Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O Modernismo foi um movimento artístico e cultural que teve grande impacto em diversas áreas, como literatura, artes visuais, arquitetura, música e muito mais. Uma das manifestações mais importantes do Modernismo no Brasil foi a Semana de Arte Moderna de 1922, também conhecida como Semana de 22. Esta foi uma semana de eventos realizada em São Paulo que marcou uma ruptura com as tradições artísticas e culturais do país. Vamos explorar alguns pontos-chave sobre o Modernismo e a Semana de 22: 1. Contexto histórico: O Brasil da época vivia sob forte influência do academicismo e do parnasianismo, estilos que valorizavam a tradição e a forma clássica. A Semana de 22 ocorreu em um momento de mudanças políticas e sociais, marcando o fim da República Velha e o início de um período de questionamento das estruturas tradicionais. 2. Principais características do Modernismo: Rompimento com as formas tradicionais e busca por inovação e experimentação. Valorização da originalidade, da subjetividade e da expressão pessoal. Crítica à cultura e à sociedade burguesa. Uso de linguagem coloquial e cotidiana na literatura. Exploração de novas técnicas nas artes visuais e na música. 3. A Semana de Arte Moderna de 1922: Realizada entre os dias 11 e 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. Teve como objetivo principal apresentar as novas tendências artísticas e literárias do Modernismo. Dividida em três partes: Pintura e Escultura, Música e Poesia. Artistas como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e outros tiveram papel fundamental na Semana. 4. Reações e impacto: A Semana de 22 causou grande polêmica e reações diversas, desde aplausos entusiásticos até críticas ferozes. Apesar das controvérsias iniciais, o evento marcou o início de um movimento de renovação cultural no Brasil. O Modernismo influenciou profundamente a literatura brasileira, resultando em obras marcantes como "Macunaíma" de Mário de Andrade e "Cobra Norato" de Raul Bopp. 5. Legado: O Modernismo abriu caminho para a valorização da cultura nacional, do folclore e das tradições brasileiras. Contribuiu para o desenvolvimento de uma identidade artística mais autêntica e original no Brasil. Influenciou gerações futuras de artistas e escritores. Esta é apenas uma introdução ao tema do Modernismo e à Semana de 22. Há muito mais para explorar sobre os artistas envolvidos, as obras produzidas nessa época e as influências que perduram até os dias de hoje. Se você quiser se aprofundar mais em algum aspecto específico, é só me perguntar! Movimento pau brasil e antropofagia ChatGPT Certamente! O Movimento Pau-Brasil e o Movimento Antropofágico foram duas importantes correntes artísticas que surgiram durante o Modernismo brasileiro, mais especificamente na década de 1920. Ambos os movimentos buscavam romper com as influências estrangeiras e desenvolver uma identidade cultural autêntica no Brasil. Vamos explorar esses movimentos com mais detalhes: Movimento Pau-Brasil: O Movimento Pau-Brasil foi lançado por Oswald de Andrade, um dos principais protagonistas do Modernismo brasileiro. O nome "Pau-Brasil" faz referência à riqueza natural do Brasil na época do período colonial, quando a extração da madeira de pau-brasil era uma das principais atividades econômicas. O movimento propôs uma fusão entre a tradição e a modernidade, inspirando-se na riqueza da cultura brasileira, na diversidade étnica e na exuberância da natureza. Oswald de Andrade defendia a importância de incorporar elementos autênticos do Brasil nas expressões artísticas, como a linguagem popular, a música, o folclore e a cultura indígena. O manifesto "Manifesto da Poesia Pau-Brasil", escrito por Oswald de Andrade, é uma das principais manifestações desse movimento, destacando a necessidade de uma poesia que fosse "elástica como o pernambuco". Movimento Antropofágico: O Movimento Antropofágico foi liderado por Oswald de Andrade e teve como base o conceito de "antropofagia cultural", inspirado na prática indígena de canibalismo ritualístico. A ideia central era a de "devorar" as influências estrangeiras, assimilando-as e transformando-as em algo genuinamente brasileiro. O movimento propunha uma atitude de apropriação e transformação cultural, em que as influências estrangeiras eram absorvidas e "digeridas" para criar algo novo e original. O manifesto "Manifesto Antropófago", escrito por Oswald de Andrade, é a principal obra que expressa as ideias desse movimento. Nele, a antropofagia é apresentada como uma metáfora para a criação de uma cultura híbrida e única no Brasil. O Movimento Antropofágico teve impacto não apenas na literatura, mas também nas artes plásticas e na música, influenciando artistas como Tarsila do Amaral e Heitor Villa-Lobos. Tanto o Movimento Pau-Brasil quanto o Movimento Antropofágico foram importantes para a consolidação de uma identidade cultural brasileira mais autêntica e original, incentivando os artistas a explorarem as raízes culturais do país e a se expressarem de maneiras inovadoras. Esses movimentos também deixaram um legado duradouro no cenário artístico e cultural brasileiro. Certamente, os movimentos do Pau-Brasil e da Antropofagia no contexto do Modernismo brasileiro contaram com a participação de diversos autores e artistas renomados. Aqui estão alguns dos principais autores associados a esses movimentos: Movimento Pau-Brasil: 1. Oswald de Andrade (1890-1954): Foi um dos fundadores e líderes do movimento. Escreveu o "Manifesto da Poesia Pau-Brasil", no qual defendia a valorização da cultura brasileira e a incorporação de elementos locais na arte. 2. Mário de Andrade (1893-1945): Embora não tenha sido um dos principais adeptos do Movimento Pau-Brasil, Mário de Andrade foi uma figura-chave no Modernismo brasileiro. Sua obra "Paulicéia Desvairada" (1922) é considerada uma precursora do movimento por sua linguagem livre e moderna. Movimento Antropofágico: 1. Oswald de Andrade (1890-1954): Além de liderar o Movimento Pau-Brasil, Oswald também foi o principal articulador do Movimento Antropofágico. Ele escreveu o "Manifesto Antropófago", que se tornou um dos textos mais icônicos do movimento. 2. Tarsila do Amaral (1886-1973): Embora seja uma pintora, Tarsila do Amaral teve grande influência no Movimento Antropofágico. Suas obras, como "Abaporu" e "Antropofagia", incorporaram elementos da cultura brasileira e indígena. 3. Raul Bopp (1898-1984): Poeta associado ao movimento, é autor do poema épico "Cobra Norato" (1931), que mescla mitos amazônicos e a linguagem moderna. 4. Anita Malfatti (1889-1964): Embora mais associada ao pré-modernismo, Anita Malfatti teve influência nas discussões culturais da época. Sua exposição de 1917 foi uma das responsáveis por gerar debates sobre a arte moderna no Brasil, preparando o terreno para os movimentos subsequentes. 5. Menotti Del Picchia (1892-1988): Escritor e poeta que também aderiu às ideias da Antropofagia, participando de sua divulgação e discussão. 6. Oswaldino Marques (1901-1990): Escritor que contribuiu para a divulgação das ideias antropofágicas. Esses são apenas alguns dos principais autores associados aos movimentos do Pau-Brasil e da Antropofagia. É importante lembrar que esses movimentos foram marcados por uma grande diversidade de vozes e contribuições, e muitos outros artistas também desempenharam papéis importantes nesse cenário cultural efervescente do Modernismo brasileiro. A primeira fase do Modernismo no Brasil, que ocorreu na década de 1920, foi marcada por uma ruptura com as formas tradicionais da literatura e das artes, trazendo uma renovação cultural e estética. Aqui estão alguns dos principais autores associados a essa fase: 1. Mário de Andrade (1893-1945):Considerado uma das figuras centrais do Modernismo brasileiro, Mário de Andrade foi um autor multifacetado. Sua obra "Macunaíma" (1928) é um dos marcos desse período, mesclando elementos folclóricos, linguagem coloquial e uma abordagem inovadora da narrativa. 2. Oswald de Andrade (1890-1954): Como mencionado anteriormente, Oswald de Andrade teve papel fundamental tanto no Movimento Pau- Brasil quanto no Movimento Antropofágico. Suas obras e manifestos, como o "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" e o "Manifesto Antropófago", são emblemáticos dessa primeira fase. 3. Manuel Bandeira (1886-1968): Poeta de grande influência, Manuel Bandeira transitou entre diversas tendências literárias. Sua obra "A Estrela da Manhã" (1936) traz um olhar sensível sobre o cotidiano e a introspecção, características marcantes da primeira fase do Modernismo. 4. Oswaldino Marques (1901-1990): Além de participar do Movimento Antropofágico, Oswaldino Marques, também conhecido como Oswald de Andrade Filho, teve relevância literária própria, com uma obra que se destacou na cena modernista. 5. Cassiano Ricardo (1895-1974): Poeta e ensaísta, Cassiano Ricardo foi uma voz importante na discussão das ideias modernistas. Sua obra "Martim Cererê" (1928) é uma das produções mais lembradas dessa fase. 6. Menotti Del Picchia (1892-1988): Juntamente com Cassiano Ricardo e Graça Aranha, Menotti Del Picchia fundou a Revista de Antropofagia, importante veículo de divulgação das ideias modernistas. 7. Graça Aranha (1868-1931): Embora mais velho que os outros líderes do Modernismo, Graça Aranha teve influência na movimentação cultural da época. Seu livro "Canaã" (1902) foi uma das primeiras obras a romper com o realismo tradicional. 8. Anita Malfatti (1889-1964): Mesmo não sendo uma escritora, a pintora Anita Malfatti teve grande importância no contexto do Modernismo, principalmente com sua exposição de 1917, que provocou debates e questionamentos sobre a arte moderna no Brasil. 9. Ronald de Carvalho (1893-1935): Poeta e ensaísta, Ronald de Carvalho esteve envolvido com o movimento modernista e suas ideias de renovação estética. Esses autores, juntamente com muitos outros, contribuíram para moldar a primeira fase do Modernismo no Brasil, deixando um legado duradouro e influenciando gerações subsequentes de escritores e artistas. Na primeira fase do Modernismo brasileiro, a poesia passou por uma significativa transformação estética e temática. Aqui estão alguns exemplos de obras de poesia modernista dessa época: 1. "Paulicéia Desvairada" (1922) - Mário de Andrade: Considerado um dos marcos iniciais do Modernismo no Brasil, esse livro de Mário de Andrade apresenta uma linguagem inovadora, com versos livres e uma abordagem mais coloquial e urbana. A obra explora a vida na cidade grande e seus contrastes. 2. "Alguma Poesia" (1930) - Carlos Drummond de Andrade: Embora seja mais associado à segunda fase do Modernismo, Drummond teve início de carreira na primeira fase. Seu livro de estreia, "Alguma Poesia", já revelava traços modernistas, com a abordagem de temas cotidianos e uma sensibilidade singular. 3. "O Sentimento do Mundo" (1940) - Carlos Drummond de Andrade: Publicado um pouco mais tarde, mas ainda com influências da primeira fase, este livro apresenta uma poesia que oscila entre o existencialismo e o social, explorando emoções e reflexões sobre o mundo. 4. "A Cinza das Horas" (1917) - Manuel Bandeira: Embora lançado antes do estouro do Modernismo em 1922, este livro de Bandeira já continha elementos que se alinhavam com as ideias do movimento, como a linguagem mais acessível e a abordagem de temas cotidianos. 5. "Pau-Brasil" (1925) - Oswald de Andrade: O livro de poemas de Oswald de Andrade traz um aprofundamento das ideias presentes no "Manifesto da Poesia Pau-Brasil". Suas poesias exploram a brasilidade, a fusão de culturas e a valorização das raízes nacionais. 6. "Clã do Jabuti" (1927) - Menotti del Picchia: Este livro é conhecido por seus versos livres e temas nacionalistas. Menotti del Picchia foi um dos nomes associados ao Movimento Antropofágico, e suas poesias também refletem a valorização do Brasil e suas tradições. 7. "Cinco Elegias" (1917) - Guilherme de Almeida: Mesmo anterior ao movimento, as elegias de Guilherme de Almeida já traziam elementos inovadores e intimistas, contribuindo para o clima de renovação poética. Essas obras ilustram algumas das tendências e características da poesia da primeira fase do Modernismo no Brasil, que incluíram a valorização da linguagem coloquial, a abordagem de temas cotidianos, a busca por uma identidade brasileira e a ruptura com as formas poéticas tradicionais. Exemplos: 1. Mário de Andrade Moça Linda Bem Tratada Moça linda bem tratada, Três séculos de família, Burra como uma porta: Um amor. Grã-fino do despudor, Esporte, ignorância e sexo, Burro como uma porta: Um coió. Mulher gordaça, filó, De ouro por todos os poros Burra como uma porta: Paciência... Plutocrata sem consciência, Nada porta, terremoto Que a porta de pobre arromba: Uma bomba. O poema é uma crítica irônica à superficialidade das convenções sociais, à falta de educação e à inércia intelectual que muitas vezes eram associadas à aristocracia e à alta sociedade da época. O poema desafia as expectativas de beleza e status, expondo a contradição entre a aparência externa e a falta de conteúdo intelectual ou pessoal. Essa abordagem iconoclasta e subversiva era uma das marcas distintivas do Modernismo brasileiro. Ode ao burguês Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, o burguês-burguês! A digestão bem-feita de São Paulo! O homem-curva! O homem-nádegas! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! Eu insulto as aristocracias cautelosas! Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros! que vivem dentro de muros sem pulos; e gemem sangues de alguns mil-réis fracos para dizerem que as filhas da senhora falam o francês e tocam os Printemps com as unhas! Eu insulto o burguês-funesto! O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições! Fora os que algarismam os amanhãs! Olha a vida dos nossos setembros! Fará Sol? Choverá? Arlequinal! Mas à chuva dos rosais o èxtase fará sempre Sol! Morte à gordura! Morte às adiposidades cerebrais! Morte ao burguês-mensal! ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! "– Ai, filha, que te darei pelos teus anos? – Um colar... – Conto e quinhentos!!! Mas nós morremos de fome!" Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma! Oh! purée de batatas morais! Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas! Ódio aos temperamentos regulares! Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia! Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados! Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos, sempiternamente as mesmices convencionais! De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia! Dois a dois! Primeira posição! Marcha! Todos para a Central do meu rancor inebriante Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! Morte ao burguês de giolhos, cheirando religião e que não crê em Deus! Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! Ódio fundamento, sem perdão! Fora! Fu! Fora o bom burgês!... De Paulicéia desvairada (1922) 2. Oswald de Andrade Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. Oswald de Andrade ANDRADE, O. Obras completas, Volumes 6-7. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. SENHOR FEUDAL Se Pedro Segundo Vier aqui Com história Eu boto ele na cadeia. Oswald de Andrade Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizemmió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. 3. Manuel Bandeira Poema Os sapos, de Manuel Bandeira Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: https://www.pensador.com/autor/oswald_de_andrade/ - "Meu pai foi à guerra!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinquenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma. Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas..." Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei!"- "Foi!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo". Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio... Irene no Céu Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor. Imagino Irene entrando no céu: - Licença, meu branco! E São Pedro bonachão: - Entra, Irene. Você não precisa pedir licença. Manuel Bandeira BANDEIRA, M. Estrela da Manhã, 1936. Consoada [Manuel Bandeira] Quando a Indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável), talvez eu tenha medo. Talvez sorria, ou diga: — Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer. (A noite com os seus sortilégios.) Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar. Poética [Manuel Bandeira] Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc https://www.pensador.com/autor/manuel_bandeira/ Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare — Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. Poema Tirado de uma Notícia de Jornal João Gostoso era carregador de feira-livre e morava [no morro da Babilônia num barracão sem número. Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e [ morreu afogado. (“Libertinagem”, Manuel Bandeira) Profundamente, Manuel Bandeira Quando ontem adormeci Na noite de São João Havia alegria e rumor Estrondos de bombas luzes de Bengala Vozes, cantigas e risos Ao pé das fogueiras acesas. No meio da noite despertei Não ouvi mais vozes nem risos Apenas balões Passavam errantes Silenciosamente Apenas de vez em quando O ruído de um bonde Cortava o silêncio Como um túnel. Onde estavam os que há pouco Dançavam Cantavam E riam Ao pé das fogueiras acesas? — Estavam todos dormindo Estavam todos deitados Dormindo Profundamente. * Quando eu tinha seis anos Não pude ver o fim da festa de São João Porque adormeci Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó Meu avô Totônio Rodrigues Tomásia Rosa Onde estão todos eles? — Estão todos dormindo Estão todos deitados Dormindo Profundamente. Exercícios: 1. O que foi a Semana de Arte Moderna? 2. O que a Semana de Arte Moderna tem a ver com as Vanguardas Europeias? 3. Em quantas fases o Modernismo no Brasil é dividido? 4. O que foi o movimento Pau-Brasil? 5. O que foi o movimento Antropofágico? 6. Qual é a relação dos movimentos e revistas que surgem durante o período da Semana de Arte Moderna e na Primeira Fase Modernista com o artigo polêmico de Monteiro Lobato: Paranoia ou Mistificação? 7. Quais são as principais características da Primeira Fase do Modernismo Brasileiro? 8. Cite o exemplo de um poema transcrevendo seus versos que demonstrem a ironia comum neste período. 9. Agora cite um exemplo de poema transcrevendo seus versos que demonstrem o coloquialismo. 10. Qual poema e em que trecho podemos observar a presença de negação do passado? 11. Onde vemos um exemplo de agressividade, crítica social? Transcreva seus versos. 12. Em que trecho é possível notar a ideia de que o cotidiano, o simples é super-valorizado neste período? 13. Como é a estrutura formal desses poemas? Compare com a literatura anterior, por exemplo o Parnasianismo. 14. No poema os Sapos, de Manuel Bandeira temos quais características do período? Sobre o que o texto fala? 15. Faça uma síntese com as ideias principais deste período literário.
Compartilhar