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0 www.alicelannes.com 1 Última atualização em 09/02/2022. SUMÁRIO PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Pág. 02 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Pág. 04 DIREITOS CONSITUCIONAIS DOS TRABALHADORES Pág. 05 RENÚNCIA E TRANSAÇÃO Pág. 08 RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO Pág. 09 FLEXIBILIZAÇÃO Pág. 18 TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO Pág. 18 CONTRATO DE TRABALHO Pág. 22 TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO Pág. 31 AVISO PRÉVIO Pág. 37 PROCEDIMENTOS RESCISÓRIOS Pág. 40 ESTABILIDADES E GARANTIDAS DE EMPREGO Pág. 41 JORNADA DE TRABALHO Pág. 45 REMUNERAÇÃO E SALÁRIO Pág. 56 FÉRIAS Pág. 68 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Pág. 74 SEGURANÇA E MEDICINA NO TRABALHO Pág. 78 PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR Pág. 82 PROTEÇÃO AO TRABALHO DA MULHER Pág. 84 COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA Pág. 89 COMISSÕES PARA ENTENDIMENTO DIRETO Pág. 90 DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Pág. 91 DANO MORAL Pág. 96 EMPREGADO DOMÉSTICO Pág. 97 FGTS Pág. 102 DIREITO DE GREVE Pág. 103 GLOSSÁRIO DE SIGLAS CF – Constituição Federal CC – Código Civil CPC – Código de Processo civil CP – Código Penal CPP – Código de Processo Penal CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas EC – Emenda Constitucional MP quando se referir à lei – Medida Provisória LC – Lei Complementar U/E/DF/M – União, Estado, Distrito Federal e Municípios RFB – República Federativa do Brasil STF – Supremo Tribunal Federal STJ – Superior Tribunal de Justiça TJ – Tribunal de Justiça TRF – Tribunal Regional Federal TRT – Tribunal Regional do Trabalho TRE – Tribunal Regional Eleitoral TCU – Tribunal de Contas da União PF – pessoa física PJ – pessoa jurídica FP – Fazenda Pública MP quando se referir a órgão – Ministério Público CNJ – Conselho Nacional de Justiça CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público PR – Presidente da República SF – Senado Federal CN – Congresso Nacional SM – salário mínimo ACT – acordo coletivo de trabalho CCT – convenção coletiva de trabalho EP – empresas públicas SEM – sociedades de economia mista www.alicelannes.com 2 Última atualização em 09/02/2022. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 1. PRINCÍPIO PROTETOR Para diminuir o desequilíbrio existente entre o detentor do capital e o prestador de serviços, criou-se o direito do trabalho, que é baseado no princípio protetor/da proteção. O princípio protetor pode ser subdividido nos princípios: Da norma mais favorável: se tiver mais de uma norma em vigor, deve-se aplicar a mais favorável ao empregado. Esse princípio deve ser observado: • Na elaboração das normas: o princípio auxilia a política legislativa, para que as futuras leis assegurem ou ampliem o rol de direitos trabalhistas • No confronto de regras concorrentes: aqui cabe a hierarquização das normas, onde teriam lugar a teoria da acumulação (o intérprete seleciona, nas normas comparadas, os dispositivos de uma mais favorável ao empregado) e a teoria do conglobamento (o operador jurídico seleciona a regra mais favorável ao trabalhador enfocando globalmente seu conjunto normativo) • Na interpretação das regras jurídicas: respeitada a hermenêutica jurídica e o caráter lógico-sistemático do direito, o intérprete, diante de mais de um resultado válido, optará pela norma mais favorável ao trabalhador A reforma trabalhista flexibilizou o princípio da norma mais favorável em dois aspectos: (1) as matérias do art. 611-A que sejam objeto de ACT prevalecerão sobre o texto legal, ainda que a regra legal seja mais favorável; (2) ACT sempre prevalecerá sobre a CCT, uma vez que ele é mais específico. Da condição mais benéfica: está relacionado com as cláusulas contratuais, que, sendo mais vantajosas ao trabalhador, devem ser preservadas durante a vigência do contrato de trabalho. Assim, é inválida a supressão de cláusula de contrato de trabalho que prejudique o empregado. • In dúbio pro operario: diante de duas opções igualmente válidas, o intérprete do direito deve aplicar a opção mais vantajosa ao trabalhador O in dúbio pro operario não deve ser usado de imediato, mas o juiz deve ver quem tem o ônus de prova no caso concreto. 2. PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA Art. 468 CLT: nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Observe que não é vedada a alteração, mas sim a alteração prejudicial ao empregado. Pequenas alterações efetuadas pelo empregador, que não frustrem direitos trabalhistas podem ser implementadas, devendo-se analisar o caso concreto para verificar se houve ou não afronta ao princípio da inalterabilidade contratual lesiva. 3. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS/IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS/IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS É uma limitação à autonomia das partes no direito do trabalho. Tendo em vista o desequilíbrio entre capital e trabalho, as partes não podem negociar livremente as cláusulas trabalhistas. Esse princípio está relacionado à impossibilidade, em regra, da renúncia e transação no direito do trabalho. Mas, com a reforma, esse princípio foi flexibilizado, uma vez que os “altos empregados” (aqueles que recebem mais de 2x o limite do RGPS e têm diploma de nível superior) poderão negociar diretamente com seus empregadores, sem intermediação pelo sindicato profissional. Assim, para esses empregados houve a redução na incidência do princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas. www.alicelannes.com 3 Última atualização em 09/02/2022. 4. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE Busca-se priorizar a realidade em detrimento da forma. Como os fatos são mais importantes que os ajustes formais, a CLT prevê a nulidade dos atos praticados com objetivo de fraudar a lei. 5. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO Valoriza a permanência do empregado no mesmo vínculo empregatício, dadas as vantagens que isso representa. Súmula 212 TST: o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Art. 448 CLT: a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Repercussões favoráveis ao empregado na permanência do contrato de trabalho: • Tendencial elevação dos direitos trabalhistas: quanto mais tempo dura o contrato, maiores benefícios o empregado tende a alcançar (aumento de salário, ganho de anuênios, progressão no quadro carreira etc) • Investimento educacional e profissional: o empregador tende a investir mais na educação e aperfeiçoamento dos empregados que permanecem mais tempo na empresa, ou seja, com contratos de maior duração • Afirmação social do indivíduo: a esmagadora maioria das pessoas depende de salário para sobreviver, e um empregado com contrato de trabalho de longa duração tem maiores possibilidades de se afirmar socialmente (ao contrário dos que possuem contratos de curta duração, temporários, desempregados etc, que ficam fragilizados e com menos condições financeiras de se manter) 6. PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL Uma vez que o salário tem natureza alimentar, ele tem diversas garantias. A intangibilidade não abrange apenas a irredutibilidade nominal, mas também a vedação a descontos indevidos, tempestividade no pagamento etc. Art. 459 CLT: o pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 mês, salvo no que concerne a comissões, percentagens e gratificações.Art. 462 CLT: ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. Art. 465 CLT: o pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o disposto no art. anterior. www.alicelannes.com 4 Última atualização em 09/02/2022. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO 1. FONTE MATERIAL Está relacionada a um momento pré-jurídico, onde fatos sociais, econômicos e políticos influenciam na positivação de normas jurídicas. Exemplo: movimento sindical operário e greve. As fontes materiais podem ser: • Fonte econômica: está, em regra, atada à existência e evolução do sistema capitalista; trata-se da revolução industrial, no século XVIII, e suas consequências • Fonte sociológica: diz respeito aos distintos processos de agregação de trabalhadores assalariados, em função de um sistema econômico, nas empresas, cidades e regiões do mundo ocidental contemporâneo • Fonte política: guarda forte relação com a perspectiva sociológica, por conta dos movimentos sociais organizados pelos trabalhadores, de caráter reivindicatório, como o movimento social, no plano das empresas e mercado econômico, e os partidos e movimentos políticos operários, reformistas ou de esquerda, atuando mais amplamente no plano da sociedade civil e do Estado • Fonte filosófica: corresponde às ideias e correntes de pensamento que, articuladamente entre si ou não, influíram, na construção e mudança do direito do trabalho 2. FONTE FORMAL Se enquadram como a exteriorização na ordem jurídica. As fontes formais podem ser: Heterônomas: são normas elaboradas pelo Estado, não havendo participação direta dos destinatários da norma na sua produção. Exemplos: • CF • Leis • Tratados e convenções internacionais quando ratificados pelo Brasil • Decretos • Portarias, instruções normativas e outros atos • Sentenças normativas • Laudo arbitral Autônomas: são elaboradas pelos próprios destinatários, ou seja, os destinatários da norma regulamentam suas condições de trabalho, diretamente ou por meio de suas entidades representativas (sindicatos). Exemplos: • Usos e costumes: parte da doutrina os classificam como fontes formais (FCC considera ser fonte formal) • Convenção coletiva de trabalho: negociação entre sindicato patronal e sindicato dos empregados • Acordo coletivo de trabalho: negociação entre uma ou mais empresas e o sindicato dos empregados CCT abrange toda a categoria profissional na base territorial do sindicato. Mesmo os empregados não filiados ao sindicato são abrangidos pelas disposições da CCT ou ACT. ACT é acordo celebrado entre o sindicato obreiro e as empresas, não havendo participação ativa do sindicato patronal. Com a reforma, as condições do ACT sempre prevalecerão sobre as condições da CCT, que são mais específicas. 3. HIERARQUIA DAS FONTES Alguns assuntos são passíveis de negociação; e aí o negociado prevalecerá sobre o legislado nos casos de: • Pactuação da jornada de trabalho (observado os limites legais) • Banco de horas anual • Intervalo intrajornada (mínimo de 30min para jornadas superiores a 6h) • Modalidade de registro de jornada de trabalho • Troca do dia de feriado www.alicelannes.com 5 Última atualização em 09/02/2022. • Prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia do ministério do trabalho • Teletrabalho • Regime de sobreaviso • Trabalho intermitente • Remuneração por produtividade, incluindo por desempenho individual e gorjetas • Prêmios de incentivo em bens ou serviços • PLR • Plano de cargos e identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança • Enquadramento do grau de insalubridade • Representante dos trabalhadores no local de trabalho • Adesão ao programa seguro-emprego • Regulamento empresarial O ACT sempre prevalecerá sobre a CCT; e o direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, não necessitando de omissão e compatibilidade. DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS TRABALHADORES Art. 7º, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I. Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos Após a CF/88 não existe mais a estabilidade decenal, que previa que o empregado com mais de 10 anos na mesma empresa não poderia ser demitido, senão por motivo de falta grave ou circunstância de força maior. Então, atualmente, a proteção ao empregado contra a despedida arbitrária ou sem justa causa é a multa de 40% do FGTS. II. Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário O seguro-desemprego também é devido aos pescadores artesanais durante o defeso, que é o período no qual não se pode pescar para não prejudicar a reprodução dos peixes. Também é devido aos trabalhadores resgatados em ação fiscal do ministério do trabalho que estavam em condições análogas à de escravo. III. Fundo de garantia do tempo de serviço Todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 de cada mês, em conta bancária vinculada, 8% da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador. Para os aprendizes a alíquota é de 2%. IV. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuários, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim www.alicelannes.com 6 Última atualização em 09/02/2022. V. Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho Piso salarial é estabelecido a determinada categoria por meio de negociação coletiva dos sindicatos de empregados e patronal, e poderá ser distinto do piso salarial da mesma categoria de outra localidade. O piso salarial também pode ser definido pelos poderes executivos dos estados. VI. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em CCT ou ACT VII. Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável VIII. 13º salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria A gratificação natalina deve ser paga até o dia 20 de dezembro de cada ano, devendo haver adiantamento da gratificação (metade da remuneração do mês anterior) entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano. IX. Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno X. Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa XI. Participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei XII. Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda, nos termos da lei Salário-família é benefício previdenciário pago em cotas, a depender da quantidade de filhos ou equiparados de qualquer condição, até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade. Essa cota não será incorporada no salário. XIII. Duração do trabalho normal não superior a 8h diárias e 44h semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho XIV. Jornada de 6h para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva XV. DSR, preferencialmente aos domingos XVI. Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em50% à do normal XVII. Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, 1/3 a mais do que o salário normal XVIII. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120 dias A licença gestante é causa de interrupção do contrato. O salário-maternidade é devido à segurada durante 120 dias, com início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança também será concedida licença-maternidade. Em 2008 foi instituído o programa empresa cidadã, que concede incentivo fiscal para empresas que prorroguem em 60 dias a licença maternidades de suas empregadas, totalizando 180 dias. XIX. Licença paternidade, nos termos fixados em lei Ainda não há lei fixando o prazo, então continuam válidos os 5 dias previstos no ADCT. Também é possível a prorrogação por mais 15 dias às empresas que aderirem ao programa empresa-cidadã, totalizando 20 dias. XX. Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei XXI. Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias, nos termos da lei A proporcionalidade é de 30 dias até um ano de serviço +3 dias do aviso a cada ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 dias, totalizando 90 dias. XXII. Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança www.alicelannes.com 7 Última atualização em 09/02/2022. XXIII. Adicional de remuneração para atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei XXIV. Aposentadoria XXV. Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 anos de idade em creches e pré-escolas XXVI. Reconhecimento das CCT e ACT XXVII. Proteção em face da automação, na forma da lei XXVIII. Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa Mesmo havendo o pagamento do SAT, o empregador permanece sujeito a indenizar os empregados acidentados nos casos em que haja dolo ou culpa da parte patronal. XXIX. Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato de trabalho XXX. Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil XXXI. Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência XXXII. Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos XXXIII. Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos XXXIV. Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso Avulso é quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no regulamento da previdência social. É o caso de ensacadores de café, amarradores de embarcações, estivadores etc. Assim, o avulso não é empregado, mas tem todos os direitos de um trabalhador com vínculo empregatício. Direitos da CF estendidos aos domésticos: • Salário mínimo • Irredutibilidade de salário • 13º salário • Descanso semanal remunerado • Férias anuais remuneradas com 1/3 • Licença à gestante • Licença paternidade • Aviso prévio • Aposentadoria Direitos ampliados pela EC 72/13 com aplicabilidade imediata: • Garantia do salário mínimo aos que percebem remuneração variável • Proteção do salário na forma da lei • Duração do trabalho não superior a 8h diárias e 44h semanais • Remuneração da hora extra com pelo menos 50% da hora normal • Redução dos riscos inerentes ao trabalho • Reconhecimento de ACT e CCT • Proibição de diferença de salário por motivo de sexo, idade, cor e estado civil • Proibição de discriminação de salário e critério de admissão do trabalhador portador de deficiência • Proibição de trabalho noturno, perigoso e insalubre a menores de 18 anos e qualquer trabalho a menores de 16 anos Direitos ampliados pela EC 72/13 que só foram regulamentados pela LC 150: • Proteção contra despedida arbitrária • Seguro desemprego • FGTS • Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno www.alicelannes.com 8 Última atualização em 09/02/2022. • Salário-família • Auxílio aos filhos e dependentes em creches e pré- escolas • Seguro contra acidentes do trabalho Direitos que continuam não assegurados para os domésticos: • Piso salarial • Participação nos lucros ou resultados • Jornada máxima de 6 horas para turnos ininterruptos de revezamento • Proteção ao mercado de trabalho da mulher • Adicional de insalubridade, periculosidade e penosidade • Proteção em face da automação • Prescrição bienal e quinquenal • Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos • Igualdade de direitos entre empregado e trabalhador avulso RENÚNCIA E TRANSAÇÃO Renúncia: é ato unilateral da parte, através do qual ela se despoja de um direito de que é titular, sem correspondente concessão pela parte beneficiada da renúncia. Transação: é ato bilateral, pelo qual se acertam direitos e obrigações entre as partes acordantes, mediante concessões recíprocas, envolvendo questões fáticas ou jurídicas duvidosas. A regra geral do direito do trabalho é que o trabalhador não pode renunciar ou transacionar os direitos. Art. 444 CLT: as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de lide estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. www.alicelannes.com 9 Última atualização em 09/02/2022. RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO Relação de trabalho é expressão mais ampla, que engloba diversos tipos de labor Relação de emprego é quando estão presentes os requisitos do SHOPP: • Subordinação • Habitualidade (não eventualidade) • Onerosidade • Pessoa física • Pessoalidade 1. RELAÇÃO DE EMPREGO É caracterizada quando estão presentes os elementos fático- jurídicos do SHOPP. Exemplos: empregado urbano, empregado rural, empregado doméstico, aprendiz etc. Art. 3º CLT: considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Pessoa física: atividades desenvolvidas por pessoa jurídica não configuram relação de emprego. Eventuais tentativas de mascaramento de relações de emprego com a utilização de pessoas jurídicas configuram fraude. E, pelo princípio da primazia da realidade, deve-se desconstituir essa situação e reconhecer o vínculo empregatício com a pessoa física. Pessoalidade: o prestador de serviços é sempre o mesmo (prestação intuitu personae). O empregado não pode se fazer substituir por terceiros; ou seja, ele é infungível. Atenção: a infungibilidade só se dá em relação ao empregado. Para o empregador, há a fungibilidade, pois, havendo a sucessão de empregadores, não haverá alteração nos contratos de trabalho. Art. 448, CLT: a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Subordinação: se verifica quando o empregador tem o poder diretivo sobre o trabalho do empregado, dirigindo, coordenando e fiscalizando a prestação dos serviços. Ao longo do tempo já surgiramtrês teorias sobre a subordinação: • Técnica: o empregador conheceria o processo produtivo. Teoria ultrapassada, porque nem sempre o empregador tem a técnica (exemplo: o dono de uma padaria pode não saber fazer pão) • Econômica: o empregado dependeria do poder econômico do empregador. Teoria ultrapassada, porque nem sempre o empregado trabalho pelo dinheiro (exemplo: juiz que é professor de curso) • Jurídica: a subordinação decorre da lei. E é essa a teoria aceita Art. 6, p.ú., CLT: os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Onerosidade: o trabalhador coloca sua força de trabalho para receber a contraprestação salarial, que pode ser: pagamento em dinheiro, em utilidades, parcelas fixas ou variáveis, prazos de pagamento diário, semanal, mensal etc. O atraso ou inadimplemento do salário não retira a onerosidade da relação. Animus contrahendi: é a intenção das partes em firmar a relação de trabalho. Não eventualidade/habitualidade: o trabalhador deve disponibilizar sua força de trabalho de forma permanente (o que não significa ser todos os dias). Permanência não significa continuidade. A CLT não fala em continuidade (já a LC 150 fala). A jornada menor que a legal ou em poucos dias na semana não desconstitui a permanência, que é a prestação laboral permanente ao longo do tempo, com ânimo definitivo. Obs.: não é exigida a exclusividade na prestação de serviços para o reconhecimento do vínculo de emprego. A pessoa pode ter mais de um trabalho ao mesmo tempo, desde que haja compatibilidade de horários. www.alicelannes.com 10 Última atualização em 09/02/2022. Alteridade: se relaciona com os riscos do negócio, que devem ser assumidos pelo empregador, não podendo ser transferido ao empregado. Art. 2º CLT: considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal do serviço. 2. RELAÇÕES DE TRABALHO LATO SENSU São relações que não configuram relação de emprego. Exemplos: trabalhador avulso, trabalhador autônomo, trabalhador eventual, estagiário etc. 2.1. ESTÁGIO (LEI 11.788/08) Requisitos do estágio: SHOPP. Apesar de ter todos os requisitos da relação de emprego (quando remunerado), o estagiário não é empregado porque não deve laborar em prol da atividade econômica da empresa, mas sim visando seu aprendizado. Art. 1º, §2º, lei 11.788/08: o estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. É o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente que trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, profissional, de ensino médio, especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade da educação de jovens e adultos. Atendidos os requisitos da lei, o estagiário não será considerado empregado: • Matrícula e frequência regular do educando • Celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino • Compatibilidade entre as atividades do estágio e as previstas no termo de compromisso Assim, a relação do estágio é trilateral: estagiário, instituição de ensino e concedente do estágio. Entretanto, pode haver a quarta parte, que são os agentes de integração (CIEE), que devem auxiliar a contratação e realização do estágio. Art. 3, §2º, lei 11.788/08: o descumprimento de qualquer dos requisitos ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. Art. 15, lei 11.788/08: a manutenção de estagiários em desconformidade com a lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. Duração do estágio: 2 anos, salvo se for PCD. Estagiários com mais de 1 ano de empresa têm direito a um recesso de 30 dias (a lei não chama de férias), que deve ser gozado preferencialmente durante as férias escolares. 2.2. TRABALHO AUTÔNOMO Requisitos do autônomo: subordinação HOP pessoalidade O autônomo tem autonomia para exercer suas funções; não está sob o poder de direção de um empregador. Em regra, também não existe a pessoalidade. Exemplos: empreitada e representante comercial autônomo. Trabalhador autônomo exclusivo: é o autônomo que poderá prestar serviços para um único empregador de forma contínua, tendo afastada a caracterização do vínculo empregatício. Art. 442-B CLT: a contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º. Essa previsão abre margem para que empresas contratem trabalhadores para atuarem com continuidade e exclusividade para determinado empregador, desde que sem subordinação, não configurando vínculo empregatício. www.alicelannes.com 11 Última atualização em 09/02/2022. 2.3. TRABALHO EVENTUAL Requisitos do eventual: S habitualidade OPP A pessoa trabalha de forma eventual, esporádica, e por isso não há o vínculo empregatício. Maurício Godinho Delgado: requisitos para a caracterização do trabalho eventual: • Descontinuidade da prestação do trabalho, entendida como a não permanência do empregado em uma organização com ânimo definitivo • Não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com pluralidade variável de empregadores • Curta duração do trabalho prestado • Natureza do trabalho tende a ser concernente a evento certo, determinado e episódio no tocante à regular dinâmica do empreendimento empregador • A natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, ao padrão dos fins normais do empreendimento Exemplos: boia-fria, volante rural, chapa que faz carga e descarga de mercadorias, diarista etc. 2.4. COOPERATIVA Requisitos da cooperativa: subordinação HOPP O cooperativismo surgiu para que pessoas que desenvolvem atividades semelhantes possam ter melhores condições de oferecer seus produtos e serviços. O verdadeiro cooperado é autônomo, pois não é subordinado à cooperativa. Art. 442, p.ú., CLT: qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. Exemplos de cooperativas: médicos, produtores, artesãos, taxistas etc. Maurício Godinho Delgado: a verdadeira relação cooperativista atende os seguintes princípios: • Dupla qualidade: o cooperado deve ter benefícios dessa cooperação. A cooperativa deve prestar serviços que beneficiem seus associados • Retribuição pessoal diferenciada: assegura ao cooperado vantagens comparativas de natureza diversa muito superior ao que obteria se atuasse isoladamente 2.5. TRABALHO AVULSO Requisitos do avulso: S habitualidade OPP O avulso presta serviços a diversos tomadores em curtos intervalos de tempo. Os avulsos prestam serviços com a intermediação de uma entidade representativa: • Sindicato da categoria: trabalhadores não portuários (lei 12.023/09) • Órgão gestor de mão-de-obra (OGM0): trabalhadores portuários (lei 12.815/13) Art. 7º, XXXIV, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. O sindicato/OGMO recebe a remuneração do tomador deserviços e repassa aos avulsos. 2.6. TRABALHO VOLUNTÁRIO (LEI 9.608/98) Requisitos do voluntário: SH onerosidade PP Art. 1º, lei 9.608/98: considera-se serviço voluntário a atividade não remunerada prestada por PF a entidade pública de qualquer natureza ou a instituições privadas de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. www.alicelannes.com 12 Última atualização em 09/02/2022. Art. 1º, p.ú., lei 9.608/98): o serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim. 2.7. PROFISSIONAL-PARCEIRO DE SALÕES DE BELEZA (LEI 13.352/16) Profissionais que desempenham atividades de cabeleireiro, barbeiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador podem firmar um contrato de parceria com o salão de beleza. Há o afastamento do vínculo empregatício por opção do legislador, com o intuito de reduzir os índices de informalidade no setor da beleza. Assim, os trabalhadores poderão trabalhar como parceiros dos salões, e não como empregados. Art. 1º-C, lei 12.592/12: configurar-se-á vínculo empregatício entre a PJ do salão-parceira e o profissional-parceiro quando: I. Não existir contrato de parceria formalizado na forma descrita na lei II. O profissional-parceiro desempenhar funções diferentes das descritas no contrato de parceria O contrato de parceria deve ser escrito e homologado perante o sindicato profissional (ou, na falta, perante o Ministério do Trabalho e Emprego), perante 2 testemunhas. Como funciona a parceria: o salão recebe todos os pagamentos, arca com as despesas do funcionamento do estabelecimento, faz o rateio e repassa para o profissional seu percentual e recolhe os tributos devidos por ele e também pelo profissional-parceiro. 3. A FIGURA JURÍDICA DO EMPREGADO Existem diferentes espécies de empregados, e não há distinção entre eles. Art. 7º, XXXII, CF: são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou ente os profissionais respectivos. Art. 3º, p.ú., CLT: não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Art. 6º CLT: não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Quanto à configuração do vínculo, é irrelevante a exclusividade na prestação dos serviços, bem como é irrelevante o local da prestação dos serviços. 3.1. ALTOS EMPREGADOS A subordinação é mitigada, tendo em vista as peculiaridades do exercente das funções de chefia e/ou cargos de elevada confiança. Art. 62 CLT: não são abrangidos pelo regime previsto no capítulo da duração do trabalho: I. (...) II. Os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste art., os diretores e chefes de departamento ou filial Art. 62, p.ú., CLT: o regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40%. Temos dois tipos de gerentes (de banco) na CLT: • “Gerentão”: recebe 40% de adicional e não se submete à jornada (não assina ponto). São os exercentes de cargo de gestão, diretores e chefes de departamento ou filial. www.alicelannes.com 13 Última atualização em 09/02/2022. • “Gerentinho”: recebe 1/3 de adicional e não se submete à jornada dos bancários (de 6h diárias); ou seja, podem trabalhar até 8h por dia. São os exercentes de funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros cargos de confiança. Não basta que o gerente ou equiparado seja designado como tal para ser considerado alto funcionário; ele deve ter poder de gestão e padrão salarial diferenciado. Além disso, esses empregados estão sujeitos à alteração unilateral do local das prestações de serviços (pelo empregador, desde que haja comprovada necessidade): Art. 469 CLT: ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato. Art. 469, §1º, CLT: não estão compreendidos na proibição deste art. Os empregados que exerçam cargo de confiança. A reforma trabalhista ainda trouxe outra situação de altos empregados: quem receber 2x ou mais o teto do RGPS e têm diploma de nível superior. Para esses empregados, o simples acordo individual vale mais do que o legislado, ACT ou CCT. Em relação aos diretores de sociedades anônimas, que são recrutados fora da empresa ou empregados efetivos, a posição dominante é que, caso o empregado seja eleito e permaneça a subordinação jurídica caracterizadora da relação de emprego, o diretor manterá essa condição. Súmula 269 TST: o empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. 3.2. EMPREGADO RURAL (LEI 5.889/73) Art. 2º, lei 5.889/73: empregado rural é toda PF que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. Além dos requisitos do SHOPP, o empregado rural ainda tem mais 2: • Prestação de serviços a empregador rural • Labor prestado em propriedade rural ou prédio rústico o Propriedade rural: localidade da área rural o Prédio rústico: local onde se exercem atividades agropastoris (pode ser em área urbana) Art. 3º, lei 5.889/73: considera-se empregador rural a PF ou PJ, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com o auxílio de empregados. Art. 3º, §1º, lei 5.889/73: inclui-se na atividade econômica, além da exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na CLT, a exploração do turismo rural anciliar à exploração agro-econômica. OJ 38 SDI-I: o empregado que trabalha em empresa de reflorestamento, cuja atividade está diretamente ligada ao manuseio da terra e de matéria-prima, é rurícola e não industriário, pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à indústria. Obs.: duas OJs da SDI-I foram canceladas em 2015 por perda do consenso sobre o assunto: OJ 315: é considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de empresa cuja atividade é preponderantemente rural, considerando que, de modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades. OJ 419: considera-se rurícola o empregado que, a despeito da atividade exercida, presta serviços a empregado agroindustrial, visto que, neste caso, é a atividade preponderante da empresa que determina o enquadramento. www.alicelannes.com 14 Última atualização em 09/02/2022. 3.3. EMPREGADO DOMÉSTICO (LC 150/15) É considerado doméstico aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas. Enquanto a CLT fala sobre não eventualidade ou habitualidade, a LC 150 fala em continuidade, que é entendida por mais de 2 dias por semana à mesma pessoa ou família. Exemplos: enfermeira particular, mordomo, caseiro, cozinheira, arrumadeira etc. Além de PF e família, a doutrina admite que um grupo unitário de pessoas (como uma república) possa tomar trabalho doméstico. 3.4. APRENDIZ (DECRETO 5.598/05) Aprendiz é o maior de 14 e menor de 24 anos que celebracontrato de aprendizagem (a idade máxima não se aplica às PCD). O contrato de aprendizagem deve ser ajustado por escrito e por prazo determinado de até 2 anos (salvo se for PCD), em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento. Art. 428, §4º, CLT: a formação técnico-profissional caracteriza- se por atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho. A relação de aprendizagem é trilateral: aprendiz, empregador e instituição de ensino. Como o aprendiz é empregado, deve-se anotar essa condição na sua CTPS, com a matrícula e frequência do aprendiz na escola. Art. 5º decreto 5.598/05: o descumprimento das disposições legais e regulamentares importará a nulidade do contrato de aprendizagem, nos termos do art. 9º da CLT, estabelecendo-se o vínculo empregatício diretamente com o empregador responsável pelo cumprimento da cota de aprendizagem. Obrigatoriedade de contratação de aprendizes: mínimo 5% e máximo 15% dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional (ou seja, não é a quantidade total de empregados da empresa, mas só aqueles que demandam formação profissional). As frações de unidade darão lugar a admissão de 1 aprendiz. O TST entende que vigilantes devem entrar no cálculo da cota de aprendizes (mas desde que os aprendizes tenham idades entre 21 a 24 anos). APRENDIZAGEM ESTÁGIO RELAÇÃO De emprego De trabalho lato sensu AGENTES ENVOLVIDOS Aprendiz, empregador e entidade qualificada em formação técnico- profissional metódica Estagiário, concedente de estágio e instituição de ensino FORMALIZAÇÃO Contrato escrito de aprendizagem (contrato especial de trabalho) Termo de compromisso CTPS Registro na CTPS Não há registro na CTPS COTA LEGAL 5% a 15% dos trabalhadores cujas funções demandem formação profissional Não há obrigatoriedade de se manter estagiários DURAÇÃO Até 2 anos, exceto PCD Até 2 anos, exceto PCD REGULAMENTAÇÃO CLT e decreto 5.598/05 Lei 11.788/08 3.5. EMPREGADO PÚBLICO (LEI 9.962/00) Art. 37, II, CF: a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, www.alicelannes.com 15 Última atualização em 09/02/2022. ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Súmula 430 TST: convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência de concurso público, quando celebrado originalmente com ente da administração pública indireta, continua a existir após a sua privatização. A convalidação significa regularizar o ato (a admissão), de modo que ele continue válido e produza seus efeitos regulares com a continuidade do vínculo empregatício. 3.6. TELETRABALHADOR Por meio dos recursos tecnológicos o empregado trabalha à distância durante a maior parte do tempo, mas não chega a ser considerado um trabalhador externo. Em muitos casos o trabalho se dá na própria residência. Art. 75-B CLT: considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Art. 75-B, p.ú., CLT: o comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. O teletrabalhador foi excluído do controle de jornada, não possuindo direito a horas extras. Equipamentos eventualmente fornecidos pelo empregador para viabilizar o teletrabalho não integram a remuneração do trabalhador (são utilidades sem natureza salarial). Alteração dos regimes: • Teletrabalho → presencial: mútuo acordo + 15 dias para transição • Presencial → teletrabalho: mútuo acordo + aditivo contratual 3.7. TRABALHADOR TEMPORÁRIO (LEI 6.019/74) É aquele que possui vínculo com a empresa de trabalho temporário e presta serviços para a empresa tomadora de serviços. Art. 2º, lei 6.019/74: trabalho temporário é aquele prestado por PF contratada por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. Art. 4º, lei 6.019/74: empresa de trabalho temporário é a PJ, devidamente registrada no Ministério do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas temporariamente. O trabalhador realizará suas atividades de forma subordinada (apesar de não haver vínculo de emprego) à empresa tomadora de serviços. Com relação ao mesmo empregador, o trabalho temporário não pode exceder 180 dias, consecutivos ou não. Se a empresa tomadora tiver interesse em contratar diretamente o empregado, isso deverá ser permitido, sendo vedada a cláusula de reserva proibindo a contratação do trabalhador pela empresa. 4. A FIGURA JURÍDICA DO EMPREGADOR Art. 2º CLT: considera-se empregador a empresa (ou PF), individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Art. 2º, §1º, CLT: equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Despersonalização do empregador: a alteração de propriedade da empresa não afeta os contratos de trabalho de seus empregados. www.alicelannes.com 16 Última atualização em 09/02/2022. Art. 2º, §2º, CLT: sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômica, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. Art. 448 CLT: a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Maurício Godinho Delgado: empregador define-se como a PF, PJ ou ente despersonificado que contrata a uma PF a prestação de seus serviços, efetuados com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e sob sua subordinação. A noção jurídica de empregador, como se percebe, é essencialmente relacional à do empregado: existindo esta última figura no vínculo laboral pactuado por um tomador de serviços, este assumirá, automaticamente, o caráter de empregador na relação jurídica consubstanciada, 4.1. GRUPO ECONÔMICO Art. 2º, §2º, CLT: sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômica, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego. Art. 2º, §3º, CLT: não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes. Há responsabilidade solidária de empresas do mesmo grupo econômico quanto aos créditos trabalhistas. A reforma trabalhista passou a prever o grupo econômico por coordenação (além do por subordinaçãoque já era previsto). Ou seja, para a caracterização do grupo econômico basta a existência de coordenação interempresarial, ou seja, não há necessidade de subordinação entre as empresas para formação do grupo. Não basta que as empresas tenham os mesmos sócios, agora são necessários: • A demonstração do interesse integrado • A efetiva comunhão de interesses • A atuação conjunta das empresas Súmula 129 TST: a prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. 4.2. SUCESSÃO DE EMPREGADORES É a sucessão trabalhista e alteração subjetiva do contrato. Art. 10 CLT: qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Art. 448 CLT: a mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Ou seja, nos casos em que haja mudança na propriedade da empresa, haverá transferência dos créditos e dívidas trabalhistas. OJ 261 SDI-I: as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista. A doutrina também considera como requisito da sucessão a continuidade da atividade empresarial. Art. 448-A CLT: caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor. www.alicelannes.com 17 Última atualização em 09/02/2022. Ou seja, quem comprou vai responder por todas as dívidas trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que a empresa pertencia aos antigos donos. Cláusula de não responsabilização: essa cláusula retira a responsabilidade da empresa sucedida e transfere para a empresa sucessora. Entretanto, essa cláusula só tem validade no direito civil (com posterior direito de regresso). No direito do trabalho a responsabilidade será sempre da empresa sucessora. Como regra, a empresa sucessora responde de forma exclusiva. Entretanto, se houver fraude na sucessão, responderá de forma solidária. Art. 448-A, p.ú., CLT: a empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessória quando ficar comprovada fraude na transferência. A jurisprudência tem admitido a responsabilidade subsidiária do empregador sucedido nas situações que coloquem risco as verbas devidas aos empregados, ampliando as possibilidades de responsabilização subsidiária do sucedido, mesmo sem indícios de fraude. Sérgio Pinto Martins: o empregado não poderá recusar-se a prestar serviços ao sucessor. O tempo de serviço será computado na mudança, inclusive para efeito de indenização e férias. Será desnecessária elaboração de novo registro de empregado, exceto se houver alteração na razão social da empresa, quando será preciso fazer a anotação na CTPS do empregado e na ficha de registro da respectiva mudança. Valentim Carrion: o contrato de trabalho é intui personae com referência ao empregado, mas não quanto ao empregador; assim, o empregado não pode recusar-se a trabalhar para o novo empregador. OJ 411 SDI-I: o sucessor não responde solidariamente por débitos trabalhistas de empresa não adquirida, integrante do mesmo grupo econômico da empresa sucedida, quando, à época, a empresa devedora era solvente ou idônea economicamente, ressalvada a hipótese de má-fé ou fraude na sucessão. 4.3. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO Outra novidade da reforma trabalhista foi a responsabilidade dos sócios em relação às dívidas trabalhistas da empresa. Art. 10-A CLT: o sócio retirante responde subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas até 2 anos depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte ordem de preferência: I. A empresa devedora II. Os sócios atuais III. Os sócios retirantes Ou seja, o marco temporal é a averbação da alteração do quadro societário. Até aí a contagem do prazo não se inicia. Art. 10-A, p.ú., CLT: o sócio retirante responderá solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração societária decorrente da modificação do contrato. www.alicelannes.com 18 Última atualização em 09/02/2022. FLEXIBILIZAÇÃO A CF, apesar de ter reforçado a proteção e garantido direitos mínimos ao trabalhador, autorizou a flexibilização dos direitos trabalhistas que sejam de indisponibilidade relativa, como sendo aqueles de caráter privado, não previstos em lei ou na própria CF como tal (por exemplo: direitos estipulados em ACT, CCT ou no regulamento da empresa). Por outro lado, proíbe-se a flexibilização dos direitos de indisponibilidade absoluta, pois estão ligados ao princípio da dignidade da pessoa humana. Na flexibilização, o Estado mantém sua intervenção nas relações de trabalho. Contrário disso é a desregulamentação, que é quando o Estado deixa de intervir nas relações, deixando que as partes negociem livremente. TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO Na terceirização, a relação é trilateral: • Empregado • Empregador (empresa prestadora de serviços – EPS) • Empresa contratante de serviços O contrato de trabalho se dá entre a EPS e o empregado. Já entre a EPS e a contratante, existe um contrato de natureza civil. Art. 4º-A, lei 6.019/74: considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à PJ de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica compatível com a sua execução. O trabalhador terceirizado (diferentemente do temporário) não se subordina diretamente à contratante. Art. 4º-A, §1º, lei 6.019/74: a EPS contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização desses serviços. Esse artigo autoriza a quarteirização, que é quando a EPS contrata uma nova empresa para executar os serviços (e aí os empregados dessa nova empresa, a quarteirizada, que irão prestar os serviços). Art. 4º-A, §2, lei 6.019/74: não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo, e a empresa contratante. 1. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS – EPS A EPS deve ser PJ de direito privado com capacidade econômica para o contrato. São requisitos para o funcionamento da EPS: • Prova de inscrição no CNPJ • Registro na junta comercial www.alicelannes.com 19 Última atualização em 09/02/2022. • Capital social compatível com o número de empregados QUANTIDADE DE EMPREGADOS DA EPS CAPITAL SOCIAL MÍNIMO Até 10 10 mil De 11 a 20 25 mil De 21 a 50 45 mil De 51 a 100 100 mil Mais de 100 250 mil 2. CONTRATANTE DOS SERVIÇOS Art. 5º-A, lei 6.019/74: contratante é a PF ou PJ que celebra contrata com EPS relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal. Art. 5º-A, §1º, lei 6.019/74: é vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que foram objeto do contrato com a EPS. Os serviços terceirizados poderão ser prestados em qualquer local, desde que seja de comum acordo entre EPS e contratante, Art. 5º-A, §3º, lei 6.019/74: é responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependênciasou local previamente convencionado em contrato. Por um lado, a lei 6.019/74 faculta a extensão aos trabalhadores terceirizados das facilidades médicas e de refeição dos próprios empregados da contratante. A lei diz em “poderá estender”. Por outro lado, a lei 13.467/17, com o intuito de evitar a discriminação aos trabalhadores terceirizados, definiu condições mínimas que devem ser mantidas aos terceirizados por parte da empresa tomadora, quando os serviços foram prestados nas suas dependências. Mas e se, por exemplo, a quantidade de terceirizados for tão grande que o refeitório da tomadora não seja suficiente para acomodar todos? Nas hipóteses em que os terceirizados forem em número igual ou superior a 20% dos empregados da empresa tomadora, os serviços de alimentação (e de atendimento ambulatorial) devem ser fornecidos aos terceirizados em outro local. Art. 5º-A, §5º, lei 6.019/74: a empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias serão de 11% do valor da prestação de serviços (até o dia 20 do mês subsequente ou o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia). 2.1. ATIVIDADES QUE PODEM SER TERCEIRIZADAS Antes da alteração da lei, só se permitia a terceirização de serviços relacionados a atividades-meio do contratante, atividades de limpeza e conservação e de vigilância. Agora não existe nenhuma restrição, de modo que podem ser terceirizadas as atividades principais (atividades-fim) da empresa. Informativo 913 STF: é lícita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas, mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante. Os itens I e III da Súmula 331 do TST são inconstitucionais. Súmula 331 TST: I – a contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário. III – não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. (Atenção para esses itens que foram considerados inconstitucionais pelo STF) www.alicelannes.com 20 Última atualização em 09/02/2022. 2.2. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS O contrato de prestação de serviços deve conter: • Qualificação das partes • Especificação do serviço a ser prestado • Prazo para realização dos serviços, quando for o caso • Valor A lei 6.019/74 não se aplica à terceirização dos serviços de vigilância e transporte de valores, os quais continuam sendo regidos pela lei 7.102/83. 2.3. QUARENTENA PARA TERCEIRIZAÇÃO Objetivando minimizar as chances de que as empresas dispensem seus empregados próprios para terceirizarem com os mesmos trabalhadores, criou-se uma quarentena de 18 meses. Ou seja, se o empregado for dispensado, não poderá prestar serviços àquela empresa pelo prazo de 18 meses, seja como empregado ou sócio da EPS. Porém, existe uma exceção no que se refere ao empregado que se aposenta. Nesse caso, não há o que se falar na quarentena de 18 meses. 2.4. NÃO OBRIGATORIEDADE DE SALÁRIO EQUIVALENTE AOS TERCEIRIZADOS O TST vinha entendendo (OJ 383 SDI-I) que os terceirizados tinham direito à isonomia salarial com o empregado próprio do tomador de serviços. Todavia, por meio da lei 13.429/17, que alterou a lei 6.019/74, ficou estabelecido que não há obrigatoriedade de equivalência salarial entre o empregado próprio do tomados dos serviços e o trabalhador terceirizado. Art. 4º-C, §1º, lei 6.019/74: contratante e contratada poderão estabelecer, se assim entenderem, que os empregados da contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante, além de outros direitos não previstos neste art. Ou seja, até pode haver equivalência salarial, mas isso não é uma obrigação. 3. TRABALHO TEMPORÁRIO O trabalho temporário não se confunde com o empregado contratado a prazo determinado do art. 443 da CLT. No trabalho temporário da lei 6.019/74 a relação é trilateral com a empresa de trabalho temporário (ETT), empresa tomadora de serviços e o trabalhador (vinculado à ETT). Art. 2º, lei 6.019/74: trabalho temporário é aquele prestado por PF contratada por uma ETT que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços. Art. 4º, lei 6.019/74: ETT é PJ devidamente registrada no ministério do trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas temporariamente. Como a ETT não é contratada para realizar serviços, mas sim intermediar mão de obra, o trabalhador será alocado na dinâmica industrial da tomadora, ou seja, realizará suas atividades de forma subordinada (entretanto, não há vínculo de emprego) à tomadora. O pleno do TST decidiu que gestantes admitidas por contrato temporário não têm direito a estabilidade. O contrato de trabalho temporário, previsto na lei nº 6.019/1974, só pode ser usado para a substituição de funcionário afastado por doença, licença-maternidade ou para atender demanda extraordinária de mão de obra. 3.1. HIPÓTESES DE TRABALHO TEMPORÁRIO O trabalho temporário é hipótese excepcional e só é admitido nas hipóteses de: • Necessidade de substituição transitória de pessoal permanente www.alicelannes.com 21 Última atualização em 09/02/2022. • Demanda complementar de serviços: será complementar a demanda decorrente de fatores: o Imprevisíveis ou o Previsíveis, com natureza periódica, intermitente ou sazonal Novidades trazidas pela lei 13.429/17: • Apenas PJ pode ser ETT • Pode existir trabalho temporário no meio rural • Não pode ter trabalhadores temporários para substituir grevistas, salvo se a greve for abusiva • O contrato temporário pode se dar em atividades- meio ou atividades-fim 3.2. PRAZO DO TRABALHO TEMPORÁRIO Como regra, o prazo do trabalho temporário, considerando o mesmo trabalhador e o mesmo tomador é de 180 dias (ainda que não consecutivos). Entretanto, a lei autoriza a prorrogação por mais 90 dias, consecutivos ou não, quando comprovada a manutenção das condições que ensejaram a contratação. O trabalhador que cumprir o prazo de 180 dias ou 180 + 90 dias só poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo contrato temporário após o decurso de 90 dias do término do contrato anterior. Se descumprirem essa quarentena de 90 dias, haverá vínculo de emprego entre o temporário e o tomador de serviços. 3.3. EMPRESA DE TRABALHO TEMPORÁRIO (ETT) Art. 4º, lei 6.019/74: ETT é a PJ devidamente registrada no ministério do trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas temporariamente. São requisitos para o funcionamento e registro da ETT: • Prova de inscrição no CNPJ • Prova do competente registro na junta comercial da localidade em que tenha sede • Prova de possuir capital social de, no mínimo, 100 mil reais (independentemente da quantidade de trabalhadores) 3.4. TOMADOR DOS SERVIÇOS Art. 5º, lei 6.019/74: empresa tomadora de serviços é a PJ ou entidade a ela equiparada que celebra contrato de prestação de trabalho temporário com a ETT. Art. 10, lei 6.019/74: qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe vínculo de emprego entre ela e os trabalhadores contratados pelas ETT. Assim como na terceirização, é o tomador quem deve garantir um ambiente de trabalho seguro. Aocontrário da terceirização, a lei obriga o tomador do trabalho temporário a estender aos trabalhadores temporários as facilidades médicas e de refeição dos próprios empregados da empresa tomadora. Art. 10, §7º, lei 6.019/74: a contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer o trabalho temporário, e o recolhimento das contribuições previdenciárias será de 11% do valor da prestação de serviços (até o dia 20 do mês subsequente ou o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia). 3.5. CONTRATO ENTRE ETT E TRABALHADOR TEMPORÁRIO Art. 11, lei 6.019/74: o contrato de trabalho celebrado entre ETT e cada um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será, obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos trabalhadores por esta lei. Art. 12, §1, lei 6.019/74: registrar-se-á na CTPS do trabalhador sua condição de temporário. www.alicelannes.com 22 Última atualização em 09/02/2022. Caso a tomadora se interesse por contratar o temporário, isso deve ser permitido, não sendo admitida cláusula de reserva proibindo a contratação do trabalhador. Caso o tomador dos serviços decida contratar diretamente a pessoa que lhe prestava serviços como trabalhador temporário, não poderá celebrar contrato de experiência com este trabalhador. As partes já se conhecem, de modo que não faria sentido um contrato de experiência. 3.6. DIREITOS DO TRABALHADOR TEMPORÁRIO Art. 12, lei 6.019/74: ficam assegurados ao trabalhador temporário os seguintes direitos: a. Remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do salário mínimo b. Jornada de 8h, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de 2h, com acréscimo de 50% c. Férias proporcionais d. DSR e. Adicional por trabalho noturno f. Indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 do pagamento recebido g. Seguro contra acidente do trabalho h. Proteção previdenciária i. FGTS CONTRATO DE TRABALHO Art. 442 CLT: contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. 1. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO Direito privado: a prestação de serviços é regida pelo direito privado (ainda que o Estado seja o empregador). Sinalagmático: existem obrigações recíprocas e contrapostas. O empregado oferece sua energia e o empregador o remunera. Consensual: em regra, não se exige forma solene para esse acordo. Intuitu personae: a pessoalidade do empregado está vinculada ao contrato. Trato permanente: as obrigações das partes ocorrem de forma continuada no tempo, havendo, como regra, a indeterminação do prazo dos contratos. De atividade: é uma prestação de fazer (não existe contrato de trabalho de resultado porque os riscos do negócio pertencem ao empregador). Oneroso: caso não haja a onerosidade, não haverá contrato de trabalho, mas sim trabalho voluntário. 2. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONTRATO DE TRABALHO Aplicam-se aos contratos de trabalho os elementos de validade dos contratos do direito civil: • Agente capaz • Objeto lícito, possível, determinado ou determinável • Forma prescrita ou não defesa em lei Agente capaz: empregador e empregado capazes. Trabalho ilícito x trabalho proibido: se o trabalho for ilícito, não haverá proteção ou repercussões relacionadas ao direito do trabalho (logo, não haverá contrato de trabalho). www.alicelannes.com 23 Última atualização em 09/02/2022. OJ 199 SDI-I: é nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico. Mas, por outro lado, por exemplo, se um menor de 16 anos é contratado para trabalhar, estaremos diante de um trabalho proibido. Nesse caso, deverá haver a rescisão do contrato, o que não significa dizer que não serão devidas as verbas salariais adquiridas pelo trabalho prestado. Súmula 386 TST: preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no estatuto do policial militar. Num resumo: • Trabalho ilícito: não tem a proteção do direito do trabalho. Envolve tipo legal penal ou concorre para ele • Trabalho proibido: tem a proteção do direito do trabalho. Envolve atividade irregular, mas não constitui em tipo legal penal Forma prescrita ou não defesa em lei: em geral, os contratos de trabalho não dependem de forma solene. Reconhece-se, inclusive, a validade de contratos verbais. Entretanto, existem alguns casos que requerem a forma escrita, como no contrato de aprendizagem e o intermitente. 3. MODALIDADES DO CONTRATO DE TRABALHO 3.1. CONTRATOS DE TRABALHO TÁCITOS E EXPRESSOS O contrato será acordado expressamente quando houver pactuação entre empregado e empregador. Entretanto, muitas vezes a PF presta serviços com pessoalidade, onerosidade não eventualidade sem que haja qualquer formalização do vínculo. Nesses casos, verificando-se que existe a relação de emprego, estamos diante de um contrato acordado de forma tácita. Além disso, o contrato expresso pode ser: • Escrito: quando há um contrato escrito de trabalho, sendo regra geral a inexistência de contrato escrito, pois não há essa exigência legal como princípio • Verbal: quando entre empregado e empregador há simples troca oral de palavras sobre alguns aspectos e que, por se tratar de acordo de vontades, produzirá efeitos jurídicos, obrigando reciprocamente os interlocutores 3.2. CONTRATOS POR PRAZO INDETERMINADO E DETERMINADO A regra no direito do trabalho é que os ajustem tenham prazo indeterminado, somente havendo possibilidade de determinação do prazo em algumas hipóteses. Essa característica se relaciona com o princípio da continuidade da relação de emprego. Art. 443, §1º: considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada. O contrato por prazo determinado só será válido nos casos de: • Serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo (exemplo: contratação de empregados para a temporada de veraneio em uma região turística, empregados de fábrica de chocolate na páscoa etc) • Atividades empresariais de caráter transitório (exemplo: contratação de intérpretes para a realização de uma feira internacional por entidade criada para esse fim exclusivo) • Contrato de experiência • Situações específicas que a lei exige determinação de prazo (aprendizagem, atletas profissionais de futebol etc) Se um contrato por prazo determinado for firmado fora dessas condições, ele será convertido em por prazo indeterminado. www.alicelannes.com 24 Última atualização em 09/02/2022. O prazo máximo dos contratos por prazo determinados (salvo os de experiência) é de até 2 anos. Se esse prazo for desrespeitado, o contrato será convertido em por prazo indeterminado. 3.2.1. Contrato de experiência Possibilita que o empregador possa firmar contrato para verificar a habilidade e conduta do empregado na realização das tarefas. Sob a óptica do empregado, o contrato de experiência lhe permite conhecer as condições gerais do local de trabalho e a sua função, de modo que ele possa escolher se permanece ou não. O contrato de experiência não poderá exceder 90 dias, incluída1 prorrogação. Desrespeitado o prazo ou a prorrogação (de forma tácita ou expressa), o contrato será convertido em por prazo indeterminado. Apesar da CLT ser omissa, a jurisprudência entende que, por ser contrato com termo fixado, o contrato de experiência deve ser escrito. Art. 442-A CLT: para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 meses no mesmo tipo de atividade. Art. 452 CLT: considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 6 meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a expiração deste dependeu de execução de serviços especializados ou da realização de certos acontecimentos. 3.2.2. Contratos a termo no meio rural Também caracterizam contratos por tempo determinado os contratos de safra e o contrato rural por pequeno prazo (previstos na lei 5.889/73). Contrato de safra: é o contrato que tem sua duração dependente de variações estacionais da atividade agrária. Além da produção e colheita, podem ser abrangidas nas atividades do safrista as atividades de preparação do solo e plantio. Esse contrato não necessariamente terá data precisa do término, pois depende do andamento das atividades desenvolvidas que, por sua vez, podem ser afetadas pelas condições gerais em cada safra. Contrato rural por pequeno prazo: é o contrato celebrado somente por produtor PF para o exercício de atividades de natureza temporária. Esse contrato se destina para situações transitórias que não se relacionem à safra. Essa contratação só poderá ser de até 2 meses, dentro do período de 1 ano, sob pena de se transformar em por prazo indeterminado. 3.2.3. Indeterminação contratual automática Como a regra é o princípio da continuidade da relação de emprego, desrespeitadas as exigências para a validade do contrato a termo, opera-se a indeterminação contratual automática. 3.2.4. Trabalho intermitente A reforma criou essa modalidade, que é o contrato de trabalho por escrito, no qual a prestação de serviços não é contínua. Nessa modalidade, há alternância de períodos de trabalho e de inatividade, independentemente do tipo de atividade do empregador ou da função do empregado. Primeiramente, o empregado é contratado pelo empregador, pactuando-se a intermitência no próprio contrato. Em determinado momento, o empregador convoca o empregado para a prestação de serviços (com antecedência de pelos menos 3 dias corridos), devendo ser informado acerca da jornada de trabalho. Recebida a convocação, o empregado pode optar por aceitar ou não o chamado, devendo responder no prazo de 1 dia útil (o silêncio é entendido como recusa). Caso aceite e compareça ao local, o empregado terá sua jornada computada e remunerada. www.alicelannes.com 25 Última atualização em 09/02/2022. Embora exista subordinação, o empregado pode optar por não atender à convocação do empregador. Por outro lado, se o empregado aceitar a convocação e, posteriormente, ou o empregado ou o empregador desistir, sem justo motivo, já previsão de pagamento de multa de 50% da remuneração que seria devida. Art. 443, §3, CLT: considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é continua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria. Art. 452-A CLT: o contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especificadamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do SM ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em contrato intermitente ou não. 3.3. EFEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO Podemos dividir em efeitos próprios e conexos. Efeitos próprios: são as obrigações do empregado e do empregador. As obrigações do empregador são de pagar o salário e as demais verbas decorrentes, bem como registrar o empregado e preencher as informações devidas na CTPS. Já as obrigações do empregado são de fazer um bom trabalho, ser pontual e assíduo. Por fim, temos o poder empregatício, por meio do qual o empregador coordena, dirige e fiscaliza a realização dos serviços prestados pelos seus empregados. Efeitos conexos: são os efeitos acessórios, que não se constituem em efeitos inerentes ao contrato. Um dos efeitos conexos é o direito intelectual, que se relaciona às situações nas quais o empregado desenvolve ou aperfeiçoa tecnologia. Art. 90, lei 9.279/96: pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de utilidade por ele desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e não decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador. Outro efeito conexo é a indenização por danos sofridos pelo empregado. Também é possível a reparação de danos ao empregador, quando o empregado dê causa a prejuízos. Art. 462, §1º, CLT: em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. 3.4. PODERES NO CONTRATO DE TRABALHO Poder diretivo: são os direitos do empregador que, utilizando- se da sua condição, estabelece os horários de trabalho, de intervalo, local de prestação dos serviços e a organização do trabalho em si. Após a reforma, a CLT entende que definir o padrão de vestimenta do empregado (art. 456-A) se insere no poder diretivo do empregador. Poder regulamentar: é o poder que o empregador possui para fixar regras que devem ser seguidas pelos empregados da empresa. Exemplo: elaboração de regimento interno e emissão de ordens de serviços sobre segurança e saúde. Poder fiscalizatório: é quando o empregador verifica o cumprimento, pelos empregados, das tarefas a eles atribuídas, dos horários determinados, utilização dos EPI etc. Entretanto, não se pode aplicar o poder fiscalizatório de forma desmesurada, pois condutas do empregador que firam a dignidade dos empregados são contrárias ao ordenamento. Exemplo: é vedado fazer revistas íntimas nas empregadas. www.alicelannes.com 26 Última atualização em 09/02/2022. Poder disciplinar: está relacionado à possibilidade de o empregador aplicar sanções aos empregados que descumpram obrigações decorrentes do contrato de trabalho. 3.5. ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Art. 468 CLT: nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Esse art. está relacionado ao princípio da inalterabilidade contratual lesiva, que representa a limitação do jus variandi empresarial. Ou seja, o poder diretivo do empregador tem limites. Amauri Mascaro Nascimento: o jus variante é o direito do empregador, em casos excepcionais, de alterar, por imposição e unilateralmente, as condições de trabalho de seus empregados. O jus variandi fundamenta alterações relativas à função, ao salário e ao local da prestação dos serviços. As alterações do contrato se classificam em: Subjetiva: refere-se a um dos sujeitos do contrato, que, no caso, é do empregador. Objetiva: podem ser divididas em qualitativas, quantitativas e circunstanciais. • Qualitativas: alteração de função • Quantitativas: alteração da duração do trabalho • Circunstanciais: alteração do local da prestação de serviços 3.5.1. Alteração de função As alterações favoráveis ao empregado são lícitas, enquanto as desfavoráveis são ilícitas. São lícitas as alterações sobre:
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