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580 UNIDADE 3 | ÓPTICA GEOMÉTRICA 55. Uma lente esférica, simétrica, biconvexa e de vi- dro (índice de refração absoluto do vidro igual a n) com faces de raios de curvatura iniciais iguais a R0 5 50,0 cm será esmerilhada por um fabri- cante de lentes, porém, de modo a manter suas faces sempre esféricas, convexas e simétricas, com raios de curvatura cada vez maiores. No grá- fico abaixo, pode-se observar a variação da dis- tância focal f da lente, em operação no ar (nar 5 1), em função do raio de curvatura R de suas faces em cada instante do processo. R (cm) f (cm) 0 50,0 50,0 Com base nessas informações, responda: a) Qual o valor de n? b) Como será o gráfico da vergência V da lente, em dioptrias, em função de R? 56. Um feixe de luz monocromática de raios pa- ralelos incide paralelamente ao eixo principal de uma lente esférica delgada biconvexa fei- ta de vidro com índice de refração absoluto nV 5 2,0. Com essa lente imersa no ar (índice de refração absoluto nAr 5 1,0), os raios lu- minosos refratados convergem em um ponto a uma distância dA do centro óptico. Se a lente for mergulhada em um líquido com índice de refração absoluto nL 5 1,5, porém, os mes- mos raios luminosos incidentes convergem em um ponto do eixo principal a uma distância dL do centro óptico. Com base nessas infor- mações, responda: a) Qual o valor da relação d d A L ? b) Do ar para o líquido, a vergência (“grau”) da lente aumenta ou diminui? Resolução: a) Pela equação de Halley, temos: 1 f n n 1 1 R 1 R lente meio 1 2 5 2 1 No líquido e no ar, o feixe luminoso refratado através da lente converge para o seu foco principal imagem, conforme a figura a seguir: E.R. B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra lente foco d 5 f Lente imersa no ar: 1 d 2 1 1 K A 5 2 ? ⇒ 1 d K A 5 Da qual: d 1 KA 5 (I) Em que K é uma constante associada aos raios de curvatura das faces da lente. Lente imersa no líquido: 1 d 2 3 2 1 K L 5 2 ? ⇒ 1 d K 3L 5 Da qual: d 3 KL 5 (II) De (I) e (II), temos: d d 1 K 3 K A L 5 [ d d 1 3 A L 5 b) Lembrando que as distâncias focais da lente no ar e no líquido valem respectivamente dA e dL, as correspondentes vergências nesses dois meios ficam determinadas por: V 1 d e V 1 dA A L L 5 5 Com dL 5 3dA, conclui-se que V V 3L A 5 , o que significa que do ar para o líquido a ver- gência da lente diminui (reduz-se o “grau”) e esta se torna mais “fraca”. 57. Um estudante possui uma lente côncavo-convexa de vidro n 3 2 v 5 , cujas faces têm raios de cur- vatura 10 cm e 5,0 cm. Sabendo que a lente é utilizada no ar (nar 5 1) e posteriormente na água n 4 3 a 5 , responda: a) Do ar para a água os planos focais aproximam-se ou afastam-se do centro óptico? b) Qual é a variação da distância focal da lente? B a n c o d e i m a g e n s / A rq u iv o d a e d it o ra 2CONECTEFiS_MERC18Sa_U3_Top4_p545a591.indd 580 7/7/18 2:33 PM 581TÓPICO 4 | LENTES ESFÉRICAS 58. (UFTM-MG) Em um laboratório, uma lente pla- no-convexa de raio de curvatura 0,5 m é parcial- mente mergulhada em água, de modo que o eixo principal fique no mesmo plano da superfície de separação entre a água e o ar. Um feixe de luz, incidindo paralelamente a esse eixo, após passar pela lente, converge para dois focos distintos (Far e Fágua). Na região em que a lente está imersa no ar, a convergência é de 1 di. ar água F água Far luz incidente Se o índice de refração do ar tem valor 1 e o índi- ce de refração da água, valor 4/3, a convergência da parte da lente mergulhada no líquido é, em di: a) 1 4 b) 3 5 c) 2 3 d) 3 4 e) 4 5 59. Nicolas é um curioso estudante de Óptica Geomé- trica que dispõe de duas lupas iguais (lentes bicon- vexas de vidro que obedecem às condições de Gauss). Posicionando um pequeno objeto luminoso a 10 cm de uma das lupas, ele nota uma imagem direita e ampliada, com duas vezes as dimensões do objeto. Em seguida, ele justapõe as duas lupas, mantendo o objeto na mesma posição, a 10 cm da associação. Nesse caso, ele observará uma imagem a) direita e ampliada. b) invertida e ampliada. c) direita e reduzida. d) invertida e reduzida. e) imprópria (indefinida). Teoria da Relatividade Geral Em 1916, Einstein publicou sua Teoria da Relatividade Geral. Entre outros temas, ele tratou das deformações que uma grande massa provoca no cha- mado espaço-tempo. É como se uma superfície horizontal de borracha, presa pelas bordas, recebesse um corpo pesado em sua região central. Isso provo- caria uma vala análoga à deformação no espaço-tempo proposta pelo cientista. Uma pequena esfera que passasse com baixa velocidade perto dessa vala seria “atraída” para a parte mais funda dela, como se a vala fosse uma espé- cie de sorvedouro. Esse foi o fundamento da explicação de Einstein para a gravitação dos planetas em torno do Sol ou a da Lua em torno da Terra. Albert Einstein (1879-1955). Ampliando o olhar B a n c o d e i m a g e n s / A rq u iv o d a e d it o ra R e p ro d u ç ã o /A rq u iv o d a e d it o ra 60. Um objeto luminoso de altura igual a 15 cm é colocado perpendicularmente ao eixo óptico de uma lente esférica convergente que obedece às condições de Gauss. Sabendo que a imagem obtida tem altura igual a 3,0 cm e está a 30 cm do objeto, determine a vergência da lente. 61. (Vunesp) Suponha que você tenha em mãos duas lentes de mesmo diâmetro e confeccionadas com o mesmo tipo de vidro, mas uma plano-convexa (convergente) e outra plano-côncava (divergente). Como proceder para verificar, sem auxílio de ins- trumentos de medição, se a convergência de uma é igual, em módulo, à divergência da outra? 62. Um raio de luz monocromática R incide paralela- mente ao eixo principal de um sistema óptico composto de duas lentes convergentes, L1 e L2, produzindo um raio emergente R', conforme ilus- tra a figura a seguir. A vergência da lente L2 é igual a 4,0 di. L 1 L 2 25 cm 50 cm 20 cm R eixo principal R' Determine: a) a distância focal da lente L1; b) a distância entre as lentes. 63. (Unisa-SP) Um objeto luminoso é colocado a 60 cm de uma lente convergente de 20 cm de distância focal. Uma segunda lente convergente, de 30 cm de distância focal, é colocada a 80 cm da primeira lente, tendo seus eixos principais coincidentes. A que distância da segunda lente se forma a imagem final fornecida pelo sistema? A lb u m /a k g -i m a g e s /L a ti n s to ck 2CONECTEFiS_MERC18Sa_U3_Top4_p545a591.indd 581 7/7/18 2:33 PM 582 UNIDADE 3 | ÓPTICA GEOMÉTRICA As deformações no espaço-tempo também encurvam as trajetórias da luz, o que justifica as imagens produzidas pelas lentes gravitacionais descritas mais adiante neste texto. Em 1919, Einstein recebeu notícias que comprovavam aspectos de sua teoria. Nessa ocasião, os astrônomos bri- tânicos Andrew Crommelin e Charles Davidson, da equipe de Arthur Edington, estiveram no Brasil, em Sobral, Ceará, para observar um eclipse total do Sol. Eles verificaram no momento do fenômeno, com o céu obscurecido pela presen- ça da Lua diante do disco solar, o aparecimento de estrelas do grupo das Híades, que deveriam estar escondidas atrás do Sol. O que foi visto, na verdade, foram imagens virtuais dessas estrelas produzidas pela lente-gravitacional-Sol, que deforma o espaço-tempo ao seu redor. Os quasares e as lentes gravitacionais Em 1963, o astrônomo holandês Maarten Schmidt localizou uma “estrela” que foi chamada de 3C 273. Quando analisou seu espectro, ficou intrigado. As conclusões não faziam sentido, des- toando de tudo o que se conhecia até então. Depois de algum tempo de dúvidas e inquietação, Schmidt con- cluiu, pela análise do red shift da 3C 273 – deslocamento do espec- tro da estrela para frequências mais baixasdevido ao efeito Doppler luminoso – que aquele corpo celeste devia estar muito mais longe da Terra que a maioria das galáxias e que se afastava de nosso planeta com grande velocidade, o que ia ao encontro das teorias do universo em expansão. A 3C 273 foi chamada de quasar – quasi-stellar astronomical radiosource, que significa “fonte de rádio astronômica quase estelar”. Os quasares são corpos que, embora tenham tamanho equivalente ao do Sistema Solar, brilham mais que 1 trilhão de sóis. Sua distância à Terra excede 2 bilhões de anos-luz e sua detecção em nosso planeta é feita principalmente por meio das ondas de rádio e raios X que emitem. Albert Einstein demonstrou que a presença de um corpo de grande massa pode desviar ondas eletromagnéticas, em especial a luz. Quando as radiações emanadas de um astro passam nas proximidades do Sol, por exemplo, elas se encurvam, como está ilustrado na figura ao lado, fazendo com que se obtenham imagens virtuais do astro em posições aparentes diferentes daquela em que ele realmente está. A influência de grandes massas sobre ondas eletromagnéticas pode ser comprovada quando um quasar, “escondido” atrás de uma galáxia, tem suas radiações captadas por sistemas de detecção (radiotelescópios) localizados na Terra. Luz, ondas de rádio e raios X emitidos por ele são desviados inten- samente pela deformação do espaço-tempo em torno da galáxia, proporcio- nando aos astrônomos imagens duplas ou múltiplas daquele corpo celeste. É importante notar que essas imagens não provêm de dois ou mais quasares distintos; trata-se do mesmo astro, já que qualquer alteração verificada em uma delas também é constatada simultaneamente nas demais. A galáxia funciona como uma lente gravitacional que, desviando a energia radiante como se fosse uma imensa lente óptica, permite a visualização de imagens dos astros de onde essa energia provém. Isso nos leva a acreditar que, realmente, as radiações desses corpos celestes não se propagam em linha reta, sendo desviadas pela presença de grandes concentrações de massa. imagem objeto Terra Sol A luz do astro sofre um desvio devido à presença do Sol. (Ilustração com tamanhos e distâncias fora de escala e em cores fantasia.) Ilustração, com tamanho e distâncias fora de escala e em cores fantasia, representando duas imagens de um mesmo quasar conjugadas por uma lente gravitacional (galáxia). imagem 1 quasar imagem 2 Terra lente gravitacional (gal‡xia) B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra Sol Terra posição da estrela posição de observação da estrela Representação ilustrativa, com tamanhos e distâncias fora de escala e em cores fantasia, da deformação no espaço-tempo provocada pela presença do Sol e o consequente desvio da luz proveniente de uma estrela. B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra 2CONECTEFiS_MERC18Sa_U3_Top4_p545a591.indd 582 7/7/18 2:33 PM