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PROFESSOR
Dr. Rafael Evangelista Pedro
Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo 
Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. 
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
Google Play App Store
TREINAMENTO 
ESPORTIVO
2 
 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação 
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação Kátia Coelho, Diretoria 
de Cursos Híbridos Fabricio R. Lazilha, Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge, Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie 
Fukushima, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla 
Normann de Freitas, Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva, Gerência de Produção de Conteúdo 
Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisora de Projetos Especiais Yasminn 
Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. CorreiaCoordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração 
Matheus Silva de Souza, Designer Educacional Patrícia Peteck, Nayara G. Valenciano, Revisão Textual 
Meyre A. P. Barbosa, Ilustração André Luis Azevedo, Fotos Shutterstock.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
PEDRO, Rafael Evangelista.
 Treinamento Esportivo. Rafael Evangelista Pedro.
 Maringá - PR.:Unicesumar, 2020. Reimpresso em 2021.
 164 p.
 “Graduação em Educação Física - EaD”.
 1. Treinamento . 2. Esportivo . 3. Educação Física EaD. I. Título.
 CDD - 22ª Ed. 796
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por: 
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não somente 
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima 
de tudo, para gerar uma conversão integral das 
pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: 
intelectual, profissional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de 
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil 
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e 
Londrina) e em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, também, 
no exterior, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. 
Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de 
excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos 
entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores 
soluções inteligentes para as necessidades de todos. 
Para continuar relevante, a instituição de educação 
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, 
coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento 
e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
autor
Dr. Rafael Evangelista PedroRafael Evangelista Pedro é Doutor em Educação Física na linha de pesquisa: ajustes 
e respostas fisiológicas e metabólicas ao exercício físico, pela Universidade Estadual 
de Maringá, mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina. Já 
atuou como docente da Faculdade Dom Bosco - Cornélio Procópio e da Universida-
de Estadual de Maringá e de diversas instituições como professor convidado para 
ministrar aulas na pós-graduação. Atualmente, faz parte do corpo docente do curso 
de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina e do INESUL (Londrina-PR). 
Além disso, é treinador físico no Centro de Treinamento Funcional Londrina e Analista 
de Desempenho da MTP Athletes. Possui vasta experiência em fisiologia do exercício 
e avaliação do desempenho esportivo.
http://lattes.cnpq.br/6645513827426186
apresentação do material
TREINAMENTO ESPORTIVO
Dr. Rafael Evangelista Pedro
Olá, seja bem-vindo(a) ao livro Treinamento Esportivo, entendido como um misto 
entre ciência e arte, cujo treinador, além de dominar o conteúdo científico que 
embasa a aplicação dos princípios do treinamento, também precisa ser um ar-
tista na hora de estruturar os programas de treinamento. Deve, inclusive,pensar 
em todas as nuances que perfazem o treinamento esportivo, com a finalidade 
de oferecer e extrair o melhor dos seus atletas. 
Ao longo dos capítulos do livro, você será apresentado(a) aos conceitos 
fundamentais que embasam a aplicação do treinamento esportivo. Princí-
pios fundamentais do treinamento serão discutidos de uma maneira que sua 
compreensão será facilitada, além disso, diversos exemplos serão discutidos 
para auxiliar na fixação do conteúdo. Ao longo do texto, você será incitado(a) a 
pensar o treinamento esportivo não apenas como uma disciplina, mas enten-
derá que ele é o resultado da aplicação de diferentes corpos de conhecimento 
e terá condições de, desde o início, aprender a estudá-lo de forma integrada 
e abrangente, fato que, com toda a certeza, agregará muito à sua formação 
acadêmica/profissional. 
O livro conta, também, com saberes que vão além da programação do 
treinamento, mas que são de fundamental importância para uma visão mais 
integrativa do treinamento esportivo, dada tamanha complexidade que é fazer 
programas de treinamento para diferentes modalidades esportivas. Posto todos 
estes aspectos em pauta, o presente livro não serve como um guia extrema-
mente rígido para montagem e programação de sessões de treinamento, o 
livro vai além disso, seu conteúdo fornece diversos conteúdos e ferramentas 
que darão suporte para que você tenha condições de entender o treinamento 
esportivo em suas diferentes esferas, dará suporte para que refletir sobre os 
diferentes conteúdos e adquirir autonomia e capacidade para melhor manipular 
os princípios do treinamento aos seus objetivos e à realidade dos seus atletas. 
Tenha uma excelente leitura.
sumário
UNIDADE I
TREINAMENTO ESPORTIVO
14 Introdução ao Treinamento Esportivo
20 Sistema de Treinamento
25 Supercompensação
29 Sistemas de Fornecimento de Energia
39 Objetivos do Treinamento
UNIDADE II
PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO
54 Variáveis a Considerar no Treinamento Esportivo
65 Preparação para o Treinamento 
68 Exercícios para o Treinamento Físico 
73 Treinamento Técnico
76 Treinamento Tático
UNIDADE III
ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO
88 Variáveis do Treinamento
90 Volume e Intensidade
99 Densidade e Complexidade
UNIDADE IV
PLANEJAMENTO DA SESSÃO DE TREINAMENTO
114 A importância do Planejamento
117 Planejamento do Treinamento
121 Organização das Sessões de Treinamento
UNIDADE V
PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO
138 Ciclos de Treinamento
146 Quantificação da Carga Interna de Treinamento
149 Percepção Subjetiva de Esforço da Sessão
163 CONCLUSÃO GERAL
Dr. Rafael Evangelista Pedro
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Introdução ao treinamento esportivo
• Sistema de treinamento
• Supercompensação
• Sistemas de fornecimento de energia
• Princípios do treinamento
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender como o treinamento esportivo é 
desenvolvido.
• Conhecer o sistema de treinamento esportivo.
• Compreender o conceito de supercompensação.
• Aprender os sistemas de fornecimento de energia.
• Entender os princípios do treinamento. 
TREINAMENTO ESPORTIVO
unidade 
I
INTRODUÇÃO
O
lá, seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro Treina-
mento Esportivo. Aqui, trataremos de diversos tópicos que 
estão, intimamente, relacionados ao treinamento esporti-
vo e às suas características. Iniciaremos falando sobre as 
características mais gerais do treinamento esportivo, a partir da des-
crição dos seus objetivos e das suas finalidades. Ter o conhecimento 
destas informações possibilitará que você, aluno(a), compreenda que 
ele nada mais é do que o resultado da interação de diversas disciplinas 
– que trataremos como áreas de conhecimento – as quais fornecerão 
subsídios e ferramentas para o desenvolvimento físico e esportivo dos 
atletas e, possibilitarão, em longo prazo, que melhorem o desempenho 
e atinjam o nível de maestria esportiva. 
Além disso, abordaremos questões referentes aos sistemas de treina-
mento, fazendo com que você compreenda como um programa de trei-
namento, em nível nacional, deve ser pensado e estruturado para que 
consiga conduzir os atletas ao mais alto nível competitivo.Quando se 
fala em atingir determinado nível de desempenho, é importante que os 
treinadores compreendam como funcionam os processos de adaptações 
fisiológicas que levarão o atleta a melhorar seu desempenho esportivo. 
Nesta unidade, também será abordada a base de como as adaptações 
ao treinamento ocorrem, como funciona o ciclo de supercompensação 
e como o metabolismo energético trabalha para atender às demandas 
energéticas durante o exercício físico em diferentes contextos.
Por fim, destaco quais são os princípios de treinamento funda-
mentais que os treinadores precisam levar em consideração na hora de 
montar os programas de treinamento, destacando como eles ajudam 
no desenvolvimento dos atletas e no melhor desempenho esportivo.
 
14 
 
O treinamento esportivo é a ciência que trabalha com o 
objetivo de otimizar o desempenho esportivo dos atle-
tas. Por meio do treinamento físico, é possível desenvol-
ver diferentes capacidades físicas, as quais possibilitam 
que o atleta se desenvolva enquanto esportista. Ao longo 
dos anos, os atletas vêm se desenvolvendo cada vez mais 
e isto, somado ao desenvolvimento tecnológico, possibi-
lita que feitos cada vez maiores sejam realizados, como 
quebra de recordes, competições cada vez mais dispu-
tadas, características físicas aprimoradas, o que, muitas 
vezes, sobrepõe as capacidades técnicas.
Parte destas alterações é resultado do desenvolvimen-
to do treinamento esportivo, ou seja, a experiência dos 
treinadores, acumulada em anos de prática, associada ao 
aumento do conhecimento científico, em diferentes áreas 
de conhecimento (disciplinas). Tudo isso tem impactado, 
de forma positiva, o esporte e seu desenvolvimento.
Com todos estes avanços, os treinadores precisam 
compreender e levar em consideração diversas discipli-
nas para que consigam estruturar os programas de trei-
namento da melhor forma possível, cuja finalidade será 
o aprimoramento do desempenho esportivo dos seus 
Introdução ao 
Treinamento Esportivo
 15
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Durante o processo de treinamento, o atleta é subme-
tido a diversos estímulos físicos, fisiológicos, psicoló-
gicos, comportamentais, entre outros. Fatores como 
magnitude e duração dos estímulos, estado inicial dos 
atletas e nível de desempenho atual farão com que o 
organismo dos atletas responda a estas demandas, cha-
madas de ajustes e adaptações, que podem ocorrer em 
níveis fisiológico, psicológico, metabólico e neuromo-
tor. Se forem quantificados, por meio de testes, possibi-
litarão aos treinadores avaliar seus atletas em diferentesmomentos do processo de treinamento, verificando se 
os objetivos, previamente estabelecidos, estão sendo 
atingidos. Caso a resposta seja não, os meios (programa 
de treinamento) podem ser reestruturados.
Para que o treinador consiga atingir os objetivos pro-
postos, ou seja, fazer com que o atleta melhore seu desem-
penho, muitos fatores precisam ser levadas em considera-
ção. De acordo com a Figura 1, é possível identificar uma 
série de disciplinas (áreas de conhecimento) que influen-
ciam, diretamente, o processo de treinamento. Dessa for-
ma, é imprescindível que o treinador e a comissão técnica 
extraiam o que seja pertinente e fundamental, a fim de 
organizar, da melhor maneira, o seu trabalho. Em equipes 
mais estruturadas, este processo é facilitado pela atuação 
de uma equipe transdisciplinar, ou seja, cada membro da 
equipe trabalha, de forma aprofundada, dentro de sua 
área de atuação, para que os atletas sejam atendidos em 
sua plenitude. Entretanto isso não significa que os profis-
sionais, no caso, os da comissão técnica, os preparadores 
físicos, preparadores de goleiros, fisiologistas, nutricionis-
tas, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, massagistas, en-
fermeiros, analistas de desempenho trabalhem de forma 
isolada, pelo contrário, esses profissionais devem traba-
lhar em conjunto, de forma transdisciplinar, criando inte-
ração entre as diferentes áreas de conhecimento, forman-
do o treinamento esportivo (Figura 2).
atletas. Diversas áreas do conhecimento interagem en-
tre si para que o treinamento esportivo evolua, ou seja, é 
importante que os treinadores compreendam fisiologia 
e anatomia humana, fisiologia do exercício, métodos de 
avaliação das capacidades físicas, pedagogia e aprendi-
zagem motora, noções sobre nutrição esportiva, etc.
Dessa forma, a chance de haver desenvolvimento 
dos atletas será maior, pois o treinamento esportivo é o 
conjunto dessas ações e muitas outras. A Figura 1 desta-
ca algumas das áreas de conhecimento que o treinador 
necessita conhecer.
• Medicina Esportiva
• Nutrição
• Pedagogia e Aprendizagem
 Moderna
TREINAMENTO
EXPORTIVO
• Anatomia e Fisiologia
• Avaliação e Estatística
• Fisiologia do Exercício e Biomecânica
• História e Sociologia
Figura 1 - Disciplinas que estão associadas ao treinamento 
esportivo / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Descrição da Imagem: a figura apresenta as disciplinas que estão as-
sociadas ao Treinamento Esportivo. Há uma esfera colorida com partes 
que mostram peças se encaixando. No topo há o título em destaque 
“Treinamento Esportivo” Em sua composição, são apresentadas as sete 
disciplinas divididas em duas peças desse quebra-cabeça, na primeira 
peça há: Anatomia e fisiologia, avaliação e estatística, fisiologia do exer-
cício e biomecânica, história e sociologia. Já na segunda peça estão: 
medicina esportiva, nutrição, pedagogia e aprendizagem motora.
16 
 
TREINAMENTO ESPORTIVO
ANALISTA DE
DESEMPENHO
PSICÓLOGO
COMISSÃO
TÉCNICA
PREPARADOR
FÍSICO
MASSAGISTA
FISIOTERAPEUTA
MÉDICO
ENFERMEIRO
NUTRICIONISTA
Figura 2 - Conceito de trabalho transdisciplinar a ser realizado no esporte / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
OBJETIVOS DO TREINAMENTO ESPORTIVO
O treinamento esportivo visa desenvolver uma série de ca-
pacidades físicas, cognitivas e psicológicas, as quais serão as 
bases para o desempenho atlético (Figura 3). O resultado 
Descrição da Imagem: Conceito de trabalho transdisciplinar a ser realizado no esporte. Há uma mulher no centro da figura com roupas esportivas, 
um apito pendurado no pescoço, uma prancheta na mão esquerda e o braço direito estendido com o dedo indicador para frente. No topo há o 
título “treinamento esportivo”, ao seu redor oito flechas indicando alguns tipos de profissionais: psicólogo; comissão técnica; preparador físico; 
massagista; fisioterapeuta; médico e enfermeiro; nutricionista; analista de desempenho.
das adaptações, em nível fisiológico, de diversos sistemas, 
servirá de alicerce para que os atletas possam competir em 
alto nível e apresentem níveis ótimos de desempenho.
 17
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
FORÇA
POTÊNCIA
RESISTÊNCIA
COORDENAÇÃO
MOTORA
APTIDÃO
CARDIOR
RESPIRATÓRIA
FLEXIBILIDADE
COMPOSIÇÃO
CORPORAL
Figura 3 - Capacidades físicas importantes para a melhora do desempenho esportivo / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Descrição da Imagem: Há a representação da Capacidades físicas importantes para a melhora do desempenho esportivo. A figura mostra 
o corte de imagem de duas partes inferiores de perna e pés, com tênis. Dessa imagem central saem sete retas que indicam informações. Na 
perna esquerda, que está apoiada ao chão apenas pela parte frontal do pé, há três informações: força, saindo da panturrilha; potência saindo 
da parte de trás do pé e resistência saindo do centro do pé. Na perna direita há quatro informações: aptidão cardiorrespiratória, da parte 
interna do pé; flexibilidade, do centro da parte inferior da perna; composição corporal, da ponta do pé; coordenação motora, na altura do joelho.
Dessa forma, um programa de treinamento deve ser pen-
sado e estruturado para desenvolver estas capacidades 
,como: força muscular, capacidade e potência aeróbica 
e anaeróbia, flexibilidade, coordenação motora, agilida-
de, velocidade, entre outras. Assim, o atleta conseguirá 
desempenhar suas tarefas com sua máxima capacidade.
18 
 
Desenvolvimento físico multilateral
Os atletas precisam se desenvolver, de forma gene-
ralizada e equilibrada, para que isso sirva de base ao 
desenvolvimento esportivo e para suportar as novas 
demandas de treinamento, ou seja, com o passar dos 
anos, os atletas devem estar preparados para suportar 
uma demanda de trabalho cada vez maior. Isso deve 
ser construído de forma gradativa, possibilitando a 
maximização da vida esportiva do atleta, minimizan-
do os agravos inerentes aos treinamentos e às compe-
tições. É preciso desenvolver capacidades neuromus-
culares, como força, resistência de força, velocidade, 
coordenação motora, agilidade, flexibilidade, capaci-
dade e potência aeróbia e anaeróbia, para, então, ter o 
desenvolvimento corporal de forma harmônica.
Desenvolvimento físico específico
Após desenvolver a base (desenvolvimento multila-
teral), é preciso desenvolver capacidades que são es-
pecíficas ao esporte que se deseja aprimorar. Diferen-
tes capacidades formam o que chamamos de aptidão 
física, entretanto, no esporte, as capacidades físicas 
proporcionam alterações no desempenho quando 
a especificidade é levada em consideração. Então, o 
desenvolvimento de força muscular, hipertrofia mus-
cular, resistência muscular, potência, tempo de reação, 
coordenação, agilidade, velocidade e outros precisam 
ser desenvolvidos e estar em consonância com as 
necessidades de cada esporte. Esse desenvolvimento 
propicia aos atletas a capacidade de realizar, com me-
lhor desempenho, as tarefas inerentes ao seu esporte.
Fatores técnicos
Visa desenvolver a técnica correta dos movimentos, o 
que possibilitará a execução de um movimento habili-
doso, ou seja, a execução adequada com eficiência e com 
o mínimo de energia possível. O aprimoramento técnico 
possibilitará a realização da tarefa com maestria, levan-
do em consideração: coordenação motora, velocidade, 
amplitude correta do movimento, aplicação de força no 
momento correto. Isso assegura que o desempenho seja 
elevado e que situações adversas (por exemplo, clima ad-
verso) não atrapalhem tanto.
Fatores táticos
Fatores táticos estão associados à estratégia, que faz par-
te do estudo de aspectos táticos dos seus atletas e dos 
adversários, podendo ser realizado em nível individual 
ou em esportes coletivos, em que o conjunto de atletas 
trabalha de forma harmônica. Entretanto existem de-
terminados padrões que os atletas seguem. Defini-los 
ajuda a entender o adversário do ponto de vista tático, 
possibilitando a criação de situações de treinamento que 
bloqueiam determinadas ações dos adversários ou que 
visem à criação de ações asquais estes não estão prepa-
rados, o que pode se apresentar como vantagem em uma 
competição.
Fatores psicológicos
O acompanhamento por psicólogos do esporte é extre-
mamente necessário, pois ele possibilita a identificação 
de traços de personalidade dos atletas. Isso torna possí-
vel a utilização de estratégias que sejam eficientes para 
cada atleta, o que proporcionará o desenvolvimento de 
disciplina, perseverança, força de vontade, confiança, co-
ragem, resiliência etc.
 19
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Desenvolvimento da capacidade de trabalho em equipe
Em diversos esportes, o coletivo é o mais importan-
te, dessa forma, os atletas não devem ser treinados 
apenas do ponto de vista individualizado, mas sim, 
como parte integradora de uma única unidade (a 
equipe). Esta capacidade de trabalho coletivo deve 
ser desenvolvida, possibilitando que os processos de 
treinamento físico, técnico, tático e psicológico sejam 
desenvolvidos em grupo e, assim, cada membro do 
grupo executa funções específicas, mas que, no final, 
todos estejam, harmoniosamente, dentro da mesma 
estrutura, como nas ações de ataque de uma equipe 
de futebol, na defesa de uma equipe de handebol, nas 
trocas de posições, durante uma prova de ciclismo de 
estrada, as jogadas de ataque de uma equipe de bas-
quetebol e assim por diante.
Fatores ligados à saúde
O fortalecimento da saúde do atleta é de fundamen-
tal importância para que perdas relacionadas às do-
enças e/ou lesões sejam minimizadas. Isso deve ser 
realizado junto ao departamento médico do clube/
equipe, por meio de avaliações preventivas (diagnós-
ticas), tratamentos adequados para reduzir a chance 
de agravos mais sérios e recuperação adequada e no 
tempo adequado para a volta aos treinamentos e às 
competições quando, de fato, algum agravo não evitá-
vel tenha ocorrido.
Além disso, a organização das sessões de treina-
mento tem papel importante nesse sentido, pois a 
aplicação adequada dos estímulos de treinamento, a 
recuperação adequada entre estímulos e o estabeleci-
mento de um ambiente de treinamento favorável pos-
sibilitarão que os atletas desempenhem seu potencial 
máximo e com risco reduzido de lesões. Sendo assim, 
programas de prevenções de lesões são, extremamen-
te, importantes. Um programa de aprimoramento das 
capacidades físicas, tais como: 1) flexibilidade; 2) força 
muscular; 3) resistência muscular; 4) fortalecimento 
dos tendões e ligamentos proporcionará a execução de 
tarefas habituais ou não, com risco reduzido de lesões.
Conhecimento teórico
O conhecimento teórico do esporte, ou seja, dos prin-
cípios fisiológicos, das técnicas e táticas do esporte que 
se pratica, sem dúvida, ajudará no aprimoramento es-
portivo. A relação entre técnico e atleta deve ser mui-
to estreita, sendo o técnico responsável por apresentar 
todos os fundamentos para aumentar o conhecimento 
sobre o esporte. Um atleta que sabe da importância 
da preparação física, da nutrição, da recuperação tem 
mais chance de se preparar de forma muito mais ade-
quada, já um atleta que tem pouco conhecimento so-
bre os mesmos aspectos pode receber, com ceticismo, 
os comandos do técnico e não dar a devida atenção aos 
treinamentos e, possivelmente, realizá-los de maneira 
inadequada, o que impactará, de forma negativa, o seu 
desempenho.
Estes aspectos citados devem fazer parte dos obje-
tivos gerais do treinamento que os técnicos devem le-
var em consideração na hora de elaborar os programas. 
É altamente recomendado que um programa de treina-
mento se inicie por aspectos de base; ou seja, é impor-
tante que aspectos físico gerais sejam trabalhados a fim 
de dar suporte às novas capacidades que serão desen-
volvidas na sequência, ou seja, as capacidades específi-
cas. Um exemplo é o desenvolvimento não específico 
da força muscular no momento de preparação geral 
do treinamento e, em outra fase, o desenvolvimento de 
forma mais específica da potência muscular já aplicada 
às tarefas que os atletas desempenharão no esporte.
20 
 
Um sistema de treinamento é, metodologicamente, complexo, que envolve a organização de teorias, 
hipóteses e ideias, oriundas da experiência acumulada em anos de treinamento e de pesquisas que 
são desenvolvidas na área das Ciências do Esporte. A Ciência do Esporte está se desenvolvendo ano 
após ano, entretanto, boa parte das pesquisas científicas, nesta área, foram realizadas com o objetivo 
de confirmar ou refutar hipóteses que são ou foram utilizadas por treinadores, no contexto esportivo. 
Dessa forma, o desenvolvimento de um sistema esportivo não pode negligenciar nenhum destes 
fatores, pois o conhecimento, nessa área, ainda é emergente.
Sistema de 
Treinamento
 21
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
SISTEMA DE TREINAMENTO
Experiência dos
treinadores
Desenvolvimento
cientí�co
Figura 4 - Exemplo de formulação de um sistema de treina-
mento / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Além dos aspectos abordados, um sistema de treinamen-
to não deve ser, simplesmente, copiado de um local para 
o outro, pois ele deve ser criado levando-se em conside-
ração fatores socioculturais; países com culturas e carac-
terísticas diferentes, dificilmente, apresentarão as mesmas 
necessidades e características esportivas. Um sistema de 
treinamento deve ser pensado como uma política de es-
tado e organizado de tal forma que incorpore todos os 
níveis de desenvolvimento até chegar ao alto nível atlético. 
O primeiro passo para o desenvolvimento de um 
sistema de treinamento é o estabelecimento de metas, 
por exemplo, ser um país de referência em esportes 
olímpicos. Até chegar ao topo do projeto em que atle-
tas de alto nível é que competirão nos Jogos Olímpicos, 
é importante criar uma sequência de fases hierárquicas 
que inicie na base, em geral, na fase escolar, passando 
pelas confederações que organizarão competições em 
diferentes níveis. Assim, os principais talentos se desta-
cam até chegar ao alto nível, fase em que se estabelecem 
as seleções nacionais. Nesta fase, os atletas, que já atingi-
ram a maestria esportiva, representarão seus respectivos 
países em competições internacionais.
Descrição da Imagem: Exemplo de formulação de um sistema de 
treinamento. A imagem apresenta um funil com três círculos dentro 
dele, em cima na esquerda está escrito desenvolvimento científico, 
no outro que está à direita, experiência dos treinadores e, no terceiro 
círculo que está mais abaixo no funil, há a imagem de uma atleta em 
posição de corrida e outra mais ao fundo, não sendo possível iden-
tificar a posição. A saída do funil está sendo representada por uma 
seta apontada para baixo e para a expressão sistema de treinamento.
22 
 
Para que o sistema de treinamento funcione de forma 
adequada, cada uma das fases deve anteceder a próxi-
ma, e esta transição deve acontecer com sinergia, ou seja, 
cada fase serve de base para a próxima. Dessa forma, 
desde as fases iniciais, os objetivos finais são os mesmos, 
e os trabalhos são realizados a fim de atingi-los.
A Educação Física escolar é o momento do desen-
volvimento de habilidades gerais dos futuros atletas. Dis-
ciplinas como atletismo, ginástica e natação dão suporte 
para o desenvolvimento básico e geral para quase todos 
os esportes, pois os alunos aprenderão a correr, saltar, ar-
remessar, desenvolverão equilíbrio, coordenação motora, 
flexibilidade e aptidão cardiorrespiratória. A partir da 
criação do modelo, o objetivo será colocá-lo em prática 
em todas as suas esferas. Outra característica importante 
é que o sistema de treinamento deve ser dinâmico, sen-
do sempre reavaliado, a fim de que alterações necessárias 
sejam realizadas. Nesta etapa, como na criação do mode-
lo, os treinadores e cientistas do esporte devem trabalhar 
em conjunto, a fim de definir a melhor forma de aplicar 
as cargas e o volume de treinamento, os métodos mais 
efetivos de recuperação, os sistemas exatos e precisos de 
avaliação. O sucesso do sistema/programa de treinamen-
to depende de fatores intrínsecos e extrínsecos.Seleções Nacionais
Elite, Maestria esportiva
Programas esportivos e
confederações esportivas.
Fase de aprimoramento
Educação Física
escolar e escolas
esportivas.
Figura 5 - Hierarquia para a formulação de um sistema de treinamento nacional / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Descrição da Imagem: a figura mostra a Hierarquia para a formulação de um sistema de treinamento nacional. Há três cubos sobrepostos, cada 
um tem uma cor e um tamanho, diminuindo gradativamente até o topo. Na primeira parte, na base do desenho, estão escritas as palavras Educação 
Física escolar e Escolas esportivas; na parte do meio, as palavras Programas esportivos e confederações esportivas e fase de aprimoramento; na 
terceira parte, a parte superior do desenho (de menor tamanho), as palavras seleções nacionais, elite e maestria esportiva.
 23
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Figura 6 - Fatores envolvidos na qualidade do treinamento / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Descrição da Imagem: Fatores envolvidos na qualidade do treinamento. A imagem mostra, um círculo central contendo as palavras Qualidade do 
treinamento, acima há a sombra de um corpo em posição de corrida e o risco dos batimentos cardíacos. Ao redor desse círculo estão posicionados 
mais seis círculos, quatro estão ligados por setas que vão de encontro ao centro: Descobertas científicas; competições; Estrutura e equipamentos; 
conhecimento e personalidade do treinador. Há um círculo com as palavras: Desempenho do atleta, sendo que a seta está saindo do círculo central 
e sendo direcionada a ele. Ligando o círculo central ao inferior há uma seta de mão dupla e as palavras descritas neste círculo são: Capacidade do 
atleta. Há mais dois retângulos, um de cada lado desse último círculo, há setas voltadas para a esquerda entre esses três elementos contendo, na 
ordem, as palavras “motivação, capacidade do atleta e herança genética”.
QUALIDADE DE
TREINAMENTO
CONHECIMENTO
E PERSONALIDADE
DO TREINADOR
ESTRUTURA E
EQUIPAMENTOS
DESEMPENHO
DO ATLETA
DESCOBERTAS
CIENTÍFICAS
COMPETIÇÕES
CAPACIDADE
DO ATLETA
HERANÇA GENÉTICA MOTIVAÇÃO
24 
 
ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO
Em um sistema de treinamento estruturado da forma 
como foi exposto anteriormente, o objetivo é atingir a ma-
estria esportiva e se tornar um mestre do esporte. Isso só é 
possível por meio de adaptações que ocorrem nos indiví-
duos, possibilitando que eles executem tarefas relacionadas 
ao esporte escolhido. O processo de adaptação é longo e 
árduo, ele é resultado de alterações funcionais e morfoló-
gicas em diversos sistemas fisiológicos. Isso possibilita rea-
lizar atividades que, em dado momento anterior, não eram 
possíveis, por exemplo, força e potência suficientes para 
arremessar um peso o mais distante possível ou para saltar 
o mais alto possível.
 As adaptações são resultado de ajustes fisiológicos 
que ocorrem a cada estímulo de treinamento, ou seja, 
durante uma sessão de treinamento, o atleta é submeti-
do a estresse, por meio de atividades físicas, e a soma de 
diferentes sessões serão as responsáveis pelas as adapta-
ções. No entanto, quando se aplica estresse, é importante 
ter tempo de recuperação, sem estresse, não há adapta-
ção, mas sem recuperação, também não. Ou seja, é im-
portante dosar a quantidade de estresse e recuperação a 
fim de obter o máximo de adaptação.
De forma geral, observamos adaptações, em ní-
vel celular, nos sistemas de ressíntese de Adenosina 
Trifosfato (ATP), ou seja, aumento do número de en-
zimas, aumento da atividade enzimática, adaptações 
morfológicas, aumento no tamanho e na quantidade 
de mitocôndrias, aumento no tamanho das células, 
como ocorre no tamanho das fibras musculares e na 
densidade óssea. Há, também, adaptações em nível 
sistêmico, como melhora da função do sistema respi-
ratório, circulatório e cardíaco, o que possibilita me-
lhora na captação e no transporte de oxigênio para os 
músculos bem como melhora no suprimento de nu-
trientes para as células, na eficiência de perda de calor, 
no sistema neuromuscular e na taxa de disparo de po-
tenciais de ação para o músculo, melhor coordenação 
intramuscular e intermuscular que resultarão no au-
mento de força, melhora na taxa de desenvolvimento 
de força e assim por diante. 
Essas alterações (adaptações) serão abordadas, com 
mais detalhes, em outras unidades, entretanto é importante 
ter em mente que um estímulo de treinamento (estresse) é 
importante para as adaptações e a recuperação.
 25
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Para entender o conceito de supercompensação, pri-
meiro, é importante criar um ponto de partida ou 
ponto zero (0), o início da fase de treinamento, quan-
do são realizadas as primeiras avaliações (avaliação 
diagnóstica). Com base nos resultados das avaliações, 
o programa de treinamento é criado, ou seja, estí-
mulos (sessões de treinamento com diferentes exer-
cícios) serão realizadas pelo atleta. A sucessão destes 
estímulos gerará o aumento transitório na fadiga do 
atleta (estresse do treinamento), que é caracterizado 
por redução temporária no seu desempenho. Após a 
redução dos estímulos aplicados (redução do estres-
se), a fadiga reduz, e o desempenho volta ao estado 
de normalidade e um pouco a mais do que no estágio 
inicial (supercompensação). Em seguida, um novo es-
tímulo (estresse) precisa ser aplicado para retornar o 
ciclo. Caso o intervalo entre os estímulos de treina-
mento seja muito grande, ocorre o que é chamado de 
involução, e o atleta perde o que foi conquistado na 
supercompensação (Figura 8).
SUPERCOMPENSAÇÃO
26 
 
I II III IV
Estímulo
Fadiga
Fases
Supercompensação
Involução
Homeostase
CompensaçãoCompensaçãoCompensação
Figura 7 - Ciclo de supercompensação de uma sessão de treinamento / Fonte: Bompa (2002).
Descrição da Imagem: a figura mostra quatro retângulos ligados entre si, representando fases do ciclo de supercompensação: fase I, II, III e IV. Além 
das divisões pelos retângulos, as fases são acompanhadas por uma linha contínua, a qual inicia no início da fase I (este início está sendo sinalizado 
pela palavra Estímulo, onde há uma seta sendo direcionada para o início dessa linha,que é decrescente na fase I, sendo chamada de Fadiga. Ela 
vai até a base do retângulo, quando a linha começa a ascender em direção ao topo do retângulo (fase II - sendo chamada de Compensação); ao 
atravessar o topo para sair do retângulo, a linha entra na fase III (chamada de Supercompensação), ao passar por esta fase; a linha começa a descer 
novamente; entrando na fase IV (chamada de Involução). A linha acaba seu trajeto no topo do retângulo IV, no vértice de sua borda mais externa, na 
mesma altura em que ela iniciou com o estímulo (fase I). Além disso, o topo dos retângulo é sinalizado com a palavra Homeostase. 
Descrição da Imagem: a imagem mostra um retângulo externo e uma reta contínua cruzando 3/4 do triângulo, de forma horizontal, e uma reta 
tracejada iniciando no segundo quarto do retângulo, formando um ângulo de uns 20º, com a linha contínua, e finalizando na mesma direção da 
linha contínua. A diferença entre as duas linhas é sinalizada pela palavra Melhora no desempenho. Além disso, há uma linha que tem direção 
descendente e ascendente enquanto avança até o final das retas, representando três ciclos de supercompensação descritos na Figura 8. Cada 
ciclo iniciado é representado por uma seta chamada Estímulo. 
A Figura 7 é um exemplo clássico dos ciclos de su-
percompensação de uma sessão de treinamento, en-
tretanto eles podem levar em consideração um ciclo 
envolvendo mais de uma sessão, e o fenômeno de 
supercompensação ser avaliado, após este período, 
como observação no aumento do desempenho es-
portivo (Figura 8).
Pense se os estímulos que você fornece para 
os seus atletas estão sendo transferidos 
para melhora do desempenho esportivo. 
Nunca analise o desempenho apenas pelas 
adaptações fisiológicas. 
REFLITA
Estímulo
} Melhora no Desempenho
Figura 8 - Efeito da soma de diferentes ciclos de supercompensação / Fonte:adaptada de Bompa (2002).
 27
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Quando o programa de treinamento não varia, e os es-
tímulos e as sessões seguidas de treinamento, com in-
tensidade elevada, são aplicados, pode acontecer de não 
haver tempo hábil de recuperação para que haja o fenô-
meno de supercompensação. Dessa forma, o atleta pode 
experienciar um estado de fadiga mais duradouro, com-
prometendo o desempenho (Figura 9). Se isso ocorrer 
próximo à fase de competição, o atleta terá sérios prejuí-
zos, por isso, é de extrema importância que os estímulos 
de alta e baixa intensidade façam parte dos ciclos de trei-
namento, com a finalidade de evitar quadros de redução 
mais drástica e duradoura no desempenho (Figura 9).
Declínio no Desempenho
Estímulo
Figura 9 - Declínio no desempenho em função da soma de estímulos de alta intensidade / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Descrição da Imagem: a imagem mostra um retângulo externo e uma reta contínua cruzando 2/3 do triângulo, de forma horizontal, e uma reta 
tracejada que cruza a linha contínua na diagonal e finalizando na mesma direção, mas abaixo da linha contínua. A diferença entre as duas linhas é 
sinalizada pela palavra Declínio no desempenho. Além disso, há uma linha que tem direção descendente e ascendente enquanto avança até o final das 
retas, representando quatro ciclos de supercompensação descritos na Figura 8. Cada ciclo iniciado é representado por uma seta chamada Estímulo. 
Estímulo
} Melhora no Desempenho
Figura 10 - Alternância entre estímulos de alta e baixa intensidade e ciclo de supercompensação / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Descrição da Imagem: a imagem mostra um retângulo externo e uma reta contínua cruzando 3/4 do triângulo, de forma horizontal, e uma reta 
tracejada formando um ângulo de uns 25º, com a linha contínua, e finalizando na mesma direção da linha contínua. A diferença entre as duas linhas 
é sinalizada pela expressão Melhora no desempenho. Além disso, há uma linha que tem direção descendente e ascendente enquanto avança até 
o final das retas, representando seis ciclos de supercompensação, descritos na Figura 8. Cada ciclo iniciado é representado por uma seta chamada 
Estímulo. Cada estímulo está, também, representado por uma barra das seis barras: a primeira, a terceira e a quinta com alturas maiores, a segunda, 
a quarta e a sexta com alturas menores. Essas barras representam a intensidade dos estímulos das sessões de treinamento. 
28 
 
Embora os ciclos clássicos de estímulo, estresse, recupe-
ração, supercompensação sejam baseados na depleção 
de glicogênio, o qual precisa ser reposto para que o atleta 
consiga retornar aos treinamentos, outros tantos outros 
fatores precisam ser levados em consideração, como a re-
cuperação da musculatura solicitada. O treinamento gera 
algumas lesões e reduções transitórias de função muscu-
lar, fadiga, dessa forma, é importante, além de prescrever 
as sessões, quantificar a carga interna de treinamento 
(mais informações sobre este tópico na Unidade 5) e sa-
ber o quanto o atleta está sentindo aquele estímulo e qual 
sua percepção de fadiga e recuperação para que as sessões 
de treinamento sejam ajustadas.
DESTREINAMENTO
O aumento no desempenho é o resultado da sucessão de 
estímulos de treinamento, que, quando bem aplicados 
dentro de um programa, respeitando os períodos neces-
sários de recuperação, levam o atleta a um novo patamar 
de desempenho. Para que o desempenho continue, os 
estímulos de treinamento também precisam continuar. 
Quando há a interrupção dos estímulos, o desempenho 
reduz, isso é chamado de destreinamento. 
Diversas são as razões para a interrupção do treina-
mento, tais como lesões, doenças, período após competi-
ções (período transitivo) e término da carreira como atle-
ta. O declínio no desempenho ocorre de maneira rápida. 
Indivíduos acamados tendem a ter redução de, aproxima-
damente, 25% no VO2máx, após 21 dias; outras alterações 
também ocorrem quando o treinamento é cessado por 
diversos motivos, e três a 12 semanas de destreinamento 
estão relacionadas com declínios de 18% e 35% no VO-
2máx e naforça muscular, respectivamente.
Entre 4 a 8 semanas de destreinamento, os atletas per-
dem, por completo, as adaptações conseguidas durante o 
processo de treinamento, ou seja, se a parada for progra-
mada, é importante controlar muito bem os períodos de 
transição (final de temporada) para reduzir os prejuízos 
para a temporada seguinte de treinamento. No caso de 
lesões, em que é impossível continuar com o programa 
de treinamento, é importante que, ao menos, algumas 
atividades, com o aval da comissão técnica junto ao de-
partamento médico, sejam mantidas com a finalidade 
de reduzir os prejuízos do período em que o atleta ficará 
afastado das suas atividades laborais habituais. Em caso 
de aposentadoria, o destreinamento deve ser programado 
e progressivo, isso pode levar de meses a anos, com redu-
ções no volume e na intensidade do treinamento.
 29
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Para manter o trabalho das células, é preciso converter a 
energia potencial contida nos alimentos (carboidratos, 
lipídeos e proteínas) em energia utilizável pelo nosso 
corpo. A forma de energia que ele consegue transferir, 
diretamente, para o trabalho celular (exemplo: contra-
ção muscular) é a energia contida nas ligações entre 
fosfatos de uma molécula chamada adenosina trifosfa-
to (ATP). Ou seja, em última análise, nosso organismo 
consegue transformar a energia química dos alimentos 
em ATP. Como o nosso organismo não armazena gran-
de quantidade de ATP, ele precisa ser ressintetizado, con-
tinuamente, e a necessidade de ressíntese está relaciona-
da com a duração e a intensidade do esforço físico.
Figura 12 - Molécula de ATP 
Sistemas de 
Fornecimento de Energia
Descrição da Imagem: O ATP é um nucleotídeo formado por uma base 
nitrogenada (adenina), um açúcar com cinco carbonos (ribose) e três 
fosfatos.
30 
 
Nosso organismo necessita de ATP a todo instante, des-
sa forma, existem vários sistemas responsáveis pela con-
tínua ressíntese. Reações complexas conseguem conver-
ter os macronutrientes, a glicose, os ácidos graxos e os 
aminoácidos em ATP. Todos os sistemas de fornecimen-
to de energia funcionam de forma sinérgica, entretanto 
a predominância de um sistema variará de acordo com a 
intensidade e a duração da atividade física.
Os sistemas predominam em função do tempo e 
da intensidade dos esforços. A contribuição percentual 
de cada sistema funciona em função do tempo para os 
sistemas anaeróbios, caso a atividade seja realizada em 
máxima intensidade. Se a intensidade for baixa, inde-
pendentemente do tempo, a predominância do sistema 
aeróbio aumenta. Conceitualmente, os sistemas de for-
necimento de energia são divididos em metabolismo ae-
róbio (em que há a necessidade de oxigênio) e anaeróbio 
(em que a produção de ATP não necessita de oxigênio).
Pe
rc
en
tu
al
 d
e 
co
nt
rib
ui
çã
o
Vias oxidativas
TEMPO (S)
AERÓBIOANAERÓBIO
Lático
Alático
100
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Figura 13 - Sistemas de ressíntese de ATP durante a prática de atividade física. Sistemas anaeróbios (alático e lático) e aeróbios 
(vias oxidativas) / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Descrição da Imagem: o gráfico representa a contribuição percentual dos sistemas de produção de energia. No eixo x, temos o tempo em segun-
dos, iniciando em zero e indo até 140 s com intervalos de 20 s; no eixo y, temos o percentual de contribuição, que vai de 0 até 100, com intervalos 
de 20 pontos percentuais. O gráfico tem três linhas: uma linha representando o sistema alático, que tem contribuição de, praticamente, 100% nos 
primeiros segundos, com redução da contribuição até, aproximadamente, 30 s. Uma linha representa o sistema lático, com contribuição crescente 
de 0 a 40 s e redução progressiva até, aproximadamente, 80 s. A terceira linha é das vias oxidativas, que representa uma contribuição muito pequena 
nos primeiros segundos de atividade,com aumento progressivo a partir de 60 s. 
 31
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
METABOLISMO AERÓBIO
O metabolismo aeróbio é predominante no estado de 
repouso, se o indivíduo inicia um exercício físico, o con-
sumo de oxigênio (VO2) aumenta, de forma progressiva, 
para que o organismo consiga produzir a quantidade de 
ATP que necessita, predominantemente, das vias aeró-
bias. Após alguns minutos, caso a intensidade permane-
ça submáxima, ou seja, quando ainda há a estabilização 
do VO2, a ressíntese de ATP será assegurada, predomi-
nantemente, pelas vias aeróbias (Figura 14).
A produção de ATP pelo metabolismo aeróbio ocor-
re via ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs), cadeia de 
transporte de elétrons e fosforilação oxidativa e aconte-
ce no interior das mitocôndrias. A produção de ATP por 
estas vias pode utilizar carboidratos, lipídeos e proteínas, 
os quais são degradados à glicose, aos ácidos graxos e 
aos aminoácidos, respectivamente, ou por subprodutos 
do metabolismo, como lactato e corpos cetônicos, e, en-
tão, convertidos à ATP. No entanto os principais substra-
tos são os ácidos graxos e a glicose. 
Em repouso, há predominância da utilização de áci-
dos graxos para a ressíntese de ATP, e a utilização, durante 
o exercício, varia de acordo com a intensidade e a duração 
do esforço. A maior taxa de oxidação (utilização) de ácidos 
graxos para ressíntese de ATP ocorrerá durante o exercício 
de intensidade moderada (Figuras 14 e 15). A taxa de oxida-
ção da glicose acompanha a intensidade do esforço, quanto 
mais intenso o esforço, maior a oxidação de glicose para a 
ressíntese de ATP, maior a captação de glicose proveniente 
da corrente sanguínea e, também, maior a degradação do 
glicogêpio muscular para a ressíntese de ATP (Figura 14). 
32 
 
300
200
100
0
CA
L/
KG
/M
IN
% DO VO2MÁX
25% 65% 85%
Glicose Plasmática
AGL plasmáticos
Triglicerídeos musculares
Glicogênio muscular
Figura 14 - Contribuição dos diferentes substratos energéticos para a produção de energia, durante o exercício físico, em 
diferentes intensidades de esforço, com base no percentual do VO2máx / Fonte: adaptada de Romijn et al. (1993).
Figura 15 - Oxidação de lipídeos, durante o exercício físico, em diferentes intensidades de esforço, com base no percentual 
do VO2máx / Fonte: adaptada de Horowitz et al. (2000).
Descrição da Imagem: a imagem mostra um gráfico de barras com três barras; no eixo x, temos a intensidade do esforço, 25%, 65% e 85% do VO2máx; o eixo 
y demonstra a quantidade de calorias por kg de massa corporal. Cada barra é dividida em quatro nutrientes, glicose plasmática, ácidos graxos plasmáticos 
(AGL), triglicerídeos musculares (TGL) e glicogênio muscular. A primeira barra mostra que, aproximadamente, 100 calorias são gastas, sendo dez oriundas 
da glicose, aproximadamente, 70 dos AGL e, aproximadamente, dez calorias dos TGL. A barra dois mostra que foram gastas 200 calorias, sendo, aproxi-
madamente, 20 da glicose, 50 dos AGL, aproximadamente, 40 dos TGL e, aproximadamente, 90 proveniente do glicogênio. A barra três mostra que foram 
gastas 300 calorias, sendo, aproximadamente, 34 da glicose, 40 dos AGL, aproximadamente, 36 dos TGL e, aproximadamente, 190 proveniente do glicogênio. 
Descrição da Imagem: a imagem mostra um gráfico de barras com três barras; no eixo x, temos a intensidade do esforço, 25%, 65% e 85% 
do VO2máx; o eixo y demonstra a oxidação de AGL. Cada barra é dividida em dois nutrientes, ácidos graxos plasmáticos (AGL) e triglicerídeos 
musculares (TGL). A primeira barra mostra que, aproximadamente, 27mol de lipídios foram oxidados, destes, 25 foram de AGL. A barra dois 
mostra que foram oxidados, aproximadamente, 43mol de lipídios, aproximadamente, 23 de AGL. A barra três mostra que foram oxidados 
30mol de lipídio, sendo, aproximadamente, 20 de AGL. 
 33
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
A duração do esforço também exerce papel importan-
te na determinação dos substratos que serão utilizados 
para a ressíntese de ATP. Quanto mais longa for a ati-
vidade física, maior a contribuição dos lipídios (ácidos 
graxos plasmáticos e TGL muscular) para a ressíntese de 
ATP, em contrapartida, a contribuição dos carboidratos 
diminui ao longo do tempo (Figura 16).
Outro fator que contribui para a taxa de oxidação 
dos nutrientes, durante a atividade física, é o nível de 
condicionamento. Atletas de endurance que apresentam 
melhor capacidade e potência aeróbia, quando compa-
rados às pessoas não treinadas, apresentam maior oxi-
dação de AGL, isso ocorre devido à adaptação nos sis-
temas de ressíntese de ATP que os atletas experienciam 
em função do treinamento físico. Ou seja, em suma, eles 
melhoram a capacidade do organismo de liberar áci-
dos graxos do tecido adiposo, transportar e utilizar este 
substrato pela musculatura para ressíntese de ATP.
Descrição da Imagem: a imagem é de um gráfico, sendo o eixo x o tempo em minutos, que vai de 15 a 120 min com intervalos de 15 min, e o eixo 
y, percentual do gasto energético, que varia de 0% a 100%. Ele demonstra que, ao longo do tempo, a glicose plasmática contribui com, aproxima-
damente, 8%, que o glicogênio muscular é, praticamente, 50% nos primeiros 15 min, reduz para 40% aos 30 min, mantendo-se estável até uns 80 
min e, depois, reduz mais um pouco até o final. Em contrapartida, a contribuição do lipídios, que é de, aproximadamente, 50%, nos primeiros 15 
min, aumenta para 60%, aos 30 min e, nos 30 min finais, aumenta, chegando a quase 70% da contribuição. 
Figura 16 - Contribuição dos diferentes substratos energéticos para a produção de energia, durante o exercício físico, em 
função da duração do esforço em minutos / Fonte: adaptada de Romijn et al. (1993).
34 
 
METABOLISMO ANAERÓBIO
A partir do metabolismo anaeróbio, o organismo tem a 
capacidade de ressintetizar ATP, independentemente do 
O2. Como dito anteriormente, o metabolismo aeróbio 
predomina durante o repouso, em exercício de baixa 
e moderada intensidade, ao passo que o metabolismo 
anaeróbio predomina em exercício com alta intensidade.
O metabolismo anaeróbio é dividido em alático e 
lático. No sistema alático – em que não há produção de 
lactato – o organismo consegue transferir um fosfato 
da fosfocreatina (PCR) para uma molécula de adeno-
sina difosfato (ADP) cuja reação é catalisada pela en-
zima creatina quinase (CK) (Figura 17). Por ser muito 
rápida, esta reação fornece ATP em alta velocidade e 
está associada a exercícios rápidos e de alta intensida-
de, como uma corrida de 100 m rasos, um Itálico no 
futebol, assim por diante.
O sistema anaeróbio láctico utiliza glicose para pro-
dução de energia, a glicose é convertida à ATP por 
uma série de reações denominadas glicólise (Figura 
19)(A). A partir deste conjunto de reações, quatro mo-
léculas de ATP são produzidas, entretanto há perda de 
duas moléculas, dessa forma, o saldo final é de duas 
moléculas de ATP por molécula de glicose. O produto 
final dessa reação é o lactato (Figura 19)(B), por isso, 
esse sistema é chamado de sistema anaeróbio lático. 
De forma similar ao anaeróbio alático, a produ-
ção de ATP, por esta via, é muito rápida e está asso-
ciada com grande produção de força e potência, com 
predominância em atividade de até uns dois minutos 
(Figura 18), como corridas rasas de 400 m e 800 m, 
treinamento com pesos de volume intermediário de 
repetições, etc.
Descrição da Imagem: a imagem, parte superior, mostra a reação de fosforilação de ADP em ATP, por meio da ação da creatina quinase, enzima 
que catalisa a transferência do íon fosfato da creatina fosfato para o ADP. A parte inferior da imagem demonstra a hidrólise de uma molécula de 
ATP para liberar energia, tendo, como produto final dessa reação, ADP + Pi (fosfato inorgânico) e energia. 
Figura 17 - Ressíntese de ATP pelo metabolismo anaeróbio alático / Fonte: McArdle, Katch e Katch (2017). 
 35
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Descrição da Imagem: a figura demonstra uma molécula de glicose, na parte superior, uma seta, logo abaixoda molécula, apontada para baixo, 
representando a glicólise. Ao lado esquerdo da seta, há a produção de ATP, por meio da fosforilação do ADP. Do lado direito da seta, há a formação 
de NADH + H+, a partir da redução de NAD, e a conversão do piruvato a lactato, oxidando NADH, liberando o NAD para receber mais H. 
GLICOSE
G
LI
C
Ó
LI
SE
PIRUVATO LACTATO2
Lactato Desidrogenase
(LDH)
B)
COO
C=O
CH3
COO
CH3
H-- C -- OH
NADH + 2H + NAD
NAD
ATP2
A)
ADP
Figura 18 - (A)Ressíntese de ATP pelo metabolismo anaeróbio lático pela glicólise; (B) conversão do piruvato em lactato 
pela enzima LDH / Fonte: adaptada de McArdle, Katch e Katch (2017).
36 
 
A intensidade do exercício está, diretamente, ligada à 
velocidade de ressíntese de ATP, ou seja, quanto maior 
a intensidade, maior tem que ser a velocidade para a 
ressíntese de ATP. Entretanto a ressíntese de ATP 
pelo metabolismo aeróbio, tanto utilizando lipídeos 
quanto carboidratos, é lenta, quando comparada ao 
metabolismo anaeróbio (Figura 19). Dessa forma, se 
o indivíduo começa um exercício em alta intensidade 
ou se ele progride o exercício para intensidades mais 
elevadas, o percentual de contribuição do metabolis-
mo anaeróbio aumenta. 
A Figura 20 demonstra a taxa de ressíntese de ATP 
pelos metabolismos aeróbio (fosforilação oxidativa) e 
anaeróbio (glicólise e PCR), durante um exercício em 
máxima intensidade, com duração de 30 segundos. É 
possível observar que, durante os primeiros segundos 
do exercício, quase todo o ATP ressintetizado é pro-
veniente do metabolismo anaeróbio, e, com o passar 
do tempo, a contribuição do metabolismo anaeróbio 
reduz, enquanto a do aeróbio aumenta.
10
7,5
5
2,5
0
PCR Glicólise Oxidação de glicose Oxidação de AGL
m
m
ol
 d
e 
AT
P 
kg
/s
Figura 19 - Velocidade de produção de ATP pelos metabolismos aeróbio (oxidação de AGL e glicose) e anaeróbio (glicólise e 
PCR) / Fonte: adaptada de Sahlin Itálico (1998).
Descrição da Imagem: a imagem é de um gráfico de barras demonstrando a velocidade de produção de ATP, por meio de AGL: ácidos graxos livres, 
oxidação da glicose, glicólise e PCR: Fosfocreatina. Ele demonstra que a velocidade da produção de ATP, utilizando PCR e glicólise, é de, aproximada-
mente, 9 mmol de ATP kg/s, pela oxidação da glicose de, aproximadamente, 5 mmol de ATP kg/s, e de AGL, aproximadamente, 2 mmol de ATP kg/s. 
 37
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
O metabolismo anaeróbio também é predominante du-
rante a transição do repouso para o exercício físico. Inde-
pendentemente da intensidade do esforço, o organismo 
necessita de um período de tempo, alguns minutos, para 
Descrição da Imagem: a imagem é um gráfico; no eixo x, temos o tempo 6 s, 15 s e 30 s de um esforço máximo e, no eixo y, a taxa de ressíntese de 
ATP, por meio da PCR, glicólise e fosforilação oxidativa. Ele demonstra que a ressíntese de ATP, pelas vias oxidativas, aumenta ao longo de tempo (1 
mmol/kg/s até 6 s; 3 mmol/kg/s até 15 s e 4 mmol/kg/s até 30 s. A ressíntese de ATP pela glicólise permanece estável até 30 s, aproximadamente, 6,5 
mmol/kg/s, reduzindo, para, aproximadamente, 2 mmol/kg/s até 30 s. A ressíntese de ATP, utilizando PCR até 6 s, é de, aproximadamente, 7 mmol/
kg/s, reduzindo para 5 mmol/kg/s até 15 e para 2 mmol/kg/s até 30 s. 
100
0
% DO VO2MÁX
25% 65% 85%
15
12
9
6
3
0
0 6 15 30
Tempo (s)
Ta
xa
 d
e 
re
ss
ín
te
se
 d
e 
AT
P 
(m
m
ol
/k
g/
s) Fosforilação oxidativa
Glicólise
PCR
Figura 20 - Taxa de ressíntese de ATP pelos metabolismos aeróbio (fosforilação oxidativa) e anaeróbio (glicólise e PCR) / Fonte: 
adaptada de Parolin et al. (1999).
se ajustar à nova demanda de energia e conseguir produ-
zir quantidade suficiente de energia pelo metabolismo ae-
róbio. Durantes esses minutos, o metabolismo anaeróbio 
é predominante para a ressíntese de ATP (Figura 21). 
38 
 
A diferença entre o VO2, durante os primeiros minutos 
do exercício, e o valor hipotético de VO2, se o exercício 
iniciasse em estado estável, é chamado déficit de oxigê-
nio. Na Figura 21, o déficit de O2 está representado pelas 
zonas onde a ressíntese de ATP é realizada pelo metabo-
lismo anaeróbio (glicólise e PCR). Quanto mais treina-
do é o indivíduo, menor é o déficit de O2, ou seja, estes 
indivíduos demoram menos tempo até que o organismo 
se ajuste e consiga produzir ATP, predominantemente, 
pelas vias aeróbias. 
Descrição da Imagem: a imagem mostra um gráfico de consumo de oxigênio (eixo y), durante o exercício com duração de 6 min(eixo x). Durante 
os primeiros minutos do exercício, a ressíntese de ATP é realizada com predomínio do metabolismo anaeróbio (PCR e glicólise). O VO2 aumenta, de 
forma exponencial, até o momento em que o metabolismo aeróbio (fosforilação oxidativa) consiga produzir a maior parte da energia requerida, o 
VO2 se estabiliza, por volta de 3min. 
Eq
ui
va
le
nt
e 
en
er
gé
ti
co
 d
o 
VO
 (
m
l/
m
in
)
2
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
-1 0 1 2 3 4 5 6
Tempo (min)
PCR
Fosforrilação oxidativa
Glicólise
Figura 21 - Esquema representativo do VO2 durante um exercício em estado estável / Fonte: adaptada de Hughson et al. 2001.
 39
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Os objetivos do treinamento estão orientados pelos princípios do treinamento esportivo, concei-
tos baseados nas ciências biológicas, psicológicas e pedagógicas, que refletem algumas particulari-
dades ou peculiaridades de um programa de treinamento, e que, quando levados em consideração, 
elevam o nível de desempenho dos atletas. Os princípios do treinamento devem ser pensados em 
conjunto, apenas por questões didáticas, eles são analisados de forma independente.
Objetivos do 
Treinamento
40 
 
PARTICIPAÇÃO ATIVA
O processo de treinamento, como já discutido neste mate-
rial, é construído pelo treinador, porém deve ser apresen-
tado e discutido com os atletas, ambos têm papéis funda-
mentais no processo, e todos devem ter participação ativa 
durante os treinamentos. Por meio de discussões, reuniões 
técnicas e feedbacks, os atletas e treinadores devem estar, 
constantemente, discutindo, avaliando e reorganizando o 
programa de treinamento. A participação ativa do atleta 
no processo de treinamento possibilita a autoavaliação do 
processo e a plena consciência dos objetivos do treinamen-
to e o seu papel nela. Dessa forma, tem o discernimento 
para entender a importância de diferentes etapas que ele 
deve cumprir. 
Quando um atleta sabe e entende os processos, a chan-
ce de ele executar as tarefas de forma adequada e maxi-
mizar os resultados é muito grande. Nem sempre os trei-
namentos são acompanhados pelos treinadores e existem 
diversos outros momentos que os atletas precisam tomar 
decisões sobre as suas ações, em relação a repouso, ali-
mentação, ingestão de bebidas alcoólicas, entre outros. Em 
suma, são sugeridos alguns princípios que devem nortear a 
participação dos atletas, sendo eles:
1. O treinador deve elaborar o plano e os objetivos do 
treinamento em conjunto com os atletas.
2. O atleta deve participar, ativamente, do planeja-
mento tanto em curto quanto em longo prazo;
3. O atleta deve ter a capacidade de realizar autoava-
liação para que, em momentos específicos, possa, 
junto ao treinador, reestruturar o planejamento.
4. O atleta deve se submeter a avaliações de controle, 
as quais são realizadas com o intuito de avaliar os 
processos e se os objetivos estão sendo alcançados.
5. Os atletas devem ter a capacidade de treinar sem 
supervisão, pois nem sempre os treinadores pode-
rão estar presentes, durante todo o tempo.
DESENVOLVIMENTO MULTILATERAL
O desenvolvimento multilateral ou geral é um conceito 
amplamente aceito em diferentes áreas, não só no esporte. 
Um exemplo é a Educação Básica cujos conceitos de di-
ferentes disciplinas, consideradas básicas, serão ensinados 
aos alunos, o que servirá de base para outros níveis edu-
cacionais, como técnico, tecnólogo e superior. No esporte, 
não é diferente, é importante desenvolverdiversas capaci-
dades que servirão de base para outras capacidades mais 
especializadas. 
Quanto aos atletas mais jovens, é comum que o desem-
penho melhore muito e, de forma muito rápida, no início 
do processo de treinamento. Este aumento exponencial 
deve ser visto com cautela, pois os treinadores podem fi-
car tentados a trabalhar conceitos mais específicos em uma 
fase precoce do treinamento, o que pode ter implicações 
negativas na vida esportiva dos atletas.
 41
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Uma base de treinamento para desenvolvimento físi-
co geral é o básico para que atletas atinjam, no futu-
ro, níveis especializados de preparação física, ou seja, 
o treinamento e o desenvolvimento geral devem ser 
considerados pré-requisitos – pois, realmente, é – 
para as fases mais especializadas. O treinamento, en-
tão, em alguns países, em especial no Leste Europeu, 
segue um modelo sequencial no formato de uma pi-
râmide, cuja base é a preparação física geral, utilizada 
de forma generalizada. Após esta fase de treinamento 
e, quando o atleta apresenta desempenho aceitável, ele 
passa para a seguinte fase, composta por treinos mais 
especializados. Depois desta fase, há o último nível, 
voltado ao treinamento para que os atletas atinjam o 
alto desempenho.
Você sabia que o Comitê Olímpico Brasileiro 
(COB) tem um programa de capacitação para 
treinadores? O programa chama Academia 
Brasileira de Treinadores (ABT) e tem como 
objetivo formar recursos humanos para atuar 
como treinadores de alto rendimento. Atual-
mente, a ABT conta com quatro cursos:
• Curso de Esporte de Alto Rendimento: 
Desenvolvimento Esportivo.
• Curso de Esporte de Alto Rendimento: 
Aperfeiçoamento Esportivo.
• Curso de Esporte de Alto Rendimento: 
Excelência Esportiva.
• Curso Básico de Gestão para Treinadores
Para mais informações, consulte o site do 
COB: https://www.cob.org.br/pt/cob/sobre-
-o-cob/instituto-olimpico-brasileiro/academia-
-brasileira-de-treinadores
Fonte: o autor.
SAIBA MAIS
ALTO DESEMPENHO
TREINAMENTO
ESPECIALIZADO
DESENVOLVIMENTO
GERAL
Descrição da Imagem: Hierarquia das diferentes fases de treinamento esportivo. Há três cubos sobrepostos, cada um tem uma cor e um tamanho, 
diminuindo gradativamente até o topo. Na primeira parte, na base do desenho, estão escritas as palavras “Desenvolvimento Geral”; na parte do meio, 
as palavras “Treinamento Especializado”; na terceira parte, a parte superior da figura (de menor tamanho), as palavras “Alto Desempenho”.
Figura 22 - Hierarquia das diferentes fases de treinamento esportivo / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
42 
 
O desenvolvimento geral está associado à consistên-
cia no desempenho físico, vida atlética duradoura e 
menor incidência de lesões. O Quadro 1 apresenta os 
dados comparando dois modelos de treinamento, um 
com especialização precoce, e outro, com um progra-
ma de treinamento geral.
Modelos de treinamento
Especialização precoce Programa de 
desenvolvimento geral
Rápido desenvolvimento 
do desempenho.
Desenvolvimento lento do 
desempenho.
Melhor desempenho 
atingido por volta dos 
15 anos.
Melhor desempenho 
atingido por volta dos 18 
anos.
Desempenho 
inconsistente.
Desempenho consistente.
Saturação pelos atletas 
na vida adulta.
Longa vida atlética.
Mais incidência de 
lesões.
Menos incidência de 
lesões.
Quadro 1 - Comparação dos programas de treinamento
Fonte: adaptado de Bompa (2002).
O treinamento geral ou multilateral deve ser realiza-
do durante toda a carreira esportiva, pois este tipo de 
atividades garante a interdependência dos sistemas 
orgânicos, envolvendo tanto questões fisiológicas 
quanto psicológicas, que precisam ser desenvolvidas 
de forma equilibrada. O exercício físico proporciona 
alterações fisiológicas e psicológicas integrativas de 
vários sistemas, como sistema nervoso, muscular, car-
díaco, respiratório, circulatório e endócrino, os quais 
trabalharão, de forma sinérgica, para atender às de-
mandas do exercício. 
Nesta fase de desenvolvimento, que engloba os 
primeiros anos de treinamento, músculos (força e fle-
xibilidade), articulações, tendões e ligamentos serão 
preparados para as futuras exigências desportivas. A 
especialização é o objetivo, mas o caminho é passar 
pelo desenvolvimento multilateral. A chance de um 
atleta que passou pelo básico, antes de ir para especia-
lização, ter melhores resultados, na fase especializada, 
é muito maior.
ESPECIALIZAÇÃO
A especialização, em determinado esporte, é o objeti-
vo dos atletas, quando se aplica treinamento, em certo 
momento, na água, nos ginásios, nos tablados, entre 
outros. Ela é o desenvolvimento das capacidades fí-
sicas que são, diretamente, aplicadas ao que é exigido 
nos esportes. Além de desenvolver força muscular, é 
preciso desenvolver força de músculos específicos, em 
amplitudes articulares específicas e com velocidades 
específicas. 
Isso é um conceito de especialização, ou seja, ela 
não é apenas fisiológica, reflete um conjunto de alte-
rações físicas, fisiológicas, biomecânicas, psicológicas, 
técnicas e táticas que farão com que o atleta aproveite 
tudo o que foi adquirido em fases anteriores de pre-
paração geral e faça a transferência para um esporte 
específico.
 43
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
A especialização é um processo complexo não unilateral e, como já descrito aqui, é baseado no desenvolvimento 
multilateral. A especialização é um processo contínuo e progressivo, ou seja, a quantidade de sessões de exercícios 
específicos aumenta com o passar dos anos de treinamento.
Descrição da Imagem: as imagens mostram duas fotos: à esquerda, um arremessador de peso durante o arremesso, e, à direita, um levantador 
de pesos na recepção de um arranco. 
Figura 24 - Desenvolvimento de habilidade específica ao longo dos anos / Fonte: adaptada de Bompa (2002).
Descrição da Imagem: a imagem mostra uma seta que vai da esquerda para a direita, no sentido diagonal, de baixo para cima; no início da seta, há uma 
marcação e uma frase: Exercícios específicos. No final da seta, há uma marcação maior e uma frase com letras maiores, dizendo: Exercícios específicos.
Figura 23 - Treinamento de força muscular como base no início; entretanto, em uma fase mais especializada, ambos tiveram 
que desenvolver potência muscular em um contexto muito mais específico / Fonte: adaptado de Bompa (2002).
44 
considerações finais
Nesta unidade, você estudou as bases do treinamento esportivo, percebeu que 
o processo de treinamento físico vai muito além de prescrever exercícios. Este 
processo envolve a interação de várias áreas do conhecimento, por meio de um 
processo chamado transdisciplinaridade; ou seja, este é o primeiro passo para que 
os treinadores elaborem os programas de treinamento. Além disso, você viu quais 
são os objetivos do treinamento esportivo, como ele deve ser enxergado, como é 
desenvolvido e de que forma os atletas se desenvolvem. 
Nesta unidade, você pôde perceber que o processo de desenvolvimento dos atletas 
passa pelas diversas adaptações, em função das sessões de treinamento. Entendeu 
como a manipulação de estímulos geradores de estresse são manipulados, a fim 
de promover adaptações positivas que conduzirão o atleta ao aumento do seu 
desempenho esportivo. 
Você viu, também, a introdução aos sistemas de fornecimento de energia, em 
especial, durante o exercício físico, e compreendeu como funcionam os metabo-
lismos aeróbios e anaeróbios e em quais situações há predomínio de alguns deles. 
A compreensão da dinâmica do metabolismo é essencial para a prescrição do 
treinamento e para as adaptações que ocorrem em função dos exercícios que são 
realizados pelos atletas. Ou seja, você aprendeu que há período geral e específico 
para a prescrição do treinamento e que ambos são importantes. Dessa forma, com-
preender como o organismo humano funciona durante o exercício físico facilitará 
na hora de prescrever os treinamentos na fase específica, visto que a transferência 
do que é treinado, para amelhora do desempenho,aumentará.
Finalmente, foram apresentados os princípios que nortearão o treinamento, os 
quais você utilizará de base para as unidades seguintes. 
 45
atividades de estudo
3. Os programas de treinamento físico são estru-
turas altamente complexas. De acordo com o 
conhecimento adquirido em aula, assinale (V) 
para as afirmações verdadeiras e (F) para as 
falsas:
( ) O treinamento físico tem, por objetivo, o 
desenvolvimento geral e específico.
( ) Um sistema de treinamento, além de levar 
em consideração toda a experiência acumulada 
dos treinadores, deve considerar os avanços 
científicos das ciências do esporte.
( ) A educação física escolar não deve fazer 
parte de um plano de desenvolvimento esporti-
vo de uma nação.
Assinale a alternativa correta:
a. V, V e F.
b. F, F e V.
c. V, F e V.
d. F, F e F.
e. V, V e V.
4. Cada fase do treinamento tem suas particulari-
dades e seus objetivos, além da sua importân-
cia. Pensando nisso, explique qual a importân-
cia do desenvolvimento multilateral.
5. O treinamento esportivo é aplicado com base 
em vários conceitos e em características cha-
madas de princípios do treinamento. Cite quais 
são os princípios do treinamento esportivo?
1. Durante a prática de exercícios físicos, os atle-
tas recebem diferentes estímulos de treina-
mento que incitam diferentes vias metabólicas. 
Com base no exposto, diferencie metabolismo 
aeróbio e anaeróbio e descreva quais são os 
principais fatores que influenciam o metabo-
lismo anaeróbio.
2. O treinamento esportivo é composto por di-
ferente fases, que passam por períodos de 
desenvolvimento geral e caminham para trei-
namento mais específico em direção à espe-
cialização. Considerando a fase de desenvolvi-
mento geral, leia as afirmações seguintes: 
I. Ele está relacionado com a fase de desenvolvi-
mento especializado das capacidades físicas.
II. É a base do desenvolvimento físico esportivo.
III. É o desenvolvimento não específico das capa-
cidades físicas do atleta.
IV. É a fase do treinamento onde se procura a 
melhor transferência para a prática esportiva.
Assinale a alternativa correta.
a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas anteriores está 
correta.
46 
LEITURA
COMPLEMENTAR
No esporte, em especial quando se tem, por objetivo, atingir o alto nível atlético, é 
importante que atletas e treinadores tenham em mente que este caminho é longo e 
que exigirá, além de tudo, muita disciplina. Em relação ao processo de treinamento 
propriamente dito, o treinador deverá conhecer os princípios de programação e 
planificação do treinamento para ter um rumo a seguir, mas isso não significa que é 
possível seguir esse programa de treinamento, previamente estabelecido, sem ne-
nhuma alteração, mas como o treinador decidirá de que forma e quando modificar 
o programa de treinamento?
Apresentarei a vocês o método que utilizamos na equipe em que trabalho. Temos 
um programa de avaliação para classificar os atletas em níveis e definir em quais 
competições eles participarão. Em seguida, definimos o calendário competitivo do 
ano e qual a importância e o objetivo de cada competição (os objetivos podem ser 
diversos, desde uma classificação, ser campeão ou até utilizar a competição como 
parte do treinamento). 
Definidas as competições, teremos a quantidade de semanas disponíveis para o 
treinamento, que serão divididas em diferentes fases, com seus respectivos pro-
pósitos. Então, o programa será iniciado, com as sessões de treinamento, sendo 
direcionadas para fornecer estímulos necessários para desenvolver as capacidades 
físicas relacionadas a cada uma das fases, previamente, propostas. 
É importante destacar que o programa de treinamento não é rígido, muito pelo 
contrário, é flexível. Como o treinador saberá quando é preciso realizar alguma mo-
dificação? Isso pode ser feito, entre outras ações, por meio de avaliações do desem-
penho, as quais devem fazer parte do programa, cujos objetivos são acompanhar o 
desenvolvimento dos atletas, por meio da quantificação da carga de treinamento 
tanto externa quanto interna, e de outros fatores que os treinadores julgarem im-
portantes, como quantificação do estresse e recuperação.
Fonte: o autor. 
 47
material complementar
Fisiologia do Exercício: Nutrição, Energia e Desempenho Humano
William D. McArdle, Frank I. Katch, Victor I. Katch
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: assim como na publicação da primeira edição de Fisiologia do Exercício: 
Nutrição, Energia e Desempenho Humano, em 1981, esta oitava edição reflete a 
continuação do compromisso dos autores de integrar os conceitos e a ciência das 
diferentes disciplinas, que contribuem para a compreensão mais abrangente e 
a valorização da fisiologia do exercício na atualidade. Estruturada em duas par-
tes, oito seções e 33 capítulos, esta obra foi revisada e atualizada para oferecer, 
de modo didático e objetivo, o melhor conteúdo sobre nutrição, transferência de 
energia e treinamento físico e sua relação com o desempenho humano.
Indicação para Ler
48 
referências
BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. São Pau-
lo:Phorte, 2002.
HOROWITZ, J. F.; KLEIN, S. Lipid metabolism during endurance exercise. The 
American Journal of Clinical Nutrition, v. 72, n. 2, p. 558S-563S, 2000.
HUGHSON, R. L.; TSCHAKOVSKY, M. E.; HOUSTON, M. E. Regulation of 
oxygen consumption at the onset of exercise. Exercise and sport sciences re-
views, v. 29, n. 3, p. 129-133, 2001.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício. Rio de 
Janeiro: Wolters Kluwer Health, 2015.
MUJIKA, I.; PADILLA, S. Detraining: loss of training-induced physiological and 
performance adaptations. Part I. Sports Medicine, v. 30, n. 2, p. 79-87, 2000.
PAROLIN, M. L. et al. Regulation of skeletal muscle glycogen phosphorylase and 
PDH during maximal intermittent exercise. American Journal of Physiology-
-Endocrinology and Metabolism, v. 277, n. 5, p. E890-E900, 1999.
ROMIJN, J. A. et al. Regulation of endogenous fat and carbohydrate metabolism 
in relation to exercise intensity and duration. American Journal of Physiology-
-Endocrinology and Metabolism, v. 265, n. 3, p. E380-E391, 1993.
ROSCHEL, H.; TRICOLI, V.; UGRINOWITSCH, C. Treinamento físico: consi-
derações práticas e científicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 
25, n. spe, p. 53-65, 2011.
SAHLIN, K.; TONKONOGI, M.; SÖDERLUND, K. Energy supply and muscle 
fatigue in humans. Acta Physiologica Scandinavica, v. 162, n. 3, p. 261-266, 1998.
 49
gabarito
1. As vias metabólicas anaeróbias produzem ATP sem a necessidade de oxi-
gênio, ao contrário das vias aeróbias que necessitam do oxigênio para a 
ressíntese de ATP. Os principais fatores que influenciam o metabolismo 
anaeróbio são: intensidade e duração do esforço físico, sendo o principal 
a intensidade, quanto maior a intensidade, maior a participação do meta-
bolismo anaeróbio.
2. B.
3. A.
4. O desenvolvimento multilateral ou geral é a base do treinamento espor-
tivo, é a fase em queos atletas receberão estímulos variados a fim de de-
senvolver a base para treinamento futuros mais específicos, ele é pré-re-
quisito para as fases seguintes que levarão ao alto desempenho.
5. Participação ativa, desenvolvimento multilateral e especialização.
Professor Dr. Rafael Evangelista Pedro
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Variáveis a considerar no treinamento esportivo
• Preparação para treinamento
• Exercícios para treinamento
• Treinamento técnico
• Treinamento tático
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender os princípios do treinamento físico.
• Entender como acontece a preparação para o treinamento.
• Conhecer os exercícios utilizados no treinamento.
• Compreender o treinamento técnico.
• Compreender o treinamento tático.
PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO 
ESPORTIVO

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