Prévia do material em texto
UNESP
Exasiu
Profª. Gabi Garcia
Aula 03 - Política e Ética - Dos Sofistas ao Cristianismo
Sofistas; Clássicos; Helenismo; Patrística; Escolástica. Exasiu
estretegiavestibulares.com.br
EXTENSIVO
Sumário
APRESENTAÇÃO 4
CRONOGRAMA 5
METODOLOGIA 8
TEORIA: ÉTICA E POLÍTICA 9
ÉTICA e POLÍTICA 9
Os Sofistas 9
A democracia ateniense 10
O Relativismo 10
Principais Sofistas 11
Protágoras de Abdera (492-422 a.C.) 11
Górgias de Leontinos (485-380 a.C.) 11
Sócrates (469- 399 a.C.) 13
A ironia e a maiêutica 14
A busca pelo conceito 15
PLATÃO (427 - 347 a. C.) 17
Tripartição da alma 17
A Política de Platão (A República) 19
Aristóteles (384 - 322 a. C.) 21
A ética de Aristóteles 21
O animal político 22
Helenismo 26
O Cinismo 26
O Ceticismo 27
O Epicurismo 28
O Estoicismo 31
Patrística 33
Agostinho de Hipona (354 -430) 34
Escolástica 37
Tomás de Aquino (1225 - 1274) 37
QUESTÕES 40
Questões da aula teórica 40
SOFISTAS 43
CLÁSSICOS 44
HELENISMO 51
01 DE JANEIRO DE 2020
Medieval 52
QUESTÕES ENEM 2021 56
GABARITO 58
QUESTÕES COMENTADAS 59
Sofistas 59
CLÁSSICOS 61
HELENISMO 80
MEDIEVAL 82
QUESTÕES ENEM 2021 - COMENTADAS 91
CONSIDERAÇÕES FINAIS 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 108
Apresentação
Olá, Aluno/Aluna do Estratégia Vestibulares!
É com grande entusiasmo que apresento a vocês o curso Extensivo para o ENEM.
Meu nome é Gabriela Cassiano Garcia conhecida carinhosamente como Professora Gabi. Com
sua licença farei uma breve apresentação da minha trajetória. Sou formada em Filosofia pela Universidade
Estadual de Londrina (UEL), licenciada em História pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES)
e pós-graduada em História Contemporânea pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Desde 2008,
leciono em colégio públicos e particulares bem como em cursinhos pré-vestibulares nas matérias de
Filosofia e Sociologia. Nesse sentido, posso lhe garantir que você está em boas mãos na sua caminhada
para aprovação no Vestibular. Afirmo, que durante a minha trajetória já ajudei muitos alunos a serem
aprovados nos seus vestibulares de interesses. Inclusive muitos alunos meus foram aprovados em
vestibulares de grande desempenho, como é o caso da prova de acesso para o curso de medicina.
Importante conferir que a vida é um processo em construção, assim não se assuste ou desanime
caso não passe de primeira. Ainda que hoje eu seja uma professora experiente, também passei por esse
processo. Não foi no meu primeiro ano que passei no vestibular. Eu fiz cursinho por um ano para alcançar
a tão sonhada vaga. Após a minha aprovação, os professores da UEL deflagaram greve na Universidade e
eu só entrei no curso mesmo seis meses depois. Contudo, esse tempo foi importante para reflexão e para
a o processo de pintura do meu quarto. rsrsrsrs
Portanto, entraremos no mundo filosófico guiados pelos grandes autores no intuito de
descobrimos o mundo por meio do conhecimento. No final, pode ter certeza de que se depender de
filosofia e do meu empenho a sua aprovação estará nas suas mãos.
Aqui estão as minhas redes socais:
@filosofando.com.gabi
Filosofando com Gabi
https://linktr.ee/filosofando.com.gabi
https://linktr.ee/filosofando.com.gabi
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
Cronograma
AULAS TEMAS DATAS 1ª LEITURA REVISÃO
AULA 00 NASCIMENTO DA
FILOSOFIA
FILOSOFIA CLÁSSICA E
MEDIEVAL:
Epistemologia
Disponível Planejamento
Execução
Planejamento
Execução
AULA 01 FILOSOFIA MODERNA:
Epistemologia
Disponível
Planejamento
Execução
Planejamento
Execução
AULA 02 FILOSOFIA
CONTEMPORÂNEA:
Epistemologia
Disponível Planejamento
Execução
Planejamento
Execução
AULA 03 FILOSOFIA CLÁSSICA E
MEDIEVAL: Ética e
Política
Disponível Planejamento
Execução
Planejamento
Execução
AULA 04 FILOSOFIA MODERNA:
Ética e Política
15/03/2022 Planejamento
Planejamento
Execução
Execução
AULA 05 FILOSOFIA
CONTEMNPORÂNEA:
Ética e Política
PARTE 1
21/03/2022 Planejamento
Execução
Planejamento
Execução
AULA 06 FILOSOFIA
CONTEMPORÂNEA:
Ética e Política
PARTE 2
11/04/2022 Planejamento
Execução
Planejamento
Execução
AULA 07 DOS CLÁSSICOS AOS
MODERNOS: Estética
25/04/2022 Planejamento
Execução
Planejamento
Execução
AULA 08 Estética
CONTEMPORÂNEA:
Estética
09/05/2022 Planejamento
Execução
Planejamento
Execução
Para planejar o seu estudo colocamos dois itens nas linhas “primeira leitura” e “revisão”. No item
“Planejamento” você inclui a data que pretende estudar a matéria. Lembre-se que na coluna datas
estarão os dias de liberação das aulas no site. No item “Execução” você inclui a data que realmente
realizou a tarefa e em tópicos rápidos quais foram suas principais dúvidas para incluí-las no fórum.
Metodologia
A nossa metodologia é Estratégica. Primeiro olhamos todas as provas do ENEM para avaliar
quais foram os assuntos mais cobrados. Sabemos que os alunos, para obterem aprovação, precisam
estudar muitas matérias. Portanto, o foco é extremamente necessário para se obter sucesso na prova.
Assim, essa professora que vos fala percorreu todas as provas do Exame Nacional do Ensino Médio para
lhe entregar tudo aquilo que já caiu na prova. Nesse sentido, o nosso curso trará a teoria de todos os
assuntos já cobrados em filosofia no ENEM. Contudo, caro vestibulando(a) usarei toda a minha
experiência para complementar este material e montá-lo de maneira completa. Nesse contexto, todo o
conteúdo do edital do ENEM estará de alguma forma presente em nosso curso. Só que com a nossa
metodologia você estará preparado para o que já caiu na prova e para aquilo que tem grande possibilidade
de cair. Você terá acesso a esse material em .pdf, o qual trará a teoria e muitas questões para treino. Isso
mesmo, muitas, mas muitas questões para você ficar craque em resolver questões. Além disso, todas as
nossas questões serão comentadas item a item. Neste material você saberá se acertou, o porquê acertou
e quais são os erros das demais alternativas. Para complementar os seus estudos, teremos videoaulas
com os conteúdos apresentados de forma objetiva e com a didática da Prof. Gabi para compreendermos
todos os tópicos abordados. Por fim, teremos o fórum de dúvidas, no qual você não só pode, como deve,
sanar todas as suas dificuldades. Pode ter certeza de que responderei o mais rápido possível.
O meu foco é a sua aprovação!!!!!!!
Teoria: Ética e Política
ÉTICA e POLÍTICA
O questionamento e a reflexão filosófica acerca da ética e da política sempre estiveram
presente nas sociedades e perduram até os dias de hoje. A ética é objeto de estudo para muitas áreas,
não se restringe à filosofia mais. Porém, falar da ética como uma parte da filosofia, significa dizer que ela
é um “apanhado” de princípios e valores os quais conduzem nossas ações. É a ética que avalia nossas
ações, ela está atenta em como estamos conduzindo nossas vontades, as relações de poder e a moral. Ela
observa se há prejuízos, a fim de impedi-los ou minimizá-los.
Pensar a ética é pensar sobre si, sobre suas próprias ações e notar como ela infere na vida dos
outros. Por isso falar de ética é muitas vezes falar de política e vice-versa. A política tem caráter moral e
a moral é a prática da ética. Enquanto a ética tende a ser universal, a moral varia de acordo com cada
sociedade, estabelecendo seus costumes próprios, regras e normas.
Agora, que dei a você uma breve introdução à ética e sua relação com a política, podemos passar
para o conteúdo que fará você gabaritar noEnem.
Os Sofistas
Os Sofistas surgem no período em que o desenvolvimento das cidades, do comércio e das
artes militares estão cada vez mais acentuados na Grécia Antiga. A palavra Sofista deriva de sophos, que
significa saber.
Contemporâneos a Sócrates, eles também são destaque no desenvolvimento da política
democrática da Grécia. O período socrático e dos sofistas se passaram em um contexto histórico que
favoreceu o surgimento destas filosofias.
Após a vitória na guerra contra os Persas, Atenas torna-se muito importante, centro da vida
social, política e cultural da Grécia. Com o crescente comércio, a expansão marítima e consequentemente
um enriquecimento progressivo, a pólis desenvolveu uma classe de comerciantes muito influente, que
exigia uma participação mais consistente na tomada de decisões da cidade, trazendo assim a necessidade
cada vez maior do cidadão saber falar bem para persuadir os demais.
A democracia ateniense
As pólis surgirão por volta do século VIII a.C. Nesse momento, a Aristocracia era a forma de
governo usual, ou seja, o poder estava concentrado nas mãos de poucos que passavam de geração em
geração. Mas com o nascimento das Cidades-Estado (pólis) o cenário de poder da aristocracia sofreu
algumas transformações. Assim, em 594 a.C., Sólon funda em Atenas a democracia e as leis, as quais todos
deveriam se submeter sem apelar às tradições patriarcais. Em 510 a. C., Clístenes organizou a política e
as instituições que representavam o lugar de manifestação dos cidadãos no governo e na tomada de
decisões na cidade. A partir daí, o poder de fazer leis, resolver conflitos, declarar fim ou início das guerras,
enfim, de administrar a cidade estava nas mãos do povo, consolidando assim a democracia ateniense
(demos: povo; krátos: poder). Importante lembrar que para ser cidadão em Atenas era preciso ser
homem, maior de 21 anos, nascido em Atenas e ter posses, que poderia ser uma casa ou alguns escravos.
Havia dois princípios que regiam a democracia ateniense, a isonomia e a isegoria. A isonomia
é a igualdade de todos os homens perante a lei e a isegoria era o direito de todo cidadão expor em público
suas opiniões e essas serem levadas em consideração nas tomadas de decisão. Para isso uma nova
educação foi introduzida e para dar aos jovens essa educação surgiram os Sofistas, primeiros filósofos do
período socrático. Nesse novo momento, a preocupação estava na formação do cidadão para o governo,
que visava a excelência moral e política, com virtudes cívicas a fim de gerir bem a pólis. Portanto, o ideal
nessa perspectiva era o cidadão ser um bom orador, para que na Ágora se pronunciasse fazendo a política
democrática com eficiência.
Nesse contexto surgem os sofistas, os mestres na arte de ensinar, conhecidos pela habilidade
da retórica, a arte de falar bem em público. Eles vinham de todas as partes do mundo grego e ocupavam-
se do ensino itinerante, sem o compromisso de se fixar. Assim eles cobravam por seus ensinamentos, o
que fez com que recebessem fortes críticas de Sócrates, que acreditava em uma educação pública e
gratuita. Além disso, Sócrates buscava a verdade, a essência das coisas, o que para os sofistas não existia.
Vale ressaltar que esses mestres pertenciam à classe média e, pelo fato de não serem suficientemente
ricos, não podiam viver o “ócio criativo”, que seria o tempo dedicado à atividade intelectual.
O Relativismo
Os mestres da retórica negavam a possibilidade de um conhecimento verdadeiro e
acreditavam que a verdade de um discurso estaria na adequação para um fim desejado. Portanto, a
capacidade que um cidadão tem de persuadir os demais é mais importante do que falar a verdade.
Conhecer é convencer.
Os sofistas não acreditavam que existiam verdades únicas e absolutas sobre nada, para eles a
oratória valia muito mais. Como já dito, cobravam por seus ensinamentos e ensinavam tanto grupos de
adultos quanto jovens, principalmente de famílias abastadas, que viam nos ensinamentos uma ascensão
na vida política. Considerando a importância da democracia na sociedade grega, saber falar bem
significava ser ouvido e quem desejava poder na vida política tinha muito apreço pelos sofistas, já que
eles despertaram o interesse pela dialética.
Com a perspectiva de que as leis, costumes, normas e valores eram frutos de convenções, eles
acreditavam que estas atividades e características eram relativas a cada sociedade. Saber argumentar,
apresentar razões na defesa das ideias seria fundamental. Os sofistas ensinavam a atacar e a defender,
uma coisa ou outra, quando conveniente. Portanto, conhecer argumentos contrários e favoráveis ao
mesmo assunto era fundamental.
Principais Sofistas
Protágoras de Abdera (492-422 a.C.)
Foi um dos principais mestres dos sofistas. Ele declarava que “o homem é a medida de todas
as coisas, das que são pelo que são e das que não são pelo que não são”.
Nesse contexto, vale ressaltar que a referência que Protágoras faz quanto ao ser humano, não
é a de um ser humano como sujeito universal do conhecimento, que encontra em si conhecimentos
acessíveis a todos os indivíduos. Mas ele faz referência a um ser singular, individual, ou seja, o que significa
falso para um indivíduo pode ser a verdade para outro. Portanto, a verdade de uma teoria sobre o
conhecimento humano, deve ser vista a partir de um olhar relativista.
Górgias de Leontinos (485-380 a.C.)
Ele é o autor do Tratado Sobre a Natureza e Sobre o Não Ser. Suas teorias concluíram que: o
ser não existe; caso o ser existisse, não seria cognoscível; e caso o ser fosse objeto de conhecimento, não
seria possível comunicá-lo pela linguagem.
Esses pensadores contribuíram muito para o desenvolvimento da democracia, já que os
cidadãos passaram a participar cada vez mais das assembleias na Ágora, a partir dos ensinamentos da
retórica, da oratória e da persuasão. O que fez com que o desenvolvimento da pólis fosse mais eficiente
na busca pelo ideal da isonomia e a isegoria, já que quanto maior fosse participação, mais gente teria nas
tomadas de decisões políticas da pólis. Assim, maior era o exercício da democracia.
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova
1. (Enem Libras 2017)
Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles que aboliram o critério,
uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que
a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a alguém ou opinado por alguém é
imediatamente real para essa pessoa.
KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 - adaptado.
O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de:
A. alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência.
B. justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais.
C. priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas.
D. preservar as regras de convivência entre os cidadãos.
E. analisar o princípio do mundo conforme a teogonia.
Comentários:
O comando da questão pede que identifique a assertiva que explicita qual é o objetivo do
relativismo que acompanha os sofistas. Esses pensadores acreditavam que não há verdades universais,
por isso priorizar a diversidade de entendimento acerca das coisas é fundamental.
a) A alternativa A está incorreta. A experiência era valorizada pelos empiristas.
b) A alternativa B está incorreta. Essa afirmativa caracteriza os pré-socráticos.
c) A alternativa C está correta. O conhecimento é relativo para os sofistas, portanto compreender
a diversidade é importante.
d) A alternativa D está incorreta. As regras não eram as mesmas nas pólis, não havendo, portanto,
uma que fosse verdade absoluta e irrefutável para ser preservada.
e) A alternativa E está incorreta. Por não acreditar em verdades absolutas, acreditar nos deusescomo
princípio não era uma postura sofista. Segundo o dicionário: teogonia (substantivo feminino) 1.
nas religiões politeístas, narração do nascimento dos deuses e apresentação da sua genealogia. 2.
conjunto de divindades cujo culto fundamenta a organização religiosa de um povo politeísta.
Gabarito “c”
Sócrates (469- 399 a.C.)
Sócrates nasceu em Atenas, no final do século V a.C., e é um dos principais filósofos do período
clássico. Filho de um escultor, Sofronisco, e uma parteira, Fenarete, tinha uma vida simples, não era
escravo, mas também não tinha escravos. Diz que o fato de sua mãe ter sido uma parteira o inspirou na
criação do método investigativo, a Maiêutica.
O filósofo grego propunha que, antes de
querer conhecer a natureza ou antes de querer convencer
os outros, é preciso conhecer a si e esse é o ponto de
partida de sua filosofia. Dedicava-se ao conhecimento de
si e todos que estavam ao seu redor também eram
incentivados a fazer o mesmo, com seus diálogos em
praças públicas.
Ao contrário de seus contemporâneos, os
sofistas, Sócrates acreditava na possibilidade de se chegar
à essência das coisas. Assim, ele buscava definições claras e únicas sobre o que determina a moral humana
em busca de uma verdade que servisse como critério para as ações dos indivíduos em sociedade. É
importante ter em mente que a filosofia de Sócrates buscava sempre a melhor forma de se agir em
sociedade, a fim de melhorar a vida na pólis.
A ironia e a maiêutica
Começaremos pela maiêutica socrática. Este método foi por ele desenvolvido para trazer aos
homens a luz do conhecimento, ou seja, uma ferramenta para chegar à essência das coisas. Na prática
consiste primeiro em duvidar de seu próprio conhecimento a respeito de um determinado assunto;
posteriormente, em levar a conceber, de si mesmo, uma nova ideia, uma nova opinião sobre o assunto
em questão. Por meio de questões simples, inseridas dentro de um contexto determinado, a maiêutica
dá à luz ideias complexas. Vejamos:
“Fui ter com um dos que passam por sábios, porquanto, se havia lugar, era ali que, para
rebater o oráculo, mostraria ao deus: "Eis aqui um mais sábio que eu, quando tu disseste que
eu o era!" Submeti a exame essa pessoa — é escusado dizer o seu nome; era um dos políticos.
Eis, Atenienses, a impressão que me ficou do exame e da conversa que tive com ele; achei que
ele passava por sábio aos olhos de muita gente, principalmente aos seus próprios, mas não o
era. Meti-me, então, a explicar-lhe que supunha ser sábio, mas não o era. A consequência foi
tornar-me odiado dele e de muitos dos circunstantes.
Ao retirar-me, ia concluindo de mim para comigo: "Mais sábio do que esse homem eu sou; é
bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e
não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um nadinha mais
sábio que ele exatamente em não supor que saiba o que não sei." Daí fui ter com outro, um
dos que passam por ainda mais sábios e tive a mesmíssima impressão; também ali me tornei
odiado dele e de muitos outros”.
(PLATÃO. Defesa de Sócrates. São Paulo: Abril Cultural, 1972. p 15v. 2.)
Percebe-se nos diálogos que Sócrates travou com homens, que considerava mais sábios, uma
discussão, um debate, a maiêutica, que permite que reconheçam sua própria ignorância, o que contribui
para o surgimento de um novo conhecimento. Por isso, sua filosofia constitui-se na busca pela verdade
por meio da investigação, da crítica e do questionamento, tornando a filosofia uma atividade investigativa
diante do mundo, e não um conjunto de saberes prontos e acabados.
A dialética socrática tinha como objetivo questionar as crenças habituais de seu interlocutor,
para posteriormente assumir sua ignorância e buscar um conhecimento verdadeiro. O método socrático
busca afastar a doxa (opinião) e alcançar a episteme (conhecimento). Por isso, a ideia de reconhecer que
nada sabe, é o princípio de sua filosofia, posto que o conhecimento parte do reconhecimento da própria
ignorância.
Seu método possui duas etapas, a ironia e a maiêutica.
● Ironia: diante de seu interlocutor, que diz ser conhecedor de algum assunto, Sócrates dizia
nada saber. Por meio de perguntas hábeis ele desconstrói as certezas de seu oponente até
que esse se veja obrigado a reconhecer a própria ignorância.
● Maiêutica: após destruir o saber de superficial de seu interlocutor, dava-se início à procura
da definição do conceito, de forma que cada um encontra-se dentro de si a verdade, a luz.
Caso a verdade não fosse encontrada, caso houvesse um impasse, dava-se o nome de
aporético (“incerteza”).
A busca pelo conceito
As questões que mais preocuparam Sócrates foram as que dizem respeito à vida em
sociedade, como o que é a coragem, o belo, a justiça, a amizade, a virtude e assim por diante. Ele buscava
chegar em definições que pudessem ser universais, que pudessem conduzir as ações dos indivíduos.
Portanto, o filosofar consiste exatamente na busca pela definição dos conceitos em busca das
verdades que sejam universais para contribuir com melhores e mais justas relações de vida na pólis.
Foi esse desejo de despertar o filosofar nos jovens que fez com que Sócrates fosse condenado
à morte, já que ele os levou a duvidar dos valores tradicionais atenienses. Para sair do preconceito (doxa)
é preciso não aceitar passivamente o que era posto como verdade incontestável. Essa atitude, os
questionamentos de Sócrates, ameaçava os mais poderosos, que o julgaram e o condenaram à morte,
sob a acusação de corromper a juventude.
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova:
2. (ENEM 2017)
Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte: o contato de Sócrates paralisa embaraça, leva a
refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades
sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa
influência poderosa, que os leva a se censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que
ele tenta imprimir sua orientação.
BRÉHER, E. História da filosofia São Paulo. Mestre JOL. 1977
O texto evidencia características do modo de Vida socrático, que se baseava na
A. Contemplação da tradição mítica
B. sustentação do método dialético.
C. relativização do saber verdadeiro.
D. valorização da argumentação retórica.
E. investigação dos fundamentos da natureza.
Comentários:
A questão aborda o método dialético que Sócrates denomina: Maiêutica. Para o filósofo,
ninguém é capaz de ensinar alguma coisa à outra pessoa. Somente ela mesma pode tomar consciência,
dar à luz a ideias. O diálogo é a forma de atingir o conhecimento. Por isso, é importante concluir a
maiêutica. Nela, a partir da reflexão, o sujeito parte do conhecimento mais simples que já possui e segue
em direção a um conhecimento mais complexo e mais perfeito.
a) A alternativa A está incorreta. Sócrates posiciona o olhar filosófico para o ser humano e não mais
para as tradições míticas.
b) A alternativa B está correta. Conforme o comentário acima.
c) A alternativa C está incorreta. Essa aqui refere-se aos Sofistas. Sócrates defende a verdade e não
a sua relativização.
d) A alternativa D está incorreta. Sofistas novamente. Por isso, é importante ter uma aula de filosofia
cronológica. Com esse método, já eliminamos duas alternativas.
e) A alternativa E está incorreta. Os fundamentos da Natureza são estudados, nesse período, por
aqueles que vulgarmente chamamos de Pré-Socráticos. Esses filósofos tinham a natureza como
seu objeto de estudo.
Gabarito “b”
PLATÃO (427 - 347 a. C.)
Platão é um dos filósofos mais importantes na História da
Filosofia. Nascido de uma família aristocrática, conheceu
as maravilhas da democracia ateniense e tornou-se
discípulode Sócrates aos vinte anos, por isso muito de
sua filosofia apresenta a influência de seu mestre, nos
primeiros diálogos. Posteriormente ele cria uma filosofia
própria. Porém, logo após a condenação de Sócrates e a
derrota de Atenas na guerra contra Esparta, convulsões
sociais passaram a agitar a cidade e a Atenas que Platão conheceu foi se transformando, quando em 404
a.C., a aristocracia assumiu o poder. Diante de tais fatos, o filósofo passou a duvidar da eficiência do
sistema democrático. A pólis grega tinha então perdido sua democracia e seu povo encontrava-se
desorientado.
Tripartição da alma
No diálogo platônico Fedro, Sócrates, que é o personagem principal, quer entender acerca da
natureza da alma. Ele parte da ideia de que a alma seria uma natureza presente entre o divino e o mundo,
com a função de buscar o conhecimento. Porém essa busca depende de qual alma está no “comando”.
A partir da teoria dos dois mundos de Platão e do fato do ser humano ser constituído por
corpo e alma e levando em consideração que somente a alma pode alcançar o mundo inteligível, ou seja,
os conhecimentos verdadeiros, o filósofo utiliza-se de mais um mito para explicar a divisão dessa alma em
três partes.
O “Mito do cocheiro”, nesse mito temos a imagem de uma carruagem, que é guiada por um
cocheiro. Tal carruagem é puxada por dois cavalos, um cavalo bom e obediente e outro mau e
desobediente. Veja:
A alma pode ser comparada com uma força natural ativa que unisse um carro puxado por uma
parelha alada e conduzido por um cocheiro [...]. O cocheiro que nos governa, rege uma
parelha, na qual um dos cavalos é belo e bom, de boa raça, enquanto o outro é de má raça e
de natureza contrária. Assim, conduzir nosso carro é ofício difícil e penoso.
(PLATÃO, s/d, p. 151-152).
A carruagem seria o próprio homem, onde o condutor da carruagem, o cocheiro, seria a alma
racional. A parte racional deve comandar os cavalos, conduzir a carruagem. O cavalo bom e obediente,
portanto, fiel ao cocheiro, seria a alma irascível ou colérica e se refere a manutenção da segurança do
corpo e da vida. Já o cavalo mau e desobediente seria a alma apetitiva ou concupiscente, a alma que busca
as coisas materiais e a satisfação dos desejos e prazeres corporais.
Portanto:
1- Alma Racional ou Intelectual:
● busca conhecimento sob a forma de percepções e opiniões empíricas e sob forma de ideias
verdadeiras do puro pensamento;
● deve reger a vida humana;
● Situada na cabeça.
2- Alma Colérica ou Irascível:
● se ocupa da defesa e guerra, reage a dor na defesa da vida;
● defende o corpo de agressões do meio ambiente e dos humanos;
● situada no peito.
3- Alma Apetitiva ou Concupiscente:
● busca a satisfação dos apetites do corpo;
● tanto os necessários à sobrevivência quanto os de simples prazer;
● situada no ventre.
Com essas definições Platão deixa claro que é necessário que a alma racional, com a ajuda da
alma irascível, deve dominar a alma apetitiva. É tarefa moral da alma racional se sobrepor e dominar as
outras duas, harmonizando-as. A coragem e força são virtudes da alma racional, ela que preserva a
integridade do ser humano e discerne sobre o que é bom ou mau para a vida do corpo.
A Política de Platão (A República)
Platão muito se importou com a vida na cidade, e como dito no início dessa aula sobre esse
pensador, ele que se viu decepcionado com a democracia, escreve em sua obra A República, os caminhos
que a política deveria seguir para governar a pólis.
A felicidade dos cidadãos e o cumprimento da justiça deveria ser o bem maior alcançado pelo
governante.
O mais apto a governar, portanto, seria o mais sábio, aquele que tem sua alma racional no
comando das decisões. Esse sistema político era denominado de sofocracia (Sophos: sábios; Kratia:
poder). Assim como a alma possuía três partes, a polis também teria que ter três classes sociais
distribuídas de acordo com as aptidões de cada cidadão.
Platão dividiu a cidade em três classes sociais:
1- Produtores:
● responsáveis pela sobrevivência da cidade;
● artesãos, agricultores e comerciantes;
● Alma apetitiva.
2- Guardiões:
● classe militar dos guerreiros;
● responsáveis pela defesa da cidade;
● os soldados;
● Alma irascível.
3- Governantes:
● classe dos magistrados;
● garantem o governo da cidade sob as leis;
● Alma racional.
Na cidade ideal, Platão propõe que o Estado assuma a educação das crianças a partir dos 7
anos de idade, para que laços afetivos não desvirtue suas aptidões. Essa educação teria em vista preparar
e encaminhar os indivíduos para exercerem suas funções fundamentais na vida coletiva. Todos seriam
educados da mesma forma até os 20 anos, após esse tempo ocorreria a identificação da alma que
comandaria esses indivíduos, os que possuem “alma de bronze” dedicam-se à agricultura, comércio e
artesanato.
Os outros continuariam seus estudos por mais 10 anos, onde seriam selecionadas as “almas
de prata”, que seriam destinadas à guarda do Estado, à defesa da cidade.
Por último, os mais notáveis, que seriam as “almas de ouro”, são instruídos na arte de pensar
a dois, ou seja, dialogar, por isso estudam a filosofia a fim de buscar o conhecimento verdadeiro. Somente
com 50 anos, aqueles mais aptos, que passaram por toda essa seleção descrita, tornam-se magistrados e
cabe a eles governar a cidade, já que seriam os únicos a conhecer a ciência política e os mais justos.
Veja como esse assunto é cobrado na Prova
3. (Enem PPL 2012)
Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se
desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto
pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em
razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à Escolha
uma:
a) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade.
b) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade.
c) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade.
d) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente.
e) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas.
Comentários:
Essa questão aborda dois filósofos clássicos, Platão e Aristóteles. A questão pede para
assinalar a alternativa que mostra a base do pensamento desses clássicos. Para tanto, é preciso saber que
a busca pela verdade é racional para os dois. Platão buscava a verdade no mundo inteligível e Aristóteles
no mundo material, porém ambos se pautam na racionalidade na busca pela verdade, sabendo disso a
alternativa D contempla tal questão.
a) A alternativa A está incorreta. Mais pra frente você verá a respeito do Empirismo, o qual trabalha
a ideia do conhecimento pela experiência. Trataremos com mais profundidade na aula de
epistemologia.
b) A alternativa B está incorreta. O senso comum não é critério de verdade para esses Filósofos.
c) A alternativa C está incorreta. Essa alternativa está com a cara do Sócrates, não é mesmo? Por
isso, a D se adequa muito mais ao dispositivo da questão.
d) A alternativa D está correta. Conforme descrito no comentário acima.
e) A alternativa E está incorreta. Ambos se pautavam na racionalidade. Contudo, Platão preconizava
a busca da verdade por meio do mundo inteligível, do mundo das ideias. O conceito de evidências
empíricas ficará mais claro para você, querido aluno(a), quando estudarmos a ciência, dentro do
campo daepistemologia.
Gabarito “d”
Aristóteles (384 - 322 a. C.)
Aristóteles nasceu em Estagira, na Macedônia, por isso é
comumente chamado de estagirita. Foi discípulo de Platão,
frequentou a Academia de seu mestre desde os 17 anos em
Atenas e lá permaneceu até os 39 anos, quando morreu Platão.
Esse episódio levou o filósofo de volta à Macedônia, lugar em
que se tornou professor de Alexandre. Convidado pelo
imperador Filipe da Macedônia, pai de Alexandre, o futuro
imperador conhecido como Alexandre, O Grande, foi discípulo
de Aristóteles. Em 335 a.C, Alexandre assume o trono e
Aristóteles volta para Grécia, local em que constrói sua própria
escola, o Liceu.
A ética de Aristóteles
Aristóteles foi fundamental no campo da ética e da política, afinal, a vida humana não se
resume ao intelecto, mas também encontra sua expressão na ação, e as ações todas tendem a um fim, a
uma bem maior, um bem supremo, a felicidade.
Em sua obra Ética a Nicômaco, o filósofo examina os bens desejáveis como prazeres e a
riqueza, honra, fama e chega à conclusão que todos eles visam sempre à outra coisa, eles são meios para
alcançar um fim, o sumo bem, aquele que é o fim em si mesmo, ou seja, a felicidade.
Felicidade para esse pensador é mais do que bens materiais ou satisfação dos prazeres, ele
acreditava que o aperfeiçoamento da capacidade intelectual é a forma de encontrar o bem supremo. A
atividade mais excelente da alma está na capacidade de agir em conformidade com a racionalidade.
Aristóteles diz que o ser humano possui três almas e cada uma tem sua função (pensar, sentir e produzir),
para que o homem tenha um agir moral, ou um agir virtuoso, é preciso que a alma racional esteja no
comando. Apetites e instintos opõem-se à razão, mas se submetidos a ela, as ações humanas passam a
ser virtuosas, passam a ser atos morais.
A vida moral não se resume a um ato moral, mas à repetição desses atos, ou seja, o agir
virtuoso não é um acaso, não nascemos virtuosos, mas por meio do hábito, que nasce do desejo de
preservar o bem, nos tornamos virtuosos. Por isso pensar a felicidade significa pensar em uma vida inteira
e não em um momento feliz, visto que a felicidade é a virtude e a virtude se encontra na justa medida, no
justo meio, como afirma:
“A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa
mediania, isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional
próprio do homem dotado de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por
excesso e outro por falta; pois que, enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do
que é conveniente no tocante às ações e paixões, a virtude encontra e escolhe o meio-termo.”
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p 273. (Coleção Os
Pensadores)
Portanto, a teoria da mediania de Aristóteles consiste em agir virtuosamente, encontrar o
equilíbrio entre dois extremos, os quais ele chama de “vícios”. Os vícios estão nos excessos ou na escassez,
portanto, a virtude está no meio-termo. A ética para Aristóteles está na subordinação de seus apetites e
instintos à razão, e com isso a busca pelo bem maior, pela felicidade, depende das ações virtuosas que
aprendemos a partir do hábito.
O animal político
Já no campo da política propriamente dita, o filósofo diz muito sobre a justiça. Nesse campo
ele parte do princípio de que o indivíduo bom é generoso, porque não pensa apenas em si, mas orienta-
se para atender as necessidades dos outros. Assim a justiça pode ser individual, quando se refere às
relações entre as pessoas, aplicada à própria pessoa e aos outros, ou social, quando se refere às relações
entre os indivíduos e o governo, estabelecidas em lei. Por isso, dependendo do caso, a justiça pode ser
uma virtude moral ou uma virtude política.
Vale lembrar que o filósofo via a justiça em dois termos, o da proporção e o da igualdade. Para
fazer justiça é preciso distribuir bens em sua devida proporção, analisar o mérito de cada um e a
necessidade, ou seja, tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais na medida de sua
desigualdade. Portanto, a justiça deve ser distributiva e levar em consideração as diferenças entre as
pessoas, assim como uma mãe o faz ao servir uma refeição aos seus filhos, as quantidades são oferecidas
de acordo com a idade, com as condições de saúde e apetite de cada criança.
A amizade para o filósofo é fundamental no que tange a justiça. É na amizade que existe o
coroamento da vida virtuosa, visto que nela a generosidade, a benevolência e a reciprocidade de
sentimentos existem e com isso a justiça é praticada. Na vida em sociedade essa relação estaria na
concordância entre as pessoas com ideias semelhantes e de interesses comuns, o que resultaria em um
companheirismo. Por isso o filósofo ressalta a importância da educação na formação ética dos indivíduos
para prepará-los para a vida em sociedade.
Segundo Aristóteles, o ser humano é um “animal político”, as pessoas são seres sociais,
nasceram para viver em comunidade, não sendo possível a realização e a felicidade sem o convívio com
outras pessoas. A política, para o pensador, é superior à ética, pois a verdadeira liberdade, sem a qual não
pode haver vida virtuosa ou ética, só é conseguida na pólis. Por isso, a finalidade da política é a vida justa,
a vida bela, a vida livre, da qual depende a atividade ética ou moral dos indivíduos. A política é a ética
aplicada à vida pública. A ética se dirige a um bem individual enquanto a política a um bem comum e o
bem comum deve vir antes do bem individual.
“O Estado, ou sociedade política, é até mesmo o primeiro objeto a que se propôs a natureza.
O todo existe necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos, não
são senão as partes integrantes da cidade, sendo todas subordinadas ao corpo inteiro, todas
distintas por seus poderes e suas funções, e todas inúteis quando desarticuladas, semelhantes
às mãos e aos pés que, uma vez separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem
servir a nada na realidade, como a mão de pedra. O mesmo ocorre com os membros da cidade:
nenhum deles pode bastar-se a si mesmo. Assim, a inclinação natural leva os homens a este
gênero de sociedade.”
(ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991. P. 3-5)
Sua obra intitulada “Política” é considerada um dos primeiros tratados sobre a arte de
governar a polis. Foi devido, em grande medida, a essa obra clássica que o termo Política se firmou nas
línguas ocidentais.
A natureza do ser humano não conduz apenas ao surgimento do Estado, mas afeta todas as
relações humanas. Porém, para Aristóteles, nem todos têm o direito de participar da vida política: o
direito de exercer a cidadania era reservado ao homem (e não à mulher) e ao ser livre (e não ao escravo).
O cidadão da pólis é aquele que participa da vida política da cidade, que ocupa cargos na administração
pública. Escravos, estrangeiros, homens livres, artesãos, comerciantes e trabalhadores braçais, ou seja,
os trabalhadores em geral, não eram cidadãos, já que esse exercício exigia dedicação integral, quem
trabalha não tem tempo para outra atividade, não tinha tempo para se dedicar à política. Eram excluídos
do papel de cidadão e tornavam-se meios para atingir a felicidade dos verdadeiros cidadãos.
Como homem de seu tempo, o pensamento aristotélico traz o preconceito da cultura grega
na qual estava inserido. Quanto à melhor forma de governo, o filósofo investigou as instituições políticas
e os modos de governar capazes de propiciar uma melhor maneira de viver em sociedade. Ele considerava
essa investigação fundamental, pois acreditava que a cidade é uma criação natural e o homem, por
natureza, um animal social e político. A organização social adequada à natureza do homem só poderia ser
a pólis,que é vista como um fenômeno natural, uma vez que os indivíduos não são isoladamente
autossuficientes.
A virtude maior do bom governante, e que não se acha em qualquer um, é a prudência. O
homem prudente será capaz de agir visando o bem comum. Ele usa o critério da quantidade para
distinguir as formas de governo e em seguida o de valor. As formas de governo são boas, quando visam o
interesse comum e más quando tem como objetivo o interesse particular.
Ele classifica três formas de governo possíveis:
1. Monarquia: governo de um só – (tirania, seu extremo)
2. Aristocracia: governo de grupo pequeno – (oligarquia – prevalece interesse dos ricos, seu
extremo)
3. Politéia: governo da maioria (demagogia, seu extremo)
Prefere a politéia como forma de governo, apesar de considerar as outras formas corretas e
adequadas, desde que não chegue aos seus extremos. O problema da política, um tipo de democracia
constitucional, é a tensão política e a luta entre ricos e pobres. O regime que conseguir conciliar esses
antagonismos conseguirá assegurar paz social. Por isso que Aristóteles retoma a noção do meio-termo do
campo da ética. Sugerindo que a classe média – nem ricos nem pobres -- possuem as condições para criar
política estável.
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova
4. (Enem PPL 2013)
O termo injusto se aplica tanto às pessoas que infringem a lei quanto às pessoas ambiciosas (no sentido
de quererem mais do que aquilo a que têm direito) e iníquas, de tal forma que as cumpridoras da lei e as
pessoas corretas serão justas. O justo, então, é aquilo conforme à lei e o injusto é o ilegal e iníquo
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 (adaptado).
Segundo Aristóteles, pode-se reconhecer uma ação justa quando ela observa o
A. compromisso com os movimentos desvinculados da legalidade.
B. benefício para o maior número possível de indivíduos.
C. interesse para a classe social do agente da ação.
D. fundamento na categoria de progresso histórico.
E. princípio de dar a cada um o que lhe é devido.
Comentários:
Para solucionar essa questão é preciso ter em mente que o que é justiça para Aristóteles, além
de dominar o vocabulário do excerto. A palavra iníquo (adjetivo: 1-contrário à equidade, ao que é justo.
2- mau, perverso, malévolo).
O comando da questão pede que assinale a alternativa que defina o que é a ação justa para
esse filósofo. A justiça para esse pensador está no justo meio, na equidade, em dar a cada um o que lhe
é devido.
a) A alternativa A está incorreta. Se existem normas, leis, elas devem ser respeitadas.
b) A alternativa B está incorreta. Os benefícios devem ser dados a quem precisa e não para a maioria.
Pois, nessa maioria, pode ter quem precisa e não recebe e quem não precisa e recebe tais
benefícios, tornando injusta ação.
c) A alternativa C está incorreta. As ações devem promover o bem comum a todos e não só a quem
promove ação.
d) A alternativa D está incorreta. A justiça olha além do processo histórico.
e) A alternativa E está correta. Atende ao conceito de justiça, dar o que se deve para quem precisa.
Gabarito “e”
Helenismo
Período que compreende o final do século IV a.C. até o século II d.C. O rei Filipe da Macedônia
aproveita a fragilidade das Cidades-Estado para conquistar a Grécia e seu filho Alexandre, O Grande
expandiu as conquistas. É nesse momento que surge o helenismo, que tem como características a síntese
das culturas gregas e oriental. Como consequência política houve o desmoronamento da importância
sociopolítica da pólis. As pólis não decidem mais os seus destinos, passam a integrar vasto império onde
o poder está centralizado (perda da liberdade política). O homem grego tornou-se súdito.
Diante desse cenário, o homem não representa mais a mesma importância na comunidade,
agora ele é um simples súdito de um vasto império. Como consequência moral houve a perda da
importância política individual fez muitos se dedicarem cada vez mais à busca da felicidade pessoal
através da religião ou da Filosofia.
As principais escolas filosóficas do Período Helenístico foram o cinismo, o ceticismo, o
epicurismo e o estoicismo. Todas procuravam, basicamente, estabelecer um conjunto de preceitos
racionais para dirigir a vida de cada um e, através da ausência do sofrimento, chegar à felicidade e ao
bem-estar.
O Cinismo
O Cinismo surgiu em Atenas por volta dos séculos III e IV a.C. e
teve Antístenes (440 – 336 a.C.), um filósofo grego, como iniciador dessa
filosofia. Apesar de ter sido Antístenes estreante do cinismo e o criador de
suas principais teses, não podemos falar de cinismo sem falar de Diógenes
de Sínope (413 – 323 a.C.), que foi discípulo de Antístenes e tornou-se o
maior representante do cinismo. A palavra cinismo significa cão em latim e
grego, mas ela não tem relação com a forma que empregamos o termo
cinismo atualmente, sendo o cínico alguém dissimulado. Aqui, na filosofia
de Diógenes, o cinismo está relacionado ao modo como esses pensadores
vivem como “cães”.
Como todos os filósofos helenistas, os cínicos buscavam um modo de viver que leva à
felicidade. Para eles as pessoas deveriam agir sem se preocupar com as convenções sociais ou qualquer
norma de conduta, assim como vivem os animais. Uma vida sem metas sociais, sem necessidade de
conforto ou moradia fixa é o caminho da felicidade.
A missão que Diógenes se propôs foi a de demonstrar como o homem tem sempre à sua
disposição o que é necessário para ser feliz, desde que saiba dar-se conta das efetivas exigências da sua
natureza. Ele proclamou a liberdade de palavra e junto dela a liberdade de ações, uma liberdade às vezes
levada ao limite da imprudência. O método de Diógenes, servia para conduzir à liberdade e à virtude e,
portanto, à felicidade. Consiste numa prática de vida própria que visa equilibrar o físico e o espírito ante
as fadigas impostas pela natureza. O desprezo do prazer é fundamental na vida do cínico. Seu ideal
supremo era bastar-se a si mesmo. O não ter necessidade de nada.
O Ceticismo
O maior representante do ceticismo foi Pirro de Élida (360 - 270 a. C.). Ele fez parte do Exército
de Alexandre, o Grande, e suas viagens muito contribuíram na construção de sua filosofia cética. O fato
de Pirro ter passado por muitos lugares com Alexandre, fez ele notar que as convicções gregas, as
verdades até então ditas como inquestionáveis, não passavam de um modo particular de ver o mundo,
cada lugar, cada sociedade tem seu modo de encarar as leis, a justiça, a coragem. Como tudo é incerto,
aquele que se prende a verdades absolutas está propenso à infelicidade.
As coisas são em si indiferenciadas, incomensuráveis e indiscrimináveis, ou seja, não têm em
si uma essência estável, e por isso seu ser se reduz à puras aparências. A busca pela felicidade deve ter
caráter ético, visto que o que existe como verdade não passam de meras opiniões. Por isso a postura do
ser humano deve ser a de abster-se de julgar. O sábio é aquele que suspende seu juízo, que não faz
julgamentos. É essa indiferença que levaria o homem à felicidade, já que não este não vai mais se
angustiar ou perder a paz interior buscando a verdade. Esse é o conceito de epoché, suspensão do juízo.
A atitude que o sábio deverá assumir é a da afasia, ou seja, não expressar qualquer julgamento
definitivo, e com isso alcançar a ataraxia, ou imperturbabilidade (não se deixar perturbar por nada).
Quanto mais igual o sábio aprende a viver, mais feliz ele vai ser.
O Epicurismo
Epicuro (341 - 270 a.C)
Nascido na ilha de Samos, Grécia, Epicuro foi um filósofo
do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido. Houve
muitos centros epicuristas que se desenvolveram na Jônia e Egito e
no século I já havia atingido Roma. Deu origem a filosofia baseada no
prazer da amizade. Seuspensamentos refletem sobre a felicidade.
Sobre a vida, ele dizia ser única e terrena, não acreditava
na imortalidade, a vida era uma tragédia para o pensador, por isso,
afirmava ser um dever do homem tornar a vida presente a melhor
possível e essa vida se realiza na satisfação dos prazeres, o que
caracteriza sua filosofia hedonista. Porém, ao falar do prazer o
pensador deixa claro que esse prazer deve ser moderado. Cultivar a felicidade da vida simples, saber
aproveitar o que tem e evitar ambição de querer sempre mais.
Ao dedicar-se a satisfazer os prazeres, é preciso antes notar qual prazer gera outro prazer. Por
isso, a Ética de Epicuro classifica os prazeres como naturais e necessários, naturais e não necessários e os
não naturais e não necessários.
● Naturais necessários: sem a satisfação desses prazeres não viveríamos, são eles que nos mantêm
vivos. São nossos instintos, desejos naturais. Como por exemplo: água, para não morrer de sede;
comida, para não morrer de fome; calor; para não morrer de frio.
● Naturais não necessários: são prazeres, desejos naturais, mas não são necessários para nossa
existência. Porém, desejar mais do que apenas conservar a vida acaba pertencendo à vida urbana,
existe uma passagem da existência para uma estética da existência. Mais do que comer, agora é
possível criar a arte de cozinhar. Mais do que ver, e ouvir, é possível pintar e fazer música, arte das
cores e dos sons.
● Não naturais e não necessários: esses desejos são os que devem ser evitados, eles tendem ao vício,
perambulam no terreno das ilusões e da superstição. Para Epicuro é aqui que nascem os deuses e
os demônios, são desejos que se distanciam da realidade. Dinheiro como deus, fama, glória,
santidade. Inscritos no canal, visualizações e seguidores nas mídias sociais são exemplos desses
desejos, que não agregam, são vazios, alienam, nos impedem de atingir uma vida natural e de
prazer.
É possível concluir, de acordo com Epicuro, que os desejos não naturais e não necessários
causam mais aflição que prazer, por isso deve-se evitá-los. Seguindo o pensamento do filósofo grego, a
felicidade é possível a todos, basta procurar nos lugares certos. Uma vida prazerosa e divertida é o desejo
de muita gente e Epicuro não era contra a satisfação dos prazeres, pelo contrário, mas deixava claro que
a felicidade é um tema mais profundo e a filosofia pode auxiliar nessa jornada.
Por não entendermos nossas necessidades, nos tornamos vítimas de desejos substitutos.
Porém, o pensador nos deu algumas dicas para facilitar nossa busca pela felicidade. Ele pregou a doutrina
do egoísmo, mas um tipo novo de egoísmo, um egoísmo esclarecido, que é pautado na ideia de dar e
receber, ou seja, é preciso dar prazer a para receber prazer. Em outras palavras, ser egoísta é não ser
egoísta, posto que o indivíduo tende a desejar ser bem tratado.
Eis alguns princípios para uma vida feliz pautada nessa teoria filosófica epicurista
● TER AMIGOS: A ideia remete que amigos, enquanto companhias permanentes, traz benefícios.
Antes de beber e comer qualquer coisa, pense em companhia de quem você vai fazer isso, mais
do que no que vai comer ou beber, alimentar-se sozinho não é para seres humanos.
Aos 35 anos, Epicuro comprou um casarão nos arredores de Atenas e
convidou seus amigos para morar com ele, pois acreditava que para se
beneficiar das amizades é preciso estar sempre com seus amigos, devem ser
companhias permanentes.
● SER LIVRE: Para ser livre é preciso ter independência financeira, ser autossuficiente, sem obter de
chefes tirânicos para obter a renda. Epicuro dizia que a cidade é ambiente de fofocas e com
atmosfera competitiva, por isso afastou-se da cidade e foi viver em uma comunidade alternativa.
● TER UMA VIDA BEM ANALISADA: é preciso ter tempo para fazer uma análise do que nos preocupa,
para isso temos de nos afastar das distrações do mundo comercial, do mundo urbano e pensar
sobre nós mesmos. Compreender o que de fato nos faz feliz só nos faz feliz exige um
distanciamento das distrações que despertam os desejos não naturais e nem necessários.
A riqueza sem amigos, sem liberdade e sem reflexão não traz felicidade. Não que o dinheiro
seja um mal, mas sozinho ele não é capaz de sanar nossos desejos. Mesmo que não tenha riqueza em
excesso, mas ainda sim tenha amigos, tenha uma vida bem analisada e seja autossuficiente, não haverá
muito problema para chegar à felicidade, segundo Epicuro.
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova
5. (Enem 2014)
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não
são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou
parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff,
1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim
A. alcançar o prazer moderado e a felicidade.
B. valorizar os deveres e as obrigações sociais.
C. aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
D. refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
E. defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
Comentários:
Para responder essa questão é preciso saber que Epicuro procurou pensar os desejos e os
prazeres como formas de alcançar a felicidade de forma segura e tranquila. Não confundir as ideias de
Epicuro com qualquer forma de hedonismo: para ele o prazer e, por conseguinte, o desejo estão
relacionados à Natureza, como, por exemplo, à saúde e às necessidades do corpo. Fugir dos excessos,
assim como dos desejos artificiais era o ponto de partida da temperança. O conhecimento das ideias de
Epicuro, juntamente com o excerto da questão leva a alternativa A como correta.
a) A alternativa A está correta. Observando os comentários acima nota-se porque está
correta.
b) A alternativa B está incorreta. Epicuro não gostava da vida política e social, a sociedade
provoca competição e desejos não naturais.
c) A alternativa C está incorreta. Na vida devemos ir atrás da satisfação dos prazeres.
d) A alternativa D está incorreta. Epicuro não acreditava nos valores das divindades, para ele,
os deuses, perfeito, eterno e imortal, não estavam preocupados com a humanidade.
e) A alternativa E está incorreta. Como filósofo, a sabedoria é o cerne da vida.
Gabarito “a”
O Estoicismo
Zenão (333-262 a.C.)
Foi fundador do estoicismo, nascido em Chipre, em 308 a.C. começou a ensinar na stoá poikíle
("pórtico pintado") em Atenas. Da palavra stoá derivou o nome da Escola Estóica.
O estoicismo tem traços do epicurismo como a defesa do materialismo, a negação da
transcendência divina e a ideia da filosofia como arte de viver, porém, não acreditava no prazer como
fonte de felicidade, mas como fonte de todos os males.
É fundamental destacar a importância da natureza nessa filosofia. Para o estoicismo, o ser
humano deve viver de acordo com o que é natural. A partir dessa concepção ética, o ser humano seria
um microcosmo dentro na natureza que seria o macrocosmo. Para que seja possível atingir a verdadeira
felicidade é preciso que as ações humanas estejam de acordo com o macrocosmo, ou seja, de acordo com
o que a natureza determina, visto que os estóicos tinham uma visão panteísta, que significa que a natureza
está impregnada à razão divina.
[...] A razão, não exige do homem mais do que esta coisa facílima: viver segundo a sua própria
natureza[...] (CARTA 41, 8)
A aceitação, entender que os fatos da vida são inevitáveis porque são naturais, nos leva a
ataraxia (estado de paz interior), a tranquilidade da alma é alcançada por meio do autocontrole, de uma
vida disciplinada, que seconstrói somente com o que é necessário à sobrevivência. O homem vive
racionalmente, portanto, cabe à razão colocar a vontade acima dos instintos e assim atingir a harmonia
de vida, a sabedoria. A verdadeira liberdade está em querer o que o destino quer. Amor ao destino.
[...] A felicidade não é mais que a segurança e a tranquilidade permanentes. Quem no-las
proporciona é a grandeza da alma [...] Os meios de atingir este estado estão na plena
consideração da verdade[...] a moderação, a moralidade, a inocência e a benevolência de uma
vontade sempre atenta à razão[...](CARTA 92, 3)
Sêneca (4a.C. - 65d.C.)
Autor de Cartas a Lucílio, citadas acima, foi um importante
representante do estoicismo e viveu no período de Jesus Cristo. Sua filosofia
dizia que a origem dos vícios reside numa vontade fraca que subordina a
razão aos prazeres fortuitos.
[...] Os grandes homens mostravam como era preciso viver e
não como viviam. Não falo de mim, mas de virtude. E, quando
combato os vícios, começo pelos meus. No dia em que puder,
viverei como devo viver [...]
(DE VITA BEATA, XVIII in ULLMANN, 1996, p. 65)
O homem sábio opta pelos prazeres da alma, os quais são calmos, inesgotáveis, ternos,
moderados e discretos. Ao homem resta apenas a sua liberdade interior, que só se alcança com o
autodomínio. Saber distinguir o que pode ser mudado do que não pode ser mudado e aceitar de forma
serena, é resultado desse autodomínio, que nos permite atingir a paz de espírito.
Notadamente as influências do estoicismo atingem o cristianismo. Vemos o cristianismo
elogiar o autocontrole, a submissão diante os acontecimentos e sofrimentos da vida, a aceitação em nome
de um Deus que tudo provê de acordo com as necessidades.
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova
6. (Enem PPL 2017)
XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “Eu a restituí”. O filho morreu? Foi
restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi
restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede
de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do
mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria.
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado).
A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é
a) explicar o mundo com números.
b) identificar a felicidade com o prazer.
c) aceitar os sofrimentos com serenidade.
d) questionar o saber científico com veemência.
e) considerar as convenções sociais com desprezo.
Comentários:
Essa questão exige seu conhecimento acerca dos princípios do estoicismo. A aceitação da
própria vida é o ponto de partida dessa filosofia. Ter a compreensão de que os fatos da vida são
inevitáveis, porque são naturais, nos leva a um estado de paz interior. A tranquilidade da alma é alcançada
por meio do autocontrole. O homem vive racionalmente, portanto, cabe à razão colocar a vontade acima
dos instintos e assim atingir a harmonia de vida, a sabedoria. A verdadeira liberdade está em querer o que
o destino quer. Amor ao destino.
O comando da questão pede que assinale a alternativa que melhor representa o estoicismo.
a) A alternativa está incorreta. Não, o filósofo pré-socrático Pitágoras é quem utilizava os números
para explicar o mundo.
b) A alternativa está incorreta. Esse pensamento pertence ao Epicurismo e não ao Estoicismo.
c) A alternativa está correta. A vida está dada e precisamos aceitá-la, amor o destino significa sofrer
menos.
d) A alternativa está incorreta. A ciência não é a base do estoicismo, mas sim a resiliência.
e) A alternativa está incorreta. O desprezo pelas convenções sociais vem do cinismo.
Gabarito “c”
Patrística
A patrística tem início no século I e se estende até o século VII. O termo busca designar os pais
da Igreja Católica, que constituíram o pensamento filosófico do período com base nas Sagradas Escrituras
Cristã. Compreender as bases da patrística é fundamental para entender a ética cristã .
A patrística tem como característica a defesa da fé Cristã, sendo tal fé superior a qualquer
outra, pertencente às religiões que denominaram de pagãs. O pensamento filosófico e cultural grego foi
instrumento para justificar a fé cristã, assim como seus dogmas, seus valores e sua moral.
Os padres da igreja tinham de esclarecer questões filosóficas para as quais não havia respostas
evidentes na Bíblia. Por exemplo, como Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem? A partir do que Deus
criou o mundo, de matéria preexistente ou do nada? Os Padres da Igreja tinham de voltar-se para a
filosofia grega para dela conseguir auxílio em suas especulações a respeito dessas difíceis perguntas.
(GILSON, 1995, p. 51)
A patrística, portanto, defende a subordinação da razão em relação à fé, por crer que esta
venha restaurar a condição decaída da razão humana, ela é responsável pela elucidação progressiva dos
dogmas cristãos e pelo que se chama hoje de Tradição Católica.
Agostinho de Hipona (354 -430)
Aurelius Augustinus converteu-se ao Cristianismo após 33 anos de uma vida mundana e
libertina, apesar de ser filho de mãe cristã. Tornou-se Bispo na cidade de Hipona no ano de 395, cargo
esse que exerceu até a sua morte.
Converteu-se ao cristianismo por influência de sua mãe e construiu sua filosofia baseada no
pensamento de Platão, por isso sua filosofia conhecida como neoplatonismo. Aliou a filosofia de Platão à
fé católica e escreveu muitas obras, mas algumas ganharam maior destaque, como Confissões, De
magistro, A cidade de Deus e O Livre-arbítrio.
A ética agostiniana
A busca de um ideal de homem percorre toda a história da filosofia. Analisar a melhor conduta
entre os homens, as regras e normas que devem reger seu comportamento sempre foi objeto de reflexão.
O homem ideal no período da patrística era o homem cristão, aquele que obedecia aos
valores expostos no Livro Sagrado Cristão.
Agostinho, tinha uma visão ética que diz:
Deus, portanto, é bom de um modo que é só seu...porquanto o bem pelo qual Ele é bom é Ele
mesmo. O homem, ao invés, é bom enquanto a sua bondade deriva de Deus... E por virtude
do Espírito de Deus que os bons se tornam tais, pois a nossa natureza foi criada capaz de ser
participante d’Ele, mediante a própria vontade. E, se, portanto, bom na medida em que
alguém age bem, isto é, se faz o bem com conhecimento de causa, com amor e com piedade:
é-se mal, ao invés, na medida em que peca, isto é, se afasta da verdade, da caridade e da
piedade... Por isso mesmo, o próprio Senhor aos mesmos que chama bons por causa da
participação de graça divina, chama igualmente maus devido aos vícios da fraqueza humana.
(AGOSTINHO citado por MOURA 2009, p. 19)
Agostinho dizia ser o homem uma alma racional que se serve de um corpo mortal e terrestre,
com isso ele expressa o seu conceito antropológico básico. Também distingue, na alma, dois aspectos: a
razão inferior e a razão superior. A razão inferior tem por objeto o conhecimento da realidade sensível e
mutável, como a ciência, por exemplo, um conhecimento que permite cobrir as nossas necessidades. Já a
razão superior tem por objeto a sabedoria, isto é, o conhecimento das ideias, do inteligível, para se elevar
até Deus. Nesta razão superior dá-se a iluminação de Deus
O conhecimento ético é um caso particular da iluminação divina, que é, ela própria, um efeito
das ideias divinas (justiça, amor, caridade). Inspirado por Platão, Agostinho acredita nas ideias inatas. O
homem já tem em seu espírito conceitos éticos e de uma vida feliz, e a partir de uma busca interior ele
relembra esses conceitos, mas ele só o faz se houver auxílio de Deus (Teoria da IluminaçãoDivina).
Ser ético é, então, compreender a si mesmo, pois para o filósofo medieval, só nos conhecemos
a nós mesmos a partir do conhecimento de Deus.
Em suas palavras:
Quando Vos procuro, meu Deus, busco a vida Feliz. Procurar-Vos-ei, para que a minha alma
viva. O meu corpo vive da minha alma e esta vive de Vós. Como procurar, então a vida Feliz?
Não a alcançarei enquanto não exclamar: basta, ei-la. Mas onde poderei dizer estas palavras?
Como procurar essa felicidade? Como? Pela lembrança, como se a tivesse esquecido, e como
se agora me recordasse de que a esqueci? (AGOSTINHO, 2000, p.279)
Por isso, a vida ética está na felicidade e tem uma característica, exige que haja um encontro
pessoal com Deus.
O amor é um tema fundamental na ética agostiniana.
“O amor a Deus e ao próximo é o eixo sobre o qual a ética agostiniana gira e para onde conflui
todo o agir ético” (MOURA, 2009, p. 01)
Segundo Moura, 2009, o autor ainda adverte que não se pode compreender,
adequadamente, a ética agostiniana fora da perspectiva do amor, pois os homens, para o hiponense,
tendem comumente para o objeto do seu amor. O homem se revela por aquilo que ama.
Ser ético é ter a capacidade de amar. O amor, base da ética agostiniana, seria o amor
espiritual, o amor por Deus e de Deus. Tal amor deve ser compartilhado entre seus semelhantes. Se somos
imagem e semelhança de Deus, ao amarmos Deus amaremos o próximo ou amo o próximo porque amo
a Deus. Portanto, devemos amar alguém apenas por ser semelhante, irmão, filho de um mesmo Deus.
Um outro aspecto da ética agostiniana, é o livre arbítrio, esse argumento diz que o homem
tem plena liberdade para as boas ou más ações e por isso deve responder pelas consequências de seus
atos. Agostinho deixa claro que o homem é total responsável por suas ações. Por isso ser ético é uma
escolha, uma decisão do homem, que se torna ético porque deseja ser ético.
Veja como esse conteúdo pode aparecer na Prova
7. (Enem PPL 2015)
Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem,
quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como
a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da
Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque:
a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.
c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.
d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.
e) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.
Comentários:
a) A alternativa está incorreta. O mal nasce do homem e não de Deus.
b) A alternativa está incorreta. O mal não é um princípio ontológico. deus é esse princípio.
c) A alternativa está incorreta. O mal está na escolha que o homem faz, já que Deus deu à ele livre-
arbítrio.
d) A alternativa está correta. Deus é bom e dele só pode sair o bem. O fato de ele ter dado ao homem
o livre-arbítrio só prova sua bondade. A maldade está na ausência de Deus.
e) A alternativa está incorreta. Quem administra a existência do bem ou do mal são os próprios
homens, posto que são livres.
Gabarito “d”
Escolástica
O período conhecido como Escolástica, teve início por volta do século XI e XII e se refere à
produção filosófico-teológica. Compreender racionalmente aquilo que se acreditava por meio da
revelação divina foi o objetivo dessa corrente filosófica. Explicar a verdade divina por meio da inteligência
humana e ajuda de Deus.
Na Europa, entre os séculos XI e XV, as iniciativas educacionais eram desenvolvidas pela Igreja.
Nesse período que surgem as primeiras escolas que eram organizadas no interior das igrejas e catedrais,
elas tinham como objetivo formar e educar padres. O ensino nas escolas cristãs contribuiu para a
continuidade das reflexões despertadas pela patrística. Muitas dessas escolas deram origem às primeiras
universidades europeias, fundamentais para o desenvolvimento cultural da Europa. A organização e a
função dessas universidades eram bem diferentes, elas tinham o objetivo da formação de padres e
teólogos capacitados a defender mensagens das Escrituras Sagradas.
Tomás de Aquino (1225 - 1274)
Desde Agostinho de Hipona, não se viu mais produção filosófica de tamanha importância.
Tomás de Aquino é quem quebra esse jejum.
Tomás de Aquino nasceu em Nápoles. No ano de 1256, tornou-se Mestre em Teologia em
Paris, depois retornou para Itália e lecionou na Universidade de Nápoles. A partir de 1960, Tomás escreve
vários comentários sobre o tratado filosófico de Aristóteles.
A filosofia de Aristóteles foi o fundamento da síntese entre o cristianismo e a filosofia, sendo
sua filosofia chamada de aristotélico-tomista.
A ética de tomista
Como já dito, Aristóteles foi forte influência de Aquino e a ética tomista se inspira na ética do
filósofo grego. O senso de justiça de Aristóteles une-se ao senso de solidariedade da Bíblia. Para Tomás
de Aquino, a justiça deve estabelecer a igualdade nas relações e instituições para assim acabar com o vício
da corrupção. Ele constrói a ética da justiça e da solidariedade. Para Aristóteles, somente a justiça, entre
todas as virtudes, é o ‘bem de um outro’, visto que se relaciona com o nosso próximo, fazendo o que é
vantajoso a um outro, seja um governante, seja um associado. Dessa forma, o pensamento ético de Tomás
de Aquino está composto por duas vertentes: uma é a teológica, que traz o pensamento cristão dos
primeiros defensores da fé, principalmente em Santo Agostinho; e outra é a filosófica, que orienta a sua
ética especulativa, fundamentada em Aristóteles e em toda tradição filosófica do pensamento ontológico.
Aquino definiu quatro virtudes como sendo: prudência, temperança, justiça e coragem. Para
o filósofo, elas são naturais, reveladas na natureza e pertencentes a todos. Mas existem também as
virtudes teológicas que são a fé, esperança e a caridade. Estas, dizia ele serem sobrenaturais e distintas
das demais em seu objeto.
Tomás de Aquino também fala de algumas leis, são elas a Lei humana, a Lei natural e a Lei
divina. A Lei Eterna representa a vontade de Deus. Abaixo da Lei Eterna estão a Lei Natural, que reflete a
revelação da Lei Eterna através da natureza, e a Lei Divina, que chega aos homens pela revelação através
das escrituras sagradas. A Lei Humana, deriva da Lei Natural e contém os princípios necessários para a
regulação da conduta dos homens. Para Tomás de Aquino, um pecado contra a Lei Natural é aquele que
viola a ordem natural das coisas.
O pensador acreditava que, por ser racional, o homem conhece a lei natural, ou seja, já é
capacitado para saber que é preciso fazer o bem e não o mal. Essa seria a participação do homem na lei
eterna, visto que ele é dotado de inteligência. A lei eterna é o plano racional de Deus, ou seja, a ordem
existente no universo todo. A lei humana ou jurídica é a ordem promulgada por quem tem a
responsabilidade pela comunidade.
Seguindo Aristóteles, Tomás de Aquino considera o Estado como uma necessidade natural.
Por considerar o homem um ser social ele entende que ele necessita de normas de conduta para viver em
sociedade. Porém, Tomás de Aquino deixa claro que as leis humanas não podem contradizer a lei natural.
Aliás, no pensamento dele, as normas do direito positivo existem para coibir aqueles que são propensos
aos vícios, a fim de manter a ordem pública e evitar desvios. As leis têm uma função pedagógica, e seu
objetivo é a convivência pacífica entre os homens.
Leis naturais e humanas não se constroem sozinhas.Existe uma necessidade humana de que
seu comportamento seja conduzido pela "lei divina", que é a lei revelada nas Escrituras.
A moral é entendida por Aquino como sendo um processo de autorrealização do homem, ela
atinge o ser em sua totalidade. Percebe-se que ocorre uma caracterização da ética como uma realização
no singular e não no plural, pois a ética diz respeito à realização que afeta a totalidade, o que se é
enquanto homem. Tomás vê a ética com uma visão profunda e orgânica, que nasce da própria natureza
do ser humano.
Se há uma verdade e um bem objetivo para o homem, posto que seu ser não é caótico ou
aleatório, já que é uma criação divina. A ética tomista visa alcançá-la.
Ao homem total, cujo espírito está em união com a matéria, ao homem, enquanto um ser em
potência, que ainda não atingiu sua totalidade, a norma moral deve ser entendida como um enunciado
de como deve agir. Compreender que toda transgressão moral, o pecado, é uma agressão ao próprio ser.
QUESTÕES
Questões da aula teórica
1. (Enem Libras 2017)
Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles que aboliram o critério,
uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que
a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a alguém ou opinado por alguém é
imediatamente real para essa pessoa.
KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 - adaptado.
O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de:
A. alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência.
B. justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais.
C. priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas.
D. preservar as regras de convivência entre os cidadãos.
E. analisar o princípio do mundo conforme a teogonia.
2. (ENEM 2017)
Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte: o contato de Sócrates paralisa embaraça, leva a
refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades
sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa
influência poderosa, que os leva a se censurarem. É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que
ele tenta imprimir sua orientação.
BRÉHER, E. História da filosofia São Paulo. Mestre JOL. 1977
O texto evidencia características do modo de Vida socrático, que se baseava na
A. Contemplação da tradição mítica
B. sustentação do método dialético.
C. relativização do saber verdadeiro.
D. valorização da argumentação retórica.
E. investigação dos fundamentos da natureza.
3. (Enem PPL 2012)
Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se
desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto
pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em
razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.
Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é
ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à Escolha
uma:
A. pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade.
B. adoção da experiência do senso comum como critério de verdade.
C. defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade.
D. compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente.
E. incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas.
4. (Enem PPL 2013)
O termo injusto se aplica tanto às pessoas que infringem a lei quanto às pessoas ambiciosas (no sentido
de quererem mais do que aquilo a que têm direito) e iníquas, de tal forma que as cumpridoras da lei e as
pessoas corretas serão justas. O justo, então, é aquilo conforme à lei e o injusto é o ilegal e iníquo
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 (adaptado).
Segundo Aristóteles, pode-se reconhecer uma ação justa quando ela observa o
A. compromisso com os movimentos desvinculados da legalidade.
B. benefício para o maior número possível de indivíduos.
C. interesse para a classe social do agente da ação.
D. fundamento na categoria de progresso histórico.
E. princípio de dar a cada um o que lhe é devido.
5. (Enem 2014)
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não
são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou
parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff,
1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim
A. alcançar o prazer moderado e a felicidade.
B. valorizar os deveres e as obrigações sociais.
C. aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
D. refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
E. defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
06. (Enem PPL 2017)
XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “Eu a restituí”. O filho morreu? Foi
restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi
restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede
de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do
mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria.
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado).
A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é
A. explicar o mundo com números.
B. identificar a felicidade com o prazer.
C. aceitar os sofrimentos com serenidade.
D. questionar o saber científico com veemência.
E. considerar as convenções sociais com desprezo.
07. (Enem PPL 2015)
Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem,
quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a
de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade,
nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque:
A. o surgimento do mal é anterior à existência de Deus
B. o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.
C. Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.
D. por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.
E. Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.
SOFISTAS
08. (Enem 2015)
Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e
importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas
por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam
de invenções humanas.
RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a
correlação entre justiça e ética é resultado de
A. determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
B. verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
C. mandamentos divinos inquestionáveis legadosdas tradições antigas.
D. convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
E. sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.
09. (Enem 2014)
Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia
antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As
leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado).
Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava
garantir o seguinte princípio:
A. Isonomia — igualdade de tratamento aos cidadãos.
B. Transparência — acesso às informações governamentais.
C. Tripartição — separação entre os poderes políticos estatais.
D. Equiparação — igualdade de gênero na participação política.
E. Elegibilidade — permissão para candidatura aos cargos públicos.
CLÁSSICOS
10 - (Enem 2015)
O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros
instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a
polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.
Vernant, J.P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado)
Na configuração política da democracia grega, especial a ateniense, a ágora tinha por função
A. agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade.
B. permitir aos homens livres o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados
C. constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da
comunidade.
D. reunir os exércitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de
guerra.
E. congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias.
11.(Enem 2009)
Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens
absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses
tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser
agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades
morais e à prática das atividades políticas”.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:
A. possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de
qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
B. era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção
política profundamente hierarquizada da sociedade.
C. estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os
habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
D. tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser
dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
E. vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham
tempo para resolver os problemas da cidade.
12. (UEA 2016)
Quem pratica a retórica fará que apareça a mesma coisa às mesmas pessoas, ora justa, quando quiser,
ora injusta. O Palamedes de Eleia discorria com tanta arte que aos seus ouvintes as mesmas coisas
pareciam semelhantes e dessemelhantes, unas e múltiplas, permanentes e transitórias. (Platão. Fedro, 2016.
Adaptado.)
Platão refere-se
A. ao idealismo.
B. ao empirismo.
C. à sofística.
D. à fenomenologia.
E. ao estoicismo.
13. (UEA 2019)
- Imagina o seguinte. Se um homem descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios
de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol? E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em
competição com os que tinham estado sempre prisioneiros acaso não causaria o riso, e não diriam dele
que por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão? E a
quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam?
(Platão. A república, 1993. Adaptado.)
O texto, uma passagem da “Alegoria da Caverna”, pode estar se referindo, implicitamente, ao julgamento
e execução de Sócrates na cidade de Atenas. A passagem descreve o retorno à caverna do homem que,
liberto, conheceu a verdadeira realidade. Esse homem representa, metaforicamente, o filósofo na pólis
como um indivíduo
A. magnânimo, interessado na justa solução de rivalidades entre grupos políticos.
B. orgulhoso, voltado para a exposição pública de saberes elevados.
C. incômodo socialmente, orientado por conhecimentos arduamente adquiridos.
D. inativo economicamente, dedicado à contemplação religiosa da luz do Sol.
E. sábio, compenetrado na missão de preparar os futuros líderes da democracia.
14. (UEA 2009)
Aristóteles, um dos filósofos do período clássico da Grécia, século IV a. C., escreveu num dos seus livros:
No tocante à virtude não basta saber, devemos tentar possuí-la e usá-la ou experimentar um meio que
nos torne bons. Aristóteles apresenta neste texto uma perspectiva filosófica típica da reflexão
A. estética.
B. ética.
C. católica.
D. epistemológica.
E. sociológica.
15. (UEA 2012)
Se estes assuntos, assim como a virtude e também a amizade e o prazer, foram suficientemente discutidos
em linhas gerais, devemos dar por terminado nosso programa? [...] No tocante à virtude, pois, não basta
saber, devemos tentar possuí-la e usá-la ou experimentar qualquer outro meio que se nos antepare de
nos tornarmos bons.
(Aristóteles. Ética a Nicômaco, 1973.)
Aristóteles argumenta que a ética
A. deve vincular conhecimento e atividade humana.
B. está, como disciplina filosófica, afastada do conhecimento.
C. é um setor de menor importância na reflexão filosófica.
D. prega o comportamento honesto aos indivíduos pobres.
E. orienta os cidadãos gregos na administração da pólis.
16. (UEA 2013)
Em todas as ciências e em todas as artes, o alvo é um bem; e o maior bem acha-se principalmente naquela
dentre todas as ciências que é a mais elevada; ora essa ciência é a política, e o bem em política é a justiça,
isto é, a utilidade geral.
(Aristóteles. A política, s/d.)
No excerto, Aristóteles define a política como a mais elevada das “ciências” pelo fato de
A. preparar os cidadãos para a guerra e a defesa da pólis.
B. garantir a autonomia econômica da pólis.
C. priorizar os interesses coletivos dos cidadãos
D. exigir clareza de raciocínio e de expressão verbal dos cidadãos.
E. sustentar a igualdade social entre os cidadãos da pólis.
17. (UEA 2012)
Segundo a lei, há escravo e homem reduzido à escravidão; a lei é uma convenção segundo a qual todo
homem vencido na guerra se reconhece como sendo propriedade do vencedor.
(Aristóteles. A política, s/d.)
A política foi um livro escrito por Aristóteles, no período em que ele dirigia o Liceu em Atenas, entre 331
e 323 a. C. No trecho, Aristóteles refere-se
A. ao tráfico de escravos como fator de acumulação de capital.
B. às rebeliões permanentes dos escravos contra os seus senhores.
C. à oposição dos filósofos à escravidão na Antiguidade Clássica.
D. ao escravo como mercadoria que pode ser livremente comercializada.
E. a um traço que, de certa forma, particulariza a escravidão na Antiguidade.
18. (Enem 2014)
TEXTO I
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios
interesses, mas comoum inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós
mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido
pelo debate antes de chegar a hora da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado).
TEXTO II
Um cidadão integral pode ser definido nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer
funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que
não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo
depois de certos intervalos de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV
a.C.), a cidadania era definida pelo(a):
A. prestígio social.
B. acúmulo de riqueza.
C. participação política.
D. local de nascimento.
E. grupo de parentesco.
19. (Enem 2017)
Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado
no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o Sumo bem. Mas não terá o
conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar,
ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto.
Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se
pode chamar a arte mestra.
Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser
estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até
as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora,
como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não
devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será
o bem humano.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 1991 Adaptado.
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que
A. o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses
B. o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.
C. a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade
D. a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.
E. a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.
20. (ENEM 2019)
Tomemos o exemplo de Sócrates: é precisamente ele quem interpela as pessoas na rua, os jovens no
ginásio, perguntando: “Tu te ocupas de ti?” O deus o encarregou disso, é sua missão, e ele não a
abandonará, mesmo no momento em que for ameaçado de morte. Ele é certamente o homem que cuida
do cuidado dos outros: esta é a posição particular do filósofo.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
O fragmento evoca o seguinte princípio moral da filosofia socrática, presente em sua ação dialógica:
A. Examinar a própria vida.
B. Ironizar o seu oponente.
C. Sofismar com a verdade.
D. Debater visando a aporia.
E. Desprezar a virtude alheia.
21. (Gabriela C. Garcia)
“O Estado, ou sociedade política, é o primeiro objeto a que se propôs a natureza. O todo existe
necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos, não são senão as partes
integrantes da cidade, sendo todas subordinadas ao corpo inteiro, todas distintas por seus poderes e suas
funções, e todas inúteis quando desarticuladas, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados
do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem servir a nada na realidade, como a mão de pedra. O
mesmo ocorre com os membros da cidade: nenhum deles pode bastar-se a si mesmo. Assim, a inclinação
natural leva os homens a este gênero de sociedade.”
(ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991. P. 3-5)
Para Aristóteles, a inclinação que deu margem ao gênero de sociedade política foi
A. pela busca de interesses particulares e a valorização dos bens materiais.
B. pela tendência de submissão diante dos poderes exercidos sobre os indivíduos.
C. da própria natureza humana, que conduz ao surgimento do Estado.
D. a educação, que formou a consciência do agir coletivo que resultou na sociedade política.
E. a aproximação dos indivíduos com os deuses, que portadores da verdade, mostraram-lhes o
caminho.
22. (Enem 2013)
A felicidade é portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não
devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e
a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas
mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude espiritual a ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.
23. (Enem PPL 2019)
Vimos que o homem sem lei é injusto e o respeitador da lei é justo; evidentemente todos os atos legítimos
são, em certo sentido, atos justos, porque os atos prescritos pela arte do legislador são legítimos e cada
um deles é justo. Ora, nas disposições que tomam sobre todos os assuntos, as leis têm em mira a
vantagem comum, quer de todos, quer dos melhores ou daqueles que detêm o poder ou algo desse
gênero; de modo que, em certo sentido, chamamos justos aqueles atos que tendem a produzir e a
preservar, para a sociedade política, a felicidade e os elementos que compõem.
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010 (adaptado).
De acordo com o texto de Aristóteles, o legislador deve agir conforme a:
A. moral e a vida privada.
B. virtude e os interesses públicos.
C. utilidade e os critérios pragmáticos.
D. lógica e os princípios metafísicos.
E. razão e as verdades transcendentes.
24. (Enem 2ª aplicação 2016)
Quanto à deliberação, deliberar as pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de possíveis
deliberações? Ou será a deliberação impossível no que tange a algumas coisas? Ninguém delibera sobre
coisas eternas e imutáveis, tais como a ordem do universo; tampouco sobre coisas mutáveis como os
fenômenos dos solstícios e o nascer do sol, pois nenhuma delas pode ser produzida por nossa ação.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007 (adaptado).
O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é importante para entender a dimensão da
responsabilidade humana. A partir do texto, considera-se que é possível ao homem deliberar sobre
A. coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre os acontecimentos da natureza.
B. ações humanas, ciente da influência e da determinação dos astros sobre as mesmas.
C. fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam sob seu controle.
D. fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte dela.
E. coisas eternas, já que ele é por essência um ser religioso.
25. (ENEM PPL 2013)
O termo injusto se aplica tanto às pessoas que infringem a lei quanto às pessoas ambiciosas (no sentido
de quererem mais do que aquilo a que têm direito) e iníquas, de tal forma que as cumpridoras da lei e as
pessoas corretas serão justas. O justo, então, é aquilo conforme à lei e o injusto é o ilegal e iníquo
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 (adaptado).
Segundo Aristóteles,pode-se reconhecer uma ação justa quando ela observa o
A. compromisso com os movimentos desvinculados da legalidade.
B. benefício para o maior número possível de indivíduos.
C. interesse para a classe social do agente da ação.
D. fundamento na categoria de progresso histórico.
E. princípio de dar a cada um o que lhe é devido.
HELENISMO
26. (Enem 2018)
“A quem não basta pouco, nada basta.”
EPICURO. Os pensadores. São Paulo. Abril cultural, 1985
Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude:
A. Esperança, tida como confiança no porvir.
B. Justiça, interpretada como retidão de caráter.
C. Temperança, marcada pelo domínio da vontade.
D. Coragem, definida como fortitude na dificuldade.
E. Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.
27. (Enem 2014)
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não
são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou
parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim
A. alcançar o prazer moderado e a felicidade.
B. valorizar os deveres e as obrigações sociais.
C. aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
D. refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
E. defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
Medieval
28. (Enem 2019)
De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a
concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem
ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem
para esse fim, considerando-se que se um homem a usar para pecar, recairão sobre ele as punições
divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir
corretamente, mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse da
sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada?
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento
o(a)
A. desvio da postura celibatária.
B. insuficiência da autonomia moral.
C. afastamento das ações de desapego.
D. distanciamento das práticas de sacrifício,
E. violação dos preceitos do Velho Testamento.
29. (Enem PPL 2010)
Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na
qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse o
menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que moravam
longe de Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa
de seus pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com
Laio e seu séquito, que, insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os
integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar
a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se
com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia.
Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em: 28 ago. 2010 (adaptado).
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são
características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A
expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é
A. “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre
B. Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.” Santo
Agostinho
C. “Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte.” Arthur Schopenhauer
D. “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo.” Michel Foucault
E. “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança.” Friedrich Nietzsche
30. (Enem 2015)
Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos
contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem
o homem um fim, para o qual se ordena toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de
modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova.
Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.
AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de
Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de
A. refrear os movimentos religiosos contestatórios.
B. promover a atuação da sociedade civil na vida política.
C. unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.
D. reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.
E. dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.
31. (Enem 2019)
Tomás de Aquino, filósofo cristão que viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um preceito relativo
às nossas ações. Ora, a norma suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em última análise, a lei
está submetida à razão; é apenas uma formulação das exigências racionais. Porém, é mister que ela
emane da comunidade, ou de uma pessoa que legitimamente a representa.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: Vozes, 1991 (adaptado).
No contexto do século XIII, a visão política do filósofo mencionado retoma o
A. pensamento idealista de Platão.
B. conformismo estóico de Sêneca.
C. ensinamento místico de Pitágoras.
D. paradigma de vida feliz de Agostinho.
E. conceito de bem comum de Aristóteles.
32. (Gabriela C. Garcia)
“A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa mediania,
isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado
de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta; pois que,
enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do que é conveniente no tocante às ações e
paixões, a virtude encontra e escolhe o meio-termo.”
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p 273. (Coleção Os Pensadores)
Aristóteles relaciona a virtude com o bem maior, a felicidade, posto que
A. o agir virtuoso leva a conquista de bens maiores, de mais riquezas.
B. o agir virtuoso consiste na subordinação de seus apetites e instintos à razão.
C. o agir virtuoso se dá na realização dos desejos, que sempre traz felicidade.
D. o agir virtuoso é inato ao ser humano, por isso ele sempre tende ao bem maior.
E. o agir virtuoso é herança dos deuses, por isso leva à felicidade.
33 - (Gabriela C. Garcia)
Para Epicuro, a temperança é a virtude primeira para atingir o prazer. Esta busca não é uma procura de
qualquer prazer tampouco a fuga de qualquer dor, mas a condução gerando o resultado máximo possível
de prazer e mínimo possível de sofrimento envolvendo medida utilitária.
CAMPOS, Diego. Contribuições Filosóficas dos Epicuristas. 2016. Disponível em
<https://jus.com.br/artigos/58542/contibuicao-filosofica-dos-epicuristas>.Aponte os tipos de prazeres devem ser satisfeitos, segundo Epicuro
A. os prazeres naturais e necessários.
B. os prazeres que possam trazer satisfação imediata.
C. os prazeres da alma, que nos elevam aos deuses.
D. os prazeres mundanos, posto que nada existe após a morte.
E. os prazeres naturais e não necessários.
34- (Gabriela C. Garcia)
“O Estado, ou sociedade política, é o primeiro objeto a que se propôs a natureza. O todo existe
necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos, não são senão as partes
integrantes da cidade, sendo todas subordinadas ao corpo inteiro, todas distintas por seus poderes e suas
funções, e todas inúteis quando desarticuladas, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados
do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem servir a nada na realidade, como a mão de pedra. O
mesmo ocorre com os membros da cidade: nenhum deles pode bastar-se a si mesmo. Assim, a inclinação
natural leva os homens a este gênero de sociedade.”
(ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991. P. 3-5)
Para Aristóteles, a inclinação que deu margem ao gênero de sociedade política foi
A. pela busca de interesses particulares e a valorização dos bens materiais.
B. pela tendência de submissão diante dos poderes exercidos sobre os indivíduos.
C. da própria natureza humana, que conduz ao surgimento do Estado.
D. a educação, que formou a consciência do agir coletivo que resultou na sociedade política.
E. a aproximação dos indivíduos com os deuses, que portadores da verdade, mostraram-lhes o
caminho.
Questões ENEM 2021
35- (ENEM 2021) Sócrates: "Quem não sabe o que uma coisa é, como poderia saber de que tipo de coisa
ela é? Ou te parece ser possível alguém que não conhece absolutamente quem é Mênon, esse alguém
saber se ele é belo, se é rico e ainda se é nobre? Parece-te ser isso possível? Assim, Mênon, que coisa
afirmas ser a virtude?"
PLATÃO Mênon Rio de Janeiro: PUC-Rio, São Paulo Loyola, 2001 (adaptado)
A atitude apresentada na interlocução do filósofo com Mênon é um exemplo da utilização do(a)
A. escrita epistolar.
B. método dialético.
C. linguagem trágica.
D. explicação fiscalista.
E. suspensão judicativa.
Gabarito
1-C 6-C 11-B 16-C 21-C 26-C 31-E
2-B 7-D 12-C 17-E 22-C 27-A 32-B
3-D 8-D 13-C 18-C 23-B 28-B 33-A
4-E 9-A 14-B 19-C 24-C 29-B 34-C
5-A 10-C 15-A 20-A 25-E 30-C 35-B
QUESTÕES COMENTADAS
OBS: As sete primeiras questões estão comentadas ao longo desta aula na parte teórica
Sofistas
8. (Enem 2015)
Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e
importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas
por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam
de invenções humanas.
RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a
correlação entre justiça e ética é resultado de
A. determinações biológicas impregnadas na natureza humana.
B. verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.
C. mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
D. convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.
E. sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.
Comentários:
Para responder essa questão é preciso saber o que pensaram os Sofistas. Filósofos do período
Clássico não acreditavam na possibilidade de verdades universais. Por serem filósofos itinerantes, eles
passaram por diversas culturas, organizações sociais, o que fez eles perceberem que a ética e a justiça
não eram iguais em todos os lugares, portanto, elas só poderiam ser resultado de convenções sociais. O
comando da questão já avisa que Trasímaco era um sofista, e depois ela pede que assinale a assertiva que
contém a correta definição do que seria ética e justiça para tal pensador.
a) A alternativa A está incorreta. Não, ética e justiça não se relacionam com determinações
biológicas.
b) A alternativa B está incorreta. Trasímaco era sofista, como diz o enunciado, os sofistas não
acreditam em verdades objetivas.
c) A alternativa C está incorreta. Para os sofistas não era provável que os deuses existam. Ainda que
na Grécia antiga existissem Deuses (lembre-se que era uma cultura Politeísta), para os Sofistas não
existiam mandamentos divinos inquestionáveis.
d) A alternativa D está correta. Sim, os sofistas acreditavam que a verdade estava no que era
conveniente, portanto, convenções sociais determinam o certo e o errado, o justo ou injusto.
e) A alternativa E está incorreta. Não, os sentimentos devem ser abandonados, pois eles podem nos
confundir.
Gabarito “d”
09- (Enem 2014)
Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação que surge desde o nascimento da cidade na Grécia
antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. As
leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992 (adaptado).
Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava
garantir o seguinte princípio:
A. Isonomia — igualdade de tratamento aos cidadãos.
B. Transparência — acesso às informações governamentais.
C. Tripartição — separação entre os poderes políticos estatais.
D. Equiparação — igualdade de gênero na participação política.
E. Elegibilidade — permissão para candidatura aos cargos públicos.
Comentários:
Para responder a essa questão, é preciso ter conhecimento sobre como funcionava a
democracia ateniense. Havia dois princípios que regiam a democracia ateniense, a isonomia e a isegoria.
A isonomia é a igualdade de todos os homens perante a lei e a isegoria era o direito de todo cidadão expor
em público suas opiniões e essas serem levadas em consideração nas tomadas de decisão.
O comando da questão pede que assinale a alternativa que melhor representa o que buscava
garantir as leis na Grécia antiga.
a) A alternativa está correta. Para garantir segurança, as leis devem servir a todos por igual.
b) A alternativa está incorreta. Esse pode ser um papel da lei, mas não só.
c) A alternativa está incorreta. A tripartição nada mais é do que uma lei que visa coibir a corrupção,
mas a separação dos poderes também está sob a lei e seu princípio.
d) A alternativa está incorreta. O termo não corresponde ao que as leis representam.
e) A alternativa está incorreta. Discutir sobre eleições, cargos públicos também compete ao poder
legislativo.
Gabarito “a”
CLÁSSICOS
10 - (Enem 2015)
O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros
instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a
polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.
Vernant, J.P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado)
Na configuração política da democracia grega, especial a ateniense, a ágora tinha por função
A. agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade.
B. permitir aos homens livres o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados
C. constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da
comunidade.
D. reunir os exércitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de
guerra.
E. congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias.
Comentários:
Essa questão exige conhecimentosobre o que é democracia na Grécia antiga. Na democracia,
o poder conta com a participação dos cidadãos. Os cidadãos passaram a participar cada vez mais das
assembleias na Ágora, a partir dos ensinamentos da retórica, da oratória e da persuasão, ensinados pelo
Sofistas. O que fez com que o desenvolvimento da pólis fosse mais eficiente na busca pelo ideal da
isonomia e a isegoria, já que quanto maior fosse participação, mais gente teria nas tomadas de decisões
políticas da pólis. Assim, maior era o exercício da democracia.
O comando da questão quer saber o que é Ágora.
a) A alternativa está incorreta. A Ágora se faz presente no contexto da democracia ateniense.
b) A alternativa está incorreta. As decisões do Estado eram postas e discutidas pelos cidadãos.
c) A alternativa está correta. A Ágora era sim um espaço onde ocorriam os debates acerca do bem-
estar da comunidade.
d) A alternativa está incorreta. Não condiz com a democracia ateniense.
e) A alternativa está incorreta. Na ágora ocorriam as assembleias, que eram de conhecimento de
todos e o corpo de cidadão era bem-vindo.
Gabarito “c”
11 - (Enem 2009)
Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens
absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses
tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser
agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades
morais e à prática das atividades políticas”.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:
A. possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de
qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
B. era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção
política profundamente hierarquizada da sociedade.
C. estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os
habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
D. tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser
dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
E. vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham
tempo para resolver os problemas da cidade.
Comentários:
Para Aristóteles, nem todos têm o direito de participar da vida política: o direito de exercer a
cidadania era reservado ao homem (e não à mulher) e ao ser livre (e não ao escravo). O cidadão da pólis
é aquele que participa da vida política da cidade, que ocupa cargos na administração pública. Escravos,
estrangeiros, homens livres, artesãos, comerciantes e trabalhadores braçais, ou seja, os trabalhadores em
geral, não eram cidadãos, já que esse exercício exigia dedicação integral, quem trabalha não tem tempo
para outra atividade, não tinha tempo para se dedicar à política. Eram excluídos do papel de cidadão e
tornavam-se meios para atingir a felicidade dos verdadeiros cidadãos.
O Comando da questão quer que assinale a alternativa que melhor define as caraterísticas e
o papel do cidadão na pólis.
a) A alternativa está incorreta. Ser cidadão é um privilégio e muito nobre para Aristóteles.
b) A alternativa está correta. Perfeito, a cidadania era uma dignidade restrita a uma hierarquia.
c) A alternativa está incorreta. Somente os cidadãos podiam participar da vida cívica.
d) A alternativa está incorreta. Para se dedicar às atividades civis era preciso dedicação em tempo
integral.
e) A alternativa está incorreta. A cidadania não era só para os Atenienses.
Gabarito “b”
12- (UEA 2016)
Quem pratica a retórica fará que apareça a mesma coisa às mesmas pessoas, ora justa, quando quiser,
ora injusta. O Palamedes de Eleia discorria com tanta arte que aos seus ouvintes as mesmas coisas
pareciam semelhantes e dessemelhantes, unas e múltiplas, permanentes e transitórias. (Platão. Fedro,
2016. Adaptado.) Platão refere-se
A. ao idealismo.
B. ao empirismo.
C. à sofística.
D. à fenomenologia.
E. ao estoicismo.
Comentários:
Para responder a essa questão é preciso ter claro quem foram os sofistas. O trecho
apresentado na questão fala da retórica e de como a verdade pode ser transitória, características dos
sofistas, pensadores contemporâneos a Sócrates. Mestres na arte de ensinar, conhecidos pela habilidade
da retórica, a arte de falar bem em público. Eles vinham de todas as partes do mundo grego e ocupavam-
se do ensino itinerante, sem o compromisso de se fixar. Assim eles cobravam por seus ensinamentos, o
que fez com que recebessem fortes críticas de Sócrates, que acreditava em uma educação pública e
gratuita. Além de que Sócrates buscava a verdade, a essência das coisas, o que para os sofistas não existia.
Vale ressaltar que esses mestres pertenciam à classe média e pelo fato de não serem suficientemente
ricos não podiam viver o “ócio criativo”, que seria o tempo dedicado à atividade intelectual.
O comando da questão pede que assinale a alternativa que corresponde à corrente filosófica
descrita no excerto da questão.
a) A alternativa está incorreta. Corresponde à Platão. Se dá pela razão.
b) A alternativa está incorreta. Pensamento de Aristóteles, Bacon, Locke, Hume. Se dá pela
experiência.
c) A alternativa está correta. Se dá pela retórica e boa oratória, a arte de falar bem, pensamento dos
sofistas.
d) A alternativa está incorreta. Pensamento de Husserl. O conhecimento se dá através dos
fenômenos.
e) A alternativa está incorreta. Corresponde ao período do helenismo.
Gabarito “c”
13 - (UEA 2019)
- Imagina o seguinte. Se um homem descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios
de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol? E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em
competição com os que tinham estado sempre prisioneiros acaso não causaria o riso, e não diriam dele
que por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão? E a
quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam?
(Platão. A república, 1993. Adaptado.)
O texto, uma passagem da “Alegoria da Caverna”, pode estar se referindo, implicitamente, ao julgamento
e execução de Sócrates na cidade de Atenas. A passagem descreve o retorno à caverna do homem que,
liberto, conheceu a verdadeira realidade. Esse homem representa, metaforicamente, o filósofo na pólis
como um indivíduo
A. magnânimo, interessado na justa solução de rivalidades entre grupos políticos.
B. orgulhoso, voltado para a exposição pública de saberes elevados.
C. incômodo socialmente, orientado por conhecimentos arduamente adquiridos.
D. inativo economicamente, dedicado à contemplação religiosa da luz do Sol.
E. sábio, compenetrado na missão de preparar os futuros líderes da democracia.
Comentários:
Para responder a essa questão é necessário ter consciência de que para alcançar a verdade é
preciso enfrentar um caminho árduo. A sabedoria nos abre os olhos para um mundo que vai além das
aparências e viver nesse mundo não é simples. Por isso a metáfora no excerto acima. Às vezes as pessoas
vivem em uma bolha e acreditam que esta é a única realidade. O filósofo é aquele que sai da bolha, que
busca a verdade, mesmo que doa. Ao sair da caverna, Platão descreve que o prisioneiro fica cego por
alguns instantes, até seus olhos se adaptarem à luz do sol, a luz da sabedoria. Ao retornar para a caverna,
a fim de contar aos outros que tudo na caverna é só ilusão, se depara com indivíduos que veem nele um
louco. Ele se tornou louco porquesaiu da caverna e, nesse contexto, eles o matam. O comando da questão
pede que assinale a alternativa que define o papel do filósofo Sócrates na pólis.
a) A alternativa está incorreta. O papel do filósofo é levar o conhecimento e isso não o torna
magnânimo, mas o torna um incômodo.
b) A alternativa está incorreta. O homem sábio é prudente e humilde, reconhece sua ignorância e
sabe que sempre tem mais a aprender.
c) A alternativa está correta. O filósofo incomoda porque questiona. Ele questiona por que duvida,
investiga, nada contra a maré, para chegar às verdades.
d) A alternativa está incorreta. O filósofo, na maioria das vezes era senhor, na Grécia Antiga, posto
que a filosofia nasce do ócio (desocupados) e ela se dedica à razão.
e) A alternativa está incorreta. Essa não é a única função do sábio, apesar de poder exercê-la, como
o fez Aristóteles, mestre de Alexandre o Grande.
Gabarito “c”
14 - (UEA 2009)
Aristóteles, um dos filósofos do período clássico da Grécia, século IV a. C., escreveu num dos seus livros:
No tocante à virtude não basta saber, devemos tentar possuí-la e usá-la ou experimentar um meio que
nos torne bons. Aristóteles apresenta neste texto uma perspectiva filosófica típica da reflexão
A. estética.
B. ética.
C. católica.
D. epistemológica.
E. sociológica.
Comentários:
Ao se deparar com tal questão sobre Aristóteles é fundamental entender sua ética.
Aristóteles, filósofo grego muito escreveu sobre ética. Para ele, a vida moral não se resume a um ato
moral, mas à repetição desses atos, ou seja, o agir virtuoso não é um acaso, não nascemos virtuosos, mas
por meio do hábito, que nasce do desejo de preservar o bem, nos tornamos virtuosos. Por isso, pensar a
felicidade significa pensar em uma vida inteira e não em um momento feliz, visto que a felicidade é a
virtude. A virtude se encontra na justa medida, no justo meio, nisto consiste a ética aristotélica. O
comando da questão pede para assinalar a alternativa que apresenta a perspectiva filosófica que se
encaixa no pensamento de Aristóteles, o qual diz que a virtude pode ser aprendida.
a) A alternativa está incorreta. A estética trata do belo e não da virtude.
b) A alternativa está correta. Sim, a ética trata da virtude e da moral.
c) A alternativa está incorreta. A católica trata dos dogmas do cristianismo.
d) A alternativa está incorreta. A epistemologia trata do processo do conhecimento.
e) A alternativa está incorreta. A sociologia estuda a sociedade.
Gabarito “b”
15 - (UEA 2012)
Se estes assuntos, assim como a virtude e também a amizade e o prazer, foram suficientemente discutidos
em linhas gerais, devemos dar por terminado nosso programa? [...] No tocante à virtude, pois, não basta
saber, devemos tentar possuí-la e usá-la ou experimentar qualquer outro meio que se nos antepare de
nos tornarmos bons.
(Aristóteles. Ética a Nicômaco, 1973.)
Aristóteles argumenta que a ética
A. deve vincular conhecimento e atividade humana.
B. está, como disciplina filosófica, afastada do conhecimento.
C. é um setor de menor importância na reflexão filosófica.
D. prega o comportamento honesto aos indivíduos pobres.
E. orienta os cidadãos gregos na administração da pólis.
Comentários:
Para responder à questão, o enunciado apresenta um trecho da Ética a Nicômaco, de
Aristóteles, que a virtude é ação e pode ser treinada, aprendida. A amizade para o filósofo é fundamental
no que tange a justiça, é na amizade que existe o coroamento da vida virtuosa, visto que nela a
generosidade, a benevolência e a reciprocidade de sentimentos existem e com isso a justiça é praticada.
Na vida em sociedade, essa relação estaria na concordância entre as pessoas com ideias semelhantes e
interesses comuns, o que resultaria em um companheirismo. Por isso, o filósofo ressalta a importância da
educação na formação ética dos indivíduos para prepará-los para a vida em sociedade, para vida virtuosa.
O comando da questão pede que assinale a alternativa que melhor define a ética aristotélica.
a) A alternativa está correta. Sim, a virtude é necessária à vida na pólis, à vida em sociedade.
b) A alternativa está incorreta. A virtude é consequência do conhecimento, ela pode ser aprendida.
c) A alternativa está incorreta. É um setor de fundamental importância.
d) A alternativa está incorreta. Prega o comportamento honesto a todos os indivíduos.
e) A alternativa está incorreta. Orienta a qualquer indivíduo a viver na pólis.
Gabarito “a”
16 - (UEA 2013)
Em todas as ciências e em todas as artes, o alvo é um bem; e o maior bem acha-se principalmente naquela
dentre todas as ciências que é a mais elevada; ora essa ciência é a política, e o bem em política é a justiça,
isto é, a utilidade geral.
(Aristóteles. A política, s/d.)
No excerto, Aristóteles define a política como a mais elevada das “ciências” pelo fato de
A. preparar os cidadãos para a guerra e a defesa da pólis.
B. garantir a autonomia econômica da pólis.
C. priorizar os interesses coletivos dos cidadãos
D. exigir clareza de raciocínio e de expressão verbal dos cidadãos.
E. sustentar a igualdade social entre os cidadãos da pólis.
Comentários:
Para responder essa questão, é necessário ter clareza sobre a importância da política para
Aristóteles. O excerto deixa claro que a política é a mais elevada das ciências. Isso porque, a política, para
o pensador, é superior à ética, pois a verdadeira liberdade, sem a qual não pode haver vida virtuosa ou
ética, só é conseguida na pólis. Por isso, a finalidade da política é a vida justa, a vida bela, a vida livre, da
qual depende a atividade ética ou moral dos indivíduos. A política é a ética aplicada à vida pública. A ética
se dirige a um bem individual enquanto a política a um bem comum e o bem comum deve vir antes do
bem individual. O comando da questão pede que assinale a alternativa que melhor caracteriza o papel da
política na pólis
a) A alternativa está incorreta. A política não tem como finalidade preparar os cidadãos para a guerra.
b) A alternativa está incorreta. A política tem a função de governar pólis em todos os aspectos que
esteja de acordo com a coletividade dos cidadãos.
c) A alternativa está correta. Sim, essa é a função da política.
d) A alternativa está incorreta. A política não é escola, não é quem ensina.
e) A alternativa está incorreta. Ela não visava sustentar a igualdade social, mas a isonomia.
Gabarito “c”
17 - (UEA 2012)
Segundo a lei, há escravo e homem reduzido à escravidão; a lei é uma convenção segundo a qual todo
homem vencido na guerra se reconhece como sendo propriedade do vencedor.
(Aristóteles. A política, s/d.)
A política foi um livro escrito por Aristóteles, no período em que ele dirigia o Liceu em Atenas, entre 331
e 323 a. C. No trecho, Aristóteles refere-se
A. ao tráfico de escravos como fator de acumulação de capital.
B. às rebeliões permanentes dos escravos contra os seus senhores.
C. à oposição dos filósofos à escravidão na Antiguidade Clássica.
D. ao escravo como mercadoria que pode ser livremente comercializada.
E. a um traço que, de certa forma, particulariza a escravidão na Antiguidade.
Comentários:
Essa questão exige que se tenha domínio do pensamento de Aristóteles. Compreender o que
esse pensador escreveu sobre a escravidão e sua obra Política. Apesar de ser um filósofo com
pensamentos avançados, ele era um homem de seu tempo. Para Aristóteles, a condição de senhor ou de
escravo estava determinada pelo próprio nascimento. Todos aqueles cuja utilidade estava no uso do
corpo, e isso era o melhor com que podiam contribuir, estavam destinados pela natureza para ser
escravos. Para eles era melhor serem regidos pelo senhor da mesma maneira que era melhor para o corpo
ser regido pela alma ou ao animal serregido pelo homem, o que ele chamou de escravidão natural. Além
dessa escravidão, Aristóteles afirmava que existia também um outro tipo de escravidão: a dos que
perderam uma guerra. É essa escravidão que está descrita do excerto. O fundamento para isso estava
numa lei, que era também uma convenção, segundo a qual o colhido numa guerra pertence aos
vencedores. Segundo Aristóteles, este último tipo de escravidão não contradizia a escravidão natural,
porque aqueles que eram superiores em virtude, também eram superiores em força, ou seja, sem virtude
não havia força. O comando da questão pede que assinale a alternativa que melhor explica o trecho citado
no enunciado.
a) A alternativa está incorreta. O escravo não era uma mercadoria, mas um direito dos vitoriosos e
dos mais abastados.
b) A alternativa está incorreta. O trecho não refere às rebeliões, mas a condição legítima de se tornar
escravo.
c) A alternativa está incorreta. Aristóteles não se opunha à escravidão, ele tinha escravos, ele era um
senhor.
d) A alternativa está incorreta. Em Atenas, o escravo não era mercadoria.
e) A alternativa está correta. Esse traço mostra a escravidão na Antiguidade como justa e legítima.
Todo homem vencido já se sabe propriedade do vendedor.
Gabarito “e”
18 - (Enem 2014)
TEXTO I
Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios
interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós
mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido
pelo debate antes de chegar a hora da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado).
TEXTO II
Um cidadão integral pode ser definido nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer
funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que
não podem de forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo
depois de certos intervalos de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV
a.C.), a cidadania era definida pelo(a):
A. prestígio social.
B. acúmulo de riqueza.
C. participação política.
D. local de nascimento.
E. grupo de parentesco.
Comentários:
Ao ler os textos dispostos na questão, fica claro que o cidadão deve administrar a cidade
pensando que a ação individual visa o bem comum. O cidadão da pólis é aquele que participa da vida
política da cidade, que ocupa cargos na administração pública.
O comando da questão pede que assinale a alternativa que melhor define o papel do cidadão.
a) A alternativa está incorreta. Pela propriedade de terras sim, mas ao prestígio social não.
b) A alternativa está incorreta. Bastava possuir terra e ter nascido na pólis em que pretendia atuar
como cidadão.
c) A alternativa está correta. Sim, a cidadania consiste na participação política do indivíduo na pólis.
d) A alternativa está incorreta. O nascimento não determinava quem iria ou não ser cidadão. A posse
na terra importava, fosse ela muita ou pouca.
e) A alternativa está incorreta. Todo homem, maior de 18 anos e possuidor de terra pode ser cidadão.
Gabarito “c”
19 - (Enem 2017)
Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado
no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o Sumo bem. Mas não terá o
conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar,
ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto.
Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se
pode chamar a arte mestra.
Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser
estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até
as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora,
como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não
devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será
o bem humano.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 1991 Adaptado.
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que
A. o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses
B. o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.
C. a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade
D. a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.
E. a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.
Comentários:
Para resolver essa questão, é importante estar atento ao conceito de animal político e
felicidade. Segundo Aristóteles, o ser humano é um “animal político”, as pessoas são seres sociais,
nasceram para viver em comunidade, não sendo possível a realização e a felicidade sem o convívio com
outras pessoas. A política, para o pensador, é superior à ética, pois a verdadeira liberdade, sem a qual não
pode haver vida virtuosa ou ética, só é conseguida na pólis. Por isso a finalidade da política é a vida justa,
a vida bela, a vida livre, da qual depende a atividade ética ou moral dos indivíduos. Atente-se ao comando
da questão, que pede que faça a relação entre sumo bem e organização da pólis.
a) A alternativa A está errada, pois para Aristóteles o homem só pode realizar-se na Pólis, visto que
ele é um ser social. É na Pólis que ele busca o sumo bem e este não está relacionado ao interesse
individual, mas ao interesse coletivo.
b) A alternativa B está incorreta, porque para Aristóteles a verdade está no mundo, no único mundo,
o mundo material.
c) A alternativa C está correta. Ela contempla o que diz o texto, onde sumo bem, a felicidade, só pode
ser encontrado na pólis e a política é a ciência de organização da pólis que nos leva a esse bem
maior, visto que o homem é um animal político.
d) Essa alternativa está errada, pois para Aristóteles a educação deveria servir como um instrumento
na busca da felicidade. A virtude pode ser apreendida através da educação que deve ter como
objetivo ensinar, pela repetição, a obedecer às leis e a servir a Pátria.
e) A alternativa E está incorreta, pois Aristóteles não defendeu nenhum sistema de governo como
ideal, capaz de defender de fato os interesses comuns. Os fatores que compõem um bom governo
variam com o contexto.
Gabarito “c”
20-(ENEM 2019)
Tomemos o exemplo de Sócrates: é precisamente ele quem interpela as pessoas na rua, os jovens no
ginásio, perguntando: “Tu te ocupas de ti?” O deus o encarregou disso, é sua missão, e ele não a
abandonará, mesmo no momento em que for ameaçado de morte. Ele é certamente o homem que cuida
do cuidado dos outros: esta é a posição particular do filósofo.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
O fragmento evoca o seguinte princípio moral da filosofia socrática, presente em sua ação dialógica:
A. Examinar a própria vida.
B. Ironizar o seu oponente.
C. Sofismar com a verdade.
D. Debater visando a aporia.
E. Desprezar a virtude alheia.
Comentários:
Questões referentes a Sócrates exigem atenção aos primórdios da filosofia. O filosofar
consiste exatamente na busca pela definição dos conceitos em busca das verdades que sejam universais
para contribuir com melhores e mais justas relações da vida na pólis. Sócrates propunha que, antes de
querer conhecer a naturezae antes de querer persuadir os outros, cada um deveria, primeiro, conhecer
a si mesmo, “Conhece-te a ti mesmo”, torna-se a máxima de sua filosofia. Com isso em mente, e
retornando ao comando da questão, nota-se que ela pede para assinalar a alternativa que mostra o
princípio da filosofia socrática.
a) A alternativa A está correta. Examinar a própria vida é o ponto de partida da filosofia socrática.
b) A alternativa B está incorreta. Apesar do método socrático ironizar seu interlocutor, o fragmento
não diz respeito à ironia.
c) A alternativa C está incorreta. Sócrates não concordava com os Sofistas, já que os mesmos não
acreditavam na verdade.
d) A alternativa D está incorreta. Aporia seria o embate, quando não se chega à uma conclusão e o
pensador buscava a verdade.
e) A alternativa E está incorreta. Não é sobre isso que o fragmento da questão se refere. A virtude
não deve ser desprezada, mas desejada.
Olha o Vocabulário ai!!!! Aporia seria o embate, quando não se chega à uma conclusão.
Gabarito “a”
21 - (Gabriela C. Garcia)
“O Estado, ou sociedade política, é o primeiro objeto a que se propôs a natureza. O todo existe
necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos, não são senão as partes
integrantes da cidade, sendo todas subordinadas ao corpo inteiro, todas distintas por seus poderes e suas
funções, e todas inúteis quando desarticuladas, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados
do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem servir a nada na realidade, como a mão de pedra. O
mesmo ocorre com os membros da cidade: nenhum deles pode bastar-se a si mesmo. Assim, a inclinação
natural leva os homens a este gênero de sociedade.”
(ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991. P. 3-5)
Para Aristóteles, a inclinação que deu margem ao gênero de sociedade política foi
A. pela busca de interesses particulares e a valorização dos bens materiais.
B. pela tendência de submissão diante dos poderes exercidos sobre os indivíduos.
C. da própria natureza humana, que conduz ao surgimento do Estado.
D. a educação, que formou a consciência do agir coletivo que resultou na sociedade política.
E. a aproximação dos indivíduos com os deuses, que portadores da verdade, mostraram-lhes o
caminho.
Comentários:
Para responder à questão é necessário saber que Aristóteles via o homem como um animal
político, portanto, propenso a viver em sociedade, por isso afirma que a sociedade política foi o primeiro
objeto a que se propôs a natureza. As pessoas são seres sociais, nasceram para viver em comunidade,
não sendo possível a realização e a felicidade sem o convívio com outras pessoas.
O comando da questão pede que aponte qual inclinação do homem o leva a constituir a
sociedade política, que no caso é a própria natureza humana.
a) A alternativa A está incorreta. Conhecendo Aristóteles e observando o que diz o excerto, nota-se
que os bens materiais e os valores particulares não devem ser o fim da ação humana.
b) A alternativa B está incorreta. Essa alternativa não se relaciona com o pensamento de Aristóteles.
c) A alternativa C está correta. Aristóteles acreditava que o homem é um animal político, por isso
sempre propenso à vida em comunidade.
d) A alternativa D está incorreta. A educação só se constitui a partir da sociedade, inviabilizando esta
alternativa.
e) A alternativa E está incorreta. Aristóteles não acreditava nos deuses.
Gabarito: “c”
22 - (Enem 2013)
A felicidade é portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não
devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e
a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas
mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude espiritual a ascese pessoal.
c) finalidade das ações e condutas humanas.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.
Comentários:
A questão pede que se tenha conhecimento sobre o que é o indivíduo para Aristóteles. O
indivíduo bom é generoso porque não pensa apenas em si, mas orienta-se para atender as necessidades
dos outros. Assim, atento ao comando, que pede para relacionar os atributos que estão ligados à
felicidade responda à questão.
a) A alternativa A está incorreta. Para Aristóteles, os atributos para a felicidade estavam na vida
virtuosa e não nos bens materiais ou títulos de nobreza.
b) A alternativa B está incorreta. A felicidade só se realiza na pólis, visto que o homem é um animal
político.
c) A alternativa C está correta. Visto que a finalidade das ações humanas visa a felicidade e as
condutas humanas, que devem ser orientadas pela ciência política. Estes seriam os atributos
necessários para tal fim.
d) A alternativa D está incorreta. Para Aristóteles a felicidade está na vida virtuosa, na ética, e não
nas verdades imutáveis.
e) A alternativa E está incorreta. O bem maior, o sumo bem, só existe na pólis, pois o homem
enquanto ser social, só se realiza na expressão do sucesso coletivo. bem comum e o bem comum
deve vir antes do bem individual.
Gabarito “c”
23 - (Enem PPL 2019)
Vimos que o homem sem lei é injusto e o respeitador da lei é justo; evidentemente todos os atos legítimos
são, em certo sentido, atos justos, porque os atos prescritos pela arte do legislador são legítimos e cada
um deles é justo. Ora, nas disposições que tomam sobre todos os assuntos, as leis têm em mira a
vantagem comum, quer de todos, quer dos melhores ou daqueles que detêm o poder ou algo desse
gênero; de modo que, em certo sentido, chamamos justos aqueles atos que tendem a produzir e a
preservar, para a sociedade política, a felicidade e os elementos que compõem.
ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010 (adaptado).
De acordo com o texto de Aristóteles, o legislador deve agir conforme a:
A. moral e a vida privada.
B. virtude e os interesses públicos.
C. utilidade e os critérios pragmáticos.
D. lógica e os princípios metafísicos.
E. razão e as verdades transcendentes.
Comentários:
Para responder essa questão é necessário fazer uma boa interpretação do texto e ter noção
de que a justiça, para esse filósofo, pode ser individual, quando se refere às relações entre as pessoas,
aplicada à própria pessoa e aos outros. Ou social, quando se refere às relações entre os indivíduos e o
governo, estabelecidas em lei. A virtude maior do bom governante e que não se acha em qualquer um é
a prudência. O homem prudente será capaz de agir visando o bem comum.
Outro fator fundamental é ter conhecimento do contexto histórico e social, visto que o ENEM
é uma prova que traz interdisciplinaridade em suas questões. O termo utilidade posto na alternativa C só
vai surgir depois do século XVIII.
O comando da questão pede para que, de acordo com texto e seus conhecimentos, assinale a
assertiva que contempla a forma de agir do legislador.
a) A alternativa A está incorreta. Ao analisar o texto deve-se perceber que o autor deixa claro a
vantagem do bem comum, portanto, a moral e a vida privada não devem estar na conformidade
do agir do legislador.
b) A alternativa B está correta. Esta alternativa está de acordo com o assunto ao qual o texto se
refere. Ao afirmar que as leis têm em mira a vantagem comum e sabendo que a virtude é atributo
na busca do bem maior (felicidade), essa assertiva contempla a resposta correta.
c) A alternativa C está incorreta. O sujeito "pragmático" é aquele que tem ocostume de reduzir o
sentido dos fenômenos à avaliação de seus aspectos úteis, necessários, limitando à especulação,
que muitas vezes pode não visar ao bem comum.
d) A alternativa D está incorreta. A lógica foi criação de Aristóteles, é uma ferramenta que ajuda na
construção de um pensamento correto e coerente, enquanto a metafísica de Aristóteles é
conhecimento pelas causas que permite superar os enganos da opinião e assim compreender
melhor a natureza da mudança e do movimento (mundo concreto) e esses conceitos não dizem
respeito ao que a questão pede.
e) A alternativa E está incorreta. Apesar de valorizar a razão, as verdades para Aristóteles se
constroem com observação dos fenômenos, que acontecem no mundo concreto/material,
tornando tal alternativa incorreta.
Gabarito “b”
24 - (Enem 2ª aplicação 2016)
Quanto à deliberação, deliberar as pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de possíveis
deliberações? Ou será a deliberação impossível no que tange a algumas coisas? Ninguém delibera sobre
coisas eternas e imutáveis, tais como a ordem do universo; tampouco sobre coisas mutáveis como os
fenômenos dos solstícios e o nascer do sol, pois nenhuma delas pode ser produzida por nossa ação.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007 (adaptado).
O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é importante para entender a dimensão da
responsabilidade humana. A partir do texto, considera-se que é possível ao homem deliberar sobre
A. coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre os acontecimentos da natureza.
B. ações humanas, ciente da influência e da determinação dos astros sobre as mesmas.
C. fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam sob seu controle.
D. fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte dela.
E. coisas eternas, já que ele é por essência um ser religioso.
Comentários:
A questão traz um trecho da obra Ética à Nicômaco de Aristóteles, em que ele questiona sobre
o que se pode ou não deliberar. A Deliberação culmina na escolha, depois de reflexões ou consultas, sobre
o que se delibera e está associada à dimensão de responsabilidade do ser humano. Para o filósofo o objeto
de estudo estava nos fenômenos naturais, naquilo que pode ser experimentado, por isso só é possível
deliberar sobre fatos tangíveis. Portanto, a questão pede para que se aponte sobre o que o homem pode
deliberar.
a) A alternativa A está incorreta. Para Aristóteles as coisas tangíveis é que são objeto de deliberação.
b) A alternativa B está incorreta. Os astros não devem ser determinantes para as ações humanas.
c) A alternativa C está correta. Para Aristóteles o mundo é único e material. Por isso a ação
deliberativa diz respeito a ação humana a fatos tangíveis, desde que estejam sob seu controle.
d) A alternativa D está incorreta. O homem pode pensar sobre a natureza, mas não decidir por ela.
e) A alternativa E está incorreta. Aristóteles não coloca o homem como ser religioso e o trecho
supracitado também mostra que não se delibera sobre coisas eternas.
Gabarito “c”
25- (ENEM PPL 2013)
O termo injusto se aplica tanto às pessoas que infringem a lei quanto às pessoas ambiciosas (no sentido
de quererem mais do que aquilo a que têm direito) e iníquas, de tal forma que as cumpridoras da lei e as
pessoas corretas serão justas. O justo, então, é aquilo conforme à lei e o injusto é o ilegal e iníquo
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 (adaptado).
Segundo Aristóteles, pode-se reconhecer uma ação justa quando ela observa o
A. compromisso com os movimentos desvinculados da legalidade.
B. benefício para o maior número possível de indivíduos.
C. interesse para a classe social do agente da ação.
D. fundamento na categoria de progresso histórico.
E. princípio de dar a cada um o que lhe é devido.
Comentários:
Para solucionar essa questão é preciso ter em mente que o que é justiça para Aristóteles, além
de dominar o vocabulário do excerto. A palavra iníquo (adjetivo: 1-contrário à equidade, ao que é justo.
2- mau, perverso, malévolo).
O comando da questão pede que assinale a alternativa, o que é a ação justa para esse filósofo.
A justiça para esse pensador está no justo meio, na equidade, em dar a cada um o que lhe é devido.
a) A alternativa A está incorreta. Se existem normas, leis, elas devem ser respeitadas.
b) A alternativa B está incorreta. Os benefícios devem ser dados a quem precisa e não para a maioria.
Pois, nessa maioria, pode ter quem precisa e não recebe e quem não precisa e recebe tais
benefícios, tornando injusta a ação.
c) A alternativa C está incorreta. As ações devem promover o bem comum a todos e não só a quem
promove a ação.
d) A alternativa D está incorreta. A justiça olha além do processo histórico.
e) A alternativa E está correta. Atende ao conceito de justiça, dar o que se deve para quem precisa.
Gabarito “e”
HELENISMO
26 - (Enem 2019)
“A quem não basta pouco, nada basta.”
EPICURO. Os pensadores. São Paulo. Abril cultural, 1985
Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude:
a) Esperança, tida como confiança no porvir
b) Justiça, interpretada como retidão de caráter.
c) Temperança, marcada pelo domínio da vontade.
d) Coragem, definida como fortitude na dificuldade
e) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.
Comentários:
A frase de Epicuro, apesar de breve, traz consigo fortes valores morais. Ser feliz com o que se
tem e controlar a busca por prazer seria o caminho da felicidade. A moderação na satisfação do prazer,
que é puramente hedonista, traz equilíbrio ao ser humano, na busca da paz de espírito e sabedoria plena
da alma. A questão se mostra bem objetiva, saber o que é felicidade para Epicuro, filósofo helenista e
interpretar a breve citação, permite que se identifique qual virtude tal máxima valoriza.
a) A alternativa A está incorreta. Esperança e confiança não têm relação direta com frase citada.
b) A alternativa B está incorreta. Apesar de justiça e retidão de caráter se associarem, a fase
supracitada não se encaixa aqui.
c) A alternativa C está correta. Uma das virtudes do homem é a temperança, que se dá quando o
mesmo é capaz de controlar seus desejos, e com isso ele sente-se feliz com o que tem.
d) A alternativa D está incorreta. Sentir-se feliz com pouco não tem relação com coragem.
e) A alternativa E está incorreta. A prudência também é uma virtude, mas quem chama a atenção
para esse termo é Aristóteles.
Gabarito “c”
27 - (Enem 2014)
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais
nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não
são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou
parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim
A. alcançar o prazer moderado e a felicidade.
B. valorizar os deveres e as obrigações sociais.
C. aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
D. refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
E. defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
Comentários:
Para responder essa questão é preciso saber que Epicuro procurou pensar os desejos e os
prazeres como formas de alcançar a felicidade de forma segura e tranquila. Não confundir as ideias de
Epicuro com qualquer forma de hedonismo: para ele o prazer e, por conseguinte, o desejo estão
relacionados à Natureza, como, por exemplo, à saúde e às necessidades do corpo. Fugir dos excessos,
assim como dos desejos artificiais era o ponto de partida da temperança. O conhecimentodas ideias de
Epicuro, juntamente com o excerto da questão leva a alternativa A como correta.
a) A alternativa A está correta. Observando os comentários acima nota-se porque está
correta.
b) A alternativa B está incorreta. Epicuro não gostava da vida política e social, a sociedade
provoca competição e desejos não naturais.
c) A alternativa C está incorreta. Na vida devemos ir atrás da satisfação dos prazeres.
d) A alternativa D está incorreta. Epicuro não acreditava nos valores das divindades, para ele,
os deuses, perfeito, eterno e imortal, não estavam preocupados com a humanidade.
e) A alternativa E está incorreta. Como filósofo, a sabedoria é o cerne da vida.
Gabarito “a”
MEDIEVAL
28 - (Enem 2019)
De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a
concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem
ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem
para esse fim, considerando-se que se um homem a usar para pecar, recairão sobre ele as punições
divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir
corretamente, mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse da
sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada?
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento
o(a)
A. desvio da postura celibatária.
B. insuficiência da autonomia moral.
C. afastamento das ações de desapego.
D. distanciamento das práticas de sacrifício,
E. violação dos preceitos do Velho Testamento.
Comentários:
Essa questão traz um trecho da obra O livre-arbítrio de Agostinho, que explica sobre a relação
entre liberdade e pecado. Para responder ao que se pede é preciso ter noção de que Deus criou o homem
para ser livre e assim buscar seu agir moral, que é voltar-se para o bem e para Deus. Aquele que não usa
sua liberdade para o bem, tende a se afastar de Deus e está mais propenso ao pecado, que será digno de
punição. Então, atentando-se ao comando da pergunta, nota-se que deve ser assinalada a assertiva que
traz uma justificativa para as punições divinas e elas estão fundamentadas na falta do agir moral.
a) A alternativa A está incorreta. A postura celibatária é uma escolha daquele que segue a Cristo e
com ele “casa-se”, sendo digno de punição, mas não é somente a esse desvio que gera punição.
b) A alternativa B está correta. A autonomia moral só pode ser observada se houver liberdade,
portanto, o livre-arbítrio existe para que o homem busque seu agir moral, seu agir para o bem, fim
para qual a liberdade foi lhe dada. Então a insuficiência da autonomia moral seria digna de
punição.
c) A alternativa C está incorreta. Ações de desapego, como desapego de bens materiais por exemplo,
é desejável ao cristão, então não merece punição.
d) A alternativa D está incorreta. Assim como ocorre na alternativa C, práticas de sacrifício também
são bens vistas aos olhos do cristianismo. Como jejuar, e isso não merece punição.
e) A alternativa E está incorreta. Muitos preceitos do Velho Testamento não são usados no
Cristianismo, não sendo sua violação pecado.
Gabarito: “b”
29 - (Enem PPL 2010)
Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na
qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse o
menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que moravam
longe de Tebas para que o criasse. Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa
de seus pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com
Laio e seu séquito, que, insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os
integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar
a Tebas, dominada por uma Esfinge. Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se
com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia.
Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em: 28 ago. 2010 (adaptado).
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são
características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A
expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é
A. “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre
B. Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.” Santo
Agostinho
C. “Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte.” Arthur Schopenhauer
D. “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo.” Michel Foucault
E. “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança.” Friedrich Nietzsche
Comentários:
A questão apresenta o mito de Édipo Rei, que deixa claro a importância do destino e o fato de
que não podemos fugir dele e o comando da questão pede que assinale a alternativa que contenha a
expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo.
As alternativas revelam pensamentos de variados filósofos. Por isso, é fundamental que você
saiba o que é determinismo, mas também é relevante que se tenha conhecimento sobre outras teorias.
a) A alternativa está incorreta. Essa é a teoria do Existencialismo, a qual o homem é dono do próprio
destino, nada é determinado.
b) A alternativa está correta. Agostinho acredita que Deus tudo provê. A providência divina
determina nosso destino. “Deus está no controle”.
c) A alternativa está incorreta. Schopenhauer acreditava que a vida é dor e sofrimento, não tem
como fugir, devemos aceitar. Nossa existência depende de como lidamos com o sofrimento.
d) A alternativa está incorreta. Foucault sofre influência do existencialismo. A essência se constrói a
partir do agir.
e) A alternativa está incorreta. Para Nietzsche, as diretrizes que conduzem as ações humanas são
falsas morais criadas por outros homens. Deus seria uma “invenção”.
Gabarito “b”
30 - (Enem 2015)
Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos
contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem
o homem um fim, para o qual se ordena toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de
modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova.
Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.
AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis:
Vozes, 1995 (adaptado).
No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de
A. refrear os movimentos religiosos contestatórios.
B. promover a atuação da sociedade civil na vida política.
C. unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.
D. reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.
E. dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.
Comentários:
Ao se deparar com tal questão, observe que Tomás de Aquino descreve no excerto acima,
como é fundamental que exista um ser capaz de conduzir tudo o que há. Segundo Aquino, nada se move
sem que seja movido, nada se orienta sozinho. Deus seria esse “piloto” maior. Porém, a vida em sociedade
também necessita de alguém (“piloto”) que conduzaas ações dos indivíduos, assim é preciso que exista
um dirigente para este fim. Nesse caso um monarca, um rei, deveria exercer a política, que visa o bem
comum. A Monarquia é uma forma de governo onde o Rei (monarca) exerce um papel político.
O comando da questão pede que assinale a alternativa que deixa claro qual é papel da
monarquia como regime de governo.
a) A alternativa está incorreta. Não era esse o objetivo do regime monárquico. O governo visa um
bem maior.
b) A alternativa está incorreta. A monarquia não pretendia a participação de indivíduos da sociedade
como participantes da governança.
c) A alternativa está correta. Com discurso de fazer o que é melhor para todos, a monarquia visa unir
a população.
d) A alternativa está incorreta. Não havia tal pretensão. O interesse das monarquias é político.
e) A alternativa está incorreta. A monarquia se fortalece quando une os poderes temporal e
espiritual.
Gabarito “c”
31 - (Enem 2019)
Tomás de Aquino, filósofo cristão que viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um preceito relativo
às nossas ações. Ora, a norma suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em última análise, a lei
está submetida à razão; é apenas uma formulação das exigências racionais. Porém, é mister que ela
emane da comunidade, ou de uma pessoa que legitimamente a representa.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: Vozes, 1991 (adaptado).
No contexto do século XIII, a visão política do filósofo mencionado retoma o
A. pensamento idealista de Platão.
B. conformismo estóico de Sêneca.
C. ensinamento místico de Pitágoras.
D. paradigma de vida feliz de Agostinho.
E. conceito de bem comum de Aristóteles.
Comentários:
Ao se deparar com essa questão tenha conhecimento de que a filosofia de Tomás de Aquino
se baseava na filosofia de Aristóteles. O filósofo clássico acreditava que por meio do mundo material, em
uma busca ontológica da existência, é possível chegar à necessidade de um primeiro motor que dá origem
a todo movimento do mundo. A partir dessa ideia Aquino provou a existência de um ser criador que deu
origem a tudo.
O excerto da questão mostra a visão de Aquino sobre as leis, que são promulgadas pelo
monarca, que é um representante de Deus na terra. Fica claro que as leis estão ligadas à razão, elas seriam
a própria representação da razão e por isso devem estar em acordo com a comunidade que representam,
visando o bem comum.
O comando da questão pede que assinale a alternativa que apresenta o filósofo responsável
por tal pensamento político de Tomás de Aquino.
a) A alternativa está incorreta. Platão foi fonte de inspiração de Santo Agostinho.
b) A alternativa está incorreta. Não existe conformismo em Tomás de Aquino. O que ocorre é uma
busca para conciliar fé e razão, que o tirou de sua zona de conforto.
c) A alternativa está incorreta. Pitágoras era matemático. Além de não ser místico, também não foi
inspiração de Aquino.
d) A alternativa está incorreta. Tomás de Aquino vai contra o pensamento de Agostinho, dando uma
nova visão na relação entre fé e razão.
e) A alternativa está correta. Como já explicitado no comentário geral, Aristóteles foi base para a
filosofia de Aquino.
Gabarito “e”
32 - (Gabriela C. Garcia)
“A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa mediania,
isto é, a mediania relativa a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado
de sabedoria prática. E é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta; pois que,
enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do que é conveniente no tocante às ações e
paixões, a virtude encontra e escolhe o meio-termo.”
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p 273. (Coleção Os Pensadores)
Aristóteles relaciona a virtude com o bem maior, a felicidade, posto que
A. o agir virtuoso leva a conquista de bens maiores, de mais riquezas.
B. o agir virtuoso consiste na subordinação de seus apetites e instintos à razão.
C. o agir virtuoso se dá na realização dos desejos, que sempre traz felicidade.
D. o agir virtuoso é inato ao ser humano, por isso ele sempre tende ao bem maior.
E. o agir virtuoso é herança dos deuses, por isso leva à felicidade.
Comentários:
Para responder à questão, conhecer o conceito de virtude de Aristóteles é importante, visto
que virtude pode ter diferentes significados para diferentes filósofos. A teoria da mediania de Aristóteles
consiste em agir virtuosamente, encontrar o equilíbrio entre dois extremos, os quais ele chama de
“vícios”. Os vícios estão nos excessos ou na escassez, portanto, a virtude está no meio-termo.
Obedecendo ao comando, a alternativa que deve ser assinalada é a que consta a relação entre
a virtude e a felicidade, que de acordo com o filósofo está na subordinação de seus apetites e instintos à
razão, e com isso a busca pelo bem maior, pela felicidade, depende das ações virtuosas que aprendemos
a partir do hábito.
a) A alternativa A está incorreta. Riquezas e bens materiais não é o que representa felicidade para
Aristóteles.
b) A alternativa B está correta. As paixões e o instinto nos fazem agir sem razão, por isso controlar os
instintos e apetites(desejo) é fundamental na busca pela felicidade.
c) A alternativa C está incorreta. Não condiz com a filosofia de Aristóteles dizer que a virtude está
em realizar desejos.
d) A alternativa D está incorreta. O agir virtuoso deve ser apreendido a partir das experiências, da
observação, não é inato.
e) A alternativa E está incorreta. Não existe relação entre os deuses e a virtude do homem para esse
filósofo.
Gabarito: “b”
33 - (Gabriela C. Garcia)
Para Epicuro, a temperança é a virtude primeira para atingir o prazer. Esta busca não é uma procura de
qualquer prazer tampouco a fuga de qualquer dor, mas a condução gerando o resultado máximo possível
de prazer e mínimo possível de sofrimento envolvendo medida utilitária.
CAMPOS, Diego. Contribuições Filosóficas dos Epicuristas. 2016. Disponível em
<https://jus.com.br/artigos/58542/contibuicao-filosofica-dos-epicuristas>.
Aponte os tipos de prazeres devem ser satisfeitos, segundo Epicuro
A. os prazeres naturais e necessários.
B. os prazeres que possam trazer satisfação imediata.
C. os prazeres da alma, que nos elevam aos deuses.
D. os prazeres mundanos, posto que nada existe após a morte.
E. os prazeres naturais e não necessários.
Comentários:
Para responder essa questão o conhecimento sobre a filosofia hedonista de Epicuro se faz
necessário. A temperança é o equilíbrio, procurar por prazeres que geram outros prazeres é o mais sábio,
os prazeres da alma(intelecto) cumprem este papel, ler um livro por exemplo. Porém, Epicuro três tipos
de prazeres: Naturais e necessários, naturais e não necessários e nem naturais e nem necessários. Entre
os três, o último deve ser evitado, o segundo deve ser realizado com temperança e o primeiro é o mais
desejável, essa é a ética de Epicuro.
De acordo com o comando da questão, os prazeres naturais e necessários é que deveriam ser
assinalados.
a) A alternativa A está correta. Os prazeres naturais necessários como comer, beber e dormir, devem
ser satisfeitos e não geram dor e sofrimento realizados com temperança.
b) A alternativa B está incorreta. As satisfações imediatas podem não ser naturais e necessárias,
portanto, estão mais propensas a gerar sofrimento.
c) A alternativa C está incorreta. Epicuro valorizava os prazeres do corpo e não acreditava nos deuses
como fonte de prazer.
d) A alternativa D está incorreta. Esse pensamento não corresponde à filosofia hedonista de Epicuro.
e) A alternativa D está incorreta. Os prazeres naturais e não necessários estão no exagero, no
excesso. Comer muito,beber muito, vestir-se só com roupas caras, etc. Portanto, não combina
com a temperança proposta pelo pensador.
Gabarito: “a”
34- (Gabriela C. Garcia)
“O Estado, ou sociedade política, é o primeiro objeto a que se propôs a natureza. O todo existe
necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos, não são senão as partes
integrantes da cidade, sendo todas subordinadas ao corpo inteiro, todas distintas por seus poderes e suas
funções, e todas inúteis quando desarticuladas, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados
do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem servir a nada na realidade, como a mão de pedra. O
mesmo ocorre com os membros da cidade: nenhum deles pode bastar-se a si mesmo. Assim, a inclinação
natural leva os homens a este gênero de sociedade.”
(ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 1991. P. 3-5)
Para Aristóteles, a inclinação que deu margem ao gênero de sociedade política foi
A. pela busca de interesses particulares e a valorização dos bens materiais.
B. pela tendência de submissão diante dos poderes exercidos sobre os indivíduos.
C. da própria natureza humana, que conduz ao surgimento do Estado.
D. a educação, que formou a consciência do agir coletivo que resultou na sociedade política.
E. a aproximação dos indivíduos com os deuses, que portadores da verdade, mostraram-lhes o
caminho.
Comentários:
Para responder à questão é necessário saber que Aristóteles via o homem como um animal
político, portanto, propenso a viver em sociedade, por isso afirma que a sociedade política foi o primeiro
objeto a que se propôs a natureza. As pessoas são seres sociais, nasceram para viver em comunidade,
não sendo possível a realização e a felicidade sem o convívio com outras pessoas.
O comando da questão pede que aponte qual inclinação do homem o leva a constituir a
sociedade política, que no caso é a própria natureza humana.
a) A alternativa A está incorreta. Conhecendo Aristóteles e observando o que diz o excerto, nota-se
que os bens materiais e os valores particulares não devem ser o fim da ação humana.
b) A alternativa B está incorreta. Essa alternativa não se relaciona com o pensamento de Aristóteles.
c) A alternativa C está correta. Aristóteles acreditava que o homem é um animal político, por isso
sempre propenso à vida em comunidade.
d) A alternativa D está incorreta. A educação só se constitui a partir da sociedade, inviabilizando esta
alternativa.
e) A alternativa E está incorreta. Aristóteles não acreditava nos deuses.
Gabarito: “c”
Questões ENEM 2021 - Comentadas
35- Sócrates: "Quem não sabe o que uma coisa é, como poderia saber de que tipo de coisa ela é? Ou te
parece ser possível alguém que não conhece absolutamente quem é Mênon, esse alguém saber se ele é
belo, se é rico e ainda se é nobre? Parece-te ser isso possível? Assim, Mênon, que coisa afirmas ser a
virtude?"
PLATÃO Mênon Rio de Janeiro: PUC-Rio, São Paulo Loyola, 2001 (adaptado)
A atitude apresentada na interlocução do filósofo com Mênon é um exemplo da utilização do(a)
A. escrita epistolar.
B. método dialético.
C. linguagem trágica.
D. explicação fiscalista.
E. suspensão judicativa.
Comentários:
Para responder à questão uma boa leitura do texto é fundamental, além de saber o que é
maiêutica socrática. Primeiramente a maiêutica socrática, método por ele desenvolvido para trazer aos
homens a luz do conhecimento, foi utilizada por Sócrates para obter a essência, conceito das coisas a
qual consiste em: primeiro, duvidar de seu próprio conhecimento a respeito de um
determinado assunto; segundo, levar a conceber, de si mesmo, uma nova ideia, uma nova opinião sobre
o assunto em questão. Sua filosofia constitui a busca pela verdade por meio de uma investigação, da
crítica e do questionamento, tornando a filosofia uma atividade investigativa diante do mundo, e não um
conjunto de saberes prontos e acabados. Essa prática consiste no método dialético.
A. A alternativa está incorreta. A escrita epistolar é uma espécie de carta dirigida a alguém ou à uma
comunidade. O texto mostra uma discussão acerca do conhecimento.
B. A alternativa está correta. A discussão ocorre entre duas pessoas e por meio de perguntas hábeis
à seu interlocutor podemos notas que se trata da maiêutica socrática, que é a aplicação do método
dialético.
C. A alternativa está incorreta. A linguagem trágica é usada na encenação, Sócrates busca a verdade
e não a encontraria na encenação do trágico.
D. A alternativa está incorreta. Uma explicação fiscalista teria como fim validar o que diz respeito ao
direito fiscal ou tributário.
E. A alternativa está incorreta. A suspensão judicativa seria tirar o direito de julgamento, não sobre
isso que trata o excerto da questão.
Gabarito B
Considerações Finais
Caros, vestibulandos(as), queridos e queridas, chegamos ao final de nossa aula demonstrativa.
Acredito que, em relação ao ENEM, esses tópicos debatidos aqui e nas próximas duas aulas, de Ética e
Política, englobam 99% do conteúdo cobrado pela prova em relação ao tema. Nas próximas aulas vocês
terão o gostinho de filosofar cada vez mais. Espero vocês nas próximas conversas filosóficas!
Para tudooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Esta é uma aula de filosofia e nós terminaremos sempre a aula com questionamentos
pertinentes que podem vir a ser uma questão de prova ou um tema de redação.
Portanto, pense nas provocações abaixo:
- Como a Pandemia modificou a nossa sociedade?
- Como Pandemia e Política se relacionam no contexto atual?
- Ficar afastados uns dos outros modificou a forma como pensamos Ética?
- O que significa as eleições para você?
- O presidencialismo é o melhor sistema de governo na sua opinião?
- O Estado deve ser separado da Religião?
Caso tenha um tempinho, leia o artigo apresentado e escreva sobre o tema a seguir:
A confiabilidade das urnas eletrônicas e do processo eleitoral brasileiro
Vivenciamos um período em que a sociedade discute o chamado “voto
impresso”. Infelizmente o que se tem visto é que a questão não vem sendo tratada de modo adequado,
na medida em que muitas vezes são utilizados argumentos falhos e equivocados, em outras ocasiões
alegações falsas e partidarizadas.
A referida questão, infelizmente, tem apresentado contornos de discussões futebolísticas, o
que é um absurdo. Na realidade o debate da temática deveria ser realizado com ampla difusão sobre o
processo eleitoral e das cautelas que são adotadas para a realização dos pleitos com a utilização das urnas
eletrônicas.
A discussão quanto ao “voto impresso” deveria ter ponto de partida o debate da melhoria do
sistema eleitoral e quais medidas podem e devem ser adotadas para o aperfeiçoamento do processo
eleitoral, de forma a torná-lo cada vez mais transparente, célere e seguro.
Posicionar-se contra o “voto impresso” e confiar na urna eletrônica, não significa ser contra a
transparência e segurança do processo eletrônico, ou mesmo ser contra o aperfeiçoamento do sistema
eleitoral. Infelizmente, essa é a retórica equivocada que vem sendo repetida, quase que como um mantra
em diversos ambientes de debates, principalmente nas redes sociais.
O aperfeiçoamento do sistema é sempre necessário. Não é por acaso que quase toda semana
a Apple lança, por exemplo, uma nova versão do IOS, assim como se verifica nos celulares com o sistema
ANDROID. Todo sistema precisa de evolução. Contudo, nem de longe a Apple ou outras grandes empresas
de tecnologia cogitam retroagir e voltar a antigas práticas para a busca de maior estabilidade,
transparência ou eficiência em seus sistemas operacionais.
Nesse sentido, o chamado “voto impresso” evidencia um retrocesso ao sistema eleitoral, quepassou a utilizar as Urnas Eletrônicas há 25 anos, ou seja, em 1996, quando abrangeu 32% do eleitorado.
Nas eleições de 2000 a Urna Eletrônica passou a ser utilizada em 100% dos 5.559 municípios do Brasil,
atingindo 100% do eleitorado a época, o que correspondia a 109.780.071 eleitores e na ocasião foram
utilizadas 353.780 urnas.
Ao longo dos anos as Urnas Eletrônicas foram sendo aperfeiçoadas. A título de exemplo,
podemos mencionar as seguintes evoluções: o modelo UE 2004 inseriu o sistema de Registro Digital do
Voto (RDV) que efetua oregistro do voto, conforme estabelece a Lei n. 10.740/2003; a UE 2006, utilizada
nas eleições 2008 passou a apresentar leitor biométrico; em 2008, o ecossistema da urna foi migrado para
a plataforma Linux e passou a ser totalmente desenvolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral. Interessante,
ainda, mencionar que no modelo UE 2009 houve importantes inovações tecnológicas, na medida em que
no terminal do mesário, foi inserido o leitor de smart card e o display gráfico de apresentação da foto do
eleitor ao mesário. Ademais, o modelo passou a utilizar dispositivos de armazenamentos dos resultados
mais confiáveis com capacidade de 128 MB de espaço. Já os modelos fabricados e adquiridos em 2013
(UE2013) passaram a conter leitores biométrico de maior qualidade e o botão liga/desliga, que substitui
a antiga forma de acionamento da UE por meio de chave física.
Atualmente está sendo realizada nova aquisição pelo TSE para modelos UE2021, que contarão
com tecnologia de hardware com os mesmos requisitos da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira –
ICP-Brasil. Mais de 200 mil urnas do modelo UE 2020 já sairão da fábrica protegidas por esse novo
equipamento certificado.
As novas urnas vão renovar parte do parque tecnológico da Justiça Eleitoral, que atualmente
é de 470 mil unidades em todo o país. Ademais, Urnas fabricadas em 2006, 2008 e parte das 2009, cuja
vida útil está esgotada, serão substituídas pelos novos modelos.
Outros argumentos alegados são de que as Urnas Eletrônicas não são auditáveis e a questão
da possibilidade de violabilidade dos referidos equipamentos.
Com relação ao violabilidade das Urnas Eletrônicas, é necessário consignar que todo e
qualquer sistema, seja este eletrônico ou físico, é passível de tentativas de violações. Contudo, o grande
debate deveria ser como aperfeiçoar o sistema eleitoral com a inclusão, por exemplo, de maiores e
melhores camadas de segurança e não o resgate de velhas práticas que apresentam riscos ao processo
eleitoral.
Importante destacar que, no mundo digital, tudo, simplesmente tudo, deixa pegadas e rastros.
Isso significa dizer que na hipótese de qualquer tentativa de invasão ou alteração do sistema eleitoral
fatalmente existirão meios de detecção.
Outrossim, deve ser consignado que a Urna Eletrônica faz parte de um processo eleitoral
informatizado e desenvolvido exclusivamente para a realidade brasileira. O sistema da urna, inserido no
ecossistema eleitoral permite a automação de uma série de procedimentos, o que impede a intervenção
humana na coleta e totalização dos votos.
O software de todo o processo eleitoral é desenvolvido internamente na Justiça Eleitoral,
tendo terceirizados em algumas equipes. A referida segregação das equipes responsáveis permite
controle de acesso pelo TSE, inclusive no âmbito do sistema de controle de versões. Ademais, a
quantidade de sistemas eleitorais envolvidos na realização de uma eleição é tão grande que se torna
impraticável a um agente interno ter grau de conhecimento do todo que lhe permita realizar algum tipo
de ataque.
Nesse sentido, a impossibilidade de identificação do eleitor, aliada à inexistência de ligação da
urna com capacidade de acesso a rede mundial de computadores (“Internet”) ou com qualquer dispositivo
de rede, entre outras medidas, torna-a um mecanismo confiável para evitar violações nas várias fases do
processo de votação.
Para ocorrer violação a qualquer sistema eletrônico há sempre a necessidade da conjunção
de três fatores, a saber: vontade, tempo e recursos (financeiros, logísticos, humanos, etc.). É interessante,
assim, conhecer como funciona o sistema de votação e o processo eleitoral para que se compreenda o
grau de segurança depositada pela Justiça Eleitoral no sistema atual.
São várias as barreiras encadeadas que tornam a fraude nas eleições altamente improvável,
em especial no brevíssimo tempo da transmissão de dados. A garantia dessas barreiras – tanto
físicas (componentes específicos de segurança) quanto digitais (softwares criados para impedir a fraude)
– é reafirmada pelos Testes Públicos de Segurança, que expõem as urnas, em ambiente controlado, a
especialistas que queiram testar sua segurança. Tais testes são realizados desde 2009, com o objetivo de
aprimorar todo o sistema.
Todos os sistemas de computador utilizados para os processos
de votação, apuração e totalização são lacrados e assinados digitalmente em evento público, na
Cerimônia de Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas. Nestes eventos participam partidos políticos,
coligações, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e pessoas autorizadas em resolução
específica. Inexistindo, assim, qualquer “sala secreta” ou realização de atos secretos no preparo da Urna
Eletrônica.
Nessa ocasião, é gerado o hash, código único que funciona como a identidade (um resumo)
de cada programa lacrado. A alteração de apenas um caractere do código-fonte geraria incompatibilidade
com o hash original. A lista de hashes é distribuída para as entidades assinantes e publicada no portal do
TSE. Assim, é possível conferir, a qualquer momento e em qualquer parte do Brasil, se o programa
utilizado na urna é o mesmo que foi gerado na cerimônia pública.
Outra barreira importante é o fato de que cada urna eletrônica dispõe de
um hardware criptográfico que lhe confere identidade individual. Isso assegura que as informações dela
advindas sejam autênticas e com garantia de origem. Esse dispositivo também garante que a urna
executará somente sistemas oficiais e assinados pela Justiça Eleitoral. Além disso, a urna é programada
para funcionar – receber votos – apenas no momento da eleição.
A urna eletrônica conta ainda com dispositivos e práticas para garantir que não seja
fisicamente violada durante o processo eleitoral. Há de se consignar que o TSE possui controle total sobre
o projeto da urna eletrônica e a empresa responsável pela fabricação dos componentes físicos e pela
montagem da urna não consegue utilizar a máquina sem que a Justiça Eleitoral autorize previamente.
Lembro, ainda, que quando a urna está pronta para a votação, ela recebe um lacre de
segurança especial fabricado pela Casa da Moeda brasileira, o qual evidencia qualquer tentativa de
violação. Similar a uma caixa-preta de avião, a urna possui o chamado log da urna. Nele os eventos são
registrados para serem analisados objetivando identificar as causas de eventuais problemas que possam
ter ocorrido durante a votação.
Antes de os eleitores começarem a votar, a urna imprime um documento chamado
de zerésima, que seria um relatório que comprova que nela não há votos registrados. Após a eleição, é
impresso o boletim de urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada
candidato ou cada partido. Todos os fiscais presentes na seção eleitoral podem solicitar uma cópia do BU,
possibilitando, ainda, que sejam fotografadas ou consultada através do QRCode. Ademais, uma dessas
vias emitidas é fixada no local de votação, visível a todos, e, nesse momento, o resultado daquela urna
se torna público pois a apuração JÁ OCORREU.
Note-se, que se torna “contestável” qualquer resultado enviado ao TSE que seja divergente
do BU original. Contudo, nunca houve qualquer evidência nesse sentido. Registre-se, ainda, que o registro
digital do voto (RDV) também tornou possível arecontagem dos votos, de forma automatizada.
Os partidos políticos e as coligações podem solicitar cópias dos RDV e dos BUs que lhes forem
de interesse, com o objetivo de comparar a apuração oficial com aquela produzida por seus softwares
particulares.
O sistema biométrico aplicado às eleições é mais uma forma de garantir a lisura do processo
eleitoral, na medida em que o mesmo é preparado para reconhecer, verificar ou identificar uma pessoa
que foi previamente cadastrada. A leitura da impressão digital torna mais segura a verificação da
identidade do eleitor. Dessa forma, é ele mesmo quem libera a urna para votar, o que afasta por completo
a possibilidade de fraude em sua identificação.
Em função de um dos pilares históricos da atuação da Justiça Eleitoral ser a transparência
institucional, com o intuito de garantir um processo eleitoral que efetivamente represente a vontade do
eleitor, foi desenvolvido o Teste Público de Segurança (TPS), com o objetivo de fortalecer a confiabilidade,
a transparência, a segurança da captação e da apuração dos votos, bem como de propiciar melhorias
contínuas no processo eleitoral brasileiro.
O teste funciona reunindo especialistas em Tecnologia e Segurança da Informação de diversas
organizações, instituições acadêmicas e órgãos públicos de prestígio, inclusive, da Polícia Federal. Na
ocasião, os participantes tentam corromper a urna e seus componentes internos e externos, com o
objetivo de descobrir vulnerabilidades do sistema com relação à possibilidade de violação de resultados
e quebra do sigilo do voto.
Os sistemas eleitorais submetidos ao Teste Público de Segurança são aqueles utilizados para
geração de mídias, votação, apuração, transmissão e recebimento de arquivos, lacrados em cerimônia
pública, incluindo o hardware da urna e seus softwares embarcados. O evento é realizado de forma
obrigatória desde 2016, por determinação da Resolução-TSE nº 23.444/2015. Nas edições realizadas já se
detectou, por exemplo, oportunidades de aprimoramento do teclado do terminal do eleitor, assim como
melhorias no mecanismo de embaralhamento dos votos digitais e do sistema de áudio para deficientes
visuais, além do desenvolvimento de um código verificador enquanto medida de contingência. Registre-
se, entretanto, que nenhuma das vulnerabilidades encontradas demonstrou constituir perigo nas
condições reais em que ocorrem as eleições.
Destaca-se, que em 2017, na quarta edição do Teste Público de Segurança, o TSE realizou
testes nos sistemas que foram usados nas Eleições de 2018. Durante uma semana, em novembro
daquele ano, os times de investigadores tiveram livre acesso aos equipamentos e programas do sistema
eletrônico de votação, inclusive com acesso ao código-fonte da urna eletrônica, para encontrarem
vulnerabilidades e inconsistências. Todo o trabalho foi acompanhado pela equipe de Tecnologia da
Informação do TSE. Dois times conseguiram encontrar algumas vulnerabilidades. A equipe técnica do
Tribunal, então, passou os meses seguintes ao teste trabalhando para resolvê-las. Em maio de 2018, com
o problema resolvido, as mesmas equipes de investigadores foram convidadas a voltar ao TSE e verificar
se as vulnerabilidades persistiam.
Realizado o chamado Teste de Confirmação, os investigadores não tiveram sucesso, o que
atestou que as vulnerabilidades estavam corrigidas. Com isso, o TPS 2017 foi considerado um êxito – e
não um indício de fragilidade da urna eletrônica. Em 2019, um dos grupos de investigadores que
obtiveram sucesso no TPS 2017 publicou um artigo sobre a sua experiência em uma revista científica de
tecnologia da informação. No texto, apontaram os resultados de seu trabalho e, inclusive, informaram
que a intenção do Teste era justamente colocar o sistema à prova para ser aperfeiçoado.
Outro equívoco (ou fake News) gigantesco que vem permeando as discussões do “voto
impresso” se refere à impossibilidade de auditoria do sistema eleitoral. Todos os pleitos eleitorais
conduzidos pela Justiça Eleitoral são auditáveis.
Interessante mencionar que após a inserção da mídia nas urnas, que é realizada na presença
dos partidos, Ministério Público, OAB e sociedade em geral (se desejar acompanhar), são sorteados (em
https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2017/Outubro/teste-publico-de-seguranca-da-urna-eletronica-traz-transparencia-as-eleicoes
todas as zonas eleitorais) urnas para que sejam auditadas. Essas urnas são ligadas, com impressão da
Zeréssima, demonstrando a inexistência de dados na UE, e a inserção de dados com a posterior emissão
de BU, comprovando a correspondência entre os votos lançados e o BU expedido.
Após, a Urna Eletrônica é lacrada para ser utilizada nas eleições. Os lacres levam sempre as
assinaturas do juiz da zona eleitoral e do representante do Ministério Público Eleitoral, ressalvando-se
que as urnas ficam no mesmo estado da federação que as utiliza na votação por 60 (sessenta) dias após
o encerramento, possibilitando, assim, análise da UE utilizada em determinada seção eleitoral, por
exemplo.
No dia da eleição, é interessante registrar que ao término da votação de todo eleitor o
sistema realiza o registro digital do voto e cria uma assinatura digital, que funciona como um certificado
de inviolabilidade e se alguém tentar alterar o voto, a urna para de funcionar e a tentativa de fraude é
detectada.
Essa etapa impede que o sigilo seja quebrado (fica impossível saber quem votou em quem) e
que os dados sejam lidos em computador comum, por exemplo. Se houver qualquer tentativa de
alteração, o sistema trava. Na sequência tudo é registrado em três dispositivos de memória acoplados à
urna: um pendrive (chamado de memória de resultado) e dois flash cards (semelhantes aos cartões das
câmeras digitais).
Existe, ainda, a auditoria denominada “Verificação do resumo digital (hash)”, antigamente
chamada “Auditoria em tempo real”. Nessa auditoria as urnas são sorteadas na mesma cerimônia de
inserção das mídias e permanecem nas seções eleitorais, ao que os Juízes Eleitorais, Ministério Públicos e
fiscais dos partidos emitem os hashes dos softwares utilizados, que são conferidos durante o processo de
lacração. O objetivo dessa auditoria é mostrar que os softwares instalados nas urnas são os mesmos que
foram lacrados. Essa auditoria é executada antes de liberar o primeiro eleitor para votação.
Outra formade auditoria é o Teste de Integridade, que acontece no mesmo dia das eleições.
Essa auditoria ocorre com o sorteio de urnas na véspera da eleição pelo TRE de cada Estado. As urnas
sorteadas, que já estavam prontas para a eleição, ou seja, foram objeto de carga de dados dos candidatos
e eleitores e lacradas, são recolhidas dos seus locais de origem e levados no mesmo dia para as sedes dos
tribunais regionais, onde permanecem sob vigilância. No mesmo horário das eleições, essas urnas são
utilizadas para votação monitorada por câmeras e com a presença de auditores credenciados e de fiscais
de partido e de coligações, os quais, inclusive, liberam a votação após terem conferido assinatura e
resumo digital dos sistemas eleitorais. A votação é feita por cidadãos nomeados como eleitores. Eles
mostram o voto para a câmera e digitam o voto na urna. Todo esse processo é filmado na íntegra. Ao final
da votação é possível comprovar que o resultado trazido pela urna condiz com todos os votos nela
inseridos. Então, é possível afirmar que, se as urnas sorteadas e recolhidas, que estavam preparadas para
a eleição tiveram o comportamento correto, as demais, que foram utilizadas na eleição oficial, também
tiveram.
O Teste de Integridade ocorre em cerimônia pública ao vivo. Este ano, o TRE/MT realizou o
procedimento de forma inédita em eleições exclusivamente suplementares. No caso, foram
contemplados os pleitos de Matupá, Acorizal e Torixoréo.
Todos esses mecanismos atestam a transparência do processo eleitorale sua confiabilidade.
Por fim, muito se tem falado da propalada invasão hacker ao TSE em 2018, ao que é necessário
desmistificar algumas ilações efetivamente falsas que vem permeando as redes sociais. Em primeiro lugar,
é certo que a grande maioria daqueles que replicam as chamadas fake News não entendem uma linha
sequer daquilo que está sendo apontado pelo Inquérito Policial que vem sendo divulgado.
A invasão em questão foi comunicada pelo próprio TSE em 2018, o que deixa evidente que se
a intenção fosse ocultar algo, muito mais simples seria não reportar os fatos à Polícia Federal e
desenvolver apuração interna.
Com relação ao ataque é de se destacar que os módulos invadidos NÃO alteram e não tinham
condições de alterar a votação em si, pois o hacker teve os seguintes acessos:
1. “Código-Fonte completo do Gedai-UE, possivelmente da versão usada nas Eleições
2018, porém sem as assinaturas da Cerimônia de Lacração”;
2. “Chaves e credenciais de acesso a servidores usadas pelo Gedai-UE”;
3. “Senhas para oficialização dos sistemas Candidaturas e Horário Eleitoral”;
4. “Manual técnico da impressora de votos desenvolvida pelo FIT/Quattro Eletrônica”;
5. “Manual do QR Code do boletim de urna”.
Ora, o acesso aos manuais (impressora e QRCode) não confere qualquer risco de intervenção
nas eleições, sendo certo, inclusive, que parte dos manuais já eram públicos a época do ataque. O sistema
GEDAI-UE não é executado na urna, nem é responsável pela captação ou apuração dos votos. O código-
fonte do GEDAI-UE é aberto e pode ser inspecionado por partidos políticos e demais entidades
fiscalizadoras. Além deles, todos os participantes dos Testes Públicos de Segurança (TPS) têm acesso a
esse programa.
O atacante não tinha acesso às chaves oficiais, que são aquelas geradas durante a Cerimônia
Pública de Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas Eleitorais. Essas chaves oficiais são armazenadas na
sala cofre, em ambiente totalmente off-line, e usadas, durante tal cerimônia, na presença de entidades
fiscalizadoras, para a assinatura digital dos sistemas eleitorais. Apenas nesse momento, o software passa
do modo de desenvolvimento para o modo oficial. O atacante tampouco tinha capacidade de alterar os
dados alimentadores (i.e., dados de eleitores e candidatos) ou de alterar o próprio código-fonte, pois
acessou apenas uma cópia. Assim, o hacker não poderia gerar dados válidos para preparar uma urna para
votação oficial.
Apenas a título de argumentação, ainda que o hacker tentasse gerar uma mídia (sem as
chaves oficiais), ele teria que conseguir que essa mídia fosse inseminada em urnas durante as Cerimônias
Públicas de Geração de Mídias, Carga e Lacre de Urnas, que ocorrem nos TER’s e nas zonas eleitorais,
sob a fiscalização dos fiscais de partidos e outras entidades. Mesmo que obtivesse sucesso nessa fase – o
que é pouco provável –, há verificações automáticas feitas pelo hardware da urna que fariam com que
essa urna eletrônica, ao ser ligada, sinalizasse o erro (a ausência de uso de chaves oficiais na assinatura)
com indicador luminoso vermelho. Por fim, eventual resultado gerado por urna inseminada com esses
dados seria prontamente rejeitado pelo Sistema Transportador de Dados, que faz a transmissão dos
resultados das urnas para totalização no TSE.
As Credenciais de acesso que foram acessadas permitem acesso a equipamentos
computacionais que atuam como repositórios de informações, mas possuíam uma capacidade limitada
de autorização, pois só permitiam o acesso no modo de leitura a dados previamente assinados
digitalmente por outros sistemas. Seria inviável, portanto, adulterar dados de eleitores e candidatos que
alimentam as urnas eletrônicas.
Com relação às chaves obtidas, o hacker só teve acesso a chaves geradas ANTES da Cerimônia
de Assinatura e Lacração, e, portanto, não permitiam a alteração de candidatos e de eleitores. Registre-
se, que as Cerimônia Pública de Geração de Mídias, Carga e Lacre de Urnas, tem como finalidade detectar
eventual modificação das chaves geradas, o que não foi reportado por nenhuma seção ou zona eleitoral
de todo o Brasil.
Interessante mencionar que na fase oficial, os códigos-fontes são disponibilizados 180 dias
antes das eleições. Contudo, apesar do livre acesso ao código-fonte, inclusive para auditorias
independentes, nunca, e repito, NUNCA, foi localizada uma linha de código suspeita e apta a fraudar as
eleições. No Inquérito Policial em questão não há qualquer prova ou indício de que o atacante tenha
conseguido modificar o código-fonte. Note-se, que mesmo se houvesse acesso de escrita ao repositório
de códigos-fontes internos do TSE, existem salvaguardas contra modificações no repositório central de
códigos, que guarda o histórico de alterações.
É essencial consignar que o invasor NÃO teve acesso ao módulo do sigilo do voto,
chamado Vota e tão pouco às chaves criptográficas de produção, que são geradas em certificadoras Off-
line instaladas na sala cofre do TSE.
Registre-se que após a inserção dos sistemas nas Urnas Eletrônicas (milhares), são realizados
testes de verificação, que são públicos e acompanhados. Assim sendo, para que houvesse a fraude
mencionada, teria que haver fraude em alguma dessas empresas, ou no TSE, e depois a conivência de
todos os partidos. Calha mencionar, ainda, que a mídia com o registro dos candidatos é inserida quando
estas são lacradas, o que ocorre em torno de 30 dias antes do pleito do primeiro turno.
Deve ser consignado que quando se encerra o registro de candidaturas, os softwares já estão
abertos para auditoria do código-fonte e o cadastro de eleitores já está encerrado, ou seja, não se fazem
mais títulos eleitorais. O cadastro fecha 150 dias antes do pleito do primeiro turno.
Assim sendo, que para que fossem realizadas eventuais manipulações, como por exemplo, a
alteração do sistema da urna para que ela computasse o voto de um candidato no outro, seria necessário
a conivência de um número expressivo de pessoas, inclusive, servidores de carreira do TSE e dos TRE’s de
todo país.
Ademais, para realizar esse tipo de manipulação as alterações teriam que ocorrer no
código após o registro de candidaturas, pois antes não há como se saber qual será o número do candidato
(vejamos o exemplo do atual presidente da república que sequer possui partido) que ocorrem em meados
de agosto e, nesse período, o software já está disponível para a inspeção de códigos e o cadastro
fechado.
É interessante mencionar, ainda, os Testes Públicos de Segurança são incentivados pelo TSE,
o que efetivamente vai contra a ideia difundida da existência de uma “orquestração” para que o candidato
“A” ou “B” saia vencedor dos pleitos eleitorais.
Deve ser consignado, ainda, que o TSE ou os TRE’s NÃO efetuam a apuração dos votos. O que
é realizado pelos referidos Tribunais é apenas a totalização e a divulgação dos resultados. A Apuração dos
votos das Urnas Eletrônicas é realizada no momento de encerramento da votação, com a impressão dos
Boletins de Urna (BU), que é disponibilizado a TODOS, os fiscais de partidos que estejam presentes nas
seções eleitorais.
Via de regra os partidos e candidatos possuem condições de conhecer o resultado das eleições
antes dos TRE's ou do TSE, bastando somar os BU’s. Nunca se afirmou, por exemplo, algum descompasso
entre o resultado dos BU's, seja de alguma(s) seção(ões) ou zona(s) e o resultado divulgado pelos TRE'S
ou TSE.
Destaca-se ainda, que os Boletins de Urna (BU) são entregues ao TRE, junto com as urnas, para
futuras comparações, auditorias e são disponibilizadas posteriormente aos partidos, se houver
requerimento. Existe, ainda, a publicação dos BU’s recebidos nas transmissões no site do TSE, que pode
ser acessado através do Endereço: https://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/boletim-de-urna-na-
web.
Assim, se um candidato possui a suspeita de que houvefraude em determinada zona ou seção
eleitoral, seja porque exista uma expectativa de votação mais elevada naquele local, ele pode solicitar os
BU’s das urnas daquela localização e verificar se estas estão de acordo com o resultado totalizado e
divulgado pelos TRE's e TSE.
Outra fake News que circula nas redes sociais é a alegação de que o sistema eletrônico
eleitoral só é utilizado no Brasil e em outros 02 países. Na realidade o Brasil não trabalha com modelo de
urna eletrônica que esteja disponível no mercado. A urna eletrônica brasileira é projeto único,
desenvolvido para atender à realidade nacional, não se tratando de produto destinado à exportação.
Desde o advento da urna eletrônica, em 1996, diversos países têm consultado o Tribunal
Superior Eleitoral com o objetivo de conhecer e adotar essa tecnologia brasileira. Em alguns casos,
parcerias foram firmadas com o propósito de compartilhar conhecimento entre as nações.
A partir de então, o voto eletrônico tem sido adotado por muitos países e, naturalmente, cada
nação tem feito as adequações tecnológicas necessárias para compatibilizar a tecnologia com sua
legislação, cultura e economia. Segundo o Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Social
(IDEA Internacional), o voto eletrônico é adotado por pelo menos 46 nações. Sete agências de checagem
confirmaram que essa informação é confiável. Entre os países estão o Canadá, a Índia e a França, além
dos Estados Unidos, que têm urnas eletrônicas em alguns estados. O mapa que pode ser acessado a partir
do link a seguir ilustra o uso da votação eletrônica no mundo (https://www.idea.int/news-
media/media/use-e-voting-around-world)
Há, ainda, a falaciosa alegação de que o TSE teria excluído os logs que possibilitariam
comprovar eventual fraude. A alegação é uma temeridade, na medida em que o próprio TSE foi quem
comunicou a PF a invasão e solicitou a realização de investigações. A atuação divulgada nas redes sociais
evidencia-se, assim, como uma grande fake News, pois todas as grandes empresas de tecnóloga possui
https://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/boletim-de-urna-na-web
https://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2018/boletim-de-urna-na-web
file:///C:/Users/Andrea/Desktop/(https:/www.idea.int/news-media/media/use-e-voting-around-world)
file:///C:/Users/Andrea/Desktop/(https:/www.idea.int/news-media/media/use-e-voting-around-world)
conhecimento de que quando os discos de armazenamento alcançam um volume de ocupação, a
operação natural é se apagar registros para o gerenciamento o espaço. A exclusão ocorreu por
procedimento automático.
Conforme demonstrado, o atual sistema eletrônico possui uma série de camadas de
segurança, ao que poder-se-ia indagar: mas o sistema é perfeito e infalível? Não. Perfeição não existe,
mas o sistema eletrônico é muito, mas muito melhor do que o sistema impresso.
Ademais, a realização de fraude na votação eletrônica dependeria do envolvimento de grande
volume de pessoas, utilização de muitos recursos, inclusive financeiros, a existência de uma
logística/articulação no estilo "missão impossível" e a conivência de partidos antagônicos.
Note-se, que o primeiro problema a ser considerado para a implantação do chamado “voto
impresso” se refere ao tempo da apuração e totalização dos votos.
Infelizmente o Brasil é um país que se encontra polarizado politicamente, ao que a apuração
necessita ser rápida para que se evidencia em elemento apaziguador. A totalização física de cerca de 150
milhões de votos, manualmente e em seções eleitorais, sem os devidos preparos (conforme projeto em
tramitação), possibilitará que se arraste o pleito eleitoral por período indefinido nesta oportunidade,
cogita-se 3 a 5 dias, e que criará um ambiente propício para criar toda sorte de oportunidades para que
uma série de incidentes possa ocorrer.
Ademais, não se pode negar que o voto impresso é uma forma de se inserir uma série de
oportunidades para incidentes que tornarão a contagem dos votos muito mais subjetiva, falha, sujeita a
uma série de intempéries, inserindo um elemento de perda dos votos que hoje em dia não existe.
Nesse sentido, parece-nos paradoxal defender o retrocesso do voto físico, “impresso e
auditável” como diriam alguns, para gerar mais confiança, pois a proposta de contagem de votos
impressos manualmente pelos próprios mesários, em substituição à apuração automática pela urna
eletrônica, não criaria um mecanismo de auditoria adicional, mas representaria a volta ao antigo modelo
de voto em papel, marcado por diversas fraudes na história brasileira.
Ademais, é no mínimo estranho que as pessoas não confiem no software da urna, mas
acreditem e cofiem em um hardware (impressora), que será orientado e gerido pelo mesmo software da
urna. Por que confiar em uma impressora e não confiar na urna, se ambas utilizarão o mesmo software e
serão organizadas pela mesma entidade? Não há lógica.
Outro grande problema do voto impresso refere-se à questão financeira. A mudança em
questão irá gerar um impacto financeiro de mais de 2 BILHÕES de reais.
Não seria melhor investir o referido valor em saúde, educação, segurança ou em maiores
camadas de proteção eletrônica? Parece-nos óbvia a resposta, principalmente a conscientização de que
o investimento em mais camadas de proteção à urna e ao ecossistema trará maior confiabilidade e
segurança ao processo eleitoral.
Registre-se, que na hipótese do retorno do voto impresso e da obrigatoriedade de apuração
de todos os votos, e não apenas quando houver fundada suspeita de fraude (inclusive com hipóteses
claras e objetivas), restarão as indagações: porque continuar com a urna eletrônica? Porque não retornar,
simplesmente, ao sistema anterior de urna de lonas?
Outras situações que precisam ser discutidas no que se refere a implementação do voto
impresso, se refere ao sistema de criptografia que necessitará ser utilizado na impressora que será
acoplado à Urna Eletrônica, e hipóteses como a possibilidade de algum eleitor mal intencionado votar
propositalmente de forma errada e, quando olhar o voto impresso, dizer que apertou o número de um
candidato na urna eletrônica e apareceu outro na impressora. Ou, ainda, houver falha mecânica na
impressora durante a votação.
Como tratar essas situações? Como comprovar a má-fé ou solucionar o problema durante a
votação, na medida em que o voto é sigiloso? Essas questões sequer são objeto de discussão no âmbito
do legislativo e nos pseudos-debates realizados nas redes sociais.
Doutro lado, o que se pode afirmar é que o voto eletrônico tornou as eleições brasileiras
reconhecidas mundialmente pela segurança e agilidade que conferiu ao processo eleitoral. A Justiça
Eleitoral brasileira orgulha-se de ter sido pioneira nos avanços tecnológicos que conduziram ao que há de
mais moderno em eleições atualmente.
Apenas a título de digressão é necessário consignar que os defensores do voto impresso não
parecem desejar legitimidade às eleições ou adicionar segurança ao processo eleitoral de 2022, tendo
inclusive o potencial de trazer vulnerabilidade, pois é inviável implementar o voto impresso nas referidas
eleições, na medida em que eventual aprovação da proposta no Congresso em 2021 exigiria, na sequência
realizar licitação, produção das novas urnas ou dos aparelhos a serem acoplados às existentes, a
instalação, os testes, os treinamentos. Restando, portanto, clara a impossibilidade de implementação do
voto impresso em 2022 e insistir nessa ideia denota a intenção em se trazer instabilidade ao processo
democrático eleitoral brasileiro, que se encontra consolidado há mais de 25 anos.
Ainda que a Câmara Federal tenha decidido, por maioria, arquivar a proposta do voto
impresso e validar sua confiança no sistema eletrônico de votação, é evidente que aperfeiçoar o sistema
é uma necessidade e o debate em questão precisa ser realizado de modo claro, comdados corretos e
precisos. A discussão sobre a referida questão através de lives, por pessoas que nunca conduziram um
pleito eleitoral e que não conhecem os procedimentos realizados não se mostra salutar.
A sociedade, antes do calor das eleições, precisa ser corretamente informada, a fim de evitar
arroubos e falsas denúncias, que apenas prejudicam a nossa novel democracia conquistada após longo
período ditatorial, bem como para que compreenda as consequências das opções legislativas que estavam
sendo discutidas no Congresso, pois o que mais importa para o sucesso dos pleitos eleitorais é a postura
dos eleitores e sua consciência.
Por fim, é necessário reafirmar que a maturidade adquirida nesses mais de 25 anos de votação
eletrônica, permite-nos afirmar que o processo eleitoral informatizado do Brasil constitui uma solução
completa, segura e evoluída. Inexistindo, ainda, qualquer problema em se debater de modo maduro,
correto e técnico a necessidade de contínua evolução e a constante busca pelo aperfeiçoamento e
transparência à sociedade.
Fonte: Ribeiro, Luiz Octávio Oliveira Saboia, Juiz Auxiliar da presidência do TRE-MT. A confiabilidade das urnas eletrônicas e
do processo eleitoral brasileiro. TRE-MT. 2021. Disponível em: https://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-
mt/2021/Agosto/artigo-a-confiabilidade-das-urnas-eletronicas-e-do-processo-eleitoral-brasileiro. Acessado em
13/12/2021
“A confiabilidade das urnas eletrônicas, o processo eleitoral brasileiro e as “fake News””
Explore os autores debatidos nessa aula para redigir um texto bem fundamentado. Coloquei
o artigo do Dr. Luiz Octávio Oliveira Saboia Ribeiro na integra, pois achei que o texto apresenta detalhes
interessantes para o debate. Nota-se que você não precisa concordar com ele, mas precisa se utilizar dos
métodos dos sofistas(argumentação) para se contrapor a fundamentação apresentada.
Não se esqueça que o caminho para aprovação é uma maratona e que todas as corridas
começam com o primeiro passo. Essa aula 00 é o primeiro passo. Tenha certeza de que estaremos juntos
nessa caminhada.
Se tiverem dúvidas, o fórum é o caminho. Lá será a nossa Ágora.
Lembre-se que não existe pergunta boba. Bobo é aquele que perde a oportunidade de perguntar.
https://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-mt/2021/Agosto/artigo-a-confiabilidade-das-urnas-eletronicas-e-do-processo-eleitoral-brasileiro
https://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-mt/2021/Agosto/artigo-a-confiabilidade-das-urnas-eletronicas-e-do-processo-eleitoral-brasileiro
Sejam todos bem-vindos ao espetacular mundo do conhecimento para aprovação!!!!!
Saudações Filosóficas!!!!!!!!
Aqui estão as minhas redes socais:
@filosofando.com.gabi
Filosofando com Gabi
https://linktr.ee/filosofando.com.gabi
https://linktr.ee/filosofando.com.gabi
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
https://www.youtube.com/channel/UCXD1GBCUmMx4xnW1O02qbPw
Referências Bibliográficas:
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Vol. 4. 5ª Edição. Lisboa. Editorial Presença. 2000.
SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica III, Parte II-II (a). Madrid. Biblioteca de Autores Cristianos. 2002.
ABBUD, Luiz Nelson Macedo. Filosofar é Perguntar: a História da Filosofia abordada através de seus
grandes temas. Editora: Do Autor. 2008.
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Trad. J. Oliveira Santos e A. Ambrósio d Pina.
Coleção ‘Os pensadores’. São Paulo. Nova Cultural. 2000.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. Vol. único. São Paulo:
Moderna, 2012.
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Trad. Leonel Vallandro e Gred Bornheim. Os Pensadores; Nova Cultural.,
São Paulo; 1987.
ARISTÓTELES, Política. Tradução, introdução e comentários de Mário da Gama Kury. Brasília. Ed.
Universidade de Brasília, 1997.
GILSON, Etinene. A filosofia na idade média. São Paulo: Martins Fontes,1995.
MOURA, Paulo Hamurábi Ferreira. OS FUNDAMENTOS ÉTICO-MORAIS DA PAZ NO DE CIVITATE DEI DE
SANTO AGOSTINHO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ATUAL CONSTRUÇÃO DA PAZ. 2009. Tese de
Doutorado. PUC-Rio. Acesso em 11 de janeiro de 2021.
PLATÃO. Diálogos: Mênon, Banquete e Fedro. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga.v. III Os sistemas da era helenística. São Paulo: Ed. Loyola,
1994.
______. História da Filosofia Antiga. v. IV As escolas da era imperial. São Paulo: Ed. Loyola, 1994.
SENECA. Cartas a Lucílio, Lisboa: Fund. Caloveste Gulbenkian, 1991.
SPINELLI, Miguel. Epicuro e as bases do epicurismo. Pia Sociedade de São Paulo-Editora Paulus, 2014.
SOFISTAS. Testemunhos e Fragmentos. Introdução; Maria José Vaz 94 Pinto. Trad. Ana Alexandre Alves
de Souza, Maria José Vaz Pinto. Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Lisboa. 2005.
ULLMANN, Reinholdo Aloysio. O estoicismo Romano. Porto Alegre: Edipucrs, 1996.
Ribeiro, Luiz Octávio Oliveira Saboia. A confiabilidade das urnas eletrônicas e do processo eleitoral
brasileiro. TRE-MT. 2021. Disponível em: https://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-
mt/2021/Agosto/artigo-a-confiabilidade-das-urnas-eletronicas-e-do-processo-eleitoral-brasileiro.
Acessado em 13/12/2021
https://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-mt/2021/Agosto/artigo-a-confiabilidade-das-urnas-eletronicas-e-do-processo-eleitoral-brasileiro
https://www.tre-mt.jus.br/imprensa/noticias-tre-mt/2021/Agosto/artigo-a-confiabilidade-das-urnas-eletronicas-e-do-processo-eleitoral-brasileiro