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Modernismo_fase1_resumo_exercicios

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O Modernismo foi um movimento artístico e cultural 
que teve grande impacto em diversas áreas, como 
literatura, artes visuais, arquitetura, música e 
muito mais. Uma das manifestações mais 
importantes do Modernismo no Brasil foi a Semana 
de Arte Moderna de 1922, também conhecida como 
Semana de 22. Esta foi uma semana de eventos 
realizada em São Paulo que marcou uma ruptura 
com as tradições artísticas e culturais do país. 
Vamos explorar alguns pontos-chave sobre o 
Modernismo e a Semana de 22: 
1. Contexto histórico: 
 O Brasil da época vivia sob forte influência do 
academicismo e do parnasianismo, estilos que 
valorizavam a tradição e a forma clássica. 
 A Semana de 22 ocorreu em um momento de 
mudanças políticas e sociais, marcando o fim da 
República Velha e o início de um período de 
questionamento das estruturas tradicionais. 
2. Principais características do Modernismo: 
 Rompimento com as formas tradicionais e busca 
por inovação e experimentação. 
 Valorização da originalidade, da subjetividade e da 
expressão pessoal. 
 Crítica à cultura e à sociedade burguesa. 
 Uso de linguagem coloquial e cotidiana na 
literatura. 
 Exploração de novas técnicas nas artes visuais e na 
música. 
3. A Semana de Arte Moderna de 1922: 
 Realizada entre os dias 11 e 18 de fevereiro, no 
Teatro Municipal de São Paulo. 
 Teve como objetivo principal apresentar as novas 
tendências artísticas e literárias do Modernismo. 
 Dividida em três partes: Pintura e Escultura, Música 
e Poesia. 
 Artistas como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Mário de 
Andrade, Oswald de Andrade e outros tiveram 
papel fundamental na Semana. 
4. Reações e impacto: 
 A Semana de 22 causou grande polêmica e reações 
diversas, desde aplausos entusiásticos até críticas 
ferozes. 
 Apesar das controvérsias iniciais, o evento marcou 
o início de um movimento de renovação cultural no 
Brasil. 
 O Modernismo influenciou profundamente a 
literatura brasileira, resultando em obras marcantes 
como "Macunaíma" de Mário de Andrade e "Cobra 
Norato" de Raul Bopp. 
5. Legado: 
 O Modernismo abriu caminho para a valorização da 
cultura nacional, do folclore e das tradições 
brasileiras. 
 Contribuiu para o desenvolvimento de uma 
identidade artística mais autêntica e original no 
Brasil. 
 Influenciou gerações futuras de artistas e 
escritores. 
Esta é apenas uma introdução ao tema do 
Modernismo e à Semana de 22. Há muito mais para 
explorar sobre os artistas envolvidos, as obras 
produzidas nessa época e as influências que 
perduram até os dias de hoje. Se você quiser se 
aprofundar mais em algum aspecto específico, é só 
me perguntar! 
 
Movimento pau brasil e antropofagia 
ChatGPT 
Certamente! O Movimento Pau-Brasil e o 
Movimento Antropofágico foram duas importantes 
correntes artísticas que surgiram durante o 
Modernismo brasileiro, mais especificamente na 
década de 1920. Ambos os movimentos buscavam 
romper com as influências estrangeiras e 
desenvolver uma identidade cultural autêntica no 
Brasil. Vamos explorar esses movimentos com mais 
detalhes: 
Movimento Pau-Brasil: 
 O Movimento Pau-Brasil foi lançado por Oswald de 
Andrade, um dos principais protagonistas do 
Modernismo brasileiro. 
 O nome "Pau-Brasil" faz referência à riqueza 
natural do Brasil na época do período colonial, 
quando a extração da madeira de pau-brasil era 
uma das principais atividades econômicas. 
 O movimento propôs uma fusão entre a tradição e 
a modernidade, inspirando-se na riqueza da cultura 
brasileira, na diversidade étnica e na exuberância 
da natureza. 
 Oswald de Andrade defendia a importância de 
incorporar elementos autênticos do Brasil nas 
expressões artísticas, como a linguagem popular, a 
música, o folclore e a cultura indígena. 
 O manifesto "Manifesto da Poesia Pau-Brasil", 
escrito por Oswald de Andrade, é uma das 
principais manifestações desse movimento, 
destacando a necessidade de uma poesia que fosse 
"elástica como o pernambuco". 
Movimento Antropofágico: 
 O Movimento Antropofágico foi liderado por Oswald 
de Andrade e teve como base o conceito de 
 
 
"antropofagia cultural", inspirado na prática 
indígena de canibalismo ritualístico. 
 A ideia central era a de "devorar" as influências 
estrangeiras, assimilando-as e transformando-as 
em algo genuinamente brasileiro. 
 O movimento propunha uma atitude de apropriação 
e transformação cultural, em que as influências 
estrangeiras eram absorvidas e "digeridas" para 
criar algo novo e original. 
 O manifesto "Manifesto Antropófago", escrito por 
Oswald de Andrade, é a principal obra que expressa 
as ideias desse movimento. Nele, a antropofagia é 
apresentada como uma metáfora para a criação de 
uma cultura híbrida e única no Brasil. 
 O Movimento Antropofágico teve impacto não 
apenas na literatura, mas também nas artes 
plásticas e na música, influenciando artistas como 
Tarsila do Amaral e Heitor Villa-Lobos. 
Tanto o Movimento Pau-Brasil quanto o Movimento 
Antropofágico foram importantes para a 
consolidação de uma identidade cultural brasileira 
mais autêntica e original, incentivando os artistas a 
explorarem as raízes culturais do país e a se 
expressarem de maneiras inovadoras. Esses 
movimentos também deixaram um legado 
duradouro no cenário artístico e cultural brasileiro. 
 
Certamente, os movimentos do Pau-Brasil e da 
Antropofagia no contexto do Modernismo brasileiro 
contaram com a participação de diversos autores e 
artistas renomados. Aqui estão alguns dos 
principais autores associados a esses movimentos: 
Movimento Pau-Brasil: 
1. Oswald de Andrade (1890-1954): Foi um dos 
fundadores e líderes do movimento. Escreveu o 
"Manifesto da Poesia Pau-Brasil", no qual defendia a 
valorização da cultura brasileira e a incorporação de 
elementos locais na arte. 
2. Mário de Andrade (1893-1945): Embora não 
tenha sido um dos principais adeptos do Movimento 
Pau-Brasil, Mário de Andrade foi uma figura-chave 
no Modernismo brasileiro. Sua obra "Paulicéia 
Desvairada" (1922) é considerada uma precursora 
do movimento por sua linguagem livre e moderna. 
Movimento Antropofágico: 
1. Oswald de Andrade (1890-1954): Além de 
liderar o Movimento Pau-Brasil, Oswald também foi 
o principal articulador do Movimento Antropofágico. 
Ele escreveu o "Manifesto Antropófago", que se 
tornou um dos textos mais icônicos do movimento. 
2. Tarsila do Amaral (1886-1973): Embora seja 
uma pintora, Tarsila do Amaral teve grande 
influência no Movimento Antropofágico. Suas obras, 
como "Abaporu" e "Antropofagia", incorporaram 
elementos da cultura brasileira e indígena. 
3. Raul Bopp (1898-1984): Poeta associado ao 
movimento, é autor do poema épico "Cobra Norato" 
(1931), que mescla mitos amazônicos e a 
linguagem moderna. 
4. Anita Malfatti (1889-1964): Embora mais 
associada ao pré-modernismo, Anita Malfatti teve 
influência nas discussões culturais da época. Sua 
exposição de 1917 foi uma das responsáveis por 
gerar debates sobre a arte moderna no Brasil, 
preparando o terreno para os movimentos 
subsequentes. 
5. Menotti Del Picchia (1892-1988): Escritor e 
poeta que também aderiu às ideias da 
Antropofagia, participando de sua divulgação e 
discussão. 
6. Oswaldino Marques (1901-1990): Escritor que 
contribuiu para a divulgação das ideias 
antropofágicas. 
Esses são apenas alguns dos principais autores 
associados aos movimentos do Pau-Brasil e da 
Antropofagia. É importante lembrar que esses 
movimentos foram marcados por uma grande 
diversidade de vozes e contribuições, e muitos 
outros artistas também desempenharam papéis 
importantes nesse cenário cultural efervescente do 
Modernismo brasileiro. 
 
A primeira fase do Modernismo no Brasil, que 
ocorreu na década de 1920, foi marcada por uma 
ruptura com as formas tradicionais da literatura e 
das artes, trazendo uma renovação cultural e 
estética. Aqui estão alguns dos principais autores 
associados a essa fase: 
1. Mário de Andrade (1893-1945):Considerado 
uma das figuras centrais do Modernismo brasileiro, 
Mário de Andrade foi um autor multifacetado. Sua 
obra "Macunaíma" (1928) é um dos marcos desse 
período, mesclando elementos folclóricos, 
linguagem coloquial e uma abordagem inovadora 
da narrativa. 
2. Oswald de Andrade (1890-1954): Como 
mencionado anteriormente, Oswald de Andrade 
teve papel fundamental tanto no Movimento Pau-
Brasil quanto no Movimento Antropofágico. Suas 
obras e manifestos, como o "Manifesto da Poesia 
Pau-Brasil" e o "Manifesto Antropófago", são 
emblemáticos dessa primeira fase. 
3. Manuel Bandeira (1886-1968): Poeta de grande 
influência, Manuel Bandeira transitou entre diversas 
tendências literárias. Sua obra "A Estrela da Manhã" 
(1936) traz um olhar sensível sobre o cotidiano e a 
introspecção, características marcantes da primeira 
fase do Modernismo. 
4. Oswaldino Marques (1901-1990): Além de 
participar do Movimento Antropofágico, Oswaldino 
Marques, também conhecido como Oswald de 
Andrade Filho, teve relevância literária própria, com 
uma obra que se destacou na cena modernista. 
 
 
5. Cassiano Ricardo (1895-1974): Poeta e 
ensaísta, Cassiano Ricardo foi uma voz importante 
na discussão das ideias modernistas. Sua obra 
"Martim Cererê" (1928) é uma das produções mais 
lembradas dessa fase. 
6. Menotti Del Picchia (1892-1988): Juntamente 
com Cassiano Ricardo e Graça Aranha, Menotti Del 
Picchia fundou a Revista de Antropofagia, 
importante veículo de divulgação das ideias 
modernistas. 
7. Graça Aranha (1868-1931): Embora mais velho 
que os outros líderes do Modernismo, Graça Aranha 
teve influência na movimentação cultural da época. 
Seu livro "Canaã" (1902) foi uma das primeiras 
obras a romper com o realismo tradicional. 
8. Anita Malfatti (1889-1964): Mesmo não sendo 
uma escritora, a pintora Anita Malfatti teve grande 
importância no contexto do Modernismo, 
principalmente com sua exposição de 1917, que 
provocou debates e questionamentos sobre a arte 
moderna no Brasil. 
9. Ronald de Carvalho (1893-1935): Poeta e 
ensaísta, Ronald de Carvalho esteve envolvido com 
o movimento modernista e suas ideias de 
renovação estética. 
Esses autores, juntamente com muitos outros, 
contribuíram para moldar a primeira fase do 
Modernismo no Brasil, deixando um legado 
duradouro e influenciando gerações subsequentes 
de escritores e artistas. 
 
 
Na primeira fase do Modernismo brasileiro, a poesia 
passou por uma significativa transformação estética 
e temática. Aqui estão alguns exemplos de obras de 
poesia modernista dessa época: 
1. "Paulicéia Desvairada" (1922) - Mário de 
Andrade: Considerado um dos marcos iniciais do 
Modernismo no Brasil, esse livro de Mário de 
Andrade apresenta uma linguagem inovadora, com 
versos livres e uma abordagem mais coloquial e 
urbana. A obra explora a vida na cidade grande e 
seus contrastes. 
2. "Alguma Poesia" (1930) - Carlos Drummond 
de Andrade: Embora seja mais associado à 
segunda fase do Modernismo, Drummond teve 
início de carreira na primeira fase. Seu livro de 
estreia, "Alguma Poesia", já revelava traços 
modernistas, com a abordagem de temas 
cotidianos e uma sensibilidade singular. 
3. "O Sentimento do Mundo" (1940) - Carlos 
Drummond de Andrade: Publicado um pouco 
mais tarde, mas ainda com influências da primeira 
fase, este livro apresenta uma poesia que oscila 
entre o existencialismo e o social, explorando 
emoções e reflexões sobre o mundo. 
4. "A Cinza das Horas" (1917) - Manuel 
Bandeira: Embora lançado antes do estouro do 
Modernismo em 1922, este livro de Bandeira já 
continha elementos que se alinhavam com as ideias 
do movimento, como a linguagem mais acessível e 
a abordagem de temas cotidianos. 
5. "Pau-Brasil" (1925) - Oswald de Andrade: O 
livro de poemas de Oswald de Andrade traz um 
aprofundamento das ideias presentes no "Manifesto 
da Poesia Pau-Brasil". Suas poesias exploram a 
brasilidade, a fusão de culturas e a valorização das 
raízes nacionais. 
6. "Clã do Jabuti" (1927) - Menotti del Picchia: 
Este livro é conhecido por seus versos livres e 
temas nacionalistas. Menotti del Picchia foi um dos 
nomes associados ao Movimento Antropofágico, e 
suas poesias também refletem a valorização do 
Brasil e suas tradições. 
7. "Cinco Elegias" (1917) - Guilherme de 
Almeida: Mesmo anterior ao movimento, as 
elegias de Guilherme de Almeida já traziam 
elementos inovadores e intimistas, contribuindo 
para o clima de renovação poética. 
Essas obras ilustram algumas das tendências e 
características da poesia da primeira fase do 
Modernismo no Brasil, que incluíram a valorização 
da linguagem coloquial, a abordagem de temas 
cotidianos, a busca por uma identidade brasileira e 
a ruptura com as formas poéticas tradicionais. 
 
Exemplos: 
1. 
Mário de Andrade 
Moça Linda Bem Tratada 
 
Moça linda bem tratada, 
Três séculos de família, 
Burra como uma porta: 
Um amor. 
 
Grã-fino do despudor, 
Esporte, ignorância e sexo, 
Burro como uma porta: 
Um coió. 
 
Mulher gordaça, filó, 
De ouro por todos os poros 
Burra como uma porta: 
Paciência... 
 
Plutocrata sem consciência, 
Nada porta, terremoto 
Que a porta de pobre arromba: 
Uma bomba. 
O poema é uma crítica irônica à superficialidade das 
convenções sociais, à falta de educação e à inércia 
intelectual que muitas vezes eram associadas à 
aristocracia e à alta sociedade da época. O poema 
desafia as expectativas de beleza e status, expondo 
 
 
a contradição entre a aparência externa e a falta de 
conteúdo intelectual ou pessoal. Essa abordagem 
iconoclasta e subversiva era uma das marcas 
distintivas do Modernismo brasileiro. 
Ode ao burguês 
 
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, 
o burguês-burguês! 
A digestão bem-feita de São Paulo! 
O homem-curva! O homem-nádegas! 
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, 
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! 
Eu insulto as aristocracias cautelosas! 
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques 
zurros! 
que vivem dentro de muros sem pulos; 
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos 
para dizerem que as filhas da senhora falam o 
francês 
e tocam os Printemps com as unhas! 
Eu insulto o burguês-funesto! 
O indigesto feijão com toucinho, dono das 
tradições! 
Fora os que algarismam os amanhãs! 
Olha a vida dos nossos setembros! 
Fará Sol? Choverá? Arlequinal! 
Mas à chuva dos rosais 
o èxtase fará sempre Sol! 
Morte à gordura! 
Morte às adiposidades cerebrais! 
Morte ao burguês-mensal! 
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! 
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! 
"– Ai, filha, que te darei pelos teus anos? 
– Um colar... – Conto e quinhentos!!! 
Mas nós morremos de fome!" 
Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma! 
Oh! purée de batatas morais! 
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas! 
Ódio aos temperamentos regulares! 
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia! 
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados! 
Ódio aos sem desfalecimentos nem 
arrependimentos, 
sempiternamente as mesmices convencionais! 
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia! 
Dois a dois! Primeira posição! Marcha! 
Todos para a Central do meu rancor inebriante 
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! 
Morte ao burguês de giolhos, 
cheirando religião e que não crê em Deus! 
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! 
Ódio fundamento, sem perdão! 
Fora! Fu! Fora o bom burgês!... 
 
De Paulicéia desvairada (1922) 
2. Oswald de Andrade 
 
Pronominais 
 
Dê-me um cigarro 
Diz a gramática 
Do professor e do aluno 
E do mulato sabido 
Mas o bom negro e o bom branco 
Da Nação Brasileira 
Dizem todos os dias 
Deixa disso camarada 
Me dá um cigarro. 
Oswald de Andrade ANDRADE, O. Obras 
completas, Volumes 6-7. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 1972. 
 
SENHOR FEUDAL 
 
Se Pedro Segundo 
Vier aqui 
Com história 
Eu boto ele na cadeia. 
Oswald de Andrade 
 
Vício na fala 
Para dizerem milho dizem mio 
Para melhor dizemmió 
Para pior pió 
Para telha dizem teia 
Para telhado dizem teiado 
E vão fazendo telhados. 
Oswald de Andrade 
 
Dê-me um cigarro 
Diz a gramática 
Do professor e do aluno 
E do mulato sabido 
Mas o bom negro e o bom branco 
Da Nação Brasileira 
Dizem todos os dias 
Deixa disso camarada 
Me dá um cigarro. 
3. Manuel Bandeira 
Poema Os sapos, de Manuel Bandeira 
Enfunando os papos, 
Saem da penumbra, 
Aos pulos, os sapos. 
A luz os deslumbra. 
Em ronco que aterra, 
Berra o sapo-boi: 
https://www.pensador.com/autor/oswald_de_andrade/
 
 
- "Meu pai foi à guerra!" 
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". 
O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: - "Meu cancioneiro 
É bem martelado. 
Vede como primo 
Em comer os hiatos! 
Que arte! E nunca rimo 
Os termos cognatos. 
O meu verso é bom 
Frumento sem joio. 
Faço rimas com 
Consoantes de apoio. 
Vai por cinquenta anos 
Que lhes dei a norma: 
Reduzi sem danos 
A fôrmas a forma. 
Clame a saparia 
Em críticas céticas: 
Não há mais poesia, 
Mas há artes poéticas..." 
Urra o sapo-boi: 
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!" 
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". 
Brada em um assomo 
O sapo-tanoeiro: 
- A grande arte é como 
Lavor de joalheiro. 
Ou bem de estatuário. 
Tudo quanto é belo, 
Tudo quanto é vário, 
Canta no martelo". 
Outros, sapos-pipas 
(Um mal em si cabe), 
Falam pelas tripas, 
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". 
Longe dessa grita, 
Lá onde mais densa 
A noite infinita 
Veste a sombra imensa; 
Lá, fugido ao mundo, 
Sem glória, sem fé, 
No perau profundo 
E solitário, é 
Que soluças tu, 
Transido de frio, 
Sapo-cururu 
Da beira do rio... 
 
Irene no Céu 
 
Irene preta 
Irene boa 
Irene sempre de bom humor. 
 
Imagino Irene entrando no céu: 
- Licença, meu branco! 
E São Pedro bonachão: 
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. 
Manuel Bandeira BANDEIRA, M. Estrela da Manhã, 
1936. 
Consoada [Manuel Bandeira] 
Quando a Indesejada das gentes chegar 
(Não sei se dura ou caroável), 
talvez eu tenha medo. 
Talvez sorria, ou diga: 
— Alô, iniludível! 
O meu dia foi bom, pode a noite descer. 
(A noite com os seus sortilégios.) 
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, 
A mesa posta, 
Com cada coisa em seu lugar. 
Poética [Manuel Bandeira] 
Estou farto do lirismo comedido 
Do lirismo bem comportado 
Do lirismo funcionário público com livro de ponto 
expediente protocolo e manifestações de apreço ao 
Sr. diretor 
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no 
dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo 
Abaixo os puristas 
Todas as palavras sobretudo os barbarismos 
universais 
Todas as construções sobretudo as sintaxes de 
exceção 
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis 
Estou farto do lirismo namorador 
Político 
Raquítico 
Sifilítico 
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja 
fora de si mesmo 
De resto não é lirismo 
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do 
amante exemplar com cem modelos de cartas e as 
diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc 
https://www.pensador.com/autor/manuel_bandeira/
 
 
Quero antes o lirismo dos loucos 
O lirismo dos bêbedos 
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos 
O lirismo dos clowns de Shakespeare 
— Não quero mais saber do lirismo que não é 
libertação. 
Poema Tirado de uma Notícia de Jornal 
João Gostoso era carregador de feira-livre e 
morava 
 [no morro da Babilônia num barracão sem 
número. 
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro 
Bebeu 
Cantou 
Dançou 
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e 
[ morreu afogado. 
 (“Libertinagem”, Manuel Bandeira) 
 
Profundamente, Manuel Bandeira 
Quando ontem adormeci 
Na noite de São João 
Havia alegria e rumor 
Estrondos de bombas luzes de Bengala 
Vozes, cantigas e risos 
Ao pé das fogueiras acesas. 
 
No meio da noite despertei 
Não ouvi mais vozes nem risos 
Apenas balões 
Passavam errantes 
Silenciosamente 
Apenas de vez em quando 
O ruído de um bonde 
Cortava o silêncio 
Como um túnel. 
Onde estavam os que há pouco 
Dançavam 
Cantavam 
E riam 
Ao pé das fogueiras acesas? 
 
— Estavam todos dormindo 
Estavam todos deitados 
Dormindo 
Profundamente. 
* 
Quando eu tinha seis anos 
Não pude ver o fim da festa de São João 
Porque adormeci 
 
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo 
Minha avó 
Meu avô 
Totônio Rodrigues 
Tomásia 
Rosa 
Onde estão todos eles? 
 
— Estão todos dormindo 
Estão todos deitados 
Dormindo 
Profundamente. 
 
Exercícios: 
1. O que foi a Semana de Arte Moderna? 
2. O que a Semana de Arte Moderna tem a ver com 
as Vanguardas Europeias? 
3. Em quantas fases o Modernismo no Brasil é 
dividido? 
4. O que foi o movimento Pau-Brasil? 
5. O que foi o movimento Antropofágico? 
6. Qual é a relação dos movimentos e revistas que 
surgem durante o período da Semana de Arte 
Moderna e na Primeira Fase Modernista com o 
artigo polêmico de Monteiro Lobato: Paranoia ou 
Mistificação? 
7. Quais são as principais características da 
Primeira Fase do Modernismo Brasileiro? 
8. Cite o exemplo de um poema transcrevendo seus 
versos que demonstrem a ironia comum neste 
período. 
9. Agora cite um exemplo de poema transcrevendo 
seus versos que demonstrem o coloquialismo. 
10. Qual poema e em que trecho podemos observar 
a presença de negação do passado? 
11. Onde vemos um exemplo de agressividade, 
crítica social? Transcreva seus versos. 
12. Em que trecho é possível notar a ideia de que o 
cotidiano, o simples é super-valorizado neste 
período? 
13. Como é a estrutura formal desses poemas? 
Compare com a literatura anterior, por exemplo o 
Parnasianismo. 
14. No poema os Sapos, de Manuel Bandeira temos 
quais características do período? Sobre o que o 
texto fala? 
15. Faça uma síntese com as ideias principais deste 
período literário.

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