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Seção 2 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO 
PENAL 
 
 2 
 
 
 
 
 
Muito bem! Conforme ocorrência anterior, fulano de tal, brasileiro, solteiro, carteira de identidade 
número xxx, residente e domiciliado na rua xxx, nesta capital, foi flagrado dentro de sua residência 
com vários comprimidos de ecstasy. Também chamado de droga do amor, o ecstasy é uma droga 
psicoativa, conhecida quimicamente como 3,4-metilenodioximetanfetamina e abreviada por MDMA. 
Os policiais civis que estavam fazendo a investigação, lastreada em denúncia anônima, entraram em 
sua residência sem mandado judicial, valendo-se do conceito de que o crime é classificado como 
permanente, podendo o flagrante ser dado a qualquer momento e sem autorização judicial. Ademais, 
ingressaram na residência sem qualquer consentimento do morador. 
Com sua prisão em flagrante, Fulano de tal fora encaminhado para a audiência de custódia que fora 
realizada um mês depois do fato. O fato se deu na comarca de São Paulo/SP. 
Você requereu o relaxamento da prisão em flagrante, tendo em vista que ela não fora feita de forma 
legal, uma vez que se descumpriu o art. 310, caput, CPP, que exige o prazo de 24 horas para a sua 
realização, bem como não estavam presentes os requisitos da prisão preventiva, forte, ainda, que a 
investigação foi lastreada em denúncia anônima e o flagrante foi feito sem observar os balizamentos 
jurisprudenciais de consentimento do morador. 
Todavia, o magistrado entendeu por bem decretar a prisão preventiva, afirmando que o prazo de 24 
horas é considerado impróprio e não merece ser seguido à risca, além disso corroborou as 
declarações do Ministério Público de que o acusado é rico e isso pode ensejar a prisão com base na 
garantia da ordem pública, bem como ele poderia fugir do país e ameaçar testemunhas, em razão 
da sua excelente condição financeira. 
Por fim, o magistrado entendeu que por tratar-se de crime permanente, o flagrante poderia ser dado 
a qualquer tempo, independentemente de autorização judicial, bem como que a inexistência de 
consentimento do morador para o ingresso em sua residência constitui mera irregularidade. 
 
 
Seção 2 
DIREITO PENAL 
Sua causa! 
 
 3 
Dessa forma, o réu nesse momento encontra-se preso preventivamente na cidade de São Paulo/SP, 
estando os autos com o delegado de polícia responsável, tendo sido o feito distribuído para o juiz da 
1ª Vara Criminal da Capital. Cumpre ressaltar que até o presente momento não houve indiciamento, 
já se ultimando 90 dias de investigação, ultrapassando-se o prazo previsto no artigo 51 da Lei nº 
11.343/06. 
Além disso, a autoridade policial não requereu a realização do laudo definitivo e nem procedeu à 
oitiva de testemunhas, inexistindo, assim, sequer um indiciamento do acusado. 
Você, como advogado de Fulano de tal, deverá interpor a peça cabível para a restituição da liberdade 
de seu cliente, uma vez que já está recolhido há bastante tempo e sem qualquer diligência policial 
prestes a ser cumprida. 
 
A prisão preventiva 
 
Está prescrito na Constituição Federal em seu artigo 5°, LVII, que todos são considerados inocentes 
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Ressalta-se o princípio da presunção de 
inocência ou não culpabilidade. Nesses termos: 
 
Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória. (BRASIL, 1988, [s. p.]) 
 
Nesse diapasão, qualquer medida restritiva de direito, notadamente uma prisão preventiva, apenas 
pode ser decretada quando preencher todos os requisitos legais, uma vez que a liberdade é a regra. 
O problema a ser resolvido elenca uma prisão preventiva que possui natureza cautelar pressupondo 
a existência de periculum libertatis e fumus comissi delicti, como bem ensina o Professor Avena, in 
verbis: 
 
Como qualquer medida cautelar, a preventiva pressupõe a existência de periculum 
in mora (ou periculum libertatis) e fumus boni iuris (ou fumus comissi delicti), o 
primeiro significando o risco de que a liberdade do agente venha a causar prejuízo à 
segurança social, à eficácia das investigações policiais/apuração criminal e à 
execução de eventual sentença condenatória, e o segundo, consubstanciado na 
possibilidade de que tenha ele praticado uma infração penal, em face dos indícios de 
autoria e da prova da existência do crime verificados no caso concreto. (AVENA, 
2020, p. 1054) 
O art. 312 do CPP demonstra os requisitos necessários para a realização da prisão preventiva, 
nesses termos: 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, 
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a 
 
 4 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício 
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. 
(BRASIL, 1988, [s. p.]) 
Nesse diapasão, antes de adentrar nos requisitos pertinentes à decretação da prisão preventiva, o 
juiz deverá ter certeza da existência do crime e indícios suficientes de autoria, pressupostos 
fundamentais para a sua imposição. Nas palavras de Nestor Távora e Osmar Rodrigues: 
 
Temos a necessidade de comprovação inconteste da ocorrência do delito, seja por 
exame pericial, testemunhas, documentos, interceptação telefônica autorizada 
judicialmente ou quaisquer outros elementos idôneos, impedindo-se a segregação 
cautelar quando houver dúvida quanto à existência do crime. Quanto a autoria, são 
necessários apenas indícios aptos a vincular o indivíduo à prática da infração. Não 
se exige a concepção de certeza, necessária para uma condenação. A lei se 
conforma com o lastro superficial mínimo vinculando o agente ao delito. (TÁVORA; 
ALENCAR, 2019, p. 980) 
 
O Código de Processo Penal estabelece no art. 312 os pontos necessários para fundamentação da 
prisão preventiva, pois, além de ser necessária a prova da existência do crime e indícios suficientes 
de autoria, a decretação deverá motivar-se em um dos seus requisitos, sob pena de ilegalidade da 
prisão. 
O primeiro requisito consiste na garantia da ordem pública. A doutrina majoritária critica esse requisito 
autorizador da medida cautelar, pois o conceito de tal expressão é bastante amplo. Para alguns 
doutrinadores, como Leonardo Barreto: 
[...] violam a ordem pública: aqueles que afetam a credibilidade do judiciário; os que 
contam com a divulgação pela mídia (não confundir com sensacionalismo, clamor 
público); os crimes cometidos com violência ou grave ameaça ou com outra forma de 
execução cruel; se o agente delitivo possui longa ficha de antecedentes etc. (ALVES, 
2019, p. 117) 
Nessa linha de pensamento, o Superior Tribunal de Justiça entende que a prisão preventiva 
decretada para garantir a ordem pública não pode basear-se em dados abstratos, como, a título de 
exemplificação, estar o indivíduo submetido a processo criminal ou já ter sido condenado por outro 
crime, bem como o fato de a capacidade econômica dele ser elevada e isso, por si só, já configurar 
elemento suficiente para consubstanciar-se na chamada na garantia da ordem pública. 
No caso concreto deve ser demonstrado exaustivamente que a liberdade do indivíduo coloca a ordem 
pública em perigo, por ser uma exceção tal prisão, não pode basear-se em fatos abstratos. Nesses 
termos, é o pensamento do Superior Tribunal de Justiça: 
 
EMENTA 
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO 
PREVENTIVA. 
FUNDAMENTAÇÃO. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. RISCO DE REITERAÇÃO 
DELITIVA. REINCIDÊNCIA. DECRETO DEVIDAMENTE MOTIVADO. MEDIDAS 
CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO. SUFICIÊNCIA. 
1. Preliminarmente, não há óbice ao conhecimento do writ, pois "a superveniência de 
sentença penal condenatória, na qual se nega o apelo em liberdade com os mesmos 
 
 5 
fundamentos utilizados anteriormente para justificar a prisão preventiva, sem agregar 
fatos novos, não conduz à prejudicialidade da ação constitucional de habeas corpusou do recurso ordinário em habeas corpus dirigidos contra decisão antecedente de 
constrição cautelar" (AgRg no RHC n. 119.723/RO, relatora Ministra LAURITA VAZ, 
Sexta Turma, julgado em 16/6/2020, DJe 29/6/2020). 
2. A prisão preventiva revela-se cabível tão somente quando estiver concretamente 
comprovada a existência do periculum libertatis, sendo impossível o recolhimento de 
alguém ao cárcere caso se mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores da 
medida extrema, previstos na legislação processual penal. Nessa linha, esta Corte 
firmou orientação de ser indispensável, por ocasião da prolação da sentença 
condenatória, que o magistrado fundamente, com base em dados concretos 
extraídos dos autos, a necessidade de manutenção ou imposição de segregação 
cautelar. 
3. No caso, verifica-se que a negativa de recurso em liberdade se deu com base na 
manutenção dos requisitos da custódia cautelar demonstrados quando da prolação 
do decreto prisional. Nesse cenário, observa-se que o periculum libertatis encontra-
se evidenciado por ter sido registrada a existência de risco de reiteração criminosa, 
uma vez que o agente, no momento da sua prisão em flagrante, seria reincidente, 
tendo a pena sido recentemente extinta pelo cumprimento. 
4. Todavia, verifica-se suficiente, para os fins acautelatórios pretendidos, a imposição 
de medidas outras que não a prisão, notadamente porque não se trata da apreensão 
de elevada quantidade de entorpecentes, mas, sim, de cerca de 50g (cinquenta 
gramas) de maconha, 0,2g (dois decigramas) de haxixe e 19g (dezenove gramas) de 
ecstasy. Outrossim, quanto à existência de risco de reiteração delitiva em relação ao 
agente, observa-se que seria configurado por outro processo criminal, já transitado 
em julgado, pela prática do delito previsto no art. 129, § 9º, do CP, cuja respectiva 
pena corporal consistiu em três meses de detenção, em regime aberto, já extinta pelo 
seu cumprimento. 
5. Assim, as particularidades do caso, sobretudo a quantidade de droga apreendida, 
demonstram a suficiência, a adequação e a proporcionalidade da fixação das 
medidas menos severas previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, em 
observância à regra de progressividade das restrições pessoais disposta no art. 282, 
§§ 4º e 6º, do Código de Processo Penal, o qual determina que apenas em último 
caso será decretada a custódia preventiva, ou seja, quando não for cabível sua 
substituição por outra cautelar menos gravosa. 
6. Ordem parcialmente concedida para substituir a custódia preventiva do paciente 
por medidas cautelares diversas da prisão, as quais deverão ser fixadas pelo Juízo 
de primeiro grau. (HC 717072 / SP) 
 
O segundo requisito consiste na garantia da ordem econômica. In casu, deve ficar comprovado que 
a liberdade do acusado possa gerar um grave abalo à ordem econômica. Todavia, essa forma de 
prisão cautelar é totalmente genérica e de difícil constatação no caso concreto, muito em razão de 
ser bem parecida com a garantia da ordem pública. 
A título de exemplo, citam-se os crimes de sonegação fiscal com cifras exponenciais, lavagem de 
capitais praticada por meio de uma avançada engenharia econômica de forma a ocultar valores 
estratosféricos desviados de empresas públicas ou graves fraudes em licitações públicas que 
possam comprometer toda a estabilidade social local. 
No sentido da inocuidade do requisito, Nestor Távora e Osmar Rodrigues prelecionam: “[...] afinal, 
havendo temor da prática de novas infrações, afetando ou não a ordem econômica, já haveria o 
 
 6 
enquadramento na expressão maior, que é a garantia da ordem pública” (TÁVORA; ALENCAR, 2019, 
p. 984). 
O terceiro requisito consiste na garantia da instrução criminal. Nesse caso, a lei prevê a possibilidade 
de prisão preventiva de alguém que esteja colocando em xeque a produção probatória, ameaçando 
testemunhas ou destruindo provas. Cumpre ressaltar que tais fatos devem estar exaustivamente 
apontados concretamente nos autos. 
Além disso, a prisão pode ser decretada para garantia da aplicação da lei penal. In casu, a 
possibilidade de prisão preventiva diz respeito àquela situação em que o agente evade e reste difícil 
o cumprimento da penalidade a ele imposta no final do processo. 
Lado outro, a jurisprudência e a doutrina majoritárias entendem que o simples fato de o agente 
possuir condição financeira abastada não é suficiente para presumir que ele irá fugir, ou seja, não 
pode isoladamente ser fundamento necessário para a decretação de sua prisão preventiva. Como é 
cediço, é necessário que se comprove fatos concretos que demonstrem a impossibilidade de 
aplicação da lei penal, por exemplo, fretamento de algum avião para sair do país. Por todos, segue 
pensamento pretoriano: 
 
EMENTA 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. 
REQUISITOS. ESPECIAL GRAVIDADE DA CONDUTA. QUANTIDADE DE DROGA 
APREENDIDA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. CONDIÇÕES PESSOAIS 
FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA, NO CASO. ALEGADA DESPROPORÇÃO ENTRE 
A PRISÃO CAUTELAR E A PENA ADVINDA DE EVENTUAL CONDENAÇÃO. 
IMPOSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO. AGRAVO DESPROVIDO. 
1. A prisão preventiva, para ser legítima à luz da sistemática constitucional, exige que 
o Magistrado, sempre mediante fundamentos concretos extraídos de elementos 
constantes dos autos (arts. 5.º, LXI, LXV e LXVI, e 93, inciso IX, da Constituição da 
República), demonstre a existência de prova da materialidade do crime e de indícios 
suficientes de autoria delitiva (fumus comissi delicti), bem como o preenchimento de 
ao menos um dos requisitos autorizativos previstos no art. 312 do Código de 
Processo Penal, no sentido de que o réu, solto, irá perturbar ou colocar em perigo 
(periculum libertatis) a ordem pública, a ordem econômica, a instrução criminal ou a 
aplicação da lei penal. 
2. Hipótese em que a necessidade da segregação cautelar do Acusado foi justificada 
no decreto prisional com base na gravidade concreta da conduta, evidenciada pela 
expressiva quantidade de droga apreendida, o que, nos termos da jurisprudência 
desta Corte, justifica a prisão provisória como forma de garantia da ordem pública. 
Precedentes. 
3. A existência de condições pessoais favoráveis não tem o condão de, por si só, 
desconstituir a custódia antecipada, caso estejam presentes um dos requisitos de 
ordem objetiva e subjetiva que autorizem a decretação da medida extrema, como 
ocorre, na espécie. 
4. Nessa fase processual, não há como prever a quantidade de pena que 
eventualmente poderá ser imposta, caso seja condenado o Agravante, menos ainda 
se iniciará o cumprimento da reprimenda em regime diverso do fechado, de modo 
que não se torna possível avaliar a arguida desproporção da prisão cautelar. 
5. Agravo desprovido. (AgRg no RHC 157460 / SP) 
 
 7 
 
Assim, meras conjecturas de que o acusado é rico e irá fugir ou enquadrar-se em um dos requisitos 
do artigo 312, CPP são insuficientes para a imposição dessa medida cautelar. 
Com a novidade imposta pelo Pacote Anticrime, estabeleceu-se ser a prisão cautelar medida 
extrema, ou seja, antes de decretar o encarceramento do indivíduo, cumpre ao magistrado estudar 
a possibilidade de decretar medidas cautelares diversas da prisão, caso sejam suficientes para 
proteger o bem jurídico protegido e o resguardo do devido processo legal, sendo que essas 
cautelares estão dispostas no art. 319, CPP, assim dispostas: 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, 
para informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por 
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer 
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado delapermanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente 
ou necessária para a investigação ou instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o 
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica 
ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações 
penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com 
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos 
do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência 
injustificada à ordem judicial; 
IX - monitoração eletrônica. (BRASIL, 1941, [s. p.]) 
 
Uma última alteração relevante trazida pelo Pacote Anticrime é a regra inscrita no artigo 316, CPP, 
em que se determina ao juiz a necessidade de revisão da prisão preventiva decretada após o decurso 
do prazo de 90 dias, sob pena de a prisão ser classificada como ilegal, nesses termos: 
 
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva 
se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela 
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a 
justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da decisão 
revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art3
 
 8 
decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. (BRASIL, 1941, 
[s. p.]) 
 
Tal pensamento legal é importante para impedir as vetustas prisões sem prazo, em que o acusado 
ficava o processo penal todo encarcerado com algum arremedo de fundamentação que não subsistia 
e fora decretada há bastante tempo. Com a novel modificação legal, o juiz que decretou a prisão 
preventiva deverá atentar-se, após o prazo de 90 dias, para a necessidade ou não de sua 
manutenção, conforme vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça, in verbis: 
 
 EMENTA 
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. 
AGRAVANTE CONDENADO À PENA DE9 ANOS E 8 MESES DE RECLUSÃO. 
EXCESSO DE PRAZO PARA O JULGAMENTO DA APELAÇÃO. NÃO 
CONFIGURADO. RAZOABILIDADE. 
EXCESSO DE PRAZO DA PRISÃO. PRAZO NONAGESIMAL PARA REVISÃO DA 
NECESSIDADE DE SEGREGAÇÃO CAUTELAR. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 
INEXISTÊNCIA DE NOVOS ARGUMENTOS APTOS A DESCONSTITUIR A 
DECISÃO IMPUGNADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 
I - Quanto ao aventado excesso de prazo para o julgamento do recurso de apelação 
contra sentença condenatória prolatada, em 17/6/2019, tenho que, por ora, não está 
configurado o alegado excesso de prazo para a análise do referido recurso; eis que, 
no que tange à hipótese aventada, é preciso registrar que a jurisprudência deste 
Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a análise do excesso de prazo para 
o julgamento da apelação deve levar em consideração o quantum da pena aplicada 
pela sentença condenatória que, in casu, totalizou 9 (nove) anos e 8 (oito) meses de 
reclusão, no regime fechado. Logo, a espera por cerca de aproximadamente 1 (um) 
ano e 5 (cinco) meses, desde o envio do recurso à eg. Corte a quo, em 08/7/2020, 
não se me afigura desproporcional. 
II - No que toca à tese acerca da ocorrência de excesso de prazo na prisão, 
mormente, no ponto em que aduz que "o advento da Lei nº 13.964/19, em vigor desde 
23.01.2020, passou-se a exigir a revisão, a cada noventa dias, da necessidade de 
manutenção de prisão preventiva decretada, sob pena de tornar a prisão ilegal, nos 
exatos termos do art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal" , verifico 
que a quaestio não comporta conhecimento, haja vista que não foi apreciada pelo eg. 
Tribunal de origem, o que impede a manifestação desta Corte Superior, sob pena de 
indevida supressão de instância. 
III - É assente nesta Corte Superior que o agravo regimental deve trazer novos 
argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de 
ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios fundamentos. Precedentes. 
Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 706626 / PE) 
 
A Lei nº 11.343/06 
Quanto ao disposto na Lei nº 11.343/06, em seu artigo 51, há um prazo conclusivo do inquérito 
policial de 30 (trinta) dias para que a Autoridade Policial conclua a sua investigação e indicie ou peça 
dilação de prazo para continuar analisando o caso concreto, em se tratando de acusado preso. 
 
 9 
O excesso de prazo é um dos motivos pelos quais a prisão não pode sustentar-se, eis que o acusado 
não pode continuar preso por uma deficiência estatal em investigar e coletar provas para o seu 
correto indiciamento. A letra fria da lei deve ser cumprida à risca quando se trata de colocação em 
risco do bem jurídico mais importante depois da vida, qual seja, a liberdade do agente. 
Outro ponto importante é que o acusado não pode ficar preso preventivamente sem qualquer 
indiciamento, o que demonstra, por si só, uma desídia estatal na coleta de provas hábeis para tanto. 
Caso seja relevante que alguém responda preso a um processo criminal, os fundamentos de eventual 
cautelar preventiva devem estar presentes de forma concreta nos autos. 
Ademais, cumpre ressaltar que a Lei de Drogas exige a realização de dois laudos periciais para 
satisfazer o devido processo legal, sendo indispensáveis os laudos preliminares ou de constatação 
e o definitivo, uma vez que a ausência de um dos dois laudos ocorre situação de nulidade absoluta. 
Trata-se da disposição prevista nos artigos 50 e seguintes, a seguir transcritos: 
 
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, 
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto 
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) 
horas. 
 
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da 
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade 
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
 
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará 
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo. 
 
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, 
certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição 
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo 
definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) 
 
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente 
no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade 
sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) 
 
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas 
referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, 
certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 
2014) 
 
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em 
flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da 
data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo 
definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50. 
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014). (BRASIL, 2006, [s. p.]) 
 
 10 
 
Pelo que consta da orientação legal, a exigência de dois laudos periciais é requisito indispensável 
para o correto processamento de alguém por delito envolvendo o tráfico de drogas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para elaborarmosuma peça prático-profissional que visa à liberdade de alguém, cumpre ressaltar 
as seguintes indagações. 
 
1 – Já tendo sido decretada a prisão preventiva, qual medida poderia ser utilizada antes da instrução 
criminal? 
2 – A prisão viola os requisitos do artigo 312, CPP? 
3- Existe alguma medida diferente do habeas corpus hábil a resolver a questão e restituir a liberdade? 
4- Há algum dispositivo novo inserido pelo Pacote Anticrime e que merece análise concreta? 
5- Existe disposição específica prevista em legislação extravagante que mereça ser abordada? 
 
Respondidas essas perguntas poderemos começar a desenvolver a nossa peça. 
O princípio da presunção de inocência e os requisitos da prisão 
preventiva devem ser estudados de forma paralela para a devida 
compreensão das diversas formas de prisões provisórias existentes no 
ordenamento jurídico brasileiro. Ademais, atenção especial para o que 
dispõe a lei extravagante quanto à aplicação do devido processo legal. 
PONTO DE ATENÇÃO 
Vamos peticionar! 
 
 11 
1 – É sempre importante fundamentar, inicialmente, com algum artigo da Constituição Federal, 
notadamente o artigo 5º. 
2 – Após a utilização de um artigo da Constituição Federal é interessante que se utilize um ou mais 
artigos da legislação infraconstitucional e que, evidentemente, explique o motivo da citação legal. 
3 – Precisamos utilizar, também, a doutrina, se possível mais de um doutrinador com o mesmo 
entendimento. A utilização de uma doutrina atual enriquece qualquer peça. 
4 – Não podemos deixar de utilizar uma jurisprudência atual acerca do assunto debatido. Deve-se 
preferir jurisprudência de Tribunais superiores, como Superior Tribunal de Justiça e Supremo 
Tribunal Federal. 
Atenção: jurisprudência refere-se às decisões reiteradas dos tribunais, decisões isoladas devem ser 
evitadas. 
5 – Se possível utilizar súmulas, vinculantes e/ou não vinculantes. 
A primeira medida a se fazer em uma peça processual é o endereçamento, ou seja, precisamos 
saber de quem é a competência para analisar aquele fato. Por esse motivo antes de ajuizar uma 
ação ou apresentar qualquer peça processual é necessário que o aluno conheça as regras de 
competência. As questões da OAB sempre demonstram onde se deu o fato, o que fica claro de 
atestar a competência. 
Após o endereçamento, faz-se um preâmbulo, nele colocaremos todos os dados das partes. Nunca 
se deve inventar dados nas peças práticas da OAB, pois isso identifica a sua prova, gerando a 
desclassificação. 
Após o preâmbulo, iniciaremos os fatos, que nada mais são que a história contada pelo examinador. 
Após a narrativa dos fatos, iniciaremos os fundamentos jurídicos. É nesse ponto que você demonstra 
seu conhecimento. Portanto, faça com muita atenção e demonstre para o seu examinador que você 
conhece do assunto. 
Após a fundamentação, é hora de fazer os pedidos. Cuidado! Você só pode pedir o que fundamentou. 
Essas são as chamadas dicas de ouro e temos certeza de que com esse roteiro mental será fácil 
compreender e colocar em prática todos os seus poderes para uma escorreita peça prático-
profissional. Vamos peticionar? 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
AVENA, N. Processo Penal. São Paulo: Grupo GEN, 2020, p. 1054. [Minha Biblioteca]. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 15 maio 2022. 
BRASIL. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília, DF: 
Presidência da República, 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689.htm. Acesso em: 3 jun. 2022. 
BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas 
sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção 
social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não 
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Brasília, DF: 
Presidência da República, 2006 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11343.htm. Acesso em: 4 jun. 2022.

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