinado dos painéis menores do enxame seria bloquear parte da luz da estrela como uma 
tela translúcida. 
[...] 
Até que se obtenham mais medidas com outros equipamentos e mais análises de outras 
equipes, nossas especulações sobre a EdB serão limitadas apenas por nossa imaginação e uma 
saudável dose de física. Como acontece com os melhores quebra- cabeças da natureza, a 
jornada até chegarmos à verdade que está por trás dessa estrela enigmática está longe de 
acabar. 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gêneros Modelares 
 
AULA 01 – Gêneros Modelares 5 
(Kimberly Cartier e Jason Wright, Scientific American – Brasil, no. 174, junho 2017, p. 46 a 
49. Adaptado) 
Elabore um resumo do texto acima que contemple as peculiaridades da estrela EdB, as 
explicações científicas para esse comportamento e o posicionamento da revista. 
Seu texto deve: 
- ter de 12 a 15 linhas; 
- respeitar as características de um resumo; 
- ser elaborado com suas próprias palavras. 
 
 O que se espera que o candidato faça? 
 
Ficha técnica: Resumo 
Finalidade: Colocar os leitores em contato com as ideias importantes de um texto longo; divulgação de 
ideias; anotações próprias para estudo. 
Sequências discursivas: Depende do texto-fonte. Se for resumo de narrativa, ele mesclará sequências 
narrativas e analíticas. Se for resumo de texto expositivo ou opinativo, o resumo terá os mesmos traços. 
Estrutura: Nas primeiras linhas, faz-se a referenciação, ou seja, deve-se mencionar qual é o texto, quem 
o escreveu e onde foi publicado. A partir daí, devem-se atribuir sempre que possível as ideias ao autor. 
Para não se perder, é possível apresentar a tese do autor, sobretudo quando o texto-fonte for opinativo. 
Essa é a primeiraparte do resumo: referenciação e apresentação da tese ou do assunto. 
No desenvolvimento, passa-se a considerar os argumentos ou ideias defendidas pelo autor do texto 
original. Não é preciso conclusão, ou a conclusão do resumo pode ser simplesmente o resumo da 
conclusão do texto-fonte. 
Linguagem: A linguagem tende ao formal. 
Marcas de Gênero: 
Referenciação e muitas vezes um título que é simplesmente uma inscrição anunciando o gênero e seu 
tema. 
Alguma técnica especial? 
Compreender as partes do texto e deixá-las clara para o leitor. Uso de conectivos precisos para 
restabelecer as relações lógicas do texto original. 
Bom domínio da paráfrase. 
 Nesse caso, a grade de correção da banca deixava claro o que seriam informações importantes 
no caso da proposta da UFPR. Vamos à grade, que, obviamente, só foi revelada aos alunos depois do 
vestibular e para quem teve acesso a correção do seu texto. 
 
 
 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O resumo é um tipo de texto com a estrutura fundada em três pilares. O texto-fonte, o leitor e o 
escritor. O que o leitor deseja é saber o que diz o texto-fonte. Nesse caso, quem produz um resumo deve 
ter todo o cuidado de destacar que se trata de uma ideia do autor do texto-fonte. Como fazer isso? 
Referenciando o autor logo no início e valendo-se de expressões como, “segundo o texto”, “o texto faz 
alusão”, “a matéria traz”, etc. 
 Como exemplo, observe como seria isso no caso do parágrafo inicial da proposta UFPR. 
 Em artigo de 2017, publicado na Scientific American, os autores Kimberly 
Cortier e Jason Whrighte, expõem suas observações sobre o misterioso 
comportamento da estrela de Boyaijan (EdB). Segundo os autores, a estrela 
apresenta variações de luz aleatórias, bem como mais de 15% do brilho no 
último século – comportamento que difere das outras 150 mil estrelas 
observadas pelo telescópio caça-planetas Kepler. 
 
 
 
 
 
Referenciação 
Referenciação 
Expressões que 
retomam a 
referenciação 
Máscara: Não se fala em máscara, pois o resumo não deixa marcas de quem 
está escrevendo e porque está escrevendo. Mas há algo que identifica o resumo, a 
referenciação. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 7 
 
 
 Normalmente, elas aparecem no final do texto como uma espécie de nota de rodapé. 
 
 Nesse caso, a referência é completa. Nesse caso, é bem fácil. Vamos supor que o texto tenha sido 
extraído da internet e a indicação seja essa https://istoe.com.br/uma-nova-e-preocupante-evasao-
escolar/, como referenciar? Em alguma parte da proposta deve haver a indicação do autor, ou do título 
do texto ou mesmo do lugar onde foi publicado. Supondo que não haja muita informação, pode-se 
começar o resumo da seguinte maneira: “Recentemente, foi publicado na internet um post/artigo cujo 
título era “x” e considerava questões relacionadas a...” 
 
 
 
O próximo item avaliado pela banca tinha a ver com a capacidade de o candidato reconhecer as 
informações essenciais. 
 
Faça a referenciação e use expressões de retomada da referenciação
Informações principais 
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https://istoe.com.br/uma-nova-e-preocupante-evasao-escolar/
https://istoe.com.br/uma-nova-e-preocupante-evasao-escolar/
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AULA 01 – Gêneros Modelares 8 
 
 Onde estariam essas informações no texto? 
 Em artigo de 2017, publicado na Scientific American, os autores Kimberly 
Cortier e Jason Whrighte expõem suas observações sobre o misterioso 
comportamento da estrela de Boyaijan (EdB) descrito por Tabatha Boyajian. 
Segundo os autores, a estrela apresenta variações de luz aleatórias, bem como 
mais de 15% do brilho no último século – comportamento que difere das outras 
150 mil estrelas observadas pelo telescópio caça-planetas Kepler. 
 
Basicamente, o texto gira em torno exatamente das oscilações dessa estrela. Trata-se de um texto 
expositivo. Apresenta o tema, a estrela EdB , e o que se deseja discutir sobre ela, a observação de traços 
atípicos. Isso é o que deve se seguir após a referenciação. O autor dessa introdução apresenta a ideia 
geral e inclusive os dois problemas observados, mas de forma bastante sumária, o que levou a banca a 
atribuir a nota “bom” e não “muito bom”. 
 
 Depois da exposição da tese, o autor deve perceber qual é o desenvolvimento textual. O texto se 
desenvolve por causa, consequência? Comparação? Expande as ideias iniciais? Qual a finalidade? 
Sensibilizar o leitor ou convencer o leitor de uma determinada tese? 
 No caso do texto-fonte da UFPR, seguiam-se 3 hipóteses para o fenômeno, por isso critério de 
correção era exatamente esse. 
Ainda no primeiro parágrafo, apresente a tese principal
O autor do 
resumo 
apresenta os dois 
comportamentos 
atípicos das 
estrelas. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 9 
 
 Esse fenômeno é extremamente difícil de ser explicado, e os articulistas 
apontam algumas hipóteses aventadas pelos astrônomos. Dentre eles, pode-se 
destacar: a possibilidade de ser uma estrela jovem rodeada por um disco de 
poeira de gás, ideia descartada, pois a EdB está na meia-idade; a presença de 
um buraco negro que bloquearia a luz da estrela, o que também é refutado pelo 
fato de ela não apresentar variações de movimento; e até a hipótese de haver 
megaestruturas alienígenas coletando a luz da estrela. 
 A capacidade do candidato de sintetizar informações é realmente admirável. Contudo, ele não 
tirou a nota máxima nesse quesito, ficou com 8,33. Por quê? Note que ele afirmou em relação à terceira 
hipótese que poderia haver megaestruturas alienígenas coletando a luz da estrela. Mas não é bem isso 
que está no texto-fonte. 
 
 Não se trata de coletores de luz, mas coletores de energia. O escritor, nesse caso, fez uma dedução 
indevida. 
 
 
 
 Pois é, corujinha certeira, no resumo, não pode haver qualquer tipo de interferência do escritor. 
O erro se dá quando o candidato não percebe os argumentos principais e não consegue manter a isenção 
em relação a eles. 
Resumo das 
ideias do 
desenvolvimento 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 10 
 Mas ainda faltava uma informação importante que constava no texto original. O posicionamento 
da revista. 
 
 Vamos ao último parágrafo do nosso candidato que conseguiu a nota máxima com louvor nesse 
quesito. 
Os autores concluem que, como em todo grande mistério da natureza, as teorias 
a respeito do caso dependem da obtenção de equipamentos e novas medidas, 
bem como análises, para deixarem de ser especulações. O caminho até a 
verdadeira história da EdB ainda é longo. 
 
 
 Por último, mas não menos importante, a banca avaliava a linguagem e o estilo do texto. 
Nos parágrafos subsequentes, considere os argumentos apresentados e as 
informações relevantes. 
Linguagem 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 11 
 
 Os primeiros itens dizem respeito à paráfrase, matéria-prima para o resumo. Você deve se valer 
das ideias do texto-fonte, mas expressá-las nas suas próprias palavras. Na aula 00, há um tópico sobre 
paráfrase, na dúvida, vale a pena revisá-lo. 
 Em artigo de 2017, publicado na Scientific American, os autores Kimberly 
Cortier e Jason Whrighte expõem suas observações sobre o misterioso 
comportamento da estrela de Boyaijan (EdB) descrito por Tabatha Boyajian. 
Segundo os autores, a estrela apresenta variações de luz aleatórias, bem como 
mais de 15% do brilho no último século – comportamento que difere das outras 
150 mil estrelas observadas pelo telescópio caça-planetas Kepler. 
 Esse fenômeno é extremamentedifícil de ser explicado, e os articulistas 
apontam algumas hipóteses aventadas pelos astrônomos. Dentre elas, pode-se 
destacar: a possibilidade de ser uma estrela jovem rodeada por um disco de 
poeira de gás, ideia descarta pois A EdB está na meia-idade; a presença de um 
buraco negro que bloquearia a luz da estrela, o que também é refutado pelo fato 
de ela não apresentar variações de movimento; e até a hipótese de haver 
megaestruturas alienígenas coletando a luz da estrela. 
 Os autores concluem que, como em todo grande mistério da natureza, 
as teorias a respeito do caso dependem da obtenção de equipamentos e novas 
medidas, bem como analises, para deixarem de ser especulações. O caminho até 
a verdadeira história da EdB ainda é longo. 
 
 
 
Resumo: como fazer ?
Palavras do texto-
fonte 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 12 
 Primeiramente, vale lembrar de alguns traços do resumo que você deverá 
ter em mente: 
 
 Como vimos no estudo do texto acima da UFPR, o resumo também apresenta 3 partes: 
introdução, na qual você apresenta a referenciação e a tese principal do artigo lido; o desenvolvimento 
com os argumentos principais e, por fim, a conclusão da linha de raciocínio do autor. 
 
 
Breve e conciso: deixe de lado informações secundárias, como exemplos. 
Pessoal: não use expressões do texto de origem; as palavras mais importantes aparecerão 
no texto, mas associadas a sinônimos ou outras expressões e em outras estruturas sintáticas 
Estrutura lógica: ao resumir você deve recompor as relações que existiam no texto original. 
Use conectivos. O resumo não pode ser um amontoado de ideias. 
Faça uma leitura rápida para captar o tema e se possível a tese
Faça uma leitura atenta mapeando as partes do texto: onde está a tese? para 
que serve um exemplo? qual foi a estratégia adotada para o desenvolvimetno? 
Quais são as ideias mais importantes. 
Sublinhe as ideias fundamentais e palavras-chave (isso pode ser feito com o 
passo anterior)
Escreva as ideias principais em suas próprias palavras (esse deve ser o 
esboço).
Começe a escrever o texto de fato, considerando a estrutura do resumo. Comece 
pela referenciação, passe para a tese e em seguida apresente os argumentos e a 
lógica do texto. 
Releia o que você escreveu: observe se há informações desnecessárias; se com alguma 
palavra ou expressão, você se desviou da ideia do autor; se a conexão entre as ideias 
ficou clara. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 13 
 
 
 
 
 
 Bora considerar uma redação abaixo da média? 
 Em 2013, a UNICAMP solicitou que o candidato fizesse um resumo sobre um artigo da revista 
Superinteressante sobre o Otimismo. A banca, como é costume, publicou redações acima e abaixo da 
média. Segue-se aqui uma redação que não atingiu o que era necessário segundo os corretores. 
Pessimismo 
Segundo o texto o pessimismo é de extrema importância para toda a 
sociedade, até mesmo para empresas, que precisam dos pessimistas para inserir a difícil 
realidade nos otimistas. 
Existem vários casos que pessoas muito otimistas, muitas vezes sofrem justamente 
por não serem, ao menos um pouco, pessimistas. 
Não devemos desistir de sonhos, carreiras e objetivos devido ao pessimismo, e 
sim lutar até o fim para conseguirmos o que desejamos. 
Muitas vezes o pessimismo leva as pessoas a não quererem produzir mais nada, 
desejar mais nada, e isso pode prejudicar aquele indivíduo. Por isso é importante também 
um pouco de otimismo. 
O excesso de otimismo, muitas vezes é projetado em livros de autoajuda. A 
anciedade está ligada diretamente ao otimismo. 
Muitas vezes devemos entender a razão do nosso pessimismo para 
podermos tentar resolvê-lo. 
Portanto, devemos nos preparar para o pior, diz o filósofo Arthur Schopenhauer. 
 
Não fez referenciação 
Não retomou o autor referenciado 
Não deixou a tese clara
Não estabeleceu conexões.
Qual texto? 
O uso do nós faz com 
que o texto deixe de 
ser do referenciado e 
passe a ser ideia 
encampada pelo 
autor. 
O que conecta esses 
dois parágrafos? 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 14 
 Vale a pena considerar qual foi o comentário da banca. 
“Estamos diante de uma redação que, apesar de iniciar o “resumo” com a marca 
“segundo o texto”, não consegue manter, nos parágrafos seguintes, uma relação de 
síntese com o texto resumido, desviando-se, por isso, do tipo de texto solicitado, da 
situação enunciativa solicitada e do propósito dessa enunciação: faz-se uma dissertação 
sobre o pessimismo pautada pelo argumento de que ele é importante, e sustentada na 
interpretação do candidato do texto lido – seria uma dissertação com base em um texto, 
se assim pudéssemos definir. Se fôssemos mais precisos ainda, diríamos que se trata de 
uma dissertação, com base na interpretação do texto lido, que se pauta por comentários 
e exemplos daquilo que se interpretou do texto lido. O que faz com que esta redação não 
seja anulada é justamente o fato de que não se perde de vista o texto lido, ele pauta a 
dissertação.” 
1.2 Resenha crítica 
 Agora que você já se exercitou com o resumo que tal dar um passo além. No caso do resumo, o 
texto produzido deve ter as mesmas informações que o texto-fonte. Na resenha crítica, você pode e deve 
manifestar sua opinião. Mas não se restringe a um texto sobre um texto. 
 Trata-se de um gênero informativo, descritivo e opinativo sobre obras tais como: livro, série, 
documentário, artes, shows, músicas etc. Observe como é a estrutura de uma resenha, lendo o texto de 
Jorge Coli. 
O rinoceronte dos outros 
JORGE COLI 
COLUNISTA DA FOLHA 
 E, “300”, os espartanos do filme não são nada simpáticos. Dizem que 
lutam pela liberdade, mas, na batata, defendem uma sociedade de brutamontes. 
Todos "body-builders" bonitões, porque, quando os bebês nasciam feiosos, 
raquíticos, disformes, eram espatifados num buraco. Só sobravam os que 
virariam bons e fortões. Fora um, horroroso e nojento, que escapou. Ele vira 
justamente o traidor da pátria e vai lamber os pés do rei dos outros. Prova dos 
nove: se tivessem arrebentado com ele quando era bebê, Leônidas teria ganhado 
a guerra. 
 Os outros ameaçam esses espartanos brancos e poderosos de todos os 
lados. São negros, orientais, esquisitos, gente estranha. O Rodrigo Santoro é o 
rei dos outros, cheio de piercings, de maquiagem e de langores. Na sua corte, 
todo mundo transa com todo mundo, de qualquer jeito. Os espartanos são 
maridos machões, cumpridores e não dão bobeira. 
(...) 
Tom 
Introdução: 
Apresenta-se a 
obra, e algo da 
sua tese ou da 
ideia principal e 
um pouco do 
enredo. 
Desenvolvimento 
1: Conta-se um 
pouco da obra, 
escolhendo os 
elementos que 
depois será 
elogiados ou 
criticados. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 15 
A ironia é fácil, e o filme não tem jeito, é fascista mesmo. Mas é um 
esplendor. Suas cores são reduzidas a um azul noturno, fora o vermelho das 
capas. Tons de emblema. Os cenários, trazidos dos quadrinhos de Frank Miller, 
fazem pensar na pintura romântica mais alucinada: abismos, montes escarpados, 
gargantas estreitas. Os bichos, sobretudo o rinoceronte, são magníficos. 
Ritmo 
O andamento do filme é vagaroso, reforçado pela câmera lenta. Exige do 
público uma entrega hipnótica, como as que ocorriam nas paradas de Hitler ou 
nos discursos dos grandes líderes, os de Fidel, por exemplo, que duram cinco 
horas ou mais. Apesar disso, "300", dirigido por Zack Snyder, tornou-se um 
sucesso surpreendente. 
 Num tempo em que a precipitação, a velocidade da montagem e da ação 
parecem ser os únicos meios de prender a atenção de espectadores cada vez 
mais distraídos, "300" é extático como uma ópera deWagner, como o 
"Crepúsculo dos Deuses". 
Ele se termina, por sinal, da mesma maneira suicida. 
 
(https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1504200702.htm, adaptado) 
 Os passos para se fazer uma resenha crítica são os seguintes: 
Desenvolvimento
2 : Faz-se a crítica 
apontando os 
prós e contras 
para quem está 
pensando em 
assistir ao filme, 
ao show, à dança; 
ou ler o livro. 
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https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1504200702.htm
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Gêneros Modelares 
 
AULA 01 – Gêneros Modelares 16 
 
 Não é muito fácil fazer uma proposta envolvendo a resenha crítica, porque exige-se que o escritor 
conheça o texto que será resenhado. A banca teria que exigir a leitura antecipada de uma obra, ou dar 
uma crônica ou uma foto de uma peça artística. Por esses motivo, raramente, a resenha foi pedida. Em 
todo caso, há um exemplo da UFSC. Lembrando que, no ano em que foi dada essa proposta, o candidato 
poderia escolher entre 3 gêneros diferentes. 
UFSC/ 2013 
CONCURSO VESTIBULAR – UFSC/2013 PROVA 3 2 
PROPOSTA 2 
Quando estamos em dúvida sobre assistir a um filme ou espetáculo, ler um livro ou comprar um CD, a 
leitura de uma resenha pode nos ajudar na decisão. Se o resenhista apresentar informações e opiniões 
que nos convençam de que é uma boa opção, teremos elementos favoráveis para fazer a escolha. Caso 
contrário, poderemos desistir de assistir ao filme/espetáculo, de ler o livro ou de comprar o CD. 
Atualmente, vários sites/blogs voltados para a divulgação de obras literárias abrem espaço para que 
leitores enviem resenhas de livros. 
Escreva uma resenha sobre um dos livros indicados abaixo como se fosse publicá-la em um site/blog 
voltado para a divulgação de obras literárias. Assine obrigatoriamente como “Candidato 
Vestibular/UFSC/2013”. 
a) AMADO, Jorge. Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 283 p. (1ª edição, 1937) 
Esboço. Faça um levantamento do que você conhece da obra; anote enredo (no caso de 
narrativas) ou de elementos estéticos (no caso de arte, música ou dança)
Esboço. Tente anotar: 
Nome da obra; Autor; Temática; Opiniaõ defendida; Qual a estrutura; Aquilo que 
mais chamou a atenção, positiva ou negativamente
Esboço. Expresse sua opinião:
Gostou da obra? Que parte você poderia elogiar? Pode-se estabelecer 
relação com outras obras? O que você sentiu? Que parte poderia ser 
criticada?
Escrita. O texto segue mais ou menos a estrutura do texto dissertativo.
Titulo e Introdução.
Na introdução, você menciona a obra, autor, temática e apresenta de 
forma geral sua tese: seu balanço sobre a obra analisada. 
Desenvolvimento.
Escolha e descreva cenas ou aspectos relevantes da obra que poderão ser 
criticados ou elogiados. A seguir passe a julgar os aspectos levantados. 
Conclusão.
Síntese. Reafirme sua opinião sobre a obra, faça um balanço reusmido. Vale a pena 
ler, ver, assistir ou ouvir o que foi resenhado?
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b) ANDRADE, Mário de. Amar, verbo intransitivo: idílio. Rio de Janeiro: Agir, 2008. 181 p. (1ª edição, 
1927) 
 
 
 
 
 
1.3 Texto de divulgação científica 
 O texto de divulgação científica se parece com o resumo, a diferença, na verdade é sutil. Tal texto 
tem a finalidade de informar descobertas para um público leigo. Devem-se evitar termos especializados 
ou explicações teóricas muito abstratas. Digamos que você deve fazer por escrito o que seu professor 
tenta fazer em sala de aula. Traduzir de forma didática um texto mais complexo. 
Você não será o produtor do conhecimento, apenas um mediador. Sendo assim, não cabe a você 
julgar as informações que está repassando. Sua finalidade é expor o que já foi descoberto e, se possível, 
apresentar a situação atual do uso dessa descoberta. O texto apresenta uma estrutura muito semelhante 
à de um texto dissertativo com alguns traços de diferenciação. 
 
 
 
 
 
 
Introdução: quem produziu o texto original (referenciação), qual a finalidade 
do texto-fonte, qual a novidade que ele apresenta. 
Desenvolvimento: apresentação em detalhes da "descoberta", destacando as 
consequências da invoção . 
Conclusão: resumo do que foi visto destaque aos ganhos da "descoberta"
Máscara: Na resenha, não há marcas de máscara, a não ser que haja um 
comando que peça para identificar para que se escreve o texto. O autor de uma 
resenha não descreve suas motivações e anseios ao escrever e nem sua finalidade. 
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 Na verdade, esse gênero não deveria ser produzido a partir de um texto-fonte. Um jornalista que 
dissemina ciência pesquisa sobre o assunto e apresenta as novidades sobre o tema discutido, como você 
já deve ter lido em revistas do gênero. No vestibular, é provável que a banca escolha um texto longo sobre 
um assunto complexo e no meio dele aparece aquilo que pode ser encarado como uma novidade. Nesse 
caso, você não deverá resumir o texto que pode, inclusive ter outro propósito e outro tema, mas saber 
selecionar as ideias que poderiam de fato configurar uma descoberta científica. 
 Os traços mais importantes estão associados à linguagem: 
➢ Linguagem clara e objetiva. 
➢ Verbos predominantemente no presente do indicativo. 
➢ O autor se coloca de forma impessoal. 
➢ Emprega o padrão culto da língua. 
➢ Faz referenciações. 
 Vamos para o exemplo, e, nesse caso, somente o comando da proposta não é suficiente. Abaixo 
você encontrará a proposta inteira da UNICAMP/2016, depois, um texto acima da média e 
comentário da banca. Haja fôlego. 
 
Proposta de redação Unicamp redação 2016 
 
Você está participando de um curso sobre o livro O sentimento de si: corpo, emoção e consciência, 
de autoria do neurocientista António Damásio. Uma das avaliações do curso consiste na produção 
de um texto de divulgação científica a ser publicado em um blog do curso. O objetivo do seu texto 
será o de divulgar as ideias do autor para um público mais amplo, especialmente para alunos do 
ensino médio. Você deverá escrever o seu texto sobre o tema da indução das emoções, baseado 
no excerto abaixo, incluindo: 
 
 
a) uma explicação sobre indutores de emoção com exemplos do próprio texto; 
 b) uma breve narrativa que exemplifique processos de indução de emoções; 
c) uma finalização baseada no fechamento do texto original. 
 
 
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Lembre-se de que o texto de divulgação científica deverá ter um título adequado aos conteúdos 
tratados. 
 
 O induzir das emoções 
As emoções acontecem em dois tipos de circunstâncias. O primeiro tipo de circunstâncias tem lugar 
quando o organismo processa determinados objetos ou situações através de um dos seus dispositivos 
sensoriais, por exemplo, quando o organismo avista um rosto ou um local familiar. O segundo tipo de 
circunstâncias tem lugar quando a mente de um organismo recorda certos objetos e situações e os 
representa, como imagens, no processo do pensamento, por exemplo, a recordação do rosto de uma 
amiga ou o fato de esta ter acabado de falecer. 
 
Um fato que se torna óbvio ao considerarmos as emoções é que certas espécies de objetos ou 
acontecimentos tendem a estar mais sistematicamente ligadas a determinado tipo de emoção que a 
outros. As classes de estímulos que provocam alegria, medo ou tristeza tendem a fazêlo de forma 
consistente no mesmo indivíduo e em indivíduos que compartilham os mesmos antecedentes culturais. 
Apesar de todas as possíveis variações na expressão de uma emoção, e apesar do fato de podermos ter 
emoções mistas, existe uma correspondência aproximada entre classes de indutores de emoção e o 
resultante estado emocional. Ao longo da evolução, os organismos adquiriram os meios para responder 
adeterminados estímulos – sobretudo aos que são potencialmente úteis ou perigosos sob o ponto de 
vista da sobrevivência – através de um conjunto de respostas a que chamamos emoção. 
 
 
O induzir das emoções 
Também é importante notar que enquanto o mecanismo biológico das emoções é largamente 
predeterminado, os indutores de emoção são externos e não fazem parte desse mecanismo. Os 
estímulos que causam a emoção não se encontram, de modo algum, confinados aos que ajudaram a 
formar nosso cérebro emocional ao longo da evolução e que podem induzir emoção desde os primeiros 
dias de vida. À medida que se desenvolvem e interagem, os organismos ganham experiência factual e 
emocional com diversos objetos e situações do ambiente, tendo assim uma oportunidade de associar 
muitos objetos e situações que poderiam ter permanecido emocionalmente neutros, com os objetos e 
as situações que causam emoções naturalmente. A forma de aprendizagem conhecida por 
condicionamento é uma das maneiras de obter esta associação. Uma casa parecida com a que o leitor 
viveu uma infância feliz pode fazê-lo sentir-se feliz, embora nada de especialmente bom ainda se tenha 
passado na casa. Do mesmo modo, o rosto de uma belíssima desconhecida, que se assemelha ao de 
uma pessoa ligada a um acontecimento terrível, pode causar-lhe desconforto ou irritação. Pode até 
nunca chegar a perceber por quê. 
 
A consequência de concedermos um valor emocional aos objetos que não estavam biologicamente 
destinados a receber essa carga emocional é tornar infinita a lista de estímulos que, potencialmente, 
podem induzir emoções. De uma forma ou de outra, a maior parte dos objetos e das situações 
conduzem a alguma reação emocional, embora uns em maior escala que outros. A reação emocional 
pode ser fraca ou forte – e, felizmente para nós, é fraca na maior parte das vezes – mas mesmo assim 
está sempre presente. A emoção e o mecanismo biológico que lhe é subjacente são os companheiros 
obrigatórios do comportamento, consciente ou não. Um certo grau de emoção acompanha, 
forçosamente, o pensamento sobre nós mesmos ou sobre o que nos rodeia. 
(Adaptado de António Damásio, O sentimento de si: corpo, emoção e consciência. Lisboa: Círculo de 
Leitores, 2013, p.79-81.) 
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“Indutores de emoção”: os gatilhos das sensações 
 Constantemente em nossas vidas, lugares, pessoas, objetos ou situações são 
responsáveis por nos causar emoções diversas, às vezes positivas, às vezes não. 
Segundo António Damásio, as emoções são meios de responder a determinados 
estímulos, tais estímulos são tratados em seu livro “O sentimento de si: corpo, 
emoção e consciência” como “indutores de emoção”. 
Imaginamos a seguinte situação: ao longo de sua infância você viveu em uma 
casa onde foi muito feliz. Anos mais tarde, você se depara com uma casa 
extremamente parecida com aquela em que passou a infância. Nesse instante, 
seu cérebro passa a associar a casa nova com a ideia da felicidade que você 
presenciou ao longo da infância, mesmo que nada de bom já tenha acontecido 
na nova residência. No nosso exemplo, a casa seria o indutor de emoção, pois 
sua lembrança gera em você sensações de felicidade. 
Suponhamos agora que você foi atropelado por uma moça ruiva ao sair da 
escola. Tempos depois, em uma festa com os amigos, você vê uma jovem muito 
parecida com a motorista que o atropelou. Assim, mesmo sem conhecer a jovem 
da festa, você começa a se sentir desconfortável ou irritado só de vê-la. Nesse 
caso, o indutor de emoção é a aparência da mulher ruiva, que lhe remete a uma 
situação terrível, causando-lhe irritação. 
 Naturalmente, existe uma gama de indutores, mas o hábito de conceder um 
valor afetivo a seres inanimados, como objetos, aumenta infinitamente o 
número de estimulantes. Felizmente, a resposta a tais estímulos é, quase 
sempre, fraca, embora as emoções estejam sempre presentes. Portanto, como 
há, toda vez, uma ligação entre o indutor e a emoção subsequente, um certo 
grau de sensação está intimamente associado ao que pensamos sobre nós ou 
sobre o mundo ao nosso redor. 
 
Ficha técnica: Texrto de divulgação científica 
Finalidade: Colocar os leitores em contato com as ideias importantes de um texto longo, que trata de 
invações na ciência. 
Sequências discursivas: texto expostivo. 
Estrutura: Nas primeiras linhas, deve-se destacar a descoberta científica, sua importância e quem fez a 
descoberta ou escreveu sobre ela. Se possível deve haver referenciação. 
Nos parágrafos de desenvolviemtno, deve-se explicar a descoberta, dar exemplos, mostrar as 
consequências. 
Na conclusão, pode-ser fazer o fechamento por síntese ou destacando as consequêncais e a 
importância do que foi descoberto (de acordo com o texto fonte) 
Linguagem: clara e objetiva, com verbos no presente e predomínio da impessoalide. 
Marcas de Gênero: 
O título, a apresentação e a referenciação deixam claro que se trata de um artigo de divulgação 
científica. 
De forma objetiva e 
concisa, o candidato 
explica o que entende 
por indutores de 
emoções e também 
por emoções. Para 
tanto, não deixa de 
citar a fonte de tais 
explicações, o livro de 
António Damásio 
Título adequado, além de possuir um caráter 
explicativo, já que propõe uma espécie de 
“tradução” do conceito central do texto 
Selecionou do 
texto-fonte, 
exemplos mais 
palatáveis para o 
leitor: a casa da 
infância, a moça 
ruiva. 
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Alguma técnica especial? 
Compreender as partes do texto e deixá-las claras para o leitor. Uso de conectivos precisos para 
restabelecer as relações lógicas do texto original. 
Bom domínio da paráfrase. 
 
 
 
 
 
 
2. Textos associados à opinião 
 O tipo textual opinativo (dissertação) gerou uma série de gêneros diferentes que têm como função 
apresentar uma opinião bem estruturada nas mais variadas situações de interlocução. Os três gêneros 
presentes nesse estudo são importantes no sentido de exercitar a capacidade de argumentar. 
2.1 Comentário crítico interpretativo 
 O comentário crítico interpretativo tem em si o núcleo mais simples do que significa defender 
uma ideia. Você lê um texto qualquer, pensa sobre o que ele defende, discorda dele ou concorda com ele 
e resolve escrever para estabelecer um diálogo como ele. Esse gênero manifesta todo esse movimento. 
 Comentário crítico interpretativo é um gênero que mostra a capacidade do articulista de 
relacionar sequências expositivas com sequências argumentativas como se fosse uma pequena 
dissertação. Você vai perceber que, em alguns casos, ao fazer o comentário do fragmento, você obtém 
um projeto de texto completo. A diferença entre esse gênero e outros tem a ver com o ponto de partida. 
A banca escolhe um texto que deve ser usado para se fazer o comentário. Esse ponto de partida determina 
a introdução. 
 Vamos ver como se faz isso na prática. Considere a proposta abaixo da banca UNIOESTE. 
 Escreva um COMENTÁRIO INTERPRETATIVO CRÍTICO, para ser publicado na REVISTA GALILEU, 
sobre a temática a seguir. Lembre-se de que você deverá apresentá-la e interpretá-la criticamente. 
NÓS NOS PREOCUPAMOS MAIS COM NOSSOS SEMELHANTES OU COM OS ANIMAIS? 
No fim de 2013, uma pesquisa feita pelo Ibope com mais de 10 mil pessoas revelou que 80% dos 
internautas brasileiros têm um animal de estimação em casa. O que mais chama atenção na pesquisa é 
o valor gasto por mês com os animais: em média, R$ 100 por mês. Esses números provam o óbvio, isto 
é, os animais de estimação fazem parte da nossa vida [...]. 
Máscara: No texto de divulgação científica, não há marcas de máscara 
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Psicólogos da Universidade Georgia perguntaram para 573 pessoasquem elas salvariam em um cenário 
hipotético que dava chance de apenas um dos dois sobreviver: cão ou humano. Segundo os 
pesquisadores, dois fatores são levados em conta nesse momento de decisão. Primeiro: quem é a 
pessoa em perigo? O resultado mostrou que, se a pessoa em perigo fosse um desconhecido, ela 
perderia a vida para um cachorro. Segundo: quem é o cão em perigo? 40% dos entrevistados 
responderam que salvariam seu animal de estimação em vez de um turista estrangeiro. 
(Adaptado de Fernando Bumbeers. Revista Galileu. Disponível em 
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/04/por-que-gostamos-mais-de-pets-do-que-
de-outras-pessoas.html, acesso em 26/09/2018). 
 Diante desse desafio, que tal seguir os passos abaixo? 
 
 
 No caso do texto referência, a UNIOESTE escolheu um texto expositivo, o que dificulta um pouco 
a vida do candidato. É mais fácil fazer um comentário crítico quando o texto manifesta uma opinião forte. 
Então vamos aos passos iniciais. 
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https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/04/por-que-gostamos-mais-de-pets-do-que-de-outras-
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/04/por-que-gostamos-mais-de-pets-do-que-de-outras-
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 Como ficaria o texto? Melhor do que dizer como ficaria, é ter em mãos um texto de um 
vestibulando com a nota respectiva. 
Tema do texto: nós nos preocupamos mais com nossos animais do que com os 
semelhantes. Os dados são bastante contundentes. Mais fácil reafirmar as ideias 
expressando-as numa tese que condenar esse tipo de comportamento. 
O texto não manifesta a tese claramente, mas a escolha dos dados faz o leitor chegar à 
conclusão de que nossos valores estão distorcidos. 
Ideias para expansão: aumento de número de pet shops, os animais de estimação fazem 
companhia e não nos expõem a relações conflituosas, algo que se evita na sociedade 
narcisista. 
O texto poderia deixar a tese mais explícita. 
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 O candidato tirou 46 de 60. Ele optou por descrever e interpretar o texto-fonte, como solicitado 
pela banca e como é típico desse gênero, contudo faz isso de forma sumária e apresenta a tese sem dar 
destaque ao fato de que ela é fruto da interpretação que ele fez do texto-fonte. 
 A forma como ele desenvolve o texto também não é muito adequada ao gênero. Ele estrutura a 
redação no formato Enem, dividindo o argumento em duas partes: na primeira, ele começa com a 
expressão conectiva “em primeira análise”; e, na segunda, “diante disso”. Em cada parte, é elencado um 
argumento pautado muito mais pela exposição erudita de um repertório do que pela necessidade de 
provar o que se deseja. 
 Apesar desses problemas, o texto está dentro do gênero e, por comentar a fonte no primeiro 
parágrafo, ele se constitui como um comentário crítico. 
 
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 O texto visual é um pouco mais difícil de ser comentado, mas segue os mesmo passos. Talvez a 
parte mais complicada seja a descrição da imagem, já que é preciso apresentá-la para o leitor supondo 
que ele não a viu. Depois da interpretação, o roteiro segue o mesmo. Você deve pensar se concorda com 
a ideia expressada pelo autor da obra ou discorda dela e apresentar seus argumentos. 
 Considere a proposta a seguir da UNIOESTE/2019 . 
 Como seria o comentário crítico interpretativo desse texto? 
 Observe uma possível introdução para essa proposta. 
 
 Numa tirinha recentemente publicada, um garoto se dirige ao 
“Armandinho” ironizando-o por estar brincando de boneca. A resposta, 
inesperada, inverte o possível significado da brincadeira. Diz o garoto, alvo da 
chacota: “estou brincando de pai”. O chargista critica nossa cultura, que atribui 
às brincadeiras infantis determinados valores preconceituosos próprios do 
mundo adulto. 
 Mas ela faz mais do que isso. Nos faz investigar a forma como 
decodificamos as ações sociais a partir de papeis e valores que poderiam ser 
interpretados de outra forma. Convida-nos ao espanto com o cotidiano tão 
próprio da filosofia... 
 
Comentário de texto visual 
Referenciação 
Descrição do 
quadrinho, resumo 
da narrativa 
Interpretação 
Tese 
Menção à filosofia, pois o texto será publicado 
numa Revista de Filosofia. 
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Tome nota. 
Referenciação 
 A referenciação é parte importante do seu texto, manifesta respeito pelo autor do 
outro texto. Quando for possível, faça a atribuição mais detalhada. Por exemplo, no 
primeiro texto, o autor poderia ter sido mais detalhista: “O jornalista Fernando Bumbers 
escreveu um artigo na revista Galileu, cujo título era “Nós nos preocupamos mais como nossos 
semelhantes ou com os animais?” 
 Observe as referências bibliográficas. No caso da tirinha, não havia muita coisa para fazer a 
atribuição do texto. 
 Interlocução ou situação social 
 Quando a banca sugere uma circunstância, a referência de onde o texto será publicado, por 
exemplo, inclua isso na sua publicação. Observe que fiz isso nos parágrafos iniciais da proposta da tirinha. 
 
 
 
 
2.2 O artigo contra-argumentativo 
 O gênero contra-argumentativo é muito utilizado quando algum articulista de jornal não concorda 
com alguma opinião e resolve escrever tomando como base o texto do colega, essa mesma estrutura 
pode ser utilizada numa carta contra-argumentativa. Esse é um gênero complexo que exige 
reconhecimento dos argumentos utilizados pelo oponente e capacidade de derrubar as ideias contra as 
quais se deseja insurgir. 
 Ele não tem sido cobrado nos vestibulares. Mas, sem dúvida, permite desenvolver habilidades 
ímpares na escrita de textos que têm a finalidade de se valer da argumentação. 
 Nesse caso, você deve refutar os argumentos usados pelo seu oponente. O sinônimo de “refutar” 
é rejeitar. No caso de um texto ou um discurso argumentativo, a palavra significa não somente não aceitar 
a argumentação oposta como também mostrar as suas falhas. 
 Geralmente, faz-se uso dessa técnica argumentativa em cartas argumentativas comuns em 
vestibulares. Ao candidato é solicitado que ele escreva para alguém ou para alguma autoridade refutando 
alguma medida ou ideia expressa pela pessoa. 
 Vale a pena, portanto, considerar alguns passos para refutar um argumento. Nesse caso, vou 
transcrever as sugestões do professor J.R. Whitaker Penteado: 
Máscara: Trata-se de um texto analítico e bastante técnico, sem marcas de 
máscara. 
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“ 1º - Procure refutar o argumento que lhe parece mais forte. Comece por ele. 
2º - Procure atacar os pontos fracos da argumentação contrária. 
3º - Utilize a técnica da “redução às últimas consequências”, levando os argumentos contrários às 
últimas consequências. 
4º - Veja se o seu opositor apresentou uma evidência adequada ao seu argumento empregado. 
5º - Escolha uma autoridade que tenha dito exatamente o contrário do que afirma seu opositor. 
6º - Aceite os fatos, mas demonstre que foram mal interpretados. 
(...) 
10º - Analise cuidadosamente os argumentos contrários, dissecando-os para revelar as falsidades que 
contêm. “1 
Para esquentar os motores, veja esse artigo contra-argumentativo escrito por Maria Adelina 
Braglia, colunista do site Afropress. Incomodada como um artigo de Demétrio Magnoli, sociólogo e 
articulista de vários jornais que questionava o racismo contra negros no Brasil, pelo fato de a raça ser um 
fator difuso no Brasil, ela escreveu o texto abaixo. 
 RESPOSTA A DEMÉTRIO MAGNOLI 
 O Professor criticaa unificação das auto-definição das categorias 
censitárias de cor – pretos e pardos – que, agregadas, são indicativos de raça – 
negra – e apontam claramente o racismo brasileiro como fundamento da 
pobreza de expressiva parcela de afrodescendentes. Para ele, como 
delicadamente chama, isso é manipulação ideológica. Para exemplificar, cita 
até um exemplo correto, ao referir-se à Amazônia, onde há realmente a 
probabilidade de que na categoria pardo estejam incluídos também os 
descendentes de povos indígenas. 
Convenientemente, esqueceu-se o Professor de nos informar, na sua 
longa diatribe, que no Censo 2000, os brasileiros que se auto-identificam como 
indígenas não ultrapassam a proporção de 0,43%, percentual infame, 
evidentemente, e resultante do genocídio e da discriminação racial, a mesma 
que o Professor veementemente nega (auto-identificaram-se como indígenas 
734.127 pessoas no universo de 169.872.856 recenseados). 
Assim, ainda que a categoria “parda” ocultasse todos os que se declararam 
indígenas, a proporção total não seria comprometida. Salvo para o uso 
manipulador, como bem o fez o Professor. 
As informações da pesquisa Retratos da desigualdade são mesmo difíceis de 
serem digeridas. Elas batem no nosso rosto eurocêntrico, elas agridem nossa 
 
1 Penteado, J.R. Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana. São Paulo; Livraria Pioneira Editora, 8ª edição, 1982. 
Contextualização da 
fala do oponente, 
inclusive com os 
argumentos que 
deverão ser 
derrubados 
Argumento de 
Magnoli: os índios 
também são pardos. 
Resposta: eles são 
muito poucos. 
Argumento a mais 
que ataca a tese de 
Magnoli de que não 
existe racismo. A 
pesquisa Retratos da 
desigualdade mostra 
a face do racismo. 
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ilusória mentira histórica de democracia racial. É a prova inconteste de que a 
pobreza tem raça e cor no Brasil. 
(...) 
(https://www.afropress.com/resposta-a-demetrio-magnoli/) 
 
 
 A técnica de produção desse tipo de artigo é bem parecida com a anterior, o comentário crítico 
interpretativo. Muda-se, na verdade, o que se deve procurar no argumento do oponente. Há, nesse caso, 
uma evidente tomada de posição e uma necessidade de desqualificação das provas do adversário. 
 Em lógica, existe um treino preciso para se reconhecer argumentos que apresentam algum tipo de 
fraqueza : o estudo das falácias. São muitos os tipos de expressões, mas vamos considerar 7. 
 
 
 Generalização indevida 
 
 Observe que o autor de tal frase se vale do exagero e do sujeito no plural. Se fossemos contra-
argumentar, qual seria a resposta? 
 O senhor Pondé, no artigo publicado na Folha de São Paulo, sugere que 
os jovens não manipulados por professores. Ora, em primeiro lugar, trata-se 
de uma generalização que supõe, inclusive, a incapacidade dos jovens de 
avaliarem os seus professores e serem dóceis a tudo o que eles dizem, o que 
não condiz com a realidade. 
 Falso dilema 
 
Como fazer?
Falácias 
Os jovens estão reduzidos a um manual produzido por professores pregadores e mídias 
sociais furiosas.
(Pondé, articulista da Folha) 
Só há dois caminhos para o Brasil: ou acabamos com 
a corrupção ou a corrupção acaba com o país.
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 Esse é uma das frases que mais são usadas em época de polarização. Qual a resposta? 
 O Senhor “x”, ao considerar possibilidades para o Brasil, afirma haver somente dois caminhos. 
Ora, as questões humanas estão nos detalhes e não nos opostos, até porque não há só dois caminhos 
para o país, principalmente se considerarmos a corrupção, que é algo inerente ao sistema capitalista. 
Tanto isso é verdade, que não há país sem corrupção. O que existe são países com níveis baixos desse 
tipo de infração da coisa pública. 
 
 Argumento que leva em consideração a vida particular do indivíduo e não a ideia que está 
sendo discutida. 
 
 É comum as pessoas desacreditarem os Direitos Humanos apelando para o fato de que seus 
defensores talvez não tenham sido vítimas da violência urbana. Ora, isso significa desviar o foco do que 
significam as garantias constitucionais e por que devemos defendê-las. Eles representam a garantia de 
que todos terão um tratamento digno se forem suspeitos de crime. Os defensores entendem que violar 
o direito de um, mesmo que seja criminoso, é um precedente para todos na sociedade, pois nada garante 
que o direito daqueles que se consideram “gente do bem” também não seja violado. 
 Ad absurdum 
 
 O senhor Demétrio Magnoli se coloca contra a exigência de se autodeclarar a que raça pertence, 
dizendo que deixaremos de ser uma nação para se tornar uma confederação de raças. Ora, isso é um 
exagero. A autodeclaração não alterará substancialmente a realidade que já existe e na qual o negro sofre 
preconceito. 
 
 Ambiguidade (uso de um termo que é indeterminado como liberdade) 
Frequentemente, as pessoas que defendem os direitos humanos, 
fazem isso porque nunca tiveram um parente vítima de bandidos
O novo estatuto exige que os brasileiros se autodeclarem brancos, negros 
ou pardos. A nação deixará de ser um contrato entre indivíduos para se 
tornar uma confederação de "raças". (Demétrio Magnoli)
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AULA 01 – Gêneros Modelares 30 
 
 Muitas pessoas que se recusavam a usar máscara diziam que isso seria um atentado à liberdade. 
Ora, observa-se, nesse caso, um uso distorcido da palavra. Todas as pessoas sabem que a liberdade não 
é absoluta, e um tipo de exigência como essa supõe a preservação da vida para poder usufruir uma 
liberdade que todos sabem ser relativa e, muitas vezes, limitada por deveres sem os quais não há 
sociedade. 
 Non sequitor (a causa não leva à consequência) 
 
 É verdade que as mulheres precisam de maior representação no Congresso Nacional, porque elas 
poderiam levar pautas que têm a ver com os problemas que elas enfrentem. Contudo, não podemos 
esperar que a consequência indubitável de haver mais mulheres na política seja uma guinada feminista 
radical. Não decorre de pertencer simplesmente ao gênero feminino a defesa inconteste de pautas 
feministas. 
 Espantalho (distorcer a afirmação para poder provar o que se deseja) 
 
 É verdade que Foucault elaborou o conceito de micropoder, mas tratava-se simplesmente de um 
conceito para analisar como, em uma sociedade, os poderes vão se constituindo a partir dos grupos de 
interesses. O Senhor “x” distorce as ideias do filósofo, o que o leva a chegar à absurda conclusão de que 
o autor defendia o terrorismo. 
 
 
Na pandemia, a liberdade de não usar máscara é um 
sequestro de nosso direito.
Uma mulher como deputada jamais trairia os interesses 
das mulheres, ou seja,votaria em pautas feministas. 
Foucault defendia o micropoder, ou seja, ele apoiava 
o terrorismo como forma política de agir.
Exemplo 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 31 
 Para entender melhor esse tipo de gênero, segue-se abaixo uma proposta a UNICANP, antiga 
que solicitava ao candidato que escrevesse uma carta contra-argumentativa. Observe o texto-fonte e 
uma redação acima da média. 
Proposta 
 
 
O empresário Antonio Ermírio de Moraes escreveu o artigo abaixo (Folha de São Paulo, 3/8/97) em que 
se manifesta sobre a sujeira na cidade de São Paulo. Leia o artigo com atenção e reflita também sobre o 
que está sugerido nas entrelinhas a propósito de pobreza, cidadania, limpeza, ação governamental, etc. 
 
Até quando, São Paulo? 
Os leitores têm todo o direito de se queixar quando volto a um mesmo assunto. 
Acontece que o retorno ao tema decorre da persistência do problema. Refiro-me à imundície que 
campeia na cidade de São Paulo. 
Muita gente confunde pobrezacom sujeira. Nada mais errado. As pessoas humildes são exatamente 
as que mais valorizam o asseio, a higiene e a limpeza. 
Você já notou como é generalizado o banho dos trabalhadores da construção civil depois de uma 
jornada de trabalho? 
Você já reparou como são bem areadas as panelas das donas-de-casas dos domicílios das periferias? 
Você já observou a brancura das camisas e blusas dos uniformes dos seus filhos? 
O que se vê na capital de São Paulo é fruto de puro abandono e total falta de autoridade. 
São pessoas imundas que emporcalham a cidade como prova da sua selvageria e reflexo da 
insensibilidade dos governantes. 
Uns defecam nos jardins. Outros cozinham debaixo dos viadutos. Há ainda os que penduram a roupa 
encardida nos galhos das árvores. Tudo a céu aberto e no maior acinte aos cidadãos que aqui vivem. 
Na ausência de um plano diretor para cuidar da habitação, avoluma-se o número de pessoas que, 
usando tábuas, papelão e até embalagens de geladeiras, vão se mudando definitivamente para 
debaixo das pontes, onde passam a residir “tranquilamente” no meio de escandalosa sujeira. 
O mais espantoso é ver as autoridades municipais e estaduais consentirem com a multiplicação 
desses chiqueiros que, na verdade, são uma verdadeira provocação aos que pagam altos impostos e 
que têm o direito de exigir um mínimo de higiene na cidade em que habitam e trabalham. 
Já passou bastante da hora de as autoridades agirem. Elas estão atrasadas há vários anos - mas têm 
de agir. 
Não é justo que a população como um todo seja submetida a um ambiente tão vergonhoso e 
deprimente como é o de São Paulo. 
Não sou saudosista a ponto de querer voltar ao tempo do prefeito Faria Lima, quando o símbolo da 
capital era uma bela rosa. 
Mas também não acho correto submeter um povo trabalhador a uma cidade imunda e abandonada. 
Afinal, esse povo está seguindo as regras democráticas, comparece às eleições e escolhe 
ordeiramente os seus vereadores, prefeitos e governadores. 
É hora de eles realizarem mais trabalho e menos política, limpando esta cidade que já foi orgulho do 
nosso país. Mãos à obra! 
A partir da leitura e da sua reflexão sobre os implícitos, e imaginando que você discorda do articulista, 
escreva-lhe uma carta, na forma de um texto argumentativo, na qual você exponha as razões de sua 
discordância. ATENÇÃO: AO ASSINAR A CARTA, USE INICIAIS APENAS, DE FORMA A NÃO SE IDENTIFICAR. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 32 
 
Redação acima da média. 
 
Campinas, 30 de novembro de 1997. 
 
Ilmo. Sr. 
Antonio Ermírio de Moraes 
 
 
Como estudante e cidadão desse país, não pude deixar de lhe 
escrever ao ler seu artigo de 03 de agosto de 1997 que trata da imundície da 
cidade de São Paulo. 
Em primeiro lugar, digo-lhe que o senhor entrou em contradição. 
Disse que os menos abastados são os que mais valorizam a limpeza, mas, 
apesar da afirmação anterior, todos os exemplos de sujeira de seu texto são 
causados pela miséria, como cozinhar debaixo dos viadutos ou pendurar 
roupa encardida nos galhos de árvores. Essas pessoas que não têm moradia, 
não têm emprego, que nunca frequentaram escolas são muito mais 
miseráveis do que os ''pseudo-pobres "que o senhor chamou de limpos. 
Em segundo lugar, essas pessoas imundas, como o senhor mesmo 
disse com um certo tom de preconceito, agem dessa forma por falta de opção. 
Elas vivem totalmente à margem da sociedade, em condições sub-humanas, 
pois a estes que também deveriam ser considerados cidadãos não foi dada 
nenhuma chance. 
Digo-lhe também que, excetuando-se os sonegadores, são os ricos 
que pagam impostos, e ao fazê-lo, canalizam parte do dinheiro para a 
limpeza de sua cidade. Mas antes de os contribuintes se sentirem 
provocados pela imundície da cidade, deveriam refletir e pensar mais em 
quem eleger nas próximas eleições. Ao invés de votar nos candidatos 
favoráveis aos seus interesses pessoais, deveriam votar naquele que 
realizará algo no setor social, pois se a qualidade de vida da população pobre 
melhorasse, existiria menos miséria, violência e também menos sujeira. 
Por falar de eleições, senhor Antonio Ermírio de Moraes, ocorreu-me 
que em seu artigo o senhor fez várias críticas ás autoridades, 
responsabilizando-as pela imundície da cidade. Será que talvez o senhor não 
esteja querendo atingir o atual governo, visando sua posição nas próximas 
eleições? 
A sujeira da cidade de São Paulo só vai ter fim quando for dada à 
população miserável condições de vida dignas de todo ser humano e todo 
cidadão. Isto é democracia, senhor Antonio Ermírio. Isto é o que queremos. 
 
 
Atenciosamente, 
ID.I 
Aponta a 
contradição. Cita 
rapidamente a 
argumentação do 
Sr. Ermírio e a 
derruba. 
Derruba o 
argumento que se 
baseia na 
ambiguidade, as 
pessoas não tem 
falta de vontade, 
mas falta de 
oportunidade. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 33 
 
 
 
 
2.3 O artigo de opinião 
 O artigo de opinião é o gênero mais próximo do tipo dissertativo ou da dissertação escolar que 
conhecemos. Trata-se de um texto de defesa de uma...opinião. Ou seja, você deve apresentar uma tese 
e defendê-la. 
 De longe, esse gênero é o que mais frequenta os vestibulares que cobram gênero, embora, na 
UNICAMP, ele só tenha sido requisitado uma vez. Não há nenhum segredo para a escrita desse campeão 
de audiência. Trata-se de uma dissertação com traços mais subjetivos, seja porque o assunto depende da 
observação de um fato particular (a leitura de um artigo de jornal) ou porque você pode começar o texto 
com o uso do “eu”. De resto, o artigo de opinião deve ter introdução, desenvolvimento e conclusão e 
manifestar a defesa de uma tese. 
 Perceba que, de alguma forma, o texto dissertativo já foi considerado em seus aspectos mais 
importantes. Nos pdsf 04 e 05, consideramos a estrutura dissertativa (introdução, desenvolvimento e 
conclusão), vale a pena, portanto, rever esses conteúdos. Eis algumas diferenças: 
 
Artigo de opinião Dissertação 
- O uso da primeira pessoa é desejável e 
possível 
- O uso da primeira pessoa do singular deve ser 
evitado 
- Certa medida de pessoalidade - objetividade 
- Uso de recursos retóricos - Uso de recursos argumentativos objetivos 
- Interlocutor específico - Interlocutor universal 
-Estrutura: introdução, desenvolvimento 
conclusão 
-Estrutura: introdução, desenvolvimento e 
conclusão 
-Há três formas de introdução: 
lançando uma tese, ambientando os fatos e 
dando uma definição do assunto. 
- Introdução generalizante expondo o problema 
que será discutido. 
 
Qual a diferença entre artigo de opinião e editorial? 
 Basicamente, não existe nenhuma diferença entre esses dois gêneros a não ser a de produção. 
Quem escreve um editorial é, geralmente, o editor ou um jornalista alinhado com o pensamento e a crítica 
dos dirigentes do jornal. O editorial expressa, portanto, a opinião do "dono do jornal". 
 No caso do artigo de opinião, o autor é alguém conhecido socialmente por alguma especialidade 
e, quando manifesta uma opinião, não está se alinhando a ninguém, expressa seu livre pensar. O que dá 
peso ao artigo de opinião é o nome do escritor que aparece em letras garrafais, pois trata-se de uma 
pessoa com autoridade social. 
Máscara: O texto contra-argumentativo geralmente é básico para construção 
do artigo de opinião e da carta contra-argumentativa. Quando assumo a forma de 
cada um desses gêneros, ele obedece à construção da máscara de acordo com o que 
será visto a seguir. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 34 
 O Editorial não é assinado, pois não se trata de uma opinião livre; o artigo de opinião é assinado. 
Dificilmente um vestibular vai pedir para que você escreva um Editorial, a não ser que proponha uma 
situaçãoparecida com a abaixo descrita. 
 Suponha que você e seus colegas são responsáveis por um jornal na escola em que vocês estudam. 
Vocês têm uma determinada visão sobre as atividades extracurriculares que destoa da perspectiva da 
direção. Um dos integrantes do conselho editorial pede que você escreva um texto que reflita o 
pensamento do grupo. Esse texto será um editorial, pois será crítico e será expressão dos editores do 
jornal. 
Ficha técnica: Artigo de opinião 
Finalidade: Apresentar alguma uma opinião que será publicada em algum tipo de veículo de 
informação: jornal, blog, revista eletrôncia etc. 
Sequências discursivas: Trata-se de um gênero no qual predomina o texto opinativo. 
Estrutura: Há uma estrutura formal consagrada: 
Introdução: o autor apresenta o tema e tese. 
Desenvolvimento: apresenta os argumentos que o levaram a concordar ou discordar da ação ou do 
texto. 
Conclusão: parágrafo curto em que reitera sua forma de pensar. 
 Linguagem: Linguagem formal e respeitosa; uso do “eu”. 
Marcas de Gênero: 
O artigo de opinião tem título e o primeiro parágrafo, com o uso do eu e a configuração de uma ideia a 
ser defendida deixa claro de que gênero se trata. 
Alguma técnica especial? Capacidade de relacionar argumentos de forma coerente. 
 
 
 Como todo gênero que se preze, ele tem que se mostrar logo na introdução, que é o cartão de 
visitas de qualquer texto. O que identifica esse gênero? Um combo de caraterísticas: o título, o uso do eu 
(não obrigatório), a forma polêmica de expor a questão diante da qual tomara posição. Bora considera 
algumas falhas na produção do texto que podem ser percebidas logo no primeiro parágrafo. 
O caso da proposta sobre Cyberbulling 
 A UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná), em 2017, solicitou que o aluno produzisse 
um texto a partir das seguintes instruções: 
Produza um artigo de opinião, assumindo o papel social de um leitor de jornal que intenciona publicar seu 
ponto de vista em relação à questão polêmica: De modo geral, o ativismo nas redes sociais, ou 
cyberativismo, tem repercussões significativas na sociedade ou fica restrito ao mundo virtual? Não se 
esqueça de que o artigo de opinião é um texto argumentativo, por isso, além de se posicionar frente à 
questão exposta, é preciso selecionar bons argumentos para a defesa da sua tese. 
 A banca lembrava claramente que seria importante que o articulista se posicionasse como seria 
próprio desse gênero. A partir desses pressupostos e do conhecimento do tema, vamos fazer o jogo dos 
erros. 
Falhas comuns
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AULA 01 – Gêneros Modelares 35 
 
 
 
 
Com certeza o uso das redes sociais influenciou, amplamente, a participação 
dos indivíduos e a exposição de suas opiniões e posicionamentos políticos 
sociais, porém, mesmo garantindo tal liberdade de expressão esse 
cyberativismo não foi capaz de gerar repercussões significativas na sociedade. 
 
 
 
Hannah Arendt, filósofa alemã, caracteriza a Ação como a partícula que 
singulariza o homem enquanto animal político. Para a filósofa a ação humana 
racionalizada e voltada aos interesses da comunidade singulariza o valor 
político do indivíduo. Na atualidade, o uso das redes sociais como meio de 
ativismo político constitui-se como uma importante ferramenta para a 
firmação individual política e social. 
 
 
 
 
O cyberativismo parece ter definitivamente ganhado espaço na sociedade. Se 
antigamente a revolta política só poderia se exercer indo para a rua, hoje ela 
ganha outros espaços. “A rua é do povo” já dizia o poeta que expressava sua 
esperança de que a política tivesse sua vez no coração da cidade e das pessoas. 
Talvez agora possamos dizer que a internet é do povo. Essa mudança foi 
causada por vários fatores 
 
Tome nota 
 
 
Qual é a falha? 
Qual é a falha? 
Qual é a falha? 
 O autor começa 
como se estivesse 
respondendo à 
pergunta. A 
introdução deve 
contextualizar a 
polêmica. 
Estrutura de modelo 
Enem. A citação da 
filósofa não 
contextualiza e não 
colabora para o 
“clima” de artigo de 
opinião. 
Onde está a tese? 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 36 
Fo
n
te
: P
ix
ab
ay
 
Não fique em cima do muro. 
 Afirmar que uma questão tem dois lados, sem dar ênfase a qualquer dos aspectos ou fazer 
simplesmente uma enumeração de argumentos favoráveis e contrários é um “tiro no pé”. 
 Então, eu NUNCA posso falar dos dois lados ? 
 Corujinha, em Redação, a palavra nunca raramente é empregada. Uma das redações publicadas 
partia da tese que, nesse caso, o melhor era o caminho do meio. Ou seja, o autor defendia a ideia de que 
“navegar era preciso”, mas com os cuidados epistêmicos necessários. Ele argumentou a favor e contra, 
mas veja que o acento enfático recaía sobre os cuidados. Isso não é ficar em cima do muro. 
 Lembre-se de que o corretor quer avaliar sua capacidade argumentativa, não quer avaliar sua 
competência de contabilizador de argumentos, aquele cara que começa a redação dizendo “por um lado 
a informação na internet pode levar ao engano....” e, depois de despejar os argumentos sobre isso, 
começa outro parágrafo com “ por outro lado também pode nos informar...”e faz a mesma coisa. 
 
Mas e se eu não tiver uma opinião sobre o assunto? 
 Pense em uma opinião que pode ser defendida e mãos à obra. 
Você, corujinha esforçada, ao final do curso, terá feito uma 
grande quantidade de redações. Terá desenvolvido jogo de cintura 
para jogar seja qual for a configuração, porque se exercitou na dura 
tarefa de argumentar bem. Então confie nas suas asas. 
Alguém que aprendeu a lógica matemática é capaz de fazer 
um exercício se os números forem outros e se a circunstância se 
alterar um pouco. Alguém que aprendeu a argumentar e defender 
um ponto de vista, saberá se posicionar a partir dos dados em 
mãos, mesmo que não tenha enfrentado o tema ainda. 
 
 
 
 Nesse momento, e com razão, você deve estar se perguntando: o que seria uma artigo de opinião 
“supimpa”? 
 Então vamos lá, fazer a análise de um artigo de opinião publicado como acima da média, da 
UNICAMP. A proposta era a seguinte: 
Considere a seguinte situação: uma postagem recente em uma rede social de uma mensagem de ódio 
contra os nordestinos foi foco de intensa discussão. Dada a repercussão do caso, o jornal de maior 
Redação nota 10 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 37 
circulação de sua cidade resolveu fazer um caderno especial sobre o tema “Liberdade de Expressão”. 
Leitores de diferentes perfis foram convidados a se manifestar e você foi o estudante escolhido. Para 
atender a esse convite, você deverá escrever um artigo de opinião em que discutirá a seguinte questão: 
“Há limite para a liberdade de expressão?” 
 A redação que foi publicada pela banca é esta... 
 
Os limites da nossa liberdade 
Recentemente, uma mensagem de ódio contra nordestinos publicada 
nas redes sociais foi alvo de intenso debate e fomentou a discussão quanto aos 
limites da liberdade de expressão. Com as principais opiniões defendendo a 
existência ou a inexistência desses limites, acabei por concluir que eles devem, 
sim, estar presentes em nossa sociedade, para impedir que a liberdade de 
alguns restrinja a de outros. 
 Muitos afirmam que a mensagem de ódio aos nordestinos é apenas a 
expressão de uma opinião e, por isso, deve ser respeitada sem quaisquer 
restrições. A incoerência desse argumento pode ser observada ao analisarmos 
as ideias do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso: 
segundo ele, o discurso de ódio, que está presente na mensagem em questão, 
exclui do debate grupos historicamente vulneráveis, como os nordestinos. 
Logo, esse tipo de fala fere a liberdade de expressão de outrem, exigindo 
restrições.E mais: a ausência de quaisquer barreiras ao discurso pode resultar em 
graves impactos na sociedade. Tomemos como base a comparação feita pelo 
cientista Fernando Schüler entre Brasil e Estados Unidos: este defende a 
liberdade de expressão irrestrita, enquanto aquele opta por uma legislação 
protetiva, que, segundo Schüler, guarda respeito. Qual dos dois países foi palco 
de violentas passeatas neonazistas em 2017? O que não limita a liberdade de 
expressão e, por consequência, abre margem para a radicalização dos discursos 
de ódio. 
As restrições à liberdade de expressão devem existir para prevenir os 
ataques à liberdade de outrem, representados pelos discursos de ódio, como a 
mensagem contra nordestinos. Elas são importantes, também, para prevenir a 
radicalização desses discursos, que podem ocorrer na forma de violência, como 
nas passeatas nos EUA, ou de exclusão social. Devemos, portanto, limitar 
minimamente a liberdade de expressão, garantindo, assim, o bem-estar de 
todos os brasileiros 
A avaliação da banca 
Ao contextualizar o seu texto, seja pelo tema, seja pela situação de produção, o candidato contemplou 
em sua produção o que foi considerado marca essencial do gênero artigo de opinião nesta proposta. Tal 
como pedido, ele desenvolveu um texto argumentativo, expôs dois posicionamentos possíveis sobre o 
tema e assumiu um deles, sustentando seu posicionamento com exemplos. 
Contextualização 
Uso da primeira pessoa 
Tese/opinião 
Menção ao 
argumento oposto e 
contra-argumentação 
Argumento por 
consequência 
Conclusão por 
reafirmação da tese 
Título 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 38 
 
 
 
 
2.4 Editorial 
 Um editorial é um artigo de opinião, com uma diferença sutil. Quem escreve um editorial é, 
geralmente, o editor ou um jornalista alinhado com o pensamento e a crítica dos dirigentes do jornal. O 
editorial expressa, portanto, a opinião do "dono do jornal". O que isso significa? 
 O dono de um jornal contra o editor, um jornalista responsável que deverá montar a pauta de 
cada edição de jornal. Ele é que recolhe todos os artigos, reportagens e notícias que seus colegas 
recolheram durante o dia. O editor pensa na relevância dos temas, organiza, seleciona quais artigos 
vão ser publicados e em que ordem. 
Cada notícia deve se pautar pela ética jornalística, ou seja, o texto deve ser isento, tanto quanto 
possível, da ideia de quem o produz. Apesar disso, o dono do jornal e o editor, que está alinhado com a 
opinião do proprietário, têm uma opinião sobre os fatos, que pode ser à esquerda, á direita, moralista, 
liberal etc. Logo na primeira página do jornal, o editor comenta um fato que ele achou importante e dá 
a opinião que deve expressar a opinião do jornal. 
Como você deve ter observado, a única diferença diz respeito à origem da opinião. No artigo, a 
opinião é dada por personalidades relevantes na sociedade brasileira; no editorial, ela é dada pelo 
editor. 
Veja o exemplo de um Editorial publicado pela Folha por ocasião da tramitação de uma 
minirreforma trabalhista. 
Avanço trabalhista 
Editada em abril, a medida provisória 1.045 tratava somente da extensão 
de programas de proteção ao emprego, mas teve seu escopo em muito ampliado 
na Câmara dos Deputados para incluir modificações na legislação trabalhista. 
A prorrogação por 120 dias dos mecanismos adotados durante a 
pandemia para preservar vagas, como redução parcial da jornada e suspensão 
temporária de contratos de trabalho, é correta. 
(...)Os deputados incorporaram ao texto novas modalidades de 
contratação, além de mudanças de diversos dispositivos da Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT). 
(...) 
Introdução longa 
que contextualiza o 
tema que será alvo 
da opinião. O 
escritor supõe que 
o leitor não precisa 
saber sobre a 
minirreforma e a 
explica. 
Opinião sem 
rodeios 
Máscara: O artigo de opinião permite o uso do eu. Contudo, essa marca é 
muito sutil. Ela apenas dá mais ênfase de que a opinião é particular. Não ficamos 
sabendo nada desse eu, por que ele está escrevendo? O que ele sente sobre o 
assunto? E, além disso, como foi dito, o artigo de opinião pode também ser escrito 
como se fosse uma dissertação e, nesse caso, não há qualquer traço de máscara. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 39 
Os objetivos são meritórios, embora as evidências internacionais 
apontem que, no caso de jovens, o principal obstáculo para a contratação em 
países em desenvolvimento é a deficiência de qualificação, não os encargos. 
Em outro programa, que visa a requalificação profissional, são previstos 
carga de trabalho limitada a 22 horas semanais e pagamento de um bônus de até 
R$ 550 mensais. O contrato é vinculado a treinamento, que pode ser oferecido 
pelo sistema S, pela própria empresa ou por meio de vouchers. 
Esta Folha tem defendido modificações na legislação trabalhista que 
favoreçam a geração de empregos formais. Está fartamente demonstrado que a 
CLT, no afã de regular em detalhe excessivo as relações entre empregadores e 
funcionários, acaba por dificultar os contratos com carteira assinada. 
Veja, nesse artigo, a Folha se coloca a favor da reforma trabalhista. Só para se ter uma ideia da 
diferença entre opinião do editor e dos jornalistas, dois dias depois, um articulista, Vinicius Torres 
Freire, escreveu o seguinte, aludindo a tal reforma: 
 Isto é, desde que os negócios não sejam muito prejudicados no curto 
prazo e que se passem “reformas”, em particular as que esfolam mais o povaréu 
e não mexam muito na falta de concorrência e em favores estatais. 
(Folha de São Paulo, 28.08.2021) 
 
 
 
 
Pois é, corujinha atenta. Não precisa ficar preocupada com isso, porque essa sutileza de tendência 
ideológica não pode ser cobrada pela banca. Faça um texto de opinião, com uma tese clara e forte e 
argumente a favor. Uma possibilidade viável é fazer uso da menção “este jornal”, o que deixaria a 
máscara bem configurada. Só para esse ter uma ideia de como isso é dispensável, eu avaliei 5 artigos de 
opinião da Folha em 5 edições diferentes e somente nesse artigo sobre reforma trabalhista é que 
encontrei a referência a “esta folha”. 
 
 
 
 
A título de exemplo, considere a proposta da UFU de 2021. 
UFU 2021 
Identificação 
da opinião do 
editor 
Máscara: Não é necessária. Tal qual no artigo de opinião, o que interessa 
nesse texto é a ideia defendida. Apesar disso, a máscara pode ser configurada ao 
mencionar o próprio jornal. Isso não prejudica o texto, antes deixa claro para o 
corretor que você atendeu o comando. Portanto, vale a pena deixar isso indicado, 
caso, você ache que é possível dentro da lógica do seu texto. 
 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 40 
Supondo-se que você integre o grupo de editorialistas de um jornal de 
circulação nacional e considerando-se os textos apresentados, redija um 
editorial, defendendo a implantação de cidades inteligentes como opção viável 
para a solução de problemas sociais. 
Como se poderia deixar a marca da máscara logo no começo do texto? 
 Inteligência urbana necessária 
 Futuro inteligente 
 Reportagens especiais publicadas neste jornal mostraram como algumas 
cidades se preparam o futuro no mundo, são chamadas “cidades inteligentes. 
Copenhagen, por exemplo, consegue fornecer informações importantes para os 
cidadãos de tal forma que metade da população usa bicicleta para ir ao trabalho. 
Em um metrópole desse tipo é possível interligar sensores de tráfego como 
semáforos, acompanhar a coleta de resíduos, interconectar serviços públicos etc. 
Esse futuro parece distante para o Brasil. Esse tipo de revolução exige não só 
tecnologia mas também planejamento a longo prazo. 
 A implantação de uma “cidade inteligente requer visão do todo eobras 
de infra-estrutura. (Neste ponto, pode-se escolher informações do texto de 
apio) 
 (...) 
 Nesse último aspecto, a opinião desse jornal é de que as cidades 
brasileiras deixam a desejar. Inúmeras reportagens já publicadas , mostram 
como as gestões municipais reagem diante dos problemas e qual a marca do 
planejamento tupiniquim... 
 
3. O gênero híbrido: carta 
 O mais flexível dos gêneros de escrita, utilizada para uma gama variada de situações, desde 
contatos informais com amigos e parentes até para atender a demandas profissionais. Serve também 
como base para a produção de textos relacionados a demandas coletivas, como carta aberta de 
manifesto. 
 Minha sugestão é quando possível, você treine essas variações de carta. Primeira passo é conhecer 
a estrutura desse gênero, o que gera muita ansiedade, mas não deveria. Basta lembrar que se trata de 
um texto que pode ser considerado documento, daí a necessidade de se colocar tempo e espaço logo no 
começo da carta. 
 Como trata-se de um gênero dialógico (que supõe um diálogo), você deve nomear o seu 
interlocutor, por isso se faz uso do vocativo. 
 Estrutura da carta 
Título 
Introdução 
longa que 
contextualiza 
o tema. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 41 
 
 
 Essa é a estrutura do visual do texto. Não observar um ou outro detalhe não significa grande coisa, 
pois é a forma como você se posiciona no texto que realmente vai configurar o gênero. Trata-se de um 
texto de interlocução, no qual você se dirige ao destinatário. Isso, por si só, já tem grandes consequências. 
Você deve saber quem é o seu destinatário, o que ele pensa e o que ele quer para convencer essa outra 
pessoa. Normalmente, a banca deixa claro quem é o receptor da mensagem e quem você deve ser. 
 
3.1 Carta Pessoal 
 Para estudar melhor esse gênero, vamos começar pelo mais famoso e também o mais revelador 
dos meandros desse tipo textual: a carta pessoal. De certa forma, a tecnologia alterou de vez a forma 
como as pessoas se comunicam e isso tem afetado o tipo de comunicação por missivas, palavra arcaica 
como o próprio hábito relacionado a essa escrita. Hoje, as pessoas se comunicam por e-mail ou Whats 
app. 
 Esses novos meios criaram algo novo que guarda traços do gênero-avô. De qualquer forma, 
entender algumas características do modelo de escrita nos ajuda a perceber os recursos que são próprios 
não só da carta pessoal, mas também de outros subgêneros. 
 Vamos partir de um exemplo concreto. 
 
Local e data, por exemplo: 
Campinas, 20 de março de 2020 
Vocativo: geralmente um 
“Prezado(a) Senhor(a)” seguido do 
nome do(a) destinatário(a) é 
suficiente; no caso de uma carta 
informal, basta “Olá”. 
Despeça-se com respeito: 
Atenciosamente, 
 
Por se tratar de um 
Vestibular, você deve apenas 
colocar as iniciais, ou adotar o 
nome dado pela Banca. Não 
se identifique. 
 
Figura : Pixabay 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 42 
2Marilia, 05 de agosto –1997 
Roberto, (posso chamar de Beto?) 
Lembra de mim? Eu sou a Ítala da internet! 
Espero que você se lembre. Já estou em Marília, como você deve ter 
percebido pelo cabeçalho, e vou ficar esperando uma carta sua como o 
prometido .É muito legal fazer amizades e espero que você curta mais essa 
tanto quanto eu. (...) 
Ai, tô meio sem graça, sem saber o que escrever, afinal não sei se você 
lembra de mim, ou como você vai receber esta carta .Bem, vamos começar 
refrescando a sua memória, afinal já faz algum tempo que a gente se clicou, 
né? 
Eu tenho 21 anos (faço 22 em outubro) e estudo Biomedicina na 
Universidade de Marília. 
Meus pais moram em Santos e foi de lá que eu cliquei com você. Aqui 
em Marília, infelizmente, eu não possuo computador, mas dá pra arranjar um 
tempinho e escrever para os amigos, né? 
Espero que você tbém tenha um tempinho pra mim. 
Um beijão 
Samantha 
 
 E estrutura, segundo Jane Quintiliano Guimarães Silva, é a seguinte. 
 
 
 Mas o que sobressai nessa carta? A interação com o leitor. 
O remetente se refere ao destinatário, inclusive forçando uma certa intimidade que, à primeira 
vista, não existia, “posso chamar de Beto”? A linguagem é descontraída, justamente, como forma de 
expressar sinceridade. A interatividade aparece de outros modos, através de perguntas estratégicas com 
a finalidade de provocar o diálogo que deve continuar nas outras cartas. 
Além disso, a interlocutora assume uma máscara, ou seja assume uma identidade pela qual deseja 
que o outro (no caso, o Beto) a reconheça e, ao mesmo tempo, imagina quem ele deve ser e adapta sua 
linguagem a essa idealização. No caso da carta acima, a Samantha faz com que imaginemos uma 
universitária, descontraída, bem-humorada e sociável. Pelo que ela escreve, supõe um possível “crush”, 
que manifestou algum tipo de interesse. Ela imagina alguém que pode ser conquistado se for provocado. 
 
2 Silva , J.Q.G. “Um estudo sobre o gênero carta pessoal: das práticas comunicativas aos indícios de 
interatividade na escrita dos textos (Tese de Doutorado). Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG 
2002. 
 
Cabeçalho e 
saudação 
Solicitude 
Pré-encerramento 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 43 
Máscara: Em cartas, a subjetividade de quem escreve define muitos elementos da escrita: uma criança 
escreve de um jeito, um adulto de outro; uma mãe escrevendo para o filho vale-se de um tipo de 
vocabulário, já escrevendo para a professora da escola vale-se de outra organização linguística; etc. Mas 
a questão da máscara não se limita somente a esses efeitos. Em cartas argumentativas, a máscara, que 
às vezes, pode ser escolhida, servem como recurso argumentativo. Suponha que você seja convidado a 
escrever uma carta para o Ministro dos Transportes para reclamar da condição das estradas, se você se 
identificar como um caminhoneiro, aquilo que você disser sobre o que observa todos os dias terá mais 
peso do que se a carta for assinada por um estudante. 
 
Na carta pessoal, há nitidamente a consciência de que se escreve para o outro, segundo 
determinadas intencionalidades que supõem uma resposta continuada por trocas epistolares. Nesse 
processo, é comum que o autor se valha da polidez. Esse jogo de imagens é importante no gênero carta. 
Considere a observação feita por segundo Jane Quintiliano Guimarães Silva sobre a construção da auto-
imagem. 
 
 Distinguem-se “dois aspectos complementares da autoimagem 
construída socialmente: a face negativa (FTAs) e a face positiva (FTA). Esta 
reporta ao desejo, da parte dos participantes, de aprovação social e 
reconhecimento da face (auto-imagem); aquela reporta ao desejo da não 
imposição do outro e às reservas do território pessoal (privado). Para os 
autores, há um conjunto de estratégias das quais os interlocutores (os 
participantes) lançam mão para resguardar a sua face e não arranhar a face do 
outro”. 3 
 
 Impressionante como a carta pessoal tem todas os traços que os vestibulares que adotam o 
redação por gênero gostam de destacar quanto a habilidade exigida dos candidatos. Esse gênero exige 
que o escritor trabalhe muito bem a máscara, a autoimagem e a compreensão do contexto situacional. 
Além disso, a carta pessoal permite sequências discursivas bastante variadas, narrativa, injuntiva, 
expositiva e opinativa, dependendo da finalidade. Surpreende também que nenhum vestibular ainda 
tenha explorado esse gênero tão rico. 
 Em todo caso, esse ponto de partida permite entender o que se altera em relação aos outros tipos 
de carta. De forma esquemática, teríamos as seguintes possibilidades. 
 
 
3 Ibidem 
Preocupação 
em como o 
outro vai 
interpretar o 
texto. 
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AULA01 – Gêneros Modelares 44 
 
 Talvez a diferença mais gritante seja referente à assimetria. Na carta pessoal, as pessoas se 
colocam no mesmo nível social de interlocução. No caso das carta públicas, reconhece-se uma diferença 
social que tem reflexo na própria linguagem. Por outro lado, mantém-se a exigência de polidez e do jogo 
entre máscara e imagem do outro. 
 
3.2 Carta do leitor ou Carta argumentativa 
 Para definir esse gênero, vou recortar e colar a definição dada pela banca da UEG, “A carta de 
leitor é um gênero textual, comumente argumentativo, que circula em jornais e revistas. Seu objetivo é 
emitir um parecer de leitor sobre matérias e opiniões diversas publicadas nesses meios de comunicação.” 
 O nome desse gênero já demonstra no geral qual é a situação. Você leu um artigo de jornal, que 
provocou a necessidade de escrita. Podemos imaginar duas situações. 
 
 
 
Você leu 
um artigo 
de opinião 
Você 
concorda 
com o 
articulista 
Você achou a exposição brilhante. 
Portanto, você gostaria de parabenizar o 
autor do texto, apontando suas grandes 
qualidades. 
O texto expôs bem uma ideia com qual 
você compartilha, mas há ainda alguns 
outros argumentos que não foram 
considerados
Você 
discorda do 
articulista 
Você expõe sua ideia contrária e parte 
para a contra-argumentação. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 45 
 
 
 
A título de exemplo, vamos considerar um artigo de opinião feito por um candidato da 
UNICAMP/2013 que teve usa redação publicada como “acima da média”. A instrução da banca era a 
seguinte: 
Imagine que, ao ler a matéria "Cães vão tomar uma 'gelada' com cerveja pet", você se sente 
incomodado por não haver nela nenhuma alusão aos passiveis efeitos que esse tipo de produto pode 
ter sobre o consumo de álcool, especialmente por adolescentes . Como leitor assíduo, você vem 
acompanhando o debate sobre o álcool na adolescência e decide escrever uma carta para a seção 
Leitor do jornal, criticando a matéria por não mencionar o problema do aumento do consumo de 
álcool. 
Nessa carta, dirigida aos redatores do jornal, você deverá: 
 
• fazer menção ã matéria publicada, de modo que mesmo quem não a tenha lido entenda a 
importância da crítica que você faz; 
• fundamentar a sua crítica com dados apresentados na matéria "Vergonha Nacional", 
reproduzidos adiante. 
 
Atenção: ao assinar a carta, use apenas as iniciais do remetente. 
 
 
Prezados redatores, 
 Acompanho diariamente este jornal – e não o leio, apenas; mas 
também me questiono sobre o conteúdo que é nele reproduzido. Dessa forma, 
ao renegar a posição de leitor passivo, me vejo na função de expressar meu 
descontentamento perante a matéria veiculada no caderno cotidiano do 
último dia 22 de julho, que tinha por objetivo informar sobre uma nova linha 
de cerveja para cães. Abarcada pela explosão de produtos de consumo humano 
que ganharam versões para animais domésticos, a reportagem exalta a bebida 
para os cães, como se ela levasse a outro nível o companheirismo do animal, 
que agora acompanha o dono até na "cervejinha " de cada dia. Inclusive, o 
texto ilustra esta ideia por meio do caso de um cachorro que foi inserido pelos 
donos, com sua cerveja especial, na festa de comemoração por um time de 
futebol. 
Você leu uma 
reportagem
Você ficou indignado, apresenta uma tese 
crítica (opinião) e passa a defendê-la tendo 
como referência a reportagem. 
Você gostaria de apresentar sua reflexão, 
num tipo de texto mais expositivo de causas 
explicativas sobre o ocorrido. 
Vocativo, saudação 
Identificação 
de quem 
escreve e 
circunstância 
que levou a 
escrita da 
carta. Boa 
paráfrase do 
artigo-fonte 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 46 
 Me incomoda, assim, que não surja na matéria nenhum 
questionamento sobre consequências mais sérias desta banalização do 
consumo de álcool em nossa sociedade (mesmo que a bebida dos cães não 
possua teor etílico, a referência é clara), principalmente entre aqueles que 
possuem menos maturidade para avaliar suas atitudes: os adolescentes. Dados 
de um estudo publicado no periódico "Drugs and Alcohol Dependence" 
mostram que 88% dos jovens brasileiros de 14 a 17 anos entrevistados na 
pesquisa já se embebedaram ao menos uma vez na vida, sendo um terço deles 
num período recente de um ano. A pesquisa também revela que, muitas vezes, 
o contato com a bebida se associa ao ambiente familiar, já que quase 25% 
daqueles que afirmaram ter se embebedado estavam em casa própria ou de 
parentes quando o fizeram pela última vez. Além disso, 17% foram 
acompanhados por pais ou tios, o que denuncia a naturalidade com que tal 
atitude é encarada por seus responsáveis. Então, se agora até o cão está apto 
a compartilhar da bebida, como fazer com que os jovens não se sintam ainda 
mais estimulados a abusar do consumo de álcool? 
 Não pretendo me colocar por meio desta como um moralista ou 
defensor do que alguns chamariam de "bons costumes , mas me indigna o fato 
de que este jornal não tenha proposto um debate relevante sobre o assunto, e 
simplesmente transcreva um fato que contribui na institucionalização velada 
do abuso de álcool por parte dos jovens. 
 
 O.D.M 
 Percebeu a diferença em relação à carta pessoal? 
 
Carta Pessoal Carta do Leitor 
Simetria Assimetria 
Linguagem mais descontraída Linguagem próxima da formal 
Recurso baseado na interlocução Recurso baseado na argumentação 
Imagem do outro baseada na intimidade Imagem do leitor de jornal; interlocução com o artigo lido. 
Uso de recursos interativos como perguntas Uso de recursos enfáticos de marcação de opinião. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Nesse exemplo publicado, o escritor não colocou local e data. Posso fazer isso? 
Dúvidas?! 
Fi
gu
ra
 : 
P
ix
ab
ay
 
Primeira pessoa, 
marca de linguagem 
coloquial “me 
incomoda” 
Contra-
argumentação 
Pré-
encerramento, 
despedida e 
assinatura. 
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Não é muito prudente. Nos jornais, por questão de espaço, quando se publica uma carta do leitor, 
são escolhidos os melhores trechos. Mas aquilo que vemos no jornal não reproduz a carta inteira. 
A carta deve conter todos os elementos. No caso da UNICAMP, a banca não fazia questão de todas 
as características formais da carta. 
 
• Eu coloco o local e a data no canto direito ou esquerdo? 
Tanto faz, são estilos de carta que não alteram o gênero. 
• Devo pular quantas linhas? 
Você não tem muitas linhas na prova, pule uma só do local e data para o vocativo, depois não 
precisa pular mais nada, pois você precisará de cada parte da folha para fazer um bom texto. 
 
• Como deve ser a introdução? 
Você se identifica, apresenta o motivo da escrita do texto que tem como referência um outro 
texto (artigo de opinião ou reportagem). Faz um resumo do texto com o qual você manterá a 
interlocução. 
 
• Dê um exemplo de como começo... 
Eu, F.S.A, estudante, li o seu artigo que saiu no jornal X, no qual o senhor emitia sua opinião... 
 
• Posso fingir que tenho outra profissão, sexo etc (máscara) ? 
Pode. Aliás, essa escolha pode configurar um argumento. Por exemplo, em uma das provas da 
UNICAMP, foi solicitado que o candidato escrevesse para o Ministro dos Transportes para fazer 
reivindicações em relação às estradas. Imagine que você fosse um caminhoneiro, sua experiência 
prática serviria como argumento. 
• Como deve ser a conclusão? 
Uma reafirmação da sua crítica ou elogio. Pode-se sugerir uma reavaliação da opinião (no caso de 
discordância) ou dar os parabéns pelo artigo, no caso de uma interlocução com o artigo de opinião. 
Se você estiver comentando um fato ocorrido, deve-se reafirmar a tese. 
 
• A despedida (“Atenciosamente”) semprefica à esquerda? 
Novamente isso é irrelevante. 
 
 A tipo dissertativo é a base de sustentação do desenvolvimento da carta. Matéria 
que estudamos extensivamente nos outros pdfs. Você deve partir de uma tese e 
apresentar argumentos em defesa da sua ideia. Há uma outra variação. Fazer um texto 
contra-argumentativo. Nesse caso, vale a pena rever o tópico “artigo contra-
argumentativo”. 
 
 
 
 
Máscara: Você é um leitor assíduo que não gostou de algo que foi escrito, ou 
gostaria de comentar algum fato publicado pelo jornal. Além disso, você deve fazer 
o que se pede. Se no comando está escrito que você deve criticar, é esse verbo que 
você de usar ao se identificar logo no começo da carta, não use sinônimos. Por 
exemplo: “Meu nome é F.A, professor e assíduo leitor desse jornal. Na terça-feira foi 
publicada uma matéria com a qual não concordei. Gostaria através dessa carta 
criticar o artigo que segundo meu ponto de vista... t.me/CursosDesignTelegramhub
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AULA 01 – Gêneros Modelares 48 
 
 
 
 
3.3 Carta Aberta 
 Para começa a exposição da carta aberta, que tal começar por um exemplo? Em 2014, a UNICAMP 
trouxe a seguinte proposta. 
Em virtude dos problemas de trânsito, uma associação de moradores de uma grande cidade se mobilizou, 
buscou informações em textos e documentos variados e optou por elaborar uma carta aberta. Você, 
como membro da associação, ficou responsável por redigir a carta a ser divulgada nas redes sociais. Essa 
carta tem o objetivo de reivindicar, junto às autoridades municipais, ações consistentes para a melhoria 
da mobilidade urbana na sua cidade. Para estruturar a sua argumentação, utilize também informações 
apresentadas nos trechos abaixo, que foram lidos pelos membros da associação. 
Atenção: assine a carta usando apenas as iniciais do remetente. 
 Logo de cara, já é possível perceber um dos traços mais importantes do gênero. Para quê ele serve? 
“Reivindicar, junto às autoridades públicas”, alguma ação. Ou seja, a carta tem como conteúdo questões 
de interesso público ou social. 
 A função da Carta Aberta é: 
 
 Destinada a 
 
Expressar indignação 
Alertar 
Exigir algo 
Autoridades
Sociedade em geral 
Algum grupo específico
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 A finalidade desse tipo de carta condiciona tanto a estrutura quanto a linguagem. Como ficaria? 
Observe uma redação acima da média, publicada pela UNICAMP. 
 
 
 Carta Aberta à Prefeitura Municipal 
 Como representante da Associação de Moradores do Município, venho, 
mediante esta carta aberta dirigida à Prefeitura Municipal, reinvidicar a 
instauração imediata e em longo prazo de medidas com o propósito de 
melhorar o sistema viário da nossa cidade. 
 Nos últimos anos, nossa comunidade vem enfrentando o aumento 
exponencial do número de horas perdidas no trânsito engarrafado, bem como 
as cada vez mais lotadas viagens de ônibus e trem. O aparente descaso das 
nossas autoridades públicas, no tocante a essa questão crucial, levou os 
associados a realizarem uma abrangente pesquisa sobre os métodos utilizados 
por diversas cidades do mundo, visando reverter quadros de estagnação da 
mobilidade urbana. 
 A Associação pôde constatar, dessa forma, que uma possível solução 
imediata é o polêmico pedágio urbano. Apesar da repulsa à primeira vista que 
essa medida pressupõe, ela vem sendo aplicada com sucesso em Londres desde 
2003, sendo a receita arrecadada nos pedágios revertida em investimentos no 
transporte público. É importante também lembrar outra medida europeia, que 
consiste em oferecer bicicletas públicas, de aluguel, para a população, bem 
como a construção de ciclovias – oferecendo um meio de transporte 
alternativo. 
 Contudo, ressalto que a maior parte das melhorias apenas virá a partir 
de medidas que atinjam nossa sociedade no futuro. Dessa forma, faz-se 
necessária uma verdadeira revolução municipal, que consista na 
descentralização dos pólos empregatícios da cidade, bem como na 
informatização dos serviços públicos. É absolutamente inadmissível que o 
cidadão perca longas horas no trânsito por morar distante do seu trabalho, 
sendo muito mais lógico empregá-lo próximo à sua residência, mediante 
incentivos fiscais a empresas que se instalem nos subúrbios da nossa urbe. 
 Eu e meus colegas associados, bem como a sociedade em geral, 
esperamos que nossas reivindicações sejam atendidas, a partir de um 
planejamento conciso que possa melhorar nossas condições de transporte. 
 Sem mais, 
 S.I.N. 
Título que identifica 
o gênero e o 
destinatário 
Quem você é, o que 
você deseja 
reivindicar ou 
mesmo do que 
gostaria de 
reclamar 
Motivo que gerou a 
reivindicação 
Soluções possíveis 
Expressões 
enfáticas 
Conclusão em 
que se reforça a 
esperança de 
que algo seja 
feito. 
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 A estrutura da Carta Aberta varia. Se ela for publicada em um jornal, 
dispensa-se o uso de local e data. Além disso, se no título houver menção à 
autoridade ou à coletividade, não é preciso o uso do vocativo. 
 
 
 
 Na dúvida, corujinha certeira, faça o cabeçalho. Se você fizer algo a mais na estrutura, não perderá 
nota. Coloque local e data, depois apresente o título, que deve ser indicativo do gênero, indicando que 
se trata de uma carta aberta, acrescente o motivo e para quem. 
 Na outra linha, coloque o vocativo, que deve ser respeitoso. Se você não souber qual é pronome 
de tratamento de autoridades, escreva simplesmente “Prezado Senhor “, e identifique a autoridade, por 
exemplo, “Prezador Prefeito da cidade de Campinas. 
 No parágrafo seguinte, de forma objetiva, você se identifica e apresenta a questão que causa 
indignação. O desenvolvimento depende da intenção da carta aberta. Se a finalidade que predomina é a 
de expressar descontentamento, seguem-se as reclamações possíveis, os argumentos dos que defendem 
o oposto, a contra-argumentação e, finalmente, uma conclusão óbvia de que algo deve ser feito. 
 Por outro lado, se a intenção principal é reivindicar, então, o desenvolvimento terá duas partes. 
Na primeira, você deve argumentar a favor do protesto, depois apresentar a medida que se espera que 
minimize o problema, e argumentar a favor da ação proposta. A conclusão reafirma a necessidade da 
tomada de atitude por parte das autoridades competentes. 
 
 
 
 
O exemplo de uma Carta Aberta acima da média ajuda bastante, mas vale a pena considerar 
também, os erros a serem evitados. A banca publicou um redação abaixo da média e uma anulada. 
Então vamos tentar captar como fazer pelo método reverso. 
 
 A diferença principal é que a Carta Aberta tem caráter público e a Carta de Reclamação, 
 
Caros cidadãos Campineiros. 
 Como membro da associação de moradores, venho por meio desta, 
trazer argumentos simples, mas eficazes nesta luta pela melhoria da 
Redação abaixo da média 
Interlocução parcial, 
não se percebe o apelo 
às autoridades públicas, 
como foi solicitado 
Não apresentou o 
problema para depois 
discutir a solução. Não 
há indignação. t.me/CursosDesignTelegramhub
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AULA 01 – Gêneros Modelares 51 
mobilidade urbana, sem trazer a tona as situações caóticas vivenciadas no 
decorrer deste ano de 2013. 
 Segundo o planejador urbano Jeff Risom de um escritório dinamarquês, 
quando o assunto é mobilidade urbana, o melhor local é aquele que apresenta 
o maior número de opções. 
 Londres é um exemplo prático do que precisamos; a capital inglesa 
adotou desde 2003 o pedágio urbano, que consequentemente acarretou na 
diminuição do fluxo de carros nas ruas e o dinheiro arrecadado foi convertido 
em melhorias no transporte público. 
Tomando essa ideia como ponto de partida, todo dinheiro arrecadado 
comessa medida na nossa cidade, poderá ser utilizada pela prefeitura para 
suprir uma possível diminuição de impostos às empresas encarregadas de 
realizar o serviço, melhorar as condições das vias em questão, aumentar a frota 
destes veículos e aumentar a disponibilidade dos horários para que qualquer 
cidadão possa usufruir do benefício. 
 Portanto, devido a todos esses motivos, é que peço a todos os 
internautas que não saiam desta página sem ler esta carta, e que ao ler, 
divulguem aos seus conhecidos, a fim de que, junto as autoridades municipais, 
estes argumentos ganhem força e atuem em prol do bem comum. Campinas 
10 de novembro de 2013. 
M.L.B.D. 
 
 
 
Colocar título para identificar o gênero "Carta 
aberta a..." 
Referir-se às autoridades públicas a quem a carta 
é direcionada
Apresentar o problema de forma contundente
Não fazer paráfrase simples dos argumentos. 
Redação anulada 
Paráfrase dos 
trechos da 
coletânea, sem 
contribuição 
pessoal. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 52 
 “A melhor cidade, do ponto de vista da mobilidade, é a que possui mais 
opções”, conta o planejador urbano Jeff Risom do Gehl Architects um escritorio 
dinamarquês. Segundo ele Londres está entre os melhores exemplos práticos 
dessa ideia aplicada às megas cidades. 
 A capital inglesa adotou o pedagio urbano em 2003 (alguns estados 
brasileiros também adotaram), minimizando o número de automovel em 
circulação e gerando uma receita anual que passou a ser reaplicada em 
melhorias no seu já considerado sistema de transporte público. 
Afinal, o custo da morosidade dos deslocamentos urbanos em alguns 
estados é muito alto, mais tem suas vantagens é claro, em algumas estradas da 
cidade de Campinas-SP existe o pedagio, alguns acham caro, outros, acham bom 
pelo fato de manter as rodovias sempre boas. 
 Evidentemente que não pode reconstruir as cidades, para melhorar, 
porém são possíveis e necessárias formação de centralidades urbanas, com a 
descentralização de equipamentos sociais, assim modificando-se, os fatores 
gerados de viagens e diminuindo-se as necessidades de deslocamento, 
principalmente motorizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estrutura de dissertação 
Não há interlocução
Não há identificação de quem escreve
Carta Aberta x Carta pessoal
Máscara: Você faz parte de um grupo ou associação ou você é um cidadão 
consciente. Deve escrever sobre uma questão que interessa a uma comunidade. Está 
indignado com algo e toma a atitude de escrever para alertar, para conclamar, para 
exigir etc. Nesse caso é fundamental ler bem o comando e usar o verbo sugerido. Se 
a banca propõe que você escreva para conclamar, é esse verbo que você deve usar. 
 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 53 
 Novamente, a diferença tem a ver com o cárter público de uma e privado da outra, lembrando 
que no caso da Carta Pessoal, o caráter privado ainda se associa à intimidade própria de pessoas que se 
conhecem. O que elas têm em comum de fato é a estrutura. A Carta Pessoal é informal, não 
necessariamente argumentativa, somente se a circunstância exigir, tem marcas de dialogia, e podem ser 
considerados temas variados. 
 
 
 A Carta Aberta e a Argumentativa são muito semelhantes, já que ambas pressupõem o uso de 
recursos argumentativos no desenvolvimento, com exposição lógica de dados que embasem a opinião. 
Ou seja, se pautam pela persuasão, levando o leitor a aceitar a tese defendida. 
 A diferença entre as duas se sobressai devido ao caráter público da Carta Aberta. Ela é direcionada 
para autoridades e aborda assuntos relevantes para a sociedade. Outro traço próprio da carta aberta é o 
uso de título identificador como vocativo, que não se observa na Carta Argumentativa. 
 
 
 A Carta do Leitor tem dois traços importantes: marca de pessoalidade e referência a algo publicado 
no jornal. Há um diálogo interno em relação ao que os jornalistas disseram ou publicaram. A Carta Aberta 
é mais formal e trata de assuntos que têm relevância prática na vida de muitas pessoas, mas que não 
necessariamente tenham sido discutidas no veículo de imprensa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A diferença principal é que a Carta Aberta tem caráter público e a Carta de Reclamação, 
privado. Sendo assim, a Carta de Reclamação não tem título, e os assuntos dizem respeito 
descontentamento com algum produto ou serviço que causou algum tipo de descontentamento. 
 
 
Carta Aberta x Carta Argumentativa
Carta Aberta x Carta do Leitor 
Carta Aberta x Carta de reclamação 
 
Ficha técnica: Carta aberta 
Finalidade: manifestar-se publicamente em relação a algo de interesse público e envolvendo 
autoridades (opinião, ação institucional, omissão etc), revelando opinião e reivindicação. 
Sequências discursivas: Trata-se de um gênero no qual predomina o texto opinativo. 
Estrutura: Há uma estrutura formal consagrada: 
Título identificador: Destaca-se o gênero e apresenta-se a intenção algo como “Carta aberta a...” 
Corpo do texto 
Introdução: O autor (normalmente coletivo) se identifica, aponta o motivo da escrita da carta aberta, 
enfatizando o problema. 
Desenvolvimento: exposição da questão em si, apresentação dos motivos que levaram à discordância. 
No caso de haver revindicação, indicar uma possível ação e defendê-la. 
Conclusão: encerra o discurso, reiterando o descontentamento e sugerindo ou exigindo soluções. 
Algumas linhas* abaixo do corpo do texto, o autor se despede com uma expressão curta, 
“respeitosamente” e assina (no caso do vestibular, isso é feito apondo-se as iniciais). 
Linguagem: Linguagem formal e respeitosa; uso de expressões que indicam coletivadade, “nós” (isso 
depende da proposta) 
Marcas de Gênero: 
A própria estrutura fixa da carta e o primeiro parágrafo configuram para o leitor o gênero carta aberta. 
O título indicativo é outra marca desse gênero. 
*Nos vestibulares, não é preciso pular linha. 
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3.4 Carta de reclamação 
 O nome já diz, você deve usar a estrutura da carta para reclamar de algo. Em certo sentido, ela 
tem pontos de contato com a Carta Aberta, pois você se vale desse instrumento para manifestar algum 
problema. A diferença principal é que a Carta Aberta tem caráter público e a Carta de Reclamação, 
privado. Sendo assim, a Carta de Reclamação não tem título, e os assuntos dizem respeito ao 
descontentamento com algum produto ou serviço e os argumentos devem girar também em torno das 
necessidades pessoais. Uma coisa é reclamar da rua esburacada tendo em vista as necessidades da 
comunidade, outra, é reclamar do buraco, pois danificou o seu carro. 
 A título de exemplo, resolvi fazer uma Carta de Reclamação a partir do exemplo de Carta Aberta 
dado acima. Como ficaria? 
 
 
Uberlândia, 10 de agosto de 2021 
Prezado Prefeito, 
 Como munícipe desta cidade, venho, mediante esta 
carta, mostrar o meu descontentamento com o 
sistema viário da nossa cidade e os consequentes 
problemas de mobilidade urbana. 
 Nos últimos anos, nossa cidade vem enfrentando o 
aumento exponencial da frota de veículos, o que se 
nota pelos frequentes engarrafamentos... 
 No meu caso, particular, o tempo que gasto para ir 
ao trabalho... 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carta Aberta à Prefeitura Municipal 
 Como representante da Associação 
de Moradores do Município, venho, 
mediante esta carta aberta dirigida à 
Prefeitura Municipal, reivindicar a 
instauração imediata e em longo prazo de 
medidas com o propósito de melhorar o 
sistema viário da nossa cidade. 
 Nos últimos anos, nossa 
comunidade vem enfrentando o aumento 
exponencial do número de horas perdidas 
no trânsito engarrafado, bem como as cada 
vez mais lotadas viagens de ônibus e trem. 
O aparentedescaso das nossas autoridades 
públicas, no tocante a essa questão crucial, 
levou os associados a realizarem uma 
abrangente pesquisa sobre os métodos 
utilizados por diversas cidades do mundo, 
visando reverter quadros de estagnação da 
mobilidade urbana 
 
Esse argumento de cunho pessoal, 
configura a diferença entre a carta 
aberta e a carta de reclamação. 
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3.5 Carta de Solicitação 
 Agora acho que você já entendeu a lógica. Estamos diante de um gênero que se define pela 
estrutura carta e pelo conteúdo: você deve pedir algo. A partir daí, quem manda é o comando que 
caracteriza a circunstância que deve ser mencionada. 
 
 
Máscara: Você está descontente. Esse estado de espírito deve aparecer de 
algum modo no estilo de texto, sem que você deixe de ser respeitoso. 
 
 
Ficha técnica: Carta de reclamação 
Finalidade: demonstrar sua insatisfação em relação a algo de interesse particular, algum serviço 
que deixou a desejar, algum produto defeituoso etc. 
Sequências discursivas: Trata-se de um gênero no qual predomina o texto opinativo. 
Estrutura: Estrutura de carta 
Corpo do texto 
Introdução: O autor se identifica, aponta o motivo da escrita da carta, enfatizando o 
descontentamento. 
Desenvolvimento: exposição da questão em si, argumentando com a finalidade de mostrar que a 
reclamação tem sentido. No caso de haver revindicação, indicar uma possível ação e defendê-la. 
Conclusão: encerra o discurso, reiterando o descontentamento e, se for o caso, sugerindo ou exigindo 
soluções. 
Algumas linhas* abaixo do corpo do texto, o autor se despede com uma expressão curta, 
“respeitosamente” e assina (no caso do vestibular, isso é feito apondo-se as iniciais). 
Linguagem: Linguagem formal e respeitosa; uso de expressões que indicam coletivadade, “nós” (isso 
depende da proposta) 
Marcas de Gênero: 
A própria estrutura fixa da carta e o primeiro parágrafo configuram para o leitor o gênero carta de 
reclamação. 
*Nos vestibulares, não é preciso pular linhas. 
 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 56 
 
 Para exemplificar, considere o comando abaixo. 
 
UFU/ 2021 
Com base nos textos, redija uma carta de solicitação ao representante do 
Ministério da Justiça, solicitando informações sobre a posição do Brasil em 
relação às tecnologias que aumentam o potencial humano e apresentando 
argumentos favoráveis ao uso dessas tecnologias. 
 
 Observe como o parágrafo inicial da carta já define o gênero. 
Uberlândia, 10 de setembro de 2021 
 Prezado Representante do Ministério da Justiça 
 Meu nome é José, um pacato mas consciente cidadão brasileiro. Recentemente, tomei contato 
com os avanços biotecnologia através de uma notícia de jornal que chamou minha atenção. Pesquisei 
sobre o assunto que, aliás, é bastante polêmico: as possibilidades de aumento de potencial humano são 
promissoras, mas ao mesmo tempo requerem cuidados. Diante disso, fiquei bastante preocupado com 
o que estamos fazendo a respeito e resolvi escrever para solicitar informações sobre a posição do Brasil 
em relação às polêmica envolvendo a biotecnologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução: você se identifica, diz o motivo da escrita: diante de um 
problema apontado, você solicita algo. 
Desenvolvimento: Argumenta em relação à necessidade de se resolver. 
Apresenta a solução e argumenta a favor da solução.
Conclusão: Parágrafo curto, no qual você reafirma seu pedido e se 
despede respeitosamente. 
 
Ficha técnica: Carta de Solicitação 
Finalidade: apresentar um problema e solicitar algo que posso ou resolver o problema ou minimizar 
as consequências. 
Sequências discursivas: Trata-se de um gênero no qual predomina o texto opinativo, mas há 
sequências expositivas também. 
Estrutura: Estrutura de carta 
Corpo do texto 
Introdução: O autor se identifica, aponta o motivo da escrita da carta, enfatizando o problema e o que 
será solicitado. 
Desenvolvimento: exposição da questão em si, argumentando com a finalidade de mostrar que a 
solicitação tem sentido. Indicar uma possível ação e defendê-la. 
Conclusão: encerra o discurso, reiterando a solicitação. 
Algumas linhas* abaixo do corpo do texto, o autor se despede com uma expressão curta, 
“respeitosamente” e assina (no caso do vestibular, isso é feito apondo-se as iniciais). 
Linguagem: Linguagem formal e respeitosa; uso de expressões que indicam coletivadade, “nós” (isso 
depende da proposta) 
Marcas de Gênero: 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Gêneros associados à narração 
 No pdf 04, considerei de forma extensiva como fazer uma narrativa, a diferença entre narrativa e 
relato e os gêneros associados à narrativa: 
✓ Relato pessoal 
✓ Relatório 
✓ Notícia 
✓ Fábula 
✓ Crônica 
✓ Perfil público 
✓ Obituário 
✓ Carta de Apresentação 
Para não deixar passar em branco os gêneros associados à narrativa, resolvi desenvolver melhor o 
gênero notícia de jornal. 
4.1 Notícia de Jornal 
Cuidado! Estamos simplesmente entrando em domínios do que é conhecido como o quarto 
poder: a imprensa. Nas sociedades democráticas, os cidadãos precisam ter acesso aos fatos, saber o que 
está acontecendo para exigir de seus representantes que eles tomem determinadas atitudes. Portanto, 
aqueles que têm contato direto com os fatos e os transmitem a nós são responsáveis pela formação 
daquilo que se chama opinião pública e isso não é pouca coisa. Os jornalistas e o texto jornalístico ganham, 
nas sociedades modernas, ares místicos e uma autoridade que antigamente era conferida somente aos 
sacerdotes e profetas. Dada a importância de tal gênero em nossa sociedade, seria interessante saber 
Máscara: Você está descontente devido a um problema e solicita a alguém 
competente a resolução do problema. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 58 
como ele é construído, não só para ter domínio sobre esse tipo de linguagem como também para 
desmistificá-lo. 
 Normalmente, considera-se que o relato transmite o que ocorreu de fato. Trata-se do primeiro 
mito do jornalismo. Os profissionais da imprensa passam, de forma implícita, suas opiniões ao escrever 
uma notícia. Por exemplo, quando o jornalista quer se referir às ações dos integrantes do MST 
(Movimento dos Sem-terra), ele tem à sua escolha duas palavras: “invasão” ou “ocupação”. “Invasão” 
traz embutida a ideia de que a ação é ilegal; “ocupação” ressalta o papel social da ação, eles estariam 
ocupando uma terra que, segundo a Constituição, deveria ter sido expropriada para a reforma agrária. 
Portanto, a escolha de uma ou outra palavra não é neutra. Por que, então, temos a impressão de que o 
jornalismo transmite o fato tal como ele ocorreu? Isso se dá pela estrutura desse tipo de relato, que tem 
a finalidade de criar a ilusão de transmitir o que “exatamente” aconteceu. Como podemos realizar essa 
“mágica”? 
 O relato jornalístico tem as mesmas características dos relatos em geral, mas segue certas regras 
para estruturar a informação de forma a levar o leitor a acreditar na veracidade da matéria. Esse efeito 
linguístico é conhecido pelo conceito de “objetividade”, que significa tratar o assunto como se fosse um 
objeto, uma coisa, sem manifestar os próprios sentimentos. Quando um jornalista fala de um massacre, 
ele deve transmitir a mensagem com a mesma frieza com que falaria de uma cadeira. Há algum tempo, 
um jornalista que cobria o conflito na Iugoslávia deu uma entrevista dizendo ter se emocionado 
profundamente com a situação que testemunhara em alguns momentos, contudo, ao se apresentar para 
atelevisão, o seu semblante era sério e ele falava dando relevo à informação sem manifestar possíveis 
emoções. 
 Tal frieza decorre do fato de que o relato imitou, linguisticamente, o procedimento do texto científico. 
As informações devem ser exatas e devem ser apresentadas metodicamente. Isso é evidente no relato 
jornalístico. Há um método para se construir o texto. Pretende-se dizer o que ocorreu, então, antes de 
começar a escrever, o jornalista deve ter em mente as seguintes perguntas: O que? Quando? Quem? 
Onde? Como? Por quê? As respostas devem ser claras, rápidas e precisas. Depois disso, ele começa a 
montar o texto, que também segue regras específicas. A notícia, normalmente, apresenta três partes: 
manchete, lide e corpo. 
A manchete anuncia a informação principal do texto , descrevendo-a com precisão. Deve ser uma frase 
curta, que tem como função despertar a atenção do leitor para o texto. 
O lide (lead) é a abertura da matéria. Deve reunir, no primeiro parágrafo, as informações essenciais, 
resumidas, do fato e responder rapidamente às perguntas essenciais do relato. 
O corpo desenvolve e dá detalhes do que foi apresentado no lide. 
 Para mostrar como construir um relato jornalístico, vamos considerar um poema de Manuel 
Bandeira, “Poema tirado de uma notícia de jornal”, reconstituindo passo a passo a possível notícia. Essa 
brincadeira com textos nos permitirá perceber a diferença de efeito produzido por um ou outro gênero 
literário. 
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia 
 [num barracão sem número 
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 59 
Bebeu 
Cantou 
Dançou 
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. 
 (BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José 
Olympio, 1989, 16 ª ed., p. 107). 
 O poema apresenta algumas respostas para as questões de um relato jornalístico, menciona “o 
quê”, “onde” e “como”. As outras questões ou não são respondidas ou o poeta as responde de forma 
vaga. Nesse caso, tentaremos preencher esses dados com nossa imaginação. Nossas anotações ficariam 
mais ou menos assim: 
-O quê? O suicídio de João. 
-Quando? O poema não menciona. Note que, para dar veracidade ao texto, seria importante mencionar 
precisamente quando ocorreu o fato. Para a nossa notícia, consideraremos a seguinte resposta: 20 de 
novembro de 2002, por volta das 23h30. 
-Quem? O poeta não responde satisfatoriamente essa questão. Deveria constar na sua identificação 
nome, sobrenome, idade, estado civil e profissão. Caso o jornalista não soubesse informar esses dados 
deveria escrever: um homem, apelidado de João Gostoso, aparentando 34 anos, sem identificação 
precisa, desempregado. Vamos considerar o seguinte: João da Silva, 34 anos, solteiro, desempregado. 
-Onde? Na Lagoa Rodrigo de Freitas. 
- Como? Atirou-se na Lagoa e morreu afogado. 
-Por quê? O texto não menciona. O autor deve apontar o desconhecimento do motivo, escrevendo algo 
como “motivo desconhecido”. 
 Respondidas as seis perguntas essenciais, já seria possível fazer o lide. Recomenda-se que o autor 
elabore a manchete a partir desse texto resumido sobre o fato. Ao organizar a linguagem, o autor deve 
ser direto, claro e conciso. Para isso, utiliza-se a ordem direta e a voz ativa, ou seja, deve-se apresentar 
o sujeito, depois a ação e finalmente os advérbios (circunstâncias). É aconselhável o uso de um padrão 
culto mediano, ou seja, sem termos esdrúxulos ou pouco usados. Os fatos devem ser apresentados de 
forma impessoal , em terceira pessoa. Seguindo essas regras, a lide ficaria mais ou menos assim: 
João da Silva, 34 solteiro, desempregado, morreu afogado na Lagoa Rodrigo 
de Freitas, ontem, 20 de novembro de 2002, por volta das 23h30m. A polícia 
suspeita tratar-se de suicídio. Testemunhas afirmam ter visto quando ele se 
jogou na Lagoa. Não são conhecidos ainda os motivos que levaram o 
desempregado a se matar. 
 Resumindo mais ainda o lide, poderíamos chegar ao seguinte: Desempregado se atira na Lagoa. 
Teríamos a manchete. Depois disso, o autor da notícia deveria retomar as informações e ampliá-las, 
dizendo onde morava João da Silva, o que fazia, como sobrevivia., quais foram suas últimas ações, 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 60 
apresentar depoimentos das pessoas que o viram pela última vez etc. Tendo formulado as três partes do 
relato jornalístico, bastaria montar o texto. 
 Essa estrutura fixa do relato jornalístico é responsável pela ilusão de realidade que temos ao ler o 
texto. Observe como a lide que criamos a partir do poema de Manuel Bandeira parece-nos apresentar 
um fato ocorrido, embora se trate de uma cena imaginada. No poema de Bandeira, as indefinições 
relacionadas ao nome do indivíduo, às suas características, ao momento em que ocorreu o fato tornam 
as ações de “João Gostoso” enigmáticas. Já o texto jornalístico, ao registrar tecnicamente todos os 
detalhes e apresentar de forma fria a informação, não deixa espaço para a imaginação. 
 
 
 
 
 
 
 
 Em 2104, a UEPG, propôs a seguinte redação. 
PROPOSTA 
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas 
“Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados 
são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados 
sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são 
asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos 
pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos 
pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.» 
Adaptado de: Rubem Alves. 
O texto de apoio destaca dois tipos de escola: Escolas que são gaiolas e Escolas que são asas Escolha 
apenas UM dos tipos de escola para desenvolver um texto no GÊNERO NOTÍCIA. A expressão escolhida 
pode ser utilizada como título/manchete do seu texto. 
 Diante dessa proposta, esperava-se o relato de um acontecimento qualquer, desde que ocorrido 
sob uma das perspectivas previamente sinalizadas pelo texto de apoio: em uma escola-gaiola ou numa 
escola-asa. Uma das propostas bem-sucedidas começava contextualizando tempo, espaço e evento. 
Projetos que estimulem a criatividade dos alunos são premiados 
Ontem, 22 de novembro, no Centro de Cultura de Ponta Grossa, houve a 
premiação das Instituições que participaram do Projeto “Escolas que são asas”. 
Quando? Onde? 
O quê? Como? 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 61 
O trabalho se constituía em elaborar um projeto que estimulasse a criatividade 
e a liberdade entre os alunos. 
 Agora fica fácil entender por que a redação abaixo foi zerada. O candidato fez uma dissertação. 
Lembre-se de que a notícia de jornal deve ter um núcleo narrativo. 
 
Escolas no Brasil 
 Atualmente, a maioria das escolas do Brasil são uma espécie de gaiolas, 
isto é, apenas prendem o aluno dentro da sala de aula e o fazem se comportar, 
pois para os professores é muito mais fácil, porque pra que ensinar se podemos 
controlar? 
 Pois é, muitos professores e diretores pegam muito no pé de algumas 
pessoas, que muitas vezes se sentem presos naquela escola, sem poder fazer 
nada. 
 Nunca poderiam despertar o senso crítico das pessoas, ao menor que 
seja. Por isso que o país não consegue se desenvolver, criando pessoas como se 
fossem pássaros amedrontados, que não conseguem voar. 
 Porém, algumas poucas pessoas conseguem aprender a respeitar essas 
regras, assegurar o seu lugar no futuro e se tornar bem-sucedido,mesmo com 
todas as adversidades. 
 
 
 
5. Outros gêneros 
 Durante todo o curso, você entrou em contato com os mais variados gêneros. Segue 
considerações sobre alguns gêneros que ainda não foram considerados. 
5.1 Manifesto 
 O manifesto é um gênero textual muito próximo da Carta Aberta. Um grupo ou mesmo um 
indivíduo se vale desse tipo de texto para expressar um ponto de vista contundente diante de uma 
questão pública que deve atingir um grupo nomeado. Trata-se de uma exposição de um 
descontentamento ou de algo que o público deveria saber e não sabe. 
 Para entender quais são suas características, vamos considerar um Manifesto publicado pela 
UNICAMP/ 2012 como acima da média. A proposta era a seguinte: 
Não reponde: 
Quando? Onde? O 
quê? Como? 
Característica de tese 
Máscara: Esse é um gênero textual que exige objetividade, ou seja, não se 
pode deixar marcas de quem produz. A própria estrutura de escrita bastante restrita 
no que diz a produção do lied garanti isso. 
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Coloque-se no lugar dos estudantes de uma escola que passou a monitorar as páginas de seus alunos 
em redes sociais da internet (como o Orkut, o Facebook e o Twitter), após um evento similar aos 
relatados na matéria reproduzida abaixo. Em função da polêmica provocada pelo monitoramento, 
você resolve escrever um manifesto e recebe o apoio de vários colegas. Juntos, decidem lê-lo na 
próxima reunião de pais e professores com a direção da escola. Nesse manifesto, a ser redigido na 
modalidade oral formal, você deverá necessariamente: 
 • explicitar o evento que motivou a direção da escola a fazer o monitoramento; 
 • declarar e sustentar o que você e seus colegas defendem, convocando pais, professores e alunos a 
agir em conformidade com o proposto no documento. 
 Segue o texto escolhido. 
 Manifesto à favor da sociedade virtual 
 Nós, estudantes da escola Hélio Cerqueira Leite, estamos aqui, perante 
pais, professores e também direção, para reivindicarmos nossos direitos em 
redes sociais! 
 O monitoramento feito pela escola, desde que comentários feitos através 
do Facebook em relação à baixa produtividade das aulas de matemática foram 
publicados, não justifica esse controle sobre nossas postagens, que são reflexos 
de nossa opinião. 
 Por isso, manifestamos para garantir a nossa liberdade virtual. Ou a 
escola tem poder sobre nós até mesmo quando estamos fora dela? Também 
temos nossa vida pessoal, e esta inclui nossas opiniões e pensamentos. 
Alunos, pais e até mesmo vocês, professores, juntem-se a nós por esta 
causa! Não podemos negar a sociedade virtual tão presente em nosso dia a dia. 
E quando eu digo “nosso”, é porque sei que não importa a qual grupo você faça 
parte, certamente está envolvido em redes sociais. Todos nós temos sim, o 
direito de publicar nossas opiniões virtualmente, sem que alguém nos controle! 
Os comentários sobre as aulas foram apenas uma maneira que utilizamos 
para expor algo que pensamos sem dirigir-se diretamente à direção, ou seja, não 
cometemos nenhum erro a ponto de sermos vigiados virtualmente. Pensem 
nisso, e logo juntem-se à nós estudantes! 
 A partir desse exemplo, fica fácil entender a estrutura. 
Título indicativo do gênero 
Introdução: 
identificação do grupo e 
do que se deseja 
O que motivou a 
escrita do manifesto 
Argumento 
Conclamação ao 
público 
Conclusão com 
resumo do 
argumento e 
reafirmação da 
postura 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 63 
 
 O autor deve: 
✓ Usar uma linguagem acessível e enfática. 
✓ Escolher bons argumentos para sensibilizar o público. 
✓ Expressar com firmeza as opiniões. 
✓ Organizar muito bem conforme apresentado e exemplificado. 
 É preciso destacar que há pelos menos 3 tipos de manifesto que têm marcas ligeiramente 
diferentes, embora todos pretendam tornar pública uma ideia. Eles se diferenciam de acordo com a 
finalidade e área da sociedade que produz ou para a qual é dirigido 
• Manifesto político: o autor manifesta seu repúdio ou descontentamento com alguma ação 
política; pode ser também um texto em que se exponha um novo programa de algum grupos 
social ou partido político. 
• Manifesto artístico: o autor esclarece os pressupostos estéticos de um grupo, defendendo os 
novos recursos artísticos utilizados e procurando minar as resistências ao novo tipo de gosto, 
ou mesmo condenando a estética passada. 
Trecho do “Manifesto antropofágico” de Oswald de Andrade 
“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. 
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas 
as religiões. De todos os tratados de paz. 
Tupi or not tupi, that is the question. 
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. 
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. 
Titulo: Identificação do Gênero e menção ao que se deseja ou ao público 
a que se dirige 
Introdução: Apresentação de quem se manifesta, e um resumo do que se 
deseja expressar
Desenvolvimento: Explicação do porquê da manifestação e aparesentação 
de argumentos que justifiquem a postura. Conclamação ao público
Conclusão: apresentar o resumo das ideias, solicitando compreensão ou 
mesmo participação do público. 
Local, data e assinatura. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 64 
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o 
enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa. 
• Manifesto social/cultural: o autor, nesse caso, apresenta temáticas de cunho cultural e/ou 
social . É comum que se apresente fatos desconhecidos pelo público, proponha reflexões 
, mudanças ou que se incentive à ação. Exemplo: Manifesto de apoio aos povos indígenas; 
ou Manifesto a favor da cultura e da educação. Normalmente, acabam tendo implicações 
políticas, mas não são dirigidas à classe política. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha técnica: Manifesto 
Finalidade: manifestar-se publicamente em relação a algo de interesse público e envolvendo 
autoridades (opinião, ação institucional, omissão etc), revelando opinião e reivindicação. 
Sequências discursivas: Trata-se de um gênero no qual predomina o texto opinativo, mas há também 
sequências discursivas em que se propõe fazer algo, sequências injuntivas. 
Estrutura: Há uma estrutura formal consagrada: 
Título identificador : Destaca-se o gênero e apresenta-se a intenção algo como “Manifesto a favor...” 
Corpo do texto 
Introdução: O autor (normalmente coletivo) se identifica, aponta o motivo da escrita do Manifesto, 
enfatizando o problema. 
Desenvolvimento: exposição da questão em si, apresentação dos motivos que levaram à 
problematização. No caso de haver revindicação, indicar uma possível ação e defendê-la. 
Conclusão: encerra o discurso, reiterando o descontentamento e sugerindo ou exigindo soluções. 
Algumas linhas* abaixo do corpo do texto, o autor se despede com uma expressão curta, 
“respeitosamente” e assina (no caso do vestibular, isso é feito apondo-se as iniciais). 
Linguagem: Linguagem formal e respeitosa; uso de expressões que indicam coletivadade, “nós” (isso 
depende da proposta), apesar de formal o estilo deve ser enfático para empolgar o leitor. Conclama-se 
a adesão de quem lê o texto. 
Marcas de Gênero: 
A própria estrutura fixa da carta e o primeiro parágrafo configuram para o leitor o gênero Manifesto. O 
título indicativo é outra marca desse gênero. 
*Nos vestibulares, não é preciso pular linha. 
Máscara: Nesse gênero a máscara é fundamental. Você é alguém que está 
indignado com alguma situação, ou, no caso de um Manifesto Artístico, precisa expor 
com empolgação suanova perspectiva artística. A identificação como pertencente a 
alguma instituição de luta, ou como alguém que se preocupa com a questão, torna-
se essencial para que seu texto fique verossímil. Leia com atenção o comando e 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 65 
 
 
 
 
5.2 Abaixo-assinado 
 Estamos diante de mais um gêneros textual da família dos inconformados, dentre eles podemos 
relembrar: a carta aberta, o manifesto e, agora o abaixo-assinado. Nem vou gastar muita saliva, ou melhor 
tinta, para caracterizar esse texto dada a proximidade com o anterior. “Então, o que muda?” você deve 
estar se perguntando. O parágrafo inicial. 
 Observe um abaixo-assinado publicado pela UNICAMP/2019. 
 Você é um(a) estudante do Ensino Médio na rede pública estadual e soube de um acontecimento 
revoltante na sua escola: sua professora de Filosofia recebeu ofensas e ameaças anônimas por suposta 
tentativa de doutrinação política, ao ter iniciado o curso sobre as origens da Cidadania e dos Direitos 
Humanos modernos com o texto um texto de Teócrito. 
 A direção da escola ainda não se manifestou publicamente sobre o episódio. Indignado(a) com a 
tentativa de censura que a professora sofreu por propor aos alunos reflexões fundamentais à formação 
cidadã, você decidiu escrever o texto de um abaixo-assinado encaminhado à direção da escola, em 
nome dos estudantes, no qual deve: 
a) reivindicar que a escola se posicione publicamente em defesa da professora; 
b) reivindicar a manutenção de aulas de Filosofia que tematizem os Direitos Humanos; e 
c) justificar suas reivindicações. Para tanto, você deve levar em conta tanto o texto acima quanto os 
excertos abaixo. 
(Adaptado) 
 O Texto contemplado pela banca foi o seguinte: 
Abaixo-assinado à direção da Escola Estadual “Liberdade” 
Prezados Diretor, 
 Venho, em nome de todos os estudantes da Escola Estadual “Liberdade” 
que assinaram o presente documento, reivindicar o posicionamento público das 
senhoras e senhores, diretores desta instituição, em defesa da professora de 
Filosofia do Ensino Médio, vítima de ameaças e ofensas anônimas após nos 
ministrar o texto “Teócrito e o pensamento”, durante o curso sobre as origens 
da Cidadania e dos Direitos Humanos modernos. 
 
 O episódio de intolerância ocorreu sob o viés falacioso de que nossa docente 
havia nos doutrinado politicamente, ou tentado fazê-lo, após a leitura referida 
acima. O texto – do filósofo grego Teócrito de Corinto – expressa a importância 
Título indicativo do gênero 
Identificação do 
autor e menção ao 
abaixo-assinado. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 66 
do direito ao pensamento, sendo sua supressão o maior dos crimes e o caminho 
para a instauração de governos tirânicos e opressores. 
 
 Desse modo, sob nossa perspectiva, não há qualquer tentativa de 
“doutrinação”; pelo contrário, a docente ganhou ainda mais admiração por 
cumprir o papel principal de sua profissão e dos estudos: nos ensinar a pensar de 
forma autônoma. Além disso, essas aulas permitem o diálogo acerca dos Direitos 
Humanos, um tema que deve ser conhecido por todos – especialmente na 
diversa sociedade brasileira – afinal, ele aborda princípios fundamentais 
relacionados à liberdade, ao respeito e à tolerância, constituindo o pilar para a 
formação cidadã democrática. 
 
 Portanto, por meio deste abaixo-assinado, também reivindicamos a 
manutenção das aulas de Filosofia cujo tema aborda os Direitos Humanos, pois 
acreditamos que reprimir esse assunto é uma espécie de censura, a qual se opõe 
à educação vigente em países – desenvolvidos, como a Suécia – cujo viés 
libertador aborda questões de cidadania, diversidade e educação sexual. 
 
 Assim como a filósofa Hannah Arendt, valorizamos a ideia de um mundo 
comum, plural e diverso, capaz de valorizar a liberdade e impedir o totalitarismo 
e outras opressões; e temos a convicção de que as classes de Filosofia são 
essenciais para tanto, assim como a atuação da própria escola. Com isso, 
esperamos que as reivindicações aqui presentes, clamadas pelos estudantes, 
sejam atendida. 
 Campinas, 10 de novembro de 2019. 
 
 Sacou? Então, seguem algumas recomendações. 
 
 
Coloque o título que identifica o gênero 
Vocativo, como em uma carta, para identifica a que autoridade é dirigida
Parágrafo inicial: Identificação de quem expressa o descontentamento, 
destacando que se trata de um abaixo-assinado. (Pode-se começar com 
"nós abaixo-assinados..)
Depois do corpo do texto, local e data, à esquerda. 
Menção ao gênero 
Trecho injuntivo 
(imperativo) como 
forma de 
conclusão. 
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5.3 Palestra 
O gênero esboço de uma palestra é um texto escrito que vai ser lido ou falado no momento em 
que a palestra será proferida. Além do conteúdo propriamente dito, é necessário cumprimentar 
brevemente a plateia, apresentar-se e contextualizar o público sobre o tema que se irá tratar no início da 
palestra. No final, é preciso agradecer a atenção do público e se despedir. 
Quanto à linguagem, essa situação de comunicação pede um tom coloquial, mas com uso de 
linguagem gramaticalmente correta, com vocabulário preciso. 
 
Ficha técnica: Abaixo-assinado 
Finalidade: manifestar-se publicamente em relação a algo de interesse público e envolvendo 
autoridades (opinião, ação institucional, omissão etc), revelando opinião e reivindicação. 
Sequências discursivas: Trata-se de um gênero no qual predomina o texto opinativo, mas há 
também sequências discursivas em que se propõe fazer algo, sequências injuntivas. 
Estrutura: Há uma estrutura formal consagrada: 
Título identificador : Destaca-se o gênero “Abaixo-assinado” 
Vocativo: depois da identificação do gênero, escreve-se a que autoridade se dirige 
Corpo do texto 
Introdução: O autor (normalmente coletivo) se identifica, aponta o motivo da escrita do abaixo-
assinado, enfatizando o problema. 
Desenvolvimento: exposição da questão em si, apresentação dos motivos que levaram à 
problematização. No caso de haver revindicação, indicar uma possível ação e defendê-la. 
Ao final do corpo do texto, coloca-se local e data à esquerda. 
Conclusão: encerra o discurso, reiterando o descontentamento e sugerindo ou exigindo soluções. 
Linguagem: Linguagem formal e respeitosa; uso de expressões que indicam coletivadade, “nós” 
(isso depende da proposta), apesar de formal o estilo deve ser enfático para empolgar o leitor. 
Conclama-se a adesão de quem lê o texto. 
Marcas de Gênero: 
A própria estrutura fixa da carta e o primeiro parágrafo configuram para o leitor o gênero abaixo-
assinado. Vale a pena fazer referência ao gênero no próprio texto, algo como “por meio desse 
abaixo-assinado). O título indicativo é outra marca desse gênero. 
*Nos vestibulares, não é preciso pular linha. 
Máscara: Nesse gênero a máscara é fundamental. Você é alguém que está 
indignado com alguma situação e escreve em nome de uma coletividade. Leia com 
atenção o comando e perceba a complexidade da questão. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 68 
Tipologia textual 
 Ainda que haja alguma interlocução com o seu público em alguns momentos, como no início e 
final da palestra, a tipologia textual predominante é a expositiva, na qual você expõe um conjunto de 
informações sobre a profissão de jornalista de maneira detalhada. 
Quanto à estrutura do texto, entende-se que ela se compõe de algumas partes: 
• Cumprimentar a plateia; 
• Apresentar-se; 
• Apresentar o objetivo da sua palestra (tese); 
• Argumentar 
• Concluir o seu raciocínio e terminar a sua palestra; 
• Agradecer à plateiae se despedir. 
 
Para que você possa compreender melhor, que tal um exemplo? Em 2018, a ÚNICAMP solicitou que 
o candidato atendesse as seguintes orientações: 
 
Você é um estudante do Ensino Médio e foi convidado pelo Grêmio Estudantil para fazer uma palestra 
aos colegas sobre um fenômeno recente: o da pós-verdade. Leia os textos abaixo e, a partir deles, 
escreva um texto base para a sua palestra, que será lido em voz alta na íntegra. Seu texto deve conter: 
a) uma explicação sobre o que é pósverdade e sua relação com as redes sociais; 
b) alguns exemplos de notícias falsas que circularam nas redes sociais e se tornaram pós-verdade; e 
c) consequências sociais que a disseminação de pós-verdades pode trazer. Você poderá usar também 
informações de outras fontes para compor o seu texto. 
 
 Segue o texto acima da média. 
Boa tarde, pessoal! 
 Primeiramente gostaria de agradecer ao Grêmio Estudantil pelo convite para 
dar esta palestra sobre um tema tão atual e importante: o fenômeno da pós-
verdade. 
 Certamente vocês já ouviram esse termo, não é mesmo? A pós-verdade foi 
eleita a palavra do ano de 2016 pela Universidade de Oxford e refere-se à 
tendência de as pessoas darem mais credibilidade a boatos do que a fontes 
confiáveis de informação. Vocês se lembram da máxima “Penso, logo existo” do 
filósofo Descartes? O fenômeno da pós-verdade parece tê-lo transformado em 
“Acredito, logo estou certo”. Percebem? Nessa nova situação, nós acreditamos 
naquilo que queremos, independentemente de ser verdade ou mentira. 
 Nesse contexto, as redes sociais têm um papel muito “Facebook”, “Twitter” e 
“Whatsapp” são meios de comunicação nos quais os boatos se proliferam muito 
rapidamente e, assim, as informações falsas importante. ganham um enorme 
alcance e legitimidade. Imaginem que o seu melhor amigo compartilhou alguma 
Cumprimento informal (“pessoal”) 
Interlocução 
com o público 
e identificação 
de quem fala 
Interlocução 
com o 
Grêmio 
Argumentação 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 69 
notícia falsa no “feed” de notícias dele. Vocês acreditariam na informação? 
Provavelmente sim, já que há uma relação de confiança entre vocês. Além disso, 
sabiam que o “Facebook” utiliza algoritmos para fornecer-lhes informações que 
confirmam o seu ponto de vista? Assim, forma-se uma bolha, na qual as pessoas 
são expostas apenas às informações nas quais já acreditam. 
(...) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Máscara: Situação de interlocução 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha técnica: Esboço de Palestra (ou também de discurso de formatura) 
Finalidade: Apresentar alguma uma opinião que deverá ser apresentada oralmente. 
Sequências discursivas: Trata-se de um gênero no qual predomina o texto opinativo. 
Estrutura: Há uma estrutura formal consagrada: 
Congratulações: Apresentar-se e também ao tema que se desenvolvido 
Desenvolvimento: apresenta os argumentos que o levaram a defender a tese apresentada. 
Conclusão: resumo das principais. 
Agradecimento. 
 Linguagem: Marcas da linguagem informal, mas obedecendo às regras da língua padrão; 
interlocução constante com diálogo eu-tu; uso de perguntas. 
Marcas de Gênero: 
A própria interlocução e a apresentação que inclui o diálogo com a plateia já configuram o gênero. 
 
Máscara: Nesse gênero a máscara é fundamental. Como exemplo, pense nas 
perguntas que você deveria fazer para escrever a palestra citadas: 
Quem é você? O aluno de uma escola. 
Para que você escreve? Para ser apresentado em uma palestra sobre a 
profissão de jornalista em uma feira de profissões. 
Para quem você escreve? Para o público que comparece a uma feira de 
profissões: alunos, seus pais, professores. 
Quem o convidou? O Grêmio Estudantil 
Todas essas informações apareceram no texto. 
 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 70 
 
6.Propostas de Redação 
 
 Eu escolhi duas propostas para que você possa exercitar o que foi discutido neste pdf. São dois 
artigos de opinião, sendo que o segundo permite uma abordagem contra-argumentativa. 
 Bons textos 
 
Proposta 1 
Autoral Modelo UFPR 
O texto a seguir é um artigo de opinião do filósofo Luiz Felipe Pondé, no qual ele discute a relação entre 
educação, novas teorias pedagógicas e marketing. Escreva um texto argumentativo posicionando-se em 
relação à tese principal do autor. O seu texto deve: 
 
 ter de 10 a 12 linhas; 
 explicitar em linhas gerais as ideias de Pondé; 
 assumir uma posição contra ou a favor dela, contrapondo argumentos se for contra, ou reforçando 
os já apresentados se for a favor. 
 
 
Instituições de ensino são espécie de oficinas profissionais, que fingem ser uma plataforma de diversão 
semelhante à Netflix 
 
Na mesma medida em que muitas teorias pedagógicas modernas falam que a escola e a universidade 
devem ter o aluno como centro —e não o professor, como se uma coisa excluísse a outra—, essa posição, 
na verdade, coloca o estudante como um chimpanzé que fica no centro de um zoológico. E essa é umas 
das experiências mais difíceis de serem vistas. 
Precisamos prestar mais atenção no fato de o marketing, pouco a pouco, se transformar na ciência 
primeira —como Aristóteles falava da ontologia, a ciência do ser. 
O que isso quer dizer? Depois volto ao chimpanzé como centro do zoológico como analogia do aluno na 
escola. 
Dizer que o marketing se transforma na ciência primeira é constatar que suas narrativas determinam todo 
o resto do pensamento e da ação. Por consequência, influenciam na maneira como vemos o mundo, o 
que devemos fazer nele e o que valoramos nele. 
Tomar o marketing como ciência primeira é ver os alunos como um produto, fingindo que os enxergamos 
como um valor em si. O estudante deve ser formado apenas para as demandas do mercado, mesmo que 
empacotemos esse discurso com termos como “integração socioemocional”. 
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https://agora.folha.uol.com.br/sao-paulo/2020/12/escolas-fazem-campanhas-divertidas-nas-redes-sociais-para-atrair-alunos.shtml
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AULA 01 – Gêneros Modelares 71 
O grande truque é dizer que queremos atender a esses jovens que precisam escolher o que querem da 
vida. Essa máxima é uma mentira, pelo menos em dois níveis distintos, mas relacionados entre si. 
No primeiro, os jovens pouco sabem o que querem, mas devem escolher a sua profissão quando ainda 
não conhecem quase nada. O mito da informação em crescimento como índice de autonomia é uma das 
falácias que compõem a grande farsa do progresso moral da humanidade moderna. Não há progresso 
moral nenhum. 
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde) 
 
Proposta 2 
Na escola em que você estuda, durante quinze dias, o termo “cringe” circulou entre os alunos 
provocando risos e um pouco de confusão. Depois de uma discussão sobre o significado das gerações e 
seus posicionamentos na aula de Sociologia, você se dispôs a escrever um artigo de opinião que será 
postado no site da escola. 
 Nele você deve: 
 a) Situar a situação que gerou o texto. 
 b) Apresentar uma opinião crítica sobre o termo “cringe” em contraposição à situação dos jovens 
no Brasil e à tradição dos movimentos juvenis. 
Para redigir seu texto, leve em conta os excertos apresentados a seguir. 
 
 
1. O Brasil tem ¼ de sua população formada por jovens. São 50, 5 milhões de brasileiros na faixa etária 
entre 15 e 29 anos (dados do IBGE). Nunca tivemos e, conforme apontam estudos demográficos (se a 
tendência se mantiver) não teremos no futuro, tantos jovens como hoje. Esses dados seriam 
extremamente positivos se o país estivesse preparado para dar educação, qualificação profissional e 
empregos para todos. 
 
Infelizmente,a realidade é outra: quase metade dos desempregados do país é jovem (IBGE); 1/5 deles já 
tem filhos e, em média, ganham menos da metade do que ganham os adultos. Falta acesso ao ensino 
médio e profissionalizante e, em consequência disso, faltam empregos e segurança. Dados do Ministério 
da Saúde mostram que 70% da causa de morte nesta faixa etária é em função da violência (homicídios), 
de acidentes no trânsito e de suicídio, portanto causas externas evitáveis. 
https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=281080 
 
2. A partir da década de 1960, intensas manifestações culturais e políticas juvenis indicavam que o papel 
do jovem começava a ter outro lugar. Nesse período, podemos destacar a ação do movimento hippie, 
que se contrapôs aos valores morais de sua época pregando ideais de “paz e amor”, criticando a 
sociedade de consumo e realizando intensa oposição à Guerra do Vietnã. Embalados pelo prazer, o uso 
de alucinógenos e o rock’n’roll mostraram o novo lugar da juventude. 
 
Com o esvaziamento desse primeiro movimento, a geração hippie deu lugar a uma juventude mais 
conservadora que não mais se simpatizava com a ação transgressora da geração anterior. Os chamados 
yuppies da década de 1980, mediante a expansão do capitalismo e a competitividade do mercado de 
trabalho, começaram a estudar cada vez mais cedo, buscando uma carreira profissional proeminente 
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https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=281080
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acompanhada do tão sonhado conforto material. 
 
A consolidação de um mundo cada vez mais integrado pelo processo de globalização provocou uma 
nova onda de movimentos juvenis que se colocam contra a própria sociedade que o exclui. O 
movimento punk é um claro exemplo de ação juvenil calcada pela crítica de um sistema que visa 
padronizar comportamentos em torno de um mundo cada vez mais atrelado aos resultados imediatos e 
à eficiência. Em contrapartida, essa reação à globalização também trouxe outras consequências. 
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/sociologia-juventude.htm 
 
3. O que significa ‘cringe’? Entenda a expressão que viralizou na internet 
Cringe, Millenials, Geração Z: difícil alguém que não tenha se deparado com alguma dessas expressões 
nos últimos dias. Nas redes sociais, o assunto tem gerado memes, testes e até reflexões sobre os conflitos 
e diferenças intergeracionais. 
No Brasil, a repercussão do termo “cringe” aumentou depois que a podcaster Carol Rocha publicou, no 
Twitter, uma pergunta sobre o que os jovens da Geração Z “acham um mico” nos Millenials. Na sequência, 
ela comentou: “(acho q falar mico já passou, é cringe ne)”. 
Não demorou para que os usuários povoassem a internet com as respostas. Alguns comentaram que 
gostar de Disney, usar emojis, tomar café da manhã, usar peças como calça skinny ou sapatilha de bico 
redondo, pentear o cabelo repartido para o lado e até usar a palavra “boleto” eram típicos exemplos de 
atitudes “cringes”. Mas o que significa essa expressão? 
O termo tem origem inglesa e é utilizado como uma gíria para se referir aos momentos em que as pessoas 
passam por situações desconfortáveis e constrangedoras. Nas redes sociais, inclusive, a palavra é bastante 
usada, significando algo como “vergonhoso”, em tradução livre. 
Para além do uso e do significado da expressão, a grande reflexão que o assunto tem gerado envolve as 
diferenças entre as gerações Milennials e Z. 
Em termos práticos, pessoas nascidas entre as décadas de 1980 e 1990 são definidas como “Millennials” 
ou “Geração Y”. À luz da Sociologia, o conceito fica ainda mais específico, abarcando quem nasce entre o 
início da década de 1980 até, aproximadamente, o final do século. 
Por sua vez, quem faz parte da “Geração Z” — também denominada “GenZ”, “pós-Millennials”, entre 
outros termos — são aqueles nascidos entre 1995 e 2010, os também chamados “nativos digitais”, uma 
vez terem nascido já imersos na tecnologia e na internet. 
https://www.istoedinheiro.com.br/o-que-significa-cringe-entenda-a-expressao-que-viralizou-na-
internet/ 
 
 
6.1Propostas comentadas 
Proposta 1 
Comentário 
 Esta proposta é simples, pois trata-se de um gênero bem conhecido pelos vestibulandos, “o artigo 
de opinião”. A situação de interlocução não é complexa, tampouco. Os alunos ficaram alvoroçados, como 
muita gente no Brasil, com o modismo passageiro de se discutir o que é “cringe”. 
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https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/sociologia-juventude.htm
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AULA 01 – Gêneros Modelares 73 
 Lembrar dessa circunstância seria muito importante em vista do que se pede e do que é próprio 
desse gênero. Nas instruções está claro no item “a” que o artigo deve fazer referência ao episódio que 
levou à escrita do artigo. Rigorosamente, não era preciso tal indicação. Um artigo de opinião 
normalmente se inicia com o relato do motivo que levou à escrita do texto. 
Gênero 
Ficha técnica: Artigo de opinião 
Finalidade: Apresentar alguma uma opinião que será publicada em algum tipo de veículo de informação: 
jornal, blog, revista eletrôncia etc. 
Sequências discursivas: Trata-se de um gênero no qual predomina o texto opinativo. 
Estrutura: Há uma estrutura formal consagrada: 
Introdução: o autor apresenta o tema e tese. 
Desenvolvimento: apresenta os argumentos que o levaram a concordar ou discordar da ação ou do texto. 
Conclusão: parágrafo curto em que reitera sua forma de pensar. 
Título: necessário. 
 Linguagem: Linguagem formal e respeitosa; uso do “eu”. 
Marcas de Gênero: 
O artigo de opinião tem título e o primeiro parágrafo, com o uso do eu e a configuração de uma ideia a 
ser defendida deixa claro de que gênero se trata. 
Alguma técnica especial? Capacidade de relacionar argumentos de forma coerente. 
 É muito clara a proximidade entre artigo de opinião e dissertação, e, de fato, podemos dizer que 
o gênero artigo é a concretização no cotidiano do que escrevemos na escola como dissertação. Em todo 
caso, há algumas sutis diferenças que estão expostas no quadro abaixo. 
 
Artigo de opinião Dissertação 
- O uso da primeira pessoa é desejável e 
possível 
- O uso da primeira pessoa do singular 
deve ser evitado 
- Certa medida de pessoalidade - objetividade 
- Uso de recursos retóricos - Uso de recursos argumentativos 
objetivos 
- Interlocutor específico - Interlocutor universal 
-Estrutura: introdução, desenvolvimento 
conclusão 
-Estrutura: introdução, desenvolvimento e 
conclusão 
-Há três formas de introdução: - Introdução generalizante expondo o 
problema que será discutido. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 74 
lançando uma tese, ambientando os fatos 
e dando um definição do assunto. 
 
Coletânea de textos 
 Para ajudar a compor o texto, foram apresentados três textos. 
 No primeiro, era possível encontrar alguns dados bastante desanimadores em relação ao jovem 
brasileiro entre 15 e 29 anos. O número absoluto de jovens é o mais elevado alcançado pelo país, mas 
eles não têm tido oportunidade no mercado de trabalho. Constituem quase metade dos desempregados, 
ganham metade do salário de um adulto e boa parte não tem acesso à educação de qualidade. Isso faz 
lembrar a geração nem-nem, título dado para aqueles que nem trabalham, nem estudam. Lógico que esse 
texto lança uma outra luz, um tanto quanto sinistra, sobre a brincadeira do que deve ser “cringe” ou não. 
 A esse olhar econômico-social sobre a dita geração “Z” soma-se o questionamento sobre o papel 
social que esses jovens podem ter, quando se lê o segundo texto da coletânea. Nele, discute-se o papel 
ativo da juventude para as mudanças sociais a partir da década de 60. Aquilo que ficou conhecido como 
movimento de rebeldia da juventude parece ser coisa do passado, já que a oposição entreuma e outra 
geração se dá no plano de gostos pessoais que não revelam qualquer senso crítico mais profundo ou 
desejo de mudança. 
 Por fim, o último texto, com teor didático, explica o sentido da palavra. Ela se aplica aos costumes 
da geração anterior que a nova acredita ser vergonhoso, dentre eles: “gostar de Disney, usar emojis, 
tomar café da manhã, usar peças como calça skinny ou sapatilha de bico redondo, pentear o cabelo 
repartido para o lado e até usar a palavra “boleto”. A definição do que seria geração “Z”, os nativos 
digitais, dá algumas pistas da causa de uma rivalidade tão trivial, afinal, essa geração parece estar 
totalmente enfronhada no mundo virtual no qual os horizontes de crítica não são tão largos. 
Teses e possíveis encaminhamentos 
 Trata-se de um artigo de opinião, e, nesse caso, a tese deve manifestar uma visão crítica opinativa 
clara. No item “b”, pedia-se que se considerasse a discussão à luz do que foi apresentado nos textos 1 e 
2. Isso é importante, devem-se contemplar as duas ideias. Ao se fazer isso, dificilmente seria possível 
louvar de alguma forma esse tipo de discussão. 
 Seguem-se alguns tipos de teses possíveis, dentre outras. 
 A discussão sobre quem é cringe mostra a alienação de jovens que estão excluídos do mundo do 
trabalho e não encontram condições de protestar como fizeram as gerações passadas. 
 Esse perfil da geração Z propagada pelas mídias parece uma espécie de véu para encobrir o pouco 
espaço político que deixaram para esses jovens e a exclusão a que a geração mais velha os relegou. 
 A forma descontraída de se contrapor às gerações passadas é uma forma bem-humorada para 
lidar com a exclusão econômica e a falta de engajamento político. 
 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 75 
Proposta 2 
Comentário. 
 Esse tipo de texto deve ter a estrutura de uma dissertação de forma geral, e mais especificamente 
um artigo de opinião. Bom lembrar quais seriam os critérios para correção desse texto. 
Apreensão do tema: indicação do problema e manifestação clara da tese a ser defendida 
(pontuação máxima 3,333) 
Apresentação das partes principais do texto: Estrutura do texto, posicionamento e justificativa 
da argumentação (pontuação máxima 8,3333). 
Emprego de recursos discursivos: gênero, coerência, adequação lexical, respeitos às normas de 
escrita ( pontuação máxima 8,3333). 
Gênero 
 O tipo de texto é o dissertativo-argumentativo. 
 Não é preciso título. Deve ter de 2 a 3 parágrafos. 
 O autor do texto original usou a terceira pessoa. Seria mais apropriado o uso da mesma 
pessoa como uma espécie de resposta. 
 Observe o comando. É preciso explicitar como se fosse uma introdução as ideias de 
Pondé. Seu posicionamento deve ficar claro. 
 Apresente um ou dois argumentos que sustentem sua opinião. 
Apresentação do tema 
 Para se perceber qual é a polêmica, deve-se fazer uma leitura atenta do texto do Pondé. 
Ele parte de uma espécie de mantra da educação que é tido como verdadeiro: o aluno deve ser 
o centro do aprendizado. Para o autor, essa frase, que aparentemente expressa preocupação 
pedagógica, simplesmente esconde o fato de que a educação se tornou mercadoria e, portanto, 
os pedagogos estão tratando os jovens como clientes a serem satisfeitos. 
 Esse resumo ainda é longo. Para dar uma opinião, seria melhor simplificar a questão em 
forma de pergunta a ser respondida. Poderíamos pensar em algumas opções: 
 - É válida a afirmação de que “ a escola e a universidade devem ter o aluno como centro”? 
 - Tal afirmação é simplesmente uma frase de marketing? 
 - O aluno não tem autonomia para ser o centro do ensino, até que ponto isso é verdade? 
 Agora fica mais fácil pensar em posicionamento e também escolher as ideias do Pondé 
que devem ser explicitadas logo no começo do texto. Há duas maneiras de se começar o texto. 
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AULA 01 – Gêneros Modelares 76 
Na primeira, menciona-se o filósofo, o que ele disse e quando. Algo como: “Num artigo de 
opinião publicado na Folha de São Paulo, o filósofo Luíz Felipe Pondé colocava em xeque a tese 
pedagógica de que...” 
 A outra forma, mais direta, consiste em apresentar as ideias como se fossem de circulação 
geral e conhecida por todos. É comum ouvir em entrevistas sobre educação que o aluno deveria 
ser o protagonista. Alguns atribuem a essa frase a intenção implícita de transformar alunos em 
clientes... 
 O importante nesse primeiro momento é selecionar as informações com as quais você irá 
dialogar. 
Apresentação das partes principais do texto 
 Depois da apresentação das ideias do Pondé, segue-se a tese, que deve ser clara e, 
também objetiva. Você concorda com a crítica de Pondé? Sim ou não. Depois de responder para 
você mesmo, você deve achar uma estratégia para deixar claro para o leitor o seu ponto de vista. 
 No caso da estratégia de ter mencionado o filósofo e ter feito um resumo das ideias dele, 
basta uma frase dizendo: “Analisando os fatos, o filósofo tem razão (ou não tem razão)”. 
 Devem-se escolher argumentos que sejam claros e de fácil exposição. Seguem-se dois 
exemplos, entre outros. 
 Pondé tem razão. Uma possibilidade é explorar a ideia de que o aluno não é autônomo, 
como o próprio filósofo sugere, mas não explora. Considerar o aluno como quem deve 
determinar o ritmo da aula significa infantilizar o processo de aprendizado. Todo processo de 
aprendizado parte do pressuposto do encontro desigual de alguém experiente com alguém que 
precisa conhecer o mundo. É dessa diferença e das exigências dessa relação que o duro processo 
de amadurecimento ocorre. 
 Pondé não tem razão. Uma das possibilidades para afirmar isso é destacar o erro que ele 
comete ao vincular esse pressuposto pedagógico ao marketing. Não é porque o mercado de 
educação use de forma conveniente, mas não verdadeira, essa ideia, que ela seja falsa. O que se 
propõe é não deixar que o aluno estabeleça o ritmo de aprendizado, mas que o professor pense 
em como estimular o aluno, ajudando-o a conseguir as respostas. 
Emprego de recursos discursivos 
 Esse tópico é um velho conhecido. Trata-se de se valer de uma linguagem formal, 
buscando objetividade. 
 
 
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Professor Fernando Andrade 
7. Considerações finais 
 Chegamos ao final desse pdf. 
 Estou à disposição no Fórum e você tem correções ilimitadas. Aproveite todo esse apoio que 
oferecemos a você. 
 Conte conosco. 
 Boas redações, qualquer coisa conte comigo. Estou no fórum de dúvidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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