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577TÓPICO 4 | LENTES ESFÉRICAS 13. Associação de lentes – Teorema das Vergências Nos equipamentos ópticos modernos com maior grau de sofisticação, são comuns as associações de lentes. Em geral, uma lente esférica, por si só, apre- senta problemas como o das aberrações cromáticas, que consiste no fato de a lente ter distâncias focais diferentes para as diferentes cores. Ao incidir parale- lamente ao eixo principal, um pincel elementar de luz branca refrata-se sofrendo dispersão, e cada cor experimenta um desvio diferente. Associando as lentes adequadamente, consegue-se uma minimização considerável desse e de outros inconvenientes. Um sistema de lentes associadas como o que está representado no esquema ao lado é uma associação por justaposição. Nesse caso, as lentes apresentam eixo principal comum e estão dispostas lado a lado, praticamente encostadas uma na outra. Considere a figura ao lado, em que estão represen- tadas duas lentes convergentes delgadas, L1 e L2, asso- ciadas por justaposição. Seja O o centro óptico comum às lentes (de espessura desprezível e encostadas uma na outra) e P um ponto luminoso situado sobre o eixo do sistema. A lente L1 conjuga a P a imagem real P1, que se comporta como objeto virtual em relação a L2. Final- mente, L2 conjuga a P1 a imagem real P2, que constitui a imagem final que a associação fornece a P. É possível imaginar uma lente L que, colocada na mesma posição de L1 e L2, conjugue a P uma imagem com as mesmas características de P2. Dizemos, então, que essa lente única que substitui a associação é a lente equivalente. Calculemos a abscissa focal (e a vergência) da lente equivalente em função das abscissas focais (e das vergências) das lentes compo- nentes da associação. Para isso, vamos adotar em nossas considerações a se- guinte simbologia: • f1 e V 1: abscissa focal e vergência da lente L1; • f2 e V 2: abscissa focal e vergência da lente L2; • f e V: abscissa focal e vergência da lente equivalente. Aplicando a função dos pontos conjugados à lente L1, tem-se: 1 f 1 p 1 p'1 1 5 1 (I) Aplicando a função dos pontos conjugados à lente L2, tem-se: 1 f 1 p' 1 p'2 1 2 52 1 (II) Somando as equações (I) e (II), segue que: 1 f 1 f 1 p 1 p'1 2 2 1 5 1 (III) Aplicando a função dos pontos conjugados à lente equivalente L, chega-se a: 1 f 1 p 1 p'2 5 1 (IV) eixo principal V 1 V 2 V 3 V 4 L1 L2 p 2 ' p 1 ' p P 2 P 1 P O L p 2 'p P 2 P O B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra 2CONECTEFiS_MERC18Sa_U3_Top4_p545a591.indd 577 7/7/18 2:32 PM 578 UNIDADE 3 | ÓPTICA GEOMÉTRICA Comparando (III) e (IV), obtém-se: Em termos de vergências V 1 f 5 , é também correto que: 1 f 1 f 1 f1 2 5 1 A conclusão a que chegamos é conhecida por Teorema das Vergências, sendo extensiva ao cálculo da vergência equivalente da associação de duas ou mais lentes justapostas. As lentes envolvidas podem ser convergentes ou divergentes, e, nos cálculos, deve-se observar os sinais algébricos de suas abscissas focais (e vergências). Para n lentes que constituem uma associação delgada (espessura desprezível) por justaposição, podemos escrever que: V 5 V1 1 V2 V 5 V1 1 V2 1 ... 1 Vn 1 f 1 f 1 f ... 1 f1 2 n 5 1 1 1 ou Nível 1Exercícios 47. Considere uma lente plano-convexa de vidro imersa no ar, em que o raio de curvatura da face convexa vale 25 cm. Se o índice de refra- ção do vidro vale 1,5, calcule a distância focal e a vergência da lente. Resolução: Trata-se de uma aplicação direta da Equação dos Fabricantes de Lentes: 1 f n n 1 1 R 1 R L m 1 2 5 2 2 No caso, nL 5 1,5, nm 5 1,0 e R1 5 125 cm (na face convexa, R . 0). O raio de curvatura R2 tende ao infinito, já que a face correspondente a ele é plana. Por isso, o termo 1 R2 tende a zero, conduzindo-nos a: 1 f 1,5 1,0 1 1 25 05 2 1 1 f 0,50 1 25 5 ? [ f 5 50 cm 5 0,50 m E.R. A vergência é dada pelo inverso da distância focal. V 1 f 5 ⇒ V 1 0,50 5 [ V 5 2,0 di A lente é convergente, já que f . 0 e V . 0. 48. Uma lente delgada biconvexa de raios de curva- tura iguais a 50 cm, feita de material de índice de refração 1,5, está imersa no ar (índice de refração igual a 1,0). A que distância da lente deve-se co- locar um objeto real para que sua imagem se forme no infinito? 49. Uma lente esférica de vidro (nv 5 1,5) tem uma face plana e a outra côncava, com raio de curva- tura de 1,0 m. Sabendo que a lente está imersa no ar (nar 5 1,0), determine: a) a abscissa focal da lente; b) sua vergência; c) seu comportamento óptico (convergente ou divergente). 2CONECTEFiS_MERC18Sa_U3_Top4_p545a591.indd 578 7/7/18 2:32 PM 579TÓPICO 4 | LENTES ESFÉRICAS Exercícios Nível 2 53. Uma lente esférica de vidro, envolvida pelo ar, tem raios de curvatura iguais. Sabendo que o índice de refração do vidro em relação ao ar vale 3 2 e que a convergência da lente é de 15 di: a) calcule o raio de curvatura comum às faces da lente; b) classifique a lente como biconvexa ou bicôncava. 54. (Unifesp) Um estudante observa uma gota de água em repouso sobre sua régua de acrílico, como ilustrado na figura. gota 5,0 mm régua B a n c o d e i m a g e n s / A rq u iv o d a e d it o ra R e p ro d u ç ã o / A rq u iv o d a e d it o ra 50. Uma lente plano-convexa de vidro em operação no ar apresenta distância focal f1 quando o raio de curvatura de sua face esférica tem medida R1. Desgastando-se essa lente, faz-se com que o raio de curvatura da face esférica adquira a medida R2, conforme indica a figura a seguir. Sendo f2 a distância focal da lente depois do desgas- te, é correto afirmar que: a) f2 5 1 2 f1. b) f2 5 f1. c) f2 5 2f1. d) f2 5 3f1. e) o valor de f2 está indeterminado, já que não é conhecida a relação entre R2 e R1. 51. São justapostas três lentes delgadas A, B e C com vergências VA 5 14 di, VB 5 23 di e VC 5 11 di. a) Qual é a vergência e qual a distância focal do sistema resultante? b) O comportamento óptico do sistema resul- tante é convergente ou divergente? Resolução: a) A vergência equivalente a uma associação delgada de lentes justapostas é calculada por: V 5 V1 1 V2 1 ... 1 Vn E.R. No caso: V 5 VA 1 VB 1 VC Substituindo os valores de VA, VB e VC, se- gue que: V 5 14 di 2 3 di 1 1 di ⇒ V 5 12 di Sendo V 5 1 f , calculamos f, que é a distân- cia focal equivalente à associação: V 1 f 5 ⇒ f 1 V 1 2 di 0,5 m5 5 1 5 f 5 0,5 m 5 50 cm b) Como a vergência do sistema resultante é positiva (V 5 12 di), ele tem comportamen- to convergente. 52. Admita que um náufrago tenha conseguido chegar a uma ilha deserta levando consigo apenas um conjunto de duas lentes justapostas, uma delas com vergência V1 5 13,0 di e a outra com vergên- cia V2 5 21,0 di. Para acender uma fogueira con- centrando raios solares, ele utilizará o Sol do meio- -dia, dispondo as lentes paralelamente ao solo, onde fez um amontoado de gravetos e folhas secas. Para obter fogo no menor intervalo de tempo pos- sível, o náufrago deverá colocar as lentes a uma distância dos gravetos e folhas secas igual a: a) 2,0 m. b) 1,5 m. c) 1,0 m. d) 0,50 m. e) 0,25 m. R 2 R 1 Curioso, percebe que, ao olhar para o caderno de anotações através dessa gota, as letras au- mentam ou diminuem de tamanho conforme afasta ou aproxima a régua do caderno. Fazendo alguns testes e algumas considerações, ele per- cebe que a gota de água pode ser utilizada como uma lente e que os efeitos ópticos do acrílico podem ser desprezados. Se a gota tem raio de curvatura de 2,5 mm e índice de refração 1,35 em relação ao ar: a) Calcule a convergência C dessa lente. b) Suponha que o estudante queira obter um au- mento de 50 vezes para uma imagem direita, utilizandoessa gota. A que distância d da len- te deve-se colocar o objeto? 2CONECTEFiS_MERC18Sa_U3_Top4_p545a591.indd 579 7/7/18 2:33 PM