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Aula_03_-_FILOSOFIA_CLÁSSICA_E_MEDIEVAL__Ética_e_Política

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Prévia do material em texto

UNESP 
Exasiu 
Profª. Gabi Garcia 
Aula 03 - Política e Ética - Dos Sofistas ao Cristianismo 
Sofistas; Clássicos; Helenismo; Patrística; Escolástica. Exasiu 
estretegiavestibulares.com.br 
EXTENSIVO 
 
Sumário 
APRESENTAÇÃO 4 
CRONOGRAMA 5 
METODOLOGIA 8 
TEORIA: ÉTICA E POLÍTICA 9 
ÉTICA e POLÍTICA 9 
Os Sofistas 9 
A democracia ateniense 10 
O Relativismo 10 
Principais Sofistas 11 
Protágoras de Abdera (492-422 a.C.) 11 
Górgias de Leontinos (485-380 a.C.) 11 
Sócrates (469- 399 a.C.) 13 
A ironia e a maiêutica 14 
A busca pelo conceito 15 
PLATÃO (427 - 347 a. C.) 17 
Tripartição da alma 17 
A Política de Platão (A República) 19 
Aristóteles (384 - 322 a. C.) 21 
A ética de Aristóteles 21 
O animal político 22 
Helenismo 26 
O Cinismo 26 
O Ceticismo 27 
O Epicurismo 28 
O Estoicismo 31 
Patrística 33 
Agostinho de Hipona (354 -430) 34 
Escolástica 37 
Tomás de Aquino (1225 - 1274) 37 
QUESTÕES 40 
Questões da aula teórica 40 
SOFISTAS 43 
CLÁSSICOS 44 
HELENISMO 51 
01 DE JANEIRO DE 2020 
Medieval 52 
QUESTÕES ENEM 2021 56 
GABARITO 58 
QUESTÕES COMENTADAS 59 
Sofistas 59 
CLÁSSICOS 61 
HELENISMO 80 
MEDIEVAL 82 
QUESTÕES ENEM 2021 - COMENTADAS 91 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 93 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 108 
 
 
Apresentação 
 
Olá, Aluno/Aluna do Estratégia Vestibulares! 
 
É com grande entusiasmo que apresento a vocês o curso Extensivo para o ENEM. 
 
Meu nome é Gabriela Cassiano Garcia conhecida carinhosamente como Professora Gabi. Com 
sua licença farei uma breve apresentação da minha trajetória. Sou formada em Filosofia pela Universidade 
Estadual de Londrina (UEL), licenciada em História pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) 
e pós-graduada em História Contemporânea pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Desde 2008, 
leciono em colégio públicos e particulares bem como em cursinhos pré-vestibulares nas matérias de 
Filosofia e Sociologia. Nesse sentido, posso lhe garantir que você está em boas mãos na sua caminhada 
para aprovação no Vestibular. Afirmo, que durante a minha trajetória já ajudei muitos alunos a serem 
aprovados nos seus vestibulares de interesses. Inclusive muitos alunos meus foram aprovados em 
vestibulares de grande desempenho, como é o caso da prova de acesso para o curso de medicina. 
Importante conferir que a vida é um processo em construção, assim não se assuste ou desanime 
caso não passe de primeira. Ainda que hoje eu seja uma professora experiente, também passei por esse 
processo. Não foi no meu primeiro ano que passei no vestibular. Eu fiz cursinho por um ano para alcançar 
a tão sonhada vaga. Após a minha aprovação, os professores da UEL deflagaram greve na Universidade e 
eu só entrei no curso mesmo seis meses depois. Contudo, esse tempo foi importante para reflexão e para 
a o processo de pintura do meu quarto. rsrsrsrs 
 Portanto, entraremos no mundo filosófico guiados pelos grandes autores no intuito de 
descobrimos o mundo por meio do conhecimento. No final, pode ter certeza de que se depender de 
filosofia e do meu empenho a sua aprovação estará nas suas mãos. 
 
 
 
 
 
Aqui estão as minhas redes socais: 
@filosofando.com.gabi 
Filosofando com Gabi 
 
https://linktr.ee/filosofando.com.gabi
https://linktr.ee/filosofando.com.gabi
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
Cronograma 
 
AULAS TEMAS DATAS 1ª LEITURA REVISÃO 
AULA 00 NASCIMENTO DA 
FILOSOFIA 
FILOSOFIA CLÁSSICA E 
MEDIEVAL: 
Epistemologia 
Disponível Planejamento 
 
Execução 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
AULA 01 FILOSOFIA MODERNA: 
Epistemologia 
Disponível 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
AULA 02 FILOSOFIA 
CONTEMPORÂNEA: 
Epistemologia 
 
Disponível Planejamento 
 
Execução 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
AULA 03 FILOSOFIA CLÁSSICA E 
MEDIEVAL: Ética e 
Política 
Disponível Planejamento 
 
Execução 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
AULA 04 FILOSOFIA MODERNA: 
Ética e Política 
 
15/03/2022 Planejamento 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
Execução 
 
AULA 05 FILOSOFIA 
CONTEMNPORÂNEA: 
Ética e Política 
PARTE 1 
 
21/03/2022 Planejamento 
 
Execução 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
AULA 06 FILOSOFIA 
CONTEMPORÂNEA: 
Ética e Política 
PARTE 2 
 
11/04/2022 Planejamento 
 
Execução 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
AULA 07 DOS CLÁSSICOS AOS 
MODERNOS: Estética 
25/04/2022 Planejamento 
 
Execução 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
AULA 08 Estética 
CONTEMPORÂNEA: 
Estética 
 
09/05/2022 Planejamento 
 
Execução 
 
Planejamento 
 
Execução 
 
 
 
Para planejar o seu estudo colocamos dois itens nas linhas “primeira leitura” e “revisão”. No item 
“Planejamento” você inclui a data que pretende estudar a matéria. Lembre-se que na coluna datas 
estarão os dias de liberação das aulas no site. No item “Execução” você inclui a data que realmente 
realizou a tarefa e em tópicos rápidos quais foram suas principais dúvidas para incluí-las no fórum. 
 
 
Metodologia 
 
A nossa metodologia é Estratégica. Primeiro olhamos todas as provas do ENEM para avaliar 
quais foram os assuntos mais cobrados. Sabemos que os alunos, para obterem aprovação, precisam 
estudar muitas matérias. Portanto, o foco é extremamente necessário para se obter sucesso na prova. 
Assim, essa professora que vos fala percorreu todas as provas do Exame Nacional do Ensino Médio para 
lhe entregar tudo aquilo que já caiu na prova. Nesse sentido, o nosso curso trará a teoria de todos os 
assuntos já cobrados em filosofia no ENEM. Contudo, caro vestibulando(a) usarei toda a minha 
experiência para complementar este material e montá-lo de maneira completa. Nesse contexto, todo o 
conteúdo do edital do ENEM estará de alguma forma presente em nosso curso. Só que com a nossa 
metodologia você estará preparado para o que já caiu na prova e para aquilo que tem grande possibilidade 
de cair. Você terá acesso a esse material em .pdf, o qual trará a teoria e muitas questões para treino. Isso 
mesmo, muitas, mas muitas questões para você ficar craque em resolver questões. Além disso, todas as 
nossas questões serão comentadas item a item. Neste material você saberá se acertou, o porquê acertou 
e quais são os erros das demais alternativas. Para complementar os seus estudos, teremos videoaulas 
com os conteúdos apresentados de forma objetiva e com a didática da Prof. Gabi para compreendermos 
todos os tópicos abordados. Por fim, teremos o fórum de dúvidas, no qual você não só pode, como deve, 
sanar todas as suas dificuldades. Pode ter certeza de que responderei o mais rápido possível. 
O meu foco é a sua aprovação!!!!!!! 
 
 
 
Teoria: Ética e Política 
 
 
ÉTICA e POLÍTICA 
 
 
 O questionamento e a reflexão filosófica acerca da ética e da política sempre estiveram 
presente nas sociedades e perduram até os dias de hoje. A ética é objeto de estudo para muitas áreas, 
não se restringe à filosofia mais. Porém, falar da ética como uma parte da filosofia, significa dizer que ela 
é um “apanhado” de princípios e valores os quais conduzem nossas ações. É a ética que avalia nossas 
ações, ela está atenta em como estamos conduzindo nossas vontades, as relações de poder e a moral. Ela 
observa se há prejuízos, a fim de impedi-los ou minimizá-los. 
Pensar a ética é pensar sobre si, sobre suas próprias ações e notar como ela infere na vida dos 
outros. Por isso falar de ética é muitas vezes falar de política e vice-versa. A política tem caráter moral e 
a moral é a prática da ética. Enquanto a ética tende a ser universal, a moral varia de acordo com cada 
sociedade, estabelecendo seus costumes próprios, regras e normas. 
Agora, que dei a você uma breve introdução à ética e sua relação com a política, podemos passar 
para o conteúdo que fará você gabaritar noEnem. 
 
Os Sofistas 
 
 
Os Sofistas surgem no período em que o desenvolvimento das cidades, do comércio e das 
artes militares estão cada vez mais acentuados na Grécia Antiga. A palavra Sofista deriva de sophos, que 
significa saber. 
Contemporâneos a Sócrates, eles também são destaque no desenvolvimento da política 
democrática da Grécia. O período socrático e dos sofistas se passaram em um contexto histórico que 
favoreceu o surgimento destas filosofias. 
Após a vitória na guerra contra os Persas, Atenas torna-se muito importante, centro da vida 
social, política e cultural da Grécia. Com o crescente comércio, a expansão marítima e consequentemente 
um enriquecimento progressivo, a pólis desenvolveu uma classe de comerciantes muito influente, que 
exigia uma participação mais consistente na tomada de decisões da cidade, trazendo assim a necessidade 
cada vez maior do cidadão saber falar bem para persuadir os demais. 
 
A democracia ateniense 
 
As pólis surgirão por volta do século VIII a.C. Nesse momento, a Aristocracia era a forma de 
governo usual, ou seja, o poder estava concentrado nas mãos de poucos que passavam de geração em 
geração. Mas com o nascimento das Cidades-Estado (pólis) o cenário de poder da aristocracia sofreu 
algumas transformações. Assim, em 594 a.C., Sólon funda em Atenas a democracia e as leis, as quais todos 
deveriam se submeter sem apelar às tradições patriarcais. Em 510 a. C., Clístenes organizou a política e 
as instituições que representavam o lugar de manifestação dos cidadãos no governo e na tomada de 
decisões na cidade. A partir daí, o poder de fazer leis, resolver conflitos, declarar fim ou início das guerras, 
enfim, de administrar a cidade estava nas mãos do povo, consolidando assim a democracia ateniense 
(demos: povo; krátos: poder). Importante lembrar que para ser cidadão em Atenas era preciso ser 
homem, maior de 21 anos, nascido em Atenas e ter posses, que poderia ser uma casa ou alguns escravos. 
Havia dois princípios que regiam a democracia ateniense, a isonomia e a isegoria. A isonomia 
é a igualdade de todos os homens perante a lei e a isegoria era o direito de todo cidadão expor em público 
suas opiniões e essas serem levadas em consideração nas tomadas de decisão. Para isso uma nova 
educação foi introduzida e para dar aos jovens essa educação surgiram os Sofistas, primeiros filósofos do 
período socrático. Nesse novo momento, a preocupação estava na formação do cidadão para o governo, 
que visava a excelência moral e política, com virtudes cívicas a fim de gerir bem a pólis. Portanto, o ideal 
nessa perspectiva era o cidadão ser um bom orador, para que na Ágora se pronunciasse fazendo a política 
democrática com eficiência. 
Nesse contexto surgem os sofistas, os mestres na arte de ensinar, conhecidos pela habilidade 
da retórica, a arte de falar bem em público. Eles vinham de todas as partes do mundo grego e ocupavam-
se do ensino itinerante, sem o compromisso de se fixar. Assim eles cobravam por seus ensinamentos, o 
que fez com que recebessem fortes críticas de Sócrates, que acreditava em uma educação pública e 
gratuita. Além disso, Sócrates buscava a verdade, a essência das coisas, o que para os sofistas não existia. 
Vale ressaltar que esses mestres pertenciam à classe média e, pelo fato de não serem suficientemente 
ricos, não podiam viver o “ócio criativo”, que seria o tempo dedicado à atividade intelectual. 
 
O Relativismo 
 
Os mestres da retórica negavam a possibilidade de um conhecimento verdadeiro e 
acreditavam que a verdade de um discurso estaria na adequação para um fim desejado. Portanto, a 
capacidade que um cidadão tem de persuadir os demais é mais importante do que falar a verdade. 
Conhecer é convencer. 
Os sofistas não acreditavam que existiam verdades únicas e absolutas sobre nada, para eles a 
oratória valia muito mais. Como já dito, cobravam por seus ensinamentos e ensinavam tanto grupos de 
adultos quanto jovens, principalmente de famílias abastadas, que viam nos ensinamentos uma ascensão 
na vida política. Considerando a importância da democracia na sociedade grega, saber falar bem 
significava ser ouvido e quem desejava poder na vida política tinha muito apreço pelos sofistas, já que 
eles despertaram o interesse pela dialética. 
Com a perspectiva de que as leis, costumes, normas e valores eram frutos de convenções, eles 
acreditavam que estas atividades e características eram relativas a cada sociedade. Saber argumentar, 
apresentar razões na defesa das ideias seria fundamental. Os sofistas ensinavam a atacar e a defender, 
uma coisa ou outra, quando conveniente. Portanto, conhecer argumentos contrários e favoráveis ao 
mesmo assunto era fundamental. 
 
Principais Sofistas 
 
Protágoras de Abdera (492-422 a.C.) 
 
Foi um dos principais mestres dos sofistas. Ele declarava que “o homem é a medida de todas 
as coisas, das que são pelo que são e das que não são pelo que não são”. 
Nesse contexto, vale ressaltar que a referência que Protágoras faz quanto ao ser humano, não 
é a de um ser humano como sujeito universal do conhecimento, que encontra em si conhecimentos 
acessíveis a todos os indivíduos. Mas ele faz referência a um ser singular, individual, ou seja, o que significa 
falso para um indivíduo pode ser a verdade para outro. Portanto, a verdade de uma teoria sobre o 
conhecimento humano, deve ser vista a partir de um olhar relativista. 
 
Górgias de Leontinos (485-380 a.C.) 
 
 
Ele é o autor do Tratado Sobre a Natureza e Sobre o Não Ser. Suas teorias concluíram que: o 
ser não existe; caso o ser existisse, não seria cognoscível; e caso o ser fosse objeto de conhecimento, não 
seria possível comunicá-lo pela linguagem. 
Esses pensadores contribuíram muito para o desenvolvimento da democracia, já que os 
cidadãos passaram a participar cada vez mais das assembleias na Ágora, a partir dos ensinamentos da 
retórica, da oratória e da persuasão. O que fez com que o desenvolvimento da pólis fosse mais eficiente 
na busca pelo ideal da isonomia e a isegoria, já que quanto maior fosse participação, mais gente teria nas 
tomadas de decisões políticas da pólis. Assim, maior era o exercício da democracia. 
 
 
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova 
1. (Enem Libras 2017) 
Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles que aboliram o critério, 
uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que 
a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a alguém ou opinado por alguém é 
imediatamente real para essa pessoa. 
KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 - adaptado. 
O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de: 
A. alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência. 
B. justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais. 
C. priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas. 
D. preservar as regras de convivência entre os cidadãos. 
E. analisar o princípio do mundo conforme a teogonia. 
 
Comentários: 
O comando da questão pede que identifique a assertiva que explicita qual é o objetivo do 
relativismo que acompanha os sofistas. Esses pensadores acreditavam que não há verdades universais, 
por isso priorizar a diversidade de entendimento acerca das coisas é fundamental. 
a) A alternativa A está incorreta. A experiência era valorizada pelos empiristas. 
b) A alternativa B está incorreta. Essa afirmativa caracteriza os pré-socráticos. 
c) A alternativa C está correta. O conhecimento é relativo para os sofistas, portanto compreender 
a diversidade é importante. 
d) A alternativa D está incorreta. As regras não eram as mesmas nas pólis, não havendo, portanto, 
uma que fosse verdade absoluta e irrefutável para ser preservada. 
e) A alternativa E está incorreta. Por não acreditar em verdades absolutas, acreditar nos deusescomo 
princípio não era uma postura sofista. Segundo o dicionário: teogonia (substantivo feminino) 1. 
nas religiões politeístas, narração do nascimento dos deuses e apresentação da sua genealogia. 2. 
conjunto de divindades cujo culto fundamenta a organização religiosa de um povo politeísta. 
 
Gabarito “c” 
 
 
Sócrates (469- 399 a.C.) 
 
Sócrates nasceu em Atenas, no final do século V a.C., e é um dos principais filósofos do período 
clássico. Filho de um escultor, Sofronisco, e uma parteira, Fenarete, tinha uma vida simples, não era 
escravo, mas também não tinha escravos. Diz que o fato de sua mãe ter sido uma parteira o inspirou na 
criação do método investigativo, a Maiêutica. 
O filósofo grego propunha que, antes de 
querer conhecer a natureza ou antes de querer convencer 
os outros, é preciso conhecer a si e esse é o ponto de 
partida de sua filosofia. Dedicava-se ao conhecimento de 
si e todos que estavam ao seu redor também eram 
incentivados a fazer o mesmo, com seus diálogos em 
praças públicas. 
Ao contrário de seus contemporâneos, os 
sofistas, Sócrates acreditava na possibilidade de se chegar 
à essência das coisas. Assim, ele buscava definições claras e únicas sobre o que determina a moral humana 
em busca de uma verdade que servisse como critério para as ações dos indivíduos em sociedade. É 
importante ter em mente que a filosofia de Sócrates buscava sempre a melhor forma de se agir em 
sociedade, a fim de melhorar a vida na pólis. 
 
A ironia e a maiêutica 
 
Começaremos pela maiêutica socrática. Este método foi por ele desenvolvido para trazer aos 
homens a luz do conhecimento, ou seja, uma ferramenta para chegar à essência das coisas. Na prática 
consiste primeiro em duvidar de seu próprio conhecimento a respeito de um determinado assunto; 
posteriormente, em levar a conceber, de si mesmo, uma nova ideia, uma nova opinião sobre o assunto 
em questão. Por meio de questões simples, inseridas dentro de um contexto determinado, a maiêutica 
dá à luz ideias complexas. Vejamos: 
 
“Fui ter com um dos que passam por sábios, porquanto, se havia lugar, era ali que, para 
rebater o oráculo, mostraria ao deus: "Eis aqui um mais sábio que eu, quando tu disseste que 
eu o era!" Submeti a exame essa pessoa — é escusado dizer o seu nome; era um dos políticos. 
Eis, Atenienses, a impressão que me ficou do exame e da conversa que tive com ele; achei que 
ele passava por sábio aos olhos de muita gente, principalmente aos seus próprios, mas não o 
era. Meti-me, então, a explicar-lhe que supunha ser sábio, mas não o era. A consequência foi 
tornar-me odiado dele e de muitos dos circunstantes. 
Ao retirar-me, ia concluindo de mim para comigo: "Mais sábio do que esse homem eu sou; é 
bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e 
não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um nadinha mais 
sábio que ele exatamente em não supor que saiba o que não sei." Daí fui ter com outro, um 
dos que passam por ainda mais sábios e tive a mesmíssima impressão; também ali me tornei 
odiado dele e de muitos outros”. 
(PLATÃO. Defesa de Sócrates. São Paulo: Abril Cultural, 1972. p 15v. 2.) 
 
Percebe-se nos diálogos que Sócrates travou com homens, que considerava mais sábios, uma 
discussão, um debate, a maiêutica, que permite que reconheçam sua própria ignorância, o que contribui 
para o surgimento de um novo conhecimento. Por isso, sua filosofia constitui-se na busca pela verdade 
por meio da investigação, da crítica e do questionamento, tornando a filosofia uma atividade investigativa 
diante do mundo, e não um conjunto de saberes prontos e acabados. 
A dialética socrática tinha como objetivo questionar as crenças habituais de seu interlocutor, 
para posteriormente assumir sua ignorância e buscar um conhecimento verdadeiro. O método socrático 
busca afastar a doxa (opinião) e alcançar a episteme (conhecimento). Por isso, a ideia de reconhecer que 
nada sabe, é o princípio de sua filosofia, posto que o conhecimento parte do reconhecimento da própria 
ignorância. 
Seu método possui duas etapas, a ironia e a maiêutica. 
● Ironia: diante de seu interlocutor, que diz ser conhecedor de algum assunto, Sócrates dizia 
nada saber. Por meio de perguntas hábeis ele desconstrói as certezas de seu oponente até 
que esse se veja obrigado a reconhecer a própria ignorância. 
● Maiêutica: após destruir o saber de superficial de seu interlocutor, dava-se início à procura 
da definição do conceito, de forma que cada um encontra-se dentro de si a verdade, a luz. 
Caso a verdade não fosse encontrada, caso houvesse um impasse, dava-se o nome de 
aporético (“incerteza”). 
 
 
A busca pelo conceito 
 
As questões que mais preocuparam Sócrates foram as que dizem respeito à vida em 
sociedade, como o que é a coragem, o belo, a justiça, a amizade, a virtude e assim por diante. Ele buscava 
chegar em definições que pudessem ser universais, que pudessem conduzir as ações dos indivíduos. 
Portanto, o filosofar consiste exatamente na busca pela definição dos conceitos em busca das 
verdades que sejam universais para contribuir com melhores e mais justas relações de vida na pólis. 
Foi esse desejo de despertar o filosofar nos jovens que fez com que Sócrates fosse condenado 
à morte, já que ele os levou a duvidar dos valores tradicionais atenienses. Para sair do preconceito (doxa) 
é preciso não aceitar passivamente o que era posto como verdade incontestável. Essa atitude, os 
questionamentos de Sócrates, ameaçava os mais poderosos, que o julgaram e o condenaram à morte, 
sob a acusação de corromper a juventude. 
 
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova: 
 
2. (ENEM 2017) 
Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte: o contato de Sócrates paralisa embaraça, leva a 
refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades 
sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa 
influência poderosa, que os leva a se censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que 
ele tenta imprimir sua orientação. 
BRÉHER, E. História da filosofia São Paulo. Mestre JOL. 1977 
O texto evidencia características do modo de Vida socrático, que se baseava na 
A. Contemplação da tradição mítica 
B. sustentação do método dialético. 
C. relativização do saber verdadeiro. 
D. valorização da argumentação retórica. 
E. investigação dos fundamentos da natureza. 
 
Comentários: 
 
A questão aborda o método dialético que Sócrates denomina: Maiêutica. Para o filósofo, 
ninguém é capaz de ensinar alguma coisa à outra pessoa. Somente ela mesma pode tomar consciência, 
dar à luz a ideias. O diálogo é a forma de atingir o conhecimento. Por isso, é importante concluir a 
maiêutica. Nela, a partir da reflexão, o sujeito parte do conhecimento mais simples que já possui e segue 
em direção a um conhecimento mais complexo e mais perfeito. 
a) A alternativa A está incorreta. Sócrates posiciona o olhar filosófico para o ser humano e não mais 
para as tradições míticas. 
b) A alternativa B está correta. Conforme o comentário acima. 
c) A alternativa C está incorreta. Essa aqui refere-se aos Sofistas. Sócrates defende a verdade e não 
a sua relativização. 
d) A alternativa D está incorreta. Sofistas novamente. Por isso, é importante ter uma aula de filosofia 
cronológica. Com esse método, já eliminamos duas alternativas. 
e) A alternativa E está incorreta. Os fundamentos da Natureza são estudados, nesse período, por 
aqueles que vulgarmente chamamos de Pré-Socráticos. Esses filósofos tinham a natureza como 
seu objeto de estudo. 
 
Gabarito “b” 
 
 
 
 
 
 
 
 
PLATÃO (427 - 347 a. C.) 
 
Platão é um dos filósofos mais importantes na História da 
Filosofia. Nascido de uma família aristocrática, conheceu 
as maravilhas da democracia ateniense e tornou-se 
discípulode Sócrates aos vinte anos, por isso muito de 
sua filosofia apresenta a influência de seu mestre, nos 
primeiros diálogos. Posteriormente ele cria uma filosofia 
própria. Porém, logo após a condenação de Sócrates e a 
derrota de Atenas na guerra contra Esparta, convulsões 
sociais passaram a agitar a cidade e a Atenas que Platão conheceu foi se transformando, quando em 404 
a.C., a aristocracia assumiu o poder. Diante de tais fatos, o filósofo passou a duvidar da eficiência do 
sistema democrático. A pólis grega tinha então perdido sua democracia e seu povo encontrava-se 
desorientado. 
 
 
Tripartição da alma 
 
No diálogo platônico Fedro, Sócrates, que é o personagem principal, quer entender acerca da 
natureza da alma. Ele parte da ideia de que a alma seria uma natureza presente entre o divino e o mundo, 
com a função de buscar o conhecimento. Porém essa busca depende de qual alma está no “comando”. 
A partir da teoria dos dois mundos de Platão e do fato do ser humano ser constituído por 
corpo e alma e levando em consideração que somente a alma pode alcançar o mundo inteligível, ou seja, 
os conhecimentos verdadeiros, o filósofo utiliza-se de mais um mito para explicar a divisão dessa alma em 
três partes. 
O “Mito do cocheiro”, nesse mito temos a imagem de uma carruagem, que é guiada por um 
cocheiro. Tal carruagem é puxada por dois cavalos, um cavalo bom e obediente e outro mau e 
desobediente. Veja: 
 
A alma pode ser comparada com uma força natural ativa que unisse um carro puxado por uma 
parelha alada e conduzido por um cocheiro [...]. O cocheiro que nos governa, rege uma 
parelha, na qual um dos cavalos é belo e bom, de boa raça, enquanto o outro é de má raça e 
de natureza contrária. Assim, conduzir nosso carro é ofício difícil e penoso. 
(PLATÃO, s/d, p. 151-152). 
 
A carruagem seria o próprio homem, onde o condutor da carruagem, o cocheiro, seria a alma 
racional. A parte racional deve comandar os cavalos, conduzir a carruagem. O cavalo bom e obediente, 
portanto, fiel ao cocheiro, seria a alma irascível ou colérica e se refere a manutenção da segurança do 
corpo e da vida. Já o cavalo mau e desobediente seria a alma apetitiva ou concupiscente, a alma que busca 
as coisas materiais e a satisfação dos desejos e prazeres corporais. 
 
Portanto: 
 
1- Alma Racional ou Intelectual: 
● busca conhecimento sob a forma de percepções e opiniões empíricas e sob forma de ideias 
verdadeiras do puro pensamento; 
● deve reger a vida humana; 
● Situada na cabeça. 
 
2- Alma Colérica ou Irascível: 
● se ocupa da defesa e guerra, reage a dor na defesa da vida; 
● defende o corpo de agressões do meio ambiente e dos humanos; 
● situada no peito. 
 
3- Alma Apetitiva ou Concupiscente: 
● busca a satisfação dos apetites do corpo; 
● tanto os necessários à sobrevivência quanto os de simples prazer; 
● situada no ventre. 
 
Com essas definições Platão deixa claro que é necessário que a alma racional, com a ajuda da 
alma irascível, deve dominar a alma apetitiva. É tarefa moral da alma racional se sobrepor e dominar as 
outras duas, harmonizando-as. A coragem e força são virtudes da alma racional, ela que preserva a 
integridade do ser humano e discerne sobre o que é bom ou mau para a vida do corpo. 
 
A Política de Platão (A República) 
 
Platão muito se importou com a vida na cidade, e como dito no início dessa aula sobre esse 
pensador, ele que se viu decepcionado com a democracia, escreve em sua obra A República, os caminhos 
que a política deveria seguir para governar a pólis. 
A felicidade dos cidadãos e o cumprimento da justiça deveria ser o bem maior alcançado pelo 
governante. 
O mais apto a governar, portanto, seria o mais sábio, aquele que tem sua alma racional no 
comando das decisões. Esse sistema político era denominado de sofocracia (Sophos: sábios; Kratia: 
poder). Assim como a alma possuía três partes, a polis também teria que ter três classes sociais 
distribuídas de acordo com as aptidões de cada cidadão. 
Platão dividiu a cidade em três classes sociais: 
 
1- Produtores: 
● responsáveis pela sobrevivência da cidade; 
● artesãos, agricultores e comerciantes; 
● Alma apetitiva. 
 
2- Guardiões: 
● classe militar dos guerreiros; 
● responsáveis pela defesa da cidade; 
● os soldados; 
● Alma irascível. 
 
3- Governantes: 
● classe dos magistrados; 
● garantem o governo da cidade sob as leis; 
● Alma racional. 
 
Na cidade ideal, Platão propõe que o Estado assuma a educação das crianças a partir dos 7 
anos de idade, para que laços afetivos não desvirtue suas aptidões. Essa educação teria em vista preparar 
e encaminhar os indivíduos para exercerem suas funções fundamentais na vida coletiva. Todos seriam 
educados da mesma forma até os 20 anos, após esse tempo ocorreria a identificação da alma que 
comandaria esses indivíduos, os que possuem “alma de bronze” dedicam-se à agricultura, comércio e 
artesanato. 
Os outros continuariam seus estudos por mais 10 anos, onde seriam selecionadas as “almas 
de prata”, que seriam destinadas à guarda do Estado, à defesa da cidade. 
Por último, os mais notáveis, que seriam as “almas de ouro”, são instruídos na arte de pensar 
a dois, ou seja, dialogar, por isso estudam a filosofia a fim de buscar o conhecimento verdadeiro. Somente 
com 50 anos, aqueles mais aptos, que passaram por toda essa seleção descrita, tornam-se magistrados e 
cabe a eles governar a cidade, já que seriam os únicos a conhecer a ciência política e os mais justos. 
 
Veja como esse assunto é cobrado na Prova 
3. (Enem PPL 2012) 
 Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se 
desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto 
pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em 
razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último. 
 ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002. 
 
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é 
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à Escolha 
uma: 
a) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade. 
b) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade. 
c) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade. 
d) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente. 
e) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas. 
 
Comentários: 
Essa questão aborda dois filósofos clássicos, Platão e Aristóteles. A questão pede para 
assinalar a alternativa que mostra a base do pensamento desses clássicos. Para tanto, é preciso saber que 
a busca pela verdade é racional para os dois. Platão buscava a verdade no mundo inteligível e Aristóteles 
no mundo material, porém ambos se pautam na racionalidade na busca pela verdade, sabendo disso a 
alternativa D contempla tal questão. 
 
a) A alternativa A está incorreta. Mais pra frente você verá a respeito do Empirismo, o qual trabalha 
a ideia do conhecimento pela experiência. Trataremos com mais profundidade na aula de 
epistemologia. 
b) A alternativa B está incorreta. O senso comum não é critério de verdade para esses Filósofos. 
c) A alternativa C está incorreta. Essa alternativa está com a cara do Sócrates, não é mesmo? Por 
isso, a D se adequa muito mais ao dispositivo da questão. 
d) A alternativa D está correta. Conforme descrito no comentário acima. 
e) A alternativa E está incorreta. Ambos se pautavam na racionalidade. Contudo, Platão preconizava 
a busca da verdade por meio do mundo inteligível, do mundo das ideias. O conceito de evidências 
empíricas ficará mais claro para você, querido aluno(a), quando estudarmos a ciência, dentro do 
campo daepistemologia. 
Gabarito “d” 
Aristóteles (384 - 322 a. C.) 
 
 
Aristóteles nasceu em Estagira, na Macedônia, por isso é 
comumente chamado de estagirita. Foi discípulo de Platão, 
frequentou a Academia de seu mestre desde os 17 anos em 
Atenas e lá permaneceu até os 39 anos, quando morreu Platão. 
Esse episódio levou o filósofo de volta à Macedônia, lugar em 
que se tornou professor de Alexandre. Convidado pelo 
imperador Filipe da Macedônia, pai de Alexandre, o futuro 
imperador conhecido como Alexandre, O Grande, foi discípulo 
de Aristóteles. Em 335 a.C, Alexandre assume o trono e 
Aristóteles volta para Grécia, local em que constrói sua própria 
escola, o Liceu. 
 
A ética de Aristóteles 
 
Aristóteles foi fundamental no campo da ética e da política, afinal, a vida humana não se 
resume ao intelecto, mas também encontra sua expressão na ação, e as ações todas tendem a um fim, a 
uma bem maior, um bem supremo, a felicidade. 
Em sua obra Ética a Nicômaco, o filósofo examina os bens desejáveis como prazeres e a 
riqueza, honra, fama e chega à conclusão que todos eles visam sempre à outra coisa, eles são meios para 
alcançar um fim, o sumo bem, aquele que é o fim em si mesmo, ou seja, a felicidade. 
Felicidade para esse pensador é mais do que bens materiais ou satisfação dos prazeres, ele 
acreditava que o aperfeiçoamento da capacidade intelectual é a forma de encontrar o bem supremo. A 
atividade mais excelente da alma está na capacidade de agir em conformidade com a racionalidade. 
Aristóteles diz que o ser humano possui três almas e cada uma tem sua função (pensar, sentir e produzir), 
para que o homem tenha um agir moral, ou um agir virtuoso, é preciso que a alma racional esteja no 
comando. Apetites e instintos opõem-se à razão, mas se submetidos a ela, as ações humanas passam a 
ser virtuosas, passam a ser atos morais. 
A vida moral não se resume a um ato moral, mas à repetição desses atos, ou seja, o agir 
virtuoso não é um acaso, não nascemos virtuosos, mas por meio do hábito, que nasce do desejo de 
preservar o bem, nos tornamos virtuosos. Por isso pensar a felicidade significa pensar em uma vida inteira 
e não em um momento feliz, visto que a felicidade é a virtude e a virtude se encontra na justa medida, no 
justo meio, como afirma: 
 
“A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa 
mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional 
próprio do homem dotado de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por 
excesso e outro por falta; pois que, enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do 
que é conveniente no tocante às ações e paixões, a virtude encontra e escolhe o meio-termo.” 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p 273. (Coleção Os 
Pensadores) 
 
Portanto, a teoria da mediania de Aristóteles consiste em agir virtuosamente, encontrar o 
equilíbrio entre dois extremos, os quais ele chama de “vícios”. Os vícios estão nos excessos ou na escassez, 
portanto, a virtude está no meio-termo. A ética para Aristóteles está na subordinação de seus apetites e 
instintos à razão, e com isso a busca pelo bem maior, pela felicidade, depende das ações virtuosas que 
aprendemos a partir do hábito. 
 
O animal político 
 
Já no campo da política propriamente dita, o filósofo diz muito sobre a justiça. Nesse campo 
ele parte do princípio de que o indivíduo bom é generoso, porque não pensa apenas em si, mas orienta-
se para atender as necessidades dos outros. Assim a justiça pode ser individual, quando se refere às 
relações entre as pessoas, aplicada à própria pessoa e aos outros, ou social, quando se refere às relações 
entre os indivíduos e o governo, estabelecidas em lei. Por isso, dependendo do caso, a justiça pode ser 
uma virtude moral ou uma virtude política. 
Vale lembrar que o filósofo via a justiça em dois termos, o da proporção e o da igualdade. Para 
fazer justiça é preciso distribuir bens em sua devida proporção, analisar o mérito de cada um e a 
necessidade, ou seja, tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais na medida de sua 
desigualdade. Portanto, a justiça deve ser distributiva e levar em consideração as diferenças entre as 
pessoas, assim como uma mãe o faz ao servir uma refeição aos seus filhos, as quantidades são oferecidas 
de acordo com a idade, com as condições de saúde e apetite de cada criança. 
A amizade para o filósofo é fundamental no que tange a justiça. É na amizade que existe o 
coroamento da vida virtuosa, visto que nela a generosidade, a benevolência e a reciprocidade de 
sentimentos existem e com isso a justiça é praticada. Na vida em sociedade essa relação estaria na 
concordância entre as pessoas com ideias semelhantes e de interesses comuns, o que resultaria em um 
companheirismo. Por isso o filósofo ressalta a importância da educação na formação ética dos indivíduos 
para prepará-los para a vida em sociedade. 
Segundo Aristóteles, o ser humano é um “animal político”, as pessoas são seres sociais, 
nasceram para viver em comunidade, não sendo possível a realização e a felicidade sem o convívio com 
outras pessoas. A política, para o pensador, é superior à ética, pois a verdadeira liberdade, sem a qual não 
pode haver vida virtuosa ou ética, só é conseguida na pólis. Por isso, a finalidade da política é a vida justa, 
a vida bela, a vida livre, da qual depende a atividade ética ou moral dos indivíduos. A política é a ética 
aplicada à vida pública. A ética se dirige a um bem individual enquanto a política a um bem comum e o 
bem comum deve vir antes do bem individual. 
 
 “O Estado, ou sociedade política, é até mesmo o primeiro objeto a que se propôs a natureza. 
O todo existe necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos, não 
são senão as partes integrantes da cidade, sendo todas subordinadas ao corpo inteiro, todas 
distintas por seus poderes e suas funções, e todas inúteis quando desarticuladas, semelhantes 
às mãos e aos pés que, uma vez separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem 
servir a nada na realidade, como a mão de pedra. O mesmo ocorre com os membros da cidade: 
nenhum deles pode bastar-se a si mesmo. Assim, a inclinação natural leva os homens a este 
gênero de sociedade.” 
(ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991. P. 3-5) 
 
Sua obra intitulada “Política” é considerada um dos primeiros tratados sobre a arte de 
governar a polis. Foi devido, em grande medida, a essa obra clássica que o termo Política se firmou nas 
línguas ocidentais. 
A natureza do ser humano não conduz apenas ao surgimento do Estado, mas afeta todas as 
relações humanas. Porém, para Aristóteles, nem todos têm o direito de participar da vida política: o 
direito de exercer a cidadania era reservado ao homem (e não à mulher) e ao ser livre (e não ao escravo). 
O cidadão da pólis é aquele que participa da vida política da cidade, que ocupa cargos na administração 
pública. Escravos, estrangeiros, homens livres, artesãos, comerciantes e trabalhadores braçais, ou seja, 
os trabalhadores em geral, não eram cidadãos, já que esse exercício exigia dedicação integral, quem 
trabalha não tem tempo para outra atividade, não tinha tempo para se dedicar à política. Eram excluídos 
do papel de cidadão e tornavam-se meios para atingir a felicidade dos verdadeiros cidadãos. 
Como homem de seu tempo, o pensamento aristotélico traz o preconceito da cultura grega 
na qual estava inserido. Quanto à melhor forma de governo, o filósofo investigou as instituições políticas 
e os modos de governar capazes de propiciar uma melhor maneira de viver em sociedade. Ele considerava 
essa investigação fundamental, pois acreditava que a cidade é uma criação natural e o homem, por 
natureza, um animal social e político. A organização social adequada à natureza do homem só poderia ser 
a pólis,que é vista como um fenômeno natural, uma vez que os indivíduos não são isoladamente 
autossuficientes. 
A virtude maior do bom governante, e que não se acha em qualquer um, é a prudência. O 
homem prudente será capaz de agir visando o bem comum. Ele usa o critério da quantidade para 
distinguir as formas de governo e em seguida o de valor. As formas de governo são boas, quando visam o 
interesse comum e más quando tem como objetivo o interesse particular. 
Ele classifica três formas de governo possíveis: 
1. Monarquia: governo de um só – (tirania, seu extremo) 
2. Aristocracia: governo de grupo pequeno – (oligarquia – prevalece interesse dos ricos, seu 
extremo) 
3. Politéia: governo da maioria (demagogia, seu extremo) 
Prefere a politéia como forma de governo, apesar de considerar as outras formas corretas e 
adequadas, desde que não chegue aos seus extremos. O problema da política, um tipo de democracia 
constitucional, é a tensão política e a luta entre ricos e pobres. O regime que conseguir conciliar esses 
antagonismos conseguirá assegurar paz social. Por isso que Aristóteles retoma a noção do meio-termo do 
campo da ética. Sugerindo que a classe média – nem ricos nem pobres -- possuem as condições para criar 
política estável. 
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova 
4. (Enem PPL 2013) 
O termo injusto se aplica tanto às pessoas que infringem a lei quanto às pessoas ambiciosas (no sentido 
de quererem mais do que aquilo a que têm direito) e iníquas, de tal forma que as cumpridoras da lei e as 
pessoas corretas serão justas. O justo, então, é aquilo conforme à lei e o injusto é o ilegal e iníquo 
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 (adaptado). 
Segundo Aristóteles, pode-se reconhecer uma ação justa quando ela observa o 
A. compromisso com os movimentos desvinculados da legalidade. 
B. benefício para o maior número possível de indivíduos. 
C. interesse para a classe social do agente da ação. 
D. fundamento na categoria de progresso histórico. 
E. princípio de dar a cada um o que lhe é devido. 
 
Comentários: 
Para solucionar essa questão é preciso ter em mente que o que é justiça para Aristóteles, além 
de dominar o vocabulário do excerto. A palavra iníquo (adjetivo: 1-contrário à equidade, ao que é justo. 
2- mau, perverso, malévolo). 
O comando da questão pede que assinale a alternativa que defina o que é a ação justa para 
esse filósofo. A justiça para esse pensador está no justo meio, na equidade, em dar a cada um o que lhe 
é devido. 
a) A alternativa A está incorreta. Se existem normas, leis, elas devem ser respeitadas. 
b) A alternativa B está incorreta. Os benefícios devem ser dados a quem precisa e não para a maioria. 
Pois, nessa maioria, pode ter quem precisa e não recebe e quem não precisa e recebe tais 
benefícios, tornando injusta ação. 
c) A alternativa C está incorreta. As ações devem promover o bem comum a todos e não só a quem 
promove ação. 
d) A alternativa D está incorreta. A justiça olha além do processo histórico. 
e) A alternativa E está correta. Atende ao conceito de justiça, dar o que se deve para quem precisa. 
 
Gabarito “e” 
 
 
Helenismo 
 
 
Período que compreende o final do século IV a.C. até o século II d.C. O rei Filipe da Macedônia 
aproveita a fragilidade das Cidades-Estado para conquistar a Grécia e seu filho Alexandre, O Grande 
expandiu as conquistas. É nesse momento que surge o helenismo, que tem como características a síntese 
das culturas gregas e oriental. Como consequência política houve o desmoronamento da importância 
sociopolítica da pólis. As pólis não decidem mais os seus destinos, passam a integrar vasto império onde 
o poder está centralizado (perda da liberdade política). O homem grego tornou-se súdito. 
Diante desse cenário, o homem não representa mais a mesma importância na comunidade, 
agora ele é um simples súdito de um vasto império. Como consequência moral houve a perda da 
importância política individual fez muitos se dedicarem cada vez mais à busca da felicidade pessoal 
através da religião ou da Filosofia. 
As principais escolas filosóficas do Período Helenístico foram o cinismo, o ceticismo, o 
epicurismo e o estoicismo. Todas procuravam, basicamente, estabelecer um conjunto de preceitos 
racionais para dirigir a vida de cada um e, através da ausência do sofrimento, chegar à felicidade e ao 
bem-estar. 
 
 
O Cinismo 
 
 
O Cinismo surgiu em Atenas por volta dos séculos III e IV a.C. e 
teve Antístenes (440 – 336 a.C.), um filósofo grego, como iniciador dessa 
filosofia. Apesar de ter sido Antístenes estreante do cinismo e o criador de 
suas principais teses, não podemos falar de cinismo sem falar de Diógenes 
de Sínope (413 – 323 a.C.), que foi discípulo de Antístenes e tornou-se o 
maior representante do cinismo. A palavra cinismo significa cão em latim e 
grego, mas ela não tem relação com a forma que empregamos o termo 
cinismo atualmente, sendo o cínico alguém dissimulado. Aqui, na filosofia 
de Diógenes, o cinismo está relacionado ao modo como esses pensadores 
vivem como “cães”. 
Como todos os filósofos helenistas, os cínicos buscavam um modo de viver que leva à 
felicidade. Para eles as pessoas deveriam agir sem se preocupar com as convenções sociais ou qualquer 
norma de conduta, assim como vivem os animais. Uma vida sem metas sociais, sem necessidade de 
conforto ou moradia fixa é o caminho da felicidade. 
A missão que Diógenes se propôs foi a de demonstrar como o homem tem sempre à sua 
disposição o que é necessário para ser feliz, desde que saiba dar-se conta das efetivas exigências da sua 
natureza. Ele proclamou a liberdade de palavra e junto dela a liberdade de ações, uma liberdade às vezes 
levada ao limite da imprudência. O método de Diógenes, servia para conduzir à liberdade e à virtude e, 
portanto, à felicidade. Consiste numa prática de vida própria que visa equilibrar o físico e o espírito ante 
as fadigas impostas pela natureza. O desprezo do prazer é fundamental na vida do cínico. Seu ideal 
supremo era bastar-se a si mesmo. O não ter necessidade de nada. 
 
O Ceticismo 
 
 
O maior representante do ceticismo foi Pirro de Élida (360 - 270 a. C.). Ele fez parte do Exército 
de Alexandre, o Grande, e suas viagens muito contribuíram na construção de sua filosofia cética. O fato 
de Pirro ter passado por muitos lugares com Alexandre, fez ele notar que as convicções gregas, as 
verdades até então ditas como inquestionáveis, não passavam de um modo particular de ver o mundo, 
cada lugar, cada sociedade tem seu modo de encarar as leis, a justiça, a coragem. Como tudo é incerto, 
aquele que se prende a verdades absolutas está propenso à infelicidade. 
As coisas são em si indiferenciadas, incomensuráveis e indiscrimináveis, ou seja, não têm em 
si uma essência estável, e por isso seu ser se reduz à puras aparências. A busca pela felicidade deve ter 
caráter ético, visto que o que existe como verdade não passam de meras opiniões. Por isso a postura do 
ser humano deve ser a de abster-se de julgar. O sábio é aquele que suspende seu juízo, que não faz 
julgamentos. É essa indiferença que levaria o homem à felicidade, já que não este não vai mais se 
angustiar ou perder a paz interior buscando a verdade. Esse é o conceito de epoché, suspensão do juízo. 
A atitude que o sábio deverá assumir é a da afasia, ou seja, não expressar qualquer julgamento 
definitivo, e com isso alcançar a ataraxia, ou imperturbabilidade (não se deixar perturbar por nada). 
Quanto mais igual o sábio aprende a viver, mais feliz ele vai ser. 
 
 
 
 
 
 
O Epicurismo 
 
 
Epicuro (341 - 270 a.C) 
 
Nascido na ilha de Samos, Grécia, Epicuro foi um filósofo 
do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido. Houve 
muitos centros epicuristas que se desenvolveram na Jônia e Egito e 
no século I já havia atingido Roma. Deu origem a filosofia baseada no 
prazer da amizade. Seuspensamentos refletem sobre a felicidade. 
 
Sobre a vida, ele dizia ser única e terrena, não acreditava 
na imortalidade, a vida era uma tragédia para o pensador, por isso, 
afirmava ser um dever do homem tornar a vida presente a melhor 
possível e essa vida se realiza na satisfação dos prazeres, o que 
caracteriza sua filosofia hedonista. Porém, ao falar do prazer o 
pensador deixa claro que esse prazer deve ser moderado. Cultivar a felicidade da vida simples, saber 
aproveitar o que tem e evitar ambição de querer sempre mais. 
Ao dedicar-se a satisfazer os prazeres, é preciso antes notar qual prazer gera outro prazer. Por 
isso, a Ética de Epicuro classifica os prazeres como naturais e necessários, naturais e não necessários e os 
não naturais e não necessários. 
● Naturais necessários: sem a satisfação desses prazeres não viveríamos, são eles que nos mantêm 
vivos. São nossos instintos, desejos naturais. Como por exemplo: água, para não morrer de sede; 
comida, para não morrer de fome; calor; para não morrer de frio. 
● Naturais não necessários: são prazeres, desejos naturais, mas não são necessários para nossa 
existência. Porém, desejar mais do que apenas conservar a vida acaba pertencendo à vida urbana, 
existe uma passagem da existência para uma estética da existência. Mais do que comer, agora é 
possível criar a arte de cozinhar. Mais do que ver, e ouvir, é possível pintar e fazer música, arte das 
cores e dos sons. 
● Não naturais e não necessários: esses desejos são os que devem ser evitados, eles tendem ao vício, 
perambulam no terreno das ilusões e da superstição. Para Epicuro é aqui que nascem os deuses e 
os demônios, são desejos que se distanciam da realidade. Dinheiro como deus, fama, glória, 
santidade. Inscritos no canal, visualizações e seguidores nas mídias sociais são exemplos desses 
desejos, que não agregam, são vazios, alienam, nos impedem de atingir uma vida natural e de 
prazer. 
É possível concluir, de acordo com Epicuro, que os desejos não naturais e não necessários 
causam mais aflição que prazer, por isso deve-se evitá-los. Seguindo o pensamento do filósofo grego, a 
felicidade é possível a todos, basta procurar nos lugares certos. Uma vida prazerosa e divertida é o desejo 
de muita gente e Epicuro não era contra a satisfação dos prazeres, pelo contrário, mas deixava claro que 
a felicidade é um tema mais profundo e a filosofia pode auxiliar nessa jornada. 
Por não entendermos nossas necessidades, nos tornamos vítimas de desejos substitutos. 
Porém, o pensador nos deu algumas dicas para facilitar nossa busca pela felicidade. Ele pregou a doutrina 
do egoísmo, mas um tipo novo de egoísmo, um egoísmo esclarecido, que é pautado na ideia de dar e 
receber, ou seja, é preciso dar prazer a para receber prazer. Em outras palavras, ser egoísta é não ser 
egoísta, posto que o indivíduo tende a desejar ser bem tratado. 
 
Eis alguns princípios para uma vida feliz pautada nessa teoria filosófica epicurista 
 
● TER AMIGOS: A ideia remete que amigos, enquanto companhias permanentes, traz benefícios. 
Antes de beber e comer qualquer coisa, pense em companhia de quem você vai fazer isso, mais 
do que no que vai comer ou beber, alimentar-se sozinho não é para seres humanos. 
 
 Aos 35 anos, Epicuro comprou um casarão nos arredores de Atenas e 
convidou seus amigos para morar com ele, pois acreditava que para se 
beneficiar das amizades é preciso estar sempre com seus amigos, devem ser 
companhias permanentes. 
 
● SER LIVRE: Para ser livre é preciso ter independência financeira, ser autossuficiente, sem obter de 
chefes tirânicos para obter a renda. Epicuro dizia que a cidade é ambiente de fofocas e com 
atmosfera competitiva, por isso afastou-se da cidade e foi viver em uma comunidade alternativa. 
 
● TER UMA VIDA BEM ANALISADA: é preciso ter tempo para fazer uma análise do que nos preocupa, 
para isso temos de nos afastar das distrações do mundo comercial, do mundo urbano e pensar 
sobre nós mesmos. Compreender o que de fato nos faz feliz só nos faz feliz exige um 
distanciamento das distrações que despertam os desejos não naturais e nem necessários. 
A riqueza sem amigos, sem liberdade e sem reflexão não traz felicidade. Não que o dinheiro 
seja um mal, mas sozinho ele não é capaz de sanar nossos desejos. Mesmo que não tenha riqueza em 
excesso, mas ainda sim tenha amigos, tenha uma vida bem analisada e seja autossuficiente, não haverá 
muito problema para chegar à felicidade, segundo Epicuro. 
 
 Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova 
5. (Enem 2014) 
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais 
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não 
são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou 
parecem geradores de dano. 
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 
1974. 
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim 
A. alcançar o prazer moderado e a felicidade. 
B. valorizar os deveres e as obrigações sociais. 
C. aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação. 
D. refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade. 
E. defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber. 
 
Comentários: 
Para responder essa questão é preciso saber que Epicuro procurou pensar os desejos e os 
prazeres como formas de alcançar a felicidade de forma segura e tranquila. Não confundir as ideias de 
Epicuro com qualquer forma de hedonismo: para ele o prazer e, por conseguinte, o desejo estão 
relacionados à Natureza, como, por exemplo, à saúde e às necessidades do corpo. Fugir dos excessos, 
assim como dos desejos artificiais era o ponto de partida da temperança. O conhecimento das ideias de 
Epicuro, juntamente com o excerto da questão leva a alternativa A como correta. 
a) A alternativa A está correta. Observando os comentários acima nota-se porque está 
correta. 
b) A alternativa B está incorreta. Epicuro não gostava da vida política e social, a sociedade 
provoca competição e desejos não naturais. 
c) A alternativa C está incorreta. Na vida devemos ir atrás da satisfação dos prazeres. 
d) A alternativa D está incorreta. Epicuro não acreditava nos valores das divindades, para ele, 
os deuses, perfeito, eterno e imortal, não estavam preocupados com a humanidade. 
e) A alternativa E está incorreta. Como filósofo, a sabedoria é o cerne da vida. 
 
Gabarito “a” 
 
O Estoicismo 
 
Zenão (333-262 a.C.) 
 
Foi fundador do estoicismo, nascido em Chipre, em 308 a.C. começou a ensinar na stoá poikíle 
("pórtico pintado") em Atenas. Da palavra stoá derivou o nome da Escola Estóica. 
O estoicismo tem traços do epicurismo como a defesa do materialismo, a negação da 
transcendência divina e a ideia da filosofia como arte de viver, porém, não acreditava no prazer como 
fonte de felicidade, mas como fonte de todos os males. 
É fundamental destacar a importância da natureza nessa filosofia. Para o estoicismo, o ser 
humano deve viver de acordo com o que é natural. A partir dessa concepção ética, o ser humano seria 
um microcosmo dentro na natureza que seria o macrocosmo. Para que seja possível atingir a verdadeira 
felicidade é preciso que as ações humanas estejam de acordo com o macrocosmo, ou seja, de acordo com 
o que a natureza determina, visto que os estóicos tinham uma visão panteísta, que significa que a natureza 
está impregnada à razão divina. 
 
 [...] A razão, não exige do homem mais do que esta coisa facílima: viver segundo a sua própria 
natureza[...] (CARTA 41, 8) 
 
A aceitação, entender que os fatos da vida são inevitáveis porque são naturais, nos leva a 
ataraxia (estado de paz interior), a tranquilidade da alma é alcançada por meio do autocontrole, de uma 
vida disciplinada, que seconstrói somente com o que é necessário à sobrevivência. O homem vive 
racionalmente, portanto, cabe à razão colocar a vontade acima dos instintos e assim atingir a harmonia 
de vida, a sabedoria. A verdadeira liberdade está em querer o que o destino quer. Amor ao destino. 
 
 
[...] A felicidade não é mais que a segurança e a tranquilidade permanentes. Quem no-las 
proporciona é a grandeza da alma [...] Os meios de atingir este estado estão na plena 
consideração da verdade[...] a moderação, a moralidade, a inocência e a benevolência de uma 
vontade sempre atenta à razão[...](CARTA 92, 3) 
 
Sêneca (4a.C. - 65d.C.) 
 
Autor de Cartas a Lucílio, citadas acima, foi um importante 
representante do estoicismo e viveu no período de Jesus Cristo. Sua filosofia 
dizia que a origem dos vícios reside numa vontade fraca que subordina a 
razão aos prazeres fortuitos. 
[...] Os grandes homens mostravam como era preciso viver e 
não como viviam. Não falo de mim, mas de virtude. E, quando 
combato os vícios, começo pelos meus. No dia em que puder, 
viverei como devo viver [...] 
(DE VITA BEATA, XVIII in ULLMANN, 1996, p. 65) 
 
 O homem sábio opta pelos prazeres da alma, os quais são calmos, inesgotáveis, ternos, 
moderados e discretos. Ao homem resta apenas a sua liberdade interior, que só se alcança com o 
autodomínio. Saber distinguir o que pode ser mudado do que não pode ser mudado e aceitar de forma 
serena, é resultado desse autodomínio, que nos permite atingir a paz de espírito. 
Notadamente as influências do estoicismo atingem o cristianismo. Vemos o cristianismo 
elogiar o autocontrole, a submissão diante os acontecimentos e sofrimentos da vida, a aceitação em nome 
de um Deus que tudo provê de acordo com as necessidades. 
 
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6. (Enem PPL 2017) 
 
XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “Eu a restituí”. O filho morreu? Foi 
restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi 
restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede 
de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do 
mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria. 
 
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado). 
 
A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é 
a) explicar o mundo com números. 
b) identificar a felicidade com o prazer. 
c) aceitar os sofrimentos com serenidade. 
d) questionar o saber científico com veemência. 
e) considerar as convenções sociais com desprezo. 
 
Comentários: 
 
Essa questão exige seu conhecimento acerca dos princípios do estoicismo. A aceitação da 
própria vida é o ponto de partida dessa filosofia. Ter a compreensão de que os fatos da vida são 
inevitáveis, porque são naturais, nos leva a um estado de paz interior. A tranquilidade da alma é alcançada 
por meio do autocontrole. O homem vive racionalmente, portanto, cabe à razão colocar a vontade acima 
dos instintos e assim atingir a harmonia de vida, a sabedoria. A verdadeira liberdade está em querer o que 
o destino quer. Amor ao destino. 
O comando da questão pede que assinale a alternativa que melhor representa o estoicismo. 
 
a) A alternativa está incorreta. Não, o filósofo pré-socrático Pitágoras é quem utilizava os números 
para explicar o mundo. 
b) A alternativa está incorreta. Esse pensamento pertence ao Epicurismo e não ao Estoicismo. 
c) A alternativa está correta. A vida está dada e precisamos aceitá-la, amor o destino significa sofrer 
menos. 
d) A alternativa está incorreta. A ciência não é a base do estoicismo, mas sim a resiliência. 
e) A alternativa está incorreta. O desprezo pelas convenções sociais vem do cinismo. 
 
Gabarito “c” 
 
 
 
Patrística 
 
 
A patrística tem início no século I e se estende até o século VII. O termo busca designar os pais 
da Igreja Católica, que constituíram o pensamento filosófico do período com base nas Sagradas Escrituras 
Cristã. Compreender as bases da patrística é fundamental para entender a ética cristã . 
A patrística tem como característica a defesa da fé Cristã, sendo tal fé superior a qualquer 
outra, pertencente às religiões que denominaram de pagãs. O pensamento filosófico e cultural grego foi 
instrumento para justificar a fé cristã, assim como seus dogmas, seus valores e sua moral. 
Os padres da igreja tinham de esclarecer questões filosóficas para as quais não havia respostas 
evidentes na Bíblia. Por exemplo, como Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem? A partir do que Deus 
criou o mundo, de matéria preexistente ou do nada? Os Padres da Igreja tinham de voltar-se para a 
filosofia grega para dela conseguir auxílio em suas especulações a respeito dessas difíceis perguntas. 
(GILSON, 1995, p. 51) 
 
A patrística, portanto, defende a subordinação da razão em relação à fé, por crer que esta 
venha restaurar a condição decaída da razão humana, ela é responsável pela elucidação progressiva dos 
dogmas cristãos e pelo que se chama hoje de Tradição Católica. 
 
Agostinho de Hipona (354 -430) 
 
 
Aurelius Augustinus converteu-se ao Cristianismo após 33 anos de uma vida mundana e 
libertina, apesar de ser filho de mãe cristã. Tornou-se Bispo na cidade de Hipona no ano de 395, cargo 
esse que exerceu até a sua morte. 
Converteu-se ao cristianismo por influência de sua mãe e construiu sua filosofia baseada no 
pensamento de Platão, por isso sua filosofia conhecida como neoplatonismo. Aliou a filosofia de Platão à 
fé católica e escreveu muitas obras, mas algumas ganharam maior destaque, como Confissões, De 
magistro, A cidade de Deus e O Livre-arbítrio. 
 
 
 
 
A ética agostiniana 
 
 
A busca de um ideal de homem percorre toda a história da filosofia. Analisar a melhor conduta 
entre os homens, as regras e normas que devem reger seu comportamento sempre foi objeto de reflexão. 
 O homem ideal no período da patrística era o homem cristão, aquele que obedecia aos 
valores expostos no Livro Sagrado Cristão. 
Agostinho, tinha uma visão ética que diz: 
Deus, portanto, é bom de um modo que é só seu...porquanto o bem pelo qual Ele é bom é Ele 
mesmo. O homem, ao invés, é bom enquanto a sua bondade deriva de Deus... E por virtude 
do Espírito de Deus que os bons se tornam tais, pois a nossa natureza foi criada capaz de ser 
participante d’Ele, mediante a própria vontade. E, se, portanto, bom na medida em que 
alguém age bem, isto é, se faz o bem com conhecimento de causa, com amor e com piedade: 
é-se mal, ao invés, na medida em que peca, isto é, se afasta da verdade, da caridade e da 
piedade... Por isso mesmo, o próprio Senhor aos mesmos que chama bons por causa da 
participação de graça divina, chama igualmente maus devido aos vícios da fraqueza humana. 
(AGOSTINHO citado por MOURA 2009, p. 19) 
 
Agostinho dizia ser o homem uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre, 
com isso ele expressa o seu conceito antropológico básico. Também distingue, na alma, dois aspectos: a 
razão inferior e a razão superior. A razão inferior tem por objeto o conhecimento da realidade sensível e 
mutável, como a ciência, por exemplo, um conhecimento que permite cobrir as nossas necessidades. Já a 
razão superior tem por objeto a sabedoria, isto é, o conhecimento das ideias, do inteligível, para se elevar 
até Deus. Nesta razão superior dá-se a iluminação de Deus 
O conhecimento ético é um caso particular da iluminação divina, que é, ela própria, um efeito 
das ideias divinas (justiça, amor, caridade). Inspirado por Platão, Agostinho acredita nas ideias inatas. O 
homem já tem em seu espírito conceitos éticos e de uma vida feliz, e a partir de uma busca interior ele 
relembra esses conceitos, mas ele só o faz se houver auxílio de Deus (Teoria da IluminaçãoDivina). 
Ser ético é, então, compreender a si mesmo, pois para o filósofo medieval, só nos conhecemos 
a nós mesmos a partir do conhecimento de Deus. 
 
 
 
Em suas palavras: 
Quando Vos procuro, meu Deus, busco a vida Feliz. Procurar-Vos-ei, para que a minha alma 
viva. O meu corpo vive da minha alma e esta vive de Vós. Como procurar, então a vida Feliz? 
Não a alcançarei enquanto não exclamar: basta, ei-la. Mas onde poderei dizer estas palavras? 
Como procurar essa felicidade? Como? Pela lembrança, como se a tivesse esquecido, e como 
se agora me recordasse de que a esqueci? (AGOSTINHO, 2000, p.279) 
 
Por isso, a vida ética está na felicidade e tem uma característica, exige que haja um encontro 
pessoal com Deus. 
O amor é um tema fundamental na ética agostiniana. 
 “O amor a Deus e ao próximo é o eixo sobre o qual a ética agostiniana gira e para onde conflui 
todo o agir ético” (MOURA, 2009, p. 01) 
 
Segundo Moura, 2009, o autor ainda adverte que não se pode compreender, 
adequadamente, a ética agostiniana fora da perspectiva do amor, pois os homens, para o hiponense, 
tendem comumente para o objeto do seu amor. O homem se revela por aquilo que ama. 
 
 Ser ético é ter a capacidade de amar. O amor, base da ética agostiniana, seria o amor 
espiritual, o amor por Deus e de Deus. Tal amor deve ser compartilhado entre seus semelhantes. Se somos 
imagem e semelhança de Deus, ao amarmos Deus amaremos o próximo ou amo o próximo porque amo 
a Deus. Portanto, devemos amar alguém apenas por ser semelhante, irmão, filho de um mesmo Deus. 
 Um outro aspecto da ética agostiniana, é o livre arbítrio, esse argumento diz que o homem 
tem plena liberdade para as boas ou más ações e por isso deve responder pelas consequências de seus 
atos. Agostinho deixa claro que o homem é total responsável por suas ações. Por isso ser ético é uma 
escolha, uma decisão do homem, que se torna ético porque deseja ser ético. 
 
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7. (Enem PPL 2015) 
 
Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, 
quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como 
a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da 
Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza. 
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado). 
 
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque: 
a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus 
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus. 
c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má. 
d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal. 
e) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal. 
 
Comentários: 
a) A alternativa está incorreta. O mal nasce do homem e não de Deus. 
b) A alternativa está incorreta. O mal não é um princípio ontológico. deus é esse princípio. 
c) A alternativa está incorreta. O mal está na escolha que o homem faz, já que Deus deu à ele livre-
arbítrio. 
d) A alternativa está correta. Deus é bom e dele só pode sair o bem. O fato de ele ter dado ao homem 
o livre-arbítrio só prova sua bondade. A maldade está na ausência de Deus. 
e) A alternativa está incorreta. Quem administra a existência do bem ou do mal são os próprios 
homens, posto que são livres. 
 
Gabarito “d” 
 
 
Escolástica 
 
O período conhecido como Escolástica, teve início por volta do século XI e XII e se refere à 
produção filosófico-teológica. Compreender racionalmente aquilo que se acreditava por meio da 
revelação divina foi o objetivo dessa corrente filosófica. Explicar a verdade divina por meio da inteligência 
humana e ajuda de Deus. 
Na Europa, entre os séculos XI e XV, as iniciativas educacionais eram desenvolvidas pela Igreja. 
Nesse período que surgem as primeiras escolas que eram organizadas no interior das igrejas e catedrais, 
elas tinham como objetivo formar e educar padres. O ensino nas escolas cristãs contribuiu para a 
continuidade das reflexões despertadas pela patrística. Muitas dessas escolas deram origem às primeiras 
universidades europeias, fundamentais para o desenvolvimento cultural da Europa. A organização e a 
função dessas universidades eram bem diferentes, elas tinham o objetivo da formação de padres e 
teólogos capacitados a defender mensagens das Escrituras Sagradas. 
 
Tomás de Aquino (1225 - 1274) 
 
 
Desde Agostinho de Hipona, não se viu mais produção filosófica de tamanha importância. 
Tomás de Aquino é quem quebra esse jejum. 
Tomás de Aquino nasceu em Nápoles. No ano de 1256, tornou-se Mestre em Teologia em 
Paris, depois retornou para Itália e lecionou na Universidade de Nápoles. A partir de 1960, Tomás escreve 
vários comentários sobre o tratado filosófico de Aristóteles. 
A filosofia de Aristóteles foi o fundamento da síntese entre o cristianismo e a filosofia, sendo 
sua filosofia chamada de aristotélico-tomista. 
 
 
 
A ética de tomista 
 
Como já dito, Aristóteles foi forte influência de Aquino e a ética tomista se inspira na ética do 
filósofo grego. O senso de justiça de Aristóteles une-se ao senso de solidariedade da Bíblia. Para Tomás 
de Aquino, a justiça deve estabelecer a igualdade nas relações e instituições para assim acabar com o vício 
da corrupção. Ele constrói a ética da justiça e da solidariedade. Para Aristóteles, somente a justiça, entre 
todas as virtudes, é o ‘bem de um outro’, visto que se relaciona com o nosso próximo, fazendo o que é 
vantajoso a um outro, seja um governante, seja um associado. Dessa forma, o pensamento ético de Tomás 
de Aquino está composto por duas vertentes: uma é a teológica, que traz o pensamento cristão dos 
primeiros defensores da fé, principalmente em Santo Agostinho; e outra é a filosófica, que orienta a sua 
ética especulativa, fundamentada em Aristóteles e em toda tradição filosófica do pensamento ontológico. 
Aquino definiu quatro virtudes como sendo: prudência, temperança, justiça e coragem. Para 
o filósofo, elas são naturais, reveladas na natureza e pertencentes a todos. Mas existem também as 
virtudes teológicas que são a fé, esperança e a caridade. Estas, dizia ele serem sobrenaturais e distintas 
das demais em seu objeto. 
Tomás de Aquino também fala de algumas leis, são elas a Lei humana, a Lei natural e a Lei 
divina. A Lei Eterna representa a vontade de Deus. Abaixo da Lei Eterna estão a Lei Natural, que reflete a 
revelação da Lei Eterna através da natureza, e a Lei Divina, que chega aos homens pela revelação através 
das escrituras sagradas. A Lei Humana, deriva da Lei Natural e contém os princípios necessários para a 
regulação da conduta dos homens. Para Tomás de Aquino, um pecado contra a Lei Natural é aquele que 
viola a ordem natural das coisas. 
O pensador acreditava que, por ser racional, o homem conhece a lei natural, ou seja, já é 
capacitado para saber que é preciso fazer o bem e não o mal. Essa seria a participação do homem na lei 
eterna, visto que ele é dotado de inteligência. A lei eterna é o plano racional de Deus, ou seja, a ordem 
existente no universo todo. A lei humana ou jurídica é a ordem promulgada por quem tem a 
responsabilidade pela comunidade. 
Seguindo Aristóteles, Tomás de Aquino considera o Estado como uma necessidade natural. 
Por considerar o homem um ser social ele entende que ele necessita de normas de conduta para viver em 
sociedade. Porém, Tomás de Aquino deixa claro que as leis humanas não podem contradizer a lei natural. 
Aliás, no pensamento dele, as normas do direito positivo existem para coibir aqueles que são propensos 
aos vícios, a fim de manter a ordem pública e evitar desvios. As leis têm uma função pedagógica, e seu 
objetivo é a convivência pacífica entre os homens. 
Leis naturais e humanas não se constroem sozinhas.Existe uma necessidade humana de que 
seu comportamento seja conduzido pela "lei divina", que é a lei revelada nas Escrituras. 
A moral é entendida por Aquino como sendo um processo de autorrealização do homem, ela 
atinge o ser em sua totalidade. Percebe-se que ocorre uma caracterização da ética como uma realização 
no singular e não no plural, pois a ética diz respeito à realização que afeta a totalidade, o que se é 
enquanto homem. Tomás vê a ética com uma visão profunda e orgânica, que nasce da própria natureza 
do ser humano. 
Se há uma verdade e um bem objetivo para o homem, posto que seu ser não é caótico ou 
aleatório, já que é uma criação divina. A ética tomista visa alcançá-la. 
Ao homem total, cujo espírito está em união com a matéria, ao homem, enquanto um ser em 
potência, que ainda não atingiu sua totalidade, a norma moral deve ser entendida como um enunciado 
de como deve agir. Compreender que toda transgressão moral, o pecado, é uma agressão ao próprio ser. 
 
 
QUESTÕES 
 
Questões da aula teórica 
 
1. (Enem Libras 2017) 
 
 Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles que aboliram o critério, 
uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que 
a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a alguém ou opinado por alguém é 
imediatamente real para essa pessoa. 
KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 - adaptado. 
O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de: 
A. alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência. 
B. justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais. 
C. priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas. 
D. preservar as regras de convivência entre os cidadãos. 
E. analisar o princípio do mundo conforme a teogonia. 
 
2. (ENEM 2017) 
 
Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte: o contato de Sócrates paralisa embaraça, leva a 
refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades 
sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa 
influência poderosa, que os leva a se censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que 
ele tenta imprimir sua orientação. 
BRÉHER, E. História da filosofia São Paulo. Mestre JOL. 1977 
O texto evidencia características do modo de Vida socrático, que se baseava na 
A. Contemplação da tradição mítica 
B. sustentação do método dialético. 
C. relativização do saber verdadeiro. 
D. valorização da argumentação retórica. 
E. investigação dos fundamentos da natureza. 
 
3. (Enem PPL 2012) 
 
Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se 
desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto 
pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em 
razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último. 
 ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002. 
 
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é 
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à Escolha 
uma: 
A. pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade. 
B. adoção da experiência do senso comum como critério de verdade. 
C. defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade. 
D. compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente. 
E. incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas. 
 
4. (Enem PPL 2013) 
 
 O termo injusto se aplica tanto às pessoas que infringem a lei quanto às pessoas ambiciosas (no sentido 
de quererem mais do que aquilo a que têm direito) e iníquas, de tal forma que as cumpridoras da lei e as 
pessoas corretas serão justas. O justo, então, é aquilo conforme à lei e o injusto é o ilegal e iníquo 
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 (adaptado). 
Segundo Aristóteles, pode-se reconhecer uma ação justa quando ela observa o 
A. compromisso com os movimentos desvinculados da legalidade. 
B. benefício para o maior número possível de indivíduos. 
C. interesse para a classe social do agente da ação. 
D. fundamento na categoria de progresso histórico. 
E. princípio de dar a cada um o que lhe é devido. 
 
 
5. (Enem 2014) 
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais 
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não 
são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou 
parecem geradores de dano. 
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 
1974. 
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim 
A. alcançar o prazer moderado e a felicidade. 
B. valorizar os deveres e as obrigações sociais. 
C. aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação. 
D. refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade. 
E. defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber. 
 
 
06. (Enem PPL 2017) 
XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “Eu a restituí”. O filho morreu? Foi 
restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi 
restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede 
de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do 
mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria. 
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado). 
A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é 
 
A. explicar o mundo com números. 
B. identificar a felicidade com o prazer. 
C. aceitar os sofrimentos com serenidade. 
D. questionar o saber científico com veemência. 
E. considerar as convenções sociais com desprezo. 
 
07. (Enem PPL 2015) 
Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, 
quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a 
de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, 
nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza. 
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado). 
 
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque: 
A. o surgimento do mal é anterior à existência de Deus 
B. o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus. 
C. Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má. 
D. por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal. 
E. Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal. 
 
SOFISTAS 
 
 08. (Enem 2015) 
Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e 
importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas 
por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam 
de invenções humanas. 
 RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. 
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a 
correlação entre justiça e ética é resultado de 
A. determinações biológicas impregnadas na natureza humana. 
B. verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. 
C. mandamentos divinos inquestionáveis legados

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