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Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Fundamentos de finanças: análise técnica x análise fundamentalista1. Contabilidade e seu impacto na tomada de decisão2. Normas Internacionais de padronização das demonstrações financeiras3. Estrutura das demonstrações financeiras obrigatórias, segundo Normas Brasileiras de Contabilidade4. Sumário clicável Sumário CONCEITOS BÁSICOS DE FINANÇAS E ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 4 Voltar ao sum ário No primeiro percurso do componente curricular Estrutura e Análise das De- monstrações Contábeis, estudaremos os conceitos básicos de finanças e es- trutura das demonstrações contábeis. Neste sentido, iniciaremos o primeiro percurso com um circuito que fará você refletir sobre administração financeira, os principais modelos financeiros que constituem a Moderna Teoria de Finan- ças, a dinâmica e a interdependência das decisões financeiras, análise ris- co e retorno, bem como os modelos de avaliação utilizados para projetar o comportamento futuro de investimen- to em ações: análise técnica e análise fundamentalista. A partir do entendi- mento da necessidade de informações úteis para tomada de decisões, no se- gundo circuito estudaremos a Conta- bilidade e o seu impacto na tomada de decisão. Entenderemos a contabilidade como um modelo de representação da situação econômico-financeira de uma entidade que atende uma grande diver- sidade de usuários da informação con- tábil. Em seguida, faremos uma reflexão sobre assimetria de informações e as características qualitativas que a infor- mação contábil precisa ter para atender aos seus propósitos. O terceiro circuito proporcionará a você o entendimento sobre as Normas Internacionais de pa- dronização das demonstrações finan- ceiras, bem como a necessidade desta padronização, suas vantagens e seus Olá Voltar ao sum ário 5 Fundamentos de finanças: análise técnica x análise fundamentalista1. O processo de globalização tornou as economias mundiais mais interdependentes e elevou os riscos de mercado. As operações financeiras assumiram maior complexidade e reforçaram a necessidade das empresas de procurar posições protetoras e aperfeiçoar sua gestão de riscos, fazendo com que a administração financeira e suas ferramentas se destacassem. A partir do raciocínio financeiro, as políticas econômicas, financeiras, sociais e ambientais são adotadas como respostas às várias demandas dos stakeholders, e somente se justificam se trouxerem alguma contribuição positiva no valor de mercado da empresa. Qualquer política adotada pela empresa só terá sentido se agregar valor econômico para seus acionistas, aqueles que assumem a maior parcela de risco no investimento. É o conceito capitalista de que a entidade deve remunerar o capital de risco, atraindo investidores que assumem os riscos e as incertezas do negócio e que gerarão, em consequência, benefícios a toda a sociedade e aos demais stakeholders. desafios. No último circuito, vamos es- tudar a Estrutura das demonstrações financeiras obrigatórias, segundo Nor- mas Brasileiras de Contabilidade. Leia os materiais com muita atenção, reali- ze todas as atividades propostas para obter conhecimentos específicos em relação aos circuitos trabalhados neste percurso de aprendizagem, com base na teoria abordada que amadurecerá seus conhecimentos e mudará o modo de perceber a administração financeira e a contabilidade no seu dia a dia e no dia a dia das empresas.... Olá Voltar ao sum ário 6 IMPORTANTE: Stakeholders são todos os agentes que atuam em uma organização e apresentam alguma capacidade de participar de seus esforços no sentido de atingir os objetivos traçados. De forma resumida, stakeholder é todo indivíduo (ou grupo de pessoas) que pode influenciar os objetivos de uma empresa e também pode ser influenciado por suas decisões. Exemplos de stakeholders: acionistas (controladores e minoritários), empregados, credores, fornecedores, clientes, consumidores, governo etc. Vamos, então, partir do pressuposto de que o objetivo da empresa seja maximizar a riqueza de seus proprietários (sócios ou acionistas). Para Gitman (2010), uma empresa pode ser vista como uma distribuidora de fluxos de caixa gerados com base nas decisões financeiras tomadas, a partir de orientações de um modelo de gestão adotado. Assaf Neto (2020) destaca que decisões financeiras, na Moderna Teoria de Finanças, são tomadas a partir de uma base teórica positiva, na qual são avaliadas as possíveis consequências para atingir o objetivo de agregação de valor. Considerando esta visão, imagine que toda ação deve ser analisada a partir de sua contribuição ao objetivo da empresa, como as decisões podem alterar a sua relação risco-retorno. A Moderna Teoria de Finanças revelou-se a partir da década de 1950, baseada em diversos estudos de Finanças Corporativas e Gestão de Portfólio e Risco. O foco das finanças passou de normativo para um enfoque de pesquisa positiva, questionadora dos resultados, em que são analisados os efeitos das decisões financeiras sobre o valor da empresa (ASSAF NETO, 2020). São destacados no quadro 1 a seguir os principais modelos financeiros desenvolvidos a partir da década de 1950 , os quais constituem a Moderna Teoria de Finanças. Quadro 1- Principais modelos financeiros que constituem a Moderna Teoria de Finanças Voltar ao sum ário 7 Fonte: Assaf Neto (2020), adaptado por NTE/Unifor. Assaf Neto (2010) define a administração financeira como um campo de estudo teórico e prático que objetiva, essencialmente, assegurar um melhor e mais eficiente processo empresarial de captação e alocação de recursos de capital. Nesse contexto, a Voltar ao sum ário 8 administração financeira envolve-se tanto com a problemática da escassez de recursos quanto com a realidade operacional e prática da gestão financeira das empresas, assumindo uma definição de maior amplitude. A área financeira tem apresentado no mundo contemporâneo uma postura mais questionadora e reveladora em relação ao comportamento do mercado em geral e ao processo de tomada de decisões empresariais (ASSAF NETO, 2020; GITAMAN 2010). Neste contexto, a contabilidade, tida como a linguagem dos negócios, possui um papel fundamental no fornecimento de informações cruciais ao processo decisório. As responsabilidades da administração financeira são mais intensas ainda nos últimos tempos, visto que estamos vivenciando uma crise financeira e os reflexos da pandemia do COVID 19, em que se têm observado elevadas taxas juros e escassez de recursos, o que exige do administrador financeiro habilidades estratégicas para alinhar risco e retorno para garantir a sustentabilidade dos negócios. AS FUNÇÕES E A DINÂMICA DAS DECISÕES FINANCEIRAS Dentro do ambiente empresarial, a administração financeira volta-se basicamente para as funções apresentadas no quadro 2: Quadro 2 - Funções da administração financeira Fonte: Assaf Neto (2020) e Gitman (2010), adaptado por NTE/Unifor. Voltar ao sum ário 9 A dinâmica das decisões financeiras relacionada ao balanço patrimonial pode ser percebida ao analisarmos figura 1. Figura 1 - Dinâmica das decisões financeiras Fonte: Assaf Neto (2020), adaptado por NTE/Unifor. Ao basear-se nas funções financeiras enunciadas, qualquer que seja a natureza de sua atividade operacional, uma empresa é avaliada como tomadora de duas grandes decisões financeiras: decisão de investimento – aplicações de recursos – e decisão de financiamento – captações de recursos. Uma terceira decisão que envolve a alocação do resultado líquido da empresa, também conhecida por decisão de dividendos, é geralmente incluída na área de financiamento por representar, em última análise, uma alternativa de financiar suas atividades (ASSAF NETO, 2020). Dividendo é uma decisão que envolve, fundamentalmente, a distribuição de parte dos lucros aos acionistas,ou o custo de oportunidade de manter esses valores retidos, visando lastrear seus negócios. As decisões financeiras são tomadas pelas empresas de forma contínua e inevitável. A decisão de investimento, considerada como a mais importante de todas, envolve todo o processo de identificação, avaliação e seleção das alternativas de aplicações de recursos na expectativa de se auferirem benefícios econômicos futuros. Por não se ter certeza da realização futura de lucros, a decisão de investimento envolve risco, devendo ser avaliada em termos da relação risco-retorno. Voltar ao sum ário 10 Perceba que, na prática, as empresas têm ao seu dispor variadas fontes de captação, tais como fornecedores, instituições financeiras, acionistas etc., as quais apresentam diferentes condições de custo, amortizações, prazos e garantias exigidas. Essas condições devem ser combinadas de forma a adequar o passivo às características de rentabilidade e liquidez das aplicações desses recursos (ativo ou investimentos). Essas duas grandes áreas de decisão das empresas devem apresentar-se de maneira bastante integradas entre si. Enquanto as decisões de financiamento descrevem as taxas de retorno exigidas pelos detentores de capital, as oportunidades de investimento centram suas principais avaliações nos retornos esperados. Estabelecem-se, em essência, um portfólio de oferta de fundos disponíveis para investimento e outro de alternativas de aplicação desses valores, devendo ocorrer, para a atratividade do negócio, uma taxa de retorno esperada superior ao custo do financiamento (ASSAF NETO, 2020). Relação risco e retorno em finanças O risco é um custo sempre presente nos negócios, devendo, por conseguinte, ser quantificado. Assaf Neto (2020) afirma que, em Finanças, o risco pode ser entendido como uma medida de incerteza associada aos retornos esperados de uma decisão de investimento. Dois importantes fatores determinam influências sobre o grau de risco de um ativo: volatilidade dos retornos e maturidade. IMPORTANTE: Entenda Volatilidade e Maturidade: A volatilidade exprime a frequência de flutuações verificadas em um fluxo de retornos e resultados futuros. Por exemplo, a sequência de taxas de retornos anuais do ativo A de, respectivamente, 8,9%, 8,7% e 8,6%, apresenta-se menos volátil (menor risco) que os resultados apresentados pelo ativo B, com taxas anuais de 8,2%, 10,0% e 14,4%, cuja flutuação é bem maior. Outro fator determinante do risco é a maturidade do ativo, ou seja, o seu prazo de vencimento. Todo aplicador atribui maior valor ao dinheiro disponível hoje do que em alguma data futura. Quando um investimento é realizado, sempre existe o risco de o aplicador não recuperar o capital aplicado. E quanto maior se apresentar o seu prazo de recuperação financeira, mais alto se apresenta o risco da alternativa, devendo o investidor ser adequadamente remunerado pela incerteza (ASSAF NETO, 2020). Todo investimento deve recompensar os riscos oferecidos. Toda decisão financeira racional é formada com base na análise da relação de risco e retorno. Voltar ao sum ário 11 Autores como Assaf Neto (2020) e Gitman (2010) afirmam que os investimentos não costumam oferecer certeza com relação aos seus resultados futuros, podendo gerar altos e baixos retornos. Quando os resultados não flutuam muito, entende-se que a decisão apresenta baixo risco. Por exemplo, aplicações em títulos de renda fixa costumam produzir retornos mais estáveis e previsíveis do que os retornos em ações, sendo, por isso, admitidas como de mais baixo risco. Por outro lado, aplicações em ativos com retornos incertos, mais voláteis, são admitidas como menos seguras, assumindo maior grau de risco. Uma possível solução seria, para um mesmo nível de risco, o investidor racional seleciona a alternativa de investimento de maior retorno esperado. De outra forma, se dois ou mais investimentos apresentarem o mesmo retorno esperado, a escolha será daquele que oferecer a menor volatilidade. Não há como se esperar altos retornos de ativos de baixo risco. Maior grau de risco deve oferecer maior retorno ao investidor, de maneira a compensá-lo pelo negócio mais arriscado. Ao procurar melhores ganhos, o investidor deve incorrer em maior risco. A relação entre o risco e retorno é proporcional, devendo sempre ser oferecida uma compensação adicional pelo maior risco (ASSAF NETO, 2020; GITMAN, 2010). Interdependência econômica e financeira Gitman (2010) e Matias (2017) afirmam que, por meio do desempenho operacional ou resultado operacional (APARECE A CAIXA EXPLICANDO O QUE É RESULTADO OPERACIONAL), em que é discutida a viabilidade econômica de um empreendimento; o lucro operacional define, mais precisamente, os limites de remuneração das fontes de capital da empresa; as decisões de investimento são avaliadas, de maneira incremental, com base em valores operacionais de caixa; e assim por diante. Voltar ao sum ário 12 O resultado operacional, em linhas gerais, representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. O indicador pode ser utilizado na análise da origem dos resultados das empresas e, por eliminar os efeitos dos financiamentos e decisões contábeis, pode medir com mais precisão a produtividade e a eficiência do negócio. A sigla EBITDA significa Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, cuja tradução é Lucro Antes dos Juros, dos Impostos, da Depreciação e da Amortização, cuja sigla em português é LAJIDA. Na prática, é um dos indicadores utilizados para analisar o desempenho financeiro operacional (de geração de caixa) da empresa. Assim, para a tomada de decisões financeiras, dois fatores e dois tipos de riscos devem ser considerados, conforme o Quadro 3: Quadro 3 - Fatores e tipos de riscos que devem ser considerados na tomada de decisões. Fonte: Gitman (2010), adaptado por NTE/Unifor. Voltar ao sum ário 13 As decisões de administração financeira envolvem riscos na busca de gerir os riscos e podem ser utilizados modelos de mensuração e aspectos da moderna teoria do portfólio. Lucro contábil e lucro econômico No conceito mais amplo, o lucro pode ser entendido como o retorno em excesso de um investimento em relação aos gastos produzidos pela decisão financeira. O lucro contábil apura o resultado da empresa pela simples diferença entre as receitas totais auferidas e o total dos custos e despesas incorridos em determinado período. O resultado contábil prioriza os valores explícitos da operação, não levando em consideração o custo de oportunidade (implícito) do capital investido. O lucro econômico, ao contrário, considera a remuneração esperada pelo risco em seu cálculo, mensurada pelo custo de oportunidade do capital investido, como podemos observar no quadro 4. O custo de oportunidade é explicado pelo retorno da melhor alternativa de investimento disponível a que se renuncia ao se decidir por outra. É o que se ganha ou se perde ao selecionar determinado investimento em detrimento de outro. É importante acrescentar que a comparação de retorno deve ocorrer entre alternativas de investimentos de mesmo risco. Por exemplo: o custo de oportunidade de se investir no Investimento A pode ser definido pelo que se deixou de ganhar ao não aplicar os recursos no Investimento B, considerado de risco similar. Quanto maior o risco e, consequentemente, o custo de capital, mais elevado deve ser o retorno do investimento, de maneira a remunerar adequadamente a incerteza associada ao negócio. Por exemplo, os setores financeiros e de tecnologia devem oferecer aos seus acionistas uma taxa de retorno maior determinada pelo maior risco em relação a setores de mais baixo risco, como saneamento básico, alimentos e bebidas. O lucro genuíno é calculado deduzindo- se das receitas de vendas todos os gastos incorridos,inclusive a remuneração exigida pelo risco do negócio. Voltar ao sum ário 14 Quadro 4 - Lucro contábil x Lucro econômico Fonte: Elaborado pelo autor (2021), adaptado por NTE/Unifor. O lucro econômico será obtido sempre que as receitas de vendas superarem todos os custos explícitos e também o custo de oportunidade do capital investido. Uma empresa pode ter lucro contábil e perda econômica sempre que o resultado apurado não for suficiente para remunerar a taxa mínima de retorno exigida pelo risco do negócio. Uma empresa com perspectivas de perda econômica em longo prazo revela sinais de descontinuidade futura. Por ser o custo de oportunidade ignorado pela Contabilidade, o lucro econômico tende a ser menor que o lucro contábil. MODELOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS NO MERCADO ACIONÁRIO|: ANÁLISE TÉCNICA E ANÁLISE FUNDAMENTALISTA Quando um investidor faz a opção por investir em ações, é racional que essa decisão deve ser precedida de uma análise das expectativas dos rendimentos a serem auferidos ao longo do tempo, bem como os riscos desse investimento. Neste sentido, o investidor busca selecionar ferramentas que possam possibilitar a seleção de alternativas de investimentos que venham atender às suas expectativas. Os modelos ou critérios de análise de investimentos no mercado acionário podem ser utilizados para avaliar o comportamento futuro dos ativos financeiros (ações), oferecendo, assim, um suporte ao processo de seleção de alternativas de investimentos. Assim sendo, podem ser adotados dois critérios de análise para investimento em ações: análise técnica e análise fundamentalista. Voltar ao sum ário 15 Análise Técnica A análise técnica, também conhecida por análise gráfica, dedica-se a estabelecer projeções sobre o comportamento das ações a partir de padrões observados no desempenho passado do mercado. A análise é desenvolvida por meio do estudo do comportamento das ações no mercado, sendo considerados, principalmente, os parâmetros de oferta e a procura desses papéis e a evolução de suas cotações. A partir desse conhecimento de preços e volumes transacionados, são efetuadas projeções sobre o desempenho futuro dos preços das ações (GITMAN, 2010, ASSAF NETO, 2020, INFOMONEY, 2021). A hipótese implícita na análise técnica é que as variações nos preços das ações guardam uma relação entre si, descrevendo uma tendência de mercado. Dessa forma, pelas movimentações de preços passadas, é possível explicar suas evoluções futuras. Não há uma preocupação formal na análise técnica com as causas que determinam certos movimentos nos preços do mercado de ações, sendo a atenção direcionada às oscilações apresentadas como forma de predizer o futuro (ASSAF NETO, 2020). A análise técnica parte da premissa de que os gráficos que mapeiam as oscilações de cotações e tendências nos preços de ações são capazes de proporcionar ao analista a visão e a seleção das melhores oportunidades de investimentos. Gonsales (2021) apresenta três tendências principais que um ativo pode ter em um momento, conforme o quadro 5. Quadro 5 - Principais tendências e características do ativo Fonte: Elaboração própria, com base em Gonsales (2021), adaptado por NTE/Unifor. Existem três gráficos que o investidor pode usar para entender a evolução do preço de uma ação no tempo: gráfico de linhas; gráfico de barras; e candlestick. O Candlestick é um método de representação de gráficos amplamente utilizado no mercado de ações. Cada candle é formado por quatro pontos relativos a um determinado período (dia, hora, minuto, mês, etc.) que se está analisando: o preço de abertura, de fechamento, a máxima e a mínima. (FONTE: Bússola do Investidor, 2021) Voltar ao sum ário 16 Indicadores da análise técnica Para saber quando há uma mudança de tendência apenas observando o gráfico, os analistas técnicos identificam uma série de padrões. Quadro 6 - indicadores da análise técnica Engolfo de Alta Engolfo de alta Entre os padrões de mudança de tendência para alta alguns são nomes bastante famosos, como o engolfo, que ocorre quando a mínima, a máxima e todo o corpo do candle de um período são mais relevantes que o candle do período anterior. Sinal de que a ação deve começar a subir. Engolfo de Baixa Engolfo de baixa Os padrões de baixa mais famosos são o engolfo em que a máxima registrada em um pregão é maior que a da sessão anterior, mas o ativo fecha em baixa com uma mínima menor que a do dia anterior. Martelo Martelo O martelo, que é um candle com longa sombra para baixo, em torno de 2,5 vezes maior que o corpo do candle. Entre outras figuras. Estrela cadente Estrela cadente A estrela cadente, que é como um martelo, porém invertido. Entre outras figuras. Média Móvel nos preços e volumes Médias Móveis Um dos indicadores mais utilizados em análise técnica é o de médias móveis. Como o próprio nome diz, ele funciona tirando a média dos preços de um ativo durante um determinado período. Por exemplo, um traçado de médias móveis de dois dias é formado pelos preços médios do papel nos dois dias anteriores. Ao colocar em um gráfico de candlestick, as médias móveis aparecem como linhas que evoluem junto com a cotação do ativo. Toques nas bandas tendência de alta Bandas de Bollinger INDICADORES DA ANÁLISE TÉCNICA O mais famoso e mais utilizado é o de suporte e resistência. Os suportes são regiões de preço que costumam atrair compradores sempre que a ação atinge aquele patamar. Ou seja, o papel sobe após atingir aquela cotação. As resistências, ao contrário, são regiões de preços que costumam atrair vendas. Ou seja, a ação geralmente cai após bater naquela cotação. Uma regra importante na análise técnica é a da bipolari- dade, que significa que o suporte, quando rompido se torna uma resistência e a resistência, quando superada, torna-se um suporte. Indicador Gráfico Suporte e resistência Figuras de alta/baixa Há também as figuras formadas pelos candles, que geralmente são seguidos por uma alteração no comportamento dos preços. Suporte e resistência Índice de Força Relativa (IFR) nov/2020 dez/2020 35,00 B 69,66 -25,00 B 30,00 15,00 B O Índice de Força Relativa (IFR) é um oscilador, cujo objetivo principal é mostrar regiões de sobrecompra ou sobrevenda de um ativo. Ele relaciona a média das cotações nos últimos “n” dias em que o papel subiu dividido por “n” com a média nos últimos “n” dias em que a ação caiu também dividida por “n”. A escala de variação do IFR é de 0 a 100 e a região considerada como sobrecompra, onde o papel tende a cair para voltar a um padrão razoável de negociação, é acima de 70. Já a zona chamada de sobrevenda, na qual a ação deve subir, é aquela abaixo de 30. O IFR aparece como um traçado dentro de uma escala na parte de baixo de um gráfico. Projeção de Fibonacci Projeção de Fibonacci Baseado nas conclusões do matemático Leonardo Fibonacci, a partir do estudo do crescimento de uma população de coelhos no século XIII, o método de Fibonacci na análise técnica se apropria da proporção áurea (1,618) para indicar a magnitude do próximo movimento de impulsão ou correção de um ativo. Chama-se impulsão o movimento a favor da tendência, como uma alta dentro de uma tendência ascendente ou uma queda em uma tendência descendente. Já as correções são os movimentos de queda dentro de uma tendência de alta ou de alta dentro de uma tendência de queda. Ao se projetar Fibonacci em um gráfico, o investidor pode traçar o tamanho da impulsão anterior, a partir do seu fundo ou topo para tentar prever para onde vai o papel na trajetória atual. Voltar ao sum ário 17 Engolfo de Alta Engolfo de alta Entre os padrões de mudança de tendência para alta alguns são nomes bastante famosos, como o engolfo, que ocorre quando a mínima, a máxima e todo o corpo do candle de um período são mais relevantes que o candle do período anterior. Sinal de que a ação deve começar a subir. Engolfo de Baixa Engolfo de baixa Os padrõesde baixa mais famosos são o engolfo em que a máxima registrada em um pregão é maior que a da sessão anterior, mas o ativo fecha em baixa com uma mínima menor que a do dia anterior. Martelo Martelo O martelo, que é um candle com longa sombra para baixo, em torno de 2,5 vezes maior que o corpo do candle. Entre outras figuras. Estrela cadente Estrela cadente A estrela cadente, que é como um martelo, porém invertido. Entre outras figuras. Média Móvel nos preços e volumes Médias Móveis Um dos indicadores mais utilizados em análise técnica é o de médias móveis. Como o próprio nome diz, ele funciona tirando a média dos preços de um ativo durante um determinado período. Por exemplo, um traçado de médias móveis de dois dias é formado pelos preços médios do papel nos dois dias anteriores. Ao colocar em um gráfico de candlestick, as médias móveis aparecem como linhas que evoluem junto com a cotação do ativo. Toques nas bandas tendência de alta Bandas de Bollinger INDICADORES DA ANÁLISE TÉCNICA O mais famoso e mais utilizado é o de suporte e resistência. Os suportes são regiões de preço que costumam atrair compradores sempre que a ação atinge aquele patamar. Ou seja, o papel sobe após atingir aquela cotação. As resistências, ao contrário, são regiões de preços que costumam atrair vendas. Ou seja, a ação geralmente cai após bater naquela cotação. Uma regra importante na análise técnica é a da bipolari- dade, que significa que o suporte, quando rompido se torna uma resistência e a resistência, quando superada, torna-se um suporte. Indicador Gráfico Suporte e resistência Figuras de alta/baixa Há também as figuras formadas pelos candles, que geralmente são seguidos por uma alteração no comportamento dos preços. Suporte e resistência Índice de Força Relativa (IFR) nov/2020 dez/2020 35,00 B 69,66 -25,00 B 30,00 15,00 B O Índice de Força Relativa (IFR) é um oscilador, cujo objetivo principal é mostrar regiões de sobrecompra ou sobrevenda de um ativo. Ele relaciona a média das cotações nos últimos “n” dias em que o papel subiu dividido por “n” com a média nos últimos “n” dias em que a ação caiu também dividida por “n”. A escala de variação do IFR é de 0 a 100 e a região considerada como sobrecompra, onde o papel tende a cair para voltar a um padrão razoável de negociação, é acima de 70. Já a zona chamada de sobrevenda, na qual a ação deve subir, é aquela abaixo de 30. O IFR aparece como um traçado dentro de uma escala na parte de baixo de um gráfico. Projeção de Fibonacci Projeção de Fibonacci Baseado nas conclusões do matemático Leonardo Fibonacci, a partir do estudo do crescimento de uma população de coelhos no século XIII, o método de Fibonacci na análise técnica se apropria da proporção áurea (1,618) para indicar a magnitude do próximo movimento de impulsão ou correção de um ativo. Chama-se impulsão o movimento a favor da tendência, como uma alta dentro de uma tendência ascendente ou uma queda em uma tendência descendente. Já as correções são os movimentos de queda dentro de uma tendência de alta ou de alta dentro de uma tendência de queda. Ao se projetar Fibonacci em um gráfico, o investidor pode traçar o tamanho da impulsão anterior, a partir do seu fundo ou topo para tentar prever para onde vai o papel na trajetória atual. Voltar ao sum ário 18 Engolfo de Alta Engolfo de alta Entre os padrões de mudança de tendência para alta alguns são nomes bastante famosos, como o engolfo, que ocorre quando a mínima, a máxima e todo o corpo do candle de um período são mais relevantes que o candle do período anterior. Sinal de que a ação deve começar a subir. Engolfo de Baixa Engolfo de baixa Os padrões de baixa mais famosos são o engolfo em que a máxima registrada em um pregão é maior que a da sessão anterior, mas o ativo fecha em baixa com uma mínima menor que a do dia anterior. Martelo Martelo O martelo, que é um candle com longa sombra para baixo, em torno de 2,5 vezes maior que o corpo do candle. Entre outras figuras. Estrela cadente Estrela cadente A estrela cadente, que é como um martelo, porém invertido. Entre outras figuras. Média Móvel nos preços e volumes Médias Móveis Um dos indicadores mais utilizados em análise técnica é o de médias móveis. Como o próprio nome diz, ele funciona tirando a média dos preços de um ativo durante um determinado período. Por exemplo, um traçado de médias móveis de dois dias é formado pelos preços médios do papel nos dois dias anteriores. Ao colocar em um gráfico de candlestick, as médias móveis aparecem como linhas que evoluem junto com a cotação do ativo. Toques nas bandas tendência de alta Bandas de Bollinger INDICADORES DA ANÁLISE TÉCNICA O mais famoso e mais utilizado é o de suporte e resistência. Os suportes são regiões de preço que costumam atrair compradores sempre que a ação atinge aquele patamar. Ou seja, o papel sobe após atingir aquela cotação. As resistências, ao contrário, são regiões de preços que costumam atrair vendas. Ou seja, a ação geralmente cai após bater naquela cotação. Uma regra importante na análise técnica é a da bipolari- dade, que significa que o suporte, quando rompido se torna uma resistência e a resistência, quando superada, torna-se um suporte. Indicador Gráfico Suporte e resistência Figuras de alta/baixa Há também as figuras formadas pelos candles, que geralmente são seguidos por uma alteração no comportamento dos preços. Suporte e resistência Índice de Força Relativa (IFR) nov/2020 dez/2020 35,00 B 69,66 -25,00 B 30,00 15,00 B O Índice de Força Relativa (IFR) é um oscilador, cujo objetivo principal é mostrar regiões de sobrecompra ou sobrevenda de um ativo. Ele relaciona a média das cotações nos últimos “n” dias em que o papel subiu dividido por “n” com a média nos últimos “n” dias em que a ação caiu também dividida por “n”. A escala de variação do IFR é de 0 a 100 e a região considerada como sobrecompra, onde o papel tende a cair para voltar a um padrão razoável de negociação, é acima de 70. Já a zona chamada de sobrevenda, na qual a ação deve subir, é aquela abaixo de 30. O IFR aparece como um traçado dentro de uma escala na parte de baixo de um gráfico. Projeção de Fibonacci Projeção de Fibonacci Baseado nas conclusões do matemático Leonardo Fibonacci, a partir do estudo do crescimento de uma população de coelhos no século XIII, o método de Fibonacci na análise técnica se apropria da proporção áurea (1,618) para indicar a magnitude do próximo movimento de impulsão ou correção de um ativo. Chama-se impulsão o movimento a favor da tendência, como uma alta dentro de uma tendência ascendente ou uma queda em uma tendência descendente. Já as correções são os movimentos de queda dentro de uma tendência de alta ou de alta dentro de uma tendência de queda. Ao se projetar Fibonacci em um gráfico, o investidor pode traçar o tamanho da impulsão anterior, a partir do seu fundo ou topo para tentar prever para onde vai o papel na trajetória atual. Fonte: Adaptado de infomoney (2021). Disponível em: https://www.infomoney.com.br/guias/analise- tecnica/ https://www.infomoney.com.br/guias/analise-tecnica/ https://www.infomoney.com.br/guias/analise-tecnica/ Voltar ao sum ário 19 Análise Fundamentalista A análise fundamentalista adota a hipótese da existência de um valor intrínseco para cada ação, com base nos resultados apurados pela empresa emitente. O estudo dessa análise está baseado no desempenho econômico e financeiro da empresa e processa, ainda, sofisticadas avaliações e comparações setoriais, bursáteis e conjunturais. A técnica fundamentalista considera a análise das variáveis internas e externas à empresa, as quais exerceram influências sobre seu desempenho e, em consequência, sobre o valor intrínseco de suas ações. Os principais subsídios desse critério de análise são os demonstrativos financeiros da empresa e os diversos dados e informações referentes ao setor econômico de atividade, ao mercadoacionário e à conjuntura econômica. De posse deste elenco de informações, são aplicados modelos quantitativos e financeiros com o objetivo de relacionar as decisões de compra ou venda de determinada ação com seu valor de mercado (MURPHY 2021, ASSAF NETO, 2020). Os índices financeiros são calculados a partir das demonstrações financeiras e possibilitam medir a eficiência operacional da empresa. Um índice representa uma relação entre contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação patrimonial, econômica ou financeira da entidade. (PEREZ JUNIOR, 2020). O quadro 6 apresenta os principais Indicadores para análise econômico e financeira. Quadro 7 - Principais Indicadores para análise econômica e financeira ÍNDICE FÓRMULA O QUE INDICA ANÁLISE Análise da Estrutura de Capital Análise da Estrutura de Capital Análise da Rentabilidade Legendas Participação de Capitais de Terceiros (Endividamento) Quanto a empresa tomou de capitais de terceiros (PC+PNC) para cada $1,00 de capital próprio (PL).CT/PL PC/CT ANC/PL ANC/(PL + PNC) Quanto a empresa possui de dívidas de curto prazo (PC) para cada $1,00 de dívidas totais (PC + PNC). Quanto a empresa investiu em ativo não circulante para cada $1,00 de capital próprio (PL). Quanto a empresa investiu em ativo não circulante para cada $1,00 de recursos não correntes (PL + PNC). Composição do Endividamento Imobilização do Patrimônio Líquido Imobilização dos Recursos não Correntes Liquidez Geral Liquidez Corrente Liquidez Seca Liquidez Imediata Giro do Ativo Margem Líquida Rentabilidade do Ativo Rentabilidade do PL CT= CAPITAL DE TERCEIROS= PC + PNC VL= VENDAS LÍQUIDAS PNC= PASSIVO NÃO CIRCULANTE PL= PATRIMÔNIO LÍQUIDO AT= ATIVO TOTALPC= PASSIVO CIRCULANTE LL= LUCRO LÍQUIDO AP= ATIVO PERMANENTE = (Investimento+ Imobilizado +Intangível) Q UA N TO M A IO R, M ELH O R Q UA N TO M A IO R, M ELH O R Q UA N TO M EN O R, M ELH O R VL/AT LL/VL LL/AT LL/PL médio Quanto a empresa obteve de lucro para cada $1,00 de capital próprio médio investido no exercício. Quanto a empresa obteve de lucro para cada $1,00 de investimento total. Quanto a empresa obteve de lucro para cada $1,00 de vendas líquidas. Quanto a empresa vendeu para cada $1,00 de investimento total. Indica quanto a empresa possui em ativos de curto e longo prazos para cada $1,00 de dívida total com terceiros. Indica quanto a empresa possui em ativos de curto prazo para cada $1,00 de dívida de curto prazo. Indica quanto a empresa possui em seus ativos mais líquidos disponível, aplicações financeiras e valores a receber de clientes - para cada $ de dívida no passivo circulante. Disponível/ PC AC- Estoques)/PC AC/PC LG = (AC+ARLP) /(PC+PNC) Voltar ao sum ário 20 ÍNDICE FÓRMULA O QUE INDICA ANÁLISE Análise da Estrutura de Capital Análise da Estrutura de Capital Análise da Rentabilidade Legendas Participação de Capitais de Terceiros (Endividamento) Quanto a empresa tomou de capitais de terceiros (PC+PNC) para cada $1,00 de capital próprio (PL).CT/PL PC/CT ANC/PL ANC/(PL + PNC) Quanto a empresa possui de dívidas de curto prazo (PC) para cada $1,00 de dívidas totais (PC + PNC). Quanto a empresa investiu em ativo não circulante para cada $1,00 de capital próprio (PL). Quanto a empresa investiu em ativo não circulante para cada $1,00 de recursos não correntes (PL + PNC). Composição do Endividamento Imobilização do Patrimônio Líquido Imobilização dos Recursos não Correntes Liquidez Geral Liquidez Corrente Liquidez Seca Liquidez Imediata Giro do Ativo Margem Líquida Rentabilidade do Ativo Rentabilidade do PL CT= CAPITAL DE TERCEIROS= PC + PNC VL= VENDAS LÍQUIDAS PNC= PASSIVO NÃO CIRCULANTE PL= PATRIMÔNIO LÍQUIDO AT= ATIVO TOTALPC= PASSIVO CIRCULANTE LL= LUCRO LÍQUIDO AP= ATIVO PERMANENTE = (Investimento+ Imobilizado +Intangível) Q UA N TO M A IO R, M ELH O R Q UA N TO M A IO R, M ELH O R Q UA N TO M EN O R, M ELH O R VL/AT LL/VL LL/AT LL/PL médio Quanto a empresa obteve de lucro para cada $1,00 de capital próprio médio investido no exercício. Quanto a empresa obteve de lucro para cada $1,00 de investimento total. Quanto a empresa obteve de lucro para cada $1,00 de vendas líquidas. Quanto a empresa vendeu para cada $1,00 de investimento total. Indica quanto a empresa possui em ativos de curto e longo prazos para cada $1,00 de dívida total com terceiros. Indica quanto a empresa possui em ativos de curto prazo para cada $1,00 de dívida de curto prazo. Indica quanto a empresa possui em seus ativos mais líquidos disponível, aplicações financeiras e valores a receber de clientes - para cada $ de dívida no passivo circulante. Disponível/ PC AC- Estoques)/PC AC/PC LG = (AC+ARLP) /(PC+PNC) Fonte: Matarazzo (2010), adaptado por NTE/Unifor. A partir da análise dos índices é que o usuário poderá ter conhecimento da situação financeira do negócio. A coleta e a organização das informações precisas são imprescindíveis para manter a empresa no mercado. PREVISÃO TÉCNICA x FUNDAMENTALISTA Enquanto a análise técnica foca o estudo da ação do mercado, a análise fundamentalista foca as forças econômicas da oferta e demanda que fazem os preços subir, descer ou se estabilizar. Para Murphy (2021), a abordagem fundamentalista analisa todos os fatores relevantes que afetam os preços no mercado a fim de determinar o valor intrínseco desse mercado. O valor intrínseco é o que o ponto de vista fundamentalista indica como sendo o verdadeiro valor de algo com base na lei da oferta e demanda. Se esse valor intrínseco for menor que o preço atual de mercado, este está sobrevalorizado, e deve ser vendido. Se o preço de mercado for menor que o valor intrínseco, então o mercado está subvalorizado, e deve ser comprado. Ambas as abordagens à previsão de mercado tentam resolver o mesmo problema, isto é, determinar a provável direção que os preços seguirão. Para Murphy (2021), elas apenas tratam a questão a partir de pontos de vista diferentes. Os fundamentalistas estudam a causa do movimento do mercado, enquanto os técnicos analisam o efeito. O técnico, naturalmente, acredita que o efeito é tudo o que ele precisa saber e que as razões, ou as causas, são desnecessárias. O fundamentalista sempre precisa saber o porquê. Voltar ao sum ário 21 Contabilidade e seu impacto na tomada de decisão2. Assaf Neto (2020) comenta que o processo decisório exerce uma forte influência no sucesso de toda empresa que vem assumindo complexidade e riscos cada vez maiores na economia. Desequilíbrios nas taxas de juros, desajustes de mercado, ausência de poupança de longo prazo, intervenções nas regras de mercado da economia, comportamento das taxas de inflação, desafios do crescimento da economia, entre outros aspectos, vêm exigindo uma capacidade mais questionadora e analítica das unidades decisórias. Ao considerarmos que processo decisório implica na seleção de alternativas que propiciem a continuidade de um negócio, podemos afirmar que a qualidade das decisões é influenciada pelas informações. As informações apresentadas nas Demonstrações Contábeis devem ser úteis para as tomadas de decisões por parte dos seus usuários. Os usuários das informações contábeis são as pessoas físicas e jurídicas que as utilizam para registrar e controlar a movimentação de seus patrimônios ou que, direta ou indiretamente, tenham interesse no controle, na apuração de resultados, na avaliação da situação patrimonial, econômica e financeira e na análise do desempenho (desenvolvimento) de uma ou mais entidades, como, por exemplo: empresário (empresas individuais), sócios e acionistas (empresa societárias), gerentes, administradores, governo, fornecedores, clientes, bancos, investidores etc. As Demonstrações Financeiras, também denominadas de Demonstrações Contábeis ou ainda de relatórios financeiros, sãoos produtos finais da contabilidade, podem ser elaboradas para cumprir exigências legais, que denominamos de demonstrações contábeis obrigatórias, ou podem ser elaboradas e apresentadas de maneira voluntária, com intuito de manter uma comunicação mais transparente da situação da entidade, que chamamos de demonstrações facultativas. Para entendermos os objetivos da análise das demonstrações contábeis, é necessário entender o que é a contabilidade bem como as suas limitações. A contabilidade deve ser entendida como um modelo de representação da situação econômico-financeira de uma entidade para atender a uma grande diversidade de usuários da informação contábil (MARTINS, 2020). Martins (2020) afirma que, no início, as informações contábeis eram destinadas a atender a necessidade de informação dos proprietários, que buscavam avaliar as variações de riqueza do negócio (patrimônio). No decorrer do tempo, as informações geradas pela contabilidade também passaram a ser utilizadas por credores, investidores do mercado acionário, fisco, dentre outros. Voltar ao sum ário 22 Aliás, o papel crucial do contador é o registro das operações. Ele capta, organiza e compila dados contábeis. “Sua matéria-prima são fatos de significado econômico-financeiro expressos em moeda. Seu produto final são as demonstrações financeiras” (MATARAZZO, 2010, p. 5). Já os analistas partem das informações disponíveis nas demonstrações contábeis para chegar a informações que suportem a tomada de decisões. Ou seja, eles fazem o caminho inverso para chegar aos fatos econômico-financeiros relevantes à vida da empresa. Qual o objetivo da análise das demonstrações contábeis? De forma ampla, é extrair informações das demonstrações contábeis para tomada de decisões. Mas a definição de quais informações a serem extraídas depende de qual usuário irá utilizá-las. Como se sabe, são muitos os usuários da Contabilidade: credores, acionistas (institucionais, como os fundos de investimentos, especuladores de mercado, poupadores etc.), fisco, sindicatos, clientes, concorrentes, entre outros, conforme demonstra a Figura 2. Figura 2 - Usuários das Demonstrações Contábeis divulgadas Demonstrações Contábeis Fornecedores e outros credores comerciais Credores por empréstimo Investidores Público Clientes Governo e suas agências Empregados Fonte: Martins (2020), adaptado por NTE/Unifor. O objetivo da análise depende do usuário, porque cada usuário demanda um tipo específico de informação. Os investidores estão interessados em informações sobre o risco inerente ao investimento, o retorno que ele produz e a capacidade de pagamento de dividendos; alguns com visão de curto prazo e outros de longo prazo. Os credores por empréstimos, os fornecedores e outros credores comerciais, por exemplo, estão interessados em informações sobre a capacidade da entidade de cumprir suas obrigações nos prazos estabelecidos, enquanto sindicados e empregados querem saber sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores, sobre a capacidade de pagamento dos salários, benefícios de aposentadoria e oportunidades de emprego. Já os clientes se preocupam Voltar ao sum ário 23 com a capacidade operacional da empresa de fornecimento de matéria-prima ou insumos; os fornecedores se preocupam com seus créditos, enquanto o Governo e suas agências estão interessados em informações sobre as atividades empresariais, para que possam estabelecer políticas fiscais, destinação de recursos etc. O público de maneira geral pode estar interessado em informações sobre a evolução do desempenho da entidade na sua cidade, na sua região, os desenvolvimentos recentes, entre outras coisas, conforme podemos observar na Figura 3. Figura 3 - Objetivo das demonstrações contábeis e as decisões O OBJETIVO É FORNECER INFORMAÇÕES ÚTEIS PARA TOMADAS DE DECISÃO, LIGADAS AO FORNECIMENTO DE RECURSOS PARA A ENTIDADE, PARA OS SEGUINTES USUÁRIOS Investidores existentes Investidores ponteciais Credores por empréstimos Outros credores ESSAS DECISÕES DEPENDEM DOS RETORNOS ESPERADOS EM TERMOS DE ENTRADAS DE FLUXOS DE CAIXA FUTUROS PARA A ENTIDADE Retorno esperado de dividendos Retorno esperando de principal e juros Retorno esperado de acréscimo no preço de mercado das ações da entidade Fonte: Almeida (2020), adaptado por NTE/Unifor. Na atualidade, os usuários das informações contábeis são inúmeros. Essa diversidade de usuário pode ser explicada levando em consideração a capacidade de a Contabilidade abstrair um conjunto de dados econômico-financeiros e mediante um modelo estabelecido emitir as informações sobre as variações ocorridas no patrimônio. Com isso, a Contabilidade pode ser entendida como a linguagem dos negócios. Por ser fomentadora dessas informações, há um interesse mútuo de outras áreas em atuar conjuntamente com a contabilidade para alcançar objetivos específicos, como já se vislumbra em áreas, como a ambiental, de sustentabilidade, macroeconômica no equilíbrio de contas entre as nações, entre outras. Essa amplitude demanda cada vez mais competência do analista que irá analisar as demonstrações contábeis desses empreendimentos. Voltar ao sum ário 24 VAMOS REFLETIR: ASSIMETRIA DE INFORMAÇÕES A assimetria de informações refere-se aos diferentes níveis de informações mantidas pelos agentes. A assimetria é identificada quando alguns agentes de uma transação possuem informações desconhecidas de outros agentes, evidenciando uma evidente vantagem na relação (ASSAF NETO, 2020). Rover e Murcia (2010, p. 3) discorrem que a assimetria de informação ocorre, pois “os usuários internos estão mais informados, uma vez que têm acesso privilegiado às informações da organização”. Por exemplo, um investidor de novas ações sabe menos sobre os projetos e a efetiva situação da companhia emissora que a administração interna. A reação esperada do mercado é reduzir o preço da ação, como uma estratégia defensiva dos investidores por não deterem todas as informações relevantes necessárias para a precificação do papel. Esse comportamento destrói valor de mercado da empresa. Para Schettino (2006), a assimetria informacional pode ser considerada uma falha que, além de alterar o resultado de determinadas operações, pode influenciar significativamente o funcionamento do mercado. Afinal, tal assimetria propicia a existência da postura oportunista de determinados agentes, o que acarreta o surgimento de um mercado imperfeito e com altos custos de transação (CARVALHO et al., 2010). A assimetria informacional provoca desconfianças que culminam no afastamento de investidores, na menor liquidez e na queda dos preços das ações (PATAH, 2012). O que ocorre é que, diante da referida assimetria, os investidores comumente “buscam uma proteção contra possíveis perdas resultantes de negociações com outros agentes mais bem informados, diminuindo o preço no qual estão dispostos a pagar por um título e/ou aumentando o preço exigido para vender seus títulos” (ROVER e MURCIA, 2010, p. 4). Tal postura origina uma diferença entre os preços de oferta e de procura, denominada bid-ask spread (também conhecida como spread de compra e venda). O spread de compra e venda é visto como um aspecto de liquidez de mercado, uma vez que as ações de empresas com baixo nível informacional tendem a ter menor liquidez e a ficarem mais onerosas. Isso ocorre, pois, diante do menor nível de divulgação, os investidores podem supor que enfrentarão proteção nos preços no futuro e tal desconfiança gera a redução dos preços que eles estariam dispostos a pagar pelos títulos. Esse fato reduz a possibilidade de negociação e, em consequência, a liquidez das ações (VERRECCHIA, 2001). Voltar ao sum ário 25 Objetivo das demonstrações contábeis Conforme Martins (2020), o objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa informação (reportingentity), que sejam úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. (CPC 00- R2 Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro) Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito. Para avaliar as perspectivas da entidade em termos de entrada de fluxos de caixa futuros, investidores existentes e em potencial, credores por empréstimo e outros credores necessitam de informação acerca de recursos da entidade (ativos), reivindicações (passivos) contra a entidade, e o quão eficiente e efetivamente a administração da entidade e seu conselho de administração têm cumprido com suas responsabilidades no uso dos recursos da entidade (CPC 00 - R2, 2019). Exemplos de referidas responsabilidades incluem a proteção de recursos da entidade de efeitos desfavoráveis advindos de fatos econômicos, como, por exemplo, mudanças de preço e de tecnologia, e a garantia de que a entidade tem cumprido as leis, com a regulação e com as disposições contratuais vigentes. Informações sobre a aprovação do cumprimento de suas responsabilidades são também úteis para decisões a serem tomadas por investidores existentes, credores por empréstimo e outros que tenham o direito de votar ou de outro modo exerçam influência nos atos praticados pela administração. (MARTINS, 2020) Para Almeida (2020), muitos investidores, credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial, não podem requerer que as entidades que reportam a informação prestem a eles diretamente as informações de que necessitam, devendo desse modo confiar nos relatórios contábil-financeiros de propósito geral (conjunto de demonstrações contábeis), para grande parte da informação contábil-financeira que buscam. Consequentemente, eles são os usuários primários para quem relatórios contábil-financeiros de propósito geral são direcionados (MARTINS, 2020). Entretanto, relatórios financeiros de propósito geral (conjunto de demonstrações contábeis) não atendem e não podem atender a todas as informações de que investidores, credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial, necessitam. Esses usuários precisam considerar informação pertinente de outras fontes, como, por exemplo, condições econômicas gerais e expectativas, eventos políticos e clima político, e perspectivas e panorama para a indústria e para a entidade. Voltar ao sum ário 26 Relatórios financeiros de propósito geral (conjunto de demonstrações contábeis) não são elaborados para se chegar ao valor da entidade que reporta a informação (em outras palavras, o patrimônio líquido apresentado no balanço patrimonial não será igual à quantidade de ações emitidas pela entidade e multiplicada pela valor de mercado da ação em bolsa de valores); a rigor, fornecem informação para auxiliar investidores, credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial, a estimarem o valor da entidade que reporta a informação. CARACTERISTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL FINANCEIRA ÚTIL Figura 4 - Características Qualitativas da informação contábil financeira útil de acordo com CPC 00 (R2). Fundamentais Relevância Valor preditivo Valor confirmatório Completa Neutra Livro de erro material Representação fidedigna Comparabilidade Tempestividade Compreensibilidade Capacidade de verificação De melhorias Caracteristicas qualitativas Fonte: Martins (2020), adaptado por NTE/Unifor. As características qualitativas de informações financeiras úteis identificam os tipos de informações que tendem a ser mais úteis a investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, para que tomem decisões sobre a entidade que reporta com base nas informações contidas em seu relatório financeiro (informações financeiras). Se informações financeiras devem ser úteis, elas devem ser relevantes e representar fidedignamente aquilo que pretendem representar. Características Qualitativas Fundamentais Segundo o CPC 00 (R2) (2019), as características qualitativas fundamentais são relevância e representação fidedigna. 1) Relevância Conforme CPC 00 (R2) (2019), as informações financeiras relevantes são capazes de fazer diferença nas decisões tomadas pelos usuários. Informações podem ser capazes de fazer diferença em uma decisão ainda que alguns usuários optem por não tirar vantagem delas ou já tenham conhecimento delas a partir de outras fontes. Voltar ao sum ário 27 As Informações financeiras são capazes de fazer diferença em decisões se tiverem valor preditivo ou valor confirmatório, ou ambos. Estas Informações financeiras têm valor preditivo se podem ser utilizadas como informações em processos empregados pelos usuários para prever resultados futuros. Informações financeiras não precisam ser previsões ou prognósticos para ter valor preditivo. Informações financeiras têm valor confirmatório se fornecem feedback sobre (confirmam ou alteram) avaliações anteriores. Os valores preditivo e confirmatório das informações financeiras estão inter-relacionados. Informações que possuem valor preditivo frequentemente possuem também valor confirmatório. 1.1) Materialidade Para o CPC 00 (R2) (2019), a informação é material se a sua omissão, distorção ou obscuridade puder influenciar, razoavelmente, as decisões que os principais usuários de relatórios financeiros para fins gerais tomam com base nesses relatórios, que fornecem informações financeiras sobre entidade específica que reporta. Em outras palavras, materialidade é um aspecto de relevância específico da entidade com base na natureza ou magnitude, ou ambas, dos itens aos quais as informações se referem no contexto do relatório financeiro da entidade individual. Consequentemente, não se pode especificar um limite quantitativo uniforme para materialidade ou predeterminar o que pode ser material em uma situação específica. 2) Representação Fidedigna Para serem úteis, informações financeiras não devem apenas representar fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência dos fenômenos que pretendem representar. Para ser representação perfeitamente fidedigna, a representação tem três características. Ela é completa, neutra e isenta de erros. Obviamente, a perfeição nunca ou raramente é atingida. O objetivo é maximizar essas qualidades tanto quanto possível. A representação completa inclui todas as informações necessárias para que o usuário compreenda os fenômenos que estão sendo representados, inclusive todas as descrições e explicações necessárias. Já a representação neutra não é tendenciosa na seleção ou na apresentação de informações financeiras. A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. O CPC 00 (R2) (2019) apresenta que a representação fidedigna não significa representação precisa em todos os aspectos. Livre de erros significa que não há erros ou omissões na descrição do fenômeno e que o processo utilizado para produzir as informações apresentadas foi selecionado e aplicado sem erros no processo. Voltar ao sum ário 28 Quando valores monetários em relatórios financeiros não puderem ser observados diretamente e, em vez disso, devem ser estimados, surge incerteza na mensuração. O uso de estimativas razoáveis é parte essencial da elaboração de informações financeiras e não prejudica a utilidade das informações se as estimativas são descritas e explicadas de forma clara e precisa. Mesmo um elevado nível de incerteza na mensuração não impede necessariamente essa estimativa de fornecer informações úteis. Características Qualitativas de Melhoria Segundo o CPC 00 (R2) (2019), comparabilidade, capacidade de verificação, tempestividade e compreensibilidade são características qualitativas que melhoram a utilidade de informações que sejamtanto relevantes como forneçam representação fidedigna do que pretendem representar. 1) Comparabilidade Segundo o CPC 00 (R2) (2019), comparabilidade é a característica qualitativa que permite aos usuários identificar e compreender similaridades e diferenças entre itens. Diferentemente das outras características qualitativas, a comparabilidade não se refere a um único item. A comparação exige, no mínimo, dois itens. 1.1) Consistência Para o CPC 00 (R2) (2019), a Consistência, embora relacionada à comparabilidade, não é a mesma coisa. Consistência refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, seja de período a período na entidade que reporta ou em um único período para diferentes entidades. Comparabilidade é a meta; a consistência ajuda a atingir essa meta. Comparabilidade não é uniformidade. Para que informações sejam comparáveis, coisas similares devem parecer similares e coisas diferentes devem parecer diferentes. A comparabilidade de informações financeiras não é aumentada fazendo-se que coisas diferentes pareçam similares, tanto quanto se fazendo que coisas similares pareçam diferentes. 2) Capacidade de Verificação A capacidade de verificação, de acordo com o CPC 00 (R2) (2019), ajuda a garantir aos usuários que as informações representem de forma fidedigna os fenômenos econômicos que pretendem representar. Capacidade de verificação significa que diferentes observadores bem informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não a acordo necessariamente completo, de que a representação específica é representação fidedigna. 3) Tempestividade Para o CPC 00 (R2) (2019), tempestividade significa disponibilizar informações aos tomadores de decisão a tempo para que sejam capazes de influenciar suas decisões. De modo geral, quanto mais antiga a informação, menos útil ela é. Contudo, algumas informações podem continuar a ser tempestivas por muito tempo após o final do período de relatório porque, por exemplo, alguns usuários podem precisar identificar e avaliar tendências. Voltar ao sum ário 29 4) Compreensibilidade Segundo o CPC 00 (R2) (2019), a compreensibilidade trata-se de uma característica que permite ao usuário da informação classificar, caracterizar e apresentar informações de modo claro e conciso, a fim de torná-las compreensíveis. Normas Internacionais de padronização das demonstrações financeiras3. A contabilidade desempenha papel relevante para a atenuação da assimetria informacional. Com o processo de convergência que culminou na adoção das IFRS, a possibilidade de mitigação da assimetria de informação ficou ainda maior, uma vez que tal padrão de contabilidade exige informações mais claras e compreensíveis que auxiliem os usuários em suas tomadas de decisões. (GELBCKE et al., 2018) No Brasil, o CPC foi criado com o intuito de emitir pronunciamentos convergentes com as IFRS e, em 2010, as empresas brasileiras passaram a seguir o padrão internacional de contabilidade. Com a elaboração de relatórios de acordo com as IFRS, há uma melhoria na evidenciação de informações relevantes tanto para os acionistas majoritários quanto para os minoritários. Dessa forma, a adoção das IFRS e a consequente redução da assimetria informacional são fatores importantes para o desenvolvimento do mercado de capitais. Apesar dos obstáculos ainda existentes ao processo de convergência num cenário mundial, percebe-se que o padrão internacional exige a apresentação de informações mais completas, o que pode contribuir para que os usuários das demonstrações financeiras consigam ter maior acesso a informações relevantes, confiáveis e comparáveis. Ademais, o aumento da qualidade dos relatórios contábeis e a melhor e maior divulgação das informações são mudanças trazidas pelas IFRS para vários países que contribuem para a mitigação da assimetria informacional e para o aumento da liquidez das ações (GELBCKE et al., 2018). NORMAS INTERNACIONAIS DE PADRONIZAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS As normas internacionais de contabilidade, que servem de base para elaboração das demonstrações contábeis, são emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board – Conselho de Normas Contábeis Internacionais). Essas normas são denominadas IFRS (International Financial Reporting Standard – Normas Internacionais de Relatório Voltar ao sum ário 30 Financeiro) e de IAS (International Accounting Standard – Normas Internacionais de Contabilidade) (ALMEIDA, 2020). No Brasil, essas normas internacionais de contabilidade são estudadas e emitidas em português pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). PROCESSO FORMAL DO IASB A seguir, são apresentados os conceitos e os principais desdobramentos da adequação da contabilidade brasileira às normas internacionais: Normas de contabilidade: • A metodologia aplicada pela contabilidade é baseada no conceito de partidas dobradas e nas normas de contabilidade. • As normas de contabilidade especificam os critérios de reconhecimento, avaliação e desreconhecimento de bens, direitos a receber, dívidas, receitas e despesas. • As normas de contabilidade são emitidas pelo IASB em nível internacional e pelo CPC no Brasil. • As normas de contabilidade emitidas pelo CPC são as mesmas normas contábeis emitidas pelo IASB, denominadas IFRS, traduzidas para o português. • As normas contábeis emitidas pelo CPC são referendadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e pelos órgãos reguladores (por exemplo, Comissão de Valores Mobiliários), que tornam essas normas contábeis praticamente obrigatórias para todas as entidades no Brasil. Histórico do IASB: • O International Accounting Standards Committee (IASC) foi estabelecido em 1973. • O IASC emitiu normas de contabilidade denominadas IAS. Em 2001, o IASC cessou de existir e um novo órgão foi formado (IASB). O IASB adotou as normas contábeis IAS emitidas pelo IASC. • O IASB passou a emitir normas contábeis denominadas IFRS. • Segundo Almeida (2020), atualmente, mais de 120 países adotam as normas contábeis IFRS. • Processo de emissão de norma de contabilidade: • O IASB decide emitir uma nova norma contábil, por exemplo, Reconhecimento de Receita. • O IASB prepara uma minuta da norma contábil. • A minuta da norma contábil é submetida a audiência pública. • O IASB recebe da audiência pública críticas, sugestões, comentários etc. • O IASB faz reuniões para discussão da minuta da norma contábil com usuários e com preparadores das DCs. Voltar ao sum ário 31 O IASB segue um processo formal aberto e rigoroso. Todas as reuniões do IASB e de seus grupos de trabalho formal são públicas (GELBCKE et al., 2018). Aprovação de uma Norma com a obtenção de, no mínimo, nove votos (10 votos a partir do momento em que houver 16 membros) do IASB e incluir na norma publicada as opiniões divergentes. Os pronunciamentos e publicações do IASB podem ser acessados no site do IASB (www.ifrs.org). As Normas do IASB (incluindo orientações de aplicação obrigatória, mas não diretrizes de implementação ou bases para conclusões) estão disponíveis em seu site para download. Alguns motivos para adoção das IFRS apresentados por Almeida (2020): Convergências para as normas contábeis internacionais, com número significativo de países adotando IFRS. • Necessidade de mais transparência e alto grau de comparabilidade dos relatórios contábeis, consistentes com as normas contábeis internacionais, de forma a atender aos interesses dos usuários das DC. • Globalização dos mercados de capitais, resultando em aumento da competição por recursos de investidores. • Investidores estrangeiros necessitam de informações financeiras de entidades locais para tomada de decisões em bases comparáveis com seus competidores globais. • Necessidade do mercado de capitais de acompanhar o movimento internacional de unificação de padrões contábeis. • Relatórios contábeis em IFRS poderão reduzir o risco do investidor e o custo de captação de recursos paraas entidades locais. ADOÇÃO DAS IFRS NO BRASIL Como parte do processo de harmonização com as Normas Internacionais de Contabilidade iniciado em 2008 e regulamentação das práticas contábeis alteradas a partir da edição das Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09 (conversão em lei da Medida Provisória nº 449/08), conforme evidencia a figura 5 (ALMEIDA, 2020). (i) em 2008, 14 pronunciamentos, 1 norma sobre a estrutura conceitual básica e 1 orientação técnica foram editados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), e aprovados por Deliberações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e Resoluções do CFC (Conselho Federal de Contabilidade); Voltar ao sum ário 32 (ii) em 2009, o CPC editou mais 27 pronunciamentos, 2 orientações técnicas e 12 interpretações técnicas, que foram aprovados por Deliberações da CVM e Resoluções do CFC; (iii) foi editado também o CPC PME, contendo as práticas contábeis que podem ser optadas por entidades consideradas como de pequeno e médio portes, desde que não sejam companhias abertas (entidades com ações negociadas em bolsa de valores), emitentes de títulos de dívida negociados no mercado e que não sejam sociedades de grande porte, de acordo com a definição contida na Lei nº 11.638/07; (iv) em 2010, o CPC editou 1 novo pronunciamento, diversas revisões em pronunciamentos emitidos, 2 orientações técnicas e 4 interpretações técnicas. (ALMEIDA, 2020) Figura 5 - Evolução das Normas Contábeis no Brasil Regulamentação fiscal das normas IRFS Mudanças contábeis (alterar a Lei nº 6.404/76) Projeto de Lei nº3.741/2000 Convertida na Lei nº11.638/2007 Lei nº11.941/2009 Lei nº12.973/2014 Mudanças contábeis (alterar a Lei nº 6.404/76) e fiscais 2008 - 1ª etapa da adoção das IRFS no Brasil 2010 - 2ª etapa da adoção das IRFS no Brasil Fonte: Almeida (2020), adaptado por NTE/Unifor. Conforme aprovação pela CVM e CFC, (i) os pronunciamentos editados em 2008 (com exceção do CPC 11 que trata de contratos de seguros e aplicável para seguradoras, que não derivou de uma mudança específica de prática contábil introduzida pela Lei nº 11.638/07 e, portanto, entrou em vigor a partir de janeiro de 2010), por endereçarem assuntos que já constavam das alterações introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e MP nº 449/08 (posteriormente convertida na Lei nº 11.941/09), que estavam em vigor em 2008, Voltar ao sum ário 33 tiveram que ser aplicados no próprio exercício de 2008; (ii) os pronunciamentos contábeis editados em 2009 são de aplicação obrigatória a partir de 1º de janeiro de 2010; (iii) o novo pronunciamento contábil, as orientações técnicas e as interpretações técnicas, editados em 2010, são de aplicação obrigatória para os exercícios encerrados a partir de dezembro de 2010 (ALMEIDA, 2020). Para as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil – BC, com exceção dos CPC 00, 01, 03, 05, 10, 23, 24 e 25, que foram aprovados por meio de Resoluções do Conselho Monetário Nacional, os demais CPC ainda não foram aprovados pelo BC e, portanto, ainda não são aplicáveis na escrituração mercantil das entidades reguladas pelo BC. Embora os impactos nos livros estatutários tenham sido limitados pelos CPC 00, 01, 03, 05, 10, 23, 24 e 25 aprovados pelo BC, o Banco Central, por meio da Resolução nº 3.786/09, requer que as instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, constituídas sob a forma de companhia aberta ou que sejam obrigadas a constituir comitê de auditoria nos termos da regulamentação em vigor, bem como a instituição constituída sob a forma de companhia fechada, líder de conglomerado integrado por instituição constituída sob a forma de companhia aberta, a elaboração e a divulgação anual de demonstrações contábeis consolidadas com base no padrão contábil internacional emitido pelo IASB, traduzidos para a língua portuguesa por entidade brasileira credenciada pela Fundação IASC. As instituições financeiras também devem observar outras regulamentações relacionadas (Circular nº 3.472/09 e Carta-circular nº 3.435/10). Outro passo importante com relação ao processo de adoção das IFRS no Brasil refere- se à assinatura do Memorando de Entendimento entre o IASB, o CFC e o CPC (janeiro de 2010), no qual se assegura que o CPC continuará a emitir as normas brasileiras de contabilidade com base nas normas emitidas pelo IASB (SILVA, 2018). COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC) O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA; APIMEC NACIONAL; BRASIL, BOLSA BALCÃO (B3); CFC; FIPECAFI e IBRACON. Em função das necessidades de: • Convergência internacional das normas contábeis (redução de custos de elaboração de relatórios contábeis, redução de custos e de riscos nas análises e decisões, redução de custos de capital etc.). • Centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil diversas entidades o faziam). Voltar ao sum ário 34 • Representação e processo democrático na produção dessas informações (produtores das informações contábeis, auditores, usuários, intermediários, academia, governo etc.). Criado pela Resolução nº 1.055/05 do CFC, o CPC tem por objetivo “o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedimentos contábeis e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pelas entidades reguladoras brasileiras, visando à centralização e à uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais”. O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas, deliberando por 2/3 dos seus membros. O CFC fornece a estrutura necessária. Outras entidades poderão vir a ser convidadas futuramente para participarem do CPC. Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria contadores, não auferem remuneração. Além dos 12 membros atuais, serão sempre convidados a participar representantes dos seguintes órgãos: Banco Central do Brasil; CVM; Secretaria da Receita Federal e Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Os produtos do CPC são: pronunciamentos técnicos; orientações técnicas e interpretações técnicas. Os pronunciamentos técnicos serão obrigatoriamente submetidos a audiência pública. As orientações técnicas e as interpretações técnicas também poderão ser submetidas a esse processo. No Brasil, em dezembro de 2009, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) aprovou o Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, sendo o equivalente da IFRS para PMEs (IASB). O CPC PME foi homologado pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade – CFC nº 1.255/09, a qual entrou em vigor nos exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2010 (SILVA, 2017). Embora o CPC PME seja um grande avanço e facilitador da adoção das normas internacionais pelas PMEs brasileiras, o pequeno e médio empresário deve considerar sempre a adoção do conjunto completo de normas do CPC, quando seus planos de curto e médio prazos indicarem desenquadramento como PME, bem como existir a possibilidade de abertura de capital (ALMEIDA, 2020). Voltar ao sum ário 35 CONJUNTO DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DE ACORDO COM O IAS Segundo Almeida (2020), o conjunto de demonstrações contábeis em conformidade com o IAS 1 é composto por: • balanço patrimonial ao final do período; • demonstração do resultado do período; • demonstração do resultado abrangente do período; • demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; • demonstração dos fluxos de caixa do período; e • notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas. Adicionalmente, consta no CPC 26(R1).10(g) (Apresentação das Demonstrações Contábeis) como fazendo parte do conjunto de demonstrações contábeis: “(g) demonstração do valor adicionado do período,conforme Pronunciamento Técnico CPC 09, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente” (ALMEIDA, 2020). Figura 6 - Demonstrações Contábeis de Finalidade Geral Demonstrações contábeis DMPL BP DRE DRA DFC NE DVA Fonte: Almeida (2020), com base no CPC 26 (R1), adaptado por NTE/Unifor. A demonstração do valor adicionado, que não faz parte do conjunto de demonstrações contábeis, de acordo com as normas do IFRS, está prevista no item V do art. 176 da Lei nº 6.404/76, e é exigida somente para as companhias abertas. Voltar ao sum ário 36 Estrutura das demonstrações financeiras obrigatórias segundo Normas Brasileiras de Contabilidade4. Conforme estabelece CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro (2019), as Demonstrações Contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. As Demonstrações Contábeis objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. As Demonstrações Contábeis têm por finalidade evidenciar a posição financeira, o desempenho, o fluxo de caixa, as variações que ocorrem no Patrimônio Líquido, além da origem e da distribuição da riqueza gerada pela entidade em um determinado período. Antes de identificarmos as demonstrações, é necessário entender os procedimentos que devem ser considerados Reconhecimento de Elementos das Demonstrações Contábeis. Reconhecimento de Elementos das Demonstrações Contábeis Somente itens que atendem à definição de ativo, passivo ou patrimônio líquido devem ser reconhecidos no balanço patrimonial. De forma similar, somente itens que atendem à definição de receitas ou despesas devem ser reconhecidos na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente. Conforme destacado CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro (2019), se não houver a provável realização de benefício econômico futuro, ou se ele não puder ser confiavelmente mensurado, não há como reconhecer ativos e receitas. Também há a obrigatoriedade de serem prováveis as entregas de ativos para o reconhecimento dos passivos e das despesas. É necessária sempre a presença de um custo ou de um valor confiáveis. Um ativo deve ser reconhecido quando for provável que benefícios econômicos futuros dele provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser mensurado com confiabilidade. Podemos observar também quatro possibilidades de geração de benefícios futuros de um ativo: usado isoladamente ou em conjunto com outros ativos; trocado por outros ativos; usado para liquidar um passivo e distribuído aos proprietários. Continuando a nossa análise, mas levando agora em consideração que o passivo deve ser reconhecido quando for provável que uma saída de recursos detentores de benefícios econômicos seja exigida em liquidação de obrigação presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará puder ser mensurado com confiabilidade. (CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, 2019). As cinco possíveis situações para liquidação (desreconhecimento) de um passivo: pagamento em caixa; transferência por outros ativos; prestação de serviços; substituição de obrigação por outra; e conversão da obrigação em item do patrimônio líquido. (CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, 2019. Voltar ao sum ário 37 Após compreender o reconhecimento dos elementos patrimoniais, vamos entender quando devem ser reconhecidos os elementos de resultado, conforme CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro (2019): Uma receita deve ser reconhecida quando resultar em aumento nos benefícios econômicos futuros relacionados com aumento de ativo ou com diminuição de passivo e puder ser mensurada com confiabilidade. Já a despesa deve ser reconhecida quando resultar em decréscimo nos benefícios econômicos futuros relacionados com o decréscimo de um ativo ou o aumento de um passivo e puder ser mensurada com confiabilidade. De acordo com Silva (2019), cada Demonstração Contábil ou relatório financeiro evidencia informações que se complementam para conhecer uma entidade: • A posição financeira é evidenciada por meio do Balanço Patrimonial; • O desempenho da entidade é evidenciado por meio da Demonstração do Resultado do Exercício (ou Demonstração do Resultado do Período) e da Demonstração do Resultado Abrangente do Período. Os fluxos de caixa são evidenciados por meio da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); • As variações ocorridas no Patrimônio Líquido são demonstradas por meio da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); • E riqueza gerada e distribuída pela entidade é evidenciada por meio da demonstração do Valor Adicionado (DVA). Com base na Figura 7, podemos identificar as demonstrações financeiras e suas principais informações. Figura 7 - Demonstrações Financeiras e suas principais informações. Demonstração das mutações do patrimônio líquido do exercício, demonstração dos fluxos de caixa do exercício e notas • Fluxos de caixa. • Contribuições dos acionistas e distribuições aos acionistas. • Informações sobre natureza e riscos reconhecidos e não reconhecidos de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas. • Premissas e julgamentos utilizados nas estimativas dos valores apresentados e mudanças de premissas e julgamentos. DRE e demonstração do resultado abrangente do exercício. BP Receitas e despesas Ativos, passivos e patrimônio líquido Fonte: Almeida (2020), adaptado por NTE/Unifor. Voltar ao sum ário 38 Dentre as principais normas brasileiras que disciplinam a publicação de Demonstrações Contábeis, podemos destacar a Lei nº 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas - LSA), CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, CPC 26 (R2) – Apresentação das Demonstrações Contábeis, CPC PME (R1) – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, A Lei nº 6.404/1976, com a edição da Lei nº 11.638/2007 e da Lei nº 11.941/2009 (Medida Provisória nº 449/2008), sofreu profundas modificações nos artigos que dispõem quanto à forma de contabilização e evidenciação dos fatos contábeis das sociedades anônimas e das sociedades de grande porte, e na estrutura das demonstrações contábeis, fazendo- as convergir para os padrões internacionais de contabilidade (SILVA, 2019). Na busca da Convergência às Normas Internacionais de Contabilidade, também foi estabelecida uma nova Estrutura Conceitual Básica para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis (Conceptual framework), a qual está atualmente regulamentada pela Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro - CPC 00 (R2), é um instrumento que serve de base para a elaboração das demonstrações contábeis e dos demais pronunciamentos técnicos, portanto entendê-la é fundamental: todas as normas e as próprias demonstrações precisam basear-se nela. Além disso, auxilia os usuários das demonstrações contábeis a interpretarem suas informações. Esta estrutura passou por sua primeira revisão em 2011 e uma segunda revisão em 2019. Atualmente denominada CPC 00 (R2) - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, o CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis, trata das regras gerais para a elaboração das demonstrações contábeis, O CPC PME (R1) – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas (com Glossário de Termos), que tem por base o IFRS for SMES. Almeida (2020) afirma que muitas entidades apresentam, fora das Demonstrações Contábeis, relatório da administração com comentários que descrevem e explicam as características principais do desempenho e da posição financeira e patrimonial da entidade e as principais incertezas às quais está sujeita, bem como relatórios ambientais e sociais. Esses relatórios apresentados fora das Demonstrações Contábeis não estão no âmbito dos pronunciamentos contábeis
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