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BIOQUÍMICA SUPERIOR sumário ÁGUA 03 Compostos Anfipáticos Ph Pka E Sistema Tampão Aminoácidos Proteína Hemoglobina e Suas Propriedades Biológicas Proteínas Fibrosas Enzimas Cinética Enzimática Metabolismo Energético Celular Glicólise Ciclo de Krebs Citocromos Fosforilação Oxidativa Mitocondrias e Seu Papel na Fosforilação Oxidativa Teoria Quimiostática Sintese e Degradação de Glicogênio Estrutura e Função das Diversas Classes de Lípídeos e Características Físico-químicas Estocagem, Mobilização e Transporte de Lipídeos Estocagem, de Glicogênio e Triacilgliceróis Transporte de Lipideos e o Papel das Diversas Lipoproteínas Oxidação de Ácidos Graxos e Beta Oxidação Sinstese de Corpos Cetônicos Biossíntese de Ácidos Graxos Transminação e Desaminação dos Aminoácidos Ciclo da Ureia Integração Metabólica Sob o Ponto de Vista Hormonal Via das Pentoses Fosfato Gliconeogênese Mecanismo de geração de espécies reativas de oxigênio 10 16 23 30 37 44 48 54 60 66 72 78 83 90 95 102 109 117 122 127 132 138 142 146 152 157 165 170 176 3www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA ÁGUA Consequência das interações intermoleculares. Propriedades Físicas: Ponto de Fusão Consequência das interações intermoleculares. Propriedades Físicas: Ponto de Ebulição. Na natureza, a água é o componente químico que está presente em maior quantidade nos seres vivos e, juntamente com os sais minerais, constitui os componentes inorgânicos das células. A água compõe a maior parte da massa corporal do ser humano. É o solvente biológico ideal. A capacidade solvente inclui íons (ex.: Na+, K+ e Cl), açúcares e muitos aminoácidos. Sua incapacidade para dissolver algumas substâncias como lipídeos e alguns aminoácidos, permite a formação de estruturas supramoleculares (ex.: membranas) e numerosos processos bioquímicos (ex.: dobramento proteico). Nela estão dissolvidas ou suspensas as moléculas e partículas necessárias para o bom funcionamento celular. Reagentes e produtos de reações metabólicas, nutrientes, assim como produtos de excreção, dependem da água para o transporte no interior das células e entre as células. PROPRIEDADES DA ÁGUA - ELEVADO CALOR ESPECÍFICO Definição de calor específico: é a energia necessária para aumentar em um grau, um grama de uma determinada substância. A água tem um alto calor específico pois tem a capacidade de absorver muito calor e mudar pouco sua temperatura. Essa característica é fundamental para a manutenção da homeostase dos organismos vivos. Homeostase é a condição de relativa estabilidade da qual o organismo necessita para realizar suas funções adequadamente para o equilíbrio do corpo. - PONTO DE FUSÃO E VAPORIZAÇÃO As moléculas de água se unem por ligações de hidrogênio na qual um átomo de hidrogênio polarizado com carga parcial positiva é atraído por um átomo de oxigênio de outra molécula com carga parcial negativa. A formação de dipolos na molécula é resultante da grande diferença de eletronegatividade entre os átomos de hidrogênio e o de oxigênio. Elevado ponto de vaporização: Quantidade de energia necessária para que 1 grama de uma determinada substância passe do estado líquido para o estado gasoso. Devido a essas interações (ligação de hidrogênio) a água apresenta alto ponto de fusão e ebulição sendo considerada um excelente solvente para substâncias iônicas e outras moléculas polares que façam ligação de hidrogênio com a água como aldeídos, álcool, cetonas e açúcares. 4 BI OQ UÍ MI CA Elevado ponto de congelamento: Neste processo, uma grande quantidade de energia deve ser perdida para que a água passe do estado líquido para o estado sólido. Isso porque o ponto de congelamento da água é elevado. Água no estado sólido fica menos densa do que ele no estado líquido. - ALTA TENSÃO SUPERFICIAL As forças de coesão igualmente compartilhadas entre a molécula de água e outras vizinhas faz com que uma molécula de água possa interagir com a que está ao seu lado esquerdo, direito, em cima, embaixo, em todas as direções, sempre com a mesma intensidade de força. A tensão superficial é uma propriedade da água desencadeada pela coesão de suas moléculas, umas com as outras. Essa coesão é fundamental para o transporte de líquidos no interior das plantas, dentre outros fenômenos biológicos. CARACTERÍSTICAS MOLECULARES A molécula de água é composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, com estrutura angular sendo considerada uma molécula polar. Essa molécula forma um tetraedro irregular, ligeiramente torcido, onde o oxigênio fica no centro e os dois hidrogênios e os elétrons não compartilhados ocupam os cantos do tetraedro. A distância entre os dois átomos de hidrogênio possui uma angulação de aproximadamente 105º. O oxigênio por ser muito eletronegativo atrai os elétrons para longe dos núcleos de hidrogênio, deixando-os com uma carga parcial positiva, enquanto seus dois pares de elétrons não compartilhados constituem uma região de carga negativa. Essa assimetria em relação à carga elétrica gera uma molécula de característica dipolo. As interações entre as moléculas de água são do tipo ligações de hidrogênio e só são possíveis porque a água é um dipolo. As ligações de hidrogênio se formam quando as cargas parciais positivas (que estão sobre os hidrogênios) de uma molécula de água interagem com cargas parciais negativas de outra molécula. Este tipo de ligação tem uma energia menor do que a das ligações covalentes e, portanto, pode ser mais facilmente desfeita (precisa de menos energia para ser rompida). A força das ligações de hidrogênio vem da grande quantidade delas, que estão presentes entre as moléculas de água (uma molécula de água possui quatro cargas parciais e, portanto, pode interagir com, no máximo, quatro outras moléculas da mesma substância). Devido essa grande quantidade de ligações de H no gelo faz com que essa molécula tenha um alto ponto de fusão e vaporização (precise de muito calor para derreter e evaporar, respectivamente– desmanchar as ligações de H) e pela coesão da água, por manter as moléculas ligadas umas às outras. A molécula da água é altamente coesiva. As moléculas interagem entre si por meio de ligações de hidrogênio. A natureza altamente coesiva da água afeta as interações entre as moléculas em solução aquosa. Estrutura da molécula de água. 5www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA A MOLÉCULA DE ÁGUA INFLUENCIA A ESTRUTURA DE OUTRAS BIOMOLÉCULAS Embora a ligação covalente seja a força mais vigorosa que mantém as estruturas moleculares unidas, as forças não covalentes também desempenham um papel importante na estabilidade e funcionalidade das biomoléculas. Essas forças que podem ser de característica de repulsão ou atração, envolvem interações tanto dentro da própria biomolécula quanto entre ela e a água que forma o componente principal do ambiente adjacente. A maioria das biomoléculas são anfipáticas, isto é, possuem regiões ricas em grupamentos funcionais carregados ou polares bem como regiões com caráter hidrofóbico. O curioso é que as biomoléculas tendem a se dobrar com os grupamentos apolares no interior enquanto as regiões polares ficam presentes na superfície em contato com a água. ELEVADA CONSTANTE DIELÉTRICA O dipolo forte da água é responsável pela elevada constante dielétrica. Segundo descrito quantitativamente pela lei de Coulomb a força de interação entre partículas com cargas opostas é inversamente proporcional à constante dielétrica do meio circunvizinho. Dessa forma, a água por possuir essa constante elevada diminui a interação de partículas polares e carregadas o que a possibilita de dissolver grandes quantidades de compostos carregados como os sais. Os compostos não polares (apolares) possuem uma tendência em se auto associar em um ambiente aquoso. Essa interação não ocorre por atração mútua entre essas estruturas e muitomenos por ligações hidrofóbicas. Os hidrogênios presentes nos hidrocarbonetos não formam ligações de hidrogênio, mas afetam a estrutura das moléculas de água que os circulam. Essas moléculas ao entorno da estrutura apolar se apresentam com um número restrito de orientações (grau de liberdade) o que ocasiona um número máximo de ligações de hidrogênio entre elas. Essa formação máxima de múltiplas ligações de hidrogênio somente pode ser mantida se ocorrer o aumento da ordem de moléculas águas adjacentes. Assim as moléculas apolares tendem a formar gotículas que diminuem a área de superfície exposta `a água e reduz a quantidade de moléculas de água onde a liberdade de movimento se torna restrita. De forma bem parecida, nosso ambiente celular funciona, os as porções das biomoléculas tendem a ficar para dentro da estrutura ou dentro de uma dupla camada lipídica, diminuindo bastante o contato com a água. SOLVENTE UNIVERSAL A água é considerada como solvente universal pois tem a capacidade de solubilizar inúmeros compostos orgânicos e inorgânicos, transportando-os pelo organismo. As substâncias dissolvidas em água reagem mais facilmente pois suas partículas espalhadas e em contínuo movimento têm uma possibilidade maior de entrar em contato com outras partículas. É o solvente do sangue, da linfa, dos líquidos intersticiais nos tecidos e das secreções como a lágrima, o leite e o suor. A polaridade e a capacidade de formação de ligação de hidrogênio da água fazem dela uma molécula com alto poder de interação. A água é um excelente solvente para a maioria das moléculas polares pois enfraquece as ligações eletrostáticas e ligações de hidrogênio entre esses grupamentos e passa a interagir com eles, como por exemplo entre carbonila e amida. 6 BI OQ UÍ MI CA A ÁGUA PODE FUNCIONAR COMO UM EXCELENTE NUCLEÓFILO Nas reações presentes em nosso metabolismo frequentemente podemos observar o ataque por pares isolados de elétrons que estão presentes em moléculas ricas em elétrons (nucleófilos) sobre átomos deficientes em elétrons (eletrófilos). Assim, devido a sua estrutura molecular onde estão presentes pares de elétrons isolados, a água comporta um carga negativa parcial, funcionando como um excelente nucleófilo. Esse ataque nucleofílico geralmente está associado à reações de clivagem das ligações amida, glicosídica ou éster presentes que mantém unidas as biomoléculas (por exemplo, clivagem da ligação peptídica que mantém dois aminoácidos unidos através de uma ligação amida). Essa reação química é denominada hidrólise. Em contrapartida, quando as unidades monoméricas são unidas o produto dessa reação é uma molécula de água (com base no mesmo exemplo, quando dois aminoácidos se unem, a ligação amida é formada pela retirada de uma molécula de água, parte do grupo carboxílico de um e do grupo amina do outro). ANOTAÇÕES 7www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Explique a composição molecular da água. Por que que a água é considerada um solvente biológico ideal? Como as moléculas de água formam ligações de hidrogênio? Como a molécula de água pode influenciar a estrutura de outras biomoléculas? Como ocorre as interações hidrofóbicas em ambiente aquoso? Explique de que maneira a água pode funcionar como um excelente nucleófilo? Qual a importância biológica na capacidade da molécula de água em se dissociar? Correlacione as principais propriedades da água com o tipo de interação molecular que mesma realiza. Dentre as propriedades físico-químicas da água, com grande importância sob o ponto de vista biológico, podem- se citar: a) o alto calor específico, o pequeno poder de dissolução e a grande tensão superficial. b) o baixo calor específico, o grande poder de dissolução e a pequena tensão superficial. 8 EX ER CÍ CI OS 10 ANOTAÇÕES c) o baixo calor específico, o pequeno poder de dissolução e a pequena tensão superficial. d) o alto calor específico, o alto poder de dissolução e a pequena tensão superficial. e) o alto calor específico, o alto poder de dissolução e a grande tensão superficial. Explique como alguns insetos e pequenos animais são capazes de caminhar sobre a superfície de lagos/ lagoas e por que podemos encher um copo com água, passando um pouco da borda, sem que ela transborde? Explique considerando as propriedades físico químicas da molécula de água. 9www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW ÁGUA 1- A água é constituída de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Essa molécula forma um tetraedro irregular, ligeiramente torcido, onde o oxigênio fica no centro e os dois hidrogênios e os elétrons não compartilhados ocupam os cantos do tetraedro. A distância entre os dois átomos de hidrogênio possui uma angulação de aproximadamente 105O. Vale ressaltar que o oxigênio é muito eletronegativo atrai os elétrons para longe dos núcleos de hidrogênio, deixando-os com uma carga parcial positiva, enquanto seus dois pares de elétrons não compartilhados constituem uma região de carga negativa. Essa assimetria em relação `a carga elétrica gera uma molécula de característica dipolo. 2- O dipolo forte da água é responsável pela elevada constante dielétrica. Segundo descrito quantitativamente pela lei de Coulomb a força de interação entre partículas com cargas opostas é inversamente proporcional `a constante dielétrica do meio circunvizinho. Dessa forma a água por possuir essa constante elevada diminui a interação de partículas polares e carregadas o que a possibilita de dissolver grandes quantidades de compostos carregados como os sais. 3- Um núcleo de hidrogênio parcialmente desprotegido ligado através de uma ligação covalente à um átomo com elevada eletronegatividade como oxigênio ou nitrogênio (aqui eles funcionam como captador de elétron) pode interagir com seu um par de elétron não compartilhado com outro átomo de oxigênio ou nitrogênio e assim formar a ponte de hidrogênio. Se lembrarmos da disposição molecular da água, ela possui essas duas características, e assim a auto associação das moléculas de água através dessas ligações de hidrogênio é possibilitada. 4- Embora a ligação covalente seja a força mais vigorosa que mantém as estruturas moleculares unidas, as forças não covalentes também desempenham um papel importante na estabilidade e funcionalidade das biomoléculas. Essas forças que podem ser de característica de repulsão ou atração, envolvem interações tanto dentro da própria biomolécula quanto entre ela e a água que forma o componente principal do ambiente adjacente. Sem contar que a maioria das biomoléculas são anfipáticas, isto é, possuem regiões ricas em grupamentos funcionais carregados ou polares bem como regiões com caráter hidrofóbico. O curioso é que as biomoléculas tendem a se dobrar com os grupamentos apolares no interior enquanto as regiões polares ficam presentes na superfície em contato com a água. 5- Os compostos não polares (apolares) possuem uma tendência em se auto associar em um ambiente aquoso. Essa interação não ocorre por atração mútua entre essas estruturas e muito menos por ligações hidrofóbicas. Os hidrogênios presentes nos hidrocarbonetos não formam ligações de hidrogênio, mas afetam a estrutura das moléculas de água que os circulam. Essas moléculas ao entorno da estrutura apolar se apresentam com um número restrito de orientações (grau de liberdade) o que ocasiona um número máximo de ligações de hidrogênio entre elas. Essa formação máxima de múltiplas ligações de hidrogênio somente pode ser mantida se ocorrer o aumento da ordem de moléculas águas adjacentes. Assim as moléculas apolares tendem a formar gotículas que diminuem a área de superfície exposta `a água e reduz a quantidade de moléculas de água onde a liberdade de movimento se torna restrita. De forma bem parecida, nosso ambiente celular funciona, os as porções das biomoléculastendem a ficar para dentro da estrutura ou dentro de uma dupla camada lipídica, diminuindo bastante o contato com a água. 6- Nas reações presentes em nosso metabolismo frequentemente podemos observar o ataque por pares isolados de elétrons que estão presentes em moléculas ricas em elétrons (nucleófilos) sobre átomos deficientes em elétrons (eletrófilos). Assim, devido a sua estrutura molecular onde estão presentes pares de elétrons isolados, a água comporta um carga negativa parcial, funcionando como um excelente nucleófilo. Esse ataque nucleofílico geralmente está associado `a reações de clivagem das ligações amida, glicosídica ou éster presentes que mantém unidas as biomoléculas (por exemplo, clivagem da ligação peptídica que mantém dois aminoácidos unidos através de uma ligação amida). Essa reação química é denominada hidrólise. Em contrapartida, quando as unidades monoméricas são unidas o produto dessa reação é uma molécula de água (com base no mesmo exemplo, quando dois aminoácidos se unem, a ligação amida é formada pela retirada de uma molécula de água, parte do grupo carboxílico de um e do grupo amina do outro). 7- Embora discreta, a molécula de água possui capacidade de se dissociar. Essa ionização pode ser representada como uma transferência de próton intermolecular e um íon didróxido: H 2 O + H 2 O H 3 O+ + OH-. O próton transferido está associado, na realidade, a um grupamento de moléculas de água. Em nossa biologia os prótons em solução não existem apenas associados como H3O+, mesmo assim é rotineiramente representado como H+, ainda que na realidade, esteja totalmente hidratado. Como os íons hidrônio e hidróxido se recombinam continuamente para formar moléculas de água em nossa biologia, a água como solvente de outros compostos químicos pode influenciar a ionização destes e assim, esse comportamento, variar o pH do meio. 8- As interações entre as moléculas de água são do tipo ligações de hidrogênio e só são possíveis porque a água é um dipolo. As ligações de hidrogênio se formam quando as cargas parciais positivas (que estão sobre os hidrogênios) de uma molécula de água interagem com cargas parciais negativas de outra molécula. Este tipo de ligação tem uma energia menor do que a das ligações covalentes e, portanto, pode ser mais facilmente desfeita (precisa de menos energia para ser rompida). A força das ligações de hidrogênio vem da grande quantidade delas, que estão presentes entre as moléculas de água (uma molécula de água possui quatro cargas parciais e, portanto, pode interagir com, no máximo, quatro outras moléculas da mesma substância). Devido essa grande quantidade de ligações de H no gelo faz com que essa molécula tenha um alto ponto de fusão e vaporização (precise de muito calor para derreter e evaporar, respectivamente– desmanchar as ligações de H) e pela coesão da água, por manter as moléculas ligadas umas às outras. 9- E 10- As forças de coesão igualmente compartilhadas entre a molécula de água e outras vizinhas faz com que uma molécula de água possa interagir com a que está ao seu lado esquerdo, direito, em cima, embaixo, em todas as direções, sempre com a mesma intensidade de força. A tensão superficial é uma propriedade da água desencadeada pela coesão de suas moléculas, umas com as outras. Essa coesão é fundamental para o transporte de líquidos no interior das plantas, dentre outros fenômenos biológicos. 10 BI OQ UÍ MI CA MOLÉCULAS ANFIFÍLICAS Muitas biomoléculas, denominadas anfifílicas (ou anfipáticas), possuem uma região hidrofílica (interage com a água - Polar) e uma região hidrofóbica (não interage com água - Apolar). A atração de um determinado tipo de átomo pelos elétrons de uma ligação covalente é chamada de eletronegatividade. Quanto mais eletronegativo for um átomo, mais fortemente ele atrai elétrons compartilhados para si mesmo. Em uma ligação covalente o resultado desse “cabo de guerra” entre os elétrons comuns é o equilíbrio. Quando dois átomos compartilham os elétrons de forma igual, ou seja, ninguém vence o cabo de guerra se diz uma ligação apolar. Ligação entre elementos químicos iguais é um bom exemplo desse tipo de ligação. Entretanto, em outros compostos onde o átomo é ligado a outro mais eletronegativo, os elétrons da ligação não saem dividido igualmente. Esse tipo de ligação é chamado de ligação covalente polar. Em resumo, na química, a polaridade se refere à separação das cargas elétricas que ocasiona na formação molecular de dipolos elétricos. As moléculas polares interagem através de dipolos-dipolos ou ligações de hidrogênio. A polaridade irá depender da diferença de eletronegatividade entre os átomos. A molécula de água, por exemplo, é polar pois existe um compartilhamento assimétrico entre os átomos de oxigênio e os átomos de hidrogênio. Assim, podemos dizer que uma substância polar poderá COMPOSTOS ANFIPÁTICOS estrutura de uma molécula anfipática se correlacionar com a água o que não ocorre com a substância apolar. Essa propriedade afeta significativamente o meio aquoso. Por exemplo, os ácidos graxos ionizados são moléculas anfipáticas porque contêm grupos carboxilatos hidrofílicos e grupos hidrocarbonetos Estrutura de uma molécula anfipática com a cadeia hidrofóbica e uma extremidade hidrofílica hidrofóbicos. Quando misturados com a água, as moléculas anfifílicas se agregam formando estruturas estáveis chamadas micelas. Nas micelas, as regiões carregadas (grupos carboxilatos), denominadas cabeças polares, são orientadas para a água com a qual interage. A cauda hidrocarboneto não polar tende a evitar o contato com a água e orienta-se para o interior hidrofóbico. BICAMADAS FOSFOLIPÍDICAS A tendência das biomoléculas anfipáticas é espontaneamente se rearranjar em água e é uma característica importante de numerosos componentes celulares. Por exemplo, a formação de bicamadas por moléculas de fosfolipídios é a estrutura básica das membranas biológicas. Micela 11www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA fosfolipideos A capacidade dos lipídeos em formar membranas é inerente à sua estrutura molecular. Um fosfolipídio de membrana é uma molécula anfipática, isto é, possui uma região hidrofílica e uma região hidrofóbica. Dessa forma, as partes polares das estruturas dos fosfolipídios estão voltadas para a superfície interna e externa da célula, organizando a parte apolar no interior da membrana. As bicamadas lipídicas tendem a convertesse em estruturas fechadas, mais estáveis, por não apresentarem caudas hidrofóbicas expostas ao solvente. Os lipossomos são vesículas esféricas sintéticas constituídas por uma bicamada lipídica contínua, delimitando uma cavidade interna preenchida por solvente. Os lipossomos têm sido empregados como modelos para o estudo de bicamadas lipídicas e membranas. A bicamada lipídica isola o conteúdo do lipossomo do líquido externo. Apesar disto, vários compostos podem ser englobados no interior do compartimento interno dos lisossomos e é justamente graças a essa propriedade que essas estruturas constituem uma via importante para a administração de medicamentos. As substâncias são encapsuladas em lipossomos que caem na circulação sanguínea até os tecidos. Em seguida, por fusão das vesículas com a membrana plasmática, os fármacos são introduzidos diretamente nas células. Dessa forma o preparo dos lisossomos específicos para o tecido alvo reduz os efeitos colaterais indesejados. PROTEÍNAS A conformação final da proteína está relacionada com a sequência de aminoácidos observada em sua estrutura primaria. Cada aminoácido pode ser diferenciado a partir da sua cadeia lateral e essa pode apresentar grupos funcionais que podem conferir regiões na proteína de característica polar ou apolar. As proteínas de membrana, por exemplo, se organizam posicionando os resíduosde aminoácidos apolares para o interior das membranas e os resíduos polares para as superfícies externa e interna. Proteínas transmembrana: estão são anfipáticas e ultrapassam a bicamada lipídica, uma única vez (proteína transmembrana de passagem única) ou diversas vezes (proteínas transmembrana multipassagem). Possui formato de uma hélice ou barris e podem exercer a função de transporte de íons, ou ainda, funcionar como receptores ou como enzimas. SAPONIFICAÇÃO As gorduras animais e os óleos vegetais são misturas de triacilgliceróis. Esses triacilgliceróis podem ser hidrolisados, liberando ácidos graxos e glicerol. Se esta hidrólise é feita em meio alcalino, formam-se sais de ácidos graxos, os sabões. Esse processo é chamado de saponificação e é o princípio da fabricação de 12 BI OQ UÍ MI CA sabões a partir de gordura animal fervida em presença de NaOH ou KOH. Os sabões também são moléculas anfifílicas. Os sais biliares são moléculas derivadas do colesterol e são produzidos no fígado. No pH fisiológico os sais biliares ocorrem predominantemente na forma desprotonada, do que resulta a denominação mais apropriada de sais biliares. Essas moléculas são anfifílicas e são responsáveis pela emulsificação e solubilização dos lipídeos e das vitaminas lipossolúveis. IMPORTÂNCIA DA CONJUGAÇÃO DOS ÁCIDOS BILIARES Nos seres humanos, os principais sais biliares são o colato e quenodesoxicolato (ácido cólico e quenodesoxicólico) e são secretados para a vesícula biliar e na sua maior parte associados a glicina e a taurina por ligação amídica. A conjugação dos ácidos biliares com a glicina e a taurina reduz os valores de pKs destes ácidos, tornando-os ionizados no pH intestinal. Formam sais biliares e este são detergentes mais efetivos (natureza anfipática aumentada). ANOTAÇÕES 13www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS QUESTÃO RESOLVIDA EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 8 Uma molécula anfipática significa: a) Molécula ramificada com pelo menos dois pontos de ramificação b) Molécula que tem uma região carregada positivamente e outra região que é carregada negativamente c) Molécula associada a bicamada lipídica d) Molécula que tem uma região polar e outra não polar e) Molécula que tem dois tipos de ligação O que são substâncias polares e apolares? O que são moléculas anfipáticas ou anfifílicas? O que são micelas? O que são lipossomas? Explique o processo de saponificação. Explique como são formados os sais biliares. Quais são os principais sais biliares? Observe a imagem abaixo e identifique se os grupos químicos marcados com a coloração azul e amarelo são compostos polares ou apolares. 14 EX ER CÍ CI OS 9 10 ANOTAÇÕES Como são formadas as bicamadas fosfolipídicas? Por que as proteínas podem ser classificadas como moléculas anfifílicas? 15www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW COMPOSTOS ANFIPÁTICOS 1- A atração de um determinado tipo de átomo pelos elétrons de uma ligação covalente é chamada de eletronegatividade. Quanto mais eletronegativo for um átomo, mais fortemente ele atrai elétrons compartilhados para si mesmo. Em uma ligação covalente esse o resultado desse “cabo de guerra” entre os elétrons comuns é o equilíbrio. Quando dois átomos compartilham os elétrons de forma igual, ou seja, ninguém vence o cabo de guerra se diz uma ligação apolar. Ligação entre elementos químicos iguais é um bom exemplo desse tipo de ligação. Entretanto em outros compostos onde o átomo é ligado a outro mais eletronegativo, os elétrons da ligação não saem dividido igualmente. Esse tipo de ligação é chamado de ligação covalente polar. Em resumo, na química, a polaridade se refere `a separação das cargas elétricas que ocasiona na formação molecular de dipolos elétricos. As moléculas polares interagem através de dipolos-dipolos ou ligações de hidrogênio. A polaridade irá depender da diferença de eletronegatividade entre os átomos. A molécula de água por exemplo é polar pelo motivo de que existe um compartilhamento assimétrico entre os átomos de oxigênio e os átomos de hidrogênio. Assim podemos dizer que uma substância polar poderá se correlacionar com a água o que não ocorre com a substância apolar. 2- São moléculas que possuem uma região hidrofílica (interage com a água) e uma região hidrofóbica (não interage com água). 3- São formadas por moléculas lipídicas anfipáticos com sua cadeia carbônica voltadas para o interior dessas estruturas e seus grupos polares posicionados na superfície externa interagindo com o solvente. A formação das micelas é uma etapa importante na digestão dos lipídeos da dieta. 4- As bicamadas lipídicas tendem a converte-se em estruturas fechadas, mais estáveis, por não apresentarem caudas hidrofóbicas expostas ao solvente. Os lipossomos são vesículas esféricas sintéticas constituídas por uma bicamada lipídica contínua, delimitando uma cavidade interna preenchida por solvente. Os lipossomos têm sido empregados como modelos para o estudo de bicamadas lipídicas e membranas. A bicamada lipídica isola o conteúdo do lipossomo do líquido externo. Apesar disto vários compostos podem ser englobados no interior do compartimento interno dos lisossomos e é justamente graças a essa propriedade que essas estruturas constituem uma via importante para a administração de medicamentos. ANOTAÇÕES As substâncias são encapsuladas em lipossomos que caem na circulação sanguínea até os tecidos. Em seguida, por fusão das vesículas com a membrana plasmática, os fármacos são introduzidos diretamente nas células. Dessa forma o preparo dos lisossomos específicos para o tecido alvo reduz os efeitos colaterais indesejados. 5- As gorduras animais e os óleos vegetais são misturas de triacilgliceróis. Esses triacilgliceróis podem ser hidrolisados, liberando ácidos graxos e glicerol. Se esta hidrólise é feita em meio alcalino, formam-se sais de ácidos graxos, os sabões. Esse processo é chamado de saponificação e é o princípio da fabricação de sabões a partir de gordura animal fervida em presença de NaOH ou KOH. Os sabões também são moléculas anfifílicas. 6- São moléculas derivadas do colesterol e são produzidos no fígado. No pH fisiológico os sais biliares ocorrem predominantemente na forma desprotonada, do que resulta a denominação mais apropriada de sais biliares. Essas moléculas são anfifílicas e são responsáveis pela emulsificação e solubilização dos lipídeos e das vitaminas lipossolúveis. 7- Nos seres humanos os principais sais biliares são colato e quenodesoxicolato (ácido cólico e quenodesoxicólico) e são secretados para a vesícula biliar e na sua maior parte associados a glicina e a taurina por ligação amídica. 8- Os grupos marcados em azul são grupos polares e aqueles em amarelo são apolares. Podemos observar que a figura de baixo representa uma molécula (fosfadilcolina) anfifílica. 9- A capacidade dos lipídeos em formar membranas é inerente `a sua estrutura molecular. Um fosfolipídio de membrana é uma molécula anfipática, isto é, possui uma região hidrofílica e uma região hidrofóbica. Dessa forma as partes polares das estruturas dos fosfolipídios estão voltadas para a superfície interna e externa da célula, organizando a parte apolar no interior da membrana. 10- A conformação final da proteína está relacionada com a sequência de aminoácidos observada em sua estrutura primaria. Cada aminoácido pode ser diferenciado a partir da sua cadeia lateral e essa pode apresentar grupos funcionais que podem conferir regiões na proteína de característica polar ou apolar. As proteínas de membrana por exemplos se organizam posicionando os resíduos de aminoácidos apolares para o interior das membranas e os resíduos polares para as superfícies externa e interna. QUESTÃO RESOLVIDA [D] São moléculas que possuem uma região hidrofílica (interage com a água) e uma região hidrofóbica (não interage com água). 16 BI OQ UÍMI CA PH, PKA E SISTEMA TAMPÃO O pH foi definido por Sorensen como o logaritmo negativo da concentração do íon hidrogênio pH= -log [H+]. Para melhor compreendermos essa relação vamos levar em consideração a ionização da água: O Kw é o produto iônico da água à 25º C. Nessa situação podemos considerar a condutividade elétrica da água como a constante de equilíbrio (Keq) que a 25 ºC é 1,8 x 10-16M. Considerando para a molécula de água neutra que as concentrações de [H+] e [OH-] são iguais. Assim, o valor de pH para a água neutra é 7,0. Como os valores da concentração de [H+] são muito pequenos, por convenção ficou determinado se calcular pH através de uma projeção numérica logarítmica negativa de pH= -log [H+]. São os ácidos e as bases que alteram o pH. Segundo Brönsted, os ácidos são substâncias capazes de doar prótons e as bases são substâncias capazes de recebe-los. Para saber se um ácido é forte ou fraco devemos conhecer seu grau de ionização, que é calculado pela relação entre o número de moléculas ionizadas sobre o número de moléculas 17www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA dissolvidas. Ou seja, quando mais próximo de 1, significa dizer que o ácido foi completamente dissociado, e, portanto, se configura em um ácido forte. Os ácidos fracos possuem um grau de ionização abaixo de 5%. Os ácidos fracos possuem a capacidade de se reassociarem novamente, o que não ocorre com o ácido forte. O mesmo conceito vale para as bases, mas lembrado que essas moléculas se dissociam como íon negativo o ânion hidróxido, também chamado de hidroxila. Somente os ácidos e bases fracas possuem a capacidade de ser reassociar, essa reação respeita um equilíbrio químico. PKA pKa é o valor de pH que provoca 50% da dissociação do ácido. Ou seja, pKa de um grupamento ácido é o pH em que as espécies protonadas e não protonadas estão presentes em concentrações iguais. Na verdade, é também uma representação matemática a fim de mensurar a Ka (constante de dissociação de um ácido) que é expressa como números exponenciais negativos, pKa= -log Ka. Ka é uma forma de expressar a força relativa de um ácido ou base fracos. Logo: Ka= [A].[H 3 O+]/[HA] CURVAS DE TITULAÇÃO DE ÁCIDOS E BASES FORTE E FRACOS A curva de titulação para qualquer ácido fraco deverá ser descrita pela equação de Henderson- Hasselbach. pKa de um grupamento ácido também é definido como o pH em que as espécies protonadas e não protonadas estão presentes em concentrações iguais. Assim podemos observar que quando o pH for maior do que o pKa a curva de dissociação desse ácido fraco se deslocará para o lado de dissociação. Quando pH for menor do que o pKa significa dizer que a reação se deslocará para a formação do ácido, pois a alta concentração de H+ do meio reagirá com a base conjugada. O mesmo vale para uma base fraca. Curvas de titulação SISTEMA TAMPÃO É um sistema composto por ácidos ou bases fracas e seus conjugados capazes de resistir a uma alteração no pH após a adição de base ou ácido forte. Do ponto de vista biológico o sistema tampão é fundamental para a biologia celular, pois muitas reações metabólicas intracelulares são acompanhadas pela liberação ou captação de prótons. 18 BI OQ UÍ MI CA Faixa de tamponamento: Todo tampão é capaz de impedir as variações acentuadas de pH uma unidade seja para cima ou para baixo. Ou seja, a faixa de tamponamento impede uma variação de 10x a concentração de H+. Um exemplo de tampão biológico é o nosso sangue, onde o pH é mantido entre 7,34-7,45. Os principais responsáveis pela manutenção desse valor de pH são as proteínas, o tampão bicarbonato e o tampão fosfato. As proteínas e o tampão fosfato exercem um efeito tamponante discreto no plasma, por estarem em baixas concentrações. Sua importância de tamponamento pode ser mais observada no meio intracelular. No caso do tampão bicarbonato, o ácido carbônico dissocia-se em bicarbonato e H+: H 2 CO 3 HCO 3 - + H+ . O ácido carbônico (H 2 CO 3 ) apresenta uma característica peculiar de estar em equilíbrio com o CO 2 dissolvido em água segundo a reação: CO 2 + H 2 O H 2 CO 3 . No nosso organismo, o CO 2 formado pelos tecidos, como produto do nosso metabolismo celular, difunde-se para o plasma e para o interior das hemácias. Essas células possuem uma enzima denominada de anidrase carbônica, que transforma o CO 2 em H 2 CO 3 . Assim agora temos a reação: CO 2 + H 2 O H 2 CO 3 HCO 3 - + H+ ANOTAÇÕES 19www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Conceitue pH Defina ácido e base segundo Brönsted. O que são ácidos e bases fortes e fracos ? Do ponto de vista do tamponamento como funciona um sistema contendo um ácido fraco? Explique o que é constante de dissociação? Defina pKa e quais os procedimentos para determinar seu valor? Escrever a equação de Henderson-Hasselbach e mostrar sua utilidade na avaliação de um sistema- tampão. Defina sistema tampão e cite exemplo de sistema tampão biológico. Quais fatores podem influenciar a eficiência de um sistema tampão. 20 EX ER CÍ CI OS 10 ANOTAÇÕES Considerando os valores de referência ao lado, interprete a gasometria. pH= 7,26 PCO2= 56 PO2= 90 HCO3- =24 BE= -4 V.R.: pH: 7,35 a 7,45 PaCO2: 35 a 45 mmHg PaO2: 80 a 100 mmHg HCO3: 22 a 28 mEq/L B.E.: -2 a +2 O Resultado dessa gasometria encontra-se a alternativa abaixo: a) Alcalose metabólica b) Acidose metabólica c) Acidose respiratória d) Alcalose respiratória e) Exame normal 21www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW PH, PKA E SISTEMA TAMPÃO 1- O termo pH foi introduzido por Sörensen no ano de 1909 que definiu pH como o logaritmo negativo da concentração do íon hidrogênio. pH= -log [H+] . Por exemplo para uma solução de água pura a 25º C, a concentração de H+ e 10-7. Assim: pH= -log [10-7]= - (-7)= 7,0. 2- Ácidos são substâncias capazes de doar prótons e as bases são substâncias capazes de recebe-los. 3- Ácidos e bases fortes possuem a características de se ionizarem completamente em solução de temperatura e pressão constantes. Nessas condições, a concentração de um ácido forte será igual `a concentração de íons hidrônio H 3 O+. As bases por sua vez se dissociam quase que completamente, liberando íons hidroxilas (OH-) em solução. Os ácidos e bases fracos por sua vez, dissociam-se apenas de maneira parcial nas soluções. Do ponto de vista bioquímico os ácidos fracos e bases fracas e seus conjugados respectivos representam um interesse particular, principalmente pela sua capacidade de tamponamento. Um ácido fraco se dissocia nos íons hidrônio H 3 O+ e sua base conjugada. 4- Levando em consideração um sistema tampão hipotético formado pelo ácido HA e sua base conjugada A (HA A + H+). Essa reação química reage `a adição de um ácido forte, ou seja, adição de prótons, já que o ácido forte se dissocia completamente. Quando se adiciona o H+ ao equilíbrio formado pelo ácido fraco e sua base conjugada, o sistema reage por intermédio da base conjugada (A), que se associa a prótons, transformando-se no ácido HA. Vale aqui ressaltar que a curva de dissociação de um ácido fraco, por exemplo, respeita um equilíbrio químico, regido por uma constante de quilíbrio (Keq) e, por isso, nem todos os prótons adicionados associam-se `a base conjugada. Se isso de fato ocorresse, o número de prótons em solução seria o mesmo que antes da adição, a concentração de A seria menor (pois está reagindo com o H+ extra) e a concentração de HA será maior. Para esses novos valores o valor da constante de equilíbrio seria diminuído, o que é um absurdo. 5- Os eletrólitos fracos (ácidos ou bases) se dissociam apenas discretamente em solução, e assim devemos calcular a constante de dissociação para estimar a concertação do H+ ou a OH- produzida por uma determinada molaridade de um ácido (base) fraco antes de calcular a [H+]total (ou [OH-] total) e consequentemente o pH. Para a equação HA A + H+ Keq= [A] [H+] [HA] Por isso que ao adicionar ácidos ou bases nesse sistema, a reação respeitará esse equilíbrio químico. Exemplo (o mesmo citado na questão 4): Adicionar um ácido forte na solução. Por ser forte esse ácido se dissociará completamente aumentando a concentração de H+ no meio. Assim boa parte desses prótons se associam a A e uma pequena parte fica livre em solução. O valor final então de [H+] será um pouco maior do que antes da adição; o de A será menor e o de HA, maior. Dessa forma o valor da constante é mantido: Keq= [A] [H+] = Keq= [A] [ H+] [HA] [HA] 6-pKa é o valor de pH que provoca 50% da dissociação do ácido. Em outras palavras o pKa de um grupamento ácido é o pH em que as espécies protonadas e não protonadas estão presentes em concentrações iguais. Na verdade, é também uma representação matemática a fim de mensurar a Ka (constante de dissociação de um ácido) que é expressa como números exponenciais negativos, pKa= -log Ka. Ka é uma forma de expressar a força relativa de um ácido ou base fracos. 7- Rescrevendo: A equação de Henderson-Hasselbalch permite calcular, em qualquer pH, a razão entre as concentrações das espécies doadoras e aceptoras de prótons para um sistema tampão, desde que o pKa do ácido seja conhecido. Exemplo: Para um tampão acetato pode-se calcular a razão das concentrações de ácido acético (H 3 C-COOH) com pKa= 4,7 e acetato (H 3 C-COO-) em pH 5,7. Logo: 5,7= 4,7 + log [H 3 C-COO-)] H 3 C-COOH 1= log [H 3 C-COO-)] H 3 C-COOH Retirando o log: [H 3 C-COO-)] = 10 (razão) H 3 C-COOH Por tanto, no pH 5,7, haverá 10 vezes mais acetato do que ácido acético. 8- É um sistema composto por ácidos ou bases fracos e seus conjugados capazes de resistir a uma alteração no pH após a adição de base ou ácido forte. Do ponto de vista biológico o sistema tampão é fundamental para a biologia celular, pois muitas reações metabólicas intracelulares são acompanhadas pela liberação ou captação de prótons. Um exemplo de tampão biológico é o nosso sangue, onde o pH é mantido entre 7,34-7,45. Os principais responsáveis pela manutenção desse valor de pH são as proteínas, o tampão bicarbonato e o tampão fosfato. As proteínas e o tampão fosfato 22 BI OQ UÍ MI CA exercem um efeito tamponante discreto no plasma, por estarem em baixas concentrações. Sua importância de tamponamento pode ser mais observada no meio intracelular. No caso do tampão bicarbonato, o ácido carbônico dissocia-se em bicarbonato e H+ : H 2 CO 3 HCO 3 - + H+ . O ácido carbônico (H 2 CO 3 ) apresenta uma característica peculiar de estar em equilíbrio com o CO 2 dissolvido em água segundo a reação: CO 2 + H 2 O H 2 CO 3 . No nosso organismo, o CO 2 formado pelos tecidos, como produto do nosso metabolismo celular, difunde-se para o plasma e para o interior das hemácias. Essas células possuem uma enzima denominada de anidrase carbionica, que transforma o CO 2 em H 2 CO 3 . Assim agora temos a reação: CO 2 + H 2 O H 2 CO 3 HCO 3 - + H+ 9- Quantidade do tampão no meio, temperatura, pressão, adição de ácidos ou bases fortes. Uma situação relevante é que na faixa de pH e que a ação tamponante é exercida, obrigatoriamente um valor de pH em que exatamente 50% do total encontra-se associado e os outros 50% restantes na forma de base conjugada é onde o sistema tampão possui sua eficiência máxima. Uma solução de um ácido fraco e sua base conjugada tamponam de maneira mais efetiva o pH na faixa de pKa (máximo) +/- 1,0 unidade. 10- C. Observa-se um pH mais baixo que o fisiológico, e a pCO 2 está acima dos valores normais. Para os demais parâmetros o exame segue normal. ANOTAÇÕES 23www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA AMINOÁCIDOS No nosso sistema biológico estão presentes várias e diversificadas proteínas, todas com funções completamente distintas. Essas biomoléculas são constituídas de aminoácidos e a ordem e características de cada estão diretamente relacionados à essa característica. Todo aminoácido é constituído por um átomo central de carbono com quatro substituições diferentes. Na verdade, existem 20 tipos de aminoácidos que compõe proteínas e 19 deles apresentam essa característica de carbono assimétrico. O único que não apresenta isomeria é a glicina, pois a cadeia lateral é um átomo de hidrogênio, ocasionando da ligação do carbono α com dois substituintes iguais. Carbono assimétrico também chamado de carbono quiral são aqueles cuja a mudança de posição de qualquer ligante levará a um enantiômero (espelhada) da molécula original. ENANTIÔMERO É uma molécula “espelhada”, simetricamente igual a original e tem a capacidade de desviar a luz para a esquerda (levogiro) ou para a direita (dextrógeno). Embora alguns aminoácidos de proteínas sejam dextrorrotatórios e alguns sejam levorrotatórios, todos compartilham a configuração absoluta do L-glutaraldeído (convenção de Fisher) e assim, são definidos como L-aminoácidos. Alguns exemplos de D-aminoácidos de relevância biológica incluem a ornitina e a citrulina que participam da síntese da ureia, a tirosina na formação dos hormônios tireoidianos e o glutamato na biossíntese de neurotransmissores. Os aminoácidos são representados por símbolos (as 3 letras iniciais do seu nome correspondente ou abreviados por uma letra em maiúscula. 24 BI OQ UÍ MI CA Os aminoácidos podem ser classificados em 5 classes principais baseadas nas propriedades das suas cadeias laterais: 1-Aminoácidos com cadeias laterais não polares (hidrofóbicas) 2-Aminoácidos com cadeias laterais aromáticas 3- Aminoácidos com cadeias laterais polares não carregadas (mais hidrofílicas) 4-Aminoácidos com cadeias laterais carregadas positivamente (hidrofílicas) 5-Aminoácidos com cadeias laterais carregadas negativamente (hidrofílicas) Os grupamentos funcionais dos aminoácidos ditam as reações químicas dos aminoácidos. Os aminoácidos podem formar polímeros lineares pela ligação de grupo α-carboxila de um aminoácido com o grupo α-amino do outro. Esta ligação carbono-nitrogênio é uma ligação amídica, chamada, no caso das proteínas de ligação peptídica. Essa ligação é obtida por exclusão de uma molécula de água. Através da ligação de dois ou mais aminoácidos pelas ligações peptídicas, há a formação dos peptídeos, como por exemplo: Aspartame resultante da junção dos aminoácidos aspartato e fenilalanina. Os aminoácidos são unidos por ligação peptídica 25www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA ANOTAÇÕES OS AMINOÁCIDOS PODEM TER CARGA TOTAL POSITIVA, NEGATIVA OU NEUTRA. Embora tanto o R-COOH e o R-NH 3 sejam ácidos fracos, o primeiro é muito mais forte que o segundo. Assim, em pH fisiológico, os grupamentos carboxílicos existem praticamente todos como R-COO- e o grupamento amino predominantemente como R-NH 3 +. O ponto onde a carga líquida total da molécula de aminoácido ou proteína é nula é tão importante, que recebeu uma denominação especial. Assim, o valor de pH onde existe equivalência entre as cargas positivas e negativas da molécula é denominado ponto isoelétrico (pI). O pI é a média dos dois valores de pKa encontrados no aminoácido. Esses valores dependem do aminoácido. Para aqueles que não contém grupamentos ionizáveis na cadeia lateral, utilizam-se os valores de pKa dos grupos amino e carboxila. Para aqueles que apresentam três grupos ionizáveis, utilizam-se os valores de pKa dos grupos com o mesmo sinal de carga. A única exceção é a tirosina onde o pKa do grupo fenólico apresentará carga negativa em valores de pH maiores do que o pKa do grupo amino, e o pI será então a média ente o pKa do grupo amino e do grupo carboxílico. Selenocisteína o 21º L-alfa aminoácido Esse aminoácido é encontradonas proteínas originárias de todos os domínios da vida. Os seres humanos apresentas duas dúzias de selenoproteínas como por exemplo a iodotironina deiodinases que são responsáveis por converter o pró-hormônio tiroxina (T4) em T3. Conforme o próprio nome indica, um átomo de selênio substitui o enxofre de seu análogo estrutura a cisteína. Contudo, diferente dos 20 aminoácidos geneticamente codificados, a selenocisteína é especificada por um elemento genético mais complexo que o códon de 3 letras. 26 EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 8 Escreva as classificações dos aminoácidos de acordo com a cadeia lateral. Qual é o único aminoácido que não apresenta isomeria óptica? Por que? Por que os aminoácidos são considerados moléculas anfólitas? Construa a curva de titulação da glicina indicando os pontos de pK e pI. Explique o significado e como é calculado o ponto isoelétrico (pI). Os peptídeos Lys-Asp-Glu e Leu-Ala-Phe foram adicionados a uma mistura de água e óleo com posterior agitação. Prever a distribuição dos peptídeos entre as duas fases. Explique como é formada a ligação peptídica A anemia falciforme é o resultado da mutação nas cadeias beta das hemoglobinas, onde o aminoácido glutamato é substituído pelo aminoácido valina. Considerando que é aplicado um campo elétrico em amostras de dois pacientes, identifique na Figura a amostra de hemoglobina apresentando a cadeia beta mutante. Observação: O glutamato é um aminoácido com um grupo carboxilo adicional. A valina possui os grupos amino e carboxilo característicos de qualquer aminoácido. 27www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS 9 10 ANOTAÇÕES JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA. Cite peptídeos de relevância biológica. Considerando a estrutura química do aspartato responda às questões abaixo. a) Observando a cadeia lateral de um aminoácido, podemos diferenciá-lo de outros. Cite uma característica de acordo com as classificações existentes que podemos atribuir a esse aminoácido segundo a propriedade da sua cadeia lateral. b) Sabendo que o pI do aspartato é igual a 2,77, indique as cargas efetivas prováveis desse aminoácido quando em meio de pH 1,0 , 2,8 e 9,0. 28 BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW AMINOÁCIDOS 1- Os aminoácidos podem ser classificados de acordo com a sua cadeia lateral. Propriedades como afinidade pela água são importantes para a conformação das proteínas e por tanto para sua função. De acordo com a polaridade do grupo R, os aminoácidos são classificados em apolares (grupo R hidrofóbico) e polares (grupo R hidrofílico). Pertencem ao grupo dos aminoácidos apolares: glicina, alanina, valina, leucina, isoleucina, metionina, prolina, fenilalanina e triptofano. Os aminoácidos polares podem apresentar carga elétrica líquida e assim podem ser subdivididos em três categorias: aminoácidos básicos (se a carga for positiva), aminoácidos ácidos (se a carga for negativa) e aminoácidos sem carga. São aminoácidos básicos: lisina, arginina e histidina. São aminoácidos ácidos: aspartato e glutamato. São aminoácidos polares sem carga: serina, treonina e tirosina. 2- Dentre os 20 aminoácidos que constituem as proteínas, todos possuem um grupo amino, um grupo carboxílico, um hidrogênio e uma cadeia lateral R variável ligados ao carbono α. Assim podemos observar que esse carbono é assimétrico pois apresenta quatro grupos substituintes diferentes. Carbono assimétrico também chamado de carbono quiral e correspondem aqueles cuja a mudança de posição de qualquer ligante levará a um enantiômero da molécula original. O único que não apresenta isomeria é a glicina, pois a cadeia lateral é um átomo de hidrogênio, ocasionando da ligação do carbono α com dois substituintes iguais 3- Uma molécula anfólita é aquela capaz de doar ou receber prótons ao mesmo tempo. Os aminoácidos possuem essa característica pela presença de seus grupos amino e carboxílico (ele ainda conta com a cadeia lateral, pois pode ainda apresentar grupos ionizáveis). 4- pI= pK1 + pK2 / 2 pI= 2,34 + 9.6/2 pI= 11,94/2 pI= 5,97 5- Ponto isoelétrico é o pH onde os aminoácidos comportam- se como moléculas neutras: não migram quando submetidos a um campo elétrico. Generalizando, o pH em que a forma eletricamente neutra do aminoácido é mais abundante, o pI é a média dos dois valores de pKa encontrados no aminoácido. Esses valores dependem do aminoácido. Para aqueles que não contém grupamentos ionizáveis na cadeia lateral, utilizam-se os valores de pKa dos grupos amino e carboxila. Para aqueles que apresentam três grupos ionizáveis, utilizam-se os valores de pKa dos grupos com o mesmo sinal de carga. A única exceção é a tirosina onde o pKa do grupo fenólico apresentará carga negativa em valores de pH maiores do que o pKa do grupo amino, e o pI será então a média ente o pKa do grupo amino e do grupo carboxílico. 6 - Os aminoácidos que compõe o peptídeo Lys-Asp-Glu são: Lisina, aspartato e glutamato. Todos eles são aminoácidos de característica polar, sendo a lisina ainda classificada como um aminoácido básico e os dois últimos como aminoácidos ácidos. Esse peptídeo estará presente na fase da água. Os aminoácidos que compõe o peptídeo Leu-Ala-Phe são: Leucina, alanina e fenilalanina. Todos esses aminoácidos são de natureza apolar e por isso estrão presentes na fase do óleo. 7 - carboxila de um aminoácido com o grupo α-amino do outro. Esta ligação carbono-nitrogênio é uma ligação amídica, chamada, no caso das proteínas de ligação peptídica. Essa ligação é obtida por exclusão de uma molécula de água e sua formação pode ser representada pelo seguinte esquema: 8- O aminoácido glutamato é classificado como polar e com carga negativa. Dessa forma quando submetido ao campo elétrico tenderá a migrar para o polo positivo e se afastar do negativo. Por outro lado, a valina é um aminoácido apolar e por isso não possuirá o mesmo comportamento do glutamato, podendo contribuir com seus grupos ionizáveis apenas nas regiões carboxi e amino terminais. Como estamos falando de proteína a valina estará na cadeia polipeptídica e assim não possuirá essas regiões expostas (carboxi e amino terminais) pois estará fazendo ligação peptídica com outro aminoácido. O glutamato por sua vez também estará fazendo a ligação peptídica, mas ele ainda possui um grupo carboxílico “extra” na cadeia lateral. Sendo assim a amostra que melhor representa a proteína mutante é a amostra em negrito. 9 - Aspartame - L-aspartil-L-fenilalanina metiléster, adoçante artificial. Hormônios são peptídeos pequenos: Ocitocina (estimula contração uterina), Bradicinina (inibe inflamação dos tecidos), Tirotropina (hormônio da hipófise). 29www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA ANOTAÇÕES 10 - A) Esse aminoácido pode ser classificado como polar com carga negativa por causa do grupamento carboxílico extra localizado na sua cadeia lateral. Sendo assim esse aminoácido tenderá ainda um comportamento de doador de próton sendo classificado também como aminoácido ácido. b) Em pH 2,8 por ser muito próximo ao pI do aminoácido glutamato a carga será 0. Em pH 1,0, esse aminoácido se encontrará com carga +1 pois os grupos carboxílicos majoritariamente ainda não estarão ionizáveis e o grupo amino estará protonado (+1). Em pH 9,0 a carga provável será -2 pois os dois grupos carboxílicos do glutamato já estarão ionizados completamente (carga -2) e o grupo amino dissociado quase que por completo (carga 0). 30 BI OQ UÍ MI CA As proteínas são biomoléculas formadas por aminoácidos e representam uma das estruturas mais importantes da nossa biologia. Os resíduos de aminoácidos são unidos através de uma ligação conhecida como peptídica, teoricamente obtida por exclusão de uma molécula de água. Uma das propriedades da ligação peptídica é impor restrições ao dobramento do polímero formado. Na verdade, essa ligação possui caráter parcial de dupla ligação o que impede a possibilidade de rotação emtorno desta. Os quatro átomos dos grupamentos que participam da ligação peptídica ficam dispostos em um plano rígido constituindo o que chamamos de unidade peptídica. Todavia existem pontos de dobramento entre essas unidades peptídicas, graças à possibilidade de rotação em torno das ligações com o carbono alfa. Dessa forma as cadeias laterais dos aminoácidos podem estar posicionadas de diferentes maneiras no plano espacial. As proteínas possuem níveis de organização espacial diferente. São elas: A estrutura primária: é a sequência de aminoácidos da cadeia polipeptídica, determinada geneticamente e específica para cada proteína. Por uma questão convencional a estrutura primária é escrita na direção amino terminal-carboxi terminal. A estrutura secundária: Descreve as estruturas tridimensionais regulares, formadas por segmentos da cadeia polipeptídica. Duas são particularmente estáveis: o enrolamento da cadeia ao redor de um eixo e a interação lateral de segmentos de uma cadeia polipeptídica ou de cadeias diferentes denominadas respectivamente alfa hélice e folha beta pregueada. Essas duas estruturas se estabilizam por ligações de hidrogênio. No caso da alfa hélice a ligações de hidrogênio são formadas entre uma unidade peptídica e a quarta unidade peptídica subsequente. Ela apresenta 3,6 resíduos de aminoácidos por volta. As cadeias laterais desses aminoácidos estão projetadas para fora da hélice. No caso da folha beta (), as ligações são estabelecidas entre as cadeias polipeptídicas diferentes ou entre segmentos distantes de uma PROTEÍNAS Proteínas são polímeros lineares formados por unidades chamadas de aminoácidos. Possíveis movimentos da estrutura polipeptídica Estrutura secundária - Dipolo da α-hélice. 31www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA mesma cadeia. Nesse caso as cadeias laterais dos aminoácidos são projetadas para cima e para baixo do plano da folha pregueada. - A estrutura terciária descreve o dobramento final da cadeia polipeptídica por interação de regiões com estrutura regular (alfa hélice ou folha beta pregueada) ou de regiões sem estruturas definidas. Nesse nível de organização, segmentos distantes da estrutura primária podem se aproximar e interagir por intermédio de ligações não covalentes como as ligações de hidrogênio, interações hidrofóbicas, ligações iônicas e forças de London. Além das ligações não covalentes, a estrutura proteica pode ser estabilizada por uma ligação covalente, a ponte dissulfeto formada entre dois resíduos de cisteína. A estrutura terciária pode apresentar padrões de elementos estruturais, que se repetem em proteínas diferentes chamados de domínio e motivos. Os domínios são regiões diferenciadas da molécula proteica, com organização espacial compacta. Cada domínio é um conjunto estrutural definido, formado por dobramentos da cadeia polipeptídica. Os domínios frequentemente apresentam ações específicas: em inúmeras reações do metabolismo o substrato liga-se a um dos domínios da enzima e a coenzima em outro. Proteínas diferentes podem apresentar domínios com a mesma função o que nos permite prever a atividade de uma proteína ainda desconhecida por exemplo e etc. Os motivos são diferentes formas de organização de elementos da estrutura secundária. Em outras palavras são certas combinações de elementos de estrutura secundária que se repetem com grande frequência nas proteínas. Também são conhecidas como estruturas supra secundárias. Esses motivos podem ser constituídos de arranjos de alfa-hélice, folhas betas ou combinações das duas. Por exemplo: Vários receptores de membrana são compostos por sete alfa hélices que atravessam a membrana plasmática como por exemplo o receptor do hormônio glucagon. Outro motivo complexo, chamado de beta barril, que é resultado da associação de numerosos segmentos e folha beta pregueada. Esse modelo é encontrado frequentemente na família de porinas que forma canais na membrana externa de bactérias gram negativas e de mitocôndrias destinados ao transporte de íons e moléculas pequenas. Estrutura secundária: Folha β Estrutura terciária 32 BI OQ UÍ MI CA Estrutura quaternária descreve a associação de duas ou mais cadeias polipeptídicas para compor uma proteína funcional. Essa estrutura é estabilizada pelas mesmas ligações não covalentes observadas na estrutura terciária. Um exemplo é a molécula de hemoglobina. A CARGA ELÉTRICA E SUA SOLUBILIDADE. Os aminoácidos possuem grupos ionizáveis que contribuem para a carga final do aminoácido dependendo do pH onde estes estão presentes. Quando esses compõem as proteínas basicamente essa propriedade está relacionada com sua cadeia lateral. Lembrando, que nem todo aminoácido possui cadeia lateral com grupos ionizáveis. Essa característica elétrica nos proporciona que tipo de interação aquele aminoácido pode fazer com outras moléculas inclusive com outros aminoácidos. Dessa forma, uma proteína possui vários resíduos de aminoácidos em sua estrutura e, portanto, sua carga elétrica final será o somatório de todas as cargas elétricas dos aminoácidos que a compõe. pI ou ponto isoelétrico: será o pH onde o somatório das cargas de todos os aminoácidos presentes na biomolécula será zero. A solubilidade das proteínas também está ligada aos aminoácidos que as compõe. Na verdade, a solubilidade de uma proteína está diretamente relacionada com o tipo de aminoácido e o meio onde a mesma está inserida. Assim, pH sais e a constante dielétrica influenciam na sua solubilidade. Etanol e a acetona, ambos solventes orgânicos, diminuem a solubilidade da proteína pois apresentam valores baixos da constante dielétrica. A solubilidade também está relacionada com a presença de sais na solução. Alguns sais se dissociam em íons na solução que interagem com as regiões carregadas da proteína estabilizando as interações entre esses grupos. Esse fenômeno é chamado de salting in. A presença de sais pode aumentar também a camada de solvatação das proteínas que corresponde a organização de moléculas de água em torno dos grupos ionizáveis da superfície da proteína. Por outro lado, quando os sais atingem concentrações muito elevadas os íons originados destes podem competir pela água e alterar a solvatação das proteínas. Esse fenômeno é chamado de salting out. Um ponto importante, é que cada proteína precipita em uma concentração salina característica. Assim alguns métodos químicos com o objetivo de identificar e separar proteínas pode utilizar essas soluções para obter essas biomoléculas. Um exemplo de método químico muito utilizado para identificação de proteínas é a eletroforese. A eletroforese é uma técnica simples e rápida usada para a separação, visualização e para a purificação de fragmentos de DNA de diferentes tamanhos ou para análise de RNA. As amostras de DNA ou RNA são aplicadas em um gel de agarose ou de poliacrilamida e submetidas a um campo elétrico. Devido a seus grupamentos fosfatos ionizados, o DNA em solução aquosa é uma molécula com carga elétrica negativa e na presença de um campo elétrico migra em direção ao ânodo. A visualização dos fragmentos de DNA ou RNA é feita de forma indireta com compostos que se intercalam na dupla fita de DNA ou na estrutura de RNA, que emitem fluorescência quando submetido à luz ultravioleta. Estrutura quaternária da desoxihemoglobina. (a) Representação na forma de fitas (b) Modelo de superfície molecular. 33www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA ANOTAÇÕES Cuba de eletroforese. Visualização do gel após a eletroforese. 34 EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 A desnaturação, modificação na estrutura nativa da proteína com consequente perda de função, pode ser desencadeada por diversos fatores. Os detergentes são considerados agentes desnaturantes por provocarem o rompimento das: a) ligações covalentes que estabilizam as proteínas. b) ligações dissulfetoque estabilizam as proteínas. Interações c) hidrofóbicas que estabilizam as proteínas. d) ligações de hidrogênio que estabilizam as proteínas. Marque a opção correta. Considerando as proteínas, pode-se dizer que: a) sua estrutura secundaria não é determinada por uniões ponte de hidrogênio. b) a desnaturação proteica não altera a estrutura quaternária ou terciária. c) a hemoglobina é um exemplo de proteína com estrutura quaternária. d) a conformação α-hélice é estruturalmente idêntica a conformação β-folha pregueada. Qual das seguintes afirmativas não é verdadeira sobre as ligações peptídicas? a) Tendem a ter o nitrogênio amida protonado para proporcionar uma carga positiva. b) Em geral, encontram-se na conformação trans e, raramente, na configuração cis c) Elas tendem a ser planares, d) Essa ligação é estabelecida pelos grupamentos R dos aminoácidos. As alfas hélices e as folhas Beta são frequentemente anfipáticas. Isso significa que: a) Apresentam um lado ou face que é predominantemente polar, enquanto o outro lado é predominantemente hidrofóbico. b) Apresentam grandes grupos R em um lado e pequenos grupos R no outro lado, visto que os pequenos grupos são mais facilmente acondicionados no interior da proteína. c) Elas apresentam cargas positivas em um lado e cargas negativas no outro lado. d) É por esse motivo que as estruturas terciárias são mantidas. As proteínas hidrossolúveis, como a mioglobina, tendem a se enovelar, de modo que: a) Os grupos R de aminoácidos hidrofílicos estão no interior da proteína, enquanto os grupos hidrofóbicos estão no exterior. b) Os grupos R de aminoácidos hidrofóbicos encontram-se no interior da proteína, enquanto os grupos hidrofílicos estão no exterior. c) Todos os peptídeos formam ligações de hidrogênio com a água. d) Nenhuma das anteriores. O que as alfa hélices e as folhas beta possuem em comum? a) O comprimento de uma alfa hélice de 10 aminoácidos e o de um filamento de folha beta serão iguais. b) Ambas são estabilizadas por ligações de hidrogênio, envolvendo o oxigênio da carbonila e o nitrogênio da amida. c) Os mesmos aminoácidos estabilizam ambas as formas de estrutura secundária. d) Não apresentam nada em comum. No sequenciamento de uma proteína, é necessário romper as ligações de dissulfeto dentro de uma cadeia polipeptídica. O reagente utilizado para isso é: a) Iodaacetato b) Hidrocloridrato de guanidina c) Mercaptoetanol d) SDS A eletroforese em geral de poliacrilamida com SDS pode ser usada para efetuar qual dos seguintes procedimentos? a) Determinar o peso molecular de uma proteína oligomérica (de múltiplas subunidades). b) Purificar uma enzima monomérica em sua forma ativa. c) Determinar o peso molecular das subunidades de uma proteína oligomérica. d) Separar as proteinas através do seu ponto isoelétrico. Os esquemas seguintes representam duas possibilidades de alterações das propriedades de uma proteína. 35www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS 10 ANOTAÇÕES ESQUEMA I ESQUEMA II Os esquemas I e II dizem respeito respectivamente a: a) alteração na estrutura primária da proteína e desnaturação. b) desnaturação e desligamento da estrutura terciária. c) alteração na estrutura terciária da proteína e solação. d) solação e desnaturação. Observe o esquema abaixo e responda as questões: a) As interações intermoleculares mantém a arcabouço espacial da estrutura polipeptídica. No esquema acima estamos falando de que tipo de ligação, essa ligação mantém que tipo de estrutura da proteína? b) Explique o que está acontecendo no esquema acima. 36 BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW PROTEÍNAS 1- C 2- C 3- A 4- A 5- B 6- B 7- C 8- C 9- A 10- a) Ligação do tipo ponte dissulfeto. Essa interação ocorre entre resíduos de cistina. Essa ligação mantém a estrutura terciária da proteína. b) No esquema acima, agentes desnaturantes estão sendo utilizados para romper a estrutura tridimensional da proteína. No caso em específico estão utilizando agentes redutores para romper as ligações dissulfeto. Com a retirada dos reagentes a proteína pode retornar para o seu estado nativo. ANOTAÇÕES 37www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA HEMOGLOBINA E SUAS PROPRIEDADES BIOLÓGICAS Nosso metabolismo energético depende ativamente do recebimento contínuo de oxigênio, usado na oxidação de nutrientes, e da remoção constante do CO2. O transporte de oxigênio dos pulmões aos tecidos é efetuado pela hemoglobina presente nas hemácias. A hemoglobina corresponde a 1/3 do peso das hemácias e predominantemente é formada por quatro cadeias polipeptídicas, duas alfas (com 141 aminoácidos) e duas betas (com 146 aminoácidos). Essa proteína apresenta a maior extensão da cadeia formada por segmentos em alfa-hélice, conectadas por regiões sem estrutura regular. As hélices recebem letras e os seus aminoácidos constituintes números. Na estrutura quaternária da hemoglobina as ligações não covalentes são muito mais numerosas entre as subunidades diferentes do que entre as iguais. O resultado dessa associação desigual é uma molécula tetramérica composta pela união de dois dímeros alfa1/beta1 e alfa2/ beta2. Essas interfaces sofrem modificações importantes na oxigenação e desoxigenação da hemoglobina. A hemoglobina é uma hemeproteína. Cada subunidade está associada a um grupo prostético heme. O grupo heme é conhecido como Fe-Protoporfirina IX. Essa estrutura molécula apresenta uma molécula de porfirina contendo um íon de ferro, que na mioglobina e na hemoglobina permanece no estado ferroso, Fe2+ . É o heme que confere à hemoglobina e ao sangue sua cor característica. Estrutura quaternária da hemoglobina O grupo heme se localiza dentro de uma cavidade hidrofóbica, delimitada principalmente por aminoácidos apolares, que estabelece interações hidrofóbicas com o anel porfirínico. Esse ambiente apolar é que torna possível a ligação do oxigênio ao ferro Fe2+ evitando que ele seja oxidado ao estado férrico. O íon de ferro fica no centro do grupo heme, formando ligações com os quatro nitrogênios do anel porfirínico, com a cadeia polipeptídica O grupo heme 38 BI OQ UÍ MI CA através de um resíduo de histidina (His F8 conhecida como histidina proximal) e ainda pode-se ligar reversivelmente à molécula de oxigênio. Uma molécula de hemoglobina totalmente oxigenada é denominada oxihemoglobina e o contrário desoxihemoglobina. Quando o oxigênio se liga ao heme, o ferro se desloca para o mesmo plano do anel porfirínico e arrasta o resíduo de histidina com ele. Consequentemente uma sequência de eventos ocorre alterando a estrutura quaternária da hemoglobina. São esses movimentos em série provocados pela ligação do oxigênio à molécula de heme que determinam a cinética de oxigenação da hemoglobina. Por exemplo, a primeira ligação do oxigênio facilita o preenchimento dos outros grupos heme. As sucessivas conformações assumidas pela molécula de hemoglobina têm afinidade crescente pelo oxigênio. Então quando mais o oxigênio se liga aos grupos heme mais eficiente é a ligação entre o oxigênio e a molécula. A ligação da quarta molécula é 300 vezes mais eficiente do que a primeira. Esse fenômeno dá-se o nome de cooperatividade. No caso da mioglobina, formada por uma única cadeia polipeptídica e uma único grupo heme esse fenômeno não ocorre. Podemos observar a diferença entre a mioglobina e a hemoglobina na cinética de oxigenação dessas proteínas. Essa cinética sofre influência da pressão parcial de oxigênio (pO2). A curva da hemoglobina é sigmoide pois indica que essa proteína altera sua forma e nesse caso sua afinidade pela molécula de oxigênio conforme as ligações com esse gás ocorrem. A mioglobina apresenta uma curva hiperbólica. A cooperatividade exibida pela hemoglobina proporciona uma resposta mais sensível a variações na concentração de oxigênio, adequando-se com perfeição, a sua função de transportar o gás. No sanguearterial que sai dos pulmões a pO 2 é alta em torno de 100 mmHg e a hemoglobina fica com 98% do oxigênio. Nos tecidos extrapulmonares onde a pO 2 é baixa ela libera grande parte do oxigênio. Por exemplo nos capilares que irrigam um músculo em atividade a pO 2 é cerca de 20 mmHg e a saturação da hemoglobina cai para 33%, ou seja, ela libera 65% do oxigênio. Por outro lado, a mioglobina seria um transportador menos eficiente de oxigênio. Sua alta afinidade pelo gás atribui ela uma grande relevância biológica, desempenhando um reservatório de oxigênio nos músculos de mamíferos, onde essa proteína é encontrada com abundância. O aumento de temperatura, presença de determinados compostos fosforilados, o aumento parcial da pressão de CO 2 e a diminuição de pH são fatores que podem reduzir a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. No caso do aumento da temperatura, o metabolismo celular aumenta demandando mais oxigênio. O mesmo ocorre em atividade muscular intensa. As hemácias possuem um composto que diminuem a afinidade da hemoglobina por Curva de dissociação entre a mioglobina e hemoglobina. 39www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA Estrutura do 2,3- bisfosfoglicerato (BPG) Efeito do BPG sobre a afinidade da hemoglobina por oxigênio oxigênio: molécula de 2,3 bisfosfoglicerato (BPG), sintetizado a partir de 1,3 bisfosfoglicerato (um intermediário da via glicolítica). O BPG se liga à desoxihemoglobina. O efeito do BPG manifesta-se em baixas pressões de oxigênio, sendo suplantado por pressões elevadas de oxigênio. Nas condições de alta pO 2 , a hemoglobina fica saturada com oxigênio mesmo na presença de BPG, cujo papel fisiológico é aumentar substancialmente a liberação de oxigênio nos tecidos extrapulmonares, onde pO 2 é baixa. O nível de BPG nas hemácias aumenta de modo significativo em condições associadas com hipóxia tecidual (doenças cardiorrespiratórias, estado anêmico e permanência em grandes altitudes). Esse mecanismo compensa a menor disponibilidade de oxigênio existente nessas situações. Outro ponto importante é que a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio varia com o pH. Essa afinidade diminui também na presença de CO2 (esse gás reage com grupos amino terminais das cadeias da hemoglobina) EFEITO BOHR É o nome que se dá ao efeito do pH e da pressão parcial de CO 2 sobre a união entre Hb e O 2 . Efeito do pH sobre a saturação da hemoglobina com oxigênio. O PAPEL DA HEMOGLOBINA E O TAMPONAMENTO DO SANGUE O transporte de gases respiratórios pelo sangue depende da ocorrência de reações químicas uma vez que o CO 2 é muito mais solúvel em água que o O 2 . Logo, existem formas diferentes de transportar estes gases através do sangue. O oxigênio (O 2 ) é transportado principalmente ligado à hemoglobina, na forma de oxihemoglobina, pelas hemácias. O gás carbônico (CO 2 ) é transportado principalmente pelo plasma sanguíneo, solubilizado em água e dissociado na forma de íons carbonato (HCO 3 -). 40 BI OQ UÍ MI CA Seguindo então este padrão, ocorrem diversas reações químicas ao mesmo tempo, que tem por objetivo manter a homeostase orgânica. A hemoglobina fetal tem uma cadeia polipeptídica chamada gama em substituição `a cada cadeia beta. Apenas essa modificação faz com que a hemoglobina fetal possua mais afinidade por oxigênio do que a hemoglobina de adulto. A explicação está na cadeia gama onde um aminoácido com carga positiva é substituído por um polar sem carga. Essa modificação interage menos com a BPG e sua afinidade por oxigênio aumenta. Já deu para entender que qualquer modificação na estrutura da hemoglobina pode levar ao mal funcionamento da mesma. Existem mais de 700 anomalias hereditárias nos seres humanos causadas por mutações que determinam as hemoglobinopatias. A anemia falciforme é um exemplo delas. ANOTAÇÕES 41www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 Atenção: Para responder à(s) quest(ões) considere as informações e o gráfico que seguem. O gráfico representa a curva de dissociação da hemoglobina em função da pressão parcial de oxigênio Esta curva desloca-se para a direita com o aumento da temperatura ou diminuição do e para esquerda nos casos contrários (ENADE 2006) I. A inclinação da curva de saturação da hemoglobina é menor na pressão parcial de em comparação com a pressão de PORQUE II. um incremento na pressão parcial de para propicia a ligação de mais do que um incremento de para É correto afirmar que a) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. b) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. c) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. d) a primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira. e) as duas afirmações são falsas. Explique como a 2,3- bisfosfoglicerato (BPG) compensa a menor disponibilidade de oxigênio existente em situações de hipóxia tecidual como em situações de permanências em grandes atitudes? 3 Como é formada a molécula de hemoglobina? Diferencia hemoglobina da mioglobina. Explique como a ligação do oxigênio ao átomo de ferro pode modificar a estrutura da hemoglobina. Como ocorre a curva de dissociação entre a mioglobina e a hemoglobina? O que é a molécula de 2,3-bisfosfoglicerato (BPG)? 42 EX ER CÍ CI OS 10 11 ANOTAÇÕES Discuta o efeito da BPG sobre a afinidade da hemoglobina por oxigênio. O que é efeito Bonr? 8 9 Onde está localizado o átomo de ferro na hemoglobina? Cite uma deficiência causada por uma alteração genética na estruturação da hemoglobina. 43www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA ANOTAÇÕES GABARITO DJOW HEMOGLOBINA E SUAS PROPRIEDADES BIOLÓGICAS 1- [D] 2- Em condições de alta pressão parcial de oxigênio nos pulmões, a hemoglobina das hemácias fica saturada com o oxigênio, independente da presença de BPG. O BPG possui papel biológico de aumentar substancialmente a liberação de oxigênio nos tecidos extrapulmonares, onde a pressão parcial de oxigênio é baixa. O nível de BPG aumenta de forma gradativa em condições associadas com oxigenação deficitária como a observada em quadros de hipóxia tecidual prolongada. Esse mecanismo adaptativo irá compensar a menor disponibilidade de oxigênio com um aumento na liberação do gás para os nossos tecidos. 3- É uma proteína que possui estrutura globular quaternária e é formada por quatro cadeias polipeptídicas, duas alfas (com 141 aminoácidos) e duas betas (com 146 aminoácidos). 4- A mioglobina (Mb) é uma proteína globular dos vertebrados, formada por 154 aminoácidos. Se diferencia da hemoglobina por não possuir ligações cooperativas com o oxigênio, por ser monomérica, isto é, formada por apenas uma subunidade. A presença do grupamento heme em sua estrutura também atribui a função de transporte de oxigênio para a mioglobina, porém, de maneira menos sensível do que a hemoglobina. A mioglobina tem afinidade por oxigênio maior do que a hemoglobina em qualquer pressão parcial de oxigênio, o que permite que esse oxigênio seja transferido mais rapidamente do sangue para o músculo, ficando associado `a mioglobina para posterior utilização pelas mitocôndrias dessas células. 5- No momento em que o oxigênio se liga ao heme presente em uma das subunidades da hemoglobina, o ferro se desloca para o plano do anel porfirínico tornando-o mais achatado. Dessa maneira, o resíduo de histidina (um dos aminoácidos que compõe a globina) a qual o ferro está ligado é arrastado, e consequentemente, o segmento da cadeia polipeptídica da qual faz parte. Essa movimentação desloca um segmento contínuo que fazem parte das interfaces alfa2beta1 entre os dímeros de globina, provocando o rompimento de várias ligações não covalentes e uma alteração da conformação do complexo proteico como um todo. Essa nova conformação facilitará os rearranjos moleculares sucessivos para que todasas subunidades da hemoglobina estejam interagindo com o oxigênio (oxihemoglobina). 6- A cinética de oxigenação ocorre de forma diferente para as duas estruturas. A mioglobina apresenta uma curva hiperbólica e a hemoglobina uma curva sigmoide. No primeiro caso, esse comportamento é esperado para uma proteína que possui apenas um sítio de ligação. A curva sigmoide resultante da associação da hemoglobina ao oxigênio é decorrente das quatro ligações do átomo à molécula de heme presente nas subunidades dessa proteína. Essa associação, de maneira cooperativa, proporciona à molécula de hemoglobina maior sensibilidade a variações da concentração de oxigênio, adequando-se com perfeição à sua função de transportar esse gás. 7- É um composto derivado a partir da molécula de 1,3-bisfosfoglicerato, que é um intermediário da via glicolítica. Essa estrutura está diretamente relacionada com a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. Nesse caso a BPG diminui a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. 8- A BPG, diminui a afinidade da hemoglobina sobre o oxigênio. O conjunto de fenômenos relacionados com o aumento do caráter básico da hemoglobina causado por sua desoxigenação e o aumento do caráter ácido quando essa proteína está associada ao oxigênio, constituem esse efeito. Em resumo, a conversão do estado oxihemoglobina para desoxihemoglobina é acompanhada pela aquisição de prótons, o inverso é acompanhado pela liberação de prótons. 9- O efeito resultante do pH e da pressão parcial de dióxido de carbono sobre a união entre a hemoglobina e o oxigênio é conhecido como efeito Bonr. 10- O átomo de ferro está localizado na molécula protoporfirina. Juntos compõe a ferro protoporfirina IX o que conhecemos como heme. 11- Já foram observadas mais de 700 quadros de anomalias hereditárias em seres humanos ocasionadas por alterações (mutações) que determinam a conformação final da estrutura da hemoglobina. Essas anomalias são conhecidas como hemoglobinopatias e podem representar uma clínica insignificante ou doenças graves. A anemia falciforme é um bom exemplo. A substituição de apenas um aminoácido leva `a formação da hemoglobina S (HbS). Essa é devida à substituição de um único nucleotídeo que altera o códon do sexto aminoácido da globina de ácido glutâmico para valina. Um heterozigoto tem uma mistura dos dois tipos de hemoglobinas, A (HbA) e S (HbS), além de um tetrâmero híbrido de Hemoglobina. Ela consegue transportar o oxigênio, mas, quando o mesmo passa para os tecidos, as moléculas da sua hemoglobina se aglutinam em formas gelatinosas de polímeros, também chamadas tactoides, que acabam por distorcer as hemácias, que se tornam duras e quebradiças devido às mudanças na sua membrana. 44 BI OQ UÍ MI CA PROTEÍNAS FIBROSAS As proteínas fibrosas têm forma alongada e diferentemente das globulares como a hemoglobina, são formadas pela associação de módulos repetitivos, possibilitando a construção de grandes estruturas. O componente fundamental das proteínas fibrosas são as cadeias polipeptídicas muito longas com estruturas secundárias regulares: alfa-hélice nas alfas queratinas, folha beta pregueada nas betas queratinas e uma hélice característica no colágeno. As alfas queratinas: duas ou três cadeias em alfa hélice associam-se lateralmente formando longos cabos helicoidais, que reunidos, formam fibras. As alfas queratinas são o componente principal da pele dos vertebrados e de estruturas correlatas como: cabelo, unha, lã, chifre, cascos, bico e penas. Proteína alfa queratina Proteína beta queratina Nessas proteínas são frequentes as pontes dissulfeto (entre resíduos de cisteína de cadeias polipeptídicas ou fibrilas adjacentes). São essas ligações que conferem grande resistência as fibras formadas. pontes dissulfeto As betas queratinas as fibras são formadas por folhas beta pregueadas. No caso do colágeno, as cadeias polipeptídicas apresentam uma conformação helicoidal típica, derivada da sua composição peculiar em aminoácidos: alto conteúdo de glicina, prolina e de hidroxiprolina (um aminoácido derivado de prolina) e da grande regularidade na estrutura primária, sendo muito frequente a sequência glicina-prolina-hidroxiprolina. São essas características que permitem a associação íntima de três cadeias formando uma hélice tripla denominada tropocolágeno. 45www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA ANOTAÇÕES São essas estruturas que formam os módulos básicos formando as fibrilas de colágeno. Essa estrutura é estabilizada por ligações covalentes entre as cadeias componentes do tropocolágeno e adjacentes. O colágeno é a proteína mais abundante dos vertebrados. Possuem funções como sustentação do tecido conjuntivo que se distribui por cartilagens, tendões, matriz óssea 46 EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 8 A estrutura da fibroína da seda é estabilizada por: a) Pontes de enxofre b) Super-hélices c) Hidroxiprolina d) Pontos de hidrogênio e pelo contato entre resíduos apolares Em relação ao colágeno, qual das opções abaixo não é verdadeira? a) Glicinas, prolinas e hidroxiprolina são os principais aminoácidos. b) É a proteína mais abundante nos vertebrados. c) Sua estrutura rígida pode ser explicada por suas fitas antiparalelas. d) O centro da hélice do colágeno fica sempre ocupado pelas glicinas, o que faz com que a quantidade de glicinas no colágeno seja bem alta. Qual das opções abaixo não tem relação com a resistência e dureza apresentada pela queratina? a) Pontes de enxofre. b) Hélices com tamanho de 5,15 a 5,2 A em cada volta. c) Estrutura globular. d) Super-hélice Defina o que são proteínas fibrosas?. Do ponto de vista bioquímico como o grau de ondulação do cabelo e da lã pode ser determinado? Qual a proteína mais abundante dos vertebrados? a) Colágeno b) β –queratinas c) α-queratinas d) Concanavalina A Nos tratamentos estéticos alguns procedimentos são utilizados para tornar o cabelo mais liso ou crespo. Explique quais são esses procedimentos? O que faz com que as α-queratinas sejam tão fortes? Quais características estruturais permitem que no colágeno as cadeias polipeptídicas se associem intimamente formando uma hélice tripla? Cite as principais funções do colágeno para nossa biologia. 9 10 47www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW PROTEÍNAS FIBROSAS 1- D 2- C 3- C 4- São proteínas de formas alongadas e diferentemente das globulares são formadas pela reunião de estruturas repetitivas, possibilitando a construção de grandes compostos. O componente fundamental das proteínas fibrosas são as cadeias polipeptídicas muito longas com a estrutura secundária regular. Por exemplo α-hélice nas α-queratinas, folha β -pregueada nas β -queratinas e uma hélice característica no colágeno. 5-O cabelo e a lã são constituídos das α-queratinas, onde duas ou três cadeias em α-hélice associam-se lateralmente, formando longos cabos helicoidais, que agrupados formam fibrilas e fibras. As α-queratinas são o principal componente da pele dos vertebrados e de estruturas relacionadas como cabelo, unhas, chifres, bicos e penas. Nessas proteínas são frequentemente observadas as pontes dissulfeto entre os resíduos de cisteína de cadeias polipeptídicas adjacentes, conferindo a grande resistência dessas estruturas. O padrão de distribuição dessas pontes é que vai determinar o grau de ondulação do cabelo ou da lã. 6 - A 7 - Os tratamentos visando tornar o cabelo mais liso ou mais crespo utilizam o mesmo procedimento, embora pretendam resultados opostos. Desfazer as pontes dissulfeto utilizando tratamento com agentes redutores e refazê-las em novas posições (desejada) utilizando agentes oxidantes. Na verdade, além do tratamento com os agendes redutores o cabelo deverá ser aquecido para fazer com que as ligações de hidrogênio existentes entre as hélices sejam rompidas. Lembre-se que as ligações de hidrogênio formam uma “malha invisível” ao redordas α-hélices garantindo que elas não se desmontem. 8- A α queratina apresenta grande resistência e está presente em estruturas tão duras quanto um chifre, por exemplo. Ela é formada por α-hélices que se enrolam uma sobre as outras formando uma super-hélice (veja figura abaixo): É exatamente essa super-hélice que faz a α queratina ser muito forte e resistente. Diferente das α-hélices, as hélices da α queratina apresentam cada volta com tamanho de 5.15 a 5.2 Å em vez de 5.4 Å, das hélices tradicionais. A superfície de cada hélice, que toca a hélice adjacente, é composta por aminoácidos hidrofóbicos como alanina, valina, leucina, isoleucina, metionina e fenilalanina. Além destes, as α queratinas podem também apresentar uma grande quantidade de cisteínas que é capaz de formar pontes de enxofre ou pontes dissulfeto. 9 - As cadeias polipeptídicas apresentam uma conformação helicoidal típica, derivada da sua composição peculiar dos resíduos de aminoácidos. Essas cadeias possuem grandes quantidades de glicina, prolina e de hidroxiprolina (aminoácido derivado de prolina) e grande regularidade na estrutura primária (sequência frequente de glicina-prolina-hidroxiprolina). Essas características permitem a formação da hélice tripla, o tropocolágeno (módulo estrutural básico do colágeno). 10 - Essas proteínas são responsáveis pelas funções mecânicas e de sustentação do tecido conjuntivo, que por sua vez se distribuem por cartilagens, tendões, matriz óssea, córnea e etc. Também são responsáveis pela elasticidade do sistema vascular e de todos os órgãos. ANOTAÇÕES 48 BI OQ UÍ MI CA ENZIMAS As enzimas são proteínas capazes de catalisar as reações químicas no nosso corpo. Alguma delas podem possuir uns componentes químicos adicionais que aumentam seu repertório de capacidades catalíticas. Esses componentes são conhecidos como grupo prostéticos, cofator e coenzima. Grupos prostéticos: são incorporados de maneira firme e estável na estrutura da proteína. Por exemplo: temos a piridoxal fosfato e a flavina mononucleotídeo (FMN), a flavina adenina dinucleotídeo (FAD), a tiamina pirofosfato, biotina e íons metálicos. Quase todas que contém um grupo metálico firmemente ligado são denominadas metaloenzimas. Os metais podem funcionar nas reações redox, facilitar a ligação com o substrato ou atuar como bases ou ácidos de Lewis para tornar os substratos mais eletrofílicos ou nucleofílico, Cofatores: Se associam de maneira reversível com as enzimas e os substratos. Nesse caso também temos o exemplo os íons metálicos mas aqui elas são conhecidas como enzimas ativadas por metal. Coenzimas: Servem como transportadores recicláveis ou agentes de transferência de grupamentos. Elas podem estabilizar espécies como átomos de hidrogênio ou íons hidretos que podem ser reativos para persistir durante qualquer intervalo de tempo significativo na presença de água ou moléculas orgânicas e podem facilitar o reconhecimento e a ligação de pequenos grupamentos químicos a enzima-alvo, como por exemplo, a coenzima A. A enzima completa, cataliticamente ativa, ligada à coenzima e/ou íon, é chamada de holoenzima, a porção proteica da mesma enzima é chamada de apoenzima ou apoproteína. Algumas enzimas são modificadas covalentemente por fosforilação, glicosilação e outros processos. Muitas destas alterações estão envolvidas na regulação da atividade enzimática. A International Union of Biochemistry (IUB) desenvolveu um sistema de nomenclatura das enzimas, na qual cada uma delas possui um nome próprio e um número código que identificam o tipo de reação catalisada e os substratos envolvidos. São seis as categorias: 1) Oxidirredutases: catalisam as oxidações e reduções 2) Transferases: realizam a transferência de grupamentos glicosil, metil e fosforil. 3) Hidrolases: catalisam a clivagem hidrolítica de ligações C-C, C-O, C-N e outras ligações covalentes 4) Liases: catalisam a clivagem de ligações C-C, C-O, C-N por meio de eliminação de átomo, gerando duplas ligações. 49www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA 5) Isomerases: catalisam alterações geométricas ou estruturais dentro de uma molécula. 6) Ligases: catalisam a união de duas moléculas nas reações acopladas à hidrólise de ATP. Funcionamento das enzimas: As enzimas alteram a velocidade da reação não o equilíbrio químico, reduzindo a energia de ativação. Diferença entre os níveis energéticos do estado basal e do estado de transição. Estado de transição: No topo da curva de energia é um ponto a partir do qual o decaimento para o estado S ou para o estado P tem a mesma probabilidade de ocorrer. Mas para atingir esse estado de transição é necessário a formação desses intermediários e por conseguinte, romper as barreiras de energia. Por isso para alcançar o estado de transição eu preciso da energia de ativação. As enzimas diminuem a energia de ativação. Uma das estratégias está na própria interação enzima-substrato. Através da energia de ligação que ocorre entre a associação enzima substrato, muda o estado conformacional da proteína e assim as enzimas diminuem a energia de ativação e facilitam a transformação de substratos em produtos. As enzimas diminuem a energia de ativação. Interação enzima-substrato: A ligação com o substrato dá-se em uma região pequena e bem definida da enzima, chamada centro ativo (ou sítio ativo). O centro ativo é formado por reísduos de aminoacidos e constitui uma cavidade com forma definida, que permite à enzima “reconhecer” seu substrato. Uma molécula, para ser aceita como substrato, deve ter a forma espacial adequada para alojar-se no centro ativo e grupos químicos capazes de estabelecer ligações com os radicais do centro ativo. A aproximação e a ligação do substrato induz na enzima uma mudança conformacional, tornando-a ideal para a catálise (modelo do ajuste induzido) Então, as enzimas diminuem a energia de ativação com o objetivos de atingir mais rápido o estado de transição e para isso ela pode utilizar a energia de ligação com o próprio substrato. As enzimas são catalisadores que aumentam a velocidade das reações por diminuírem as energias de ativação. A etapa com maior energia de ativação é a etapa limitante da velocidade. PODER CATALÍTICO DAS ENZIMAS Energia de ligação: É a principal fonte de energia livre utilizada pelas enzimas para a diminuição da energia de ativação das reações. 50 BI OQ UÍ MI CA ANOTAÇÕES Reação geral catalisada pelas peptidases Essa energia é proveniente da interação enzima- substrato. Como as enzimas utilizam a energia de ligação não covalente? Poder catalítico proveniente basicamente da energia livre liberada na formação de muitas ligações fracas e interações entre a enzima e seu substrato. Essas interações fracas são otimizadas no estado de transição da reação. Os sítios de ligação são complementares não aos substratos por si mesmos, mas aos estados de transição pelos quais os substratos passam ao serem convertidos em produtos. A energia de ligação contribui para especificidade da reação e a catálise. A entropia (liberdade de movimento) das moléculas em solução – reduz a possibilidade de que elas reajam entre si. GRUPOS CATALÍTICOS ESPECÍFICOS CONTRIBUEM PARA A CATÁLISE Catálise geral ácido-base- Utilização de íons H+ (H3O+) ou OH- presentes na água. Entretanto, apenas a água pode ser insuficiente. Assim o termo catálise geral ácido-base refere-se à transferência de prótons mediada por moléculas de outras classes que doam prótons (ácidos orgânicos) ou então recebedores de prótons (bases orgânicas); Catálise covalente- Formação de ligação covalente transitória; Catálise por íons metálicos- Interações iônicas 51www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 8 O que são enzimas? O que são cofatores e coenzimas? Segundo a International Union of Biochemistry (IUB) como podem ser categorizadas as enzimas? Como asenzimas atuam como catalizadores biológicos? Como a enzima diminui a energia de ativação? A fenilcetonúria é uma doença que resulta de um defeito na enzima fenilalanina hidroxilase, que participa do catabolismo do aminoácido fenilalanina. A falta de hidroxilase produz acúmulo de fenilalanina que, por transaminação, forma ácido fenilpirúvico. Quando em excesso, o ácido fenilpirúvico provoca retardamento mental severo. Sobre as enzimas, é correto afirmar que: a) aumentam a energia de ativação necessária para as reações; b) atuam de forma inversamente proporcional ao aumento da temperatura; c) são altamente específicas em função do seu perfil característico; d) são consumidas durante o processo, não podendo realizar nova reação do mesmo tipo. A enzima EPSP-sintase, presente em praticamente todos os vegetais, é modificada na soja transgênica, tornando-a resistente à inibição pelo herbicida glifosato. Assim, o tratamento com esse herbicida não prejudica o desenvolvimento de culturas de soja transgênica, mas evita o crescimento de outros vegetais indesejáveis. Num estudo para a identificação da variedade transgênica de soja, foi medida, nas mesmas condições experimentais, a atividade da EPSP- sintase em extratos de folhas de diferentes tipos desse vegetal, em presença ou ausência de glifosato. As atividades da enzima nesses extratos, na ausência do inibidor, apresentaram o mesmo valor. Observe o gráfico: A curva que corresponde à razão entre as atividades de uma enzima da variedade transgênica e as atividades dessa mesma enzima da soja comum é a indicada pela seguinte letra: a)W b) X c) Y d) Z O gráfico seguinte relaciona a velocidade de uma reação química catalisada por enzimas com a temperatura na qual esta reação ocorre. Podemos afirmar que: 52 EX ER CÍ CI OS 9 10 a) a velocidade da reação independe da temperatura. b) existe uma temperatura ótima na qual a velocidade da reação é máxima. c) a velocidade aumenta proporcionalmente à temperatura. d) a velocidade diminui proporcionalmente à temperatura. e) a partir de certa temperatura, inverte-se o sentido da reação. A velocidade de um processo celular foi medida durante 10h. Nesse período, a temperatura foi aumentada gradativamente, passando de 20°C para 40°C. O resultado foi expresso no gráfico abaixo. A esse respeito, são feitas as seguintes afirmações: I. A temperatura de aproximadamente 30°C é ótima para as enzimas envolvidas nesse processo. II. Na temperatura de 40°C, pode ter havido desnaturação completa de todas as enzimas envolvidas. III. Se a célula fosse submetida a uma temperatura menor do que 20°C, ela certamente morreria, devido à falta de atividade. Assinale: a) se somente as afirmativas I e II forem corretas. b) se somente as afirmativas II e III forem corretas. c) se todas as afirmativas forem corretas. d) se somente as afirmativas I e III forem corretas. e) se somente a afirmativa II for correta. Uma substância X é o produto final de uma via metabólica controlada pelo mecanismo de retro- inibição (feed-back) em que, acima de uma dada concentração, X passa a inibir a Podemos afirmar que, nessa via metabólica: a) a quantidade disponível de X tende a se manter constante. b) o substrato faltará se o consumo de X for pequeno. c) o substrato se acumulará quando a concentração de X diminuir. d) a substância A se acumulará quando a concentração de X aumentar. e) a substância B se acumulará quando o consumo de X for pequeno. ANOTAÇÕES 53www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW ENZIMAS 1- São proteínas capazes de catalisar as reações químicas no nosso corpo. Alguma delas podem possuir uns componentes químicos adicionais que podem aumentar seu seu repertório catalítico. Esses componentes são conhecidos como grupo prostéticos, cofator e coenzima. 2- Os cofatores são estruturas associada de maneira reversível com as enzimas e os substratos. Já as coenzimas são estruturas que servem como transportadores recicláveis ou agentes de transferência de grupamentos. Elas podem estabilizar espécies como átomos de hidrogênio ou íons hidretos que podem ser reativos e persistir durante qualquer intervalo de tempo significativo na presença de água ou moléculas orgânicas, e desse também facilitar o reconhecimento e a ligação de pequenos grupamentos químicos a enzima-alvo. Como exemplo podemos citar a coenzima A. 3- Elas podem ser divididas em seis categorias: 1. Oxidirredutases: catalisam as oxidações e reduções; 2. Transferases: realizam a transferência de grupamentos glicosil, metil e fosforil; 3. 7- Hidrolases: catalisam a clivagem hidrolítica de ligações C-C, C-O, C-N e outras ligações covalentes; 4. Liases: catalisam a clivagem de ligações C-C, C-O, C-N por meio de eliminação de átomo, gerando duplas ligações; 5. 8- Isomerases: catalisam alterações geométricas ou estruturais dentro de uma molécula; 6. Ligases: catalisam a união de duas moléculas nas reações acopladas `a hidrólise de ATP. 4- As enzimas alteram a velocidade da reação química mas não interfere no seu equilíbrio. Essas biomoléculas diminuem a energia de ativação da reação química. 5-Uma das estratégias está na própria interação enzima- substrato. Utilizando a energia proveniente da interação entre a associação química da enzima com seu substrato em específico, a mudança do estado conformacional da proteína ocorre e é dessa maneira, uma das formas, que as enzimas conseguem diminuir a energia de ativação e facilitar assim, a transformação de substratos em produtos. Na verdade, embora o modelo anteriormente proposto “chave e fechadura” de Fischer tenha contribuído enormemente para a compreensão das especificidades das interações enzimáticas esse modelo de ajuste induzido foi amplamente confirmado por estudos biofísicos. 6 -c 7 - A 8- B 9 - A 10 - A Na via metabólica citada, a quantidade da substância X tende a se manter constante, devido ao controle exercido pelo mecanismo de retroinibição(feed-back negativo). 54 BI OQ UÍ MI CA Várias propriedades enzimáticas baseiam- se em medidas da velocidade da reação. Essa característica é diretamente proporcional à concentração do reagente. Conforme a reação ocorre, a concentração do reagente diminui e a velocidade também. Para calcular a velocidade da reação efetivamente proporcional à concentração inicial do reagente, é necessário medir a velocidade inicial (V0). Essa medida é obtida através de um tempo de reação muito pequeno, onde a conversão do reagente em produto seria muito reduzida, podendo assim ser considerada como uma constante (tempo inicial). Esse tempo inicial varia dependendo da reação química. A reação enzimática processa-se em duas etapas: na primeira a enzima (E) liga-se reversivelmente ao substrato (S), formando o complexo enzima- substrato (ES). Na segunda etapa, são liberados o produto (P) e a enzima. Agora livre, uma enzima poderá se ligar a outra molécula de substrato e fazer a mesma coisa. Os pesquisadores Michales e Menten tentavam entender porque a velocidade das reações químicas que continham enzimas não eram lineares em relação à concentração do substrato, e sim aconteciam como uma função hiperbólica. Acreditava-se que essa relação velocidade e quantidade de substrato fosse representada pela equação: v=k [reagente] A hipótese de Michales e Menten: a concentração de substrato é muito maior do que a concentração da enzima nas reações bioquímicas, e assim as constantes referentes às diferentes etapas presentes nas reações catalisadas por enzimas seriam decrescentes. V= k[reagente] V 1 = k 1 [E] [S] V -1 = k -1 [ES] V 2 = k 2 [ES] K 1 > k -1 >k 2 k 2 = etapa mais lenta Esta hipótese é verdadeira para um grande número de enzimas, e assim essas são chamadas enzimas michaelianas. Entretanto, para outras enzimas essa premissa não se aplica. A concentração de enzima é muito menor do que a de substrato.Isso pode ser observado na prática. Como as reações catalisadas por enzimas são químicas, elas também tendem a um equilíbrio. Assim, durante o tempo que é medida a velocidade inicial, mantém-se a seguinte situação: formação contínua do produto enquanto as concentrações do complexo enzima-substrato (ES), da enzima e do substrato são mantidas. O fato do complexo enzima- substrato está sendo consumido na formação de produto, não provoca diminuição significativa da sua concentração, pois há sempre substrato excedente para combinar-se com a enzima que é liberada quando se forma o novo produto. A pequena e contínua diminuição da concentração do substrato não é significativa, frente ao seu grande excesso. Esta condição é observada nos tempos iniciais. CINÉTICA ENZIMÁTICA 55www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA Nas reações envolvendo as enzimas michaelianas, podemos observar que uma determinada quantidade do substrato que vai estar ligada à enzima, e a outra metade vai estar na forma de enzima livre. Nesse momento, a velocidade da reação é exatamente à metade da velocidade máxima possível dessa reação química. A concentração específica do substrato que corresponde à metade da velocidade máxima da reação é que nós chamamos de constante de Michaelis- Menten, o Km. O valor de Km pode simbolizar afinidade de uma enzima pelo seu substrato. Por exemplo, quanto maior for o Km, maior será a quantidade de substrato para que a enzima atinja a metade da velocidade máxima da reação. Por outro lado, quanto menor for o Km, menor vai ser a concentração de substrato para atingir essa mesma situação. A atividades enzimáticas são geralmente expressas em U/ml ou U/L. A unidade internacional U é a quantidade de enzima capaz de formar 1 micromol de produto por minuto. ATENÇÃO: Se variamos a concentração de enzimas, a velocidade também vai variar. A velocidade de uma reação enzimática também pode variar de acordo com a temperatura, pH e não somente pela concentração de substrato. Expressão final de equação proposta por Michaelis-Menten onde: V 0 = V máx [S]/ Km + [S]. INIBIDORES ENZIMÁTICOS Os inibidores enzimáticos podem acelerar ou diminuir a velocidade de várias reações químicas em nosso organismo. Existem inibidores enzimáticos dentro das nossas células que cumprem um papel importante de regulador, e são conhecidos como reguladores ou moduladores alostéricos. Esses inibidores são produzidos pela própria célula e a variação da sua concentração é fundamental no controle da velocidade das reações químicas. Os inibidores podem ser divididos em dois grandes grupos: irreversíveis e reversíveis. Os irreversíveis vão reagir com as enzimas inativando elas de forma definitiva. Exemplo: a inativação da enzima cicloxigenase (Cox-1) pela aspirina. Variação das concentrações dos componentes da reação enzimática em função do tempo. As velocidades consideradas para as reações químicas são as velocidades iniciais v0 (incluindo a Vmáx), que são medidas após um mesmo tempo inicial. Em t3, a etapa é dita com saturante. Nas situações I, II e III a diferença está na concentração do substrato (Explicação completa está na aula). Variação da velocidade da reação enzimática (v0) em função da concentração do substrato (S). 56 BI OQ UÍ MI CA Os reversíveis são subdivididos em dois grupos: competitivos e não competitivos. Os competitivos são capazes de se ligar no sítio ativo da enzima. Ou seja, no mesmo lugar que o substrato se ligaria. Nesse caso, à concentração do substrato e quantidade do inibidor, são fundamentais para se prever a velocidade da reação química. Se a concentração do substrato for muito grande em relação ao inibidor, a reação ocorre como se o inibidor não estivesse presente. E vice-versa. Os inibidores não competitivos são aqueles que não tem semelhança estrutural com o substrato da enzima que eles estão inibindo. Essa inibição é provocada pelas ligações do inibidor a grupamentos que não pertencem ao centro ativo. Como esses grupamentos geralmente estão presentes em várias biomoléculas diferentes, a ação desses inibidores não é específica, ou seja, um mesmo inibidor pode atuar sobre várias enzimas. Os antimetabólitos, também conhecidos como análogos de substratos tem a fórmula química semelhante ao substrato, ou seja, tem o poder de se ligar a enzima, só que o produto gerado é diferente. Esses produtos muitas vezes não são aceitos pela enzima de uma outra etapa posterior ou simplesmente são mais instáveis e assim podem interferir diretamente na via metabólica. Assim como existem os inibidores das reações químicas, existem também moduladores positivos, ou seja, moléculas que são capazes de se ligar às enzimas e melhorar a sua associação ao substrato ou, de alguma outra forma, favorecer o aumento da velocidade da reação química, até mesmo ativa-la. Efeito de duas concentrações de inibidor competitivo Efeito de duas concentrações de inibidor não competitivo ANOTAÇÕES 57www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 (ENADE 2014) Enzimas são macromoléculas caracterizadas pela sua capacidade de catalisar reações biológicas, aumentando a velocidade de uma reação em um fator de até vezes quando comparadas com a mesma reação não catalisada. Em sua grande maioria, são proteínas (com exceção de algumas moléculas de RNA), sendo formadas por diversas ligações peptídicas entre seus aminoácidos. BRONDANI, D. Desenvolvimento de biossensores para determinação de adrenalina. Disponível em: <https:// repositorio.ufsc.br>. Acesso em: 10 jul. 2014. Com base nas informações apresentadas, faça o que se pede nos itens a seguir. a) Explique os efeitos observados com a elevação da temperatura na atividade catalítica enzimática, desde valores brandos até temperaturas consideravelmente elevadas. Observe o gráfico abaixo e responda as questões LOW [ATP]– BAIXA CONCENTRAÇÃO HIGH [ATP]- ALTA CONCENTRAÇÃO O que é uma enzima alostérica? Se PFK-1 representa esse tipo de enzima, explique como o ATP atua sobre a atividade dessa enzima. b) Descreva os principais fatores que afetam a velocidade de uma reação química genérica. Justifique sua resposta. Marque a opção correta. A equação de Michaelis- Menten: a) é representado por um gráfico de Vmax versus [Substrato]. B) relaciona a taxa de degradação do complexo ES com a [Substrato]. C) é representada por um gráfico de Km versus [Substrato]. D) gera uma curva com uma assíntota quando é representada a velocidade de reação em função da [Substrato]. Marque a opção correta. As reações espontâneas: a) acontecem rapidamente. b) possuem um ΔG > 0. c) podem acontecer sem necessidade de aporte de energia. d) são ditas de endergônicas. Explique os significados dos parâmetros da equação de Michaelis-Menten. Marque a opção correta. Uma característica distintiva das enzimas alostéricas é que: a) não respondem a inibidores. b) carecem de sítios ativos. c) respondem com mudanças conformacionais QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA 58 EX ER CÍ CI OS 6 7 8 9 10 ANOTAÇÕES quando determinadas moléculas se unem em sítios diferentes do sítio ativo. d) elas não possuem de sítio ativo. Marque a opção correta. No caso das enzimas, pode- se dizer que: a) a alteração do valor de Km de uma enzima não vai refletir mudanças na afinidade desta enzima pelo seu substrato. b) os inibidores competitivos não alteram a afinidade de uma enzima pelo seu substrato. c) não existem inibidores que possam alterar a velocidade máxima de reação de uma enzimas. d) nas enzimas alostéricas acontecem mudanças na conformação do seu sitio ativo o que aumenta sua eficiência catalítica. Responda F para falso e V para verdadeiro (olá) As enzimas alostéricas possuem sítios de ligação para as moléculas moduladoras, localizadas no sítio ativo. (olá) As enzimas cinase e fosfatase catalisam, respectivamente,a adição e a remoção de grupos fosfato à resíduos específicos nas cadeias peptídicas de certas enzimas alterando sua atividade. Identifique se são verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmativas com relação às enzimas. (olá) Enzimas alostéricas possuem, além do sítio catalítico, sítios de ligação para ativadores e/ou inibidores. (olá) As enzimas aceleram reações por alterar o equilíbrio da reação na direção de formação do produto. (olá) O Km corresponde à concentração de substrato na qual a velocidade de reação é a metade da velocidade máxima e, portanto, define a afinidade da enzima pelo substrato. (olá) Inibidores competitivos alteram a velocidade máxima das reações. (olá) A inibição não-competitiva não pode ser atenuada pelo aumento na concentração de substrato. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo. a) (olá) V – V – F – V – V b) (olá) V – F – V – F – V c) (olá) V – V – V – F – F d) (olá) F – V – V – F – V e) (olá) F – F – F – V – V O que são antimetabóilitos? Cite um exemplo de inibidor irreversível. 59www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW PROTEÍNAS 1 - C 2- C 3- A 4- Como as reações catalisadas por enzimas são químicas elas também tendem a um equilíbrio. Assim durante o tempo que é medida a velocidade inicial, mantém-se a seguinte situação: Formação contínua do produto enquanto se observa concentrações mantidas do complexo enzima-substrato (ES), da enzima e do substrato. O fato do complexo enzima-substrato está sendo consumido na formação de produto não provoca diminuição significativa da sua concentração, pois há sempre substrato excedente para combinar-se com a enzima que é liberada quando se forma o novo produto. A pequena e contínua diminuição da concentração do substrato não é significativa, face ao seu grande excesso. Isso nos tempos iniciais. Dessa maneira podemos entender e relacionar velocidade inicial e a concentração do substrato. Uma determinada quantidade do substrato vai estar ligada à enzima e a outra metade estaria na forma de enzima livre. Nesse momento, a velocidade da reação seria exatamente metade da velocidade máxima possível dessa reação química. A concentração específica do substrato que corresponde a metade da velocidade máxima da reação é que nós chamamos de constante de Michaelis- Menten, o famoso Km. 5- C 6- C 7- F (Localizadas em outras regiões da estrutura da proteína.) ,V 8- B 9- Os antimetabólitos, também conhecidos como análogos de substratos tem a fórmula química semelhante ao substrato, ou seja, tem o poder de se ligar a enzima, mas produto gerado é diferente. Esses produtos muitas vezes não são aceitos pela enzima de uma etapa posterior ou simplesmente são mais instáveis e assim podem interferir diretamente na via metabólica. 10- Os inibidores irreversíveis vão reagir com as enzimas inativando elas de forma definitiva. Como por exemplo os compostos organofosforados. Esses compostos constituem o princípio ativo de vários inseticidas. Outro bom exemplo é a inativação da enzima cicloxigenase pela aspirina. ANOTAÇÕES Os inibidores alostéricos são inibidores enzimáticos presentes nas nossas células que cumprem um papel importante de regulador e são conhecidos, exatamente, como reguladores ou moduladores alostéricos. Esses inibidores são produzidos pela própria célula e a variação da sua concentração é fundamental no controle da velocidade das reações químicas. QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA 60 BI OQ UÍ MI CA METABOLISMO ENERGÉTICO CELULAR Com o passar dos anos as células evoluíram e assim as suas necessidades energéticas foram aumentando. Nas células eucarióticas, surgiram organelas especializadas, as mitocôndrias, que são capazes de realizar a oxidação completa do ácido pirúvico. As células dos tecidos vivos ao realizarem respiração aeróbia, consomem oxigênio e liberam o dióxido de carbono. Esta troca gasosa resulta do processo catabólico que leva à oxidação dos compostos orgânicos, como a glicose, para poder gerar energia. OXIDAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS EM CONDIÇÕES DE AEROBIOSE Primeiramente teremos a glicólise, seguida da formação de acetil-coenzima A, depois o ciclo do ácido cítrico, também conhecido como ciclo de Krebs e por último a cadeia transportadora de elétrons e a fosforilação oxidativa. Nosso metabolismo produz energia química em forma de ATP e NADH (NADPH, FADH 2 ) a partir das moléculas orgânicas, ou seja, nossos combustíveis. Essa é a energia utilizada para a célula realizar seu trabalho celular. Exemplo: Transporte de moléculas, divisão celular, síntese de biomoléculas e etc. Estrutura da mitocôndria. TERMODINÂMICA O estudo da termodinâmica aborda os efeitos da energia sobre a matéria. Na primeira lei da termodinâmica o princípio de conservação da energia é discutido. “Para qualquer transformação física ou química, a quantidade total de energia no universo permanece constante, a energia pode mudar de forma ou ser transportada de uma região para outra; entretanto, ela não pode ser criada ou destruída.” A segunda lei descreve a tendência do universo à desordem crescente. “Em todos os processos naturais, a entropia do universo aumenta. Em toda transferência ou transformação parte da energia útil se perde aumentando assim a desordem do universo.” No nosso corpo, a energia de ativação das reações químicas geralmente é o calor, com pequenas exceções como a fotossíntese, onde a energia na forma de luz desencadeia o processo de síntese de glicose nos vegetais. A energia que está presente dentro das moléculas é chamada de conteúdo de calor ou também de entalpia. É por isso que em reações de quebra (catálise) do nosso organismo ocorre uma diminuição da entalpia das moléculas, com formação de produtos menos energéticos do que os substratos. Nas reações de construção a entalpia aumenta, ou seja, o inverso da catálise. Como o calor é espontaneamente transmitido de um corpo mais quente para outro mais frio, e o aumento da temperatura leva a um estado mais desorganizado das moléculas, pode-se concluir que as reações que formam produtos menos 61www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA energéticos favorecem aquelas que formam produtos mais energéticos. O grau de desordem de um sistema é denominado entropia e ele se comporta de forma inversa a entalpia. Uma reação é “dita” como espontânea quando possui uma variação entalpica e entrópica favorável (os produtos são menos energéticos e a desordem do meio aumenta). De maneira inversa, se as condições de entalpia e entropia forem desfavoráveis, a reação é não espontânea. ATENÇÃO: Os estudos da termodinâmica são feitos em sistemas fechados e sempre atingem o equilíbrio após as reações permitindo uma determinação precisa dos fatores energéticos envolvidos. A Energia livre é a fração de energia de um sistema capaz de realizar trabalho quando a temperatura e a pressão são constantes. Essa variação de energia livre é interpretada por uma equação matemática que considera a entalpia, a entropia e a temperatura. Essa equação é representada pelo símbolo ΔG (também chamada de energia livre de Gibs). Quando ΔG for maior que zero se diz que a reação não é espontânea e assim diminui a energia livre do sistema e quando o ΔG for menor que zero de diz que a reação é espontânea. Energia Variação de energia livre, ΔG Assim: ΔG= ΔH - TΔS ΔH- variação de entalpia do sistema (energia total) ΔS- variação de entropia do sistema T- temperatura absoluta em kelvin ΔG>0 (não espontâneo - diminui a energia livre do sistema) ΔG<0 (espontâneo) ATP (ADENOSINA TRIFOSFATO) Nós transferimos e transformamos a energia presente nos compostos orgânicos para poder sintetizar o ATP. É por isso que os carboidratos, os lipídeos e as proteínas são biomoléculas muito importante para nossa dieta. (a) Reação Espontânea. (b) Reação Não- Espontânea. Exemplo químico A molécula de ATP 62 BI OQUÍ MI CA Quando ocorre a hidrólise da molécula de ATP, que temos a liberação de energia para as reações químicas celulares. COENZIMAS COMO TRANSPORTADORES DE ELÉTRONS Reações de oxidação-redução: Agente redutor: molécula doadora de elétronsa Agente oxidante: molécula receptora de elétrons. C 6 H 12 O 6 + 6 O 6CO 2 + 6H 2 O NAD+/FAD NADH/FADH 2 Precisamos também de moléculas capazes de receber e doar elétrons. Assim em destaque as coenzimas NAD (Dinucleótido de nicotinamida e adenina) e FAD (Dinucleótido de flavina e adenina) que são hidrossolúveis e sofrem oxidações e reduções reversíveis em muitas reações metabólicas de transferência de elétrons. ANOTAÇÕES 63www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS Por que podemos inicialmente pensar que a vida vai contra as leis da termodinâmica? EXERCÍCIOS 1 1 2 3 4 5 6 7 8 QUESTÃO RESOLVIDA (ENADE 2014) A Termodinâmica é a área da Química que se dedica ao estudo das transformações de energia. O entendimento da primeira lei da Termodinâmica envolve a compreensão de algumas formas de energia, tais como calor e trabalho. Explique o que significa conteúdo de calor ou entalpia? Explique o que significa entropia? Explique o conceito de energia livre. Explique os termos reação exergônica e reação endergônica. Explique de maneira sucinta a primeira lei da termodinâmica. Explique de maneira sucinta a segunda lei da termodinâmica. Por que podemos inicialmente pensar que a vida vai contra as leis da termodinâmica? 64 EX ER CÍ CI OS 11 ANOTAÇÕES 9 10 Se a energia livre é um regulador da espontaneidade de uma reação bioquímica, qual é a variação máxima de energia que uma célula consegue suportar? De uma maneira geral explique como as enzimas podem ser consideradas peças fundamentais nas reações químicas do nosso organismo? Como a bioenergética é orquestrada? 65www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW METABOLISMO ENERGÉTICO CELULAR QUESTÃO RESOLVIDA 1-[B] 2- Nos sistemas biológicos, a energia de ativação das reações geralmente é o calor, com exceções como a fotossíntese onde a energia luminosa desencadeia o processo de síntese de glicose nos vegetais. A energia presente e armazenada nas moléculas biológicas é denominada de conteúdo de calor ou entalpia. Assim, em reações exotérmicas ocorre uma queda da entalpia, pois os produtos dessa reação serão menos energéticos que os substratos. O inverso ocorre nas reações endotérmicas. Vale ressaltar que o calor e transferido espontaneamente de um corpo mais quente para outro mais frio e que essa elevação na temperatura desencadeia um estado mais desorganizado das moléculas. 3- Entropia é o nome dado ao grau de desordem de um sistema. Ela varia de maneira inversa a entalpia. Por exemplo, em uma reação onde a entalpia diminui (os produtos da reação são menos energéticos) a energia e transferida para o meio e a desordem aumenta (entropia aumenta). De maneira inversa, quando a entalpia do sistema aumenta, a entropia irá diminuir. 4- As células não suportariam uma variação de temperatura muito elevada em virtude da sua frágil composição (por exemplo, acima de 50ºC, a maioria das proteínas são desnaturadas). Mesmo assim, uma parte da energia precisa está disponível antes do início de qualquer reação química. Essa energia que precisa estar disponível é denominada de energia livre (G) e foi postulada por J. Willard Gibbs, no ano de 1878, e revela o verdadeiro critério para que as reações sejam espontâneas ou não. De maneira geral, em condições de variação de energia livre (ΔG) são as que caracterizam a espontaneidade de uma reação biológica. As reações espontâneas possuem valores de ∆G negativos indicando que as condições propícias de entropia e entalpia estão adequadas a temperatura do meio que fornece a energia necessária para que a reação se inicie. Ao final do processo, a energia gasta na ativação dos substratos é devolvida ao meio a energia própria da molécula (entalpia) é adicionada ao meio que aumenta, portanto, a entropia. As reações não espontâneas são possíveis desde que haja energia livre no meio suficiente para garantir o estado de alta entropia ao final da reação, mesmo que a molécula absorva parte de dessa energia. Assim o ΔG dessas reações possuem valores positivos indicando que os produtos possuem um nível energético maior que os substratos. 5- Esses termos indicam a variação de energia livre e sugerem ainda que a energia envolvida nas reações catabólicas e anabólicas são destinadas para célula realizar trabalho e não somente relacionadas com variações de temperatura no interior da célula. Denomina-se reação exergônica aquela que apresenta um ΔG negativo (espontânea) e reações endergônica aquela com ΔG positivo (não espontânea). 6- A energia do universo é constante. Ela pode ser transformada e transferida, mas não pode ser criada ou destruída (princípio da conservação de energia). 7- Primeiramente devemos perguntar: “se a energia não pode ser destruída, por que os organismos não podem reciclar a sua energia repetidamente?”. Em cada transformação ou transferência, parte da mesma se torna não utilizável, ou seja, incapaz de realizar trabalho. A consequência lógica da perda de energia útil durante as transferências ou transformações de energia é que cada um desses eventos aumenta a desordem do universo (entropia- desordem ou aleatoriedade). Assim a segunda lei da termodinâmica pode ser expressada da seguinte maneira: “Toda transferência ou transformação de energia aumenta a entropia do universo” 8- O fato de as reações de síntese não serem espontâneas termodinamicamente não significa que não ocorram. Havendo condições adequadas de energia livre, a reação ocorrerá apesar de os produtos serem de maior entalpia, aparentemente contra as leis da termodinâmica. 9- As temperaturas mais baixas são mais propícias `as reações do organismo (35ºC-37ºC). No entanto, muitas reações químicas da célula necessitam de altos níveis de energia de ativação livre o que seria incompatível com a sobrevivência celular. Assim, nossas células “desenvolveram” mecanismos que diminuem essa energia de ativação como uma forma de viabilizar essas reações químicas. A diminuição da energia de ativação é papel dos catalisadores, que nesse caso são as enzimas. 10- As enzimas diminuem a energia de ativação das reações e são proteínas (em sua grande maioria). Assim essas biomoléculas podem sofrer modificações de acordo com pH, temperatura, pressão e ainda adição ou retirada de grupos químicos em sua estrutura. Essas modificações podem acelerar (indução) ou diminuir (inibição) as reações químicas, ativando ou inativando as enzimas, respectivamente. As alterações estruturais podem ser alostéricas (ligação de moléculas em outros sítios da proteína) ou hormonal (sinalização celular). 11- Nosso organismo organiza e acopla reações espontâneas `as não espontâneas e utiliza a energia presente em ligações químicas das biomoléculas como carboidratos, aminoácidos e ácidos graxos para transferir essa energia para uma molécula amplamente difundida pela célula, o ATP. Essa, quando hidrolisada libera a energia que pode ser utilizada pela célula para realizar trabalho. As reações sofrem constantemente a influência de reguladores enzimáticos que ditam a velocidade das reações de acordo com a necessidade da célula. 1- Embora a construção de moléculas com entalpia maior a partir de moléculas com menor entalpia, estarem contra as leis da termodinâmica, ou seja, desfavoráveis, o nosso organismo “dribla” esta situação acoplando reações favoráveis às desfavoráveis. 66 BI OQ UÍ MI CA GLICÓLISE A glicose é quantitativamente o principal substrato oxidável para a maioria dos organismos. A sua utilização pode ser considerada universal e para algumas células e órgãos como hemácias e cérebro, ela é imprescindível para sintetizar o ATP. Representação das4 etapas da glicólise Quarta etapa: Transferência dos grupos fosfatos dos intermediários para 4 moléculas de ADP, formando 4 ATP e 2 piruvatos. A terceira e a quarta etapas também são chamadas de fase compensatórias. Essas quatro etapas são cumpridas em 10 reações sequenciais. De uma forma geral a glicólise ou via glicolítica converte uma molécula de glicose em duas de piruvato obtendo ao final de toda reação um saldo de 2 ATPs e 2 NADH. A glicólise pode ser dividida em etapas que correspondem aos seus principais eventos que ocorrem no citosol da célula. Primeira etapa: Dupla fosforilação da glicose, à custa de 2 ATPs, que vai originar outra hexose, ou seja, um açúcar formado de seis partes, chamada de frutose, essa agora com dois grupos fosfatos. Segunda etapa: é a clivagem da frutose, produzindo duas trioses fosforiladas que são interconversíveis. A primeira e a segunda etapas também são chamadas de fase de investimento. Terceira etapa: Oxidação e nova fosforilação das trioses fosfato, desta vez por fosfato inorgânico, formando dois intermediários bifosforilados. REGULAÇÃO DA GLICÓLISE As enzimas responsáveis pela regulação desta via são: hexoquinase, fosfofrutoquinase-1 (PFK- 1) e a piruvato quinase. Essas enzimas catalisam reações irreversíveis. Todas essas reações possuem ΔG diferente de zero. A hexoquinase é uma enzima que funciona bem em concentrações baixas de substrato, sendo regulada pela concentração de produto, ou seja, se houver muito produto sendo feito, diminui- se a atividade dela, permitindo que a via faça um fluxo mais homogêneo. 67www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA A reação de Glicose para Glicose 6 fosfato é irreversível. Fosfofrutoquinase-1 (PFK-1) - Quando a concentração de ATP está alta dentro da célula, o ATP pode regular alostericamente a enzima PFK- 1 diminuindo sua atividade. Quando o ATP está em grande concentração quer dizer que a célula está num estado de energia alto. Outro regular alostérico de PFK-1 é a frutose 2,6 bisfosfato. A frutose 2,6-bifosfato subjuga o efeito de inibição do ATP, fazendo com que este não consiga mais inibir, pois ele é o regulador majoritário. Ela (frutose-2,6-bifosfato) diz para a glicólise continuar funcionando mesmo que a carga energética (ATP) seja suficiente na célula. Esse açúcar regulador também pode se ligar ao sitio regulatório da PFK 1. O complexo enzimatico PFK2 vai converter frutose 6 em frutose 2,6-bifosfato. Ela possui dois sítios catalíticos que fazem reações exatamente opostas. Quando um sítio está ativo o outro estará inativo e vice-versa. Quando a enzima funciona fosforilando ela é chamada de fosfofrutoquinase 2 pois ela põe o fosfato na posição 2. Quando ela retira o fosfato da posição 2 ela é chamada de frutose 2,6-bifosfatase. 68 BI OQ UÍ MI CA 69www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 b) terminam por transformar NAD+ em NADH c) terminam por reoxidar NADH a NAD+ d) fornecem as mesmas quantidades de ATP à célula e) levam a uma redução do pH da célula Observe o gráfico abaixo e responda as questões LOW [ATP]– BAIXA CONCENTRAÇÃO HIGH [ATP]- ALTA CONCENTRAÇÃO a)PFK-1 é uma enzima da via glicolítica. Explique como o ATP atua sobre a atividade dessa enzima. A gliconeogênese compartilha várias enzimas com a glicólise, porém três reações da glicólise são irreversíveis. Essas reações são catalisadas pelas enzimas: a) Fosfoglico isomerase, gliceraldeído 3 P desidrogenase e aldolase; b) Hexoquinsase, aldolase e piruvato quinase (PK); c) Hexoquinase, fosfofrutoquinase 1 (PFK1) e Piruvato quinase (PK); d) Hexoquinase, aldolase e Piruvato quinase (PK); e) Triose isomerase, fosfofrutoquinase 1 (PFK1) e Piruvato quinase (PK). Descreva o processo por que uma molécula de amido ou glicogênio entra na via glicolítica. QUESTÃO RESOLVIDA A relação ATP/ADP>1 acarretará: a) No aumento da via glicolítica pois o ATP regula positivamente a PFK-1 b) Na diminuição da via glicolítica pois o ATP regula positivamente a PFK-1 c) No aumento da via glicolítica pois o ATP regula negativamente a PFK-1 d) Não influenciará na via glicolítica Qual afirmativa é FALSA em relação à fosfofrutoquinase-1? a) é inibida pela frutose 2,6-bisfosfato b) é ativada por AMP c) é inibida por citrato d) é inibida por ATP e) o ATP aumenta o seu K 0,5 para a frutose 6-fosfato As afirmativas abaixo descrevem a glicólise, EXCETO: a) tem uma produção líquida de 2 moléculas de ATP para cada molécula de glicose b) sua velocidade é regulada pela hexoquinase c) suas enzimas são encontradas no citosol d) 2 moléculas de gliceraldeído 3-fosfato são produzidas para cada molécula de glicose e) sua velocidade é regulada pelos níveis energéticos da célula Indique se Verdadeiro ou Falso em relação à via das Pentoses Fosfato: a) __ geram NADH para a biossíntese b) __ suas reações ocorrem no citosol c) __ a transcetolase e a transaldolase interligam essa via à gliconeogênese d) __ é mais ativa em células musculares que em adipócitos e) __ interconverte trioses, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses Em tecidos de mamíferos, TODAS as vias subsequentes ao piruvato: a) são aeróbicas 70 EX ER CÍ CI OS 8 9 10 ANOTAÇÕES De que modo a presença de Acetil-CoA ou ácido graxo inibem a ação do piruvato quinase? Qual a importância dos intermediários fosforilados para as vias metabólicas? Quais os principais pontos de regulação da glicólise? 71www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW GLICÓLISE 1- A 2- B. A via glicolítica é controlada pela hexoquinase, PFK-1 e piruvato quinase 3- A) F . Geram NADPH. B) V C) F. Interligam à via glicolítica. d) F. São ativas em tecidos engajados nas sínteses de ácidos graxos, colesterol e hormônios esteroides. E) V 4- D 5- Quando grandes quantidades de ATP estão presentes na célula, ele modulará negativamente a ação enzimática da PFK-1. Essa enzima é uma das principais reguladoras da via glicolítica. Essa modulação é bem lógica, visto que se o indivíduo se encontra com grandes quantidades de ATP, significa que ele está energeticamente favorável o que torna desnecessário a quebra ne novas moléculas de glicose. 6- C 7 - As unidades de glicose dos ramos externos da molécula de glicogênio e do amido ganham entrada na via glicolítica através da ação seqüencial de duas enzimas: a fosforilase do glicogênio e a fosfoglicomutase. A primeira catalisa a reação em que uma ligação glicosídica (a 1- 4), que une dois resíduos de glicose no glicogênio, sofre ataque por fosfato inorgânico, removendo o resíduo terminal da glicose como a -D-glicose-1-fosfato. Esta reação de fosforólise, que ocorre durante a mobilização intracelular do glicogênio armazenado, é diferente da hidrólise das ligações glicosídicas pela amilase, que ocorre durante a degradação intestinal do amido ou do glicogênio; na fosforólise, parte da energia da ligação glicosídica é preservada na formação do éster fosfórico, glicose-1-fosfato. 8- O piruvato é oxidado com perda de seu grupo carboxila como CO 2 para liberar o grupo acetila da Acetil-CoA, a qual é então totalmente oxidada a CO 2 pelo ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs). 9 - Os grupos fosfato são componentes essenciais na conservação enzimática da energia metabólica. A energia liberada na quebra de ligações anidras do ácido fosfórico (como aquelas no ATP) é parcialmente conservada na formação de ésteres de fosfato, tais como a glicose-6-fosfato. Os compostos fosforilados de alta energia formados na glicólise (1,3-difosfoglicerato e fosfoenolpiruvato) doam grupos fosfato ao ADP para formar ATP. 10 - São aqueles onde participam as enzimas: hexoquinase, 6-fosfofruto-1-quinase e piruvato quinase. A glicólise é regulada em três pontos: Conversão da Glicose em Glicose-6- fosfato através da enzima hexoquinase; Formação da frutose 1,6-biosfatoatravés da fosfofrutoquinase-1; A formação do piruvato pela ação da piruvato quinase. ANOTAÇÕES QUESTÃO RESOLVIDA C 72 BI OQ UÍ MI CA O ciclo de Krebs (ou ciclo do ácido tricarboxílico) é o ponto de convergência do metabolismo degradativo de carboidratos, aminoácido, ácidos graxos e também do etanol. O ciclo de Krebs ocorre dentro da mitocôndria e inicia-se com a condensação de acetil-CoA e oxalacetato formando outra molécula o citrato. Essa reação é catalisada pela citrato sintase. O acetil-CoA é do produto da reação do piruvato que foi produzido na via glicolítica. Essa reação é catalisada pelo complexo enzimático piruvato desidrogenase. Compõe o complexo piruvato desidrogenase: as enzimas piruvato desidrogenase, di-hidrolipoil transacetilase e di-hidrolipoil desidrogenase, além de cinco cofatores: tiamina pirosfosfato (TPP), ácido lipoíco, coenzima A (CoA), flavina adenina dinucleotédio (FAD) e nicotinamina adenina dinucleotídeo (NAD). Os TPP, CoA, FAD e NAD são derivados de vitaminas. B1, B5, B2 e B3 respectivamente. Esse complexo enzimático converte o piruvato em acetil-CoA através de uma reação de descarboxilação oxidativa dentro da mitocôndria das células. Por isso que já é possível observar a redução de uma molécula de 3 carbonos, o piruvato, para uma de 2 carbonos o acetil-CoA. O outro carbono sai na forma de CO 2 . CICLO DE KREBS Reação do complexo piruvato desidrogenase Ciclo de Krebs 73www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA O ciclo de Krebs se inicia quando ocorre a junção de acetil-CoA com o oxalacetato formando o citrato. O citrato então é isomerizado a isocitrato e forma um intermediário o cis-aconitato pela ação da enzima aconitase. O centro ativo dessas enzimas contém ferro enxofre que é muito importante para a catálise. O isocitrato é oxidado a α-cetoglutarato, e reduz uma molécula de NAD+ e libera mais uma molécula de CO 2 . A enzima que catalisa essa reação é a isocitrato desidrogenase. Em seguida, o succinil CoA é convertido a succinato a partir da enzima succinil CoA sintetase. Essa reação é acoplada à síntese de outro composto rico em energia, um nucleosídio trifosfato. O nucleosídio trifosfato poderá ser o ATP ou o GTP. A próxima etapa é a conversão de succinato em fumarato. Essa reação é catalisada pela enzima succinato desidrogenase, também conhecida como complexo II. Primeiro ocorre a oxidação do succinato a fumarato e o FAD é reduzido a FADH2. O FADH2 faz parte da enzima e não é liberado na reação. Os elétrons e prótons do FDH2 são transferidos para a ubiquinona ou coenzima Q. O fumarato pode ser hidratado a malato pela ação da enzima fumarase. E finalmente, a malato desidrogenase oxida malato a oxalacetato, reduzindo mais uma molécula de NAD+ e fechando o ciclo. 74 BI OQ UÍ MI CA Ao final do processo, o ciclo de Krebs produziu, 1 GTP (ATP), 3 NADH, 1 FADH2, liberou duas moléculas de CO 2 e os intermediários que continuam no ciclo. Embora, o ciclo de Krebs contribua apenas com 1 ATP ele participa diretamente da formação de grande parte do ATP celular, pois grande parte da energia da oxidação do acetil-CoA é conservada sob a forma de coenzimas reduzidas. Assim, a oxidação dessas coenzimas é etapa fundamental da cadeia transportadora de elétrons e local de grande parte da síntese de ATP em situações onde o oxigênio está presente. Os compostos intermediários do ciclo podem ser utilizados como precursores em vias de biossíntese. A eventual retirada desses intermediários passa a ser compensados por outras reações. Essas reações de preenchimento são denominadas anapleróticas. Estrutura quaternária da desoxihemoglobina. (a) Representação na forma de fitas (b) Modelo de superfície molecular. Regulação do ciclo de krebs ANOTAÇÕES 75www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 Qual é a constituição do Ciclo de Krebs na produção de energia, uma vez q cada volta só produz uma ATP? Além da oxidação do acetato, qual a outra função do Ciclo de Krebs? O que são como agem o NADH e o FADH? O que são reações anapleuróticas? Relacione a piruvato carboxilase com a presença ou não de Acetil CoA. Como ocorre a regulação do ciclo a partir do complexo piruvato desidrogenase? Por que o CAC deve ficar inibido na ausência de O2 se esta via não utiliza está molécula? Por que a glicólise não fica? De que maneira a relação ATP/ADP > 1 influenciará na velocidade do ciclo de Krebs ? QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA 76 EX ER CÍ CI OS 8 9 ANOTAÇÕES Interprete: “O Ciclo de Krebs é uma via metabólica anfibólica e anaplerótica”. A regulação do ciclo de Krebs incide principalmente sobre o que? 77www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW CICLO DE KREBS 1 - Embora o ciclo gere apenas um ATP, um grande fluxo de elétrons é fornecido para a cadeira respiratória, através de NADH e FADH2. Então, está leva à formação de um grande número de moléculas de ATP durante a fosforilação oxidativa. 2- Uma outra função do ciclo de Krebs é a anabólica, onde os compostos intermediários podem ser utilizados como precursores em vias Biosintética: oxaloacetato e a-cetoglutanato que formarão, respectivamente, aspartato e glutamato. 3- NADH: estado reduzido da oxidação do NAD - dinucleótido de nicotinamida-adenina, que é usado como “transportador de elétrons” nas reações metabólicas de oxirredução, tendo um papel preponderante na produção de energia para a célula. FAD - dinucleótido de flavina e adenina (FAD), também conhecido como flavina-adenina dinucleótido e dinucleótido de flavina-adenina. É um cofator orgânico (coenzima), necessárias ao funcionamento das enzimas. Também é um transportador de elétrons , produzindo energia para a célula. 4- Algumas reações, tais como o catabolismo de determinados aminoácidos, produzem intermediários do ciclo e são denominadas reações anapleuróticas. 5- Este ciclo inicia-se quando o piruvato que é sintetizado durante a glicólise é transformado em acetil-CoA (coenzima A) por ação da enzima piruvato desidrogenase. 6- É regulada por mecanismos alostericos e covalentes. O complexo do piruvato desidrogenase dos mamíferos é fortemente inibido por ATP e por acetil CoA e NADH, os produtos da reação catalisada pelo complexo. Essa inibição alosterica do piruvato é muito aumentada quando estão presentes ácidos graxos de cadeia longa. 7- Para quebrar glicose o oxigênio não é necessário, mas para oxidação completa desse carboidrato o oxigênio funciona como aceptor final de elétrons da cadeia transportadora de elétrons. Assim sem oxigênio, essa cadeia para e não irá reoxidar as moléculas de NADH e FADH2 congestionado e diminuindo a velocidade do ciclo de Krebs. 8- O ciclo de Krebs é uma via anfibólica isto é, ela serve tanto para processo catabólicos quanto anabólicos. Ela não funciona apenas no catabolismo oxidativo de carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos, mas, como nos ancestrais anaeróbios, também fornece precursores para muitas vias Biosintética. As reações anapleróticas repõe os intermediários do ciclo do ácido cítrico. 9- Sobre a produção de citrato e sobre sua oxidação a dióxido de carbono e oxalacetato. ANOTAÇÕES O aumento da concentração de ATP intracelular modula negativamente algumas enzimas presentes no ciclo do ácido cítrico, ocasionando por exemplo no acúmulo de citrato que sai da mitocôndria. QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA 78 BI OQ UÍ MI CA Os citocromos são, em geral, hemeproteínas unidas a uma membrana. Essas proteínas fazem parte da membrana interna da mitocôndria, das membranas do retículo endoplasmático e da membrana tilacoide dos cloroplastos. Nas bactérias pode se observar essas estruturas aderidas à sua membrana plasmática. São essas estruturas uma das principais responsáveis pela geração de ATP no sistema transportador de elétrons. Os citocromos são vistos como proteínas monoméricas com subunidades de grandes complexosenzimáticos que catalisam reações do tipo redox. Assim, em todas as membranas que possuem essa proteína ocorre o transporte de elétrons. O íon de ferro presente no grupo heme é o grande responsável pelo sucesso de transferência de elétrons dessas proteínas. O heme é a molécula de ferro protoporfirina IX que é formada por quatro anéis pirrólicos, várias cadeias laterais substituintes, unidas por um átomo central de ferro. Os citocromos são fundamentais em várias reações de oxirredução. Por se localizarem dentro das membranas de uma forma organizada, as reações redox são mantidas em uma sequência adequada para sua máxima eficiência. CLASSIFICAÇÃO DOS CITOCROMOS Podem ser classificados em a, b e c. Essa organização é determinada pelo espectro de absorção que cada um apresenta. - Subtipos de citocromos: Esses são organizados por um índice que indica, em nanômetros, o pico de absorção máxima. Os citocromos também podem se diferenciar em relação aos radicais substituintes do grupo heme e a forma que esse heme se liga na proteína. Nos tipos a e b, o grupo heme se liga de forma não covalente e no tipo c de forma covalente através de ligações tioéter, formada por resíduos de cisteína. CITOCROMOS Citocromos presentes na membrana interna da mitocôndria. Grupo Heme. 79www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA O citocromo c é uma proteína periférica presente na parte externa da membrana interna mitocondrial. Ou seja, ela é diferente dos outros tipos que são proteínas integradas. O citocromo c por causa do seu tamanho e mobilidade, também, conecta o complexo III (recebendo o elétron) ao complexo IV (que doará esse elétron). O complexo IV possui dois grupos heme, do tipo a e a3, além de outro íon, o cobre que pode variar entre os estados Cu+2 e Cu+1. Mais exemplos de citocromos: O citocromo b5 redutase: é a enzima sanguínea que cumpre a função de maximizar a capacidade dos glóbulos vermelhos em transportar o oxigênio. O citocromo P450: representa uma superfamília de hemeproteínas. Essa enzima é a principal responsável pelo metabolismo oxidado dos xenobióticos e está presente em várias espécies tanto em bactérias como em mamíferos. ANOTAÇÕES Diferença entre os citocromos (Explicação da figura na aula). 80 EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 7 No geral como podem ser observados os citocromos? O que é grupo heme? Do ponto de vista da bioenergética qual a principal função biológica dos citocromos? O que é e qual a principal função da citocromo P450? No geral onde estão localizados os citocromos? Qual a principal função da citocromo b5 redutase? O citocromo c é uma proteína integrada? Explique. Qual a estrutura presente nos citocromos que conferem à essas estruturas a capacidade de transferências de elétrons? QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA 81www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS 8 9 ANOTAÇÕES Explique de que maneira podemos classificar os diferentes citocromos. Quais as diferenças entre os tipos de citocromos a, b e c? 82 BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW CITOCROMOS 1 - Essas estruturas são proteínas monoméricas presentes como subunidades de grandes complexos enzimáticos que estão envolvidos em reações químicas do tipo redox. Eles são fundamentais em várias reações de oxirredução. 2- O grupo heme é a molécula constituída por quatro anéis pirrólicos unidos por pontes meteno e com várias cadeias laterias que podem variar, além do átomo de ferro localizado entre esses anéis. Essa molécula possui várias funções na biologia como por exemplo detoxificação de drogas, peroxidação lipídica, transporte de oxigênio, transporte de elétrons. 3- Essas estruturas são essenciais para as várias reações de oxirredução da biologia celular. Além disso por estarem localizadas dentro das membranas de maneira organizada, as reações redox são mantidas de forma sequenciada o que favorece a eficiência do processo de criação do gradiente de prótons no espaço intermembrana mitocondrial. Essa força próton-motriz ativa a ATP sintase, enzima chave no processo de síntese de ATP. 4- Essa enzima é a representante de uma superfamília de hemeproteínas que fazem parte no metabolismo de xenobióticos (fase 1). 5- De maneira geral, os citocromos estão localizados dentro das membranas de uma forma organizada. Dessa maneira as reações redox são mantidas em uma sequência adequada para sua máxima eficiência. 6- Essa molécula é uma enzima com função de otimizar a capacidade dos glóbulos vermelhos em transportar o oxigênio. 7- Não, o citocromo c é uma proteína periférica localizada na parte externa da membrana interna da mitocôndria. Por causa de seu tamanho e mobilidade essa estrutura conecta o complexo III ao complexo IV da cadeia transportadora de elétrons. 8- Essas proteínas podem ser classificadas em a, b e c. Essa organização é estabelecida de acordo com o espectro de absorção que cada um apresenta. Além disso os radicais localizados nas cadeias laterais do grupo heme também podem variar diferenciando esses citocromos. 9- Nos tipos a e b, o grupo heme se liga de forma não covalente e no tipo c de forma covalente através de ligações tioéter, formada por resíduos de cisteína. ANOTAÇÕES O íon de ferro presente no grupo heme (molécula de ferro protoporfirina IX) é o grande responsável pelo sucesso de transferência de elétrons. QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA 83www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA Cadeia transportadora de elétrons. FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA A oxidação da glicose, ácidos graxos e aminoácidos levam a produção de acetil-CoA. Essa oxidação leva a uma pequena produção de ATP, onde a maior parte da energia é conservada na forma de coenzimas reduzidas. Assim, as células aeróbias produzem a maior parte do seu ATP, utilizando a oxidação dessas coenzimas pelo oxigênio. Essa síntese de ATP é chamada de fosforilação oxidativa. É a partir da oxidação dessas coenzimas que as células sintetizam o ATP. A oxidação dessas coenzimas libera uma grande quantidade de energia que ocorre ao final do processo com a transferência de elétrons para o oxigênio. O oxigênio ao receber esses elétrons forma a água. A transferência para o oxigênio os elétrons, mas não de uma vez só e sim por etapas. Dessa maneira ocorre a transformação de energia contida nas coenzimas reduzidas em um gradiente de prótons que será utilizado pelas células para sintetizar grandes quantidades de ATP. Essas transferências de elétrons ocorrem através de uma maquinaria específica conhecida como cadeia transportadora de elétrons. Os componentes dessa cadeia estão em membranas e são distribuídos de acordo com o seu potencial de redução. Os elétrons irão sair da coenzima reduzida para uma parte desses componentes da cadeia que possuem o potencial redutor maior, e vão caminhando em sequência com potenciais de redução cada vez maiores até encontrarem o oxigênio. Ao mesmo tempo que os elétrons vão passando de cada uma para outro componente da cadeia vai se formando um gradiente de prótons no espaço intermembranas. Ou seja, se estabelece uma concentração de prótons diferente em cada lado da membrana onde ocorre a transferência de elétrons. Essa diferença de concentração de prótons ativa uma proteína que irá sintetizar o ATP. A maioria desses componentes se organizam em quatro complexos enzimáticos que são chamados de I, II, III e IV. Eles atravessam a membrana interna da mitocôndria. Cada um desses complexos possui várias subunidades proteicas que estão associadas a grupos prostéticos diferentes como: flavina mononucleotídeo, FAD, centros de ferro-enxofre, grupos heme e os íons de cobre. 84 BI OQ UÍ MI CA A ubiquinona (coenzima Q) O complexo I: Ubiquinona-oxidorredutase ou NADH desidrogenase. A cadeia transportadora possui estruturas móveis como a coenzima Q, também conhecida como ubiquinona que irá conectar os complexos I e II ao complexo III. Outra estruturaé o citocromo c que irá conectar o complexo III ao complexo IV. Os grupos prostéticos irão funcionar como centros de oxirredução. O complexo I, também conhecido como NADH desidrogenase ou ubiquinona oxirredutase, é a primeira enzima da cadeia transportadora de elétrons. A enzima irá transferir dois elétrons do NAD reduzido para a ubiquinona. Nesse momento, esse complexo transloca ou bombeia quatro prótons através da membrana interna. 40% da força próton- motriz que é gerada pela cadeia transportadora corresponde ao complexo I. COMPLEXO I O complexo I possui seu centro redox em uma molécula de flavina mononucleotídeo (FMN) e oito centros de ferro-enxofre que estão distribuídos ao logo da sequência linear. Essa proteína contém um sítio de ligação com a ubiquinona. No complexo I, os elétrons são transferidos para a flavina mononucleotídeo e depois para os centros de ferro-enxofre e logo após para a ubiquinona. Durante esse processo, o complexo I transcola os prótons para o espaço intermembrana. COMPLEXO II O complexo II, também conhecido como succinato desidrogenase, é uma enzima que participa do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidativa. Essa enzima catalisa a reação de oxidação de succinato a fumarato, com a redução concomitante de FAD. A oxidação de FAD ocorre acoplada a ubiquinona e essa enzima é chamada de succinato- ubiquinona oxirredutase. O complexo II possui também o heme como grupo prostético. Os elétrons são transferidos para o FAD, que irá se reduzir e posteriormente doar os elétrons para uma série de centros de ferro – enxofre. Finalmente, os elétrons são recebidos pela ubiquinona e transportados para o próximo complexo o III. O complexo II não contribui para a formação do gradiente de prótons. 85www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA Localização da ubiquinona. A ubiquinona constitui um “ponto de encontro” de elétrons. Os elétrons, sejam provenientes do complexo I, do complexo II ou ainda de outras procedências, serão encaminhados para o complexo III. Localização da ubiquinona. COMPLEXO III O complexo III, ou citocromo bc1 ou ubiquinona- citocromo c oxirredutase, transfere os elétrons da ubiquinona ao citocromo c. Nesse complexo também ocorre a translocação de prótons para o espaço intermembrana. Os centros redox desse complexo são: citocromo b com os grupos heme, uma proteína ferro- enxofre e o citocromo c1. Durante a oxidação da ubiquinona, um elétron será transferido para a proteína com o ferro- enxofre e o outro para o citocromo b. Como esses centros só recebem elétrons quando a ubiquinona é oxidada, dois prótons são bombeados para o espaço intermembrana da mitocôndria. O complexo III apresenta dois sítios para a ligação com a ubiquinona. Um próximo à superfície externa da membrana (sítio QO - outside) e outro no lado interno da membrana (sítio Qi - inside). 86 BI OQ UÍ MI CA COMPLEXO IV No complexo IV (ou citocromo c oxidase) ocorre a transferência de elétrons do citocromo c para o oxigênio. O complexo III: Citocromo C-oxidorredutase. Citocromo c Nesse complexo também ocorre o bombeamento de prótons para o espaço intermembrana. Seus centros redox são compostos por dois grupos heme e três íons de cobre. É na superfície externa da membrana interna da mitocôndria que os elétrons do citocromo c ganha o acesso ao complexo IV utilizando os centros de cobre. Os elétrons vão para o heme e depois para outro centro de cobre e finalmente para o oxigênio. Ao final, o oxigênio é reduzido à duas moléculas de água. Durante a transferência de elétrons para o oxigênio ocorre a translocação de mais um próton para o espaço intermembrana da mitocôndria. No total, quatro prótons serão bombeados para o espaço a cada ciclo. O gradiente de prótons formado retorna para a matriz mitocondrial e assim essa energia é utilizada para sintetizar o ATP. A enzima responsável por sintetizar o ATP é a ATP sintase. ANOTAÇÕES 87www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS Transporte de elétrons e fosforilação oxidativa são o mesmo processo? Explique. Cite um inibidor do complexo III. Cite um inibidor do complexo IV. QUESTÃO RESOLVIDA (ENADE 2014) As mitocôndrias possuem dupla membrana (externa e interna) e um espaço intermembranar. A teoria quimiosmótica, introduzida por Peter Mitchell, em 1961, tem sido aceita como um dos grandes princípios unificadores da biologia no século XX, por explicar os processos de respiração celular que resultam na síntese de ATP. MARGULIS, L. Origin of Eukaryotic Celis. Yale University Press, 1970. Nessa perspectiva e de acordo com a imagem apresentada, é correto afirmar que a síntese do ATP (adenosina trifosfato), a partir da associação do grupamento fosfato ao ADP (adenosina difosfato), depende a) da geração do gradiente de prótons (íons pela cadeia transportadora de elétrons, que ativa a ATPsoma. b) da ativação da ATPsoma, independentemente do gradiente gerado na cadeia transportadora de elétrons. c) da geração de pelo menos 10 íons na cadeia transportadora de elétrons, que dá início à conversão do em d) de reações químicas por trocas de prótons e elétrons, que ocorrem de forma quase localizada entre molécula do e o e) da presença da membrana mitocondrial externa, pois sem ela não haveria a formação do gradiente de elétrons (íons no espaço intermembranar. Porque precisamos respirar para sobreviver? O que é fosforilação oxidativa (F.O.)? 1 1 2 2 3 3 88 EX ER CÍ CI OS 8 ANOTAÇÕES Qual a relação do processo de FO com a via glicolítica e com o ciclo de Krebs? Descreva sobre a estrutura da cadeia transportadora de elétrons e sua função. O que é transporte acoplado e desacoplado? Qual a importância de cada um dos tipos de transporte para a sobrevivência das células? 7 Uma proteína capaz de desacoplar o sistema transportador de elétrons irá, em um primeiro momento: Que composto é o último aceptor de eletrons na cadeia respiratória? 4 5 6 89www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA GABARITO DJOW FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA ANOTAÇÕES 1-Não. Cada um representa uma parte do processo de síntese do ATP. Para a fosforilação oxidativa ocorrer ela necessita da energia favorável produzida através de seu acoplamento ao sistema transportador de elétrons. 2- O antibiótico Antimicina A 3- Monócido de carbono. Cianeto, azida. QUESTÃO RESOLVIDA 1- [A] 2- Através da inspiração a molécula de oxigênio é obtida e carreada para os tecidos através das hemácias. Esse oxigênio será utilizado pelas células para sintetizar o ATP, uma biomolécula energética que desempenha papel fundamental para que a celular possa realizar trabalho. 3- Fosforilação oxidativa é o nome data para a síntese de ATP que é uma reação endergônica acoplada a reações de oxidação- redução provenientes das transferências de elétrons de componentes da cadeia transportadora de elétrons (essas reações são exergônicas). 4- Através da oxidação completa da glicose que a fosforilação do ADP em ATP pode ocorrer. Para tal, a glicose é convertida a piruvato pela via glicolítica e posteriormente esse piruvato transformado em acetil-CoA que inicia o ciclo de Krebs. Tanto na via glicolítica, mas principalmente em Krebs, coenzimas como NAD e FAD são reduzidas e podem ser utilizadas no sistema transportador de elétrons que viabilizarão finalmente a fosforilação oxidativa. 5- O sistema transportador de elétrons constitui-se de vários complexos enzimáticos que são chamados de I, II, III e IV que atravessam a membrana interna da mitocôndria. Cada um desses complexos possui várias subunidades proteicas que estão associadas a grupos prostéticos diferentes como Flavina mononucleotídeo, FAD, centros de ferro-enxofre e grupos heme, ou ainda íons de cobre. Ainda temos a presença de estruturas móveis da cadeia transportadora. Uma delas, conhecida como coenzima Q ou ainda, ubiquinona, que irá conectar os complexosI e II ao complexo III. A outra estrutura móvel é o citocromo c que irá conectar o complexo III ao complexo IV. São nesses complexos enzimáticos que a transferência de elétrons ocorre, de um componente da cadeia transportadora para o seguinte, através de reações de oxidação e redução que são termodinamicamente favoráveis. A esse sistema está acoplado uma proteína que é capaz de sintetizar o ATP, processo que necessita de energia. Assim quando os elétrons são transportados complexo a complexo, prótons são bombeados para o espaço intermembrana da mitocôndria, gerando um gradiente de prótons. Quando eles retornam para a matriz mitocondrial, o fazem pela ATP sintase (proteína que sintetiza o ATP) e liberam energia ao realizarem esse movimento. Essa energia altera a estrutura da proteína ativando-o e consequentemente sua capacidade de fosforilar o ADP em ATP. Em resumo o sistema transportador é maquinaria fundamental para que ocorra a fosforilação oxidativa. 6- O transporte desacoplado é quando a membrana interna da mitocondrial possui uma proteína que faz com que os prótons do espaço intermembrana “vazem” além da ATP sintase. Esse tipo de situação desconecta a cadeia transportadora de elétrons da ATP sintase fazendo com que o sistema aumente de velocidade para compensar a diminuição de ATP sintetizado. Geralmente, a proteína desacopladora libera calor durante a passagem desses prótons e esse calor poderá ser utilizado de alguma forma para a célula ou tecido. Essas proteínas são conhecidas como UCP (Uncoupling Protein). Uma situação bem conhecida ocorre no tecido adiposo marrom de mamíferos. 7- Diminuir a síntese de ATP e diminuir a velocidade do sistema. Aumentar a síntese de ATP e diminuir a velocidade do sistema. Diminuir a síntese de ATP e aumentar a velocidade do sistema. Diminuir apenas a síntese de ATP. Não irá influenciar na resposta do sistema transportador de elétrons. 8- Oxigênio ATP Gás Carbônico Óxido Nitrico Complexo IV 90 BI OQ UÍ MI CA As mitocôndrias são estruturas que possuem duas membranas: uma membrana externa e uma membrana interna que é bem extensa e extremamente dobrada. Essas dobras são chamadas de cristas. Existem dois ambientes nessa organela: um espaço intermembranar, que é representando entre as duas membranas externa e interna, e a matriz que é delimitada pela a membrana interna. É exatamente na matriz mitocondrial que ocorre a maior parte das reações do ciclo de Krebs e da oxidação dos ácidos graxos. Já a fosforilação oxidativa ocorre na membrana mitocondrial interna. Como a membrana interna é extensa e cheia de dobras, criam-se mais lugares para a fosforilação acontecer. A membrana interna da mitocôndria é impermeável a quase todos os íons e moléculas polares. Somente com um transportador específico, como para o ATP, piruvato e do citrato, é possível atravessar essa membrana A membrana externa é muito permeável para a grande maioria das moléculas pequenas e íons. Essa passagem ocorre principalmente através de uma proteína formadora de poros conhecida como VDAC (voltage-dependent anion channel). A VDAC é a proteína mais prevalente na membrana externa e ela irá funcionar como um canal iônico dependente de voltagem. TEORIA ENDOSSIMBIÓTICA As mitocôndrias são resultantes de um processo de endossimbiose. Segundo esta teoria, as MITOCÔNDRIAS E SEU PAPEL NA FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA Estrutura da mitocôndria. 91www.biologiatotal.com.br BI OQ UÍ MI CA células eucarióticas iniciaram sua existência estabelecendo uma relação endossimbiótica com uma bactéria, responsável pelo sistema de fosforilação oxidativa. Ela seria uma bactéria púrpura fotossintetizante, que teria perdido a capacidade fotossintética, se especializando na cadeia respiratória. Durante a evolução eucariótica, ocorreu uma grande transferência de genes das mitocôndrias para o núcleo celular, com o objetivo de favorecer a mitocôndria na execução de uma única função principal: o fornecimento energético. Isso explica a importação de proteínas citoplasmáticas e a existência de algumas sequências não codificantes no DNA nuclear, correspondendo ao DNA importado recentemente e sem função. A teoria ainda abre espaço para explicar a presença de duas membranas lipídicas na organela. A membrana mitocondrial interna seria originária da membrana da bactéria endocitada, enquanto a membrana mitocondrial externa seria derivada da própria membrana celular. VISÃO GERAL DO PAPEL DA MITOCÔNDRIA NO PAPEL DO METABOLISMO ENERGÉTICO. A imagem mostra como as membranas se dobram. ANOTAÇÕES 92 EX ER CÍ CI OS EXERCÍCIOS 1 2 3 4 5 6 (ENADE 2006) A figura mostra uma micrografia eletrônica de transmissão de uma mitocôndria, e as setas indicam diferentes estruturas da organela. Analise as afirmações que seguem. I. O ciclo dos ácidos tricarboxílicos (ciclo de Krebs) ocorre na matriz mitocondrial. II. Os complexos do sistema de transporte de elétrons localizam-se na membrana mitocondrial interna. III. Esta organela contém material genético próprio e codifica todas as suas proteínas e RNAs. Está correto o que se afirma em a) I, II, III. b) II e III, somente. c) I e III, somente. d) I e II, somente. e) II, somente. Cite 3 exemplos que fundamentam a teoria da endossimbiose para as mitocôndrias. Explique a estrutura compartimentar da mitocondrial. Quais são as principais características da membrana interna? Quais as principais funções da mitocôndria na célula? Em relação à produção de energia, é correto afirmar que a mitocôndria cria energia? Segundo a teoria evolutiva mais aceita hoje, as mitocôndrias, organelas celulares responsáveis pela produção de ATP em células eucariotas, assim como os cloroplastos, teriam sido originados de procariontes ancestrais que foram incorporados por células mais complexas. Uma característica da mitocôndria que sustenta essa teoria é a: a) capacidade de produzir moléculas de ATP. b) presença de parede celular semelhante à de procariontes. c) presença de membranas envolvendo e separando a matriz mitocondrial do citoplasma. d) capacidade de autoduplicação dada por DNA circular próprio semelhante ao bacteriano. e) presença de um sistema enzimático eficiente às reações químicas do metabolismo aeróbio. QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA 93www.biologiatotal.com.br EX ER CÍ CI OS 8 9 ANOTAÇÕES Observe a microscopia eletrônica de transmissão de uma organela abaixo e responda as questões. a) A microscopia representa um vacúolo pois pode- se observar cristas no seu interior; b) A microscopia representa a mitocôndria pois é possível observar a membrana externa, cristas mitocondriais e citosol; c) A microscopia representa uma mitocôndria pois pode-se observar a membrana externa, uma membrana interna, cristas mitocondriais e uma matriz; d) A microscopia representa um retículo endoplasmático rugoso pois pode-se observar grânulos por toda sua extensão além das cristas formadas por membrana; e) A microscopia representa o núcleo da célula, pois é possível observar a compactação do DNA no seu interior. Numa célula eucariótica as enzimas responsáveis pelo ciclo de Krebs localizam-se: a) na membrana interna da mitocôndria. b) no citosol. c) na matriz mitocondrial d) no espaço intermembranar Numa célula eucariótica o sistema transportador de elétrons se localiza: a) na membrana interna da mitocôndria. b) no citosol. c) na matriz mitocondrial d) no espaço intermembranar A glicólise e o ciclo de Krebs funcionam em nosso corpo como uma encruzilhada metabólica, possibilitando que nossas células convertam algumas moléculas em outras à medida que o nosso corpo tenha necessidade. Em que locais ocorrem a glicólise e o ciclo de Krebs, respectivamente? a) Nos cloroplastos e mitocôndria. b) No citosol e no interior da mitocôndria. c) No retículo endoplasmático e na mitocôndria. d) No interior da mitocôndria. e) No citosol e no cloroplasto. 10 7 94 BI OQUÍ MI CA GABARITO DJOW MITOCÔNDRIAS E SEU PAPEL NA FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA 1 - D 2- Existência de material genético próprio – DNA circular; Presença de RNA ribossômico estruturalmente diferenciado; Existência de duas membranas. 3- EOrganela formada por membrana externa, membrana interna, cristas mitocondriais, espaço intermembranas e matriz mitocondrial. 4- Altamente seletivas e possuem proteínas envolvidas na retenção e liberação de íons (componentes fundamentais para a síntese de ATP). 5- Controle do balanço redox da célula, morte celular e produção de energia. 6- A energia não pode ser criada. Ou ela é transformada ou transferida. No caso a célula transforma e transfere a energia obtida a partir da oxidação da glicose (via glicolítica, Krebs e fosforilação oxidativa) em ATP (adenosina trifosfato). A hidrólise de ATP, libera ADP e Pi (fosfato inorgânico) e é caracterizada como uma reação exergônica (libera energia). Assim, O ATP fornece energia para o trabalho celular acoplando as reações que necessitam de energia na célula (endergônicas). Todas as células são capazes de realizar 3 tipos de trabalho: Químico- ativação de reações endergônicas (que não ocorreriam espontaneamente); transporte (proteínas bombeando substâncias através das membranas) e mecânico- vibração de cílios, contração muscular e movimento dos cromossomos durante a divisão celular. 7- C 8- C 9- A 10- B ANOTAÇÕES D. capacidade de autoduplicação dada por DNA circular próprio semelhante ao bacteriano. QUESTÃO RESOLVIDA NA AULA