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Doenças virais Hepatite C

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Doenças virais: Hepatite C
Tempo de leitura: 8 minutos
É uma inflamação do fígado provocada por um vírus, que quando crônica, pode conduzir à cirrose, insuficiência
hepática e câncer do fígado. Durante vários anos foi conhecida sob a designação de hepatite não-A e não-B, até ser
identificado, em 1989, o agente infeccioso que a provoca e se transmite, sobretudo, por via sanguínea.
Hepatite C é a inflamação do fígado causada pela infecção pelo vírus da hepatite C (VHC ou HCV), transmitido
através do contato com sangue contaminado. Estima-se que cerca de 3% da população mundial, 170 milhões de
pessoas, sejam portadores de hepatite C crônica. É atualmente a principal causa de transplante hepático em países
desenvolvidos e responsável por 60% das hepatopatias crônicas. No Brasil, em doadores de sangue, a incidência da
hepatite C é de cerca de 1,2%, com diferenças regionais.
A hepatite C apresenta duas características importantes: a primeira é o fato de tratar-se de uma infecção que pode
permanecer assintomática até fases avançadas. A destruição do fígado ocorre lentamente, e, às vezes, os sintomas
só surgem 20 anos depois da contaminação. A maioria dos pacientes infectados pelo vírus C não suspeita de tal
fato.
O segundo dado que merece menção é o fato de que até o final da década de 1980 não sabíamos que o
HCV existia, e como tal, as bolsas para transfusão sanguíneas não eram testadas para esse vírus. 
O resultado é que hoje encontramos milhares de pacientes portadores de hepatite C em fase avançada da doença,
que foram inadvertidamente contaminados há 2 ou 3 décadas. Estima-se que até 10% das bolsas de sangue
durante a década de 1980 estavam contaminadas com hepatite C.
Existem seis genótipos de vírus denominados de 1 a 6 sendo o genótipo 1 o mais comum e o mais difícil de tratar.
TRANSMISSÃO DA DOENÇA
O principal meio de transmissão da hepatite C é através da exposição a sangue contaminado.
No início da década de 1990 os doadores de sangue passaram a ser testados para hepatite C. Desde então, a
transfusão sanguínea deixou de ser a principal via de transmissão. Atualmente, a taxa de contaminação pela
hepatite C através de transfusão de sangue é de apenas 1 caso para cada 1.9 milhões de transfusões. Portanto,
a quase totalidade dos casos de hepatite C de origem transfusional ainda vistos hoje em dia tiveram origem
nas décadas passadas.
Nos dias atuais, a principal via de contaminação é pelo uso de drogas injetáveis com compartilhamento de agulhas
entre os usuários.
A hepatite C também pode ser transmitida pela via sexual, apesar do risco ser bem mais baixo do que o da hepatite
B, HIV ou outras DST
Se pela via sexual o HIV é mais contagioso, pelo contato sanguíneo, o vírus C é bem mais perigoso. Orienta-se
inclusive a não se partilhar escova de dentes ou aparelhos de barbear pelo risco de transmissão com pequenos
volumes de sangue.
Outras vias de transmissão menos comuns são através do transplante de órgãos de doadores infectados,
hemodiálise, acidentes em ambientes hospitalares, tatuagem, body piercing e transmissão perinatal.
SINTOMAS
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A hepatite C muitas vezes fica assintomática durante alguns anos. Passados 20 a 30 anos, a infecção crônica pode
levar à cirrose do fígado, à insuficiência hepática ou ao câncer do fígado. Cerca de 15% das pessoas acometidas
apresentam sintomas agudos, os quais, no entanto, são pouco intensos e imprecisos: falta de
apetite, fadiga, náuseas, dores musculares ou nas articulações e perda de peso. Em alguns casos a infecção pode
desaparecer por si só, o que ocorre com mais frequência em indivíduos jovens do sexo feminino. 
A maioria das pessoas expostas ao vírus contraem uma infecção crônica. Durante anos os infectados não notam
qualquer sintoma. Às vezes há uma ligeira fadiga, dificilmente atribuível à doença. Outros sintomas que podem
ocorrer, com a característica de que às vezes passam desapercebidos ou são atribuídos a outras causas, são: dor
abdominal ligeira, urina escura, febre, prurido, icterícia, inapetência, náuseas, fezes pálidas e vômitos, entre outros.
A cirrose e câncer do fígado desenvolvem-se mais frequente entre alcoolistas e em indivíduos do sexo masculino.
DIAGNÓSTICO
O principal método diagnóstico para a hepatite C continua sendo a sorologia para anti-HCV pelo método ELISA,
sendo que a terceira geração deste exame, o ELISA III, tem sensibilidade e especificidades superiores a 95% (com
valor preditivo positivo superior a 95%). Após a infecção, o exame torna-se positivo entre 20 e 150 dias (média 50
dias). Pela alta confiança do exame, o uso de sorologia por outro método (RIBA) só deve ser utilizado em suspeitas
de ELISA falso positivo (pessoas sem nenhum fator de risco). O resultado falso positivo é mais comum em
portadores de doenças autoimunes com auto-anticorpos circulantes, além de indivíduos que tiveram hepatite C
aguda, que curaram espontaneamente mas que mantêm a sorologia positiva por várias semanas. Por outro lado, o
exame também pode ser falso negativo em pacientes com sistema imunológico comprometido.
O segundo método de escolha é a detecção do RNA do vírus no sangue, que já é encontrado em 7 a 21 dias após a
infecção. Há vários métodos, sendo que o PCR qualitativo é o mais sensível (detecta até quantidades mínimas como
50 cópias/mL) e o PCR quantitativo é menos sensível (apenas acima de 1.000 cópias/mL), mas informa uma
estimativa da quantidade do vírus circulante. Pelas definições da Organização Mundial de Saúde, pessoas com mais
de 800.000 UI/mL (cópias/mL) são consideradas como portadoras de título alto e, as com menos, portadores de
título baixo.
TRATAMENTO
O tratamento da hepatite tem como objetivo evitar a progressão da infecção para cirrose e falência hepática. Como a
maioria dos pacientes não evoluiu para este estado, historicamente, nem todos os portadores do vírus C acabavam
tendo indicação para receberem tratamento.
Com a introdução de uma nova gama de antivirais, tais como o Ledipasvir, Sofosbuvir, Ombitasvir, Paritaprevir,
Ritonavir, Dasabuvir, Velpatasvir e Simeprevir, o tratamento da hepatite C sofreu uma revolução. O tratamento com
essas novas drogas acarreta em elevada taxa de cura da hepatite C, com um perfil de efeitos colaterais muito mais
benigno que os tratamentos antigos, à base de Interferon. Por isso, o número de pacientes aptos a receber
tratamento aumentou significativamente.
Atualmente, o tratamento da hepatite C costuma ser feito da seguinte forma:
Hepatite C genótipo 1 – Ledipasvir + Sofosbuvir ou Sofosbuvir-Velpatasvir por 12 semanas.
Hepatite C genótipo 2 – Sofosbuvir-Velpatasvir por 12 semanas.
Hepatite C genótipo 3 – Sofosbuvir-Velpatasvir por 12 semanas (com adição de rivabirina em algumas
situações).
O objetivo do tratamento é eliminar o HCV da circulação. É considerada cura da hepatite C quando o vírus continua
indetectável no sangue 6 meses após o fim do tratamento. Atualmente, a chance de cura do vírus hepatite C é
superior a 90%, principalmente para aqueles pacientes que nunca foram tratados com o regime anterior, que
continha Interferon. Porém, mesmo os pacientes mais antigos, que foram tratados e não tiveram resposta
aos tratamentos anteriores , ainda têm grande chance de cura com o novo esquema de antivirais.
REFERÊNCIAS
– Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais [Hepatite C].
Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-c
– MD. Saúde [Hepatite C: Sintomas, transmissão e tratamento]. Disponível em:
www.mdsaude.com/2009/10/hepatite-c.html
– Hepcentro – Hepatilogia Médica [Hepatite C]. Disponível em: http://www.hepcentro.com.br/hepatite_c.htm
– Roche [O que é a Hepatite C]. Disponível em: http://www.roche.pt/hepatites/hepatitec/index.cfm
– ABC Med [Hepatite C: O que é]. Disponível em: http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-
doencas/520597/hepatite+c+o+que+e+quais+as+causas+e+os+sintomas+como+sao+feitos+o+diagnostico+e+o+tratamento+existem+comp

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