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Drogaria assaltada quatro vezes é responsabilizada por trauma de farmacêutica

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Drogaria assaltada quatro vezes é responsabilizada por
trauma de farmacêutica
O juízo de primeiro grau deferiu a rescisão indireta, com o pagamento das verbas rescisórias, e
condenou a drogaria a pagar indenização de R$ 30 mil, considerando que ela agira com culpa ao se
omitir do dever de proporcionar segurança à empregada no exercício de suas funções. Contudo, o
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) excluiu as condenações.
A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu a responsabilidade da Raia Drogasil
S.A., de Belo Horizonte (MG), pelos danos causados a uma farmacêutica que desenvolveu doença
psíquica após ser vítima de quatro assaltos em duas semanas. Pela mesma razão, o colegiado declarou
a rescisão indireta do contrato de trabalho, equivalente à justa causa do empregador.
Quatro assaltos
Na ação, a farmacêutica contou que, em 2014, num período de 14 dias, a drogaria onde trabalhava foi
assaltada quatro vezes, sendo ela vítima de ameaça dos bandidos. Segundo seu relato, a loja não tinha
segurança nem vigia, e as câmeras não funcionavam. Em decorrência dos assaltos e do ambiente
extremamente inseguro, ela passou a sofrer de transtorno mental depressivo, pânico e ansiedade e foi
afastada pelo INSS. Toda vez que retornava ao trabalho, voltavam os sintomas da doença, e ela era
afastada novamente. 
Além de indenização por danos morais, requereu a rescisão indireta pois, segundo ela, a empresa agira
com total descaso e abandono, com intuito de que ela pedisse demissão.
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Culpa
O juízo de primeiro grau deferiu a rescisão indireta, com o pagamento das verbas rescisórias, e
condenou a drogaria a pagar indenização de R$ 30 mil, considerando que ela agira com culpa ao se
omitir do dever de proporcionar segurança à empregada no exercício de suas funções.
Segurança pública
Contudo, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) excluiu as condenações. Apesar de
comprovado o dano e sua relação com as atividades, o TRT concluiu que a ocorrência de assalto a
estabelecimento comercial é violência praticada por terceiro e matéria de segurança pública, de
responsabilidade do Estado, e não do empregador. Ainda de acordo com a decisão, a atividade de
farmacêutica não gera risco extraordinário que justifique a responsabilização objetiva da empregadora.
Sem medidas de prevenção
O relator do recurso da farmacêutica, ministro Mauricio Godinho Delgado, salientou que a decisão do
TRT não noticia a existência de nenhum tipo de segurança no local de trabalho adotada pela drogaria.
“Não consta sequer registro de que, após o primeiro assalto, a empresa tenha tomado medidas básicas
de inibição de ações criminosas”, destacou. Na avaliação do relator, constatados o dano, a culpa
empresarial e o nexo causal, há consequentemente o dever de indenizar.
Insegurança manifesta
Quanto à rescisão indireta, o relator explicou que, entre os motivos listados no artigo 483 da CLT, está a
circunstância de o empregador submeter o empregado a perigo manifesto de mal considerável. Isso
ocorre quando, em razão das condições do ambiente de trabalho ou do exercício de certa atividade ou
tarefa, o empregado corre risco não previsto no contrato ou que poderia ser evitado. No caso, a seu ver,
foi constatada a negligência da empresa, diante da manifesta insegurança do ambiente de trabalho.
Ao reconhecer a responsabilidade da empresa, a Turma determinou o retorno do processo ao TRT para
que prossiga o exame dos pedidos.

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