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ITÁ -SC , 2º SEMESTRE DE 2013 SEARA-SC / DEZEMBRO 2014 PROJETO PARA ESTABILIZAÇÃO DE TALUDE RUA TRANQUILO BORBA INFORMAÇÕES PARA CONTATO LIS SERVIÇOS E OBRAS LTDA – EPP CNPJ: 05.510.506/0001-64 Inscrição Estadual: ISENTO Lauri Simon Rua 39, 190, Bairro Mirante Itá | SC | 89760-000 | Fone.: 49 3458 1487 Fone.: 49 8803 0082 lauri@lisambiental.com.br Equipe Técnica: Lauri Bernardo Simon (Administrador / Técnico / Tecnólogo em Meio ambiente) Tiago Canepelle (Eng. Civil CREA 093341-0) Italomir Bringhenti (Msc. Geólogo CREA-SC 047618-2 / V.122.287 RS) Juciê Decezare (Técnico Agrícola, Crea – 117427-4) Bernardo Simon Técnico / Tecnólogo em Meio Ambiente PROJETO PARA ESTABILIZAÇÃO DE TALUDE RUA TRANQUILO BORBA, SEARA-SC SEARA-SC, DEZEMBRO / 2014 SUMÁRIO 1.0 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ........................................... 6 2.0 INTRODUÇÃO E HISTÓRICO ....................................................... 8 3.0 OBJETIVO ........................................................................... 10 4.0 METODOLOGIA ..................................................................... 11 4.1 Investigação Geológica ....................................................................................................11 4.2 Impactos Sociais ...............................................................................................................14 4.3 Impactos Ambientais ........................................................................................................15 4.4 Técnicas de Estabilização de Taludes e Engenharia Natural ....................................16 5.0 ORIENTAÇÕES E INTERVENÇÕES PROPOSTAS ................................ 27 5.1 Intervenções mecânicas e retaludamento .....................................................................27 5.2 Levantamento Topográfico ..............................................................................................28 5.3 Medidas de Apoio ..............................................................................................................28 5.4 Drenagem ............................................................................................................................28 5.5 Biomanta .............................................................................................................................29 5.6 Recobrimento Vegetal .......................................................................................................33 5.7 Hidrossemeadura ...............................................................................................................34 5.8 Semeadura Manual ............................................................................................................35 5.9 Plantio de mudas ...............................................................................................................36 5.11 Taludes ..............................................................................................................................36 6.0 REFERÊNCIAS ...................................................................... 41 7.0 MAPAS E ANEXOS ..................................................................... INDÍCE DE FIGURAS Fig 1 – Exemplo de técnicas de instalação da vegetação. ................... 18 Fig 2 – Técnica de estabilização – Ramo de salgueiro com raízes e rebentos adventícios. ............................................................................ 18 Fig 3 – Hidrosementeira sem Mulch em taludes da A10 (Portugal). ......... 18 Fig 4 – Exemplo de uma estaca com rebentos. ................................. 19 Fig 5 – Estacas em combinação com uma manta orgânica na cobertura de uma margem fluvial. ........................................................................ 19 Fig 6 – Estacas com enrocamento de margem fluvial. ........................ 19 Fig 7 – Construção de uma faxina. ................................................ 20 Fig 8 – Parede de faxinas com estacas na margem de um rio. .............. 20 Fig 9 – Entrançados vivos na margem de um rio e lago. ...................... 20 Fig 10 – Entrançados vivos em diagonal na consolidação de taludes. ...... 21 Fig 11 – Construção de uma cobertura de ramos vivos na margem de um rio: colocação dos ramos vivos, fixação com arame tenso. ....................... 21 Fig 12 – Leito de ramagem imediatamente após ser terminado. ............. 22 FIg 13 – Muro verde de solo armado por mantas orgânicas com leitos de ramagem. ............................................................................. 22 Fig 14 – Exemplos de técnicas combinadas. .................................... 24 Fig 15 – Muro tipo “Cribwall” vivo de consolidação de um talude mostrando o desenvolvimento da vegetação após alguns anos. ............................. 24 Fig 16 – Muro tipo “Cribwall” vivo de consolidação de uma margem fluvial mostrando as faxinas que impedem a erosão do solo de enchimento e que vão originar um preenchimento lenhoso denso. ...................................... 25 Fig 17 – Muro de madeira vivo tipo “Roma”. .................................... 25 Fig 18 – Muro de madeira vivo tipo “Latina”. ..................................... 25 Fig 19 – Gabiões vegetados – esquema, procedimento construtivo e desenvolvimento. ..................................................................... 26 Fig 20 – Grade viva (ensaio de viabilidade vegetativa, Ourén, Portugal). ... 26 Fig 21 – Exemplo de remodelagem do talude. ................................. 27 Fig 22 – Uniformidade do talude. .................................................. 31 Fig 23 – Desenrolar das bobinas e fixação da biomanta. ..................... 32 Fig 24 – Biomanta fixada. ........................................................... 33 Fig 25 – Hidrossemeadura em encosta e seu resultado. ...................... 35 1.0 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO Área de Influência do Projeto: Rua Tranquilo Borga Município: Seara -SC Cep: 89770-000 COORDENADAS GEOGRÁFICAS: S 27º08’56,8 “ e W 52º18’15,2” COORDENADAS UTM: 22J 03470771 e 6996383 ALTITUDE: 556 METROS 8 2.0 INTRODUÇÃO E HISTÓRICO No estado de Santa Catarina, sob domínios de clima subtropical podem ocorrer escorregamentos de massas de manto de intemperismo, vinculados à ocorrência de chuvas intensas. Frentes frias que se originam na região polar antártica cruzam o oceano Atlântico e se deparam com massas de ar quente tropical, gerando fenômenos de instabilidade atmosférica intensos, constituindo fortes chuvas na região, bem como no oeste do estado. As precipitações pluviométricas intensas acarretam erosão intensa e escorregamentos de massas de solos podendo muitas vezes apresentar caráter catastrófico. As chuvas intensas representam assim como inúmeros outros fatores às condições que conduzem ao aparecimento de escorregamentos, quase todos os escorregamentos registrados em nosso meio fisiográfico estão associados a episódios de elevadas precipitações pluviométricas de duração de algumas horas até alguns dias. Na área urbana do município de Seara-SC, mais especificamente na Rua Tranquilo Borga, foi constatado um escorregamento de regolito localizado em uma encosta. Devido a precipitação pluviométrica muito intensa, dentre outros fatores antrópicos pode-se constatar o escorregamento de massa de solo, sendo necessárias ações de estabilização de encostas. A engenharia natural – bioengenharia de solos – consiste num conjunto de técnicas e métodos de engenharia, baseados não apenas na consideração dos aspectostécnicos, mas também na observância das regras ecológicas e na utilização das características biológicas da vegetação. As diferentes intervenções buscam desde o estabelecimento da vegetação de cobertura a fim de se evitar a erosão superficial, até mesmo a utilização de elementos vegetais combinados com materiais inertes como: 9 madeira, arame, pedras, etc., onde os materiais inertes atuam como estabilizadores do talude até que as plantas, através de suas raízes, sejam capazes de realizar esta função. Técnicas de engenharia natural valorizam o emprego de soluções que possam contar o máximo possível, com a utilização de materiais construtivos locais especialmente quanto ao material vegetal. As técnicas de engenharia natural preconizam uma clara preferência por espécies nativas do local, que além de solução técnica representem uma adequação ambiental e estética condizente. Atualmente, uma visão biotécnica das intervenções pode ser aliada às técnicas tradicionais de engenharia. No caso específico deste projeto, intervenções com base em técnicas de restauração de áreas degradadas e engenharia natural, apresentam-se como alternativas viáveis de implantação de medidas corretivas e preventivas. Intervenções baseadas em técnicas de engenharia natural apresentam redução de custos, principalmente quanto à manutenção, quando comparadas às técnicas tradicionais, além de produzirem ganhos ecológicos e estéticos não encontrados nas correspondentes intervenções tradicionais. 10 3.0 OBJETIVO O presente projeto tem por objetivo apresentar propostas conceituais que sirvam de diretriz geral na execução da proteção e revestimento vegetal das encostas localizadas junto a Rua Tranquilo Borga, município de Seara-SC. O estudo se propõe a melhorar as características ambientais da área e, concomitantemente, contribuir com o controle dos processos erosivos das encostas, por meio de intervenções baseadas em técnicas de recuperação de áreas degradadas e engenharia natural. Por fim, o presente projeto propõe-se a identificar, conceituar e descrever os processos e os fenômenos erosivos e de instabilidade geotécnica das encostas verificadas e desse modo propor técnicas baseadas em conceitos de engenharia natural para mitigar, corrigir e prevenir tais processos. 11 4.0 METODOLOGIA 4.1 Investigação Geológica Inicialmente para a realização do presente estudo, recorreu-se aos métodos de investigação geológica. Primeiramente foram realizados levantamentos geológicos, consistindo na descrição dos solos e rochas encontrados na superfície do terreno. Neste estudo foi incluído a descrição geomorfológica da área em questão, permitindo a interpretação do relevo, assim como dos tipos de formações e estruturas geológicas ocorrentes. Nesse estudo foi possível analisar geotecnicamente a área em questão caracterizando a instabilidade do solo encontrada no local. Pelos cortes ocorrentes no terreno foi possível descrever os perfis de solos expostos e a litologia. As formas acidentadas de relevo que caracterizam a geomorfologia regional, no local não se apresentam diferentes, o local fragilizado, que sofreu escorregamento situa-se no meio da encosta limitada por um patamar relativamente plano, onde situam- se três residências a Rua Tranquilo Borga, acima também localiza- e o talude íngreme até a rua 40 metros a montante. Desse modo após a visita no local recorremos a métodos de investigação geológica diretos para determinar as causas do escorregamento. ”Geologicamente trata-se de uma camada de manto de intemperismo “solo” relativamente espesso, sondagens podem revelar a profundidade do contato com a rocha.O declive pode favorecer o colapso, a instabilidade pode ocorrer naturalmente ou como consequência de cortes no terreno e retirada da vegetação natural. Precipitações pluviométricas atípicas podem desencadear fenômenos de solifluxao.” 12 O local investigado encontra-se em área urbana no município de Seara- SC. Trata-se de um talude muito inclinado com inclinação na faixa dos 60° desestabilizado caracterizando solifluxão. Constituído por Cambissolos Háplicos associados à Neossolos Litólicos originados da decomposição de rochas vulcânicas pertencentes à Formação serra Geral. Pode-se verificar no local que a vegetação foi removida desestabilizando o talude estando propícios a escorregamentos. Este talude faz parte de um contexto geomorfológico onde as cotas de altitude aumentam mais de 150 metros até o topo do morro situado ao norte com altitude de 729 metros. Ao sul as cotas de altitude diminuem até o encontro da drenagem e aumentam novamente até o cume do morro adjacente. Neste local, a drenagem localizada ao sul, se dirige de leste para oeste até contribuir com o Rio Caçador, deslocando para o sul atravessando a área urbana estando inserido no contexto hidrográfico do rio Uruguai. É importante salientar que o cenário geomorfológico no qual está inserida a área urbana do município é de relevo forte ondulado a acidentado. Grande parte da área urbana do município se estende por taludes fazendo com que a feição de patamares entre áreas de proteção permanente seja frequente. Desse modo o local não difere por condições geológicas e geomorfológicas de grande parte da área urbana do município. A localização da urbanização nos vales típicos do cenário geomorfológico as margens se estabeleceu em formas de relevo forte ondulado, onde muitas habitações localizam-se em APPs. Neste caso a urbanização ocorreu em movimentada superfície de topografia, ao contrário de urbanizações localizadas em áreas planas. Toda a área urbana do município assim como toda a região oeste do estado se encontra no domínio geológico da formação Serra Geral constituída por rocha vulcânica. O solo originado da decomposição desta rocha pelo intemperismo, 13 em condições de relevo forte ondulado, normalmente é pouco espesso classificado como Cambissolo Háplico. Os taludes são constituídos muitas vezes por espessa camada de saprolito. A vegetação natural desempenha um importante papel na proteção do solo, e o desmatamento pode propiciar não somente o aparecimento da erosão, mas também de movimentos coletivos de solos. De um modo geral a atuação da mata nativa se dá no sentido de reduzir a intensidade da ação dos agentes do clima no maciço natural assim favorecendo a estabilidade das encostas. O conjunto das copas e outras partes aéreas da floresta atuam interceptando, retendo e também eliminado sob forma de vapor certo volume de água excedente do metabolismo vegetal, por meio de evapotranspiração. Os detritos vegetais em continua acumulação no terreno da floresta agem hidraulicamente sob três modalidades principais: Imobilizado boa parte da água que atinge o terreno através de sua alta capacidade de retenção, sendo este efeito um tanto mais significativo, quanto mais espessa for a acamada. Desse modo o tipo de solo ocorrente no local é de fundamental importância no monitoramento dos processos erosivos. Retendo substancial volume de água da chuva, através do molhamento de ampla superfície de folhagem, galhos troncos a até mesmo epífitas associadas e eliminando, em outro estado da matéria um volume comparável a pluviosidade da região. De acordo com o mapa de solos do estado e Santa Catarina no local predomina a ocorrência de Cambissolos Háplicos . Na vistoria em campo, em alguns locais os cortes no solo permitem diagnosticar um horizonte sub-superficial mais desenvolvido conferido ao solo um horizonte diagnostico de sub-superfície do tipo B nítico. Ressaltando que no local predominam a ocorrência de horizonte diagnóstico de sub-superfície 14 do tipo B Incipiente, típico dos Cambissolos. Em campo foram descritosperfis mais profundos e menos profundos. Ambas as classes de solo oferecem riscos a escorregamentos tanto rotacionais como transicionais. Referente a análise de estabilidade pode-se concluir que, de um modo geral o talude apresenta-se como uma massa de solo submetida a três campos de forças: seu próprio peso, escoamento de água e sua resistência ao cisalhamento. 4.2 Impactos Sociais O deslizamento de encostas é um fenômeno comum em áreas de relevo acidentado, principalmente em locais onde a vegetação de cobertura natural foi retirada pela ação antrópica. Este fato juntamente com o clima predominante na região Sul do Brasil, onde temos estações bem definidas com grandes índices pluviométricos em curtos períodos de tempo, isto ocasionando uma saturação do solo por água. Nos solos em questão, argilosos com grande quantidade de rochas, a água infiltra parcialmente, sendo que o restante escorre pela encosta causando erosão superficial. Porém o grande problema encontra-se na água que infiltra até encontrar-se com rochas maiores ou porção do solo compactado pela ação antrópica que assim acumula-se em uma porção do solo, este não conseguindo suportar e se rompe. Conforme supracitado, grande porcentagem dos deslizamentos de taludes ocorrem devido a ação antrópica, principalmente em centros urbanos, colocando assim em risco a população que habita o entorno do local. Fato este que ocorre nos terrenos em questão, cuja encosta foi desestruturada para construção de moradias, estas mesmas que agora estão sob risco. 15 O talude em questão sofreu leves deslizamentos e está propenso a ocorrência de novos, pois está desestruturado e sem cobertura vegetal. É importante salientar que para a recomposição deste talude será necessário utilizar as proximidades das moradias por um período de tempo, para a acomodação de ferramentas, maquinários e materiais necessários ao serviço. Esta não causará danos as infraestruturas privadas e públicas próximas, contudo, para segurança pública sugere-se que se em algum momento a atividade apresentar riscos e houver necessidade, as famílias sejam relocadas temporariamente do local, apenas nos momentos em que esteja sendo reafeiçoada a estrutura do talude. 4.3 Impactos Ambientais A área de influência direta do projeto é considerada APP (Área de Preservação Permanente), devido a sua inclinação, maior do que 45° esta sofreu ação antrópica, não diretamente, mas pelas áreas próximas que influenciaram efetivamente na degradação desta encosta. Tendo em vista que se faz necessária a reestruturação desta APP para que possa representar realmente uma área de proteção ambiental, com espécies vegetais nativas, atraindo assim a avifauna que vai usufruir do local, bem como ajudar na regeneração natural da área com a dispersão de sementes. Em se tratando do passivo ambiental, deve-se considerar que são necessárias medidas de recuperação e conservação ambiental, para que os efeitos não sejam potencializados, pelo extenso impacto provocado por medidas de tratamento tradicionais, de modo que se recomenda como medida básica de intervenção proceder à proteção dos taludes por meio de uma proteção vegetal reforçada em suas faces. A principal função de tal intervenção 16 é auxiliar à estabilização do talude, que atualmente apresenta-se exposto (sem cobertura vegetal) e sujeito à ação contínua de água proveniente das chuvas, potencializando e mesmo desencadeando processos erosivos e de desestabilização. O projeto proposto irá interferir diretamente no talude, revegetando o telude, porem tomando cuidado para utilizar espécies que supram a necessidade e não sejam invasoras, possibilitando assim que com o tempo a vegetação nativa possa se recompor naturalmente. Recomenda-se que o projeto passe por avaliação dos órgãos ambientais competentes de forma a trabalhar conciliando o social com ambiental, levando em consideração a legislação ambiental vigente. 4.4 Técnicas de Estabilização de Taludes e Engenharia Natural Muitos são os métodos utilizados para a estabilização de taludes, alguns dos mais usuais são: Diminuição da inclinação do talude, Drenagem superficial e profunda, Revestimento do talude, Revegetação, Emprego de materiais estabilizantes, Muros de arrimo e ancoragens, Utilização de bermas, Previa consolidação da fundação, quando constituída por solos compressíveis. Segundo (SUTILI 2007) as técnicas apresentadas a seguir são algumas das principais em se tratando de Engenharia Natural: 17 Fonte – Sutili, 2007 18 Fonte – (Sutili 2007) 19 Fonte – (Sutili 2007) 20 Fonte – (Sutili 2007) 21 Fonte – (Sutili 2007) 22 Fonte – (Sutili 2007) 23 Fonte – (Sutili 2007) 24 Fonte – (Sutili 2007) 25 Fonte – (Sutili 2007) 26 Fonte – (Sutili 2007) 27 5.0 ORIENTAÇÕES E INTERVENÇÕES PROPOSTAS 5.1 Intervenções mecânicas e retaludamento De maneira geral muitos são os métodos utilizados para a estabilização de taludes, um dos mais usuais é a: Diminuição da inclinação do talude, esse é o método mais simples de reduzir o peso é a suavização de seu ângulo de inclinação, ou pela execução de patamares. Os pontos que não encontraram aparente estabilidade natural e que sua inclinação atual não permita a revegetação devem ser retaludados. Este trabalho será realizado com auxilio mecânico (retroescavadeira) ou manualmente (Figura 1). A instalação de drenos horizontais profundos (DHPs), é uma atividade fundamental para a estabilidade local. Fig 21: Exemplo de remodelagem do talude (DURLO; SUTILI, 2005). 28 5.2 Levantamento Topográfico Antes do planejamento das ações a serem sugeridas para contenção das encostas a área objeto do presente estudo foi levantada topograficamente em detalhe, dispondo das seguintes informações sobre a área: Levantamento Planialtimétrico da área em tratamento e entornos; Perfis transversais onde as condições específicas determinarem necessidade; Levantamento detalhado da drenagem das encostas e entornos; Geração de mapas das situações originais e projetadas das encostas; 5.3 Medidas de Apoio A recomposição vegetal deve ser precedida de medidas iniciais que visem garantir, bem como, apoiar os efeitos benéficos advindos da implantação da cobertura vegetal. As medidas iniciais consistem basicamente da implantação de drenagem subsuperficial, do retaludamento, das obras de drenagem superficial e do mapeamento da fertilidade dos solos. A recomposição vegetal dos taludes deve ser precedida de medidas de retaludamento e suavização de superfície por meio de eliminação de quinas, descontinuidades, negatividades, transições abruptas e outras imperfeições superficiais que prejudiquem o desenvolvimento e a recomposição vegetal por meio de suas técnicas de plantio bem como dos arranjos baseados em técnicas de engenharia natural prescritos por este projeto. 5.4 Drenagem 29 Com base no levantamento topográfico detalhado e inspeção junto a área serão propostas medidas de controle e escoamento da água com objetivo de disciplinar as águas dos taludes em tratamento e seu entorno. Essa atividade deve ser associada e complementar o projeto básico-executivo de recobrimento vegetal. Drenagem superficial e profunda. Neste método o fundamental é o coeficiente de deflúvio superficial “run-off” definido entre a razão a precipitação pluviométrica e o escoamento (COUTO, 2010). 5.5 Biomanta A proteção de taludes e encostas com utilização da biomanta visa a ação imediata contra o efeito de agentes erosivos e processos de deslocamento de partículas finas do solo, que danificam ou reduzema capacidade do sistema de drenagem superficial de proteção do corpo estradal, ou ainda favorecem a instabilidade geomecânica destes locais (LINHARES, 2011). A aplicação destas mantas sobre o solo de fraca estrutura e grande fragilidade ao processo erosivo tem sido bastante útil, pois, insere na superfície do mesmo uma nova estrutura que permitirá o desenvolvimento das espécies vegetais selecionadas, como também, o restabelecimento do sistema de drenagem natural (LINHARES, 2011). As biomantas antierosivas, fazem parte de um grupo de materiais denominado pelos especialistas de controle de erosão como Produtos em Rolo para Controle de Erosão, ou ainda Geocinéticos (COUTO, 2010). As primeiras biomantas foram desenvolvidas nos Estados Unidos, utilizando-se fibras de juta (PEREIRA; COELHO, 1998. apud. COUTO, 2010). As biomantas tem por objetivo proteger o solo nos períodos iniciais dos projetos de contenção da erosão em taludes, atuando assim antes da vegetação se estabelecer. Estas são parte essencial da engenharia ambiental 30 na recomposição de vegetação em áreas degradadas, porque estas: Protegem o solo imediatamente contra erosão superficial; Atuam como Mulch (cobertura seca de solo) na germinação de sementes; Reduzem a evaporação da água no solo e a insolação direta sobre o mesmo; Favorecem a infiltração da água no solo. Estes fatores ocorrem devido as características básicas das biomantas biodegradáveis relatadas abaixo: *Permeabilidade: Por serem constituídas de materiais fibrosos desidratados e por se permitirem absorver teores de umidades até quatro vezes superior ao peso do produto seco; *Isolamento: eliminam a emissão de particulados para a atmosfera sujeitas ao carregamento eólico; *Proteção superficial do solo: reduzem o escorrimento superficial da água por atuarem como dissipadores de energia do escorrimento superficial, apresentando-se como obstáculo principalmente aos pingos de chuva; *Aumento da capacidade de troca catiônica do solo: ao ocorrer sua degradação, apresenta-se como adubo orgânico, participando da formação de substancias húmicas, assim aumentando os sítios de absorção de nutrientes deste solo; *Integração ambiental: são 100% degradáveis e apresentam perfeita harmonia com o meio ambiente, como supracitado resultando em adubação; *Flexibilidade e praticidade: facilmente moldáveis, possuem grande flexibilidade para se adaptarem às mais diversas situações, são de fácil manuseio, leves e práticas, podendo ser aplicadas em locais de difícil acesso e em encostas íngremes, sem necessidade de equipamentos 31 sofisticados. Apresentam formas, dimensões, comprimento e diâmetro variáveis e moldáveis à qualquer situação. *Baixo custo: apresentam custos baixos comparados aos das técnicas, dos produtos e dos processos convencionais da engenharia, por serem constituídas de materiais fibrosos e resíduos de culturas agrícolas. Além disso, por serem fabricados industrialmente com fibras vegetais, como palhada agrícola ou fibra de coco, ou fibras sintéticas, podem ser aplicadas em várias situações e ambientes, tendo em vista que o tempo de decomposição destes materiais é variável. Alem da constituição as biamantas podem ser diferenciadas pelo estruturante. Sendo de maneira geral costuradas formando uma trama resistente. Anterior a aplicação da biomanta é necessário que o talude esteja o mais regular possível, sendo feito manual ou mecanicamente, eliminando as concavidades ou partes negativas do talude, objetivando com isto que as biomantas fiquem totalmente aderidas a superfície. Após, deve ser feito o preparo do solo para receber as sementes ou as mudas. Fig 22 - Uniformidade do talude. (Fonte: LIS, projeto executado) A partir, aplicasse a manta, desenrolando as bobinas, iniciando sempre do topo do talude, as bobinas devem ser sobrepostas 5 cm no seu encontro 32 com a bobina ao lado. Fixando estas com grampos de aço, bambu ou madeira, distanciados aproximadamente 40 cm entre si no início do talude. Tambem é necessário ao longo da superfície do talude e das sobreposições executar fixações utilizando grampos, a quantidade de grampos e distancia entre eles deve se levar em conta a inclinação do talude. Apesar de diferentes desempenhos e características, as biomantas são fixadas da mesma maneira. A partir daí resta esperar a natureza fazer seu trabalho e as sementes e germinarem e começar a crescer (DNIT, 2006). Fig 13 - Desenrolar das bobinas e fixação da biomanta. (Fonte: LIS, projeto executado) É importante salientar que a segurança do projeto está diretamente ligada a fixação da biomanta no solo, sua fixação inadecuada gerará dificuldade para que a vegetação a ultrapasse, além disso poderá causar focos erosivos no local de má aderência, devido ao escoamento livre da água (GALAS, 2006). 33 Fig 24 - Biomanta fixada. (Fonte: LIS, projeto executado) 5.6 Recobrimento Vegetal A abordagem do projeto aqui pretendida tem por base intervenções de engenharia natural e para tanto necessita de vegetação com propriedades eco morfológicas e biotécnicas que contribuam para a cobertura da área. Devem ser buscadas espécies com aptidão já comprovada. Plantas com capacidade de reprodução vegetativa são preferíveis. A disponibilidade de espécies e volume de material vegetal será determinante na escolha da intervenção mais adequada para cada área. O recobrimento vegetal das áreas não é entendido como ação permanente de estabilização geotécnica, mas como medida de recuperação ambiental, bem como controle e prevenção de erosão superficial. Contribuem por sua vez, para a estabilização geotécnica as ações de retaludamento, a drenagem superficial, a colmatação das trincas e a implantação de drenos subsuperficiais. 34 Sugere-se, saídas a campo para a busca de locais de coleta de material para a produção de mudas por propagação vegetativa e que servirão como fonte de material vegetativo a ser utilizado de maneira direta nas obras e modelos sugeridos. A definição pelas espécies deverá levar em consideração a época do ano em que será realizada a recuperação da área, para tanto recomenda-se a adoção das seguintes espécies: Anuais de Inverno Azevén Lolium multiflorum Ervilhaca / Avica Vicia Sativa Aveia-preta Avena stringosa Perenes Rasteiras Hera Hedera canariensis Cipó São João Pyrostegia venusta Grama Amendoin Arachis repens Capim dos Pampas Cortaderia selloana Ipomea Ipomoea cairica Anuais de Verão Aveia Avena sativa Persacola Paspalum notatum Capim Gordura Melinis minutiflora Perenes Arbustivas Jasmin Amarelo Jasminum mesnyi Caliandra Calliandra twendii 5.7 Hidrossemeadura A hidrossemeadura consiste na projeção de uma mistura de água, fibras, sementes, fertilizantes, aditivos biológicos e adesivos. É aplicada hidraulicamente sob a superfície do terreno através de equipamento de 35 aspersão apropriado. Sua aplicação se justifica pelo menor custo em áreas com grande extensão e onde o acesso dos equipamentos de aplicação seja garantido. A hidrossemeadura deverá ser precedida de um microcoveamento da área e será realizada em todas as áreas onde for possível o acesso dos equipamentos de aspersão. Estima-se aproximadamente 1.000m² de hidrossemeadura. Serão utilizadas fundamentalmente espécies gramíneas e forrageiras de hábito herbáceo para um recobrimento imediato e temporário do solo. Seu efeito protetivo imediato e temporário será paulatinamente complementado e substituído pelo desenvolvimento da vegetação perene. Fig 25: Hidrossemeadura em encosta e seu resultado (SUTILI, 2012) 5.8 Semeadura Manual A semeadura manual consiste em espalhar a lanço, uma mistura de sementes de espécies forrageiras (gramíneas ou leguminosas), arbustivase arbóreas. As espécies utilizadas são as mesmas da hidrossemeadura. A função dessa intervenção é a mesma da hidrossemeadura e é aplicada nas áreas – a extremo montante da margem direita e extremo jusante da margem esquerda – onde o acesso com equipamentos de hidrossemeadura é difícil ou não condizente com as condições de segurança de implantação da obra e seus serviços de execução. 36 5.9 Plantio de mudas O plantio de mudas de espécies florestais nativas é executado nas seguintes situações: como cortina vegetal instalada na base dos taludes que não tiverem grades vivas e como forma de recobrimento das áreas desconformadas e dos locais menos declivosos. Considerando que a declividade média do talude é maior do que 30% as mudas serão plantadas em banquetas. O plantio de mudas justifica-se especialmente por ser a forma de revegetação que mais pode contribuir com o aumento da diversidade de espécies empregadas. Com este intuito as mudas serão também utilizadas em combinação a outros arranjos e formas de plantio como nas banquetas, grades vivas, sobre a biomanta a ser empregada e nas barreiras de contenção. 5.11 Taludes Pode-se entender como talude, qualquer terreno inclinado, natural ou artificialmente: Talude natural é aquele que foi formado naturalmente pela natureza, pela ação geológica ou pela ação das intempéries (chuva, sol, vento, etc.). Talude artificial é aquele que foi construído pelo homem. Os taludes artificiais podem ser comumente encontrados nas minas a céu aberto, nas barragens de reservatório de água, nas laterais de estradas e ruas, na escavação de um vala para assentamento de tubo de água e até nos fundos das casas construídas em local em aclive (terreno subindo) ou declive (terreno descendo), bem como em aterros e terraplenagens urbanas. A figura abaixo demonstra a nomenclatura utilizada em taludes ou encostas. 37 A Crista é a parte mais alta do talude e o pé é a parte mais baixa do A Altura do talude (H) é a diferença de cota entre a crista e o pé, o ângulo ou inclinação do talude é o ângulo, em graus, entre a horizontal e a reta média entre a crista e o pé e é representado pela letra grega teta. O corpo ou maciço do talude é a parte interna e é a parte em que geológos e engenheiros estudam a sua constituição, isto é, que tipo de material (argila, silte, areia, rocha, etc.) e suas propriedades como coesão, limite de plasticidade, etc. São estas características que irão definir a inclinação de um talude natural. Terrenos rochosos suportam bem os taludes e podem apresentar ângulo acentuado como 80~90 graus e em contrapartida terrenos arenosos não gostam muito de taludes inclinados e apresentam ângulos pequenos como 20~30 graus Rede de Percolação é a rede, ou desenho da rede, a trajetória que a água faz dentro do maciço do talude. Uma parte da rede é constituída de água que infiltra no terreno em áreas próximas do talude e outra parte da rede é 38 constituída de água que infiltra em locais distantes, até vários quilômetros de distância, e chegam até o talude. Mina ou bica é o afloramento de água do talude. Águas que infiltram no terreno e que percolam pelo maciço do talude afloram à superfície, geralmente, no pé do talude. A diferença entre mina e bica é que a mina é qualquer afloramento de água que sai do terreno enquanto que a bica é uma mina melhorada, alguém instalou uma calha, uma pedaço de bambu, um cano, uma bica para facilitar a tomada d'água. CORTE E ATERRO: Talude de corte é aquele que se forma como resultado de um processo de corte, de retirada de material.Talude de aterro é aquele que se forma como resultado da deposição, da terraplenagem e de botas-fora. As diversas etapas e formas de aproveitamento de um talude: 39 Em geral, as pessoas pensam primeiro na solução para depois pensar no problema, ou melhor, na causa, ou causas, do problema. Quando se depara 40 com um problema de Estabilidade de Talude, as pessoas logo pensam em construir um Muro de Arrimo e saem à procura de uma empresa que possa construir um “bom muro” a um custo “bem acessível”. 41 6.0 REFERÊNCIAS ABNT NBR 11682:2009; Estabilidade de Encostas. ABNT/CB-002 Construção Civil. COUTO, L. Et. al.; Técnicas de bioengenharia para revegetação de taludes no Brasil. CBCN - centro brasileiro para conservação da natureza e desenvolvimento sustentável. Viçosa, MG. 2010. 118 pg. DEFLOR. Catálogo de produtos e serviços. 2006. DNIT, Tratamento Ambiental de Taludes e Enconstas por Intermédio de Dispositivos de controle de processos erosivos – Especificação de Serviço. Diretoria de Planejamento e Pesquisa / IPR. Rio de Janeiro. 2006. DURLO, M. A.; SUTILI, F. J. Bioengenharia: Manejo biotécnico de cursos de água. Porto Alegre: ESTEdições. 2005. 189p. DURLO, M. A.; SUTILI, F. J.;. Bioengenharia: Manejo Biotécnico de Cursos de Água. – Santa Maria, 2012. 189 p. GALAS, N. D.; CAMPOS, G. C.; Uso de Vegetação para contenção e combate à Erosão em Taludes. Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2006. LINHARES, R. M. Análise de estabilidade de taludes em solo residual. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2011. SUTILI, F. J. Bioengenharia de solos no âmbito fluvial do sul do Brasil. 2007. 95 p. Tese (Doutorado emBioengenharia de Solos e Planejamento da Paisagem) – Universidade Rural de Viena, Viena.
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