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Medicina - 6º Semestre - Ana Paula Cuchera e Eduarda Costa Profª Denise 1 de nov. de 2023 Introdução - Para a comunicação é necessário: 1. Percepção do profissional 2. Percepção do familiar ou paciente - A primeira questão que precisa ter: 1. Percepção do profissional ● Questões técnicas e conhecimento ● Para dar notícia de um prognóstico ou óbito para o paciente e para isso precisa se deter de bastante conhecimento ● Não pode ser achismo e nem dedução e sim estar dentro do que você compreende dentro da ciência OBS! O ideal é olhar a ficha do paciente para criar maior vínculo e empatia (geralmente cenário da consulta particular) - Como criar esse tipo de empatia no SUS? ● Pede o paciente uma revisão breve de sua história ● Se a pessoa não tem letramento? você cria com pontos chaves = tratar o paciente com educação 2. Percepção do familiar ou paciente ● Questões envolvendo emoções e privacidade ● Quando der a notícia para o paciente sozinho, o médico precisa ver se ele entendeu e como esse vai para casa com essa notícia na cabeça Médico X Paciente - A comunicação entre médico e o paciente pode influenciar a adesão ao tratamento e a satisfação com o atendimento realizado - Hospitais particulares: a principal preocupação é o vínculo ● Alguns chamam de “cliente” ao invés de “paciente” ● Isso cria satisfação e empatia com o paciente ● Quando cria isso, gera confiança SPIKES - Para ajudar a comunicar más notícias, foram criados protocolos, como mnemônicos SPIKES, um passo a passo para que o médico lembre de pontos importantes a serem trabalhadas ao longo desse tipo de situação limite ● Medo da morte e do desconhecido - Evitar: ● Promessas falsa de cura ● Mentira piedosa ● Transmissão abrupta e sem muitas explicações, prejudicando toda a relação terapêutica - Esse protocolo surgiu por medo dos médicos de não se sentirem preparados suficiente para comunicar uma má notícia 1 - A comunicação deve não apenas abraçar o que o paciente precisa saber, mas ser realizado de forma apropriada , assegurando que ele compreendeu a informação, preocupando-se com sua reação afetiva e com retenção da informação ● Primeiro precisa saber o que falar ● Depois não pode mentir ● Criar um ambiente para dar aquela informação ● Ter certeza que o paciente entendeu a notícia - Como fazer a comunicação de diagnósticos complicados: 1. Encontrar um espaço reservado e calmo para que essa conversa ocorra 2. Identificar quem paciente quer que esteja presente 3. Apresentar-se e saber até onde ele e sua família entenderam o que está acontecendo 4. Falar de forma franca e com compaixão, tocar as pessoas, lidar com o silêncio as lágrimas ocorrem ● Geralmente vem as dúvidas 5. Ter planos e metas ● Precisa dar um paradigma (norteamento) para o paciente, pois ele vai ficar completamente perdido ● Isso gera empatia → laços com o paciente 6. Revisar a compreensão do que foi falado e mantém se a disposição para qualquer dúvida ou novas conversas ● “Me conta o que o senhor entende” ● “Quer que eu repita” ● Se o paciente falar: “para que eu não estou mais entendendo nada”, você pode oferecer uma água para o paciente ● Se o paciente não quiser mais ouvir, você precisa parar, mas instruir o paciente a voltar mais tarde ou outra hora, pois você precisa passar a informação a paciente Protocolo SPIKE S - Setting up: preparando-se para o encontro P - Perception: percebendo o paciente I - Invitation: convidando para o diálogo K - Knowledge: transmitindo as informações E - Emotions: Expressando emoções S - Strategy and Summary: resumindo e organizando estratégias - S - Setting up: ● Preparando-se para o encontro ● Treinar antes é uma boa estratégia. Apesar da notícia ser triste, é importante manter a calma, pois as informações dadas podem ajudar o paciente a planejar seu futuro. ● Procure por um lugar calmo e que permita que a conversa seja particular. ● Mantenha um acompanhante com seu paciente, isso costuma deixá-lo mais seguro. ● Sente-se e procure não ter objetos entre você e seu paciente. ● Escute atentamente o que o paciente diz e mostre atenção e carinho 2 OBS! Sair de trás da mesa e sentar perto do paciente - Não ficar de perna cruzada e nem braço para se mostrar aberto ao paciente - Se aproximar da maca e não tocar se o paciente não dar abertura. ● Tocar no ombro se ele der abertura - P - Perception: ● Percebendo o paciente ● Investigue o que o paciente já sabe do que está acontecendo. ● Procure usar perguntas abertas. OBS! Fazer perguntas simples, de forma leiga. - Validar o que o paciente falar - Às vezes o paciente é grosso, nesse cenário tem que manter a calma - K - Knowledge: ● Transmitindo as informações ● Introduções como "infelizmente não trago boas notícias" podem ser um bom começo. ● Use sempre palavras adequadas ao vocabulário do paciente. Use frases curtas e pergunte, com certa frequência, como o paciente está e o que está entendendo. ● Se o prognóstico for muito ruim, evite termos como "não há mais nada que possamos fazer" ● Sempre deve existir um plano! OBS! Ver se o paciente de conta da informação naquele momento - E- Emotions: ● Expressando emoções ● Aguarde a resposta emocional que pode vir, dê tempo ao paciente, ele pode chorar, ficar em silêncio, em choque. ● Aguarde e mostre compreensão. ● Mantenha sempre uma postura empática. OBS! Mostrar o não. Ex: Infelizmente eu não trago boa notícias - Trazer um negativo acolhedor - Sempre usar frases curtas, mas sem ser grosso - Sempre há algo o que fazer. Ex: Pode ser feito o cuidado paliativo ● Podemos falar: “todos vamos morrer,mas em relação a doença…” - Às vezes o paciente chora, briga, e grosso etc. - Se o paciente ficar em silêncio e travar,dar um tempo e depois perguntar: “você tem uma dúvida? quer água?” - S - Strategy and summary ● Resumindo e organizando estratégias ● É importante deixar claro para o paciente que ele não será abandonado, que existe um plano ou tratamento, curativo ou não OBS! O principal é se organizar e se deter da informação para tirar dúvidas ou encaminhar para algum lugar, para não deixar o paciente desamparado - Como médico, dar apoio e se colocar à disposição, inclusive no SUS - Exemplo: "Eu trabalho na UTI daqui há 37 anos (...) eu tenho muita dificuldade para dar notícia de morte. Não (me) acostumo mesmo, toda vez que no nosso serviço falece algum paciente. eu fico angustiado por ter que dar a notícia (..) Essa parte é a mais triste, é a pior hora do plantão médico, da atuação médica, da nossa profissão. Dar essa notícia me deixa sempre muito chateado” 3 Óbito inesperado - Óbitos inesperados, como aqueles ocorridos por: ● Acidentes ● Homicídios ● Durante o parto ● Paciente encontrava-se internado porém estável - Estes representam um desafio ainda maior do ponto de vista emocional. - Algumas técnicas utilizadas para comunicação de más notícias, como o próprio método SPIKES, podem ser empregadas nestes casos. - O mnemônico GRIEV_ING foi desenvolvido especificamente para o treinamento da comunicação de óbitos nestas circunstâncias e tem sido utilizado pela American Academy of Emergency Physicians. GRIEV_ING - A técnica GRIEV_ ING se refere aos seguintes passos: ● G arantir que todos os familiares estejam presentes ● R ecursos ● I dentificar ● E ducar ● V erificar ● _ Pausa ● I nterrogar ● N uts and Bolts - expressão americana: "Porcas e parafusos” ● G ive G - Garantir: ● Garantir que os familiares e membros da equipe apropriados para o momento estejam presentes ● É importante assegurar-se de que o (s) familiares responsáveis tenham sido corretamente identificados e estejam presentes, Pergunte se há mais algum familiar que deve estar presente e ofereça-se para entrar em contato ● Avise aos colegas de plantão sobre a comunicação do óbito, para evitar interrupções desnecessárias ● Reveja e esteja seguro sobre detalhes do atendimento ao paciente, como a sequência dos fatos e procedimentos adotados até a verificação do óbito. R - Recursos: ● Acione os recursos necessários (ou disponíveis) paraprestar assistência adequada à família como padre, capelão, pastor, profissional de psicologia, assistente social, intérprete. ● Caso sinta que sua segurança estará em risco, avise à segurança da instituição que comunicará um óbito. ● Providencie um local reservado, pouco movimentado e que proporcione privacidade I - Identificar: ● Identifique-se. Diga seu nome, qual a sua função e identifique também a pessoa cujo óbito vai informar pelo nome. ● Pergunte o que a família sabe sobre o estado de saúde do familiar que morreu e, na sequência, dê o waming shol (frase de aviso - "Infelizmente as notícias não são boas”). E - Educar: ● Descreva a sequência dos fatos a partir do ponto conhecido pela família. Evite termos técnicos e utilize uma linguagem compatível com seus interlocutores. Se necessário, dê outro "warning shot". Cheque a compreensão dos fatos periodicamente. 4 V - Verificar: ● Comunique o óbito de forma clara (infelizmente o sr... morreu), sem eufemismos (ele se foi, não está mais conosco, foi a óbito, etc) _ Pausa: ● Pausa para que os familiares assimilem as informações, Acolha as emoções, respeite o choro e o silêncio. Quando sentir que é hora de prosseguir, passe à próxima etapa I - Interrogar: ● Pergunte se há alguma dúvida e responda a todas as perguntas sobre as circunstâncias do óbito da forma mais completa que conseguir. ● Assegure-se de que as informações passadas foram compreendidas. N - "Nuts and Bolts": ● Esta é a hora de abordar doação de órgãos (se este for o caso), oferecer a oportunidade de ver o familiar que faleceu, esclarecer detalhes administrativos e providências a serem tomadas a seguir. ● Perguntar se é doador, se o paciente tem esse desejo G - "Give": ● É Importante fornecer um contato para dúvidas e Informações posteriores → se deixar a disposição ● Pergunte novamente se ainda há alguma dúvida. - Comunicação de Óbito por telefone… ● Quando a família do paciente mora longe, na pandemia de covid, etc. ● Cuidado para pedir para trazer os documentos e trazer a roupa ● Como fazer? ○ Se identificar ○ Perguntar o grau de parentesco com a pessoa ○ Perguntar se a pessoa tinha consciência do estado do paciente ○ Perguntar se tem alguém com o familiar em casa ○ Falar com a pessoa que está junto: “vou precisar dar umas informações e quero saber se você pode ficar com ele” ○ Informar todo o processo de falecimento e dizer que a pessoa morreu OBS! Fazer uma chamada de vídeo se possível, pois melhora a comunicação pelo telefone 5 Comunicação clara e aberta SEMPRE “A morte é a curva da estrada Morrer é não ser visto Se escuto, eu te ouço a passada Existir como eu existo A terra é feita de céu A mentira não tem ninho. Nunca ninguém se perdeu Tudo é verdade e caminho” Atribuída a Fernando Pessoa 6