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■ INTRODUÇÃO
A literatura especializada na prática da enfermagem em cenários de emergência apresenta diversas
definições para o quadro clínico de choque, sendo uma das mais antigas datada de 1872, quando
Samuel Gross caracterizou o choque como “um desarranjo grosseiro na maquinaria da vida”.1
Em contrapartida, as definições mais recentes tendem a considerar a identificação do mecanismo 
que leva ao choque e suas implicações sobre a homeostase do paciente. Essas definições são 
mais específicas e caracterizam com mais clareza o quadro das disfunções fisiopatológicas 
observadas no choque.2
Esse é, na verdade, o princípio básico do atendimento de emergência, já que o estado de choque 
não pode ser definido somente pela baixa pressão arterial (PA), pelo pulso rápido e pela pele fria e 
úmida, sendo essas apenas manifestações sistêmicas de todo o processo patológico em questão.3
É preciso observar que, independentemente do fator que desencadeou o choque, algumas 
respostas fisiológicas são comuns em todos os tipos de choque; são elas:3
 ■ hipoperfusão dos tecidos;
 ■ hipermetabolismo;
 ■ ativação da resposta inflamatória.
Em condições normais de funcionamento do organismo, o metabolismo energético ocorre de forma 
aeróbia dentro das células, onde os nutrientes são quimicamente quebrados, transformando-se em 
trifosfato de adenosina (ATP), que fica armazenado para posterior utilização. É com essa energia que 
as células realizam o transporte ativo, a contração muscular e as demais funções do organismo.2,3
RAPHAEL PESSOA DE OLIVEIRA
LEONARDO DOS SANTOS BARCELOS
RAUL LUIZ DE SOUZA CAVALCANTI
THAYENE DA SILVA LEITE
CHOQUE NEUROGÊNICO: 
IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA 
DE ENFERMAGEM NO CENÁRIO 
DE EMERGÊNCIA
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Quando o organismo entra em estado de choque, as células são privadas de oxigênio e de nutrientes, 
uma vez que o suprimento sanguíneo passa a ser inadequado. Desse modo, as células necessitam 
realizar a produção de ATP por meio do metabolismo anaeróbio, ocasionando uma produção 
insuficiente de energia e um ambiente intracelular acidótico, que causa o inchaço da célula e o 
aumento da permeabilidade de sua membrana, resultando no comprometimento da bomba de sódio 
e potássio (Na+/K+) e na consequente danificação das estruturas, o que leva à morte celular.2,3
O que determina a chegada ou não do oxigênio às células é um sistema composto pelo coração 
(motor do sistema), pelo volume de líquidos (que funcionam como um fluido hidráulico), pelos 
vasos sanguíneos (encanamentos) e, finalmente, pelas células do corpo. Com base nesses 
componentes, o choque pode ser classificado como hipovolêmico, distributivo ou cardiogênico.2 
O choque distributivo ocorre quando há alterações do tônus vascular por várias causas. Dentre os 
choques classificados como distributivos, encontra-se o choque neurogênico, objeto de discussão 
neste artigo.2
O choque neurogênico ocorre em decorrência de um desequilíbrio entre as estimulações 
parassimpática (dilatação) e simpática (contração). No choque neurogênico, o paciente encontra-
se com a predominância da estimulação parassimpática, causando vasodilatação, que dura um 
período estendido e leva a um estado hipovolêmico relativo.4
Apesar de o volume sanguíneo ser adequado no choque neurogênico, os vasos sanguíneos 
encontram-se dilatados, o que acarreta um estado de hipotensão, resultando na perfusão 
insuficiente dos tecidos e das células, que é comum a todos os estados de choque. Essa condição 
pode ser causada por diversos motivos, tais como lesão raquimedular, anestesia espinhal ou lesão 
do sistema nervoso, ação depressora de medicamentos ou hipoglicemia severa.4
No choque neurogênico, o sistema nervoso simpático (SNS) não é capaz de responder aos 
estressores corporais, e, por isso, suas características clínicas são os sinais de estimulação 
parassimpática: pele seca e quente e hipotensão com bradicardia, diferentemente do que se 
observa em outros tipos de choque.4
Diante do choque neurogênico decorrente, predominantemente, de eventos traumáticos, de 
forma direta ou indireta, as ações imediatas nos cenários de emergência consistem, sobretudo, 
na atenção da equipe quanto às técnicas de imobilização adequada do paciente, garantindo um 
atendimento seguro. As ações devem privilegiar a cautela, evitando movimentos da coluna e dos 
segmentos lesionados e seus agravos pós-traumáticos.2–4
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 ■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
 ■ rever a fisiopatologia do choque neurogênico;
 ■ reconhecer as características clínicas do choque neurogênico;
 ■ revisar as principais complicações do choque neurogênico;
 ■ apreender as principais condutas a serem implementadas pelo enfermeiro e por sua equipe no 
atendimento à vítima de choque neurogênico;
 ■ identificar as diferenças clínicas apresentadas por vítimas de choque neurogênico e de choque 
medular.
 ■ ESQUEMA CONCEITUAL
Conclusão
Epidemiologia
Neuroanatomia e fi siopatologia
Choque medular versus 
choque neurogênico
Condutas de enfermagem 
na emergência
Caso clínico
Apresentação clínica do 
choque neurogênico
Arritmias cardíacas
Sensibilidade e 
cuidados cutâneos
Trombose venosa profunda
Regulação térmica
Alterações psicossociais
Sistema gastrintestinal
Sistema geniturinário
Sistema respiratório
Prioridades no atendimento 
ao paciente em choque 
e objetivos terapêuticos
Airway — vias aéreas 
e controle da coluna cervical
Exposure — exposição
Breathing — respiração 
e ventilação
Circulation — circulação
Disability — disfunção 
neurológica
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 ■ EPIDEMIOLOGIA
As lesões medulares não traumáticas — representadas por doenças inflamatórias (20%), por 
doenças vasculares (25%), por tumores (25%) e por estenoses espinhais (19%) — e as lesões 
medulares traumáticas — representadas por acidentes automobilísticos (48,8%), por agressões 
e quedas (40%) e por lesões dos esportes de contato (12%) — que se apresentam com choque 
neurogênico são importantes causas de disfunção cardiovascular.4
Essas disfunções cardiovasculares, responsáveis por 40% das causas de óbito dos pacientes 
em choque neurogênico na fase aguda (com pico de incidência até o quarto dia após o trauma), 
caracterizam-se por4
 ■ fibrilação atrial (FA);
 ■ flutter atrial;
 ■ cardiopatia;
 ■ bloqueio atrioventricular;
 ■ cardiopatia de Takotsubo;
 ■ aterosclerose;
 ■ bradiarritmias;
 ■ taquicardia ventricular;
 ■ taquicardia supraventricular paroxística;
 ■ insuficiência cardíaca.
De acordo com a escala da American Spinal Injury Association (ASIA), os pacientes classificados 
em A ou B (comprometimento motor completo) apresentam bradicardia em quase 100% dos casos 
e hipotensão sistólica em cerca de 60%, com necessidade de aplicação de fármacos vasoativos 
em 35%, e, desses casos, entre 15 e 20% evoluem para parada cardiorrespiratória (PCR).5
Em pacientes com classificação C ou D da ASIA (sem comprometimento motor completo), de 35 
a 70% dos casos apresentam bradicardia, sendo raros os casos de hipotensão arterial. Lesões 
medulares toracolombares são responsáveis por gerar bradicardia em cerca de 12 a 35% dos 
casos, enquanto lesões acima de T6 podem apresentar disautonomia, variando entre 48 e 90%, 
sendo o tromboembolismo pulmonar (TEP) e a trombose venosa profunda (TVP) potencialmente 
fatais, em especial, nos primeiros 7 a 10 dias após o trauma.5
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Na Figura 1, vê-se a escala da ASIA.
Trigêmeo
Sacral
Sacral
Lombar
Lombar
Torácico
Torácico
Cervical
Cervical
Classifi cação ASIA:
ASIA E – Normal
ASIA D – Défi cit força > III
ASIA C – Défi cit força < III
ASIA B – Força 0/RBC+
ASIA A – Plegia/Anestesia
C2
T2
L2
T1
T1–L2
CP
L1
S1
S2
T6
T10
C3
T3
L3
T7
T11
C4
T4
L4
T8
T12
C5
T5
L5
T9
C5
C6
C7
C8
Figura 1 — Seguimentos medulares didaticamente apresentados em cervicais (C1–C8), torácicos (T1–T12), lombares 
(L1–L5) e sacrais (S1–S2), refletindo seus territórios de intervenção sensitiva e motora. Representam, juntamente, a atual 
classificação apresentada pela ASIA, que determina a intensidade, a gravidade e o prognóstico da lesão neurológica. CP: 
cadeia de gânglios paravertebrais; RBC+: reflexo bulbocavernoso. 
Fonte: Daminani (2016).4
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ATIVIDADES
1. Tomando como base os dados epidemiológicos da lesão medular que causam 
disfunção cardiovascular, marque V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) Lesões medulares não traumáticas, representadas por doenças inflamatórias, 
representam a menor porcentagem.
( ) Acidentes automobilísticos representam a menor incidência entre as lesões 
traumáticas que resultaram em choque neurogênico com comprometimento 
cardiovascular.
( ) Embora esportes de contato tenham uma grande energia cinética envolvida, as 
lesões decorrentes deles representam baixa porcentagem no choque neurogênico 
com comprometimento cardiovascular.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) V — V — F
B) F — F — V
C) V — V — V
D) F — F — F
Resposta no final do artigo
2. De acordo com a ASIA, sobre a classificação dos pacientes que apresentam 
comprometimento motor completo e grande incidência de bradicardia, de hipotensão 
sistólica, uso de medicações e risco de PCR, assinale a alternativa correta.
A) Apenas A.
B) A ou B.
C) C ou D.
D) Apenas E.
Resposta no final do artigo
 ■ NEUROANATOMIA E FISIOPATOLOGIA
Diversas regiões supratentoriais (córtex da ínsula, córtex medial pré-frontal, hipotálamo e 
núcleos do tronco encefálico) são responsáveis pelas funções autonômicas. Essas fibras são 
representadas, de forma didática, pelos sistemas nervosos autônomos (SNAs) simpáticos e 
parassimpáticos e controlam os sinais vitais, adequando-os à demanda dos ambientes.3–5
As fibras parassimpáticas chegam até o colo transverso inervando o coração, os brônquios, o 
trato digestório e as glândulas por fibras pré-ganglionares longas e pós-ganglionares curtas. Não 
há inervação dos vasos sanguíneos periféricos pelas fibras simpáticas.3–5
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Já as fibras simpáticas partem com fibras pré-ganglionares curtas até uma CP que desce paralelamente 
à medula espinhal torácica e lombar (T1–L2), emitindo fibras longas pós-ganglionares. Essas fibras, por 
sua vez, inervam a maioria das vísceras, incluindo o coração e a musculatura lisa vascular.3–5
O conceito de lesão em duas etapas foi descrito por volta de 1900. A lesão primária ocorre imediatamente 
após o trauma, e, logo em seguida, a lesão secundária é ocasionada pela lesão mecânica primária, 
responsável por gerar danos microvasculares, edema, isquemia, alterações eletrolíticas, inflamação, 
desmielinização e excitotoxicidade, produção de radicais livres (RLs) e apoptose tardia. A região 
proximal ao local da lesão é considerada penumbra isquêmica, com possível restauração funcional.6 
Na Figura 2, é possível vizualizar uma fratura por explosão de L1.
Fratura por explosão de L1
Os fragmentos da 
fratura entram no 
canal espinhal
Cordão 
espinhal
Os fragmentos 
comprimem a 
medula espinhal
Nível da 
fratura
Seção lateral da 
coluna lombar
Cauda equina
Processo espinhoso
Dura-máter
Ampliação
Disco 
intervertebral
Corpo 
vertebral
T12
L1
L2
L3
Figura 2 — A vértebra perde altura tanto na parte anterior como na parte posterior. Geralmente, isso é causado 
por trauma com alta concentração de energia, como uma queda de altura em vertical, mergulho em águas rasas, 
entre outras situações.
Fonte: Fisioterapia para todos (2017).7
Após a ocorrência do trauma raquimedular, além dos déficits sensoriais e motores, 
as disautonomias são típicas do choque neurogênico. A perda do controle do SNS 
sobre o SN parassimpático (SNP) é responsável pela maior parte dos sintomas que 
caracterizam e determinam o choque neurogênico.2–4
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Durante o choque neurogênico, há o predomínio do SNP sobre o SNS, havendo alteração da 
PA sistólica (PAS), da frequência cardíaca (FC), da secreção de glândulas, do controle térmico, 
da broncodilatação e da resistência vascular periférica, sendo os descontroles cardiovascular e 
respiratório os mais temidos, pois podem levar o paciente a óbito.2–4
Alguns dias ou semanas após o choque neurogênico, a hipotensão arterial e a hipotensão 
ortostática melhoram, em função da ação dos mecanismos compensatórios, entre os quais estão4
 ■ o ressurgimento dos reflexos simpáticos medulares (reajuste do nível de catecolaminas);
 ■ a atividade da musculatura esquelética;
 ■ o aumento do tônus muscular;
 ■ a espasticidade e a readaptação do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA). 
Deve-se ressaltar que há diferenças na fisiopatologia do choque neurogênico quando causado por 
lesão encefálica ou por lesão medular.
Na ocorrência de lesão medular, há interrupção das vias simpáticas encefálicas, enquanto as 
parassimpáticas são preservadas, levando a uma sequência de alterações cardiovasculares 
caracterizadas, inicialmente, por hipotensão e por hiperatividade adrenal, seguidas, imediatamente, 
por hipotensão mais prolongada, pela diminuição da atividade simpática. Essa hipotensão é menos 
responsiva à infusão de dopamina do que à expansão volêmica. Diante do choque ocasionado por lesão 
encefálica, a hipotensão pode decorrer da insuficiência cardíaca secundaria à isquemia miocárdica.8
ATIVIDADES
3. Observe as seguintes afirmativas sobre as fibras parassimpáticas e sobre as fibras 
simpáticas.
I — As fibras simpáticas chegam ao colo transverso inervando o coração, os brônquios, o 
trato digestório e as glândulas por fibras pré-ganglionares longas e pós-ganglionares 
curtas.
II — Não há inervação dos vasos sanguíneos periféricos pelas fibras simpáticas.
III — As fibras parassimpáticas partem com fibras pré-ganglionares curtas até uma CP, 
que desce paralelamente à medula espinhal torácica e lombar (T1–L2), lançando 
fibras longas pós-ganglionares.
IV — As fibras longas pós-ganglionares inervam a maioria das vísceras, englobando o 
coração e a musculatura lisa vascular.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a III.
B) Apenas a II, a III e a IV.
C) Apenas a II e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Resposta no final do artigo
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4. Sobre a fisiopatologia do choque neurogênico, assinale a alternativa correta.
A) Se o choque é decorrente de lesão medular, as vias simpáticas encefálicas 
são interrompidas e as parassimpáticas são preservadas, levando a alterações 
cardiovasculares caracterizadas,no início, por hipotensão e por hiperatividade adrenal, 
seguidas, de imediato, por hipotensão mais prolongada, por causa da diminuição da 
atividade simpática.
B) Se o choque é causado por lesão encefálica, as vias parassimpáticas encefálicas são 
interrompidas e as simpáticas são preservadas, levando a alterações cardiovasculares 
caracterizadas, no início, por hipertensão e por hiperatividade adrenal, seguidas, 
imediatamente, por hipertensão mais prolongada, por causa da diminuição da atividade 
parassimpática.
C) Quando o choque é decorrente de lesão encefálica, a hipertensão pode ser decorrente 
da insuficiência cardíaca secundária à isquemia miocárdica.
D) Quando o choque é decorrente de lesão medular, a hipertensão pode ser decorrente 
da insuficiência cardíaca secundária à isquemia miocárdica.
Resposta no final do artigo
 ■ CHOQUE MEDULAR VERSUS CHOQUE NEUROGÊNICO 
O choque neurogênico é causado pela desconexão entre os centros supraespinhais simpáticos 
e seus órgãos-alvo (lesão medular alta), causando hipotensão arterial sistêmica, bradicardia e 
vasodilatação periférica.2 
O choque medular foi descrito pela primeira vez em 1950 e se refere a um evento transitório que 
ocorre após o trauma, com suspensão dos reflexos medulares abaixo do nível da lesão (déficit 
sensorial, paralisia flácida, ausência dos reflexos medulares e alterações da termorregulação).4–6,8,9
Ainda, o choque medular pode causar comprometimento respiratório, tetraplegia, anestesia e 
choque neurogênico com síndrome de Horner ipsilateral associada. Nas lesões torácicas mais 
baixas, não ocorre comprometimento respiratório e/ou sinal de choque neurogênico. O choque 
medular pode durar, em média, de 4 a 12 semanas.4–6,8,9 
A expressão choque medular não se refere ao choque neurogênico especificamente, já 
que, no quadro de choque medular, toda a sintomatologia relativa à transecção medular 
está incluída.4–6,8,9
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 ■ CONDUTAS DE ENFERMAGEM NA EMERGÊNCIA
É prioridade, no acesso inicial da vítima de choque neurogênico, uma via aérea segura, pérvia 
e com efetiva oxigenação, com estabilização da coluna cervical durante todo o processo de 
avaliação. O suporte hemodinâmico precoce também é um objetivo terapêutico, para que não 
haja lesões de órgãos nobres.3–6,8–10 
A possibilidade de choque hipovolêmico/hemorrágico deve ser observada com cautela na presença 
do choque neurogênico, considerando a pontuação da escala de coma de Glasgow (ECG), a FC, 
a frequência respiratória (FR) e os valores de PAS, que, sabidamente, encontram-se alterados em 
virtude do choque neurogênico.11
Em relação ao suporte ventilatório, a administração de oxigênio deve ser imediatamente iniciada 
nos pacientes em choque, para que haja uma oferta adequada aos tecidos e à microcirculação, 
prevenindo, também, a hipertensão pulmonar.2
Para a monitorização dos pacientes em choque, o instrumento mais utilizado é o oxímetro 
de pulso, porém cabe ressaltar que existem inúmeras limitações em relação à eficácia do 
oxímetro, uma vez que, frequentemente, ele não revela a real situação do paciente, por causa da 
vasoconstrição periférica presente. Para a real avaliação dos parâmetros metabólicos do paciente 
em choque, faz-se necessária a realização do exame de gasometria arterial.11,12 
A persistência de hipoxemia, de dispneia, de acidose, de fadiga da musculatura acessória 
ventilatória, das alterações no nível de consciência e a cianose persistente são indicativos 
para intubação orotraqueal (IOT) precoce do paciente em choque como medida protetora, com 
ventilação pulmonar mecânica (VPM) monitorada por capnografia em forma de onda. Esse 
procedimento, embora seja recomendado nas circunstâncias descritas anteriormente, ainda é 
pouco utilizado no Brasil, por causa do elevado custo.11,12
 ■ APRESENTAÇÃO CLÍNICA DO CHOQUE NEUROGÊNICO
Nas lesões que acometem os três primeiros segmentos cervicais medulares, é imediata a 
necessidade de suporte ventilatório, por causa da perda do drive supraespinhal excitatório, que 
interrompe a função dos neurônios motores do nervo frênico.3,4,9
As lesões com comprometimento abaixo de C3 apresentam sintomas relacionados ao SNA, 
com risco em potencial de PCR em poucos minutos após a lesão. A apresentação do paciente 
durante o atendimento é paralisia flácida, hipotensão arterial sistólica (PAS menor que 90mm 
Hg) em posição ortostática e bradicardia. Uma característica clínica importante das lesões com 
comprometimento abaixo de C3 é a incapacidade de esvaziamento vesical.3,4,9
A equipe de enfermagem deve estar atenta para a possibilidade de choque neurogênico, pois esses 
sintomas são, comumente, verificados em pacientes vítimas de trauma que apresentam quadros 
de choque hipovolêmico e/ou hemorrágico concomitantes. Na prática clínica, é indispensável o 
exame de imagem [radiografia e/ou tomografia computadorizada (TC)] para o efetivo diagnóstico 
de choque neurogênico.3,4,9
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Na Figura 3, vê-se uma radiografia de fratura de coluna.
Figura 3 — Fratura de coluna. Exame de imagem.
Fonte: Arquivo de imagem dos autores.
A Figura 4 ilustra uma fratura de coluna.
Figura 4 — Fratura de coluna. Exame de imagem.
Fonte: Arquivo de imagem dos autores.
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ARRITMIAS CARDÍACAS
No choque neurogênico, a equipe de enfermagem deve manter a monitorização periódica dos 
sinais vitais, a fim de sustentar a PA média (PAM) em torno de 80 a 90mmHg, com o uso de 
fármacos vasoativos ou com expansão volêmica.3 Após a estabilização cirúrgica da fratura, os 
pacientes devem ser submetidos a elevações graduais (10 graus por dia, com monitorização 
ininterrupta dos parâmetros hemodinâmicos).4–6,8,9
Ao tolerar elevação de 40 graus de decúbito, a cadeira de rodas passa a ser uma opção para a 
locomoção do paciente vítima de choque neurogênico. Um rápido exame neurológico contendo 
a avaliação da capacidade motora, da resposta sensorial e da circulação das extremidades (se 
a condição do paciente permitir) deve ser realizado após toda a mobilização realizada com o 
paciente, ajudando no reconhecimento de alterações no quadro dele após a avaliação inicial.4–6,8,9
Na persistência da hipotensão ortostática, a administração medicamentosa passa a ser tratamento 
adjuvante no contexto de arritmias cardíacas no choque neurogênico. Nos primeiros dias após a 
lesão, o volume urinário fica reduzido. Após o terceiro dia, há uma diurese bastante aumentada, 
podendo chegar a seis litros por dia. É preciso, então, atentar para o volume da diurese e para a 
natremia do paciente.4–6,8,9
Imediatamente após o evento traumático, no espaço de 3 a 4 minutos, ocorre uma grave 
hipertensão arterial, que alcança níveis sistólicos de 200 a 300mmHg. Essa hipertensão arterial 
pode se associar a arritmias ventriculares por hiperatividades alfa e beta-adrenérgicas. Essa fase, 
na verdade, é pouco observada na prática da enfermagem, pois, ao chegar aos cuidados médicos, 
o paciente já se encontra em um quadro de hipotensão arterial, que costuma ser corrigido em 
períodos curtos, uma vez que um consenso recente recomenda a pronta correção da hipotensão 
(PAS menor que 90mmHg), evitando, assim, lesões secundárias.2,4,8 
A presença de arritmias cardíacas está relacionada diretamente com a gravidade da lesão 
neurológica, sendo a bradicardia sinusal a arritmia mais observada após o choque neurogênico, 
podendo ocorrer nas primeiras 2 a 3 semanas. Cabe ressaltarque outros tipos de arritmias 
(bradiarritmias ventriculares, FAs, taquiarritmias supraventriculares, bloqueios atrioventriculares e 
flutter atrial) também são relacionados a disautonomias e podem levar à PCR e à necessidade do 
uso de marca-passos transvenosos.2,4,8
SISTEMA RESPIRATÓRIO
As lesões na caixa torácica são responsáveis pela redução da expansibilidade do tórax, estando 
os problemas respiratórios relacionados com o comprometimento da função pulmonar, cuja 
gravidade está diretamente ligada ao nível da lesão.4–6,8,9
Os músculos que contribuem para a respiração (abdominais-intercostais) são enervados 
por T1 a T11, enquanto o diafragma é enervado pelo nervo frênico do plexo cervical, com 
raízes de C3 a C5; por essa razão, no traumatismo da coluna cervical alta, a causa mais 
comum de morte é a insuficiência respiratória aguda.4–6,8,9
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No choque neurogênico, há desaferentação simpática, e qualquer estímulo às vias aéreas, 
como aspirações (estímulo vagal), provoca bradicardia severa, podendo desencadear PCR. 
Assim, sempre que for necessário manipular as vias aéreas, preconiza-se o uso de medicações 
anticolinérgicas, a fim de se reduzir o risco de instabilidade hemodinâmica.4–6,8,9
Em relação ao sistema respiratório, no choque neurogênico, a monitorização do paciente 
pela equipe de enfermagem deve ser constante, precoce e é necessária tanto na fase 
aguda quanto na crônica. Ao avaliar o padrão respiratório, a enfermagem deve proceder 
a ausculta pulmonar e investigar as alterações instaladas. As medidas protetoras não 
farmacológicas incluem a mobilização periódica do paciente no leito, a utilização de 
meias compressivas pneumáticas e a fisioterapia intensiva.4–6,8,9
SISTEMA GENITURINÁRIO
A bexiga é controlada por mecanismos involuntários e voluntários, e, logo após um trauma 
medular, torna-se atônica e não pode contrair-se, pela atividade reflexa. Imediatamente, ocorre, 
então, a iscúria. Como o paciente não sente a distensão vesical, o superestiramento da bexiga e 
do músculo destrusor pode ocorrer, retardando, assim, o retorno da função vesical.9
Qualquer lesão do SN central (SNC) ou do SN periférico envolvida no controle da diurese origina 
bexiga neurogênica. Quando a lesão do centro miccional (ao nível das raízes S2, S3, S4, que 
correspondem às vértebras T11 e T12) isola a bexiga da medula, o paciente pode referir vontade 
de urinar, sem haver esvaziamento vesical. No caso de o paciente fazer algum esforço, é possível 
que ocorra drenagem e urina da bexiga autônoma.9
O esvaziamento vesical pode ser feito por meio de cateterismo intermitente, a cada 4 ou 6 
horas, de acordo com o balanço hídrico do paciente, para evitar o superestiramento da bexiga 
e a infecção do trato urinário quando a urina se apresenta com aspecto turvo por causa dos 
sedimentos provocados pela infecção.4–6,8,9
Para prevenir infecções do trato urinário, a lavagem das mãos com água e sabão de forma abundante 
é fundamental quando for realizado o cateterismo. Cabe ressaltar que, atualmente, a mortalidade 
associada a causas renais reduziu de 40 para 3 a 5% nas últimas décadas, com as manobras de 
esvaziamento vesical intermitente e o tratamento adequado das infecções urinárias.4–6,8,9
SISTEMA GASTRINTESTINAL
Por causa da interrupção dos nervos da medula espinhal, as mensagens advindas da porção 
retal do intestino para o cérebro não conseguem passar pelo bloqueio existente na altura em que 
ocorreu a lesão, o que pode resultar em movimentação intestinal insuficiente e gerar constipação e 
impactação das fezes. O estresse metabólico causa, com frequência, úlceras gástricas. Os efeitos 
da imobilidade dessa musculatura variam de acordo com a extensão da lesão.4–6,8,9
O íleo paralítico é observado clinicamente por ausência de ruídos e por incapacidade de 
eliminação das fezes, com duração média de 1 a 2 semanas. Nesse período em que o 
íleo está paralítico, deve-se evitar a administração de sólidos ou de líquidos, pois existe 
o risco de broncoaspiração em decorrência de vômitos.4–6,8,9
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O descontrole entre o SNS e o SNP após a lesão medular pode gerar dores anais após o retorno 
da contração do esfíncter anal. É importante investigar os hábitos alimentares e o padrão de 
eliminação intestinal anteriores à lesão medular, bem como a situação atual, considerando e 
avaliando a presença de ruídos hidroaéreos. É recomendável que o paciente padronize seus 
horários para evacuação, considerando os hábitos e os horários anteriores à lesão medular e, 
assim, estabeleça uma rotina.4–6,8,9
SENSIBILIDADE E CUIDADOS CUTÂNEOS
Na lesão medular, em decorrência da perda da sensibilidade, das alterações no turgor e na 
elasticidade da pele e em decorrência das alterações circulatórias, os pacientes não sentem as 
lesões causadas pela permanência em decúbito.3 
Sabe-se que as lesões por pressão se desenvolvem no período de seis horas, nas áreas em 
que há pressão contínua, principalmente acima da tuberosidade isquiática, na região sacra, na 
trocantérica, nos calcanhares e nos cotovelos.3,4,9
Competem ao enfermeiro a movimentação e o treinamento do paciente, do familiar e/ou 
do cuidador quanto às mudanças de decúbito — dorsal e laterais (direita e esquerda), 
sendo o decúbito ventral uma possibilidade aos paraplégicos quando impossibilitados 
de utilizar os decúbitos laterais e/ou dorsal —, pelo menos, a cada quatro horas. No 
caso de o paciente estar infectado ou apresentando aumento na temperatura central, 
esse tempo diminui para duas horas.3,4,9
A inspeção cuidadosa da pele deve ser feita a cada mudança de decúbito, mantendo-se o leito livre 
de quaisquer sujidades. A pele deve ser mantida sempre hidratada, por meio do uso diário de creme 
umectante. No banho, deve-se ter atenção ao uso de sabonete neutro e à delicadeza ao secar a 
pele. Podem ser utilizadas espumas em variados formatos, para oferecer apoio e sustentação das 
regiões dorsal, poplítea, dos cotovelos e calcanhares. Na região sacral, tem-se preconizado o uso de 
almofadas d’água quadradas e de espuma siliconada em diferentes densidades.3,4,9
TROMBOSE VENOSA PROFUNDA
A TVP é uma complicação comum ocasionada pela falta de mobilidade em pacientes acamados, 
estando o paciente que a desenvolve sob o risco de embolia pulmonar. A presença de TVP é 
avaliada pela mensuração da panturrilha e constatada caso haja aumento significativo na 
circunferência desse segmento.3–6,8,9
A terapia com doses básicas de anticoagulante é iniciada, a fim de evitar a TVP e a embolia 
pulmonar, sendo indicado o uso de meias elásticas, a execução de exercícios fisioterápicos que 
promovam a amplitude de movimento (ADM), a hidratação adequada e a anulação de estímulos 
báricos externos nos membros inferiores (MMII) decorrentes da flexão dos joelhos enquanto o 
paciente se encontra acamado.3–6,8,9
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REGULAÇÃO TÉRMICA
A lesão do SNA simpático cria uma situação de incapacidade de eliminação do calor corporal pelo 
suor. Os pacientes com lesão medular associada a quadros infecciosos chegam a apresentar 
hipertermias de 41 a 42°C, sem sudorese. Além disso, frequentemente, os pacientes com lesão 
medular referem sensação de frio, que é exacerbada pelos banhos diários.4
ALTERAÇÕES PSICOSSOCIAIS
De modo geral, demora bastante tempo para o paciente e a família compreenderem e se adaptarem 
à magnitude das incapacidadesresultantes da lesão por trauma raquimedular, podendo atravessar 
estágios de ajuste que incluem9
 ■ choque;
 ■ descrença;
 ■ negação;
 ■ depressão;
 ■ luto;
 ■ aceitação.
A negação, durante a fase aguda do trauma, pode caracterizar um mecanismo de defesa dos 
pacientes, ajudando-os a superar a realidade dos acontecimentos. À medida que se toma consciência 
da gravidade do estado, o processo de luto pode prolongar-se, de forma que pode ser instalado um 
quadro de depressão que tende a crescer à medida que o paciente apresenta a perda da autoestima.9
O ajustamento à nova realidade tende ao desenvolvimento de metas realistas para o futuro 
por meio da melhora das habilidades que permaneceram intactas e do investimento em outras 
atividades e relacionamentos, sendo importante orientar os pacientes com lesão medular para que 
adquiram confiança em suas capacidades, a fim de que a autonomia seja relativamente obtida, na 
medida em que for possível.9
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ATIVIDADES
5. Observe as seguintes afirmativas sobre o choque neurogênico e sobre o choque medular.
I — O choque medular é causado pela desconexão entre os centros supraespinhais 
simpáticos e seus órgãos-alvo (lesão medular alta), ocasionando hipotensão arterial 
sistêmica, bradicardia e vasodilatação periférica.
II — O choque medular é um evento transitório que ocorre após o trauma, com suspensão 
dos reflexos medulares abaixo do nível da lesão.
III — O choque medular pode causar comprometimento respiratório, tetraplegia, anestesia 
e choque neurogênico com síndrome de Horner ipsilateral associada.
IV — A expressão choque medular refere-se, particularmente, ao choque neurogênico, 
pois, no quadro de choque medular, está englobada toda a sintomatologia relativa 
à transecção medular.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a II e a III.
C) Apenas a II, a III e a IV.
D) A I, a II, a III e a IV.
Resposta no final do artigo
6. Sobre as condutas de enfermagem na emergência, assinale a alternativa correta.
A) A possibilidade de choque hipovolêmico/hemorrágico deve ser vista com cuidado na 
ocorrência de choque neurogênico, considerando a pontuação da ECG, a FC, a FR 
e os valores de PAS, que estão alterados por causa do choque neurogênico.
B) Acerca do suporte ventilatório, a administração de oxigênio deve ser iniciada de 
imediato nos pacientes em choque, para que haja uma oferta adequada aos tecidos 
e à microcirculação, embora esse procedimento não previna a hipertensão pulmonar.
C) Na monitorização, o instrumento mais utilizado é o oxímetro de pulso, que mostra a 
real situação do paciente decorrente da vasoconstrição periférica presente.
D) A hipoxemia, a dispneia, a acidose, a fadiga da musculatura acessória ventilatória, 
as alterações no nível de consciência e a cianose persistente requerem IOT precoce 
como medida protetora, com VPM, procedimento comumente utilizado no Brasil.
Resposta no final do artigo
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7. As lesões na caixa torácica são responsáveis pela redução da expansibilidade do 
tórax, levando à causa mais comum de morte, a insuficiência respiratória aguda. 
Observe as seguintes afirmativas sobre as lesões torácicas no choque neurogênico.
I — Os músculos que contribuem para a respiração (abdominais-intercostais) são 
enervados por C1 a C4.
II — O diafragma é enervado pelo nervo frênico do plexo cervical, com raízes de C3 a C5.
III — Qualquer estímulo às vias aéreas, como aspirações (estímulo vagal), provoca 
bradicardia severa, podendo desencadear uma PCR.
IV — Ao avaliar o padrão respiratório, a enfermagem deve proceder a ausculta pulmonar 
e investigar as alterações instaladas.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
A) Apenas a I.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a II, a III e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Resposta no final do artigo
8. A bexiga é controlada por mecanismos involuntários e voluntários, e, imediatamente 
após um trauma medular, torna-se atônica e não pode contrair-se, pela atividade 
reflexa. Qualquer lesão do SNC ou do SN periférico envolvida no controle da micção 
origina uma lesão. Sobre o nome dessa lesão, assinale a alternativa correta.
A) Bexigoma.
B) Lesão de pelve.
C) Bexiga neurogênica.
D) Priapismo.
Resposta no final do artigo
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9. Em decorrência da interrupção dos nervos da medula espinhal, as mensagens 
advindas da porção retal do intestino para o cérebro não conseguem passar pelo 
bloqueio existente na altura da lesão, o que pode resultar em movimentação intestinal 
insuficiente e gerar constipação. Observe as seguintes alternativas sobre os cuidados 
de enfermagem nesse caso.
I — Investigar os hábitos alimentares e o padrão de eliminação intestinal anteriores à 
lesão medular.
II — Avaliar a presença de ruídos hidroaéreos.
III — Orientar o paciente para que padronize seus horários para evacuação, considerando 
os hábitos e os horários anteriores à lesão medular, e, assim, estabeleça uma rotina.
IV — Desconsiderar os hábitos alimentares e o padrão de eliminação intestinal anteriores 
à lesão medular.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I, a II e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Resposta no final do artigo
10. Sabe-se que as lesões por pressão se desenvolvem dentro de seis horas, nas áreas 
em que há pressão contínua. Observe as seguintes afirmativas sobre o surgimento 
das lesões por pressão.
I — A pele deve ser mantida sempre hidratada, e as áreas mais sensíveis à pressão 
devem estar sempre lubrificadas e hidratadas, com o uso diário de creme umectante.
II — Os pacientes sentem as lesões causadas pela permanência em decúbito, por causa 
da perda da sensibilidade, das alterações no turgor e da elasticidade da pele e por 
causa das alterações circulatórias ocasionadas pela lesão sofrida.
III — No caso de o paciente estar infectado ou apresentando aumento da temperatura 
central, o tempo de mudança de decúbito diminui para quatro horas.
IV — Deve-se ter atenção ao uso de sabonete neutro e à delicadeza ao secar a pele.
Quais estão corretas?
A) Apenas a I e a III.
B) Apenas a I e a IV.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II, a III e a IV.
Resposta no final do artigo
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 ■ PRIORIDADES NO ATENDIMENTO AO PACIENTE 
EM CHOQUE E OBJETIVOS TERAPÊUTICOS 
Para uma abordagem didática, em essência, o atendimento ao paciente em choque pode ser 
dividido em quatro fases:10–13
 ■ Fase de salvamento — garantir a perfusão tecidual adequada, regulando a PA em valores 
mínimos, restringindo-se, muitas vezes, as medidas, para garantir uma boa ventilação. Cateteres 
centrais venosos e/ou arteriais, restauração hemodinâmica, introdução de fármacos vasoativos 
e, em alguns casos, um efetivo procedimento cirúrgico de emergência são fundamentais para 
garantir a sobrevivência do paciente.
 ■ Fase de adequação — medidas para a adequada oxigenação tecidual, saturação venosa 
de oxigênio (SvO2), controle dos processos inflamatórios, das disfunções mitocondriais e da 
ativação das caspases e lactatemia auxiliam nas condutas.
 ■ Fase de estabilização — após a estabilização hemodinâmica, a preocupação é com a disfunção 
de múltiplos órgãos.
 ■ Fase de desmame — o quadro clínico geral do paciente melhora,possibilitando o desmame 
gradual e progressivo da VPM, da sedação e dos fármacos vasoativos.
Quando se fala em atendimento ao paciente vítima de choque neurogênico no ambiente 
pré-hospitalar, está se falando, basicamente, sobre a fase de salvamento. Nessa fase 
de salvamento, o principal cuidado com o paciente é o seu adequado manejo, a fim 
de evitar lesões secundárias, seguido da estabilização clínica por meio do controle 
criterioso dos parâmetros respiratórios e circulatórios até a chegada ao hospital.10–13
É preciso considerar as particularidades inerentes ao atendimento pré-hospitalar do paciente vítima 
de choque neurogênico, relacionadas, principalmente, ao fato de o ambiente não estar controlado. 
O profissional que está atuando deve, além de seguir os protocolos, atentar para situações como 
a segurança da cena, a triagem, o tempo de atendimento em cena, a comunicação com a central 
de regulação, os recursos hospitalares disponíveis e, principalmente, a gravidade do paciente.10,12,14 
A tomada de decisões na abordagem inicial do paciente vítima de choque neurogênico 
deve ser dinâmica e rápida, de modo que a vítima receba o melhor atendimento no 
menor tempo possível.10,12,14
A avaliação inicial do paciente vítima de choque neurogênico deve ser feita de forma precisa e 
rápida, considerando, se possível, o histórico do acidente, que, muitas vezes, é informado por 
testemunhas. As avaliações primária e secundária devem ser feitas juntamente com o plano de 
ressuscitação da vítima, com a correção das anormalidades de forma objetiva e rápida. Essa 
avaliação é a mesma para adultos e para crianças, seguindo sempre a sequência airway, 
breathing, circulation, disability, expusure (ABCDE) da vida.12
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AIRWAY — VIAS AÉREAS E CONTROLE DA COLUNA CERVICAL
Em relação à via aérea da vítima de choque neurogênico, ela deve ser examinada rapidamente, a 
fim de se observar a sua permeabilidade, ou seja, deve estar aberta e livre de sangue, de secreções, 
de fluidos e de objetos, aspirando-se quando necessário, de modo que não haja risco de obstrução.2
Em caso de comprometimento das vias aéreas, elas devem ser abertas, incialmente, de forma 
manual, por meio da tração da mandíbula (jaw thrust). Deve-se observar que a elevação do mento 
(chin lift) não é indicada em pacientes com choque neurogênico, dado o risco de lesão cervical.2
O tratamento da via aérea do paciente vítima de choque neurogênico segue com a utilização de 
métodos mecânicos, de acordo com a disponibilidade de tempo e de materiais (cânula orofaríngea 
ou nasofaríngea, dispositivos supraglóticos e IOT ou métodos transtraqueais). Ao optar por um 
desses métodos, são observados aspectos como a experiência do socorrista, a disponibilidade de 
equipamentos e o tempo de transporte ao hospital.2–6,8–10 
Quanto ao controle da coluna cervical do paciente vítima de choque neurogênico, cabe 
ressaltar sua importância na primeira etapa do atendimento, uma vez que toda vítima 
politraumatizada inconsciente apresenta grande risco de lesão raquimedular.2,11
O diagnóstico de lesão raquimedular em si não é prioritário, mas a prevenção com a coluna é de 
total importância, a fim de evitar tanto o agravo da lesão existente quanto o surgimento de lesões 
secundárias, uma vez que o movimento excessivo em qualquer direção pode produzir ou agravar 
o dano neurológico. A solução é garantir manualmente a posição neutra (estabilizada) da cabeça 
e do pescoço do paciente durante todo o processo de avaliação, especialmente na abertura das 
vias aéreas e na realização de ventilação.15
A seguir, o uso de colar cervical é indicado, juntamente com estabilizadores laterais de cabeça (head 
block) e com tirantes fixados na prancha rígida. Deve-se salientar que, diante da necessidade de remover 
quaisquer dispositivos imobilizadores da vítima, para a realização da intervenção, é preciso manter a 
imobilização manual da cabeça e do pescoço até que o paciente possa ser imobilizado novamente.15 
BREATHING — RESPIRAÇÃO E VENTILAÇÃO
Na etapa de respiração e de ventilação do atendimento ao paciente vítima de choque neurogênico, 
a atenção se volta para a respiração da vítima. A avaliação inicia-se com a observação e com 
a palpação do tórax, por meio da simetria, da movimentação, da FR e da presença de lesões. 
A ausculta pulmonar auxilia no reconhecimento de lesões pleurais e parenquimatosas. Além do 
exame físico, a oximetria de pulso é indicada, para auxiliar o diagnóstico.2,10,16
Todas as ações realizadas com o paciente vítima de choque neurogênico têm como principal 
objetivo verificar se há alguma condição que coloque a vítima em risco iminente de morte, 
sendo uma condição que deve ser rapidamente tratada. No caso de a vítima apresentar 
ausência de ventilação, ou seja, apneia, é preciso iniciar imediatamente o processo de 
ventilação assistida, utilizando máscara com válvula e balão e oxigênio suplementar antes 
de prosseguir com a avaliação.2,10,16
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Caso a vítima esteja ventilando, é preciso estimar a adequação da frequência e a profundidade 
ventilatória, para determinar se está movimentando ar suficiente. Avaliando a oxigenação, ao 
verificar a ausência de hipóxia e a saturação superior a 90%, a oferta de oxigênio suplementar é 
indicada, para manter a saturação de oxigênio adequada.2,10,16
CIRCULATION — CIRCULAÇÃO
Frequentemente, as vítimas de choque neurogênico apresentam lesões associadas que podem 
desencadear significativas hemorragias. Uma vítima em choque neurogênico com sinais de hipovolemia 
deve ser tratada se houver perda de sangue, ou seja, o controle das hemorragias é prioritário.2,10,16
O pulso é avaliado quanto à presença, à qualidade e à regularidade, uma vez que a presença 
de pulso periférico palpável também fornece estimativas da PA. Essa rápida verificação pode 
revelar se a vítima em choque neurogênico apresenta taquicardia, bradicardia ou ritmo cardíaco 
irregular. Caso o pulso não esteja palpável em uma extremidade sem lesões, há o indicativo de 
descompensação e de choque, um sinal tardio de sua condição grave.2,10,16
No choque neurogênico, a verificação da perfusão possibilita encontrar a condição 
de pele quente e seca. Na indicação da presença de hemorragias, a restauração do 
sistema cardiovascular se dá por meio da oferta de fluidos em quantidade suficiente 
para garantir a perfusão dos órgãos vitais. Geralmente, em ambiente pré-hospitalar, são 
utilizadas a solução de Ringer lactato ou a solução salina.2,10,16
DISABILITY — DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA
A avaliação do estado neurológico do paciente em choque neurogênico no ambiente pré-hospitalar 
resume-se, basicamente, a chamar o paciente e a classificar a sua resposta de acordo com a 
pontuação na ECG, determinando seu nível de consciência.2,17
O rebaixamento do nível de consciência do paciente vítima de choque neurogênico pode alertar 
sobre a ocorrência de oxigenação cerebral diminuída (causada por hipóxia/hipoperfusão), lesão 
do SNC, intoxicação por drogas ou por álcool ou distúrbios metabólicos (diabetes, convulsão). 
Em relação à classificação na ECG, a maior pontuação — 15 — indica uma vítima sem danos 
neurológicos, enquanto a mais baixa — 3 — indica, em geral, um prognóstico ruim.2,17
EXPOSURE — EXPOSIÇÃO
A primeira ação no sentido de avaliar a vítima de trauma quanto à identificação das lesões é remover 
suas roupas. Além disso, a roupa pode absorver o sangue que escorrer de possíveis lesões, 
mantendo-as ocultas a sua avaliação. Após o exame de todo o corpo, o socorrista deve utilizar um 
cobertor térmico ou uma manta aluminizadapara manter a temperatura corporal do paciente.2,10,16 
Embora seja importante expor o corpo para viabilizar uma avaliação minuciosa, a hipotermia 
é uma condição preocupante e grave no tratamento do paciente vítima de trauma. Cabe 
ressaltar que, em ambiente externo, somente as partes necessárias do corpo da vítima 
devem ser expostas. Uma vez dentro da unidade de emergência, é possível realizar um 
exame completo e cobrir novamente o doente dentro do menor tempo possível.2,10,16 
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A quantidade de roupa que deve ser removida durante a avaliação do paciente vítima de trauma varia 
de acordo com a quantidade de lesões encontradas. De modo geral, removem-se somente as roupas 
necessárias para determinar a presença ou a ausência de uma condição ou de uma lesão.2,10,16
Ainda em relação ao atendimento pré-hospitalar, o transporte do paciente em choque neurogênico 
é bastante importante. Observadas as condições de controle da coluna cervical, deve-se proceder 
com a observação da gravidade da situação da vítima, que determina o hospital para o qual ela 
será removida.14–17
De modo geral e simples, a vítima deve ser conduzida para o hospital mais próximo 
e que tenha capacidade para tratar os problemas dela. Em certas circunstâncias, por 
ser mais suave e rápido, o transporte aéreo pode ser indicado, sendo de extrema 
importância a decisão de utilizá-lo ou não e seu acionamento, diminuindo o tempo de 
resposta e aumentando os benefícios para a vítima.14–17
ATIVIDADE
11. O atendimento pré-hospitalar considera, basicamente, a fase de salvamento. Nessa 
fase, sobre os principais cuidados e manejo da vítima politraumatizada com suspeita 
de lesão na coluna e de choque neurogênico, assinale a alternativa correta.
A) Transportar o mais rápido possível; a lesão já aconteceu e não pode ser agravada, devendo-
se atentar apenas aos parâmetros respiratórios e circulatórios durante o transporte.
B) Evitar lesões secundárias, estabilizando os parâmetros clínicos, respiratórios e 
circulatórios, aguardando, no cenário, um especialista para diagnóstico e a posterior 
remoção para a unidade hospitalar.
C) Evitar lesões secundárias, estabilizando a coluna e os parâmetros clínicos, 
respiratórios e circulatórios, com posterior transporte para a unidade hospitalar.
D) Realizar a estabilização clínica dos parâmetros clínicos, respiratórios e circulatórios, 
com posterior remoção para o hospital.
Resposta no final do artigo
 ■ CASO CLÍNICO
Paciente do sexo masculino, aparentando 18 anos de idade, realiza um trabalho de 
conservação em um poste da rede elétrica de, aproximadamente, seis metros de altura. 
Por descuido, ao tentar pegar uma ferramenta, o homem cai. 
O serviço de socorro, ao chegar ao local do acidente, encontra a vítima em decúbito 
dorsal, sem deformidades aparentes e sem sinais de hemorragias externas. O cenário 
não oferece riscos e não há necessidade de apoio adicional. A pessoa que acionou o 
serviço de emergência relata que em nenhum momento a vítima perdeu a consciência, 
ficando apenas um pouco confusa. 
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Na primeira avaliação da vítima, o socorrista percebe:
 ■ vias aéreas pérvias;
 ■ FR de 20ipm;
 ■ FC de 60bpm;
 ■ PA de 70 x 50mmHg;
 ■ pele com temperatura normal e seca.
A vítima não apresentou reação na motricidade nem sensibilidade em MMII.
ATIVIDADES
12. Quais condutas prioritárias devem ser seguidas no caso clínico?
 ...........................................................................................................................................
 ...........................................................................................................................................
 ...........................................................................................................................................
 ...........................................................................................................................................
Resposta no final do artigo
13. A equipe pré-hospitalar chega ao hospital com a vítima mencionada no caso clínico, que 
será seu paciente. Quais condutas devem ser realizadas para o efetivo diagnóstico clínico?
 ...........................................................................................................................................
 ...........................................................................................................................................
 ...........................................................................................................................................
 ...........................................................................................................................................
Resposta no final do artigo
 ■ CONCLUSÃO
O choque neurogênico, situação de desequilíbrio entre as estimulações simpáticas e parassimpáticas, 
caracterizado por pele quente e seca e por hipotensão arterial diferencia-se do choque medular, que 
é uma condição pós-traumática transitória e que requer uma série de medidas em seu atendimento, 
sobretudo no ambiente pré-hospitalar, para garantir a sobrevida da vítima.
Em ambiente externo, o protocolo de avaliação da gravidade da vítima deve seguir o ABCDE da 
vida, atentando para o controle da coluna cervical, a fim de não agravar a lesão existente e de 
prevenir lesões secundárias.
Via de regra, o atendimento na cena do evento deve ser o mais breve possível, e a vítima deve ser 
direcionada para o hospital adequado mais próximo, no qual podem ser observadas e controladas 
as variáveis fisiológicas descritas.
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Normalmente, compete à equipe de enfermagem, no ambiente pré-hospitalar, garantir a sobrevida 
da vítima por meio da utilização de técnicas de imobilização e de estabilização dos parâmetros de 
vias aéreas e hemodinâmicos.
No ambiente hospitalar, a equipe de enfermagem auxilia no diagnóstico e no cuidado ao paciente 
até a alta, sendo, também, responsável por treinar tanto o paciente quanto seus familiares e/ou 
cuidadores em relação à nova condição do indivíduo.
 ■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
Atividade 1
Resposta: B
Comentário: As lesões medulares não traumáticas — representadas por doenças inflamatórias 
(20%), por doenças vasculares (25%), por tumores (25%) e por estenoses espinhais (19%) — e 
as lesões medulares traumáticas — representadas por acidentes automobilísticos (48,8%), por 
agressões e quedas (40%) — por lesões dos esportes de contato (12%) — que se apresentam 
com choque neurogênico são importantes causas de disfunção cardiovascular.
Atividade 2
Resposta: B
Comentário: De acordo com a ASIA, pacientes classificados em A ou B (comprometimento motor 
completo) apresentam bradicardia em quase 100% dos casos e hipotensão sistólica em cerca de 
60%, com necessidade de aplicação de fármacos vasoativos em 35%; desses casos, entre 15 e 
20% evoluem para PCR.
Atividade 3
Resposta: C
Comentário: A afirmativa I está incorreta porque são as fibras parassimpáticas que chegam até 
o colo transverso inervando o coração, os brônquios, o trato digestório e as glândulas por fibras 
pré-ganglionares longas e pós-ganglionares curtas. A afirmativa III está incorreta porque são as 
fibras simpáticas que partem com fibras pré-ganglionares curtas até uma CP que desce parale-
lamente à medula espinhal torácica e lombar (T1–L2), emitindo fibras longas pós-ganglionares. 
Essas fibrasinervam a maioria das vísceras, incluindo o coração e a musculatura lisa vascular.
Atividade 4
Resposta: A
Comentário: Em relação à fisiopatologia do choque neurogênico, quando ocorre lesão medular, 
as vias simpáticas encefálicas são interrompidas, e as parassimpáticas são preservadas, ocasio-
nando alterações cardiovasculares caracterizadas, no início, por hipotensão e por hiperatividade 
adrenal, logo seguidas por hipotensão mais prolongada, por causa da diminuição da atividade 
simpática. No caso do choque ocasionado por lesão encefálica, a hipotensão pode ser decorrente 
da insuficiência cardíaca secundária à isquemia miocárdica.
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Atividade 5
Resposta: B
Comentário: A afirmativa I está incorreta porque é o choque neurogênico, e não o medular, que é causado 
pela desconexão entre os centros supraespinhais simpáticos e seus órgãos-alvo (lesão medular alta), 
causando hipotensão arterial sistêmica, bradicardia e vasodilatação periférica. A afirmativa IV está 
incorreta porque a expressão choque medular não se refere ao choque neurogênico especificamente, 
pois, no choque medular, está incluída toda a sintomatologia relativa à transecção medular.
Atividade 6
Resposta: A
Comentário: No suporte ventilatório, a administração de oxigênio deve ser iniciada de imediato nos 
pacientes em choque, para que haja uma oferta adequada aos tecidos e à microcirculação, evitando, 
também, a hipertensão pulmonar. Na monitorização, o instrumento mais utilizado é o oxímetro de 
pulso, mas existem limitações em relação à eficácia dele, pois é comum ele não revelar a situação 
verdadeira do paciente, por causa presença da vasoconstrição periférica. Assim, para a avaliação 
fidedigna dos parâmetros metabólicos do paciente, é necessário o exame de gasometria arterial. A 
persistência de hipoxemia, de dispneia, de acidose, de fadiga da musculatura acessória ventilatória, 
das alterações no nível de consciência e a cianose persistente são indicativos para IOT precoce 
como medida protetora, com VPM, monitorada por capnografia em forma de onda — procedimento 
ainda pouco utilizado no Brasil, por causa do elevado custo, embora seja recomendado.
Atividade 7
Resposta: C
Comentário: A afirmativa I está incorreta porque os músculos que contribuem para a respiração 
são enervados por T1 a T11, e o diafragma é enervado pelo nervo frênico do plexo cervical, com 
raízes de C3 a C5. Por isso, no traumatismo da coluna cervical alta, a causa mais comum de morte 
é a insuficiência respiratória aguda.
Atividade 8
Resposta: C
Comentário: Imediatamente após um trauma medular, ocorre a retenção urinária. Como o paciente 
não sente a distensão vesical, o superestiramento da bexiga e do músculo detrusor pode ocorrer, 
retardando, assim, o retorno da função vesical. Qualquer lesão do SNC ou do SN periférico 
envolvida no controle da micção origina uma bexiga neurogênica.
Atividade 9
Resposta: B
Comentário: A afirmativa IV está incorreta porque é relevante investigar os hábitos alimentares 
e o padrão de eliminação intestinal anteriores à lesão medular e a situação atual, considerando 
e avaliando a presença de ruídos hidroaéreos. Recomenda-se que o paciente padronize seus 
horários para evacuação, atentando-se para os hábitos e para os horários anteriores à lesão 
medular, estabelecendo uma rotina.
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Atividade 10
Resposta: B
Comentário: As afirmativas I e IV estão corretas. A pele deve ser mantida sempre hidratada e as 
áreas mais sensíveis à pressão devem estar sempre lubrificadas e hidratadas com o uso diário 
de creme umectante. No banho, deve-se usar sabonete neutro e ter delicadeza ao secar a pele. 
Podem ser utilizadas espumas em variados formatos para oferecer apoio e sustentação às regiões 
dorsal, poplítea, dos cotovelos e dos calcanhares. Na região sacral, tem-se recomendado o uso de 
almofadas d’água quadradas e de espuma siliconada em diferentes densidades.
Atividade 11
Resposta: C
Comentário: Ao se falar em atendimento ao paciente vítima de choque neurogênico no ambiente 
pré-hospitalar, basicamente, está se abordando a fase de salvamento, em que o principal cuidado 
com o paciente é o adequado manejo dele, para evitar lesões secundárias, seguido da estabilização 
clínica pelo controle criterioso dos parâmetros respiratórios e circulatórios até a chegada ao hospital.
Atividade 12
Resposta: O diagnóstico mais provável do caso clínico é lesão medular, choque neurogênico. 
Assim, como condutas prioritárias, deve-se realizar o exame inicial, seguindo a sequência ABCDE, 
estabilizar manualmente a coluna cervical, realizar exame do tórax, ofertar oxigênio complementar, 
realizar o exame circulatório, verificar a pontuação da ECG, exposição da vítima. Feito o rolamento 
para a prancha longa e feita a estabilização com tirantes, deve-se pôr o colar cervical no paciente. 
No interior da ambulância, deve-se realizar acessos venosos periféricos, a monitorização cardíaca, 
a aferição de sinais vitais, o hemoglicoteste (HGT) e verificar o histórico do paciente. Por último, o 
paciente deve ser encaminhado para o hospital de referência.
Atividade 13
Resposta: Para o efetivo diagnóstico clínico da situação apresentada no caso clínico, deve-se 
realizar a coleta de dados relevantes captados no cenário, manter uma adequada oxigenação e os 
parâmetros hemodinâmicos estáveis, reavaliar para possíveis lesões não apresentadas na cena 
e durante o transporte e manter a monitorização contínua. Ainda, exames de imagem devem ser 
feitos, para obter o diagnóstico efetivo e o tipo de lesões, assim como o julgamento multidisciplinar 
para condutas terapêuticas e de cuidados com o paciente.
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Como citar este documento
Oliveira RP, Barcelos LS, Cavalcanti RLS, Leite TS. Choque neurogênico: implicações para a 
prática de enfermagem no cenário de emergência. In: Associação Brasileira de Enfermagem; 
Unicovsky MAR, Spezani RS, Waldman BF, organizadores. PROENF Programa de Atualização 
em Enfermagem: Urgência e Emergência: Ciclo 5. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2017. 
p. 85–111. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1). 
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