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Administração financeira, volumes 1 e 2 Juliane Miziara Machado Borges Sérgio Querino Antunes Alexandre Alvarez Administração financeira, volumes 1 e 2 © 2011 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor: Marcelo Palmério Pró-Reitora de Ensino Superior: Inara Barbosa Pena Elias Pró-Reitor de Logística para Educação a Distância: Fernando César Marra e Silva Assessoria Técnica: Ymiracy N. Sousa Polak Produção de Material Didático: • Comissão Central de Produção • Subcomissão de Produção Editoração: Supervisão de Editoração Equipe de Diagramação e Arte Capa: Toninho Cartoon Edição: Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Borges, Juliane Miziara Machado. B644a Administração financeira / Juliane Miziara Machado Borges, Sérgio Querino Antunes, Alexandre Alvarez. – Uberaba: Universidade de Uberaba, 2011. v.1 e 2, 200 p. : il. ISBN 978-85-7777-426-5 1. Administração financeira. 2. Financiamento. 3. Projetos – Financiamento. I. Antunes, Sérgio Querino. II. Alvarez, Alexandre. III. Universidade de Uberaba. IV. Título. CDD 658.15 Juliane Miziara Machado Borges Especialista em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Graduada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Professora do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Uberaba (Uniube). Sérgio Querino Antunes Pós-Graduado em Administração Financeira e Controladoria pelo Instituto Nacional de Pós-graduação em São José do Rio Preto. MBA em Gestão Empresarial pelo Instituto Nacional de Pós- graduação em São José do Rio Preto. Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade de Uberaba (Uniube). Professor da Universidade de Uberaba nos cursos de Administração e Ciências Contábeis. Alexandre Alvarez Especialista em Gerenciamento de Pequenas e Microempresas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Graduado em Ciências Contábeis e em Administração pela Faculdade de Ciências Econô- micas do Triângulo Mineiro (FCETM). Sobre os autores Sumário Apresentação ..............................................................................XI Parte I Administração financeira I ................................................ 1 Capítulo 1 Conhecendo o mundo das finanças........................... 3 1.1 O que são finanças corporativas? ................................................................ 4 1.2 Evolução da administração financeira .......................................................... 6 1.3 Características da administração financeira................................................. 8 1.3.1 Regime de caixa .................................................................................. 8 1.3.2 Valor do dinheiro no tempo ................................................................. 9 1.3.3 Riscos dos fluxos de caixa ................................................................ 10 1.4 Relação da administração financeira com outras disciplinas ..................... 10 1.5 Administradores financeiros e acionistas ................................................... 11 1.5.1 Custos de agency .............................................................................. 12 1.6 Mercado financeiro ..................................................................................... 12 1.7 Equilíbrio de mercado................................................................................. 14 1.7.1 Mercado competitivo ......................................................................... 15 1.8 Decisão de consumo intertemporal ............................................................ 16 1.9 Princípio básico da tomada de decisões de investimento .......................... 18 1.10 Valor Presente Líquido (VPL) ................................................................... 22 Capítulo 2 Fontes de financiamento: ações e obrigações......... 29 2.1 Valor do dinheiro no tempo ......................................................................... 31 2.1.1 Perpetuidade ..................................................................................... 31 2.1.2 Perpetuidade crescente .................................................................... 33 2.1.3 Anuidade ........................................................................................... 35 2.2 Obrigação ................................................................................................... 43 2.2.1 Obrigações descontadas puras ......................................................... 43 2.2.2 Obrigações com cupons uniformes ................................................... 44 2.2.3 Consols ............................................................................................. 47 2.2.4 Taxas de juros, taxa de cupom e comercialização de obrigações ................47 2.2.5 Retorno esperado até o vencimento ................................................. 47 2.3 Ações .......................................................................................................... 49 2.3.1 Valor presente das ações ordinárias .................................................49 2.4 Oportunidades de crescimento................................................................... 56 Capítulo 3 Títulos isolados: risco e retorno ............................... 61 3.1 Retornos de um ativo ................................................................................. 62 3.1.1 Retorno absoluto .............................................................................. 62 VIII UNIUBE 3.1.2 Retorno percentual ............................................................................ 63 3.1.3 Retorno acumulado ........................................................................... 65 3.2 Retorno médio ou retorno esperado........................................................... 66 3.2.1 Retorno médio .................................................................................. 66 3.2.2 Retorno esperado com probabilidade ............................................... 67 3.2.2 Retornos médios de ações e retornos livres de risco ....................... 68 3.3 Risco........................................................................................................... 68 3.3.1 Estatísticas de risco .......................................................................... 69 3.3.2 Calculando o risco sem probabilidade .............................................. 69 3.3.3 Calculando o risco com probabilidade .............................................. 71 Capítulo 4 Carteira de ações e modelo de precificação de ativos .......................................................................77 4.1 Definindo carteira de ações ........................................................................ 78 4.1.1 Relacionando títulos isolados ............................................................ 78 4.1.2 Covariância e correlação ................................................................... 79 4.1.3 Retorno de uma carteira .................................................................... 83 4.1.4 Variância e desvio-padrão de uma carteira ....................................... 84 4.1.5 Carteira composta por um ativo sem risco eum ativo com risco ...... 86 4.1.6 Carteira com captação de recursos em ativos sem risco para aplicar em ativos com risco ........................................................................... 88 4.2 Equilíbrio de mercado................................................................................. 89 4.2.1 Modelo de precificação de ativos – CAPM ........................................ 90 Parte II Administração financeira II ............................................ 95 Capítulo 5 Projetos: conceito e técnicas matemáticas aplicadas ................................................................. 97 5.1 Projetos: conceitos e técnicas matemáticas aplicadas ......................................98 5.1.1 Fases do projeto .............................................................................. 103 5.1.2 Viabilidade econômico-financeira .................................................... 108 Capítulo 6 Elaboração de fluxos de caixa para análise de investimentos......................................................... 119 6.1 Determinando o investimento inicial ......................................................... 120 6.1.1 Instalação de novos ativos .............................................................. 121 6.1.2 Valor apurado na venda de ativos a serem substituídos ................. 121 6.1.3 Mensurando a tributação decorrente da venda de ativos a serem substituídos ..................................................................................... 122 6.1.4 Valor Apurado Pela Venda é o mesmo que o Valor Residual Contábil (VAPV = VRC) ................................................................................. 122 6.1.5 Valor Apurado Pela Venda é maior que o Valor Residual Contábil (VAPV > VRC) ................................................................................. 123 6.1.6 Valor Apurado Pela Venda é menor que o Valor Residual Contábil (VAPV<VRC) ................................................................................... 123 6.1.7 Alterações no capital de giro líquido decorrentes do projeto em análise .............................................................................................. 124 UNIUBE IX 6.2 Montando os fluxos de caixa operacionais............................................... 126 6.2.1 Fluxo de caixa residual .................................................................... 128 Capítulo 7 Viabilidade econômico-financeira de projetos sem risco ........................................................................ 135 7.1 Primeiras considerações 137 7.1.1 Investimento .................................................................................... 137 7.1.2 Modalidades de investimento .......................................................... 140 7.2 Métodos de análise de investimentos ...................................................... 141 7.2.1 Primeiro método payback ................................................................ 141 7.2.2 Segundo método (Taxa Interna de Retorno (TIR ou IRR) ............... 148 7.2.3 Terceiro método (Valor Presente Líquido – VPL ou NPV) ............... 151 7.2.4 Quarto método (índice de Lucratividade IL, ou índice de Rentabilidade) ................................................................................. 159 Capítulo 8 Viabilidade econômico financeira de projetos com risco ....................................................................... 169 8.1 Incerteza e risco ....................................................................................... 170 8.1.1 Tipos de risco .................................................................................. 171 8.2.1 Equivalente à certeza ...................................................................... 172 8.2 Métodos de ajuste ou técnicas de avaliação do risco isolado ........................172 8.2.2 Análise de sensibilidade .................................................................. 175 8.2.3 Análise de cenários ......................................................................... 177 8.2.4 Valor esperado e independência dos fluxos de caixa ..................... 178 8.3.Investimentos com fluxos de caixa perfeitamente correlacionados ......... 181 8.3 Fluxos de caixa dependentes no tempo ................................................... 181 8.3.2 Investimentos com fluxos de caixa moderadamente correlacionados ............................................................................... 182 Prezado(a) aluno(a). A constante evolução do mundo dos negócios e, consequentemente, dos mercados financeiros, tornou cada vez maior o desafio dos administradores financeiros. O mercado espera que os profissionais de finanças tenham uma visão abrangente da empresa e de suas relações com o ambiente externo, pois o mesmo realiza a ligação entre o mercado financeiro e as necessidades demandadas pela organização. Logo, é fundamental o conhecimento das duas pontas dessa relação. O conhecimento financeiro deve abranger não só as técnicas financeiras, mas também saber como utilizá- las, conjuntamente, com outros valores estratégicos da organização. Neste livro, você aprenderá a utilizar matemática financeira na avalia- ção de ações e obrigações, que são fontes de financiamento de longo prazo das empresas, como também, avaliar as ações individualmente, e em carteira, calculando o risco e retorno. Em uma segunda etapa, passaremos a analisar projetos de investimentos, considerando projetos sem risco e com risco. Desta forma, você terá uma visão abrangente das fontes de recursos e suas aplicações. Para tanto, o livro foi dividido em duas partes, a saber: Parte I: Administração financeira I, e Parte II: Administração financeira II. Em cada uma das partes, há quatro capítulos, que serão descritos a seguir. Na Parte I, você terá a oportunidade de conhecer o mundo das finanças, em suas especificações: finanças corporativas, ou finanças empresariais; a evolução da administração financeira; características da administração financeira; relação da administração financeira com outras disciplinas; administradores financeiros e acionistas; mercado Apresentação XII UNIUBE financeiro; equilíbrio de mercado; decisão de mercado intertemporal; princípio básico da tomada de decisões de investimento e valor presente líquido (VPL), no capítulo 1. Já no capítulo 2, você compreenderá as ações e as obrigações das fontes de financiamento, através de seus mecanismos: valor do dinheiro no tempo e conhecendo obrigações e ações. O capítulo 3 apresenta a análise dos riscos e os retornos dos títulos isolados; também será possível estudar o retorno dos ativos. No capítulo 4, “Carteira de ações e modelo de precificação de ativos”. Para compor a última análise da parte I, irá tratar da definição da carteira de ações e equilíbrio de mercado. Na Parte II, Administração financeira II, o foco serão os conceitos matemáticos. Para tanto, no capítulo 5, você irá estudar sobre projetos: conceitos e técnicas matemáticas aplicadas; os conceitos e as características dos projetos; a viabilidade econômico-financeira e as atividades propostas. No capítulo 6, você aprenderá a elaborar fluxos de caixa para a análise de investimentos. Para tanto, abordar-se-ão aspectos fundamentais, tais como: determinar o investimento inicial; montando os fluxos de caixas operacionais; fluxo de caixa residual; atividades propostas. No capítulo 7, com o título “Viabilidade Econômico-financeira de Projetos sem Riscos”, você irá compreender como fazer o investimento; as modalidades de investimento e métodos de análise de investimentos. No capítulo 8, “Viabilidade econômico-financeira em projetos com risco”, você poderá estudar sobre a incerteza e o risco do mercado econômico; aprenderá os métodos de ajuste ou técnicas de avaliaçãodo risco isolado e fluxos de caixa dependentes no tempo. Assim, o conteúdo do livro está construído de maneira a facilitar a sua compreensão, contribuindo com o aprimoramento dos seus estudos e sua formação. O intuito maior é, com certeza, que você possa buscar o crescimento pessoal, mesmo com o foco na profissão. Bons estudos! Administração financeira I Parte I UNIUBE 3 Juliane Miziara Machado Borges Introdução Conhecendo o mundo das finanças Capítulo 1 Caro(a) aluno(a). Este primeiro capítulo de Administração Financeira foi elaborado com satisfação para apresentar-lhe ao universo das Finanças Corporativas. A constante evolução do mundo dos negócios e, conse- quentemente, dos mercados financeiros tornaram cada vez maiores o desafio dos administradores financeiros. O mercado espera que os profissionais de finanças tenham uma visão abrangente da empresa e de suas relações com o ambiente externo, pois o mesmo realiza a ligação entre o mercado financeiro e as necessidades demandadas pela organização. Logo, é fundamental o conhecimento das duas pontas dessa relação. O conhecimento financeiro deve abranger não só as técnicas financeiras, mas também as suas respectivas aplicações, con- juntamente com outros valores estratégicos da organização. É recomendável que, para o melhor aproveitamento desta dis- ciplina, você tenha conhecimento de matemática financeira, contabilidade básica e estatística. Estaremos utilizando, princi- palmente, a calculadora HP 12C, com a qualvocê já teve contato na matemática financeira. Bons estudos! 4 UNIUBE Espero que ao final de seus estudos deste primeiro capítulo, você seja capaz de: • identificar o campo de estudo da administração financeira e suas principais características; • descrever a relação entre administrador financeiro e acionistas; • decidir entre projetos, por intermédio do cálculo do Valor Presente Líquido, considerando as decisões intertemporais de consumo. Administração Financeira O que são Finanças Corporativas Evolução da Administração Financeira Características da Administração Financeira Assistentes Financeiros e Acionistas Mercado Financeiro Equilíbrio de Mercado Decisão Intertemporal de Consumo Princípio Básico de tomada de decisão de investimento Valor Presente Líquido – VPL Relação da Administração Financeira com outras disciplinas Finanças corporativas também são conhecidas como finanças empresariais e estão muito mais presentes no seu dia a dia do que você percebe. Imagine que você quer abrir uma fábrica de trufas de chocolate. Antes de efetivar a inauguração de sua empresa, você deve Objetivos Esquema 1.1 O que são finanças corporativas? UNIUBE 5 analisar se possui dinheiro suficiente para comprar equipamentos, instalar a fábrica, comprar matéria-prima. Também tem que calcular como irá vender a produção, pagar funcionários, receber dos clientes e inúmeras outras tarefas. As finanças corporativas abordam exatamente as questões anteriormente levantadas. Quando você pensa em como levantar o recurso necessário para montar seu negócio: irá utilizar o dinheiro que você economizou, irá recorrer a uma instituição financeira ou chamará alguém para entrar como sócio? São dúvidas referentes às fontes de financiamento da organização. A escolha das fontes de financiamentos (capital próprio e capital de terceiro), e em que proporções serão utilizadas, são chamados de estrutura de capital e se localizam no lado direito do balanço patrimonial. No momento em que você passa a estudar quais equipamentos adquirir para sua fábrica de trufas de chocolate, deve-se construir ou alugar instalações, você está decidindo sobre o orçamento de capital da empresa, que se situa no ativo realizável a longo prazo e no permanente, do lado do ativo no balanço patrimonial. Ao analisar o dia a dia da empresa: há recursos disponíveis para pagar funcionários e fornecedores? Devo realizar um desconto de duplicatas? São assuntos sobre o capital de giro da sua fábrica de trufas de chocolate. O capital de giro líquido está localizado no curto prazo do balanço patrimonial e corresponde à diferença entre ativo circulante e passivo circulante (Figura 1). Figura 1: Localização das funções da administração financeira no balanço patrimonial. Ativo Circulante Passivo Circulante Capital de Giro Líquido Realizável a Longo Prazo Permanente Patrimônio Líquido Exigível a Longo Prazo O rç am en to d e C ap ita l Es tru tu ra d e C ap ita l 6 UNIUBE Logo, em finanças empresariais, há três grandes temas a serem estudados: • estrutura de capital; • orçamento de capital; • capital de giro líquido. Todas as decisões tomadas em finanças, ao considerar todos os temas anteriores, visam maximizar a riqueza do acionista, ou dos sócios da empresa. É importante enfatizar que, maximizar a riqueza do acionista significa que o administrador financeiro deve analisar cuidadosamente a estrutura de capital da empresa e procurar fontes de financiamento que gerem mais caixa do que custam. Ao estudar as opções de investimento (orçamento de capital), deve optar por aquelas que produzam mais caixa do que custam, e o montante a ser pago aos acionistas e credores deve superar o montante que os mesmos investiram na empresa. Mas, nem sempre o objetivo da administração financeira foi a ma- ximização da riqueza do acionista. Vejamos agora a evolução da administração financeira. 1.2 Evolução da administração financeira No começo do século XX, a administração financeira voltava-se para a regularização e legalização de novas empresas, principalmente, buscando levantar recursos via emissão de variados tipos de papéis. Logo após a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, a administração financeira transfere seu foco para a solvência e liquidez das empresas. Nos anos 40, a teoria financeira descrevia a empresa do ponto de vista externo, possuía a visão de um fornecedor de recursos. Esta visão externa da empresa foi decorrente do aumento da demanda após o fim da II Guerra mundial, que imprimiu a necessidade de se obter empréstimos e financiamentos para aplicar no capital de giro das empresas e para suprir as necessidades da população. UNIUBE 7 A década de 50 foi marcada por um acelerado crescimento econômico, mas persistia o receio de uma recessão no pós-guerra, haja vista o aumento do custo de mão de obra e a crescente dificuldade na obtenção de recursos. Logo, os controles de caixa e a parte gerencial interna ganharam relevância. Já no final dos anos 50 e início dos anos 60, a rentabilidade das organizações começou a cair, de forma que o custo do capital e a alocação adequada dos recursos destinados a investimento ganham grande importância. Na década de 70, com a crise do petróleo, aumentou o interesse nas teorias de risco e de portfólio. Os anos 80 se caracterizaram por uma forte oscilação das taxas de juros e além de grande movimentação na área de fusões e aquisições. Assume grande importância investimentos com grande grau de complexidade, utilizando derivativos como proteção ao risco. Pesquise na Internet sobre derivativos e aprofunde seus conhecimentos. Por exemplo, no site do InvestBolsa, você poderá compreender como funcionam estas operações no Brasil diante do mercado de derivativos. Lembre-se de socializar a sua pesquisa com colegas e professores. PESQUISANDO NA WEB Na década seguinte, efetivou-se a globalização que, junto com o aumento das oportunidades de investimento, trouxe um significativo aumento dos riscos, logo se procuraram instrumentos para avaliar a relação risco e retorno. O século XXI começa com escândalos financeiros de grandes empresas multinacionais que motivaram um interesse especial à governança corporativa e à transparência de informações. 8 UNIUBE Ao pesquisar na Internet, você pode aprofundar seus conhecimen- tos sobre a evolução da administração financeira. Procure artigos relacionados a esta temáticae conheça mais sobre as influências dos acontecimentos nacionais e internacionais na administração financeira. Sugerimos o artigo de Elizabeth Krauter e Rubens Famá, intitulado “Um estudo sobre a evolução da função financeira da empresa”(<http:// www. ead. fea. usp. br/ semead/8semead/resultado/trabalhosPDF/42.pdf>), que apresenta a evolução da função financeira do início do século XX até o início do século XXI. Esta leitura vale a pena!!. Lembre-se de socializar o que leu com seus colegas e professores. PESQUISANDO NA WEB 1.3 Características da administração financeira Agora, que você já sabe os principais objetos de estudo da adminis- tração financeira (estrutura de capital, orçamento de capital e adminis- tração do capital de giro líquido) e seu objetivo (maximizar a riqueza do acionista), vamos ver suas principais peculiaridades. 1.3.1 Regime de caixa A contabilidade elabora seus relatórios utilizando o regime de competência, significando que as receitas são reconhecidas no ato da venda, e as despesas quando incorridas. A administração financeira adota o regime de caixa, ou seja, as receitas são reconhecidas no momento do efetivo recebimento, e as despesas, no momento do efetivo pagamento (desembolso). Portanto, trabalha com entrada e saída de caixa. UNIUBE 9 Imagine que a sua fábrica de trufas realizou sua primeira venda. Para conquistar o cliente, você concedeu um prazo de 30 dias,sendo que o valor da venda foi de R$1.000,00. O custo das trufas vendidas foi de R$300,00. Vamos realizar os lançamentos com a visão contábil e com a visão financeira para você perceber a diferença. Visão Contábil Visão Financeira Venda 1.000 Venda 0,00 Custos -300 Custos -300 Resultado 700 Resultado -300 EXEMPLIFICANDO! Trabalhando com o regime de caixa, o administrador financeiro consegue visualizar e acompanhar a entrada e a saída de dinheiro, podendo tomar medidas que garantam que as necessidades de caixa da empresa sejam supridas. 1.3.2 Valor do dinheiro no tempo Além de trabalhar com o regime de caixa, a administração finan- ceira utiliza o conceito do valor do dinheiro no tempo. Conceito esse que você aprendeu em matemática financeira. Quer dizer que, uma unidade monetária recebida hoje vale mais do que uma unidade monetária a ser recebida daqui a um ano. Para finanças, os momentos da ocorrência de entradas e saídas no caixa são extre- mamente importantes. Vamos voltar ao exemplo da venda das trufas com prazo de 30 dias. Suponha que você tenha que pagar um fornecedor hoje e está contando com o dinheiro desta venda para realizar o pagamento. Mas a venda foi realizada com 30 dias, logo você foi ao banco para descontar a duplicata e pagar seu fornecedor. Ao realizar o desconto da duplicata, você percebe que entrou em sua conta apenas R$ 900,00 e não R$ 1.000,00, que foi o valor da venda. EXEMPLIFICANDO! 10 UNIUBE Como você pode visualizar, no exemplo anterior, o valor do dinheiro no tempo, ou seja, o conhecimento de matemática financeira é impres- cindível para que o administrador financeiro realize suas atividades com sucesso. 1.3.3 Riscos dos fluxos de caixa Frequentemente, o administrador financeiro tem que tomar decisões relacionadas aos fluxos de caixa projetados. Toda projeção envolve incertezas, sendo o risco a medida da incerteza. A oscilação esperada do resultado esperado deve ser levada em consideração. A administração financeira deve levar em conta o risco referente ao volume e à distribuição dos fluxos de caixa. Tais riscos, geralmente, não são conhecidos com certeza. 1.4 Relação da administração financeira com outras disciplinas Para entender melhor a administração financeira, é fundamental que você tenha conhecimento de economia, estatística e contabilidade. Além da matemática financeira é importante considerar que o valor do dinheiro é uma das principais características da administração financeira. a) Administração financeira e economia Ao projetar fluxos de caixa para realizar suas avaliações, os administradores financeiros consideram as alterações que podem ocorrer nas características da demanda, oferta e pre- ços. Logo, o entendimento sobre o comporta- mento destes conceitos microeconômicos ajuda os administradores a tomarem decisões que maximizem a riqueza do acionista. Conceitos microeconômicos São conceitos relacionados à interação da empresa e consumidores com foco na formação de preços no mercado, ou seja, interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Conceitos macroeconômicos São conceitos relacionados ao comportamento da economia como um todo considerando a renda, os investimentos e o consumo nacional. Também são imprescindíveis conhecimentos macroeconômicos, pois mostram a evolu- ção da economia nacional, regional e seto- rial. Mudanças no nível de emprego, no PIB, UNIUBE 11 na balança comercial são analisadas pela macroeconomia e exercem grande influência na análise de cenários possíveis por uma empresa. b) Administração financeira e contabilidade O contabilista foca sua atenção para a coleta, registro e elaboração de relatórios utilizando o regime de competência. Esses relatórios ajudam os administradores financeiros na elaboração de fluxos de caixa para a tomada de decisões. O balanço patrimonial também fornece uma visão da estrutura de capital da empresa, fato este indispensável para calcular o custo médio ponderado de capital da firma. c) Administração financeira e estatística Como você tomou conhecimento no tópico anterior, uma das características da administração financeira é considerar o risco. O risco é medido pelo desvio padrão. Ou seja, o desvio padrão indica em quanto deve oscilar determinado retorno esperado. 1.5 Administradores financeiros e acionistas Você já sabe que o objetivo da administração financeira e, conse- quentemente, do administrador financeiro é maximizar a riqueza do acionista, que delega ao administrador financeiro a tarefa de gerenciar sua empresa, assumindo o papel de agente da companhia. Mesmo assumindo o papel de agente da empresa, e sendo essa função delegada pelo acionista, surgem conflitos de interesses entre administradores e acionistas. Os administradores têm preferência por despesas e por verbas para gastos individuais, que muitas vezes superam a produtividade alcançada pelos mesmos. Por exemplo: automóveis da empresa, verbas para gastos individuais, dentre outros. EXPLICANDO MELHOR 12 UNIUBE Os administradores buscam sobrevivência, liberdade e autossuficiência: sobrevivência para controlar recursos suficientes para que a empresa deixe de existir; liberdade e autossuficiência para tomar decisões sem ter que dar satisfações a agentes externos ou depender de financia- mento externos. Preferem depender somente do fluxo de caixa gera- do internamente. Nem sempre depender exclusivamente do caixa da empresa é a decisão que maximiza a riqueza do acionista. Os administradores querem maximizar a riqueza da empresa, reinves- tindo o fluxo de caixa gerado pela mesma. Essa decisão de reinvesti- mento pode não coincidir com a maximização da riqueza do acionista. O acionista quer o retorno sobre seu investimento e parte deste retorno é proporcionado sob a forma de dividendos. 1.5.1 Custos de agency Os administradores de uma empresa de capital aberto utilizam poderes delegados pelos acionistas e devem agir de forma a atingir os objetivos e preservar os interesses dos acionistas. Mas, como você acabou de ver, no tópico anterior, administradores e acionistas podem ter visões diferentes. Visando desestimular interesses divergentes por parte do administrador, o acionista lança mão de incentivos e várias ferramentas de controle. Os custos destes incentivos e dos procedimentos de controle são conhecidos como custos de agency. Os custos de agency são os custos provenientes da gestão do conflito de interesses entreacionistas e administradores. 1.6 Mercado financeiro A administração financeira faz a ligação entre a empresa e o mercado financeiro. Logo se faz fundamental que o administrador conheça o mercado financeiro. É no mercado financeiro que acontece a ligação entre pessoas e/ou empresas superavitárias com pessoas e/ou empresas deficitárias. UNIUBE 13 Esta ponte entre unidades superavitárias e deficitárias é realizada pelas instituições financeiras. Para facilitar a compreensão, o mercado financeiro é dividida em: mercado de capital, mercado de crédito, mercado de câmbio e mercado monetário. a) Mercado monetário O mercado monetário regula a liquidez da economia, ou seja, a quantidade de moeda em circulação. As operações realizadas no mercado monetário são de curto e curtíssimo prazos, sendo o Banco Central e o Tesouro Nacional os principais responsáveis pela execução da política monetária nacional. b) Mercado de crédito Como o próprio nome diz, ele fornece recursos às unidades eco- nômicas deficitárias. Quando você compra um carro utilizando um financiamento bancário, você está participando do mercado de crédito. c) Mercado de capitais Quando você compra uma ação de uma empresa de capital aberto, ou quando compra uma debênture de uma empresa, você está operando no mercado de capitais. O mercado de capitais se divide em mercado primário e secundário. No mercado primário, são negociadas ações e títulos pela primeira vez. Quando isso ocorre, a empresa emissora recebe uma entrada de caixa proveniente da venda desses títulos e/ou ações. Já no mercado secundário, ocorre a negociação de ações que já se encontram disponíveis no mercado, ou seja, papéis que já foram adquiridos anteriormente por terceiros. 14 UNIUBE d) Mercado de câmbio No Brasil, a única moeda que pode circular livremente é o real, logo se faz necessária a conversão de divisas estrangeiras para o real. O mercado de câmbio é o responsável por esta conversão. Para aprofundar seus conhecimentos sobre o mercado financeiro brasileiro, pesquise na Internet artigos, notícias e vídeos. Sugerimos um link da Presidência da República, que traz uma síntese sobre Estrutura do Mercado Financeiro (http://www.portaldoinvestidor.gov.br/Acad%C3%AAmico/Entendendo oMercadodeValoresMobili%C3%A1rios/OSistemaFinanceiroNacional/ tabid/91/Default.aspx?controleConteudo=viewRespConteudo&Item ID=332) Contempla as características deste mercado. Não deixe de ler e compartilhar seu aprendizado com colegas e professores. PESQUISANDO NA WEB 1.7 Equilíbrio de mercado Agora, que você já conhece o conceito de mercado financeiro, irá conhecer a figura do equilíbrio de mercado. Vale ressaltar que o equilíbrio de mercado é uma figura teórica. O mercado encontra-se em equilíbrio quando o volume de dinheiro disponível no mercado para ser emprestado se iguala ao volume de recursos procurado para ser tomado. Outro pressuposto do equilíbrio de mercado é que o dinheiro é aplicado e emprestado à mesma taxa de juros. Sendo que a taxa de juros é que regula a quantidade de dinheiro disponível para aplicar e para emprestar. Quando há mais dinheiro disponível para aplicar, ou seja, para ser emprestado, do que pessoas e/ou empresas interessadas em captar este recurso, é porque a taxa de juros vigente no mercado encontra- se elevada. Existem pessoas e empresas que estão deficitárias e, UNIUBE 15 PESQUISANDO NA WEB consequentemente, necessitam de recursos, mas não concordam em contratar empréstimos e financiamentos a esta taxa, por considerarem- na muito cara. O inverso ocorre quando a taxa de juros é menor do que a taxa de juros de equilíbrio de mercado. Nesse caso, há mais unidades econômicas interessadas em tomar recursos do que as poucas pessoas e/ou empresas dispostas a fornecer recursos. O volume procurado para a contratação de empréstimos e financiamentos supera o volume ofertado. Quando o volume a ser emprestado se equipara ao montante a ser tomado, o mercado está em equilíbrio. Nesse ponto, a taxa é atrativa para empréstimos e aplicações de recursos; logo, a taxa praticada é a taxa de equilíbrio de mercado. 1.7.1 Mercado competitivo Outra figura teórica muito utilizada é o mercado competitivo. Os mercados competitivos são também conhecidos como mercados financeiros em perfeita concorrência ou mercados perfeitos. Agora, vejamos as principais características do mercado competitivo. No mercado competitivo, o acesso é livre a todos. Quer dizer que não há barreiras de entrada e/ou saída. Não há pré-requisitos para qualquer pessoa e/ou empresa que deseje atuar no mercado financeiro. Outra característica é a não existência de informação privilegiada. Ou seja, todas as informações são de domínio público. Para saber mais sobre informação privilegiada, pesquise na Internet os diversos artigos sobre esta temática. Sugerimos o site do portal do Administrador, que traz um artigo intitulado “Entenda o que é informação privilegiada”, que explica o porquê dos segredos corporativos serem tão valiosos. Não deixe de ler e compartilhar seu aprendizado com colegas e professores. 16 UNIUBE EXPLICANDO MELHOR O mercado competitivo é extremamente pulverizado, de forma que nenhum participante, individualmente, seja pessoa física ou pessoa jurídica, consegue manipulá-lo. 1.8 Decisão de consumo intertemporal Agora, você vai aprender sobre as decisões intertemporais. Isto é, quanto e quando consumir, ou seja, se você deve poupar sua renda e adiar o consumo ou antecipar sua renda e consumir agora. Sempre que trabalhamos com as decisões intertemporais de consumo, assumimos o pressuposto de que estamos inseridos em um mercado competitivo e que o mesmo encontra-se em equilíbrio. Vamos analisar alguns exemplos para auxiliar o entendimento: Todos exemplos analisados, a seguir, consideram a antecipação ou adiamento do consumo por um único período. Será utilizada a fórmula do juro composto: ( )1 nFV PV i= + , como o período é único, a fórmula pode ser simplificada da seguinte maneira: ( )1FV PV i= + A principal pergunta a ser feita é: - qual o máximo que se pode consumir no Ano 0, hoje, e qual o máximo que se pode consumir no ano seguinte, somente antecipando e adiando o consumo? Você, como consultor, acabou de fechar um contrato de consultoria financeira com a Uniube por dois anos. Esse contrato estipula que você receberá por seus serviços este ano uma quantia de $50.000,00. No ano seguinte, receberá $60.000,00 por seus serviços. A taxa de juros praticada atualmente pelo mercado é de 10% a.a.. Dados: Renda esperada para o ano atual : R0= 50.000,00 Renda esperada para o próximo ano : R1= 60.000,00 i = taxa de juros, interest = 10%a.a. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 17 Verifique que o Ponto A (Figura 2) é o nível máximo de riqueza que se pode consumir no próximo ano, assumindo que no corrente não há consumo e o mesmo é postergado integralmente para o seguinte. Ponto A – Consumo Próximo Ano Ponto B – Consumo Ano Corrente A B Figura 2: Gráfico do consumo máximo e mínimo de cada período. Logo, o máximo que se pode consumir no próximo ano é a renda disponível no ano seguinte somada à renda do ano atual, transferida para o ano seguinte. Para levar ou trazer valores de um ano para outro, vamos utilizar a fórmula do Juro Composto: FV = PV * (1 + i)n Em que: FV = valor futuro PV = valor presente i = taxa de juros (no nosso caso, a taxa de equilíbrio de mercado) n = tempo A = renda Ano Seguinte + renda Ano Atual levada ao Ano Seguinte Calculando Renda Ano 1 levada ao Ano 2: FV = PV * (1 + i)n FV = 50.000 * ( 1 + 0,10)1 FV = 55.000 Logo, A = 60.000,00 + 55.000,00 A = 115.000,00 18 UNIUBE Ponto B = nível máximo de riqueza que se pode consumir no Ano Atual, assumindo o pressuposto de que no Ano 2 não haverá consumo, e o mesmo será antecipado integralmente para o Ano 1. Logo, o máximo que se pode consumir no Ano Atual é a renda disponível neste ano, somada à rendado próximo ano, sendo essa trazida para o ano atual. B = renda Ano Atual + renda Ano Seguinte trazida ao Ano Atual Calculando Renda do Ano Seguinte trazida ao Ano Atual FV = PV * (1 + i)n 60.000 = PV * ( 1 + 0,10)1 PV = 60.000 / ( 1 + 0,10)1 PV = 54.545,00 A fórmula dos juros compostos é utilizada para colocar todos os valores na mesma data, pois como você se recorda da matemática financeira só podemos adicionar ou subtrair valores que estejam situados na mesma data. 1.9 Princípio básico da tomada de decisões de investimento Quanto maior o volume de recursos disponível, mais amplo é seu leque de alternativas de investimentos. Analisando a afirmação anterior, chega-se à conclusão de que trabalhar com capital de terceiros amplia a possibilidade de realizar projetos mais dispendiosos que não seria possível utilizando apenas capital próprio. Quanto se trabalha com capital de terceiros, deve-se ser muito mais seletivo com o projeto a ser realizado, pois tem que se pagar o capital e os juros do empréstimo e/ou financiamento contratado. Logo, o projeto escolhido deve, no mínimo, ser tão atrativo quanto o mercado financeiro. UNIUBE 19 O mesmo princípio aplica-se quando se investe somente capital próprio, pois se um projeto proporcionar um retorno inferior ao praticado no mercado financeiro, é recomendável não realizar o projeto e aplicar o recurso no mercado financeiro. O principal princípio da análise e tomada de decisão sobre projetos de investimento é que o projeto escolhido deve ser, no mínimo, tão atrativo quanto o mercado financeiro. Vamos analisar alguns exemplos para ilustrar essa afirmação, lembrando que estamos inseridos em um mercado competitivo e que o mesmo encontra-se em equilíbrio. Dados: Investimento Ano 0 (compra terreno) = 70.000,00 Venda terreno no Ano 1 = 75.000,00 Resolução: Simular uma aplicação financeira no valor da aquisição do terreno. Para aplicar no mercado financeiro, utilizaremos novamente a fórmula de juro composto: FV = PV * (1 + i)n FV = 70.000,00 * ( 1 + 0,10)1 FV = 77.000,00 Se Clarice aplicar $70.000,00 no mercado financeiro terá $77.000,00 ao término de um ano. Clarice terá $2.000,00 a mais se aplicar no mercado financeiro em vez de comprar o terreno. Então, a decisão é: melhor aplicar no mercado financeiro. Clarice tem a oportunidade de comprar um terreno por $ 70.000,00 e vendê-lo, no ano seguinte, por $ 75.000,00. Considerando a taxa de mercado de 10% a.a. vamos decidir se é melhor Clarice comprar o terreno ou aplicar no mercado financeiro. EXEMPLIFICANDO! 20 UNIUBE Como você já sabe, Clarice optou por não adquirir o terreno em questão e continua procurando por outro terreno e, desta vez, encontrou um imóvel que pode ser adquirido por $70.000,00 e vendido no ano seguinte por $ 80.000,00. Considerando a taxa de mercado de 10% a.a., decida se é melhor Clarice comprar o terreno ou aplicar no mercado financeiro. A renda de Clarice, independente da compra do terreno, para este ano e para o próximo é de $100.000,00. Fique atento, este exemplo conta com duas simulações. Veja, a seguir: Dados: Investimento Ano 0 (compra terreno) = 70.000,00 Venda terreno no Ano 1 = 80.000,00 Renda Atual = R0=100.000,00 Renda Próximo Ano = R1 = 100.000,00 i = 10% a.a. Mais uma vez, para simular uma aplicação no mercado financeiro, utilizaremos a fórmula de juro composto: FV = PV * (1 + i)n FV = 70.000,00 * ( 1 + 0,10)1 FV = 77.000,00 Simulação 1: investindo 70.000,00 do próprio capital. Neste caso, a melhor decisão é comprar o terreno, pois no ano seguinte Clarice terá $80.000,00 em vez de $77.000,00 se optasse aplicar no mercado financeiro. Simulação 2: Pegando $70.000,00 emprestado no mercado para pagar no seguinte, sendo que o terreno será comprado com o recurso levantado pelo empréstimo. Primeiro, vamos calcular quanto será o saldo devedor do empréstimo que Clarice contratou, ao final do ano seguinte. UNIUBE 21 Valor a pagar no ano seguinte: FV = PV * (1 + i)n FV = 70.000,00 * ( 1 + 0,10)1 FV = 77.000,00 Em que: PV = valor do empréstimo FV = valor a pagar do empréstimo i = taxa de mercado = taxa do empréstimo n = duração ou prazo do empréstimo Valor da venda do terreno no próximo ano: 80.000,00 Caso Clarice opte por comprar o terreno com o dinheiro do empréstimo, a situação será a seguinte: a própria transação comercial com o terreno pagará o empréstimo e sobrará $3.000,00 ($80.000,00 – $77.000,00). Adicionalmente, Clarice ainda poderá usufruir integralmente da sua renda do ano atual e do ano seguinte, fato que não ocorre se ela comprar o terreno com seu próprio dinheiro. Vamos ver os diagramas do fluxo de caixa que representam a transação comercial com o terreno adquirido usando o dinheiro do empréstimo, conforme a Figura 3, a seguir. 70.000,00 Empréstimo 80.000,00 Venda terreno Pagto Empréstimo –77.000,00 Compra terreno –70.000,00 Resultado líquido do fluxo de caixa: 3.000,00 Figura 3: representação gráfica da compra e venda do terreno utilizando empréstimo. 22 UNIUBE Esta renda adicional de $3.000,00 no próximo ano, é o mesmo que ter um acréscimo de $ 2.727,27 no ano atual. Veja a demonstração, a seguir: FV = PV * (1 + i)n 3.000 = PV * ( 1 + 0,10)1 PV = 3.000 / ( 1 + 0,10)1 PV = 2.727,27 1.10 Valor Presente Líquido (VPL) Um dos métodos mais usados, e completos de se avaliar a viabilidade financeira de um investimento é calcular o seu Valor Presente Líquido (VPL). Foi exatamente o que fizemos no exemplo que acabamos de ver, quando calculamos o fluxo líquido do investimento com a captação no mercado para a compra do investimento e, depois trouxemos este valor para o momento atual. Logo, para calcularmos o Valor Presente Líquido de um projeto, devemos calcular o valor presente dos fluxos de caixa deste investimento, menos o custo inicial do investimento. O critério do Valor Presente Líquido é aceitar os investimentos que apresentem Valor Presente Líquido superior a zero e recusar os investimentos que apresentem Valor Presente Líquido inferior a zero. Critério do VPL para análise de investimentos: VPL > 0, projeto é viável financeiramente e deve ser aceito. VPL < 0, projeto é inviável financeiramente e deve ser recusado. UNIUBE 23 A linha na qual está situado o ponto A (Figura 4), representa a situação atual do Sr. José Elias. Agora, vamos analisar essa reta. Para tal, utilizaremos os conceitos e pressupostos que você estudou no item 8 – Decisão Intertemporal de Consumo – deste capítulo. consumo próximo ano 122.000 115.000 100.000 67.000 60.000 posição de origem A* C (ano corrente 56364 e próx. ano 60 000 B* posição com o investimento 50.000 – 30.000 = 20.000 (ano corrente) 60.000 + 40.000 = 100.000 (próximo ano) L (ano corrente 50.000 e próximo ano 67.000) Consumo ano corrente 20.000 50.000 104545 110909 Figura 4: Representação gráfica da situação atual sem a realização do investimento e a situação com a aceitação do negócio compra e venda do terreno utilizando empréstimo. Para facilitar a compreensão sobre o VPL, vamos analisar um exemplo. Uma firma de engenharia de Ribeirão Preto deseja montar uma filial em Uberaba e entrou em contato com o Sr. José Elias para propor um negócio. Foi oferecida ao mesmo uma oportunidade de investimento de $30.000,00, que irá gerar no próximo ano um fluxo de caixa de $40.000,00. Sem realizar o investimento, o Sr. José Elias tem uma renda atual de $50.000,00 e de $60.000,00 para o próximo ano. A taxa atual de juros é de 10% a.a. O Sr. José Elias está em dúvida se aceita ou não a proposta que lhe foi ofertada. O gráfico a seguir representa a situação atual sem a realização do investimento e a situação com a aceitação do negócio. EXEMPLIFICANDO! 24 UNIUBE O ponto onde a reta corta o eixo X representa o máximo que se pode consumir no Ano Atual sem realizar o investimento; é o resultado da renda disponível neste ano somada a 104.545 = renda Ano Atual + renda Ano Seguintetrazida ao Ano Atual Calculando Renda do Ano Seguinte trazida ao Ano Atual, FV = PV * (1 + i)n 60.000 = PV * ( 1 + 0,10)1 PV = 60.000 / ( 1 + 0,10)1 PV = 54.545,00 Logo, 50.000 + 54.545 104.545 O ponto onde a reta corta o eixo Y representa o máximo que se pode consumir no próximo ano sem realizar o investimento é o resultado da renda disponível no ano seguinte somado à renda do ano atual, transferida para o ano seguinte. 115.000 = renda Ano Seguinte + renda Ano Atual levada ao Ano Seguinte Calculando Renda Ano Atual levada ao Ano Seguinte: FV = PV * (1 + i)n FV = 50.000 * ( 1 + 0,10)1 FV = 55.000 Logo, 60.000,00 + 55.000,00 115.000,00 Agora, vamos analisar a outra reta, que representa a situação com a aceitação do projeto. Calculando o ponto onde a reta corta o eixo X, ou seja, consumindo toda a renda no ano corrente e realizando o investimento: 50.000 – 30.000 + (60.000 + 40.000) / (1+0,1) = 110.909 UNIUBE 25 60.000 = renda do próximo ano + 40.000 = renda gerada pelo investimento trazida a valores do ano corrente, utilizando a fórmula do juro composto. Consumo adicional no ano corrente = 110.909 – 104 545 = 6.364 Este consumo adicional no ano corrente corresponde ao VPL do projeto; como o mesmo é positivo, o Sr. José Elias deve realizar o projeto. Graficamente, o VPL corresponde à diferença entre os pontos que cortam o eixo X, com investimento menor ou sem investimento. Agora, vamos calcular o ponto onde a reta, com o investimento, corta o eixo Y. Consumindo toda a renda no próximo ano e realizando o investimento ((50.000-30.000) x 1,1) + 60.000 + 40.000 = 122.000 122.000 – 115.000 = 7.000 → valor a mais que pode consumir no próximo ano com a realização do investimento. Resumo Neste nosso primeiro capítulo, você conheceu o campo de estudo da Administração Financeira, sua evolução e principais características. Teve uma breve visão do mercado financeiro, uma vez que a admi- nistração financeira é responsável por estabelecer a ligação entre a empresa e o mercado financeiro. Depois, estudou as decisões intertemporais de consumo, que serviu de base para compreender o Princípio Básico da Tomada de Decisões de Investimento e, consequentemente, do Valor Presente Líquido (VPL). Bons estudos! 26 UNIUBE Atividade 1 A situação de algumas contas patrimoniais da Argos Engenharia Ltda. estão representadas no quadro a seguir. Calcule o Capital de Giro Líquido (CGL) da empresa, tomando como base o quadro a seguir. Lembre-se de que o Capital de Giro Líquido é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Dica: para facilitar o cálculo do CGL, conforme Tabela 1, primeiro separe as contas do ativo circulante e passivo circulante. Tabela 1: Cálculo do CGL 31/12/2008 ($000) Caixa e Bancos R$ 20.000,00 Provisão para distribuição de dividendos R$ 0,00 Participações em controladas/coligadas R$ 76.000,00 Duplicatas descontadas R$ 9.800,00 PDD R$ 5.400,00 Bancos conta vinculada R$ 3.800,00 Vendas para entrega futura R$ 29.400,00 Fornecedores R$ 162.000,00 Impostos e Contribuições a recolher R$ 86.000,00 Incentivos Fiscais R$ 3.600,00 Pagamentos antecipados a fornecedores R$ 2.600,00 Estoques R$ 240.000,00 Clientes R$ 260.000,00 Provisão para IR R$ 0,00 Empréstimos bancários de curto prazo R$ 140.000,00 Atividade 2 Tomando por base a definição de capital de giro líquido e estrutura do balanço patrimonial, analise: pagar uma dívida que vence hoje com o dinheiro disponível no caixa, afeta ou não o Capital de Giro Líquido? Explique. UNIUBE 27 Atividade 3 Discuta se o lucro contábil é o critério mais indicado para avaliar uma empresa? Justifique. Dica: Para responder a essa questão, utilize o conhecimento adquirido no item Características da Administração Financeira que você estudou neste capítulo. Atividade 4 Atualmente, Joaquim ganha $100.000,00. No próximo ano, sua renda será de $120.000,00. Joaquim tem um perfil consumista e deseja consumir $150.000,00 no ano corrente. A taxa de juros anual de mercado é de 10%. Quanto Joaquim poderá consumir no próximo ano se consumir $150.000,00 agora ? Atividade 5 O gráfico, a seguir, representa a situação financeira do Sr. Cláudio. No Período 0, a renda de sua atividade produtiva e seu consumo corrente são iguais e correspondem a $35. No Período 1, seus ganhos e seus gastos serão de $ 57. Ele tem a oportunidade de fazer o investimento representado pelo ponto X . Por intermédio de operações de captação e aplicação no mercado financeiro será capaz de atingir qualquer posição da linha em que se encontra o ponto X . Qual a taxa de juros de mercado? Qual o VPL do investimento? O Sr. Claudio deseja consumir o mesmo montante em cada período; quanto deverá consumir no período 0? Dica: Para responder às questões anteriores, você terá que usar o gráfico e o conhecimento adquirido no item Decisão Intertemporal de Consumo e no item VPL. 28 UNIUBE Período 1 ($) Período 0 ($) W X 57 35 89 120 Referências ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira Corporat e Finance 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002 ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 2. ed. São Paulo: Ed. Atlas. 2005. UNIUBE 29 Juliane Miziara Machado Borges Introdução Fontes de financiamento: ações e obrigações Capítulo 2 Objetivos Caro(a) aluno(a). Neste capítulo, você recordará o tema “rendas” que conheceu na matemática financeira, e que será complementado com as séries crescentes. Logo em seguida, aplicará a matemática financeira na avaliação de ações e obrigações, que são fontes de financiamento de longo prazo das empresas. Para seu bom desempenho, neste capítulo, é fundamental que você tenha conhecimento da matemática financeira, sendo que a HP 12C será uma ferramenta facilitadora. Caso ache necessário, recorde o capítulo 3, da Matemática financeira, “Diferindo o capital no tempo: Rendas”. Bons estudos! Espero que, ao final do estudo do deste segundo capítulo, você esteja apto a: • calcular o valor presente de anuidades e perpetuidades; • avaliar obrigações com cupom e principal e decidir sobre a escolha de títulos; • avaliar ações, considerando crescimento de dividendos. 30 UNIUBE Esquema Valor do Dinheiro no Tempo Perpetuidade Anuidade Perpetuidade Crescente Anuidade Diferida Anuidade Irregular Anuidade Crescente Fontes de Financiamento a Longo Prazo Crescimento Constante Crescimento Variável Calculando Taxa de Crescimento Encontrando taxa de Desconto Oportunidades de Crescimento Obrigação Ações Obrigação Descontada Pura Obrigações com cupons Uniformes Consols Taxa de juros, Taxa de cupom e comercialização de obrigações Retorno esperado até o vencimento Valor presente de uma ação ordinária Dividendo Constante UNIUBE 31 2.1 Valor do dinheiro no tempo Vamos iniciar o nosso estudo falando de anuidades e perpetuidades. O que difere as anuidades das perpetuidades é o número de termos. A anuidade apresenta um número de termos determinado, enquanto nas perpetuidades estes termos não apresentam término, são infinitos. Para facilitar seu estudo, será adotada a mesma simbologia utilizada na matemática financeira. 2.1.1 Perpetuidade Como o próprio nome diz, o que caracteriza esta série de pagamentos é a não existência de uma duração determinada, não há uma data limite para o término da mesma, ou seja, é uma série de pagamentos infinita. Como você estudou em matemática financeira, trata-se de uma renda imediata perpétua. Dessa forma, o valor presente de uma perpetuidade ocorrerá um período antes da primeira parcela. O valor presente de uma perpetuidade é dado pela fórmula, a seguir: PMTPV = i , sendo: PV = Valor Presente da Perpetuidade PMT = Valor da parcela ou valor do termo da renda, sendo o mesmo constante i = Taxa de juros 32 UNIUBE A taxa de juros tem que estar na mesma frequência das parcelas. Se forem parcelas mensais, a taxautilizada será mensal. Caso sejam parcelas semestrais, a taxa utilizada será ao semestre. Para realizar esta adequação de taxas, utilizaremos a fórmula do “quero-tenho” (Figura 1), que você aprendeu na matemática financeira. iq = [(1 = it) q t – 1] x 100 Taxa que queremos q = o período da taxa que queremos. t = o período da taxa que temos. Taxa que temos. Figura 1: Fórmula “quero-tenho”. Você foi transferido de cidade e pretende vender a cota do clube do qual é sócio. A mensalidade é de $ 100,00 e não há previsão de reajustes. Sabendo que a taxa de juros é de 8% a.m., por quanto você deve vender sua cota do clube? PMT 100PV = = =1.250,00 i 0,08 Como você deve se lembrar, o valor presente de uma renda imediata perpétua, ou perpetuidade, cai sempre um período antes da primeira parcela. Seu primo lhe ofereceu um título que paga rendimentos anuais de $200,00 por prazo indeterminado. Ele está pedindo $900,00 por esse papel. Sabendo que a taxa de juros do mercado é de 2% a.m., você deve aceitar a proposta de seu primo? EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 33 Primeiro transformar a taxa de mensal para anual utilizando a fórmula do “quero-tenho” ( ) ( ) q 12 t 1 q ti = 1+i -1 x100 = 1+0,02 -1 x100 26,82%a.a ≅ Agora, calcular o valor da perpetuidade utilizando a fórmula: PMT 200PV = = = 745,71 i 0,2682 Resposta: Você não deve aceitar a proposta de seu primo. O valor máximo que você pode pagar por este papel é $ 745,71. 2.1.2 Perpetuidade crescente Perpetuidade continua sendo uma série infinita de pagamentos, só que agora esses pagamentos crescem com o passar do tempo. É importante ressaltar que as parcelas crescem sempre à mesma taxa, ou seja, o crescimento é constante. O valor presente de uma perpetuidade crescente é calculado pela fórmula a seguir: PMTPV = (i - g) , sendo, PV = Valor presente da perpetuidade PMT = Valor da parcela ou valor do termo da renda i = Taxa de juros g = growth, (crescimento, em inglês). Taxa de crescimento 34 UNIUBE Como diretor financeiro da Inova Corporation, você está analisando se deve comprar ou alugar um prédio para instalar a empresa por tempo indefinido. O dono do imóvel aluga o prédio por $ 100.000,00 por ano, reajustados a 5% anualmente ou vende o mesmo, à vista, por $ 1.800.000,00. Considerando que a Inova Corporation não apresenta restrições de capital e que a taxa de juros vigente no mercado é de 11% a.a., decida qual opção é mais vantajosa para a companhia. PMT 100.000PV = = =1.666.666,67 (i - g) (0,11-0,05) Resposta: é melhor alugar o prédio, pois com as atuais taxas de crescimento e de juros o máximo que a Inova poderia pagar por este imóvel é $ 1.666.666,67. Exemplo 2 A empresa Bom Motivo está pagando dividendos de $ 3,00 por ação. A expectativa dos acionistas é que esse dividendo cresça a uma taxa de 6% ao ano. A taxa de juros do mercado é de 11% ao ano. Supondo que a expectativa de crescimento dos acionistas se confirme e que a taxa de juros do mercado permaneça inalterada, até que valor você pagaria por uma ação da Bom Motivo. Dividendo hoje = $ 3,00 Dividendo do próximo período = 3 * (1+0,06) = 3,18 → Dividendo atual reajustado pela taxa de crescimento. PMT 3,18PV =Dividendo atual + = 3+ = 3+63,60 = 66,60 (i - g) (0,11-0,06) Foi utilizado, na fórmula, o dividendo do próximo período, pois o valor presente do mesmo está situado no ano atual. Veja o mesmo exemplo a seguir, somente com alteração na parte escrita em negrito. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 35 Exemplo 3 A empresa Bom Motivo acabou de pagar dividendos de $ 3,00 por ação. A expectativa dos acionistas é que este dividendo cresça a uma taxa de 6% ao ano. A taxa de juros do mercado é de 11% ao ano. Supondo que a expectativa de crescimento dos acionistas se confirme e que a taxa de juros do mercado permaneça inalterada, até que valor você pagaria por uma ação da Bom Motivo? Dividendo do próximo período = 3 * (1+0,06) = 3,18 → Dividendo atual reajustado pela taxa de crescimento. PMT 3,18PV = = = 63,60 (i - g) (0,11-0,06) Foi utilizado, na fórmula, o dividendo do próximo período, pois o valor presente do mesmo está situado no ano atual. Nesse exemplo, o dividendo já foi pago servindo somente de referência para calcular o dividendo do próximo período. Para encontrar o valor presente de uma anuidade, você pode utilizar as fórmulas a seguir: Fórmula 1 Fórmula 2 ( )-n1- 1+iPV =PMT i PV = Valor presente da anuidade PMT = Valor da parcela ou valor do termo da renda i = Taxa de juros n = número de parcelas 2.1.3 Anuidade Anuidade é uma série de pagamentos uniformes por prazo determinado. Em matemática financeira, você estudou esse assunto com o nome de rendas. Caso sinta necessidade de reforçar seu conhecimento, utilize o material de matemática financeira para recordar. RELEMBRANDO n 1 1PV =PMT - i i(1+i) 36 UNIUBE Você também possui duas maneiras de resolver uma anuidade utilizando a HP12C. Na primeira modalidade, você resolve da mesma maneira que resolveu na matemática financeira. Caso necessário, recorde revendo seu material da terceira etapa. A outra forma de resolução é utilizando as teclas do fluxo de caixa da calculadora HP12C. Para acionar as teclas de fluxo caixa, você deve acionar a tecla azul “g” e utilizar as teclas a seguir: Cf0 → fluxo de caixa na data zero, é importante salientar que se não houver entrada ou saída de valores nesta data, deve-se informar zero. Cfj → fluxo de caixa subsequentes. Nj → quantas vezes o dado imediatamente anterior é repetido. Nos exemplos, a seguir, a utilização das teclas referentes ao fluxo de caixa ficará mais clara. Você acabou de ser o grande vencedor da Loteria do Milhão. Como o próprio nome diz, o prêmio totaliza $ 1 milhão, sendo pago em 20 parcelas anuais de $50.000,00. Você também tem a opção de receber o prêmio à vista. Sabendo que a taxa de juros do mercado é de 8% ao ano, qual o valor que você receberá se optar pelo pagamento único no ato. Resolução 1 ( )-n -201- 1+i 1- (1+0,08)PV =PMT = 50.000 = 490.907,37 i 0,08 Resolução 2 utilizando a HP 12C f fin f reg 50000 PMT 20 n 8 i PV PV = 490.907,37 EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 37 Resolução 3 utilizando a HP 12C – Fluxo de Caixa f fin f reg g CF0 50000 g Cfj 20 gNj 8 i f NPV = 490.907,37 Nessa terceira resolução, utilizando o fluxo de caixa, inserimos 0 no Cf0, pois não há o recebimento de nenhuma parcela no ato. Logo depois, você recebe 20 pagamentos de $50.000,00; então digitamos 50000 no Cfj e informamos quantas vezes esse valor se repete no Nj. Inserimos a taxa no “i” e chamamos o NPV (Net Present Value, ou seja Valor Presente Líquido). 2.1.3.1 Anuidade diferida Anuidade diferida é uma renda diferida, assunto que você já estudou em matemática financeira. A renda diferida ou anuidade diferida recebe esse nome porque o primeiro pagamento ou recebimento ocorre após certo período de tempo denominado carência ou diferimento, sendo que esse prazo tem que ser superior aos intervalos entre os pagamentos e/ou recebimentos. Agora, além de relembrar a matemática financeira, você aprenderá a resolver uma anuidade diferida utilizando o fluxo de caixa. ( ) -n -m PVPMT = 1- (1+i) . 1+i i Sendo o “m” o período de carência, note que “m” e “n” devem estar na mesma unidade de tempo e em sintonia com a taxa de juros. Você também pode resolver as atividades de renda dife- rida situando o valor presente um período antes da pri- meira prestação e tratando essa renda como uma renda imediata ou anuidade regular. 38 UNIUBE Vamos ver o exemplo a seguir. Você está estudando a possibilidade de trocar seu computador. Na loja SOCOMP, o modelo que você deseja está sendo ofertado em 4 pagamentos mensais de $ 500,00, sendo que há uma carência de cinco meses antes do primeiro pagamento, ou seja, você só começará efetivamente a pagar no sexto mês. Sabendo que a taxa de jurosdo mercado é de 10% a.m., quanto você deveria pagar caso fosse comprar o computador pagando à vista. Resolução 1 ( ) -n -m PVPMT = 1- (1+i) . 1+i i ( ) ( ) -4 -5 -4 -5 PV500 = 1- (1+0,10) . 1+0,10 0,10 1- (1+0,10)500 . 1+0,10 =PV 0,10 PV = 984,12 Resolução 2 – utilizando a HP12 C f fin f reg 500 PMT 4 n 10 i PV = 1584,93 → Este valor está situado num período antes da primeira parcela, ou seja, no mês 5. Agora, deverá ser trazido para a data zero. f fin FV 5 n 10 i PV = 984,12 EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 39 Resolução 3 – utilizando a HP 12 C – fluxo de caixa f fin f reg gCf0 g Cfj 5 g Nj 500 gCfj 4 g Nj 10 i F NPV = 984,12 É importante ressaltar que, no período de carência, incide juros, só não há pagamentos e/ou recebimentos. Caso não haja a incidência de juros durante a carência, este fato estará claramente explicitado. 2.1.3.2 Anuidade irregular Em uma anuidade irregular, os termos e/ou parcelas são fixos, mas a frequência de ocorrência dos mesmos difere da periodicidade da taxa de juros. Por exemplo, as parcelas são mensais e a taxa de juro é anual. Lembrando da matemática financeira, deve-se adequar a frequência dos termos a periodicidade da taxa. Como isto pode ser feito? Troque ideia com seus colegas. PARADA PARA REFLEXÃO Para encontrar o valor presente de uma anuidade irregular, deve-se equalizar a frequência das parcelas com a periodicidade da taxa, utilizando a fórmula da taxa equivalente, conforme a Figura 2, a seguir. Taxa que queremos q = o período da taxa que queremos. t = o período da taxa que temos. Taxa que temos. iq = [(1 + it) q t – 1] x 100 Figura 2: Fórmula “taxa equivalente” 40 UNIUBE Você está pensando em comprar um título que paga juros de $450,00 a cada dois anos durante vinte anos. Sabendo que a taxa anual de juros é de 6%, calcule o valor máximo que você pode pagar por este papel. Como você já percebeu, sua taxa de juros é anual e as parcelas bienais, logo o primeiro passo é adequar a taxa de juros. Transformando a taxa: A taxa deve ser transformada utilizando o conceito de taxa equivalente, aprendido na matemática financeira. A taxa deve ser transformada de anual para bienal. ( ) ( ) q t q 2 1 q i = 1+i -1 x100 i = 1+0,06 -1 x100 =12,36 ao biênio Resolução 1 pela HP12C f fin f reg 0 g Cf0 450 g Cfj 10 gNj 12,36 i f NPV NPV = 2.505,57, este valor já está na data 0. Resolução 2 pela HP12C f fin f reg 450 chs PMT 10 n 12,36 i PV PV = 2.507,57 Resolução 3 – Utilizando fórmula ( )-101- 1+0,1236PV = 450 = 2505,57 0,1236 EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 41 Como você pode perceber, independente da maneira utilizada (seja utilizando a HP12C ou por fórmula) para resolver uma anuidade irregular a taxa de juros, sempre deve estar na mesma frequência das parcelas. 2.1.3.3 Anuidade crescente Anuidade continua sendo uma série de pagamentos com duração definida, só que agora esses pagamentos crescem com o passar do tempo. É importante ressaltar que as parcelas crescem sempre à mesma taxa, ou seja, o crescimento é constante. O valor presente de uma anuidade crescente é calculado pela fórmula a seguir: n1 1 1+gPV =PMT - x i - g i - g 1+i , sendo, PV = Valor presente da anuidade PMT = Valor da parcela ou valor do termo da renda i = Taxa de juros g = growth (crescimento em inglês). Taxa de crescimento Uma loja localizada na rua comercial de Porto Belo foi recém-alugada por cinco anos. O contrato de aluguel prevê que o mesmo será pago anualmente e sempre no início do período; além disto, estipula um reajuste anual de 5%. O valor inicial do aluguel é de $10.000,00 e a taxa de juros do mercado é de 10% ao ano. Determine o valor total deste contrato na data de sua contratação. 10000 10500 11025 11576,25 12155,06 10000 x 1,05 10500 x 1,05 11025 x 1,05 11576,26 x 1,05 0 1 2 3 4 EXEMPLIFICANDO! 42 UNIUBE Resolução 1 – Fórmula matemática n1 1 1+gPV =PMT - x i - g i - g 1+i 41 1 1+0,05PV =10.500 - x 0,10 -0,05 0,10 -0,05 1+0,10 ( ){ } [ ]{ }4PV =10.500 20 - 20x 0,95 =10.500 20 - 20x0,83 = 35.656,50 Como você deve se lembrar, o valor presente de uma renda imediata situa-se sempre um período antes da parcela utilizada na fórmula, o mesmo ocorre com uma anuidade crescente. Como foi utilizado o aluguel do primeiro ano de $ 10.500, o valor desta anuidade crescente está situado na data zero. Logo, falta considerar o aluguel inicial de $10.000,00. Desta forma, o valor do contrato é: Valor contrato = 35.656,30 + 10.000 = 45.656,30 Resolução pela HP 12C f fin f reg 10000 g Cfo 10500 g Cfj 11025 g Cfj 11576,25 g Cfj 12155,06 g Cfj 10 i f NPV NPV = 45.656,50 Essa resolução só é possível quando não há um grande número de períodos, senão deve-se utilizar a fórmula anterior. UNIUBE 43 2.2 Obrigação Obrigação é um título de crédito que indica que um tomador de recursos deve uma quantia especificada. O credor que detém esse papel recebe juros periodicamente e, o principal, em uma data predeterminada. Sempre que se fala em obrigações, utiliza-se uma terminologia específica, conforme relacionado a seguir: • valor de face, principal da obrigação ou valor nominal → quantia devida pela empresa ao investidor na data de vencimento; • data de vencimento → momento no qual a obrigação vence e o principal deve ser devolvido; • taxa contratada de juros ou Taxa de Cupom → taxa de juros predeterminada, que incide sempre sobre o valor de face, a ser paga periodicamente; • retorno esperado até o vencimento (yield-to-maturity –YTM) da obrigação → rendimento (expresso sob a forma de uma taxa de retorno composta) que o título promete desde o momento em que é adquirido até a data de vencimento. É o retorno que uma pessoa que adquiriu esta obrigação terá desde o momento da compra até o vencimento do mesmo. Agora, que você já sabe a definição de obrigação, vamos analisar algumas modalidades de obrigações. 2.2.1 Obrigações descontadas puras Promete um único pagamento em uma data futura, sendo que o Valor de Face é valor do pagamento feito no vencimento; refere-se ao valor nominal do título. Não há o pagamento de juros (cupom) entre a emissão e o vencimento do título. Nesse caso, o valor presente deste papel é calculado utilizando a fórmula dos juros compostos. Deve-se trazer o valor de face para a data atual, descontando o juro: n FVPV = (1+i) 44 UNIUBE Calcular o preço máximo que deve ser pago por uma obrigação com valor de face de $1.000.000,00 e prazo de vencimento daqui a 20 anos. A taxa de juros do mercado é de 10% a.a. n 20 FV 1.000.000PV = = =148.643,63 (1+i) (1+0,10) Ou utilizando a HP 12C 1.000.000 FV 10 i 20 n PV = 148.644 EXEMPLIFICANDO! 2.2.2 Obrigações com cupons uniformes Esses títulos pagam a seus compradores juros, nesse caso, cupons, uniformes e em intervalos regulares. Na data de vencimento da obrigação, é pago o principal ou valor de face mais uma parcela de cupom. O preço a ser pago por uma obrigação com cupom uniforme é o valor presente de sua série de pagamentos de cupom mais o valor presente da devolução do principal. Calculando o valor de uma obrigação: • a taxa de cupom incide sempre sobre o valor de face; • adequar o cupom à sua frequência de pagamento; • adequar a taxa de mercado à frequência de pagamento do cupom, tratando esta taxa como juros simples; • encontrar o valor presente do fluxo, lembrando que no vencimento do papel há o pagamento de um cupom mais o valor de face. Para ilustrar os passos anteriores, vamos analisar o exemplo a seguir. UNIUBE 45 O fluxo de caixa decorrente de uma obrigação sempre deve ser descontado utilizando a taxa de juros do mercado. Agora, vamos calcular, passo a passo, o preço que você pode pagar pela obrigação a seguir: Dados da obrigação: Valor de face: 1.000,00 Taxa anual de cupom13% Cupom pago semestralmente Prazo até o vencimento: 4 anos Taxa de mercado: 10% a.a. A taxa de cupom incide sempre sobre o valor de face. 0,13 x 1.000 = 130, como a taxa de cupom é anual, o cupom encontrado está ao ano. Adequar o cupom à sua frequência de pagamento. 130 ÷ 2 = 65, como o pagamento de cupom é semestral, dividimos o valor anual encontrado anteriormente por 2. Adequar a taxa de mercado à frequência de pagamento do cupom, tratando esta taxa como juros simples. 0,10 ÷ 2 = 0,05 = 5%a.s Encontrar o valor presente do fluxo (Figura 3), lembrando que, no vencimento do papel, há o pagamento de um cupom mais o valor de face. 65 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 65 65 65 65 65 65 65 + 1000 semestres ? Figura 3: Fórmula “quero-tenho” O fluxo de caixa anteriormente foi montado do ponto de vista do investidor, ou seja do comprador do título. EXEMPLIFICANDO! 46 UNIUBE Resolução utilizando fórmulas: Como você pode perceber, os cupons de $65,00 formam uma anuidade, e vamos encontrar o valor presente dos mesmos utilizando a fórmula da anuidade: ( ) ( )-n -81- 1+ i 1- 1+ 0,05 PV = PMT = 65 = 420,11 i 0,05 Depois, trazemos o valor de face para a data atual: ( ) FV 1000 PV = = = 676,84n 81+ i (1,05) Agora, somamos o valor presente dos cupons com o valor presente do valor de face. 420,11 + 676,84 = 1.096,95, este é o valor que deve ser pago na aquisição deste papel. Resolução por fluxo de caixa na HP 12C f fin f reg 0 g Cf0 65 gCfj 7 gNj 1065 gCfj 5 i f NPV = 1096,95 Resolução 2, utilizando a HP 12 C f fin f reg 65 CHS PMT 8 n 5 i PV = 420,11 f fin f reg 1000 CHS FV 8 n 5 i PV = 676,84 Valor do título = 420,11 + 676,84 = 1.096,95 UNIUBE 47 2.2.3 Consols Consols são as obrigações que pagam cupons por prazo indetermina- do, logo são tratadas como perpetuidade. No mundo prático, é muito raro nos depararmos com esta modalidade de obrigação. A fórmula para calcular o valor presente de uma obrigação que paga cupons indefinidamente é: CuponPV = i , lembrando que a taxa de mercado tem que estar ajustada à frequência de pagamentos dos cupons. 2.2.4 Taxas de juros, taxa de cupom e comercialização de obrigações Frequentemente, escutamos expressões como: este papel está sendo vendido com ágio ou com deságio, mas o que isto significa? Uma obrigação com pagamentos uniformes é vendida com ágio quando a taxa de cupom for superior à taxa de mercado; nesse caso, a obrigação será negociada por um valor que supera seu valor de face. Já quando uma obrigação com cupons uniformes apresenta uma taxa de cupom inferior à taxa de juros do mercado, ela está sendo comercializada com deságio; ou seja, o valor de comercialização é inferior ao valor de face da mesma. Quando uma obrigação é vendida exatamente pelo seu valor de face é porque a taxa de cupom é igual à taxa de mercado. 2.2.5 Retorno esperado até o vencimento Quando um investidor compra uma obrigação, ele deseja saber qual o retorno em termos percentuais que este papel lhe proporcionará. A pessoa que adquire este título quer saber qual será o retorno que o mesmo lhe proporcionará, caso o mantenha em sua carteira até o vencimento. 48 UNIUBE Imagine que lhe foi oferecida uma obrigação por $ 1.035,67, sendo que o valor de face da mesma é de $ 1.000,00 com vencimento para daqui a dois anos. Este papel paga cupons anualmente e a taxa de cupom está cotada em 10% a.a. Qual o retorno que este papel lhe proporcionará, caso resolva adquiri-lo. Dados da Obrigação: 1035,67 100 1000+100 anos 1o 2o Cálculo do cupom 0,10 * 1.000 = 100, como a taxa é anual e a frequência de pagamentos também, o valor encontrado já está ajustado à frequência de pagamentos. Para encontrar o retorno proporcionado pelo título, igualamos o valor presente do mesmo, ou seja, por quanto está sendo negociado, ao somatório do valor presente dos fluxos de caixa proporcionados pelo mesmo. 100 1.100 1.035,67 = + 2(1+ i) (1+ i) , a taxa que torna esta igualdade verdadeira é o retorno proporcionado pela obrigação. Resolução pela HP12C f fin f reg 1035,67 CHS g Cf0 100 g Cfj 1100 g Cfj f IRR → 8% a.a. Logo, dizemos que a obrigação com o seu cupom de 10%a.a. está cotada a $1.035,67, rendendo 8% a.a. EXEMPLIFICANDO! UNIUBE 49 Agora, vamos avaliar a outra fonte de financiamento a longo prazo que citamos: as ações. Neste capítulo, estaremos avaliando as ações em função dos dividendos pagos e dos ganhos de capital. 2.3 Ações As ações são títulos mobiliários de propriedade, ou seja, o indivíduo que adquire ações de uma empresa torna-se sócio da mesma. Nosso estudo, neste capítulo, se restringe às ações ordinárias, ou seja, aquelas que recebem dividendos quando há lucro, além de dependerem da política de dividendos adotada pela empresa. Dividendos: parte do lucro distribuída aos acionistas. 2.3.1 Valor presente das ações ordinárias Uma das metodologias mais utilizadas para calcular o valor pre- sente de qualquer ativo é trazer para a data atual os fluxos de caixa gerados por este ativo. Essa forma de cálculo também é utilizada para avaliar uma ação ordinária. Quais os tipos de fluxo de caixa que uma ação ordinária pode gerar? São identificados dois tipos de fluxos de caixa provenientes das ações ordinárias. O primeiro fluxo considera que a ação foi comprada para fins espe- culativos, neste caso o fluxo gerado por este papel é o dividendo que será recebido no próximo período somado ao preço de venda desta ação no próximo período. Muitas vezes, associamos um caráter negativo ao termo especulação, mas no mercado de capitais, o especulador dá liquidez a este mercado. Ou seja, ele movimenta o maior volume negociado nas bolsas de valores, comprando títulos quando estes estão baratos e vendendo-os quando o preço destes sobe. 50 UNIUBE O segundo fluxo considera que esta ação foi adquirida para fazer parte do patrimônio do indivíduo, quer dizer que não há o interesse em vendê-la. Neste segundo caso, considera-se todos os dividendos que serão pagos por esta ação. Como se trata do mesmo papel, o valor presente do primeiro fluxo é igual ao valor presente do segundo fluxo. Neste momento, vamos considerar que o preço de uma ação ordinária é somatório do valor presente de todos os dividendos futuros. 2.3.1.1 Dividendo constante São ações ordinárias que pagam o mesmo dividendo por prazo indeterminado. Para calcular o preço de uma ação ordinária com esta característica, utilizamos a fórmula da perpetuidade: Fórmula da perpetuidade PMTPV = i , Fórmula da perpetuidade adaptada para calcular o preço da ação 0 DivP = i , Sendo: Po preço da ação Div valor do dividendo pago pela ação i taxa de juros do mercado 2.3.1.2 Crescimento constante São ações ordinárias cujos dividendos crescem sempre à mesma taxa. Para calcular o valor atual de uma ação ordinária com crescimento constante, utilizamos a fórmula da perpetuidade crescente. UNIUBE 51 Fórmula da perpetuidade crescente PMTPV = (i - g) Fórmula da perpetuidade crescente adaptada com o objetivo de calcular o preço de uma ação ordinária com crescimento constante. 0 DivP = (i - g) Sendo: Po preço da ação Div valor do dividendo inicial i taxa de juros do mercado g g = growth (crescimento, em inglês). Taxa de crescimento 2.3.1.3 Crescimento variável Como o próprio nome diz, a taxa de crescimento destas ações ordinárias não é constante. Nesse caso, o valor presente de uma ação ordinária com estas características é calculado por partes, e, depois, totalizado na data zero. Vamos analisar um exemplo para auxiliar o entendimento. Você está estudando a possibilidade de comprar uma ação da empresa Biorritmo. Espera-se que o próximo dividendo a ser pago no ano seguinte seja de $1,15 e que o mesmo cresça 15%a.a. durante os quatro primeiros anos. Após este período, o crescimento do dividendo se estabilizará em 5%a.a. Sabendo que a taxa de juros de mercado está cotada em 10% a.a., qual o valor máximo que