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ʕ ´•̥̥̥ ᴥ•̥̥̥`ʔ Brenda Bosquê Artrite Reumatóide Doença multissistêmica crônica de etiologia desconhecida, crônica e autoimune, caracterizada por sinovite inflamatória persistente que costuma acometer as articulações periféricas de maneira simétrica. ● Afeta cerca de 1% da população mundial, sendo mais predominante em mulheres e na faixa etária dos 30 aos 50 anos. Sua incidência aumenta até a quinta década de vida, a partir da qual se estabiliza. As mulheres são acometidas 3 vezes mais do que os homens; ETIOPATOGENIA Pannus: tecido de granulação que infiltra e destrói estruturas articulares • Infiltrado inflamatório com células mononucleares (linfócitos T, macrófagos ativados e plasmócitos - produtores de FRs). • Proliferação de células sinoviais • Edema da sinóvia inflamada • Desenvolvimento de projeções vilosas ⇒ invade osso e cartilagem causando destruição e deformidades FISIOPATOLOGIA O fator que desencadeia o processo inflamatório sinovial pode ser um antígeno pode ser exógeno, endógeno ou combinação de ambos. A resposta autoimune na AR é constante com linfócitos T CD4+ hiperestimulados que migram para a sinóvia e atraem e ativam macrófagos e linfócitos B. Ocorre produção desordenada de citocinas que contribuem com perpetuação do processo inflamatório e estimulam a proliferação das células sinoviais, levando a uma expansão progressiva do pannus. Além disso, o paciente apresenta uma ativação dos linfócitos B em plasmócitos, podendo produzir uma série de autoanticorpos. Um dos mais encontrados é o Fator Reumatoide e os Autoanticorpos contra peptídeos citrulinados (mais detalhes no tópico Diagnóstico). As quimiocinas atraem neutrófilos para o líquido sinovial. ANATOMIA Existem três tipos de articulações: (1) sinartrodiais; (2) anfiartrodiais e (3) diartrodiais ou “sinoviais”. As últimas são encontradas unindo os ossos longos e apresentam grande mobilidade. Existe uma cápsula fibrosa que recobre as extremidades ósseas formando a cavidade articular, que é preenchida pelo líquido sinovial. Na AR ocorre a proliferação inflamatória da membrana sinovial (sinovite) e este tecido inflamatório é chamado de Pannus. MANIFESTAÇÕES ARTICULARES: Costuma ser uma poliartrite simétrica de pequenas articulações com dor, sensibilidade e edema das articulações afetadas; é comum rigidez matinal; as articulações interfalângicas proximais (IFP) e metacarpofalângicas (MCF) são acometidas com frequência; deformidades articulares podem instalar-se após inflamação persistente. ʕ ´•̥̥̥ ᴥ•̥̥̥`ʔ Brenda Bosquê MAIS COMUM MENOS COMUM Punhos Temporo Maxilar Metacarpo Falangiana Esterno Clavicular Interfalangea Proximal Tornozelos MTF Coxofemorais Cotovelos C. Cervical Joelhos Ombros 1. Acometimento poliarticular: geralmente mais de quatro articulações são acometidas. Porém, a doença pode persistir como mono ou oligoartrite. 2. Artrite em mãos e punhos: o acometimento dos punhos, das metacarpofalangeanas e das interfalangeanas proximais é frequente. 3. Artrite simétrica: o acometimento simétrico das articulações é comum, embora em se tratando das IFP, das MCF e das metatarsofalangeanas (MTF), a simetria não necessite ser completa. 4. Artrite cumulativa ou aditiva: acomete progressivamente novas articulações, sem deixar de inflamar as anteriormente afetadas. 5. Rigidez matinal: descrita como lentidão ou dificuldade para mover as articulações quando se levanta da cama ou depois de estar numa mesma posição por muito tempo, que envolve ambos os lados do corpo e melhora com a movimentação. Desvio ulnar dos dedos MÃOS Pescoço de cisne (flexão da IFD; extensão da IFP) Abotoadura (extensão IF flexão da IFP) PÉS Desvio dos dedos Joelho: cisto de Baker - protrusão da cápsula articular em direção à fossa poplítea;uma evolução peculiar é a ruptura do cisto, de maneira que o conteúdo do cisto desce em direção à panturrilha, dissecando a musculatura, simulando uma TVP PUNHOS Dorso de camelo Por deformidade do punho pode ocorrer compressão do nervo mediano – risco de síndrome do túnel do carpo. PESCOÇO C1 e C2 (subluxação atlanto-axial): a primeira vértebra pode deslizar sobre a segunda vértebra cervical pode complicar com síndrome de compressão medular alta Cricoaritenóideo: cricoaritenóide – inicia se com uma rouquidão pode complicar, pois nos casos muito intensos, haverá um edema importante de modo a obstruir a via aérea (indivíduo pode ir a óbito por insuficiência respiratória). MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES: Estão associadas a altos títulos de FR e anti-CCP CUTÂNEAS Nódulos Reumatoides E Vasculite PULMONAR ES Nódulos, Doença Intersticial, Bronquiolite Obliterante Com Pneumonia Em Organização (Bopo),Doença Pleural, Síndrome De Caplan (Ar Soropositiva Associada À Pneumoconiose) ʕ ´•̥̥̥ ᴥ•̥̥̥`ʔ Brenda Bosquê OCULARES Ceratoconjuntivite Seca, Episclerite, Esclerite, SÍNDROME DE SJÖGREN (síndrome “seca” – xerostomia, xeroftalmia – a secura ocular é manifestação ocular mais comum da artrite reumatoide HEMATOLÓ GICAS Anemia, Síndrome De Felty (Esplenomegalia E Neutropenia) CARDÍACAS Pericardite, Miocardite NEUROLÓG ICAS Mielopatias Secundárias À Doença Da Coluna Cervical, Encarceramento, Vasculite A maioria desses pacientes também apresentam acometimento articular associado. O nódulo reumatóide é a manifestação extra articular mais frequente, principalmente nos pacientes com FR positivo, estando associado à doença mais agressiva A artrite reumatoide pode produzir uma sintomatologia característica, mas, para o estabelecimento do diagnóstico, pode ser necessária a realização de exames laboratoriais, do exame de uma amostra do líquido sinovial e até mesmo de uma biópsia de nódulos. As radiografias podem revelar alterações articulares características. DIAGNÓSTICO: 4 CRITÉRIOS1. Rigidez Matinal; 2. Artrite, 3 ou mais R. Articulares simultâneas; 3. Artrite das mãos; 4. Artrite Simétrica; 5. Nódulo Reumatóides (médico procura em áreas de atrito como cotovelo 0,5 cm até 1 cm, móvel e indolor); 6. Fator Reumatóide positivo; 7. Radiológicas (mãos e punhos); Os 4 primeiros, pelo menos 6 semanas, para diferenciar se é uma AR ou uma infecção viral; ʕ ´•̥̥̥ ᴥ•̥̥̥`ʔ Brenda Bosquê EXAME LABORATORIAIS ● Hemograma – procura uma anemia de doença crônica; ● VHS e PCR - São marcadores de processo inflamatório - Obs.: ajudam a estratificar o paciente e avaliar se está melhorando ou piorando depois do início do tratamento; ● Anti CCP - marcador presente em 95 a 98% de AR (Muito Caro e extremamente sensível). - Só usa quando os critérios (04 de 7) não são suficientes para diagnosticar ● Anti DNA - O exame anti-DNA subdivide-se em DNAn (nativo ou de dupla hélice) e DNAs (simples ou de única hélice) e histonas. A importância diagnóstica está na presença da antigenicidade do DNAn, presente em percentual que varia de 70 a 80% dos pacientes portadores de LES, mas pode ocorrer também na presença de artrite reumatóide e síndrome de Sjögren, em proporções menores, além de outras doenças crônicas auto-imunes. Está muito frequentemente associado a alto índice de doença lúpica renal. Altos títulos significam atividade da doença, podendo-se correlacionar a diminuição dos títulos com a melhora da atividade e vice-versa. ● FAN - O exame FAN (sigla para fator antinuclear) pode ajudar a diagnosticar várias doenças autoimunes, pois detecta a presença de autoanticorpos que, nos casos das doenças autoimunes, atacam as próprias células e tecidos do organismo. O FAN é utilizado como suporte para o diagnóstico de doenças autoimunes sistêmicas e órgão-específico e, ainda, como "triagem" em pacientes que apresentam suspeita clínica de uma doença autoimune, especialmente aquelas com manifestações reumatológicas, como dor articular. ● Fator Reumatoide (FR) - O FR é um anticorpo, o qual está presente no sangue de quem sofre da doença AR, que causa inflamação nas articulações, prejudicando suas funções. Esse anticorpo reage contra as imunoglobulinas G ● Líquido sinovial: leucocitose com predominância de polimorfonucleares, diminuiçãoda glicose, diminuição dos complementos C3 e C4 e dos níveis protéicos. Normalmente não realizado na prática. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Gota, LES, artrites psoriática e infecciosa, osteoartrite e sarcoide. TRATAMENTO Os objetivos do tratamento são reduzir a dor, diminuir a inflamação,melhorar/manter a função, prevenir o dano articular a longo prazo e controlar o acometimento sistêmico. ● Orientação do pacienteacerca da doença,proteção articular. ● Fisioterapia e terapia ocupacional- fortalecem os músculos periarticulares; pensar em dispositivos de assistência mecânica. O tratamento da doença consistem, inicialmente, orientar a mudança de hábitos de vida: cessar tabagismo, inventivar exercício físico, reduzi uso de alcóol e reduzir o peso, além de monitorar e tratar comorbidades (HAS, DM, dislipidemia e osteoporose) ʕ ´•̥̥̥ ᴥ•̥̥̥`ʔ Brenda Bosquê O tratamento de primeira linha inclui o uso de MMCD. O metotrexato (MTX) é a primeira escolha por via oral. Se houver intolerância, dividir a administração por via oral ou empregar metotrezato injetável. Caso não seja possível o uso de MTX ou caso não haja melhora, usar preferencialmente leflunomida (LEF), sulfassalazina (SSZ) ou Hidroxicloroquina (HCQ), sendo que a HCQ não é recomendada em monoterapia, a não ser para aqueles casos extremamente leves com fatores negativos e sem fator de pior prognóstico. A dose do metotrexato varia entre 7,5 a 25mg por semana Para diminuir o risco de toxidade o uso do ácido fólico é recomendado na dose de 5 mg, uma vez por semana. Se apresentar toxidade ou intolerância ao MTX se recomenda a monoterapia com outras opções que incluem medicamentos do mesmo grupo, MMCDs, como a leflunomida (LEF): via oral, 20 mg, 1 vez por dia ou a sulfassalazina (SSZ): via oral, 1 a 3 mg por dia. Em caso de falha na terapia inicial a combinação de MMCDs pode ser considerada como a associação de MTX ou LEF com HCQ ou MTX ou LEF com SSZ. A tripla terapia também pode ser realizada com a combinação de MTX com HCQ e SSZ. Tratamento cirúrgico A sinovectomia e a tenossinovectomia, com ressecção de proeminências ósseaspotencialmente lesivas aos tendões, são indicadas com o intuito de aliviar a dor articular intratável. A artrodese (fusão articular) é indicada para corrigir a subluxação atlantoaxial grave, bem como para aliviar a dor ou proporcionar estabilidade articular. Outros procedimentos são as artroplastias totais, com próteses articulares, e reconstrução de tendões. ʕ ´•̥̥̥ ᴥ•̥̥̥`ʔ Brenda Bosquê