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PROFESSOR Dr. Rafael Evangelista Pedro Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Google Play App Store TREINAMENTO ESPORTIVO 2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio R. Lazilha, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. CorreiaCoordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Matheus Silva de Souza, Designer Educacional Patrícia Peteck, Nayara G. Valenciano, Revisão Textual Meyre A. P. Barbosa, Ilustração André Luis Azevedo, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; PEDRO, Rafael Evangelista. Treinamento Esportivo. Rafael Evangelista Pedro. Maringá - PR.:Unicesumar, 2020. Reimpresso em 2021. 164 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Treinamento . 2. Esportivo . 3. Educação Física EaD. I. Título. CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autor Dr. Rafael Evangelista PedroRafael Evangelista Pedro é Doutor em Educação Física na linha de pesquisa: ajustes e respostas fisiológicas e metabólicas ao exercício físico, pela Universidade Estadual de Maringá, mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina. Já atuou como docente da Faculdade Dom Bosco - Cornélio Procópio e da Universida- de Estadual de Maringá e de diversas instituições como professor convidado para ministrar aulas na pós-graduação. Atualmente, faz parte do corpo docente do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina e do INESUL (Londrina-PR). Além disso, é treinador físico no Centro de Treinamento Funcional Londrina e Analista de Desempenho da MTP Athletes. Possui vasta experiência em fisiologia do exercício e avaliação do desempenho esportivo. http://lattes.cnpq.br/6645513827426186 apresentação do material TREINAMENTO ESPORTIVO Dr. Rafael Evangelista Pedro Olá, seja bem-vindo(a) ao livro Treinamento Esportivo, entendido como um misto entre ciência e arte, cujo treinador, além de dominar o conteúdo científico que embasa a aplicação dos princípios do treinamento, também precisa ser um ar- tista na hora de estruturar os programas de treinamento. Deve, inclusive,pensar em todas as nuances que perfazem o treinamento esportivo, com a finalidade de oferecer e extrair o melhor dos seus atletas. Ao longo dos capítulos do livro, você será apresentado(a) aos conceitos fundamentais que embasam a aplicação do treinamento esportivo. Princí- pios fundamentais do treinamento serão discutidos de uma maneira que sua compreensão será facilitada, além disso, diversos exemplos serão discutidos para auxiliar na fixação do conteúdo. Ao longo do texto, você será incitado(a) a pensar o treinamento esportivo não apenas como uma disciplina, mas enten- derá que ele é o resultado da aplicação de diferentes corpos de conhecimento e terá condições de, desde o início, aprender a estudá-lo de forma integrada e abrangente, fato que, com toda a certeza, agregará muito à sua formação acadêmica/profissional. O livro conta, também, com saberes que vão além da programação do treinamento, mas que são de fundamental importância para uma visão mais integrativa do treinamento esportivo, dada tamanha complexidade que é fazer programas de treinamento para diferentes modalidades esportivas. Posto todos estes aspectos em pauta, o presente livro não serve como um guia extrema- mente rígido para montagem e programação de sessões de treinamento, o livro vai além disso, seu conteúdo fornece diversos conteúdos e ferramentas que darão suporte para que você tenha condições de entender o treinamento esportivo em suas diferentes esferas, dará suporte para que refletir sobre os diferentes conteúdos e adquirir autonomia e capacidade para melhor manipular os princípios do treinamento aos seus objetivos e à realidade dos seus atletas. Tenha uma excelente leitura. sumário UNIDADE I TREINAMENTO ESPORTIVO 14 Introdução ao Treinamento Esportivo 20 Sistema de Treinamento 25 Supercompensação 29 Sistemas de Fornecimento de Energia 39 Objetivos do Treinamento UNIDADE II PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO 54 Variáveis a Considerar no Treinamento Esportivo 65 Preparação para o Treinamento 68 Exercícios para o Treinamento Físico 73 Treinamento Técnico 76 Treinamento Tático UNIDADE III ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO 88 Variáveis do Treinamento 90 Volume e Intensidade 99 Densidade e Complexidade UNIDADE IV PLANEJAMENTO DA SESSÃO DE TREINAMENTO 114 A importância do Planejamento 117 Planejamento do Treinamento 121 Organização das Sessões de Treinamento UNIDADE V PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO 138 Ciclos de Treinamento 146 Quantificação da Carga Interna de Treinamento 149 Percepção Subjetiva de Esforço da Sessão 163 CONCLUSÃO GERAL Dr. Rafael Evangelista Pedro Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Introdução ao treinamento esportivo • Sistema de treinamento • Supercompensação • Sistemas de fornecimento de energia • Princípios do treinamento Objetivos de Aprendizagem • Compreender como o treinamento esportivo é desenvolvido. • Conhecer o sistema de treinamento esportivo. • Compreender o conceito de supercompensação. • Aprender os sistemas de fornecimento de energia. • Entender os princípios do treinamento. TREINAMENTO ESPORTIVO unidade I INTRODUÇÃO O lá, seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro Treina- mento Esportivo. Aqui, trataremos de diversos tópicos que estão, intimamente, relacionados ao treinamento esporti- vo e às suas características. Iniciaremos falando sobre as características mais gerais do treinamento esportivo, a partir da des- crição dos seus objetivos e das suas finalidades. Ter o conhecimento destas informações possibilitará que você, aluno(a), compreenda que ele nada mais é do que o resultado da interação de diversas disciplinas – que trataremos como áreas de conhecimento – as quais fornecerão subsídios e ferramentas para o desenvolvimento físico e esportivo dos atletas e, possibilitarão, em longo prazo, que melhorem o desempenho e atinjam o nível de maestria esportiva. Além disso, abordaremos questões referentes aos sistemas de treina- mento, fazendo com que você compreenda como um programa de trei- namento, em nível nacional, deve ser pensado e estruturado para que consiga conduzir os atletas ao mais alto nível competitivo.Quando se fala em atingir determinado nível de desempenho, é importante que os treinadores compreendam como funcionam os processos de adaptações fisiológicas que levarão o atleta a melhorar seu desempenho esportivo. Nesta unidade, também será abordada a base de como as adaptações ao treinamento ocorrem, como funciona o ciclo de supercompensação e como o metabolismo energético trabalha para atender às demandas energéticas durante o exercício físico em diferentes contextos. Por fim, destaco quais são os princípios de treinamento funda- mentais que os treinadores precisam levar em consideração na hora de montar os programas de treinamento, destacando como eles ajudam no desenvolvimento dos atletas e no melhor desempenho esportivo. 14 O treinamento esportivo é a ciência que trabalha com o objetivo de otimizar o desempenho esportivo dos atle- tas. Por meio do treinamento físico, é possível desenvol- ver diferentes capacidades físicas, as quais possibilitam que o atleta se desenvolva enquanto esportista. Ao longo dos anos, os atletas vêm se desenvolvendo cada vez mais e isto, somado ao desenvolvimento tecnológico, possibi- lita que feitos cada vez maiores sejam realizados, como quebra de recordes, competições cada vez mais dispu- tadas, características físicas aprimoradas, o que, muitas vezes, sobrepõe as capacidades técnicas. Parte destas alterações é resultado do desenvolvimen- to do treinamento esportivo, ou seja, a experiência dos treinadores, acumulada em anos de prática, associada ao aumento do conhecimento científico, em diferentes áreas de conhecimento (disciplinas). Tudo isso tem impactado, de forma positiva, o esporte e seu desenvolvimento. Com todos estes avanços, os treinadores precisam compreender e levar em consideração diversas discipli- nas para que consigam estruturar os programas de trei- namento da melhor forma possível, cuja finalidade será o aprimoramento do desempenho esportivo dos seus Introdução ao Treinamento Esportivo 15 EDUCAÇÃO FÍSICA Durante o processo de treinamento, o atleta é subme- tido a diversos estímulos físicos, fisiológicos, psicoló- gicos, comportamentais, entre outros. Fatores como magnitude e duração dos estímulos, estado inicial dos atletas e nível de desempenho atual farão com que o organismo dos atletas responda a estas demandas, cha- madas de ajustes e adaptações, que podem ocorrer em níveis fisiológico, psicológico, metabólico e neuromo- tor. Se forem quantificados, por meio de testes, possibi- litarão aos treinadores avaliar seus atletas em diferentesmomentos do processo de treinamento, verificando se os objetivos, previamente estabelecidos, estão sendo atingidos. Caso a resposta seja não, os meios (programa de treinamento) podem ser reestruturados. Para que o treinador consiga atingir os objetivos pro- postos, ou seja, fazer com que o atleta melhore seu desem- penho, muitos fatores precisam ser levadas em considera- ção. De acordo com a Figura 1, é possível identificar uma série de disciplinas (áreas de conhecimento) que influen- ciam, diretamente, o processo de treinamento. Dessa for- ma, é imprescindível que o treinador e a comissão técnica extraiam o que seja pertinente e fundamental, a fim de organizar, da melhor maneira, o seu trabalho. Em equipes mais estruturadas, este processo é facilitado pela atuação de uma equipe transdisciplinar, ou seja, cada membro da equipe trabalha, de forma aprofundada, dentro de sua área de atuação, para que os atletas sejam atendidos em sua plenitude. Entretanto isso não significa que os profis- sionais, no caso, os da comissão técnica, os preparadores físicos, preparadores de goleiros, fisiologistas, nutricionis- tas, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, massagistas, en- fermeiros, analistas de desempenho trabalhem de forma isolada, pelo contrário, esses profissionais devem traba- lhar em conjunto, de forma transdisciplinar, criando inte- ração entre as diferentes áreas de conhecimento, forman- do o treinamento esportivo (Figura 2). atletas. Diversas áreas do conhecimento interagem en- tre si para que o treinamento esportivo evolua, ou seja, é importante que os treinadores compreendam fisiologia e anatomia humana, fisiologia do exercício, métodos de avaliação das capacidades físicas, pedagogia e aprendi- zagem motora, noções sobre nutrição esportiva, etc. Dessa forma, a chance de haver desenvolvimento dos atletas será maior, pois o treinamento esportivo é o conjunto dessas ações e muitas outras. A Figura 1 desta- ca algumas das áreas de conhecimento que o treinador necessita conhecer. • Medicina Esportiva • Nutrição • Pedagogia e Aprendizagem Moderna TREINAMENTO EXPORTIVO • Anatomia e Fisiologia • Avaliação e Estatística • Fisiologia do Exercício e Biomecânica • História e Sociologia Figura 1 - Disciplinas que estão associadas ao treinamento esportivo / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Descrição da Imagem: a figura apresenta as disciplinas que estão as- sociadas ao Treinamento Esportivo. Há uma esfera colorida com partes que mostram peças se encaixando. No topo há o título em destaque “Treinamento Esportivo” Em sua composição, são apresentadas as sete disciplinas divididas em duas peças desse quebra-cabeça, na primeira peça há: Anatomia e fisiologia, avaliação e estatística, fisiologia do exer- cício e biomecânica, história e sociologia. Já na segunda peça estão: medicina esportiva, nutrição, pedagogia e aprendizagem motora. 16 TREINAMENTO ESPORTIVO ANALISTA DE DESEMPENHO PSICÓLOGO COMISSÃO TÉCNICA PREPARADOR FÍSICO MASSAGISTA FISIOTERAPEUTA MÉDICO ENFERMEIRO NUTRICIONISTA Figura 2 - Conceito de trabalho transdisciplinar a ser realizado no esporte / Fonte: adaptada de Bompa (2002). OBJETIVOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO O treinamento esportivo visa desenvolver uma série de ca- pacidades físicas, cognitivas e psicológicas, as quais serão as bases para o desempenho atlético (Figura 3). O resultado Descrição da Imagem: Conceito de trabalho transdisciplinar a ser realizado no esporte. Há uma mulher no centro da figura com roupas esportivas, um apito pendurado no pescoço, uma prancheta na mão esquerda e o braço direito estendido com o dedo indicador para frente. No topo há o título “treinamento esportivo”, ao seu redor oito flechas indicando alguns tipos de profissionais: psicólogo; comissão técnica; preparador físico; massagista; fisioterapeuta; médico e enfermeiro; nutricionista; analista de desempenho. das adaptações, em nível fisiológico, de diversos sistemas, servirá de alicerce para que os atletas possam competir em alto nível e apresentem níveis ótimos de desempenho. 17 EDUCAÇÃO FÍSICA FORÇA POTÊNCIA RESISTÊNCIA COORDENAÇÃO MOTORA APTIDÃO CARDIOR RESPIRATÓRIA FLEXIBILIDADE COMPOSIÇÃO CORPORAL Figura 3 - Capacidades físicas importantes para a melhora do desempenho esportivo / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Descrição da Imagem: Há a representação da Capacidades físicas importantes para a melhora do desempenho esportivo. A figura mostra o corte de imagem de duas partes inferiores de perna e pés, com tênis. Dessa imagem central saem sete retas que indicam informações. Na perna esquerda, que está apoiada ao chão apenas pela parte frontal do pé, há três informações: força, saindo da panturrilha; potência saindo da parte de trás do pé e resistência saindo do centro do pé. Na perna direita há quatro informações: aptidão cardiorrespiratória, da parte interna do pé; flexibilidade, do centro da parte inferior da perna; composição corporal, da ponta do pé; coordenação motora, na altura do joelho. Dessa forma, um programa de treinamento deve ser pen- sado e estruturado para desenvolver estas capacidades ,como: força muscular, capacidade e potência aeróbica e anaeróbia, flexibilidade, coordenação motora, agilida- de, velocidade, entre outras. Assim, o atleta conseguirá desempenhar suas tarefas com sua máxima capacidade. 18 Desenvolvimento físico multilateral Os atletas precisam se desenvolver, de forma gene- ralizada e equilibrada, para que isso sirva de base ao desenvolvimento esportivo e para suportar as novas demandas de treinamento, ou seja, com o passar dos anos, os atletas devem estar preparados para suportar uma demanda de trabalho cada vez maior. Isso deve ser construído de forma gradativa, possibilitando a maximização da vida esportiva do atleta, minimizan- do os agravos inerentes aos treinamentos e às compe- tições. É preciso desenvolver capacidades neuromus- culares, como força, resistência de força, velocidade, coordenação motora, agilidade, flexibilidade, capaci- dade e potência aeróbia e anaeróbia, para, então, ter o desenvolvimento corporal de forma harmônica. Desenvolvimento físico específico Após desenvolver a base (desenvolvimento multila- teral), é preciso desenvolver capacidades que são es- pecíficas ao esporte que se deseja aprimorar. Diferen- tes capacidades formam o que chamamos de aptidão física, entretanto, no esporte, as capacidades físicas proporcionam alterações no desempenho quando a especificidade é levada em consideração. Então, o desenvolvimento de força muscular, hipertrofia mus- cular, resistência muscular, potência, tempo de reação, coordenação, agilidade, velocidade e outros precisam ser desenvolvidos e estar em consonância com as necessidades de cada esporte. Esse desenvolvimento propicia aos atletas a capacidade de realizar, com me- lhor desempenho, as tarefas inerentes ao seu esporte. Fatores técnicos Visa desenvolver a técnica correta dos movimentos, o que possibilitará a execução de um movimento habili- doso, ou seja, a execução adequada com eficiência e com o mínimo de energia possível. O aprimoramento técnico possibilitará a realização da tarefa com maestria, levan- do em consideração: coordenação motora, velocidade, amplitude correta do movimento, aplicação de força no momento correto. Isso assegura que o desempenho seja elevado e que situações adversas (por exemplo, clima ad- verso) não atrapalhem tanto. Fatores táticos Fatores táticos estão associados à estratégia, que faz par- te do estudo de aspectos táticos dos seus atletas e dos adversários, podendo ser realizado em nível individual ou em esportes coletivos, em que o conjunto de atletas trabalha de forma harmônica. Entretanto existem de- terminados padrões que os atletas seguem. Defini-los ajuda a entender o adversário do ponto de vista tático, possibilitando a criação de situações de treinamento que bloqueiam determinadas ações dos adversários ou que visem à criação de ações asquais estes não estão prepa- rados, o que pode se apresentar como vantagem em uma competição. Fatores psicológicos O acompanhamento por psicólogos do esporte é extre- mamente necessário, pois ele possibilita a identificação de traços de personalidade dos atletas. Isso torna possí- vel a utilização de estratégias que sejam eficientes para cada atleta, o que proporcionará o desenvolvimento de disciplina, perseverança, força de vontade, confiança, co- ragem, resiliência etc. 19 EDUCAÇÃO FÍSICA Desenvolvimento da capacidade de trabalho em equipe Em diversos esportes, o coletivo é o mais importan- te, dessa forma, os atletas não devem ser treinados apenas do ponto de vista individualizado, mas sim, como parte integradora de uma única unidade (a equipe). Esta capacidade de trabalho coletivo deve ser desenvolvida, possibilitando que os processos de treinamento físico, técnico, tático e psicológico sejam desenvolvidos em grupo e, assim, cada membro do grupo executa funções específicas, mas que, no final, todos estejam, harmoniosamente, dentro da mesma estrutura, como nas ações de ataque de uma equipe de futebol, na defesa de uma equipe de handebol, nas trocas de posições, durante uma prova de ciclismo de estrada, as jogadas de ataque de uma equipe de bas- quetebol e assim por diante. Fatores ligados à saúde O fortalecimento da saúde do atleta é de fundamen- tal importância para que perdas relacionadas às do- enças e/ou lesões sejam minimizadas. Isso deve ser realizado junto ao departamento médico do clube/ equipe, por meio de avaliações preventivas (diagnós- ticas), tratamentos adequados para reduzir a chance de agravos mais sérios e recuperação adequada e no tempo adequado para a volta aos treinamentos e às competições quando, de fato, algum agravo não evitá- vel tenha ocorrido. Além disso, a organização das sessões de treina- mento tem papel importante nesse sentido, pois a aplicação adequada dos estímulos de treinamento, a recuperação adequada entre estímulos e o estabeleci- mento de um ambiente de treinamento favorável pos- sibilitarão que os atletas desempenhem seu potencial máximo e com risco reduzido de lesões. Sendo assim, programas de prevenções de lesões são, extremamen- te, importantes. Um programa de aprimoramento das capacidades físicas, tais como: 1) flexibilidade; 2) força muscular; 3) resistência muscular; 4) fortalecimento dos tendões e ligamentos proporcionará a execução de tarefas habituais ou não, com risco reduzido de lesões. Conhecimento teórico O conhecimento teórico do esporte, ou seja, dos prin- cípios fisiológicos, das técnicas e táticas do esporte que se pratica, sem dúvida, ajudará no aprimoramento es- portivo. A relação entre técnico e atleta deve ser mui- to estreita, sendo o técnico responsável por apresentar todos os fundamentos para aumentar o conhecimento sobre o esporte. Um atleta que sabe da importância da preparação física, da nutrição, da recuperação tem mais chance de se preparar de forma muito mais ade- quada, já um atleta que tem pouco conhecimento so- bre os mesmos aspectos pode receber, com ceticismo, os comandos do técnico e não dar a devida atenção aos treinamentos e, possivelmente, realizá-los de maneira inadequada, o que impactará, de forma negativa, o seu desempenho. Estes aspectos citados devem fazer parte dos obje- tivos gerais do treinamento que os técnicos devem le- var em consideração na hora de elaborar os programas. É altamente recomendado que um programa de treina- mento se inicie por aspectos de base; ou seja, é impor- tante que aspectos físico gerais sejam trabalhados a fim de dar suporte às novas capacidades que serão desen- volvidas na sequência, ou seja, as capacidades específi- cas. Um exemplo é o desenvolvimento não específico da força muscular no momento de preparação geral do treinamento e, em outra fase, o desenvolvimento de forma mais específica da potência muscular já aplicada às tarefas que os atletas desempenharão no esporte. 20 Um sistema de treinamento é, metodologicamente, complexo, que envolve a organização de teorias, hipóteses e ideias, oriundas da experiência acumulada em anos de treinamento e de pesquisas que são desenvolvidas na área das Ciências do Esporte. A Ciência do Esporte está se desenvolvendo ano após ano, entretanto, boa parte das pesquisas científicas, nesta área, foram realizadas com o objetivo de confirmar ou refutar hipóteses que são ou foram utilizadas por treinadores, no contexto esportivo. Dessa forma, o desenvolvimento de um sistema esportivo não pode negligenciar nenhum destes fatores, pois o conhecimento, nessa área, ainda é emergente. Sistema de Treinamento 21 EDUCAÇÃO FÍSICA SISTEMA DE TREINAMENTO Experiência dos treinadores Desenvolvimento cientí�co Figura 4 - Exemplo de formulação de um sistema de treina- mento / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Além dos aspectos abordados, um sistema de treinamen- to não deve ser, simplesmente, copiado de um local para o outro, pois ele deve ser criado levando-se em conside- ração fatores socioculturais; países com culturas e carac- terísticas diferentes, dificilmente, apresentarão as mesmas necessidades e características esportivas. Um sistema de treinamento deve ser pensado como uma política de es- tado e organizado de tal forma que incorpore todos os níveis de desenvolvimento até chegar ao alto nível atlético. O primeiro passo para o desenvolvimento de um sistema de treinamento é o estabelecimento de metas, por exemplo, ser um país de referência em esportes olímpicos. Até chegar ao topo do projeto em que atle- tas de alto nível é que competirão nos Jogos Olímpicos, é importante criar uma sequência de fases hierárquicas que inicie na base, em geral, na fase escolar, passando pelas confederações que organizarão competições em diferentes níveis. Assim, os principais talentos se desta- cam até chegar ao alto nível, fase em que se estabelecem as seleções nacionais. Nesta fase, os atletas, que já atingi- ram a maestria esportiva, representarão seus respectivos países em competições internacionais. Descrição da Imagem: Exemplo de formulação de um sistema de treinamento. A imagem apresenta um funil com três círculos dentro dele, em cima na esquerda está escrito desenvolvimento científico, no outro que está à direita, experiência dos treinadores e, no terceiro círculo que está mais abaixo no funil, há a imagem de uma atleta em posição de corrida e outra mais ao fundo, não sendo possível iden- tificar a posição. A saída do funil está sendo representada por uma seta apontada para baixo e para a expressão sistema de treinamento. 22 Para que o sistema de treinamento funcione de forma adequada, cada uma das fases deve anteceder a próxi- ma, e esta transição deve acontecer com sinergia, ou seja, cada fase serve de base para a próxima. Dessa forma, desde as fases iniciais, os objetivos finais são os mesmos, e os trabalhos são realizados a fim de atingi-los. A Educação Física escolar é o momento do desen- volvimento de habilidades gerais dos futuros atletas. Dis- ciplinas como atletismo, ginástica e natação dão suporte para o desenvolvimento básico e geral para quase todos os esportes, pois os alunos aprenderão a correr, saltar, ar- remessar, desenvolverão equilíbrio, coordenação motora, flexibilidade e aptidão cardiorrespiratória. A partir da criação do modelo, o objetivo será colocá-lo em prática em todas as suas esferas. Outra característica importante é que o sistema de treinamento deve ser dinâmico, sen- do sempre reavaliado, a fim de que alterações necessárias sejam realizadas. Nesta etapa, como na criação do mode- lo, os treinadores e cientistas do esporte devem trabalhar em conjunto, a fim de definir a melhor forma de aplicar as cargas e o volume de treinamento, os métodos mais efetivos de recuperação, os sistemas exatos e precisos de avaliação. O sucesso do sistema/programa de treinamen- to depende de fatores intrínsecos e extrínsecos.Seleções Nacionais Elite, Maestria esportiva Programas esportivos e confederações esportivas. Fase de aprimoramento Educação Física escolar e escolas esportivas. Figura 5 - Hierarquia para a formulação de um sistema de treinamento nacional / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Descrição da Imagem: a figura mostra a Hierarquia para a formulação de um sistema de treinamento nacional. Há três cubos sobrepostos, cada um tem uma cor e um tamanho, diminuindo gradativamente até o topo. Na primeira parte, na base do desenho, estão escritas as palavras Educação Física escolar e Escolas esportivas; na parte do meio, as palavras Programas esportivos e confederações esportivas e fase de aprimoramento; na terceira parte, a parte superior do desenho (de menor tamanho), as palavras seleções nacionais, elite e maestria esportiva. 23 EDUCAÇÃO FÍSICA Figura 6 - Fatores envolvidos na qualidade do treinamento / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Descrição da Imagem: Fatores envolvidos na qualidade do treinamento. A imagem mostra, um círculo central contendo as palavras Qualidade do treinamento, acima há a sombra de um corpo em posição de corrida e o risco dos batimentos cardíacos. Ao redor desse círculo estão posicionados mais seis círculos, quatro estão ligados por setas que vão de encontro ao centro: Descobertas científicas; competições; Estrutura e equipamentos; conhecimento e personalidade do treinador. Há um círculo com as palavras: Desempenho do atleta, sendo que a seta está saindo do círculo central e sendo direcionada a ele. Ligando o círculo central ao inferior há uma seta de mão dupla e as palavras descritas neste círculo são: Capacidade do atleta. Há mais dois retângulos, um de cada lado desse último círculo, há setas voltadas para a esquerda entre esses três elementos contendo, na ordem, as palavras “motivação, capacidade do atleta e herança genética”. QUALIDADE DE TREINAMENTO CONHECIMENTO E PERSONALIDADE DO TREINADOR ESTRUTURA E EQUIPAMENTOS DESEMPENHO DO ATLETA DESCOBERTAS CIENTÍFICAS COMPETIÇÕES CAPACIDADE DO ATLETA HERANÇA GENÉTICA MOTIVAÇÃO 24 ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO Em um sistema de treinamento estruturado da forma como foi exposto anteriormente, o objetivo é atingir a ma- estria esportiva e se tornar um mestre do esporte. Isso só é possível por meio de adaptações que ocorrem nos indiví- duos, possibilitando que eles executem tarefas relacionadas ao esporte escolhido. O processo de adaptação é longo e árduo, ele é resultado de alterações funcionais e morfoló- gicas em diversos sistemas fisiológicos. Isso possibilita rea- lizar atividades que, em dado momento anterior, não eram possíveis, por exemplo, força e potência suficientes para arremessar um peso o mais distante possível ou para saltar o mais alto possível. As adaptações são resultado de ajustes fisiológicos que ocorrem a cada estímulo de treinamento, ou seja, durante uma sessão de treinamento, o atleta é submeti- do a estresse, por meio de atividades físicas, e a soma de diferentes sessões serão as responsáveis pelas as adapta- ções. No entanto, quando se aplica estresse, é importante ter tempo de recuperação, sem estresse, não há adapta- ção, mas sem recuperação, também não. Ou seja, é im- portante dosar a quantidade de estresse e recuperação a fim de obter o máximo de adaptação. De forma geral, observamos adaptações, em ní- vel celular, nos sistemas de ressíntese de Adenosina Trifosfato (ATP), ou seja, aumento do número de en- zimas, aumento da atividade enzimática, adaptações morfológicas, aumento no tamanho e na quantidade de mitocôndrias, aumento no tamanho das células, como ocorre no tamanho das fibras musculares e na densidade óssea. Há, também, adaptações em nível sistêmico, como melhora da função do sistema respi- ratório, circulatório e cardíaco, o que possibilita me- lhora na captação e no transporte de oxigênio para os músculos bem como melhora no suprimento de nu- trientes para as células, na eficiência de perda de calor, no sistema neuromuscular e na taxa de disparo de po- tenciais de ação para o músculo, melhor coordenação intramuscular e intermuscular que resultarão no au- mento de força, melhora na taxa de desenvolvimento de força e assim por diante. Essas alterações (adaptações) serão abordadas, com mais detalhes, em outras unidades, entretanto é importante ter em mente que um estímulo de treinamento (estresse) é importante para as adaptações e a recuperação. 25 EDUCAÇÃO FÍSICA Para entender o conceito de supercompensação, pri- meiro, é importante criar um ponto de partida ou ponto zero (0), o início da fase de treinamento, quan- do são realizadas as primeiras avaliações (avaliação diagnóstica). Com base nos resultados das avaliações, o programa de treinamento é criado, ou seja, estí- mulos (sessões de treinamento com diferentes exer- cícios) serão realizadas pelo atleta. A sucessão destes estímulos gerará o aumento transitório na fadiga do atleta (estresse do treinamento), que é caracterizado por redução temporária no seu desempenho. Após a redução dos estímulos aplicados (redução do estres- se), a fadiga reduz, e o desempenho volta ao estado de normalidade e um pouco a mais do que no estágio inicial (supercompensação). Em seguida, um novo es- tímulo (estresse) precisa ser aplicado para retornar o ciclo. Caso o intervalo entre os estímulos de treina- mento seja muito grande, ocorre o que é chamado de involução, e o atleta perde o que foi conquistado na supercompensação (Figura 8). SUPERCOMPENSAÇÃO 26 I II III IV Estímulo Fadiga Fases Supercompensação Involução Homeostase CompensaçãoCompensaçãoCompensação Figura 7 - Ciclo de supercompensação de uma sessão de treinamento / Fonte: Bompa (2002). Descrição da Imagem: a figura mostra quatro retângulos ligados entre si, representando fases do ciclo de supercompensação: fase I, II, III e IV. Além das divisões pelos retângulos, as fases são acompanhadas por uma linha contínua, a qual inicia no início da fase I (este início está sendo sinalizado pela palavra Estímulo, onde há uma seta sendo direcionada para o início dessa linha,que é decrescente na fase I, sendo chamada de Fadiga. Ela vai até a base do retângulo, quando a linha começa a ascender em direção ao topo do retângulo (fase II - sendo chamada de Compensação); ao atravessar o topo para sair do retângulo, a linha entra na fase III (chamada de Supercompensação), ao passar por esta fase; a linha começa a descer novamente; entrando na fase IV (chamada de Involução). A linha acaba seu trajeto no topo do retângulo IV, no vértice de sua borda mais externa, na mesma altura em que ela iniciou com o estímulo (fase I). Além disso, o topo dos retângulo é sinalizado com a palavra Homeostase. Descrição da Imagem: a imagem mostra um retângulo externo e uma reta contínua cruzando 3/4 do triângulo, de forma horizontal, e uma reta tracejada iniciando no segundo quarto do retângulo, formando um ângulo de uns 20º, com a linha contínua, e finalizando na mesma direção da linha contínua. A diferença entre as duas linhas é sinalizada pela palavra Melhora no desempenho. Além disso, há uma linha que tem direção descendente e ascendente enquanto avança até o final das retas, representando três ciclos de supercompensação descritos na Figura 8. Cada ciclo iniciado é representado por uma seta chamada Estímulo. A Figura 7 é um exemplo clássico dos ciclos de su- percompensação de uma sessão de treinamento, en- tretanto eles podem levar em consideração um ciclo envolvendo mais de uma sessão, e o fenômeno de supercompensação ser avaliado, após este período, como observação no aumento do desempenho es- portivo (Figura 8). Pense se os estímulos que você fornece para os seus atletas estão sendo transferidos para melhora do desempenho esportivo. Nunca analise o desempenho apenas pelas adaptações fisiológicas. REFLITA Estímulo } Melhora no Desempenho Figura 8 - Efeito da soma de diferentes ciclos de supercompensação / Fonte:adaptada de Bompa (2002). 27 EDUCAÇÃO FÍSICA Quando o programa de treinamento não varia, e os es- tímulos e as sessões seguidas de treinamento, com in- tensidade elevada, são aplicados, pode acontecer de não haver tempo hábil de recuperação para que haja o fenô- meno de supercompensação. Dessa forma, o atleta pode experienciar um estado de fadiga mais duradouro, com- prometendo o desempenho (Figura 9). Se isso ocorrer próximo à fase de competição, o atleta terá sérios prejuí- zos, por isso, é de extrema importância que os estímulos de alta e baixa intensidade façam parte dos ciclos de trei- namento, com a finalidade de evitar quadros de redução mais drástica e duradoura no desempenho (Figura 9). Declínio no Desempenho Estímulo Figura 9 - Declínio no desempenho em função da soma de estímulos de alta intensidade / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Descrição da Imagem: a imagem mostra um retângulo externo e uma reta contínua cruzando 2/3 do triângulo, de forma horizontal, e uma reta tracejada que cruza a linha contínua na diagonal e finalizando na mesma direção, mas abaixo da linha contínua. A diferença entre as duas linhas é sinalizada pela palavra Declínio no desempenho. Além disso, há uma linha que tem direção descendente e ascendente enquanto avança até o final das retas, representando quatro ciclos de supercompensação descritos na Figura 8. Cada ciclo iniciado é representado por uma seta chamada Estímulo. Estímulo } Melhora no Desempenho Figura 10 - Alternância entre estímulos de alta e baixa intensidade e ciclo de supercompensação / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Descrição da Imagem: a imagem mostra um retângulo externo e uma reta contínua cruzando 3/4 do triângulo, de forma horizontal, e uma reta tracejada formando um ângulo de uns 25º, com a linha contínua, e finalizando na mesma direção da linha contínua. A diferença entre as duas linhas é sinalizada pela expressão Melhora no desempenho. Além disso, há uma linha que tem direção descendente e ascendente enquanto avança até o final das retas, representando seis ciclos de supercompensação, descritos na Figura 8. Cada ciclo iniciado é representado por uma seta chamada Estímulo. Cada estímulo está, também, representado por uma barra das seis barras: a primeira, a terceira e a quinta com alturas maiores, a segunda, a quarta e a sexta com alturas menores. Essas barras representam a intensidade dos estímulos das sessões de treinamento. 28 Embora os ciclos clássicos de estímulo, estresse, recupe- ração, supercompensação sejam baseados na depleção de glicogênio, o qual precisa ser reposto para que o atleta consiga retornar aos treinamentos, outros tantos outros fatores precisam ser levados em consideração, como a re- cuperação da musculatura solicitada. O treinamento gera algumas lesões e reduções transitórias de função muscu- lar, fadiga, dessa forma, é importante, além de prescrever as sessões, quantificar a carga interna de treinamento (mais informações sobre este tópico na Unidade 5) e sa- ber o quanto o atleta está sentindo aquele estímulo e qual sua percepção de fadiga e recuperação para que as sessões de treinamento sejam ajustadas. DESTREINAMENTO O aumento no desempenho é o resultado da sucessão de estímulos de treinamento, que, quando bem aplicados dentro de um programa, respeitando os períodos neces- sários de recuperação, levam o atleta a um novo patamar de desempenho. Para que o desempenho continue, os estímulos de treinamento também precisam continuar. Quando há a interrupção dos estímulos, o desempenho reduz, isso é chamado de destreinamento. Diversas são as razões para a interrupção do treina- mento, tais como lesões, doenças, período após competi- ções (período transitivo) e término da carreira como atle- ta. O declínio no desempenho ocorre de maneira rápida. Indivíduos acamados tendem a ter redução de, aproxima- damente, 25% no VO2máx, após 21 dias; outras alterações também ocorrem quando o treinamento é cessado por diversos motivos, e três a 12 semanas de destreinamento estão relacionadas com declínios de 18% e 35% no VO- 2máx e naforça muscular, respectivamente. Entre 4 a 8 semanas de destreinamento, os atletas per- dem, por completo, as adaptações conseguidas durante o processo de treinamento, ou seja, se a parada for progra- mada, é importante controlar muito bem os períodos de transição (final de temporada) para reduzir os prejuízos para a temporada seguinte de treinamento. No caso de lesões, em que é impossível continuar com o programa de treinamento, é importante que, ao menos, algumas atividades, com o aval da comissão técnica junto ao de- partamento médico, sejam mantidas com a finalidade de reduzir os prejuízos do período em que o atleta ficará afastado das suas atividades laborais habituais. Em caso de aposentadoria, o destreinamento deve ser programado e progressivo, isso pode levar de meses a anos, com redu- ções no volume e na intensidade do treinamento. 29 EDUCAÇÃO FÍSICA Para manter o trabalho das células, é preciso converter a energia potencial contida nos alimentos (carboidratos, lipídeos e proteínas) em energia utilizável pelo nosso corpo. A forma de energia que ele consegue transferir, diretamente, para o trabalho celular (exemplo: contra- ção muscular) é a energia contida nas ligações entre fosfatos de uma molécula chamada adenosina trifosfa- to (ATP). Ou seja, em última análise, nosso organismo consegue transformar a energia química dos alimentos em ATP. Como o nosso organismo não armazena gran- de quantidade de ATP, ele precisa ser ressintetizado, con- tinuamente, e a necessidade de ressíntese está relaciona- da com a duração e a intensidade do esforço físico. Figura 12 - Molécula de ATP Sistemas de Fornecimento de Energia Descrição da Imagem: O ATP é um nucleotídeo formado por uma base nitrogenada (adenina), um açúcar com cinco carbonos (ribose) e três fosfatos. 30 Nosso organismo necessita de ATP a todo instante, des- sa forma, existem vários sistemas responsáveis pela con- tínua ressíntese. Reações complexas conseguem conver- ter os macronutrientes, a glicose, os ácidos graxos e os aminoácidos em ATP. Todos os sistemas de fornecimen- to de energia funcionam de forma sinérgica, entretanto a predominância de um sistema variará de acordo com a intensidade e a duração da atividade física. Os sistemas predominam em função do tempo e da intensidade dos esforços. A contribuição percentual de cada sistema funciona em função do tempo para os sistemas anaeróbios, caso a atividade seja realizada em máxima intensidade. Se a intensidade for baixa, inde- pendentemente do tempo, a predominância do sistema aeróbio aumenta. Conceitualmente, os sistemas de for- necimento de energia são divididos em metabolismo ae- róbio (em que há a necessidade de oxigênio) e anaeróbio (em que a produção de ATP não necessita de oxigênio). Pe rc en tu al d e co nt rib ui çã o Vias oxidativas TEMPO (S) AERÓBIOANAERÓBIO Lático Alático 100 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 120 140 Figura 13 - Sistemas de ressíntese de ATP durante a prática de atividade física. Sistemas anaeróbios (alático e lático) e aeróbios (vias oxidativas) / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Descrição da Imagem: o gráfico representa a contribuição percentual dos sistemas de produção de energia. No eixo x, temos o tempo em segun- dos, iniciando em zero e indo até 140 s com intervalos de 20 s; no eixo y, temos o percentual de contribuição, que vai de 0 até 100, com intervalos de 20 pontos percentuais. O gráfico tem três linhas: uma linha representando o sistema alático, que tem contribuição de, praticamente, 100% nos primeiros segundos, com redução da contribuição até, aproximadamente, 30 s. Uma linha representa o sistema lático, com contribuição crescente de 0 a 40 s e redução progressiva até, aproximadamente, 80 s. A terceira linha é das vias oxidativas, que representa uma contribuição muito pequena nos primeiros segundos de atividade,com aumento progressivo a partir de 60 s. 31 EDUCAÇÃO FÍSICA METABOLISMO AERÓBIO O metabolismo aeróbio é predominante no estado de repouso, se o indivíduo inicia um exercício físico, o con- sumo de oxigênio (VO2) aumenta, de forma progressiva, para que o organismo consiga produzir a quantidade de ATP que necessita, predominantemente, das vias aeró- bias. Após alguns minutos, caso a intensidade permane- ça submáxima, ou seja, quando ainda há a estabilização do VO2, a ressíntese de ATP será assegurada, predomi- nantemente, pelas vias aeróbias (Figura 14). A produção de ATP pelo metabolismo aeróbio ocor- re via ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs), cadeia de transporte de elétrons e fosforilação oxidativa e aconte- ce no interior das mitocôndrias. A produção de ATP por estas vias pode utilizar carboidratos, lipídeos e proteínas, os quais são degradados à glicose, aos ácidos graxos e aos aminoácidos, respectivamente, ou por subprodutos do metabolismo, como lactato e corpos cetônicos, e, en- tão, convertidos à ATP. No entanto os principais substra- tos são os ácidos graxos e a glicose. Em repouso, há predominância da utilização de áci- dos graxos para a ressíntese de ATP, e a utilização, durante o exercício, varia de acordo com a intensidade e a duração do esforço. A maior taxa de oxidação (utilização) de ácidos graxos para ressíntese de ATP ocorrerá durante o exercício de intensidade moderada (Figuras 14 e 15). A taxa de oxida- ção da glicose acompanha a intensidade do esforço, quanto mais intenso o esforço, maior a oxidação de glicose para a ressíntese de ATP, maior a captação de glicose proveniente da corrente sanguínea e, também, maior a degradação do glicogêpio muscular para a ressíntese de ATP (Figura 14). 32 300 200 100 0 CA L/ KG /M IN % DO VO2MÁX 25% 65% 85% Glicose Plasmática AGL plasmáticos Triglicerídeos musculares Glicogênio muscular Figura 14 - Contribuição dos diferentes substratos energéticos para a produção de energia, durante o exercício físico, em diferentes intensidades de esforço, com base no percentual do VO2máx / Fonte: adaptada de Romijn et al. (1993). Figura 15 - Oxidação de lipídeos, durante o exercício físico, em diferentes intensidades de esforço, com base no percentual do VO2máx / Fonte: adaptada de Horowitz et al. (2000). Descrição da Imagem: a imagem mostra um gráfico de barras com três barras; no eixo x, temos a intensidade do esforço, 25%, 65% e 85% do VO2máx; o eixo y demonstra a quantidade de calorias por kg de massa corporal. Cada barra é dividida em quatro nutrientes, glicose plasmática, ácidos graxos plasmáticos (AGL), triglicerídeos musculares (TGL) e glicogênio muscular. A primeira barra mostra que, aproximadamente, 100 calorias são gastas, sendo dez oriundas da glicose, aproximadamente, 70 dos AGL e, aproximadamente, dez calorias dos TGL. A barra dois mostra que foram gastas 200 calorias, sendo, aproxi- madamente, 20 da glicose, 50 dos AGL, aproximadamente, 40 dos TGL e, aproximadamente, 90 proveniente do glicogênio. A barra três mostra que foram gastas 300 calorias, sendo, aproximadamente, 34 da glicose, 40 dos AGL, aproximadamente, 36 dos TGL e, aproximadamente, 190 proveniente do glicogênio. Descrição da Imagem: a imagem mostra um gráfico de barras com três barras; no eixo x, temos a intensidade do esforço, 25%, 65% e 85% do VO2máx; o eixo y demonstra a oxidação de AGL. Cada barra é dividida em dois nutrientes, ácidos graxos plasmáticos (AGL) e triglicerídeos musculares (TGL). A primeira barra mostra que, aproximadamente, 27mol de lipídios foram oxidados, destes, 25 foram de AGL. A barra dois mostra que foram oxidados, aproximadamente, 43mol de lipídios, aproximadamente, 23 de AGL. A barra três mostra que foram oxidados 30mol de lipídio, sendo, aproximadamente, 20 de AGL. 33 EDUCAÇÃO FÍSICA A duração do esforço também exerce papel importan- te na determinação dos substratos que serão utilizados para a ressíntese de ATP. Quanto mais longa for a ati- vidade física, maior a contribuição dos lipídios (ácidos graxos plasmáticos e TGL muscular) para a ressíntese de ATP, em contrapartida, a contribuição dos carboidratos diminui ao longo do tempo (Figura 16). Outro fator que contribui para a taxa de oxidação dos nutrientes, durante a atividade física, é o nível de condicionamento. Atletas de endurance que apresentam melhor capacidade e potência aeróbia, quando compa- rados às pessoas não treinadas, apresentam maior oxi- dação de AGL, isso ocorre devido à adaptação nos sis- temas de ressíntese de ATP que os atletas experienciam em função do treinamento físico. Ou seja, em suma, eles melhoram a capacidade do organismo de liberar áci- dos graxos do tecido adiposo, transportar e utilizar este substrato pela musculatura para ressíntese de ATP. Descrição da Imagem: a imagem é de um gráfico, sendo o eixo x o tempo em minutos, que vai de 15 a 120 min com intervalos de 15 min, e o eixo y, percentual do gasto energético, que varia de 0% a 100%. Ele demonstra que, ao longo do tempo, a glicose plasmática contribui com, aproxima- damente, 8%, que o glicogênio muscular é, praticamente, 50% nos primeiros 15 min, reduz para 40% aos 30 min, mantendo-se estável até uns 80 min e, depois, reduz mais um pouco até o final. Em contrapartida, a contribuição do lipídios, que é de, aproximadamente, 50%, nos primeiros 15 min, aumenta para 60%, aos 30 min e, nos 30 min finais, aumenta, chegando a quase 70% da contribuição. Figura 16 - Contribuição dos diferentes substratos energéticos para a produção de energia, durante o exercício físico, em função da duração do esforço em minutos / Fonte: adaptada de Romijn et al. (1993). 34 METABOLISMO ANAERÓBIO A partir do metabolismo anaeróbio, o organismo tem a capacidade de ressintetizar ATP, independentemente do O2. Como dito anteriormente, o metabolismo aeróbio predomina durante o repouso, em exercício de baixa e moderada intensidade, ao passo que o metabolismo anaeróbio predomina em exercício com alta intensidade. O metabolismo anaeróbio é dividido em alático e lático. No sistema alático – em que não há produção de lactato – o organismo consegue transferir um fosfato da fosfocreatina (PCR) para uma molécula de adeno- sina difosfato (ADP) cuja reação é catalisada pela en- zima creatina quinase (CK) (Figura 17). Por ser muito rápida, esta reação fornece ATP em alta velocidade e está associada a exercícios rápidos e de alta intensida- de, como uma corrida de 100 m rasos, um Itálico no futebol, assim por diante. O sistema anaeróbio láctico utiliza glicose para pro- dução de energia, a glicose é convertida à ATP por uma série de reações denominadas glicólise (Figura 19)(A). A partir deste conjunto de reações, quatro mo- léculas de ATP são produzidas, entretanto há perda de duas moléculas, dessa forma, o saldo final é de duas moléculas de ATP por molécula de glicose. O produto final dessa reação é o lactato (Figura 19)(B), por isso, esse sistema é chamado de sistema anaeróbio lático. De forma similar ao anaeróbio alático, a produ- ção de ATP, por esta via, é muito rápida e está asso- ciada com grande produção de força e potência, com predominância em atividade de até uns dois minutos (Figura 18), como corridas rasas de 400 m e 800 m, treinamento com pesos de volume intermediário de repetições, etc. Descrição da Imagem: a imagem, parte superior, mostra a reação de fosforilação de ADP em ATP, por meio da ação da creatina quinase, enzima que catalisa a transferência do íon fosfato da creatina fosfato para o ADP. A parte inferior da imagem demonstra a hidrólise de uma molécula de ATP para liberar energia, tendo, como produto final dessa reação, ADP + Pi (fosfato inorgânico) e energia. Figura 17 - Ressíntese de ATP pelo metabolismo anaeróbio alático / Fonte: McArdle, Katch e Katch (2017). 35 EDUCAÇÃO FÍSICA Descrição da Imagem: a figura demonstra uma molécula de glicose, na parte superior, uma seta, logo abaixoda molécula, apontada para baixo, representando a glicólise. Ao lado esquerdo da seta, há a produção de ATP, por meio da fosforilação do ADP. Do lado direito da seta, há a formação de NADH + H+, a partir da redução de NAD, e a conversão do piruvato a lactato, oxidando NADH, liberando o NAD para receber mais H. GLICOSE G LI C Ó LI SE PIRUVATO LACTATO2 Lactato Desidrogenase (LDH) B) COO C=O CH3 COO CH3 H-- C -- OH NADH + 2H + NAD NAD ATP2 A) ADP Figura 18 - (A)Ressíntese de ATP pelo metabolismo anaeróbio lático pela glicólise; (B) conversão do piruvato em lactato pela enzima LDH / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2017). 36 A intensidade do exercício está, diretamente, ligada à velocidade de ressíntese de ATP, ou seja, quanto maior a intensidade, maior tem que ser a velocidade para a ressíntese de ATP. Entretanto a ressíntese de ATP pelo metabolismo aeróbio, tanto utilizando lipídeos quanto carboidratos, é lenta, quando comparada ao metabolismo anaeróbio (Figura 19). Dessa forma, se o indivíduo começa um exercício em alta intensidade ou se ele progride o exercício para intensidades mais elevadas, o percentual de contribuição do metabolis- mo anaeróbio aumenta. A Figura 20 demonstra a taxa de ressíntese de ATP pelos metabolismos aeróbio (fosforilação oxidativa) e anaeróbio (glicólise e PCR), durante um exercício em máxima intensidade, com duração de 30 segundos. É possível observar que, durante os primeiros segundos do exercício, quase todo o ATP ressintetizado é pro- veniente do metabolismo anaeróbio, e, com o passar do tempo, a contribuição do metabolismo anaeróbio reduz, enquanto a do aeróbio aumenta. 10 7,5 5 2,5 0 PCR Glicólise Oxidação de glicose Oxidação de AGL m m ol d e AT P kg /s Figura 19 - Velocidade de produção de ATP pelos metabolismos aeróbio (oxidação de AGL e glicose) e anaeróbio (glicólise e PCR) / Fonte: adaptada de Sahlin Itálico (1998). Descrição da Imagem: a imagem é de um gráfico de barras demonstrando a velocidade de produção de ATP, por meio de AGL: ácidos graxos livres, oxidação da glicose, glicólise e PCR: Fosfocreatina. Ele demonstra que a velocidade da produção de ATP, utilizando PCR e glicólise, é de, aproximada- mente, 9 mmol de ATP kg/s, pela oxidação da glicose de, aproximadamente, 5 mmol de ATP kg/s, e de AGL, aproximadamente, 2 mmol de ATP kg/s. 37 EDUCAÇÃO FÍSICA O metabolismo anaeróbio também é predominante du- rante a transição do repouso para o exercício físico. Inde- pendentemente da intensidade do esforço, o organismo necessita de um período de tempo, alguns minutos, para Descrição da Imagem: a imagem é um gráfico; no eixo x, temos o tempo 6 s, 15 s e 30 s de um esforço máximo e, no eixo y, a taxa de ressíntese de ATP, por meio da PCR, glicólise e fosforilação oxidativa. Ele demonstra que a ressíntese de ATP, pelas vias oxidativas, aumenta ao longo de tempo (1 mmol/kg/s até 6 s; 3 mmol/kg/s até 15 s e 4 mmol/kg/s até 30 s. A ressíntese de ATP pela glicólise permanece estável até 30 s, aproximadamente, 6,5 mmol/kg/s, reduzindo, para, aproximadamente, 2 mmol/kg/s até 30 s. A ressíntese de ATP, utilizando PCR até 6 s, é de, aproximadamente, 7 mmol/ kg/s, reduzindo para 5 mmol/kg/s até 15 e para 2 mmol/kg/s até 30 s. 100 0 % DO VO2MÁX 25% 65% 85% 15 12 9 6 3 0 0 6 15 30 Tempo (s) Ta xa d e re ss ín te se d e AT P (m m ol /k g/ s) Fosforilação oxidativa Glicólise PCR Figura 20 - Taxa de ressíntese de ATP pelos metabolismos aeróbio (fosforilação oxidativa) e anaeróbio (glicólise e PCR) / Fonte: adaptada de Parolin et al. (1999). se ajustar à nova demanda de energia e conseguir produ- zir quantidade suficiente de energia pelo metabolismo ae- róbio. Durantes esses minutos, o metabolismo anaeróbio é predominante para a ressíntese de ATP (Figura 21). 38 A diferença entre o VO2, durante os primeiros minutos do exercício, e o valor hipotético de VO2, se o exercício iniciasse em estado estável, é chamado déficit de oxigê- nio. Na Figura 21, o déficit de O2 está representado pelas zonas onde a ressíntese de ATP é realizada pelo metabo- lismo anaeróbio (glicólise e PCR). Quanto mais treina- do é o indivíduo, menor é o déficit de O2, ou seja, estes indivíduos demoram menos tempo até que o organismo se ajuste e consiga produzir ATP, predominantemente, pelas vias aeróbias. Descrição da Imagem: a imagem mostra um gráfico de consumo de oxigênio (eixo y), durante o exercício com duração de 6 min(eixo x). Durante os primeiros minutos do exercício, a ressíntese de ATP é realizada com predomínio do metabolismo anaeróbio (PCR e glicólise). O VO2 aumenta, de forma exponencial, até o momento em que o metabolismo aeróbio (fosforilação oxidativa) consiga produzir a maior parte da energia requerida, o VO2 se estabiliza, por volta de 3min. Eq ui va le nt e en er gé ti co d o VO ( m l/ m in ) 2 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 -1 0 1 2 3 4 5 6 Tempo (min) PCR Fosforrilação oxidativa Glicólise Figura 21 - Esquema representativo do VO2 durante um exercício em estado estável / Fonte: adaptada de Hughson et al. 2001. 39 EDUCAÇÃO FÍSICA Os objetivos do treinamento estão orientados pelos princípios do treinamento esportivo, concei- tos baseados nas ciências biológicas, psicológicas e pedagógicas, que refletem algumas particulari- dades ou peculiaridades de um programa de treinamento, e que, quando levados em consideração, elevam o nível de desempenho dos atletas. Os princípios do treinamento devem ser pensados em conjunto, apenas por questões didáticas, eles são analisados de forma independente. Objetivos do Treinamento 40 PARTICIPAÇÃO ATIVA O processo de treinamento, como já discutido neste mate- rial, é construído pelo treinador, porém deve ser apresen- tado e discutido com os atletas, ambos têm papéis funda- mentais no processo, e todos devem ter participação ativa durante os treinamentos. Por meio de discussões, reuniões técnicas e feedbacks, os atletas e treinadores devem estar, constantemente, discutindo, avaliando e reorganizando o programa de treinamento. A participação ativa do atleta no processo de treinamento possibilita a autoavaliação do processo e a plena consciência dos objetivos do treinamen- to e o seu papel nela. Dessa forma, tem o discernimento para entender a importância de diferentes etapas que ele deve cumprir. Quando um atleta sabe e entende os processos, a chan- ce de ele executar as tarefas de forma adequada e maxi- mizar os resultados é muito grande. Nem sempre os trei- namentos são acompanhados pelos treinadores e existem diversos outros momentos que os atletas precisam tomar decisões sobre as suas ações, em relação a repouso, ali- mentação, ingestão de bebidas alcoólicas, entre outros. Em suma, são sugeridos alguns princípios que devem nortear a participação dos atletas, sendo eles: 1. O treinador deve elaborar o plano e os objetivos do treinamento em conjunto com os atletas. 2. O atleta deve participar, ativamente, do planeja- mento tanto em curto quanto em longo prazo; 3. O atleta deve ter a capacidade de realizar autoava- liação para que, em momentos específicos, possa, junto ao treinador, reestruturar o planejamento. 4. O atleta deve se submeter a avaliações de controle, as quais são realizadas com o intuito de avaliar os processos e se os objetivos estão sendo alcançados. 5. Os atletas devem ter a capacidade de treinar sem supervisão, pois nem sempre os treinadores pode- rão estar presentes, durante todo o tempo. DESENVOLVIMENTO MULTILATERAL O desenvolvimento multilateral ou geral é um conceito amplamente aceito em diferentes áreas, não só no esporte. Um exemplo é a Educação Básica cujos conceitos de di- ferentes disciplinas, consideradas básicas, serão ensinados aos alunos, o que servirá de base para outros níveis edu- cacionais, como técnico, tecnólogo e superior. No esporte, não é diferente, é importante desenvolverdiversas capaci- dades que servirão de base para outras capacidades mais especializadas. Quanto aos atletas mais jovens, é comum que o desem- penho melhore muito e, de forma muito rápida, no início do processo de treinamento. Este aumento exponencial deve ser visto com cautela, pois os treinadores podem fi- car tentados a trabalhar conceitos mais específicos em uma fase precoce do treinamento, o que pode ter implicações negativas na vida esportiva dos atletas. 41 EDUCAÇÃO FÍSICA Uma base de treinamento para desenvolvimento físi- co geral é o básico para que atletas atinjam, no futu- ro, níveis especializados de preparação física, ou seja, o treinamento e o desenvolvimento geral devem ser considerados pré-requisitos – pois, realmente, é – para as fases mais especializadas. O treinamento, en- tão, em alguns países, em especial no Leste Europeu, segue um modelo sequencial no formato de uma pi- râmide, cuja base é a preparação física geral, utilizada de forma generalizada. Após esta fase de treinamento e, quando o atleta apresenta desempenho aceitável, ele passa para a seguinte fase, composta por treinos mais especializados. Depois desta fase, há o último nível, voltado ao treinamento para que os atletas atinjam o alto desempenho. Você sabia que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) tem um programa de capacitação para treinadores? O programa chama Academia Brasileira de Treinadores (ABT) e tem como objetivo formar recursos humanos para atuar como treinadores de alto rendimento. Atual- mente, a ABT conta com quatro cursos: • Curso de Esporte de Alto Rendimento: Desenvolvimento Esportivo. • Curso de Esporte de Alto Rendimento: Aperfeiçoamento Esportivo. • Curso de Esporte de Alto Rendimento: Excelência Esportiva. • Curso Básico de Gestão para Treinadores Para mais informações, consulte o site do COB: https://www.cob.org.br/pt/cob/sobre- -o-cob/instituto-olimpico-brasileiro/academia- -brasileira-de-treinadores Fonte: o autor. SAIBA MAIS ALTO DESEMPENHO TREINAMENTO ESPECIALIZADO DESENVOLVIMENTO GERAL Descrição da Imagem: Hierarquia das diferentes fases de treinamento esportivo. Há três cubos sobrepostos, cada um tem uma cor e um tamanho, diminuindo gradativamente até o topo. Na primeira parte, na base do desenho, estão escritas as palavras “Desenvolvimento Geral”; na parte do meio, as palavras “Treinamento Especializado”; na terceira parte, a parte superior da figura (de menor tamanho), as palavras “Alto Desempenho”. Figura 22 - Hierarquia das diferentes fases de treinamento esportivo / Fonte: adaptada de Bompa (2002). 42 O desenvolvimento geral está associado à consistên- cia no desempenho físico, vida atlética duradoura e menor incidência de lesões. O Quadro 1 apresenta os dados comparando dois modelos de treinamento, um com especialização precoce, e outro, com um progra- ma de treinamento geral. Modelos de treinamento Especialização precoce Programa de desenvolvimento geral Rápido desenvolvimento do desempenho. Desenvolvimento lento do desempenho. Melhor desempenho atingido por volta dos 15 anos. Melhor desempenho atingido por volta dos 18 anos. Desempenho inconsistente. Desempenho consistente. Saturação pelos atletas na vida adulta. Longa vida atlética. Mais incidência de lesões. Menos incidência de lesões. Quadro 1 - Comparação dos programas de treinamento Fonte: adaptado de Bompa (2002). O treinamento geral ou multilateral deve ser realiza- do durante toda a carreira esportiva, pois este tipo de atividades garante a interdependência dos sistemas orgânicos, envolvendo tanto questões fisiológicas quanto psicológicas, que precisam ser desenvolvidas de forma equilibrada. O exercício físico proporciona alterações fisiológicas e psicológicas integrativas de vários sistemas, como sistema nervoso, muscular, car- díaco, respiratório, circulatório e endócrino, os quais trabalharão, de forma sinérgica, para atender às de- mandas do exercício. Nesta fase de desenvolvimento, que engloba os primeiros anos de treinamento, músculos (força e fle- xibilidade), articulações, tendões e ligamentos serão preparados para as futuras exigências desportivas. A especialização é o objetivo, mas o caminho é passar pelo desenvolvimento multilateral. A chance de um atleta que passou pelo básico, antes de ir para especia- lização, ter melhores resultados, na fase especializada, é muito maior. ESPECIALIZAÇÃO A especialização, em determinado esporte, é o objeti- vo dos atletas, quando se aplica treinamento, em certo momento, na água, nos ginásios, nos tablados, entre outros. Ela é o desenvolvimento das capacidades fí- sicas que são, diretamente, aplicadas ao que é exigido nos esportes. Além de desenvolver força muscular, é preciso desenvolver força de músculos específicos, em amplitudes articulares específicas e com velocidades específicas. Isso é um conceito de especialização, ou seja, ela não é apenas fisiológica, reflete um conjunto de alte- rações físicas, fisiológicas, biomecânicas, psicológicas, técnicas e táticas que farão com que o atleta aproveite tudo o que foi adquirido em fases anteriores de pre- paração geral e faça a transferência para um esporte específico. 43 EDUCAÇÃO FÍSICA A especialização é um processo complexo não unilateral e, como já descrito aqui, é baseado no desenvolvimento multilateral. A especialização é um processo contínuo e progressivo, ou seja, a quantidade de sessões de exercícios específicos aumenta com o passar dos anos de treinamento. Descrição da Imagem: as imagens mostram duas fotos: à esquerda, um arremessador de peso durante o arremesso, e, à direita, um levantador de pesos na recepção de um arranco. Figura 24 - Desenvolvimento de habilidade específica ao longo dos anos / Fonte: adaptada de Bompa (2002). Descrição da Imagem: a imagem mostra uma seta que vai da esquerda para a direita, no sentido diagonal, de baixo para cima; no início da seta, há uma marcação e uma frase: Exercícios específicos. No final da seta, há uma marcação maior e uma frase com letras maiores, dizendo: Exercícios específicos. Figura 23 - Treinamento de força muscular como base no início; entretanto, em uma fase mais especializada, ambos tiveram que desenvolver potência muscular em um contexto muito mais específico / Fonte: adaptado de Bompa (2002). 44 considerações finais Nesta unidade, você estudou as bases do treinamento esportivo, percebeu que o processo de treinamento físico vai muito além de prescrever exercícios. Este processo envolve a interação de várias áreas do conhecimento, por meio de um processo chamado transdisciplinaridade; ou seja, este é o primeiro passo para que os treinadores elaborem os programas de treinamento. Além disso, você viu quais são os objetivos do treinamento esportivo, como ele deve ser enxergado, como é desenvolvido e de que forma os atletas se desenvolvem. Nesta unidade, você pôde perceber que o processo de desenvolvimento dos atletas passa pelas diversas adaptações, em função das sessões de treinamento. Entendeu como a manipulação de estímulos geradores de estresse são manipulados, a fim de promover adaptações positivas que conduzirão o atleta ao aumento do seu desempenho esportivo. Você viu, também, a introdução aos sistemas de fornecimento de energia, em especial, durante o exercício físico, e compreendeu como funcionam os metabo- lismos aeróbios e anaeróbios e em quais situações há predomínio de alguns deles. A compreensão da dinâmica do metabolismo é essencial para a prescrição do treinamento e para as adaptações que ocorrem em função dos exercícios que são realizados pelos atletas. Ou seja, você aprendeu que há período geral e específico para a prescrição do treinamento e que ambos são importantes. Dessa forma, com- preender como o organismo humano funciona durante o exercício físico facilitará na hora de prescrever os treinamentos na fase específica, visto que a transferência do que é treinado, para amelhora do desempenho,aumentará. Finalmente, foram apresentados os princípios que nortearão o treinamento, os quais você utilizará de base para as unidades seguintes. 45 atividades de estudo 3. Os programas de treinamento físico são estru- turas altamente complexas. De acordo com o conhecimento adquirido em aula, assinale (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as falsas: ( ) O treinamento físico tem, por objetivo, o desenvolvimento geral e específico. ( ) Um sistema de treinamento, além de levar em consideração toda a experiência acumulada dos treinadores, deve considerar os avanços científicos das ciências do esporte. ( ) A educação física escolar não deve fazer parte de um plano de desenvolvimento esporti- vo de uma nação. Assinale a alternativa correta: a. V, V e F. b. F, F e V. c. V, F e V. d. F, F e F. e. V, V e V. 4. Cada fase do treinamento tem suas particulari- dades e seus objetivos, além da sua importân- cia. Pensando nisso, explique qual a importân- cia do desenvolvimento multilateral. 5. O treinamento esportivo é aplicado com base em vários conceitos e em características cha- madas de princípios do treinamento. Cite quais são os princípios do treinamento esportivo? 1. Durante a prática de exercícios físicos, os atle- tas recebem diferentes estímulos de treina- mento que incitam diferentes vias metabólicas. Com base no exposto, diferencie metabolismo aeróbio e anaeróbio e descreva quais são os principais fatores que influenciam o metabo- lismo anaeróbio. 2. O treinamento esportivo é composto por di- ferente fases, que passam por períodos de desenvolvimento geral e caminham para trei- namento mais específico em direção à espe- cialização. Considerando a fase de desenvolvi- mento geral, leia as afirmações seguintes: I. Ele está relacionado com a fase de desenvolvi- mento especializado das capacidades físicas. II. É a base do desenvolvimento físico esportivo. III. É o desenvolvimento não específico das capa- cidades físicas do atleta. IV. É a fase do treinamento onde se procura a melhor transferência para a prática esportiva. Assinale a alternativa correta. a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas II, III e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 46 LEITURA COMPLEMENTAR No esporte, em especial quando se tem, por objetivo, atingir o alto nível atlético, é importante que atletas e treinadores tenham em mente que este caminho é longo e que exigirá, além de tudo, muita disciplina. Em relação ao processo de treinamento propriamente dito, o treinador deverá conhecer os princípios de programação e planificação do treinamento para ter um rumo a seguir, mas isso não significa que é possível seguir esse programa de treinamento, previamente estabelecido, sem ne- nhuma alteração, mas como o treinador decidirá de que forma e quando modificar o programa de treinamento? Apresentarei a vocês o método que utilizamos na equipe em que trabalho. Temos um programa de avaliação para classificar os atletas em níveis e definir em quais competições eles participarão. Em seguida, definimos o calendário competitivo do ano e qual a importância e o objetivo de cada competição (os objetivos podem ser diversos, desde uma classificação, ser campeão ou até utilizar a competição como parte do treinamento). Definidas as competições, teremos a quantidade de semanas disponíveis para o treinamento, que serão divididas em diferentes fases, com seus respectivos pro- pósitos. Então, o programa será iniciado, com as sessões de treinamento, sendo direcionadas para fornecer estímulos necessários para desenvolver as capacidades físicas relacionadas a cada uma das fases, previamente, propostas. É importante destacar que o programa de treinamento não é rígido, muito pelo contrário, é flexível. Como o treinador saberá quando é preciso realizar alguma mo- dificação? Isso pode ser feito, entre outras ações, por meio de avaliações do desem- penho, as quais devem fazer parte do programa, cujos objetivos são acompanhar o desenvolvimento dos atletas, por meio da quantificação da carga de treinamento tanto externa quanto interna, e de outros fatores que os treinadores julgarem im- portantes, como quantificação do estresse e recuperação. Fonte: o autor. 47 material complementar Fisiologia do Exercício: Nutrição, Energia e Desempenho Humano William D. McArdle, Frank I. Katch, Victor I. Katch Editora: Guanabara Koogan Sinopse: assim como na publicação da primeira edição de Fisiologia do Exercício: Nutrição, Energia e Desempenho Humano, em 1981, esta oitava edição reflete a continuação do compromisso dos autores de integrar os conceitos e a ciência das diferentes disciplinas, que contribuem para a compreensão mais abrangente e a valorização da fisiologia do exercício na atualidade. Estruturada em duas par- tes, oito seções e 33 capítulos, esta obra foi revisada e atualizada para oferecer, de modo didático e objetivo, o melhor conteúdo sobre nutrição, transferência de energia e treinamento físico e sua relação com o desempenho humano. Indicação para Ler 48 referências BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. São Pau- lo:Phorte, 2002. HOROWITZ, J. F.; KLEIN, S. Lipid metabolism during endurance exercise. The American Journal of Clinical Nutrition, v. 72, n. 2, p. 558S-563S, 2000. HUGHSON, R. L.; TSCHAKOVSKY, M. E.; HOUSTON, M. E. Regulation of oxygen consumption at the onset of exercise. Exercise and sport sciences re- views, v. 29, n. 3, p. 129-133, 2001. MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício. Rio de Janeiro: Wolters Kluwer Health, 2015. MUJIKA, I.; PADILLA, S. Detraining: loss of training-induced physiological and performance adaptations. Part I. Sports Medicine, v. 30, n. 2, p. 79-87, 2000. PAROLIN, M. 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Os principais fatores que influenciam o metabolismo anaeróbio são: intensidade e duração do esforço físico, sendo o principal a intensidade, quanto maior a intensidade, maior a participação do meta- bolismo anaeróbio. 2. B. 3. A. 4. O desenvolvimento multilateral ou geral é a base do treinamento espor- tivo, é a fase em queos atletas receberão estímulos variados a fim de de- senvolver a base para treinamento futuros mais específicos, ele é pré-re- quisito para as fases seguintes que levarão ao alto desempenho. 5. Participação ativa, desenvolvimento multilateral e especialização. Professor Dr. Rafael Evangelista Pedro Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Variáveis a considerar no treinamento esportivo • Preparação para treinamento • Exercícios para treinamento • Treinamento técnico • Treinamento tático Objetivos de Aprendizagem • Compreender os princípios do treinamento físico. • Entender como acontece a preparação para o treinamento. • Conhecer os exercícios utilizados no treinamento. • Compreender o treinamento técnico. • Compreender o treinamento tático. PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO
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